04 - Editorial:

         Cónego João Aguiar

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

12 - Opinião

         D. Pio Alves

14 - A semana de

         Paulo Rocha

16- Dossier

        Dia de Portugal

36 - Espaço Ecclesia

 

 

38 - Internacional

42- Cinema

44 - Multimedia

46 - Estante

48 - Vaticano II

50 - Agenda

52 - Liturgia

54 - Programação Religiosa

55 - Por estes dias

56 - Fundação AIS

58 - Luso Fonias

60 - Apps pastorais

 

 

 

 

Foto da capa: Lusa
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves.
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Diretor: Cónego João Aguiar Campos
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Opinião 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Dia de Portugal

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Encontro Ibérico das Comissões Episcoais de Comunicações Sociais

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Novo manual para a Pastoral da Mobilidade Humana

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D. Pio Alves, Padre Tony Neves

 

 

Queria tanto acreditar

João Aguiar Campos

 

 

Às portas de qualquer  importante comemoração, dessas que sempre celebramos com discursos e condecorações, não é de todo incomum que os analistas antecipem o teor de algumas intervenções.

Ora vem aí o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Ausente durante os últimos dias, ignoro se a tradição se manteve; ou, pelo contrário, se as habituais pitonisas se abstiveram, desta vez, de adivinhar para quem vai falar o Presidente. Uma coisa sei, porém: os minutos imediatos à sessão solene de Elvas, esses serão todos eles mediaticamente  preenchidos pelas vozes partidárias, avaliando palavras, requebros da voz ou meros silêncios e omissões.
Os jornalistas repetirão, para tanto e exaustivamente, a profunda questão: "que comentário lhe merece o discurso que ouviu?"... Horas mais tarde, no serão televisivo, o presidencial  pronunciamento será analisado pelos especialistas da ordem, que se tornaram sábios no momento seguinte a terem fracassado em seu devido tempo.
Ou seja, creio que o próximo 10 de Junho nos assegura o costume dos calendarizados massacres em que vêm redundando as nossas festas nacionais; que de festa já só têm os arredores de algum bairro ou aldeia onde a boa vizinhança foge à programação política...

 

 

 

 

 

 

 

Podem julgar-me ácido e acusar-me desamor pátrio. O que acontece, no que me diz respeito,  é que me venho sentindo expropriado de momentos que cheguei a considerar significativos, nas suas componentes de homenagem e projecção. E de tal modo que apenas o respeito pelo Poeta, por esta terra que amo e pelos irmãos que escrevem o nome de Portugal em cada canto do mundo me proibem o completo alheamento da efeméride. Bom, em boa verdade acrescento um outro motivo: o respeito pelos condecorados, cujos méritos bem dispensavam, contudo, a desconsideração de serem, no minuto seguinte, totalmente ignorados.
Portugal vive um momento  de desertificação mental, a que corresponde - como em qualquer campo inculto - a multiplicação dos codeçais e silvados. As vagens de uns e as raízes de outros  encontram tradução em

 

decisões canhestras e propostas desviadas; umas  assumidas com presunção ofensiva e outras com um ar que nenhum anjo seria capaz de apresentar.
Entendo, por isso, que faria sentido um 10 de Junho refrescado e refrescante. Nas fórmulas e nas intenções.E,  claro, na direcção dos olhares - definitivamente desconcentrados de umbigos ideológicos, para se fixarem no exemplo de gente que, as mais das vezes sem ruído, cava com a mesma enxada o presente e o futuro.
Pode ser que o facto de as comemoraçoes deste ano se realizarem em Elvas -ou seja, pela segunda vez no interior o país - queira dizer alguma coisa, para além de coincidirem com os 500 anos da sua elevação a cidade e comemorar a classificação, pela Unesco, de Elvas Património Mundial.
Gostava tanto de ser ajudado a acreditar... Quero tanto acreditar!...

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Inundações na Europa Central © LUSA 

 

 

 

 

Neste período concreto da história do nosso país, em que atravessamos uma das piores crises económicas de sempre, e os níveis de pobreza, emigração e desemprego atingem números recordes, é interessante notar como este grupo específico se serve deste cenário trágico para, tacitamente, conseguir a provação de uma lei que atenta contra a dignidade das crianças

D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, sobre a aprovação na generalidade da lei da coadoção, 02.06.2013

 

 

Não tenho medo dos resultados das autárquicas, nem das europeias nem dos portugueses e do seu julgamento

Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, 05.06.2013

 

 

Todo o país está preocupado, mas nós vivemos desde o 25 de Abril [de 1974] num sistema democrático e o que é de esperar é que todas as dificuldades sejam resolvidas em função dessa novidade para nós, que ainda não tem muitos anos de passado, chamada democracia

Eduardo Lourenço, (Lusa), 05.06.2013

 

Estamos numa das situações mais graves que Portugal viveu ao longo dos seus 900 anos de história. Só comparo esta situação em gravidade, em perigo para existência de um país chamado Portugal, à crise de 1383/85, que felizmente acabamos por ganhar com a batalha de Aljubarrota, e aos 60 anos [1580-1640] de ocupação castelhana através dos Filipes

Freitas do Amaral, (Antena 1), 06.06.2013

 

Há um choque de gerações que vamos deixar como legado, Estados endividados, sem emprego?

Jacques Delors, (Público), 05.06.2013

 

 

Igreja atenta aos media
em Portugal e Espanha

As comissões episcopais responsáveis pelas Comunicações Sociais em Portugal e Espanha mostraram a sua solidariedade aos profissionais do setor afetados pela crise, num comunicado em que pedem maior aposta da Igreja nas redes sociais. “Ao contemplar o mundo da Comunicação, não podemos esquecer o trabalho de tantos profissionais comprometidos seriamente com a verdade e afetados por uma crise económica que abalou seriamente esta profissão”, refere o documento final do encontro ibérico, que decorreu entre segunda e quarta-feira em Urgell, na região catalã da Espanha.

Os responsáveis da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais de Portugal e a Comisión Episcopal de Médios de Comunicación Social de Espanha dizem ser “justo agradecer o esforço daqueles que dedicam a

 

 sua vida à busca e ao anúncio da verdade, colocando mesmo em risco as suas vidas”.

Os participantes assinalam que “diante da grande variedade de projetos existentes para tornar presente a experiência cristã no mundo digital e ao constatar a importância da qualidade e do profissionalismo”, é necessário “convidar as pessoas e as instituições da Igreja para um trabalho em conjunto”.

O encontro ibérico de 2013 teve como tema ‘Redes sociais, novos meios para a nova evangelização’. “As redes sociais oferecem uma nova oportunidade para a comunicação do Evangelho. A Igreja deve esforçar-se por transmitir a mensagem de Jesus Cristo com a linguagem da nova cultura da comunicação que estas ferramentas criaram”, observam as conclusões do evento.

A iniciativa visou partilhar projetos e debater temáticas relacionadas com os media, “com 

 

 

 

 

o desejo de enriquecer o debate sobre a presença da Igreja no ambiente digital”.

“É oportuno estabelecer estratégias de colaboração que permitam trabalhar eficazmente neste contexto para tornar mais atrativa a presença de Cristo e do Evangelho nas redes sociais e aproveitar mutuamente os recursos com sentido de comunhão”, defendem os participantes.

O padre Luís Miguel Rodrigues,

 

professor da Universidade Católica Portuguesa, falou na necessidade de incorporar a “cibercultura” na vida da Igreja, onde as comunidades cristãs enfrentam o desafio da “virtualização”.

“Eu estou inserido na comunidade, vou à internet colocar o que eu sou e vivo, virtualizo, para me tornar próximo de outros que ainda não vivem numa comunidade como eu vivo”, explicou o sacerdote da Diocese de Braga, no Encontro Ibérico.

 

 

Bispo português perto da beatificação

O Papa aprovou a publicação do decreto que reconhece as ‘virtudes heroicas’ de D. João de Oliveira Matos (1879-1962), bispo auxiliar da Guarda, que recebe assim o título de ‘venerável’. Esta é uma fase conclusiva do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato, penúltima etapa para a declaração da santidade.

O postulador da causa de canonização, monsenhor Arnaldo Pinto Cardoso, declarou à Agência ECCLESIA que este é um momento “muito importante”, de “reconhecimento” por todo o trabalho realizado na diocese durante este processo. “A impressão que recolhi é que ele semeou o Evangelho e deixou um cunho tal que a Diocese Guarda foi, durante décadas, um alfobre de vocações sacerdotais e religiosas. Através da imprensa, de visitas pastorais, da Liga dos Servos de Jesus, foi realmente uma figura carismática num período difícil, a seguir à I República”, recorda.

D. João de Oliveira Matos foi 

 

 

bispo auxiliar da Guarda entre dezembro de 1922 e 29 de agosto de 1962, dia da sua morte.

D. António Moiteiro Ramos, atualmente bispo auxiliar de Braga e vice-postulador da causa de canonização, disse à Agência ECCLESIA que este momento é "uma graça muito grande", reconhecendo em D. João de Oliveira Matos alguém que se comprometeu em particular na "formação dos leigos".

"A figura deste homem é a de um verdadeiro pastor, dedicado totalmente ao Povo de Deus", sublinha, destacando o seu trabalho na "renovação do tecido eclesial".

 

 

 

Música sacra ajuda a preservar «ruralidade»

 

O festival Terras Sem Sombra, organizado pela Diocese de Beja, passou este sábado e domingo por Vila de Frades para apresentar à população a música de Franz Joseph Haydn, numa parceria com o Teatro Nacional de S. Carlos. Em destaque esteve a oratória 'As Estações', que o compositor austríaco estreou em 1801 – uma obra que, segundo o diretor geral do certame, José António Falcão, não podia ter melhor cenário para ser escutada e apreciada.

“As Estações, de Haydn são uma peça com uma grande ligação ao mundo rural e aqui em Vila de Frades e no Concelho da Vidigueira nós encontramos um dos epicentros desse mesmo mundo, no que diz respeito ao

 

Alentejo”, sublinha o professor e investigador, em declarações à Agência ECCLESIA.

Para o diretor do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, a passagem do festival “Terras Sem Sombra” por Vila de Frades marcou “uma aproximação, uma ponte entre a Igreja, a cultura contemporânea e a ruralidade” que faz parte da “identidade profunda do país” e que é preciso “preservar a todo o custo”.

No domingo, a organização do festival levou cantores, músicos e população em geral para uma iniciativa ligada à proteção e preservação da biodiversidade, uma componente que já constitui imagem de marca do projeto.

 

 

Consenso

+Pio Alves, Bispo Auxiliar do Porto

Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais

 

Costuma dizer-se, para explicar guerras familiares, que “casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão”. Talvez isto se pudesse dizer de modo mais ajustado à realidade. Por exemplo: nem todos ralham; uns têm mais razão do que outros … Mas fiquemos pela síntese da sabedoria popular.

Quando a algazarra é grande, além das pessoas (que devem ser sempre o mais importante), sofrem as palavras: que passam a significar o que não era suposto; que, em vez de pontes, passam a ser armas de arremesso; que mentem, quando deveriam estar sempre ao serviço da verdade das coisas e dos sentimentos.

Fui conduzido a esta consideração introdutória pela vozearia dos últimos tempos, clara e repetidamente ouvida no nosso País, com epicentro na palavra consenso. Parece que todos o querem, mas … para os outros.

Benevolamente, admito que nem todos saibam o que significa. Vou oferecer, por isso, o meu contributo. Sem explicações complicadas nem fontes inacessíveis transcrevo uma citação da Wikipédia (29.04.2013):

"O consenso leva em conta
preocupações de todos
e visa a resolvê-los/

 

 

 

 

 

 

esclarecê-los antes que a decisão seja tomada. O mais importante, neste processo é incentivar um ambiente em que todos são respeitados e todas as contribuições são avaliadas. O consenso formal é um processo de decisão mais democrático. Grupos que desejam envolver sempre mais voluntários na participação têm a necessidade de utilizar um processo inclusivo. Para atrair e envolver cada vez mais pessoas é importante que o processo incentive a participação, permita o acesso igual ao poder, desenvolva a cooperação e crie um sentido da responsabilidade individual para as ações do grupo. O objetivo do consenso não é a seleção de diversas opções, mas o desenvolvimento de uma decisão que seja a melhor para o

 

 grupo como um todo. É em síntese evolução, não competição nem atrito”.

Portanto, no consenso, não cabem

jogos de poder, interesses de grupo, partidos únicos, caprichos pessoais, médias aritméticas de opinião, mentiras encapotadas de verdade, populismos baratos (deixem passar o pleonasmo: os populismos são sempre baratos!).

O consenso busca o bem de todos: tarefa difícil, que, por isso, necessita, o mais possível, a cooperação de todos. Bem de todos: tarefa tanto mais urgente quanto – como é o nosso caso – estamos diante de um bem cada vez mais escasso.

Talvez bastasse dizer que consenso é agir com senso, isto é, com normal sentido comum. Mas, infelizmente, o sentido comum é, muitas vezes, o menos comum dos sentidos.

 

 

 

Esta semana ofereceu-me a possibilidade de visitar a Basílica da Sagrada Família, em Barcelona. De passagem pela Catalunha, no âmbito do Encontro Ibérico das Comissões Episcopais de Meios de Comunicação Social, fui com o grupo participante percorrer o grandioso projeto arquitetónico de Gaudí. Com obras de prossecução do templo em diferentes frentes, o guia para a visita foi o arquiteto Jordi Bonet i Armengol, filho de Lluís Bonet i Garí, também arquiteto que trabalhou diretamente na Sagrada Família com o seu criador, Antoni  Gaudí.

Jordi foi responsável pela continuação da edificação da Sagrada Família, em Barcelona, e ainda hoje, com quase 90 anos, é o consultor indispensável para qualquer decisão acerca da obra.

Claro que a Basílica é impressionante! Claro que a mensagem que inclui, a catequese que proporciona em qualquer recando, nos vitrais, nas fachadas das várias entradas ou no cimo das colunas, é de grande profundidade e pode ser “consultada” como qualquer manual de teologia.

Espanta sobretudo a criação arquitetónica.

 

 

 

 

 

 

 

Ainda mais quando explicada com o entusiasmo de Jordi: as linhas geométricas, a inspiração na natureza, as formas encontradas para a iluminação do templo, o cálculo matemático para a definição formas e desenhos de colunas, arcos e janelas… Tudo numa coerência tal que permite a uma equipa de arquitetos continuar uma grande criação artísticas. E sempre graças às ofertas que chegam de qualquer parte do mundo. São elas que possibilitam, desde a primeira obra, a construção em curso…

 

Pequenas ofertas que contrastam com títulos de milhões que fazem as notícias de transferências no mundo da bola. Diante do desequilíbrio social que cada vez mais se agrava, são inqualificáveis esses negócios lunáticos. Neste, como em todos os setores da sociedade, não basta estabelecer tetos mínimos para a dignidade da pessoa humana. Há que começar a definir tetos máximos acima dos quais estão também em causa os direitos humanos.

 

Paulo Rocha

 

 

 

Portugal:

Somos mais herdeiros do que construtores

O Dia de Portugal é ocasião para recordar um património cultural, repensar a identidade, definir programas de ação. É um dia em que o cidadão se procura compreender e rever numa comunidade, numa história. Também para equacionar lamentos diante de normas chegadas de centros de decisão, sobretudo internacionais. Questões analisadas por António Matos Ferreira, diretor do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa.

 

 

Agência Ecclesia – As atuais circunstâncias em que Portugal se encontra coloca-o numa situação de protetorado em relação à União Europeia?

António Matos Ferreira – Não. Portugal sempre conheceu mecanismos de dependência. O grande problema é saber até que ponto os cidadãos portugueses estão convencidos da relevância histórica da construção europeia. Aí reside uma das dificuldades: a Europa foi explicada como um projeto que só

 

trairia coisas boas. Agora estamos diante de um problema económico, que não diz apenas respeito à Europa…

Há também o problema da inclusão. A Europa foi pensada a partir da articulação de nacionalidades e Estados. Mas é necessário saber que capacidade o projeto tem de se afirmar e qual o grau de inclusão e de coesão.

As questões que se põem a Portugal, a Espanha, a Itália, a Grécia, etc estão relacionadas com as limitações de

 

 

 

 

 

 

 

 

cada uma destas sociedades, nomeadamente a portuguesa. Por outro lado, há o problema da credibilidade: que homens e mulheres políticos são capazes de criar credibilidade, confiança? As pessoas

 

banalizaram o que se diz, o que se analisa, nomeadamente na comunicação social onde há três temas que são recorrentes: a política “politiqueira”, a economia e o futebol. A mundividência das pessoas esgota-se aí.

 

 

 

AE – Que possibilidade existe de construção da credibilidade da classe política quando a dependência externa, nomeadamente Europeia, é acentuada?

AMF – Penso que temos de ser capazes de construir culturalmente discursos positivos e propositivos.

 

AE – E há essa possibilidade?

AMF – É uma criatividade, como noutras alturas da História da humanidade. Não vale a pena dizer que as pessoas irão ser todas ricas. Não se pode governar na lógica do euromilhões nem na lógica de retirar horizontes de futuro às pessoas.

A governação não pode ser simplesmente um exercício do poder, quase sequestrado por um conjunto de elites que são rotativamente as mesmas e distantes do quotidiano dos

 

 

Não se pode governar na lógica do euromilhões nem na lógica de retirar horizontes de futuro às pessoas.

 

 

cidadãos, muitas vezes associado a modelos de vida que não têm consistência.

 

AE – Essa é uma circunstância de muitas épocas da História de Portugal? Como comenta a afirmação de D. Manuel Clemente: “Vivemos geralmente mal com nós mesmos, por nos acharmos sempre aquém do que teríamos sido ou do que poderíamos voltar a ser”?

AMF – A realidade de Portugal é muito complexa. Hoje quando falamos de Portugal não poderemos ver Portugal como há 100 anos atrás, onde a coesão populacional era feita com outras mediações. A nossa sociedade, não sendo muito grande, é complexa.

 

AE – Mas consolidada no tempo…

AMF – Consolidada por uma narrativa. Sobre Portugal contam-se coisas… Há muitas gerações, em Lisboa ou no Porto, por exemplo, que sabem que D. Afonso Henriques existiu e nada mais…

Somos mais herdeiros do que construtores! Tendemos a dar menos valor ao passado. O grande problema

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não basta voltar
a um passado
lamurioso e que
desenvolva uma
consciência
depressiva

 

 

 

 

 

 

 

é não saber o que fazer com o passado que herdamos.

Não basta voltar a um passado lamurioso e que desenvolva uma consciência depressiva: houve um momento de glória e depois só fomos perdendo oportunidades…

A grande mobilização tem de ser baseada na credibilidade: por um lado não se pode enganar as pessoas e, por outro, é necessário possibilitar-lhes, nas diferentes faixas etárias, um protagonismo que lhes dê realização pessoal e coletiva.

Analisemos por exemplo o problema do desemprego, transversal a toda a Europa, dramático nalguns países. O desemprego não pode ser visto como

uma realidade que se tem de aceitar. Porque as pessoas não têm 50 vidas nem sete! Têm uma vida! A ausência da capacidade de proporcionar o protagonismo a cada pessoa, sentindo-se aptas a fazer alguma coisa é um atraso coletivo.

 

 

 

AE – Esse protagonismo depende só de um posto de trabalho?

AMF – Sim, porque houve alterações profundas na vida das pessoas que genericamente dependem dos rendimentos do seu trabalho. Se há umas décadas dizíamos “quem não trabalha não come”, hoje percebe-se que não há trabalho para todos…

É grave dizer às pessoas “trabalho não falta” porque falta a possibilidade de reconhecimento pessoal pelo trabalho de modo que possam sobreviver.

O problema da sobrevivência está ligado também às expectativas que se criam do nível de sobrevivência.

Promover uma sociedade como a nossa, que pretende ser aberta e participativa, tem de ser o resultado de uma grande capacidade de dialogar com as pessoas.

 

houve alterações profundas na vida das pessoas que genericamente dependem dos rendimentos do seu trabalho
 

AE – José Matoso acentuou a ideia que o progresso não é infinito. As sociedades ocidentais estão reféns dessa falsa certeza?

AMF – Estou convencido que tudo isso é um processo de consciência social e

individual. As pessoas vão percebendo que há coisas que não se podem atingir. A política deveria ter essa dimensão pedagógica, que não pode ser remetida à escola ou às famílias.

Mas também penso que o desequilíbrio entre os níveis de vida das pessoas não pode ser infinito…

 

AE – Que se está a agravar em Portugal?

AMF – Claro! Como noutros países.

Analisando não a economia, mas as consequências antropológicas e culturais que ela pode gerar, temos a consciência de não vivemos oficialmente não numa sociedade de escravatura associada a uma determinada redução do ser humano ao objeto. Mas em muitas

 

 

 

 

 
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se há umas décadas dizíamos “quem não trabalha não come”, hoje percebe-se que não há trabalho para todos…
 

circunstâncias atuais do mundo do trabalho e do que diz respeito ao horizonte de vida das pessoas sente-se alguma ausência de liberdade. Isso não significa fazer o que apetece, mas as pessoas poderem sentir que se realizam!

 

Papel da religião

AE – Durante muitos séculos, Portugal caracterizou-se por uma religiosidade acentuada, também pelo peso institucional de uma religião, o catolicismo. Hoje, o que é que baliza a sociedade portuguesa?

AMF – Provavelmente não será uma institucionalização tão forte do religioso, nomeadamente através da Igreja Católica. Mas na sociedade portuguesa continuam a existir níveis elevados de coesão fornecidos pela identificação religiosa. Isto é, não estamos numa sociedade onde o cidadão não tenha recursos para dar sentido à sua vida a não ser pela diminuição diante de um todo ou um totalitário ou num atomismo individualista. Seria um perigo muito grande manter-se esse tipo de análise, porque não creio que corresponda à realidade. Vivemos numa sociedade

 

 

 

 

onde há mais referenciais do que se imagina da vivência e da cultura de várias tradições religiosas, entre as quais e de maneira relevante o cristianismo. Mas provavelmente não está exatamente onde tradicionalmente estava.

A religião hoje não está nas sacristias nem nos lugares de culto. Está na possibilidade que as pessoas sentem de dar sentido à sua vida. O grande problema é que as instituições religiosas, qualquer uma delas, estão mais motivadas numa dinâmica tradicional de enquadramento das pessoas do que em potenciar e valorizar a afirmação da consciência

 

 

 

as instituições religiosas, qualquer uma delas, estão mais motivadas numa dinâmica tradicional de enquadramento das pessoas do que em potenciar e valorizar a afirmação da consciência dos crentes
 

dos crentes. O que implicaria a capacidade de dialogar, integrando o que as pessoas vivem e não rejeitando-o à partida.

 

AE – Isso implicaria reservar a religião para o espaço privado, da consciência?

AMF – Acho que a religião nunca está no espaço privado.

 

AE – Basta que os crentes estejam no espaço público…

AMF – Está no espaço público através dos cidadãos… Outra coisa é o poder das instituições religiosas, a capacidade que têm de institucionalização.

Claro que é necessário que as religiões nas suas formas institucionais tenham a plena liberdade de se organizarem. Mas não vale a pena fugir a uma questão: a religião e a crença estarão sempre presentes através dos indivíduos. O que origina alguns problemas na sociedade contemporânea: quando se vive numa sociedade de pluralidade religiosa, temos por vezes comportamentos de cidadãos que, pelas suas motivações

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O anticlericalismo é um problema da relação com o poder. É um problema de reação às formas de exercício do poder. Há formas de anticlericalismo no interior das Igrejas.

 

 

 

 

 

 

religiosas, levantam questões à sociedade. Como também há questões da sociedade que se repercutem nos cidadãos, nomeadamente de ordem moral.

 

AE – Marca a História de Portugal um certo anticlericalismo. Como é que ele se equaciona atualmente?

AMF – Por obrigação de ofício tenho estudado essa problemática. Penso que o item “anticlericalismo” generalizou-se na historiografia, mas ele é insuficiente para uma análise séria. Desde logo porque não há um anticlericalismo, mas vários. Não há ninguém melhor para ser anticlerical do que alguém cujo anticlericalismo parta do interior da instituição.

O anticlericalismo é um problema da relação com o poder. É um problema de reação às formas de exercício do poder. Há formas de anticlericalismo no interior das Igrejas.

Se o anticlericalismo que é uma afirmação contra a Igreja e a religião, isso é outra coisa.

 

 

 

AE – Há quem fale mesmo em anticlericalismo muito cristão…

AMF – Sim, há vários estudos…

Se quisermos o anticlericalismo é a expressão de uma tendência social mais ampla de natureza maniqueia, relacionada com a contestação da institucionalização das formas de poder.

 

Portugal e o futuro

AE – Como analisa o futuro próximo de Portugal e dos portugueses?

AMF – Portugal sempre afirmou uma grande unidade, mesmo recorrendo a inimigos. Por outro lado, tem a experiência significativa da diáspora. De tal modo que o dia de Portugal é da Camões, do poeta lírico que cantou a ideia da realidade única dos lusitanos, e ao mesmo tempo de dispersão, das comunidades portuguesas.

Nestas circunstâncias, Portugal enfrenta a questão de saber como articular a sua participação na construção de vários palcos onde se encontra: a União Europeia, os Países de Língua Oficial Portuguesa e no espaço que ocupa, por várias razões,

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

no âmbito cultural e diplomático ao nível internacional. O problema é saber como é que isso é percecionado como oportunidade para existir e não unicamente como recurso do falhanço.

 

AE -  E a Igreja Católica, que papel lhe cabe no Portugal contemporâneo?

AMF – Ajudar a integrar as pessoas e a desenvolverem a sua consciência de sentido para o que vivem. Essa é a experiência da Igreja…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Na Europa em geral e em Portugal em particular (tal como em mais dois ou três países mediterrânicos), vivemos um tempo de crise e dificuldade que tem levado a políticas de austeridade, de poupança e de contenção de despesas.

A este propósito, convém perguntar: como administrar esse programa de austeridade? Que sectores devem ser mais atingidos e mais poupados? Quais? Com que critérios?

Que se saiba, que seja conhecido e partilhado por muitos, os Portugueses não realizaram nem assistiram a um debate sobre alternativas e prioridades.

Têm assistido, isso sim, a uma sucessão de decisões e medidas destinadas a poupar e conter a despesa em todos os sectores imagináveis, sem que haja, a meu ver, a perspetiva de preservar as situações que podem melhor permitir a recuperação ulterior.

(António Barreto, Instituto Superior de Línguas e Administração – Lisboa, 30 de Maio de 2012)

 

 

Portugal, mesmo nesta fase moderna, ainda espera muito que seja de fora que lhe continuem a solucionar os problemas. Sempre à espera que as soluções caiam do céu, o que é paradoxal num país que teve uma fase na sua história, talvez muito mitificada, em que não ficava à espera que lhe trouxessem as coisas feitas, ia buscá-las. Fomos por esse Atlântico adiante e pelo Pacífico.

Eduardo Lourenço, Diário de Notícias, 29 dezembro de 2003

 

 

 

 

Mas seja qual for a interpretação ideológica de Camões, não é possível, para ninguém, separar o seu canto épico da apologia histórica de um povo enquanto vanguarda de uma fé ameaçada na Europa do tempo e de um império igualmente guarda-avançada da expressão comercial e guerreira do Ocidente. É essa a «matéria» textual e moral do Poema.

Eduardo Lourenço - «O Labirinto da Saudade», Gradiva, 2005

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O que calcula que seja o futuro da raça portuguesa? O Quinto Império. O futuro de Portugal — que não calculo, mas sei — está escrito já, para quem saiba lê-lo, nas trovas do Bandarra, e também nas quadras de Nostradamus. Esse futuro é sermos tudo.

Fernando Pessoa, 'Portugal entre Passado e Futuro'

 

Os Portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou coletivo.”

Eduardo Lorenço - «O Labirinto da Saudade», Gradiva, 2005.

 

 

O perfil da nossa personalidade profunda, que é inconfundível, que é verdadeiro, não tem, por variadas razões, a nitidez de contornos de que se podem gabar homens doutros meridianos. Um espanhol, um francês, um alemão, um inglês, são incompreensíveis fora das suas raias. Um português, apesar das fortes raízes nacionais que o individualizam, entende-se perfeitamente longe de Portugal. Há nele uma fraqueza de eterna disponibilidade, de pronta e conciliante aceitação do que se lhe opõe, de amável adaptação ao meio hostil, que o fazem capaz em todo o mundo, mas incapaz no seu mundo. Daí não ter possivelmente grandes coisas para exprimir, a não ser o lirismo de ser assim. Infelizmente, não é por intermédio dos seus poetas líricos que um povo pode comunicar com os outros.

Miguel Torga, "Diário” (1941)

 

Só não estamos contentes com nós mesmos por causa deste fenómeno: os pobres chegam tarde à mesa dos ricos. Comparando, todavia, com outros países de iguais tradições, estamos sentados à mesa dos ricos, talvez a um cantinho da mesa. Eduardo Lourenço, Diário de Notícias, 29 dezembro de 2003.

 

 

Portugal é exemplo de tolerância
e integração

A alta comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural diz que Portugal tem sabido encarar a diversidade cultural e religiosa “como uma riqueza e não como ameaça”, mesmo numa altura de crise onde os “fundamentalismos” se poderiam fazer sentir.

“Quando começaram a surgir os primeiros imigrantes vindos de Leste, que são sobretudo ortodoxos, as igrejas católicas abriram as suas portas para o culto, numa generosidade que noutros países não acontece”, destaca Rosário Farmhouse numa entrevista à Agência ECCLESIA.

Numa altura de crise económica a alta comissária destaca a ação de “outras religiões” com uma “forte componente de fé” que se foram abrindo socialmente para “ajudar os que mais precisam”.

Reconhecendo haver “qualquer coisa de inato na sociedade portuguesa” para bem receber, Rosário Farmhouse sublinha que todos os dias se tem de incentivar boas práticas porque

  “ninguém ama o que não conhece e todos, por natureza, somos preconceituosos e desconfiados”.

Numa altura em que se registam 175 nacionalidades em Portugal, constituindo-se como um país de “dupla faceta de partida e chegada”, Rosário Farmhouse afirma que se tem de ir além da “tolerância e do respeito” para uma relação “biunívoca de integração”.

O Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI) aposta num modelo “de participação” e na “partilha de experiências”, caminho que tem permitido passar de um “patamar de tolerância e respeito para um patamar de conhecimento mútuo” visível na presença de “líderes e representantes religiosos” em cerimónias de outras confissões.

Questionada sobre as ferramentas criadas para potenciar esta integração, a alta comissária explica que proximidade, parcerias e informação são a base do seu trabalho.

 

 


 

 

 

 

 

 

 

“Quase todo o trabalho que o ACIDI faz é em parceria com a sociedade civil e de outro modo não seria possível”, admite anunciando organizações de sociedade civil, de municípios e também de paróquias que “estão a acompanhar diretamente a integração dos imigrantes”.

O Estado “tem o dever de criar igualdade de oportunidades, mecanismos de informação fidedignos onde as pessoas possam saber os seus direitos e deveres e criar respostas para a integração”, mas admite, “a integração faz-se pela proximidade” e aqui “cada pessoa é muito importante na integração do outro”.

Celebrar as vitórias e potenciar “os casos de sucesso” é outra necessidade que Rosário

 

Nunca tantas mercês se fizeram em Portugal, como neste tempo; e são mais os queixosos, que os contentes. Porquê? Porque cada um quer tudo. Nos outros reinos com uma mercê ganha-se um homem; em Portugal com uma mercê, perdem-se muitos. Se Cléofas fora português, mais se havia de ofender da a metade do pão que Cristo deu ao companheiro, do que se havia de obrigar da outra metade, que lhe deu a ele. Porque como cada um presume que se lhe deve tudo, qualquer cousa que se dá aos outros, cuida que se lhe rouba. Verdadeiramente, que não há mais dificultosa coroa que a dos reis de Portugal: por isto mais, do que por nenhum outro empenho.

Padre António Vieira, 'Sermões'

 

Farmhouse assinala para que a informação circule e as boas práticas sejam assinaladas.

 

É habitual insistir-se na nossa infinita capacidade de adaptação, seja aonde for. Pergunto-me se não se trata antes do contrário. Se não devíamos falar até da impossibilidade de deixarmos de ser quem somos, tal a densidade interior que acumulámos.

D. Manuel Clemente, ‘Portugal e os Portugueses’ (2008)

 

 

Jovens mudaram conceção
das missões na Igreja

Os jovens são um dinamismo transformador na vida missionária em Portugal tendo alterado a conceção de como a sociedade olha para as missões. “Há 50 anos quando falávamos de pessoas missionárias falávamos de padres ou irmãs religiosas que viviam grande parte do seu tempo em missões, sobretudo em África. Hoje pela expressão que este movimento missionário tem, podemos pensar nos leigos”, afirma Ana Patrícia Fonseca, da Rede de Voluntariado Missionário que congrega cerca de 60 entidades.

Numa dinâmica iniciada por “nove jovens há 25 anos”, a responsável admite um crescimento sustentável uma vez que “5000 pessoas já fizeram missões fora mas milhares de outros participaram na formação”, criando assim um dinamismo missionário em Portugal.

“Os jovens têm vontade, movem-se por ideais e por isso são capazes de

 

transformar o seu mundo. Nas missões não é diferente”, explica Ana Patrícia Fonseca, mostrando o desejo de “assumirem a sua vocação de batizados” e uma “Igreja jovem e para os jovens”.

Com o Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Ativa, em 2011, estas ações gratuitas e desinteressadas ganharam um “forte impulso”, mas a responsável pela Rede de Voluntariado Missionário alerta para uma dinâmica que se pode tornar “perversa”.

Mais do que promover as ações “interessa-nos o silêncio com que o voluntariado missionário as realiza”, num cuidado para não “tornar na pessoa um herói” e para “respeitar as comunidades locais”.

“Essa massificação do voluntariado pode ter efeitos perversos”, por isso “importa preparar bem os voluntários que partem para respeitar o ritmo e a cultura” dos locais onde as missões se realizam.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No regresso o voluntário tem “uma rede de amigos, a família, mais ou menos próximos com quem partilham a sua experiência”, numa lógica de contágio e potenciação da dinâmica mas de “equilíbrio na visibilidade e discrição”.

Numa altura de “forte crise, em que o desemprego e o tempo livre levam as pessoas a voluntariar-se para alguma ação” compete ao Estado “proteger

  voluntários e comunidades” para não permitir a “instrumentalizar o voluntariado”.

“Neste tempo que vivemos de forte crise corremos o risco de instrumentalizar o voluntariado, ao ponto de o voluntariado ser uma coisa onde cabe tudo, inclusive a substituição de postos de trabalho e isso é preciso acautelar, tanto por parte do Estado como de quem acolhe e envia os voluntários”.

Ana Patrícia Fonseca apela a um “trabalho sério” na formação de quem parte, tanto por parte do Estado como das entidades missionárias para “servir melhor quem está do outro lado”.

 

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Guerra Junqueiro, 'Pátria (1896)'

 

 

Portugueses são solidários mas precisam
de criar laços fraternos

O presidente da Comunidade Vida e Paz, Henrique Joaquim, diz que os portugueses são pessoas “solidárias” mas que os laços de fraternidade “que implicam uma relação” poderiam ser “mais fortes”.

“Sem a solidariedade de um grupo muito significativo de pessoas que regularmente trabalham connosco e de outros que pontualmente vai ajudando a comunidade, este trabalho não seria possível. Essa solidariedade é real, diária e muito consistente”, explica à Agência ECCLESIA o presidente desta Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que trabalha na ajuda às pessoas sem-abrigo.

A equipa de 600 voluntários que “garantem gratuitamente todas as noites do ano as rondas que propõem uma vida diferente às pessoas sem-abrigo” e “os donativos de quem escreve a pedir desculpa por não poder dar mais do que cinco ou 10 euros” são sinais dessa solidariedade.

 

Para Henrique Joaquim “não se nasce solidário”, mas pode-se “educar e trabalhar para a solidariedade” e dá como exemplo uma criança de quatro anos, cujos pais emigraram e perguntaram ao seu filho o que queria fazer com o dinheiro que tinha no mealheiro e ela responde que quer dar às pessoas que todas as noites a sua educadora ajuda nas rondas que faz.

“Essa criança veio ter comigo à sede, à minha frente partiu o mealheiro e deu o seu dinheiro, não sei quanto, à instituição. Essa mesma criança que com dois anos, pegou num cachecol e deu-o à sua educadora para ela dar às pessoas sem-abrigo que ajudava”.

O presidente recorda sinais “reais” que fazem “alimentar a esperança” mas que poderiam ser mais “potenciados” apostando no estreitamento de laços com os voluntários e benfeitores.

A Comunidade Vida e Paz quer “desafiar positivamente” alguns

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

colaborares para “assumirem outras responsabilidades dentro da instituição” potenciando dessa forma um “maior envolvimento”. Esta IPSS que trabalha com pessoas sem-abrigo está também a desafiar algumas empresas a uma aproximação e ajuda.

“Estamos a propor que um grupo de empregados venha ajudar na preparação das ceias, possa usar o espaço para um jantar convívio

 

promovido pela própria empresa e posteriormente integre as rondas da noite; nós apenas oferecemos a oportunidade de a empresa ser gratuita com a sociedade”.

A iniciativa já foi concretizada tendo como resultado acrescido a “manutenção da relação dos colaboradores com a Comunidade Vida e Paz”, explica Henrique Joaquim. Desta forma sociedade civil e instituições sociais estão a promover “compromisso, envolvimento, solidariedade, que são elementos de coesão social” que não podem ser esquecidos mas antes “valorizados pelo Estado”.

 

O comum das gentes (de Portugal) que eu não chamo povo porque o nome foi estragado, o seu fundo comum é bom. Mas é exatamente porque é bom, que abusam dele. Os próprios vícios vêm da sua ingenuidade, que é onde a bondade também mergulha. Só que precisa sempre de lhe dizerem onde aplicá-la. Nós somos por instinto, com intermitências de consciência, com uma generosidade e delicadeza incontroláveis até ao ridículo, astutos, comunicáveis até ao dislate, corajosos até à temeridade, orgulhosos até à petulância, humildes até à subserviência e ao complexo de inferioridade. As nossas virtudes têm assim o seu lado negativo, ou seja, o seu vício. É o que normalmente se explora para o pitoresco, o ruralismo edificante, o sorriso superior. Toda a nossa literatura popular é disso que vive.

Vergílio Ferreira, 'Conta-Corrente 2' (1981)

 

 

Congressos Empreendedores Locais e Sociais querem potenciar boas práticas e ideias inovadoras

Partilhar boas práticas e potenciar uma cultura de inovação e de empreendedorismo é o principal objetivo dos Congressos Empreendedores Locais e Sociais (CELS) que querem percorrer o país.

“A cultura empreendedora é que sustentará a longo prazo o crescimento económico, a coesão social, o sucesso das organizações e o nível de auto realização pessoal”, explica à Agência ECCLESIA Jacinto Jardim, coordenador nacional dos CELS.

O responsável diz que o empreendedorismo “não é uma característica natural dos portugueses”, reconhecidos mais pela capacidade de “superar situações críticas”, mas admite haver “apetência para criar essa cultura” e prova disso são os vários exemplos que já existem e importa “potenciar”.

Esta iniciativa, da responsabilidade

 

do Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes e do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias (CLEPUL) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), está a envolver entidades sociais, civis e religiosas na organização destes encontros.

A organização afirma que para promover uma cultura empreendedora “não basta um encontro”, mas sim vários que ajudem a criar uma mentalidade a longo prazo.

A aposta na referenciação local é a característica diferenciadora desta iniciativa. “Temos um coordenador local, uma comissão organizadora e instituições locais que vão dinamizar os empreendedores locais e outros potenciais para que participem nestes congressos, partilhem e aprendam, criem laços localmente para que, a partir daqui, se possam alargar as relações”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jacinto Jardim sublinha a importância de se “valorizar a cultura de competência”.

O programa apresenta um painel de testemunhos que junta famílias, técnicos sociais, políticos, voluntários, alunos empreendedores. “O objetivo é dar exemplo concretos de projetos que já se realizam nas regiões que mostrem a melhoria e investimento social para ajudar a comunidade”.

Todos estão convocados para participar neste projeto: agentes políticos, sociais, religiosos, pois,

 

- “Em princípio, todo o português que sabe ler e escrever se acha apto para tudo, e o que é mais espantoso é que ninguém se espante com isso.”

(In: Lourenço, Eduardo - «O Labirinto da Saudade», Gradiva, 2005.)

 

explica o responsável, “para promover uma cultura empreendedora temos de unir a diversidade e conjugar as diferenças”.

O primeiro Congresso Empreendedor Local e Social aconteceu em Paredes, em maio, mas durante os próximos meses vai percorrer o país, envolvendo autarquias, movimentos eclesiais, sociais e civis.

http://www.congressosempreende.pt

 

Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura.

Eça de Queirós, 'Correspondência (1891)

 

 

Em defesa do Ambiente

O programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública apresenta esta semana uma série de depoimentos sobre o Dia Mundial do Ambiente (5 de junho), desde à experiência do escutismo ao meio rural, com destaque para a entrevista ao arquiteto português Gonçalo Ribeiro Telles, que alertou para a “destruição significativa e violenta” do sistema natural em Portugal.

O especialista, recentemente distinguido com prémio Sir Geoffrey Jellicoe, equivalente ao Nobel para a arquitetura paisagista, não gosta muito de utilizar o termo ambiente e prefere falar em “eco-humano”, onde se “cria a casa do homem”, através da criatividade deste.

A paisagem “ressente-se” quando é submetida à “ambição” e ao materialismo do ser humano.

Afirmando que a árvore é “um elemento fundamental” neste contexto, o arquiteto realça: “Destruíram-se muitas paisagens”. “O problema é a harmonia entre o campo e a 

 

cidade e a maneira como, de facto, os dois elementos são fundamentais no processo do eco-humano”, acrescenta.

Com um percurso de vida ligado à área do “eco do homem”, Ribeiro Telles considera que a cidade “concilia tudo” o que é “próprio e necessário” para a vida do homem, mas deve colocar nesta conciliação “um objetivo estético”.

Para o arquiteto, há uma “luta permanente” e “desvios” do ser humano para com a paisagem que o rodeia, o que o leva a combater, através das suas intervenções, esses “aspetos especulativos”.

A “obra do homem” quando é realizada com os objetivos essenciais implica, necessariamente, “uma estética, funcionamento e criatividade”, disse. O arquiteto paisagista sublinha que o jardim é obra do homem e tem “não apenas uma função ambiental e estética” mas uma “função sagrada”.

Quando visualiza as paisagens portuguesas, não “sente desânimo”, mas lamenta “que a 

 

 

 

 

 

 

ambição e erros materialistas do homem” possam destruir o espaço. Gonçalo Ribeiro Telles apela a uma harmonia entre o “campo e a cidade” e acrescenta que muitas paisagens de Portugal ainda contêm essas características: “Vale do Douro, charnecas e montados, socalcos das beiras”.

O tema para as celebrações do Dia 

 

Mundial do Meio Ambiente deste ano foi ‘Pensar.Comer.Conservar’. De acordo com a organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), 1,3 mil milhões de toneladas de comida são desperdiçadas anualmente, número equivalente à quantidade de alimentos produzidos em toda a África subsariana; todos os dias mais de 20 mil crianças com menos de cinco anos morrem de fome.

 

 

Igreja tem novas orientações
para a Mobilidade Humana

O Vaticano apelou hoje ao fim da “cultura de suspeita” perante as pessoas que saíram do seu país, lembrando em particular a "gravidade" da situação dos 100 milhões de refugiados, deslocados e apátridas em todo o mundo. “A conotação negativa dos requerentes de asilo e dos próprios refugiados aumentou a xenofobia, às vezes até o racismo, o medo e a intolerância a seu respeito, e uma cultura de suspeita a partir da assunção generalizada de uma possível correlação entre o asilo e o terrorismo, que ainda tem repercussões sobre a situação dos refugiados e de outras pessoas deslocadas à força”, alerta o novo documento de orientações pastorais “Acolher Cristo nos refugiados e nas pessoas deslocadas à força”.

O texto foi elaborado pelo Conselho Pontifício para os Migrantes e Itinerantes (CPPMI) e o Conselho Pontifício ‘Cor Unum’, responsável pela coordenação das organizações

  caritativas na Igreja Católica.

“Consciente da gravidade da situação dos refugiados e das condições

desumanas nas quais muitos deles vivem, a Igreja, para além do seu próprio compromisso, considera sua tarefa consciencializar a opinião pública sobre este grave problema”, assumem das duas instituições da Santa Sé, que alertam para a “diminuição da hospitalidade e do acordo a receber um número considerável de refugiados por um período de tempo indefinido”.

O documento lembra que a migração mudou e vai a aumentar nas próximas décadas, tornando mais difícil o trabalho de distinguir entre migração voluntária e forçada. “Quando se aborda o problema dos requerentes de asilo e dos refugiados, o primeiro ponto de referência não deve ser a razão de Estado ou a segurança nacional, mas a pessoa humana”, sustentam os Conselhos Pontifícios, num texto dividido em quatro partes e

 

 

 

 

 

124 pontos.

O documento dá particular importância ao tema do tráfico de seres humanos, que considera uma “ofensa ultrajante” à dignidade das pessoas.

O presidente do CPPMI, cardeal Antonio Maria Vegliò disse em conferência de imprensa que este tráfico é uma “chaga vergonhosa” para

 

a humanidade, recordando as pessoas “exploradas de forma ignóbil”. O responsável elencou, em particular, as situações ligadas à chamada “indústria do sexo”, o trabalho forçado em vários setores, o recrutamento de crianças para conflitos armados e o “tráfico para transplante de órgãos”.

 

 

Ecologia ambiental e ecologia humana
face a cultura do desperdício

O Papa Francisco apelou no Vaticano à defesa do ambiente e da vida humana, que diz serem ameaçados por uma cultura do “descartável” e do desperdício, por causa do consumismo. “Aquilo que domina são as dinâmicas de uma economia e de finanças carentes de ética: assim, homens e mulheres são sacrificados aos ídolos do lucro e do consumo, é a cultura do descartável”, disse, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas para a audiência pública semanal, na Praça de São Pedro.

O Papa lamentou que a pobreza e os “dramas de tantas pessoas”, em particular as mais necessitadas, deixem de ser notícia e acabem por entrar na “normalidade”. "Se numa noite de inverno aqui, na Piazza Ottaviano, por exemplo, uma pessoa morre, isso não é novidade. Se em muitas partes do

 


 

mundo há crianças que não têm nada para comer, isso não é novidade, parece normal. Isso não pode ser! E estas coisas entram na normalidade: que sem-abrigo morram de frio na rua não é notícia; pelo contrário, por exemplo, uma queda de 10 pontos em bolsas de algumas cidades é uma tragédia. O que morre não é notícia, mas se as bolsas caem 10 pontos é uma tragédia. Assim, as pessoas são descartadas".

Francisco recordou que as gerações dos “avós” tinham muita atenção para não desperdiçar alimentos. “A comida que deitamos fora é roubada da mesa de quem é pobre, de quem tem fome”, avisou.

 

 

Síria: Papa apoia conferência de paz

O Papa Francisco apoiou os esforços da comunidade internacional para organizar uma conferência de paz sobre a Síria e apelou à ajuda humanitária para os refugiados. “Nas últimas semanas, a comunidade internacional reafirmou a intenção de promover iniciativas concretas para se dar início a um diálogo frutuoso com o objetivo de pôr fim à guerra; são tentativas que devem ser apoiadas, na esperança que possam levar à paz”, disse, ao receber em audiência os participantes numa reunião de coordenação de instituições católicas que ajudam a população síria.

O encontro decorreu esta quarta-feira no salão da Casa de Santa Marta e foi organizado pelo Conselho Pontifício ‘Cor Unum’ (um só coração), da Santa Sé, por sugestão do Papa.

“À comunidade internacional peço que, juntamente com a busca de uma solução negociada para o conflito, se favoreça a ajuda humanitária aos deslocados e refugiados sírios, visando em primeiro lugar o bem da pessoa e a tutela da sua dignidade”, referiu Francisco.

 

 

O Papa agradeceu “toda a atividade humanitária” realizada por organizações católica a Síria e nos países vizinhos em benefício das populações.

“Face ao perdurar de violências e opressões, renovo vigorosamente o meu apelo à paz”, declarou, acrescentando que a preocupação da Santa Sé “com a crise síria e, de forma mais específica, com a população frequentemente indefesa que sofre as consequências do conflito, é bem conhecida”.

 

 

À procura de Sugar Man

No final da década de sessenta, Rodriguez (Sixto Rodriguez) é um músico incógnito, de origem mexicana, que deambula por entre o nevoeiro das noites de Detroit dedilhando uma invulgar combinação de melodias na sua guitarra. Descoberto por um notável da indústria musical, que além da guitarra lhe adivinha um potencial de voz igualmente raro, acaba contratado pela então ascendente Motown.

O compositor e intérprete desperta as atenções dos conhecedores pela sua figura e postura enigmática, além da voz extraordinária, próxima de Bob Dylan.

Lançadas as primeiras composições, a crítica mostra-se reservada na opinião e o público, nos concertos, pouco recetivo ao seu estilo: ar modesto, uma atitude de desprendimento...

Dois álbuns e alguns singles mais tarde, após mergulhar no mundo da indústria discográfica, é noticiada a sua morte na imprensa e, segundo esta, em condições trágicas: em pleno concerto, após vaias a que responde

  com um agradecimento franco e gentil aos que se incomodaram a vir até ali, suicida-se ante uma assistência atónita. O motivo, obviado pelos jornais, o retumbante falhanço como músico.

Décadas mais tarde, a milhares de kilómetros de distância, um jornalista sul africano decide investigar a vida deste homem. Tem um bom e surpreendente motivo: é que enquanto era vaiado e desprestigiado nos Estados Unidos, Rodriguez tornara-se, sem saber, um ícon da juventude e um ícon da luta anti-Apartheid.

As incongruências entre o insucesso americano e o êxito sul africano, que levantam toda a sorte de questões sobre a forma como alguém terá lucrado com a qualidade de um músico que o próprio não chegou a ver reconhecida, são apenas o princípio de uma viagem ao extraordinário mundo de uma anti-estrela, ‘Sugar Man’, implicando uma perspetiva menos doce sobre uma certa indústria...

Curiosa e progressivamente apaixonante, ‘À Procura de Sugar Man’

 

 

 

 

é a primeira longa metragem do sueco Malik Bendjelloul (realizador, produtor, jornalista), que com a experiência arrecadada em documentários musicais para a televisão sueca, atinge um invulgar esplendor nesta sua estreia em cinema: vencedor do BAFTA, do Oscar para Melhor Documentário e do Cinema for Peace Awards, coleciona prémios e nomeações do público e na especialidade do seu género nos mais prestigiados festivais um pouco por todo o mundo.

O equilíbrio da obra, gerida com grande sensibilidade e profundidade, resulta da capacidade de Bendjelloul conjugar numa justíssima medida duas componentes essenciais: a de investigação jornalística que clarificou

   o percurso do músico e a sua (não) relação com a indústria discográfica; e a redescoberta, aprofundada, da pessoa em si, num registo narrativo que reata (mais do que reabilita ou homenageia) a relação deste homem com o público – abrangendo-o agora, pela via cinematográfica, ao universo que sempre teria merecido.

Uma perspetiva reconciliadora que em tudo cumpre a pessoa que Sixto Rodriguez é (não que foi, como a imprensa sugerira), e que vale bem a pena descobrir: na sua genuína paixão pela música, no seu desapego à fama e na sua filosofia de vida que, mesmo ante a evocação de um estrelato que nunca conheceu, não sucumbe. 

 

Margarida Ataíde

 

 

Alimente esta ideia

Decorreu no passado fim-de-semana (1 e 2 de junho), em milhares de supermercados e hipermercados de Portugal, mais uma campanha de recolha de bens alimentares por parte do Banco Alimentar Contra a Fome. Foram cerca de 40000 voluntários que estiveram espalhados por este país fora a recolher donativos alimentares em mais uma campanha, num momento em que se verifica "um significativo agravamento das dificuldades alimentares de muitas famílias portuguesas".

Apesar da recolha de bens nos espaços comerciais ter terminado, ainda é possível participar até ao dia 9 de junho, seja através da "ajuda vale", em que os portugueses podem contribuir com um vale que representa seis produtos básicos de alimentação, ou através do sítio www.alimenteestaideia.net, no qual podem fazer uma doação. É então sobre este sítio que esta semana colocamos o nosso olhar.

Este portal de doação de 

 

 

alimentos a favor do Banco Alimentar é um espaço virtual que permite a realização de um donativo através da internet e que já se encontra online desde maio de 2011.

Ao entrarmos neste sítio encontramos um ambiente simples, com poucos conteúdos mas onde o objetivo primordial é bastante claro e portanto, do nosso ponto de vista, uma

 

 

 

plataforma muito bem conseguida. Muito resumidamente podemos dividir o ambiente nas seguintes áreas.

Uma primeira área é a escolha do idioma. Estando disponíveis quatro línguas (português, inglês, espanhol e francês), ao clicarmos na respetiva bandeira todo o sítio se adapta automaticamente. A título de exemplo referimos que no ano anterior, este portal foi acedido por utilizadores de 95 diferentes países, onde naturalmente a comunidade portuguesa espalhada por todo o mundo quis dar o seu contributo.

Outro espaço interessante é

aquele que nos permite observar, em tempo real, a quantidade de alimentos que já foram oferecidos através desta plataforma.

Ao clicarmos no botão “doar”,

 

acedemos à principal área deste sítio, onde aparece uma página que nos permite escolher qual ou quais os alimentos que pretendemos ofertar. Além de podermos selecionar os bens, é permitido ainda escolher qual o  Banco Alimentar onde queremos que os mesmos sejam entregues, além do método de pagamento.

Por último referimos apenas que este sítio poderá ser acedido a partir de qualquer dispositivo (PC, tablet ou smartphone) ou através de um widget nos canais ZON.

Alimente esta ideia porque a comunidade que já doou bens continua a ser pouca para tantas e urgentes solicitações.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

 

Evangelho da Alegria

Este livro nasce a partir do musical Alegria da Fé, que pretendeu responder ao apelo do Papa Bento XVI aquando da sua mensagem do ano passado para o Dia Mundial da Juventude «Alegrai-vos sempre no Senhor» desafia os jovens a serem Missionários da Alegria.

Além da estrutura e canções do musical, este livro contém diversos textos reflexivos sobre o tema do "evangelho da alegria", entre eles D. Manuel Clemente, D. António Couto, Pe. Eduardo Novo, entre outros.

É também uma excelente preparação para a JMJ do Rio, trazendo por isso a mensagem do Papa para esta ocasião.

 

Autor: Eugénio Perregil( Coord.)

N.º Páginas: 104

Edição: 1.ª

ISBN: 9789723015621

Dimensões: 135 x 21

Preço: €6,90

 

 

 

 

Papa Francisco

O diálogo ecuménico e o encontro entre pessoas de diferentes religiões serão para Francesca Ambrogetti, coautora do livro «Papa Francisco: conversa com Jorge Bergoglio» (Paulinas Editora), traços principais do atual pontificado.

“Ele faz teologia a partir da sua própria vida, do que faz e seguramente na Igreja na Argentina, que tinha também as suas dificuldades e problemas, ele conseguir superá-los com muita capacidade de conciliação”, disse à Agência ECCLESIA, de passagem por Portugal. “Podemos esperar um grande ecumenismo, uma grande aproximação às outras religiões e um ecumenismo de uma forma que a sua mensagem vá ao encontro das religiões, que promova o encontro entre todas as pessoas”.

Francesca Ambrogetti recorda o momento em que num encontro com a imprensa estrangeira na Argentina, onde o cardeal Bergoglio havia sido convidado para falar sobre a crise, em 2001, todos ficaram espantados com a sua simplicidade, profundidade e lucidez com que enfrentou as perguntas dos jornalistas. “Era um

 

 

cardeal atípico e tivemos um grande impacto quando percebemos que chegou sozinho, sem nada, vestido como um simples padre e chegando de autocarro”.

A jornalista italiana explica que o mundo está a descobrir “um tesouro escondido” que “a pouco e pouco” ao longo das entrevistas para a edição do livro a própria e o seu colega Sergio Rubin puderam também conhecer.

 

 

Depois da morte que todo
o mundo chorou… apareceu Paulo VI

 

Ao fim de quase quatro dias de agonia que comoveu o mundo inteiro, o Papa João XXIII – “o homem afável que conquistou todos os homens” – morreu, dia 03 de junho de 1963, no seu leito de dor. O homem que convocou o II Concílio do Vaticano teve como sucessor o Papa Paulo VI, um candidato natural ao trono de Pedro.

Paulo VI foi eleito Papa a 21 de junho de 1963 e decidiu continuar os trabalhos conciliares do predecessor. Ao longo do seu pontificado promoveu encontros e relações ecuménicas com anglicanos, ortodoxos e protestantes, o que resultou em diversos “(des)encontros e (des)acordos históricos” (In: Carvalho, José. Salazar e Paulo VI – A relação conturbada do ditador com o primeiro Papa a visitar Portugal. Lisboa: Zebra Publicações, 2013 )

O pontificado do sucessor de João XXIII está enraizado no II Concílio do Vaticano, de modo “tão profundo como indissociável” e concluiu-o a 08 de dezembro de 1965, “e tudo fez para que as suas directivas fossem postas em prática”. Por outro lado, foi o primeiro Papa a viajar para fora da Europa e Portugal recebeu a sua visita em 1967.

A 21 de junho de 1963, o quadrante do velho relógio da Basílica de São Pedro (Vaticano) anunciava 11h22m e no telhado, por cima da Capela Sistina, a pequena chaminé deitava fumata branca que “tardou em

 

 

 

 

extinguir-se” (In: Lazzarini, André. Paulo VI. Perfil de Montini. Lisboa: União Gráfica, 1965). As cerca de 50 mil pessoas que estavam na Praça de São Pedro (Vaticano) estavam ansiosas para saber quem iria a assomar na varanda.

Pelo meio dia, os peregrinos ouvem, em latim, do cardeal protodiácono as seguintes palavras: “Dou-vos uma grande e alegre notícia: Temos Papa! Ele é o eminentíssimo cardeal Giovanni Battista Montini, que escolheu para si o nome de Paulo VI”. Os presentes foram colhidos de surpresa pela escolha daquele nome.

De qualquer forma, e mesmo antes de ser cardeal, durante o conclave que elegeu o Papa João XXIII (cardeal Roncalli), em 1958, Giovanni Montini acabou por receber alguns votos. João XXIII, aproveitando o consistório desse mesmo ano, elevou Giovanni Montini à condição de cardeal.

Após a sua elevação a cardeal, o «Bom Papa João» outorgou-lhe um “importante mandato” - a preparação do II Concílio do Vaticano - e acaba por nomeá-lo como seu assistente. Para Montini, que colaborou de forma intensa na preparação da assembleia

 

 

 

magna, o Papa João XXIII reservou um apartamento no Vaticano.

O tempo do concílio foi de grande movimento e trabalho no Vaticano e no mundo. João XXIII ao falecer deixou os labores conciliares ainda no início (cerca de um ano após o começo), mas a eleição de Montini foi a “melhor garantia da continuação do concílio”. Giovanni Montini marcará uma página na História da Igreja.

 

 

junho 2013

 Dia 07
* Évora - Sé - Festa do Sagrado Coração de Jesus organizada pelo Movimento do Apostolado da Oração
* Bragança - Sé (18h30m) - D. José Cordeiro dá a bênção aos peregrinos que na modalidade a cavalo começam a peregrinação diocesana a Santiago de Compostela.
* Jornada mundial de oração pela santificação dos sacerdotes.
* Aveiro - Inauguração da casa sacerdotal para os padres idosos e doentes da diocese
* Lisboa - UCP - Conselho Superior da Universidade Católica Portuguesa.
* Porto - Ermesinde (Igreja Matriz de São Lourenço de Ermesinde) - Celebração diocesana da solenidade do Sagrado Coração de Jesus presidida por D. Manuel Clemente.


 

 

* Lisboa - Estoril (Salão paroquial da Igreja de Santo Antonio) (21h15m) - Conferência sobre «Motivações dos Peregrinos não Católicos» por José Luis Sanches e integrada no ciclo de Conferências «Caminhos de Santiago».
* Açores - Ponta Delgada (Museu Carlos Machado) - Conferência sobre «A Bíblia na canção americana: dois casos inspirados no Livro de Job» por Carlos Cravo Ventura e integrada no ciclo «A Bíblia na literatura e nas artes».
* Braga - Vila do Conde (Auditório Municipal de Vila do Conde) - Exposição solidária para angariar fundos para o restauro do Centro Paroquial Padre Porfírio Alves. (07 e 08)
* Porto - Vila Nova de Gaia - IV Fórum de Arquitetura Religiosa. (07 e 08)
*Fátima - Casa das Dores - Curso sobre «a Mensagem de Fátima» e «as suas implicações para a vida cristã». (07 a 09)
* Braga - Auditório Vita - Exibição do musical «Wojtyla - um musical sobre João Paulo II». (07 a 13)

 

 

 

Dia 08

* Santarém - Almeirim - 3º Encontro Vicarial de Jovens de Almeirim «Firmes Na Fé»
* Fátima - Encontro da Família Claretiana.
* Itália - Roma (Igreja de Santo António dos Portugueses) - Concerto pelo organista Jakob Lorentzen.
* Fátima - Peregrinação anual das Servas da Santa Igreja.
* Beja - Igreja do Carmo (21h30m) - Concerto de homenagem ao padre António Cartageno.
* Porto - Espaço CACE cultural do Porto - Encerramento (início a 31 de maio) da feira solidária promovida pela Associação Emaús Caminho e Vida.
* Lisboa - Mafra (Quinta dos Rouxinóis) (21h30m) - Festival vicarial da canção jovem de Mafra.
* Lisboa - Igreja de São Vicente de Fora (18h00m) - III Concerto de um ciclo de órgão com Kate Pearson e Fumi Nagato e promovido pela Igreja de São Vicente de Fora.
* Braga - Conselho diocesano da Pastoral Catequética.

 

* Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos - Iniciativa «Música nos Mosteiros Portugueses Património da Humanidade» com Orquestra de Câmara Portuguesa.
* Coimbra - Penela (Pavilhão Multiusos) - Homenagem ao padre Adriano Santo, da diocese de Coimbra, pelo jornal «Região do Castelo».
* Lisboa - Mosteiro de Santa Maria (Monjas Dominicanas) - Conferência «Por vezes luto com Deus, por vezes danço» por José Tolentino Mendonça  
* Lisboa - Seminário de Alfragide (Dehonianos) - 15.º Congresso Nacional da LOC/MTC. (08 e 09)

 

Dia 09

* Vila Real - Chaves - Dia da Diocese de Vila Real
* Porto - Concerto do Coro do Mosteiro de Grijó no dia da dedicação da nova igreja de Santo Ovídio de Jancido (Paróquia da Foz do Sousa).  
* Setúbal - Almada (Santuário de Cristo Rei) - Peregrinação Nacional ao Santuário de Cristo Rei para celebrar os 150 anos de nascimento da Beata Maria do Divino Coração.

 

Ano C – 10º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

Um grande profeta apareceu! Como ser profetas de Deus?
 

A dimensão profética percorre a liturgia da Palavra deste 10º domingo do tempo comum: em Elias, o profeta da esperança e da vida, em Paulo, o profeta do Evangelho recebido de Deus, e particularmente em Jesus, o grande profeta que visita o seu povo em atitude de total oblação.

A primeira leitura apresenta-nos a figura da mulher de Sarepta, que significa a perda da esperança, e a figura do profeta Elias, que acredita no Deus da vida, que não abandona o homem ao poder da morte, ressuscitando o filho da viúva.

Na segunda leitura, acolhemos a absoluta gratuidade da conversão de Paulo, para quem o Evangelho é uma força vital e criadora, uma dinâmica profética que ele recebeu diretamente de Deus.

No Evangelho, temos a revelação de Deus expressa na atitude de piedade e compaixão de Jesus no milagre da ressurreição do filho da viúva. Deus visita o seu povo em Jesus, “um grande profeta”, que oferece a sua vida, a alegria de uma vida aberta com todo o sentido.

Percebemos ainda todo o carácter de sinal presente no milagre. A ressurreição do filho da viúva testemunha Jesus que há de vir, cuja vida triunfa plenamente sobre a morte. Significa que, para nós, Deus Se encontra onde há sentido da piedade, do amor vivificante. Seguindo Jesus, só podemos também suscitar vida, ter piedade dos que sofrem, oferecer a nossa ajuda, ter uma atitude de oblação. Podemos optar: ou fazemos da nossa vida um cortejo de morte, dos sem esperança, que

 

 

 

acompanham o cadáver, em atitude de choro, de luto, de desespero; ou fazemos do nosso peregrinar um caminho de esperança, de ressurreição, de transformação do choro e da morte em sentido de vida. Podemos escolher, é certo. Mas se somos seguidores de Cristo e nos deixamos visitar por este grande profeta, não temos alternativa!

A partir da liturgia de hoje, continuemos a interrogar-nos sobre o sentido da profecia para os tempos atuais. Como ser profeta à luz da Palavra de Deus que ilumina os acontecimentos das nossas vidas, da Igreja e do mundo?

 

O profeta é uma pessoa do seu tempo, marcado pelas descobertas, conquistas, contradições e esperanças do ser humano. É também alguém com uma fé profunda, com uma consciência muito forte da presença de Deus na própria vida. A vida de união e de comunhão com Deus deve impregnar a vida do profeta, levando-o a interpretar todos os acontecimentos políticos, sociais e religiosos à luz de Deus.

Profetas de Deus, somos desafiados a descobrir, acolher e propor o projeto de Deus. É a nossa vocação e missão.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 09 - Portugal e os portugueses na perspetiva de Joana Carneiro, maestrina.

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 10 - Entrevista a António Matos Ferreira sobre o Dia de Portugal.

Terça-feira, dia 11 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II com Manuel Braga da Cruz;

Quarta-feira, dia 12 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja, com Eugénio Fonseca;
Quinta-feira, dia 13 - Frei Daniel Teixeira apresenta as festas populares a Santo António. Rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 14 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.
 

Antena 1

Domingo, dia 9 de junho,  06h00 - Portugal positivo: o que de bom acontece no nosso país.

 

Segunda a sexta-feira, dias 10 a 14 de junho, 22h45 - O dia de Portugal. Festejo dos santos populares no arraial.

 

 

   

 

Entre os dias 7 e 13 os jovens do Musical Wojtyla prometem contagiar o público que aceitar o convite para homenagear João Paulo II no Auditório Vita. Depois do Coliseu do Porto, o espetáculo volta à cena em Braga e regressa ao Teatro Tivoli, em Lisboa, a partir do dia 18.

 

Dia 8 o padre e poeta José Tolentino Mendonça encerra o ciclo «Viver a Fé, aqui e agora», com uma conferência «Por vezes luto com Deus, por vezes danço». É às 15h30 no Mosteiro das Monjas Dominicanas, no Lumiar, em Lisboa.

 

A Liga Operária Católica organiza a 8 e 9 o 15º Congresso para a eleição de novos coordenadores e assistentes nacionais, onde se prevê a aprovação do documento de Linhas de Orientação para o próximo triénio, com a temática ‘Sociedade justa e sustentável, com trabalho para todos’. Acontece no Seminário de Alfragide, nos arredores de Lisboa.

 

Os portugueses assinalam a 10 o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Com mais ou menos otimismo no futuro, este é um dia de orgulho e celebração de uma identidade, mas também uma oportunidade de reflexão sobre como deveremos ser.

 

Na noite de 12 os lisboetas saem à rua para festejar o Santo António, abrindo oficialmente o ciclo de febras, sardinhas assadas e manjericos no nosso país. Esta é uma oportunidade de encontro e convívio, para esquecer tristezas e celebrar a vida.

 

RDC: A história de Jean-Pierre Kilosho

Uma lição de santidade

Uma criança, com menos de três anos de idade, foi vítima de uma bala traiçoeira. Jean-Pierre seria apenas mais uma vítima do caos que se vive no Leste da República Democrática do Congo, se não tivesse previsto a sua própria morte e não a encarasse com total serenidade.

 

Leste da República Democrática do Congo. 20 de Novembro de 2012. São três horas da tarde. Em frente da Capela da Beata Isabel da Trindade, o pequeno Jean-Robert Kilosho, de apenas dois anos e oito meses, acaba de fechar os olhos. Serenamente. Toda a família está ali à sua volta. Há um silêncio profundo. Lágrimas escorrem nos rostos, mas ninguém se atreve a dizer palavra. Só o choro se faz ouvir. Jean-Robert Kilosho acabou de morrer vítima de uma bala que foi disparada ao acaso, numa rajada de metralhadora num dos muitos confrontos entre as tropas do Exército e os homens do 

 

movimento rebelde M23. Não há ideologia nestes combates, apenas ganância, cobiça, roubo. No Leste da República Democrática do Congo o solo esconde uma riqueza imensa que é saqueada por grupos armados, que fazem desse tráfico a razão de ser da sua existência. Um tráfico que é alimentado também pelos países da região dos Grandes Lagos, como o

 

 

 

Ruanda, o Uganda e o Burundi.. A guerra não é ideológica, mas sim de conveniência. É roubo disfarçado.

 

Uma morte anunciada

Nesse dia 20 de Novembro, a cidade de Goma assistiu à ensurdecedora troca de tiros entre soldados e rebeldes. Os combates são vulgares na região, mas ninguém se habitua à sombra da morte. Nesse dia, quando o cheiro a pólvora chegou à cidade, as ruas ficaram desertas, com todas as pessoas refugiadas em casa,. Os pais de Jean-Robert só recordam o som do silvo de uma bala

 

que  entrou casa de Jean-Robert só recordam o som do silvo de uma bala que  entrou casa dentro, que projectou o menino ao chão, e o fio de sangue que começou a jorrar da sua cabeça. Nesse instante em que correram para ele, para o ampararem, recordaram de imediato as suas palavras, horas antes quando disse, como se fosse uma profecia, que uma bala entraria em casa e que todos deveriam manter a calma. Jean-Robert não chorou. Pediu aos pais que o abençoassem, um de cada vez: “Papá, abençoa-me; mamã, abençoa-me”. Depois, rezou em silêncio, fez o sinal da cruz, rezou o Pai Nosso e disse: “Faça-se a Tua vontade!”. Voltou a pedir a bênção aos pais, pediu-lhes desculpa e morreu algum tempo depois. Lá fora continuavam os disparos, mas já ninguém ouvia as bombas. Hoje, em Goma, todos sabem como ele, profeticamente, falou do que lhe ia acontecer e das suas últimas orações. Hoje, em Goma, o menino Jean-Pierre é já considerado santo. Afinal, aquela bala não matou ninguém. Jean-Pierre está vivo no coração de todos e basta falar dele para derrubar os argumentos dos que usam como retórica o poder das armas.

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

 

 

Lusofonias

Oceanos ‘pacíficos’?

Tony Neves

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Não resisti! Antes de falar de oceanos, tenho que citar Fernando Pessoa: ‘Ó mar salgado, quanto do teu sal / São lágrimas de Portugal! /Por te cruzarmos, quantas mães choraram, /Quantos filhos em vão rezaram! / …Quantas noivas ficaram por casar / Para que fosses nosso, ó mar! /Valeu a pena? Tudo vale a pena /Se a alma não é pequena….Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor. /Deus ao mar o perigo e o abismo deu, /Mas nele é que espelhou o céu’.

Portugal e o mar são inseparáveis, antes de mais, por uma questão geográfica. Mas a nossa relação com os oceanos vai mais longe e mais fundo, pois boa parte da nossa história foi passada a enfrentar as ondas. Se hoje temos um espaço lusófono, o ‘culpado’ foi o mar que nos permitiu enfrentar vagas, passar o cabo Bojador e chegar à Índia, a Macau, a Timor, a Moçambique. No que ao Atlântico diz respeito, proporcionamos um encontro de povos e culturas em Angola, Guiné, Cabo Verde, S. Tomé e Brasil, não esquecendo que no meio do mar temos as Ilhas da Madeira e dos Açores.

Os Oceanos hoje voltam a estar na agenda dos políticos, umas vezes por razões meramente estratégicas, outras mais económicas, outras mais ecológicas. É enorme a riqueza dos mares, em peixes e 

 

 

 

Luso Fonias

 

 

crustáceos de qualidades sem fim. A sobrevivência de muita gente por esse mundo além vai continuar a depender dos oceanos.

Também se discute hoje muito a questão ecológica. Durante séculos, o fundo do mar aguentou toda a espécie de poluição, desde as fossas com resíduos orgânicos até aos produtos químicos saídos de fábricas altamente poluentes e até nucleares. Há fundos de certos mares, sobretudo em países pobres, que têm toneladas e toneladas de produtos perigosos que lá foram colocados a troco de dinheiro. Fazer do fundo dos 

 

oceanos um imenso contentor de lixo é uma opção de risco para as gerações futuras e há que inverter esta situação.

O mar é ainda o paraíso azul que banha praias onde as pessoas descansam e passam férias, onde milhares e milhares de crianças e jovens jogam á bola, onde o turismo arrecada umas das receitas mais substanciais.

Por estas e por outras boas razões, temos a obrigação de olhar para onde ‘Deus espelhou o céu’ e ajudar a criar condições para que o mar seja riqueza e beleza para todos, sem hipotecar o futuro de quem virá depois de nós.

 

 


 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

Apps pastorais

widget vatican.va

Por ocasião do 7º aniversário da eleição do papa emérito Bento XVI [19 de abril de 2012], foi lançado o "widget vatican.va", pelos Serviço de Internet do Vaticano.

"Será possível transportar ao site particular e de maneira automática e dinâmica alguns dos principais conteúdos presentes no site institucional do Vaticano: www.vatican.va", segundo informou Lucio Adrián Ruiz, responsável  pelos Serviço de Internet do Vaticano.

 

O que são widget?

Os "widgets" são pequenas aplicações que os internautas podem instalar em sites, blogues ou redes sociais. Segundo a nota de divulgação à imprensa a quando da sua publicação ficamos a saber que: “o widget permitirá exportar – aos sites -, as principais novidades como o Ângelus dominical, as Audiências e o Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé".??"O Magistério Pontifício enriquece-se assim de um ulterior instrumento de comunicação para a difusão dos conteúdos do site institucional,

 

aproveitando toda oportunidade tecnológica para difundir a palavra do Santo Padre".??

 

Como obter?

É necessário enviar um email para widgets@vatican.va e solicitar o código para posterior instalação. É fundamental enviar no e-mail: endereço da página Web que deseja instalar o widget e o e-mail de referência do webmaster.??

Caso não pretendam um widgets mas sim uma aplicação, está disponível para descarga tanto para iOS como para Android.

Esta aplicações contem: Focus – as meditações do Santo Padre nas missas matutinas celebradas na capela  da Domus Sanctae Marthae; Atualidade: toda a atualidade (discursos, Ângelus dominical, Audiências); boletim de Sala de imprensa; Vídeo ao Vivo, com transmissão da praça de São Pedro; Audiências, ligação para o site.

 

Links

iPhone | iPad | Androide

 

Bento Oliveira @iMissio

http://www.imissio.net

 



 

 

 

 

 

 

 

 

- “Citar um autor nacional, um contemporâneo, um amigo ou inimigo, porque nele se aprendeu ou nos revimos com entusiasmo, é, entre nós, uma raridade ou uma excentricidade como usar capote alentejano. A referência nobre é a estrangeira por mais banal que seja, e quem se poderá considerar isento de um reflexo que é, por assim dizer, nacional?”.

Eduardo Lourenço - «O Labirinto da Saudade», Gradiva, 2005.)

 

 

A Europa foi um excesso de aspirações. É hoje um desapontamento desmesurado. Mas nem tudo se deve à Europa. Nem tudo o que de progresso se verificou nos anos sessenta a oitenta se ficou a dever à Europa.

Nem tudo o que de crítico ocorreu nos anos noventa e nos primeiros do século XXI foi por causa da Europa. Os nossos erros, as nossas políticas desajustadas e os nossos defeitos são seguramente os principais responsáveis.

Na crise, procuramos as origens. Insuficiência estrutural? Deficiências políticas? Fragilidade inultrapassável? Estudar o que se passou é indispensável para corrigir e preparar os próximos ciclos. Nas nossas dificuldades, será sempre indispensável saber onde estão as reais responsabilidades”.

(António Barreto, apresentação do estudo “25 anos de Portugal Europeu”, Lisboa, 30/05/13, Fundação Francisco Manuel dos Santos)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"O país não precisa de quem diga o que está errado;
precisa de quem saiba o que está certo."

Agustina Bessa-Luis

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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