|
||
Octávio Carmo |
||
Foto de capa: Lusa
Foto da contracapa: DR
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Bom Pastor Estrada da Buraca, 8-12 1549-025 LISBOA Tel.: 218855472; Fax: 215849514. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
|
Opinião |
|
Dia Mundial das Missões
D. António Moiteiro | D. Virgílio Antunes | D. Ilídio Leandro | D. Nuno Brás | Mons. José Rafael Espírito Santo | António Lopes | Elicídio Bilé | Anabela Sousa | Octávio Carmo | Sónia Neves | Manuel Barbosa | Tony Neves | Paulo Aido |
Nada como dantes |
||
![]() Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
|
Não é um propósito, não pode ser uma promessa, é um facto: depois deste domingo, nada fica como dantes. Os habitantes de um interior cada vez mais esquecido, principalmente os pobres e idosos, descobriram-se ainda mais isolados e desprotegidos do que se poderia imaginar, entregues aos seus próprios recursos, diria mesmo insultados. Os que morreram e os que ficaram sem futuro. Recordo-me muitas vezes de uma pequena história “autárquica” que pude testemunhar: alguém construiu parte da sua casa usando para seu benefício alguns metros de um terreno do vizinho, perante a complacência do presidente da Câmara. Motivo: o vizinho não votava ali, mas na cidade. Não sendo propriamente uma grande história, retrata bem aquilo que fui aprendendo como filho de uma pequena freguesia da parte esquecida da Madeira: as câmaras só se preocupam com as freguesias grandes; os partidos só se preocupam com as câmaras grandes; os governos só se preocupam com as cidades grandes. Onde estão os eleitores. Tudo o resto é hipocrisia e demagogia que o tempo de encarrega de desmascarar, implacavelmente. Recordo neste momento o “basta” de D. Jorge Ortiga e o apelo de D. Manuel Clemente para que se previna “realmente”. É tempo de parar de jogar à “roleta russa” com a vida das pessoas e a floresta. Não basta dizer que está tudo preparado para o combate aos incêndios quando se percebe que, |
|
||
afinal, estaria tudo pronto desde que não houvesse fogos. Um detalhe. A Conferência Episcopal Portuguesa publicou a 27 abril deste ano a nota pastoral ‘Cuidar da casa comum – prevenir e evitar os incêndios’, onde alertava atempadamente para o “flagelo” dos incêndios e pedia a toda a sociedade uma mobilização para contrariar um fenómeno de |
proporções quase incontroláveis. Agora, cairia o “quase”, perante as evidências. Os últimos meses, infelizmente, deixaram novo rasto de destruição e muito trabalho por fazer, no futuro. Se os líderes políticos não são capazes de um pacto de regime para travar esta tragédia, não podemos confiar neles para coisa alguma. E, também aí, nada ficará como dantes. |
|
|
||
|
||
Incêndio Florestal em Vieira de Leiria |
|
||
|
«O Santo Padre assegura sufrágios pelo eterno descanso dos falecidos e eleva preces ao Senhor, pedindo que console os atingidos pela tragédia nos seus afetos e nos seus bens» - Papa Francisco sobre os incêndios em Portugal
«Morre um modelo de sociedade que o povo português anseia e merece, assente nos princípios do Bem Comum», presidente da Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco, Elicídio Bilé
«Mais de 100 mortos em menos de quatro meses, além de ser um peso na consciência, são também uma interpelação politica», presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa
«Logo a seguir à tragédia de Pedrógão pedi, insistentemente, que me libertasse das minhas funções», ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa;
«Não vou fazer jogos de palavras, se quer ouvir-me pedir desculpas, eu peço desculpas», primeiro-ministro, António Costa, debate quinzenal.
«Estas operações, que pecam por tardias, são encaradas com a maior normalidade pela Sport Lisboa e Benfica SAD», Sport Lisboa e Benfica em comunicado. |
50 anos de Universidade Católica Portuguesa com celebração solidária
|
||
A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP) anunciou a criação de um fundo ‘Papa Francisco’ para ajudar alunos carenciados e refugiados, assinalando o 50.º aniversário da instituição académica. “Vamos dedicar ao Papa um fundo que tem como objetivo financiar |
estudantes carenciados, na Universidade Católica, refugiados e migrantes”, disse Isabel Capeloa Gil, em declarações à Agência ECCLESIA e à Renascença. O Papa Francisco vai receber em audiência uma delegação da Universidade Católica Portuguesa, |
|
||
a 26 de outubro, no Vaticano, por ocasião dos 50 anos da instituição académica. Isabel Capeloa Gil apresenta o fundo para estudantes carenciados como “o presente” da UCP ao Papa, que é acompanhado, simbolicamente, por uma cruz peitoral, obra da portuguesa Carolina Curado. A designer de joias e bióloga concebeu uma obra que “articular minerais e madeira com a representação da fauna, da flora e o peixe do Cristianismo”, procurando representar o espírito da encíclica ‘Laudato si’, adianta a responsável. O Fundo Papa Francisco deve ter, numa primeira fase, um montante de 100 mil euros, e a duração de cinco anos. A reitora da UCP considera que o encontro com o Papa vai ser “o momento alto” das celebrações deste aniversário, que vão durar um ano, tendo começado no momento em que se concluíram as comemorações do Centenário das Aparições de Fátima. “Queremos que seja uma oportunidade de projetar o futuro, o Papa Francisco é um homem que nos interpela a cuidar do que temos e a deixá-lo para as gerações futuras”, assinala Isabel Capeloa Gil. |
A sede da Universidade Católica, em Lisboa, acolheu o início do ciclo de Grandes Conferências ‘Futuros Globais’, com a intervenção do cardeal-patriarca, D. Manuel Clemente, sobre o tema ‘50 anos de ciência para um futuro global’. O magno chanceler da UCP partiu da encíclica ‘Laudato si’, do Papa Francisco, sublinhando a ligação entre o ambiente humano e o ambiente natural. “Na tragédia atual dos incêndios, que têm destruído grandes áreas e tantas vidas, podemos verificar tristemente a veracidade deste trecho da encíclica: terras abandonadas, florestas descuidadas, vidas atingidas – tudo definha e sofre na natureza, nas pessoas e na sociedade em geral. E tudo deverá prevenir-se com outra atenção global, às pessoas e às coisas”, declarou. “O clima não tem fronteiras políticas e a resposta só pode ser universal. Assim como a pobreza que afeta populações inteiras e que só pode ser combatida num quadro de verdadeira e justa solidariedade internacional”, acrescentou. |
|
|
Papa associou-se às celebrações
|
||
O Papa Francisco associou-se esta quarta-feira às celebrações dos 500 anos da Sé do Funchal, numa mensagem enviada ao bispo da diocese, pedindo missionários “convictos” de Jesus Cristo, sem medo das “turbulências do mundo”. O Papa saúda “afetuosamente” toda a comunidade do arquipélago e recorda os “obreiros da evangelização e animação pastoral que, ao longo destes 500 anos, se empenharam por levar a Catedral à sua máxima expressão de palácio de Cristo-Rei, aula de Cristo-Mestre, templo de Cristo-Sacerdote”. A mensagem, enviada através do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, apresenta a catedral como símbolo do desígnio de uma Igreja Católica “sem fronteiras, onde todos possam ter um lugar válido e honrado”. “Uma Igreja una e unida na qual, se algo tem de ser sacrificado, pois que sejam os particularismos, as rivalidades, as discórdias, os resíduos de egoísmo — e são ainda tantos, mesmo no Reino da caridade que é a Igreja de Jesus”, acrescenta o Papa. Na homilia da Missa a que presidiu |
esta quarta-feira, D. António Carrilho, bispo do Funchal, evocou os sacrifícios das primeiras comunidades cristãs na Madeira para a construção da Sé, “casa de Deus e do seu povo”, apelando à “unidade” e “comunhão”, hoje. As comemorações deste aniversário foram acompanhadas pelo núncio apostólico em Portugal, D. Rino Passigato, que visitou o Santuário de Nossa Senhora do Monte onde, junto à imagem da Padroeira da cidade e Diocese do Funchal, rezou pelas vítimas do acidente no Largo da Fonte no passado dia 15 de agosto e pelas vítimas dos incêndios que nos últimos dias atingiram o território português. O representante diplomático da Santa Sé presidiu, na terça-feira, à inauguração da Exposição ‘500 Anos da Dedicação da Sé do Funchal. Fé, Arte e Património’. |
Rádios Cristãs da Europa
|
||
O Grupo Renascença Multimédia participou no encontro da Conferência Europeia de Rádios Cristãs (CERC), em Malta, este ano dedicado ao tema geral ‘Os jovens e as rádios, na dinâmica do Sínodo dos Jovens em 2018’. Em declarações à Agência ECCLESIA, Isabel Figueiredo sublinhou que, neste campo, o Grupo Renascença e a emissora espanhola COPE estão “numa situação muito parecida” porque têm “rádios dirigidas a um público mais jovem”, respetivamente a Mega Hits e a MegaStar, “essencialmente musicais, sem palavra”. A coordenadora de conteúdos explicou que o Sínodo 2018, nos dois lados da fronteira, vai ser tratado “como acontecimento noticioso” nas rádios informativas, ou seja, no canal Renascença e na COPE. Sobre o acompanhamento e divulgação do sínodo dos bispos 2018, a responsável deu ainda como exemplo uma rádio do Leste da Europa que vai “à procura dos jovens para emissões em direto” a partir dos seus locais, ou a emissora francesa que “vai trabalhar” com a Comunidade Ecuménica de Taizé. Para além de Portugal estão a |
participar no 24.º encontro da CERC em Malta mais nove países - Áustria, República Checa, França, Hungria, Itália, Eslováquia, Eslovénia e Espanha - representados por diretores das estações, responsáveis por conteúdos religiosos e chefes de redação. Isabel Figueiredo contextualiza que a Renascença é uma das quatro fundadoras da CERC, com emissoras de Espanha, França e Itália. A emissora católica portuguesa e a sua congénere espanhola COPE têm uma “realidade diferente” face às outras rádios, de pequena dimensão e âmbito diocesano. O Grupo Renascença Multimédia que também está representado no 24.º encontro da CERC pelo presidente do Conselho de Gerência, o padre Américo Aguiar, vai receber o encontro das emissoras cristãs no próximo ano.
|
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
|
||
|
|
|
Igreja Católica promove semana nacional da Educação Cristã
|
||
IV Encontro Nacional de Leigos |
Portugal tem um novo santo
|
||
O Papa Francisco proclamou como santo o sacerdote português Ambrósio Francisco Ferro, morto no Brasil a 3 de outubro de 1645 durante perseguições anticatólicas, por tropas holandesas. A fórmula de canonização foi proclamada, em latim, no início da Missa do último domingo, celebrada na Praça de São Pedro, perante milhares de pessoas. |
O novo santo faz parte do grupo dos chamados “protomártires do Brasil”, que foram mortos no atual território da Arquidiocese de Natal, então sob jurisdição portuguesa. "Precisamos de nos revestir cada dia do seu amor, de renovar cada dia a opção de Deus. Os Santos canonizados hoje, sobretudo os numerosos mártires, indicam-nos esta estrada. |
|
||
Eles não disseram «sim» ao amor com palavras e por um certo tempo, mas com a vida e até ao fim", disse o Papa na homilia da celebração. O padre Ambrósio Francisco Ferro era vigário do Rio Grande; sabe-se que outro dos mártires, António Vilela Cid, natural de Castela, era casado com uma irmã do futuro santo, Inês Duarte, açoriana. A 16 de julho de 1645, o padre André de Soveral e outros fiéis foram mortos por 200 soldados holandeses e índios potiguares, quando celebravam a Missa dominical. A 3 de outubro de 1645, houve o "massacre de Uruaçu" no qual o padre Ambrósio Francisco Ferro foi torturado e assassinado. “Feitos prisioneiros, juntamente com o seu pároco, o padre Ambrósio Francisco Ferro, e levados para perto de Uruaçu, onde os esperavam soldados holandeses e cerca de duzentos índios, cheios de aversão contra os católicos. Os fiéis e o seu pároco foram horrivelmente torturados e deixados morrer entre bárbaras mutilações”, informa a nota biográfica oficial divulgada pelo Vaticano. O texto sublinha que, “do numeroso grupo de fiéis assassinados”, apenas |
se conseguiram identificar “com certeza” 30 pessoas. Estes fiéis católicos foram beatificados por João Paulo II, no Vaticano, a 5 de março de 2000, que os apresentou como “as primícias do trabalho missionário, os protomártires do Brasil”. No local do massacre foi erguido o ‘Monumento dos Mártires’, cuja festa litúrgica se celebra a 3 de outubro. A Santa Sé recorda que a evangelização no Rio Grande do Norte (Brasil) foi iniciada em 1597 por missionários jesuítas e sacerdotes diocesanos, originários de Portugal. Nas décadas seguintes, a chegada dos holandeses, de religião calvinista, provocou “a restrição da liberdade de culto para os católicos”, contexto em que se verifica o martírio dos futuros santos. |
|
|
Mundo unido contra a fome |
||
O Papa visitou esta segunda-feira a sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em Roma, onde alertou para os efeitos das alterações climáticas no drama da fome, criticando quem abandona o Acordo de Paris. “Vemos as consequências das mudanças climáticas todos os dias. Graças aos conhecimentos científicos, sabemos como se devem enfrentar os problemas e a comunidade internacional tem elaborado também os instrumentos jurídicos necessários, como, por exemplo, o Acordo de Paris, do qual, infelizmente, alguns se estão a afastar”, disse, na celebração do Dia Mundial da Alimentação. Francisco não se referiu a qualquer país em particular; o caso mais mediático de abandono do Acordo de Paris foi o dos EUA, por decisão do presidente Donald Trump. Firmado em 2015, durante a Conferência do Clima em Paris, França, o ‘Acordo de Paris’ estabeleceu a importância da adoção de modelos económicos que reduzam as emissões de dióxido de carbono e gases com efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas alterações climáticas. |
Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, que este ano se propõe refletir sobre o tema ‘Mudar o futuro da migração’, Francisco inaugurou uma estátua que evoca o pequeno Aylan, a criança síria encontrada sem vida à beira-mar, numa praia da Turquia, cuja imagem correu o mundo. “As mortes por causa da fome ou do abandono da sua própria terra são uma notícia habitual, com o risco de provocar indiferença”, advertiu o Papa. O encontro na sede da FAO contou com a presença dos ministros da Agricultura dos países do G7. O Papa apelou a uma maior responsabilidade “a todos os níveis” para garantir o direito à alimentação, evitando que as pessoas tenham de deixar a sua terra. “Diante de um objetivo de tal envergadura, está em jogo a credibilidade de todo o sistema internacional”, declarou. |
Sínodo especial para a Amazónia |
||
O Papa Francisco anunciou a convocação de uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazónica, em outubro de 2019, no Vaticano. “O principal objetivo desta convocação é identificar caminhos para a evangelização dessa porção do Povo de Deus, especial dos indígenas, muitas vezes esquecidos e sem a perspetiva de um futuro sereno”, disse, no final da Missa em que canonizou 35 fiéis, incluindo o sacerdote português Ambrósio Francisco Ferro. Francisco alertou para a atual crise da “floresta amazónica”, que apresentou como “pulmão de capital importância” para o planeta. “Acolhendo o desejo de várias conferências episcopais da América Latina, bem como a voz de vários pastores e fiéis de outras partes do mundo, decidi convocar uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazónica”, explicou. O Papa Francisco já tinha aprovado a criação de uma Rede Eclesial Pan-Amazónica, REPAM, que inclui representantes de comunidades católicas de 9 países. “Que os novos intercedam por este acontecimento eclesial, para que |
no respeito pela beleza da criação, todos os povos da terra louvem a Deus, Senhor do Universo, e iluminados por Ele percorram caminhos de justiça e de paz”, desejou. Em setembro, na sua viagem à Colômbia, o Papa convidou a respeitar a sabedoria dos povos indígenas da Amazónia, que passar pelo respeito da “sacralidade da vida” e da natureza. Na sua encíclica ‘Laudato si’, o Papa deixou sobre a desflorestação da Amazónia, sustentando que a exploração dos recursos naturais não deve apostar no benefício imediato. O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja. |
|
|
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
|
||
|
|
|
INCÊNDIOSUma tragédia evitável e a evitar |
||
O cardeal-patriarca de Lisboa lamentou a tragédia dos incêndios que nos últimos dias vitimou dezenas de portugueses, considerando que teria sido possível evitar um novo drama, quatro meses depois do acontecido em Pedrógão Grande “Era possível, certamente, era possível e previsível. Os relatórios estão aí, os peritos já se pronunciaram, as autoridades do Estado – a começar pelo presidente da República – também e as coisas são o que são, o que infelizmente |
foram”, disse à Agência ECCLESIA e Renascença, na sede da Universidade Católica, em Lisboa. O responsável diz que teria sido desejável uma ação “mais atempada” da Proteção Civil e um maior investimento na limpeza das matas e nos espaços circundantes das habitações. “Já estamos a chorar sobre o leite derramado, o que é preciso é evitar que ele se derrame”, adverte. O cardeal-patriarca adianta que a Igreja Católica vai continuar a “insistir”, até pela sua proximidade em relação às populações, para que “se previna |
|
|
||
realmente” e não se reaja “à pressa” quando as coisas acontecem. D. Manuel Clemente quis deixar uma mensagem de solidariedade, recordando todos os que morreram e dirigindo uma palavra de “apoio” aos que sofreram com este drama, esperando que haja união de esforços para “a reconstrução das suas vidas”. “Como cidadãos e cidadãs, [tem de haver] uma vontade acrescida de prevenir isto tudo de outra maneira”, acrescentou. O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa apelou, por sua vez, à “mudança de mentalidade” na prevenção dos incêndios e afirmou que é de lamentar a “calamidade” dos incêndios que continuam ativos, manifestando solidariedade às vítimas. “É apelar a que haja mudança de mentalidade, esta prevenção, e |
também apelar a que as entidades hajam de acordo em relação aos responsáveis e o próprio Governo já disse que há mão criminosa nisto tudo”, disse o padre Manuel Barbosa à Agência ECCLESIA. A primeira reação veio de Braga, onde D. Jorge Ortiga considerou “imperioso” agir perante os incêndios. “Portugal está a arder! Basta de discursos e boas intenções! É imperioso apurar responsabilidades e agir”, escreveu o arcebispo de Braga, na sua conta da rede social Twitter. As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram até ao momento 44 mortos e cerca de 70 feridos, mais de uma dezena dos quais graves. Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 vítimas mortais e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo. |
|
INCÊNDIOSMensagem de pesar do Papa |
||
EMMO Cardeal Dom Manuel Clemente Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa Profundamente consternado pelas dramáticas consequências dos incêndios destes dias no centro-norte de Portugal, Santo Padre assegura sufrágios pelo eterno descanso dos falecidos e eleva preces ao Senhor pedindo que console os atingidos pela tragédia nos seus afetos e nos seus bens e inspire em todos sentimentos de esperança e solidariedade para superar a adversidade, ao mesmo
|
tempo que anima instituições e pessoas de boa vontade a prestarem nestes momentos difíceis uma ajuda eficaz com espírito generoso e fraterno, sua santidade Papa Francisco pede aos pastores das várias dioceses envolvidas na tragédia que transmitam seus sentidos pêsames aos familiares dos defuntos e expressem aos feridos e desalojados sua solicitude e unidade espiritual em penhor do que lhes concede uma consoladora Bênção Apostólica. Cardeal Pietro Parolin Secretário do Estado de Sua Santidade |
|
O Santuário de Fátima anunciou vai disponibilizar 50 mil euros de ajuda de emergência às populações atingidas pelos incêndios deste domingo, montante que vai ser entregue à Cáritas Portuguesa. “O Santuário de Fátima não poderia ficar indiferente diante da catástrofe que afetou particularmente a Diocese de Leiria-Fátima”, disse o bispo diocesano à Sala de Imprensa do santuário mariano. Na informação enviada à Agência ECCLESIA, pelo Santuário de Fátima, D. António Marto observou que “felizmente não houve vítimas mortais” na diocese mas “80% do Pinhal de Leiria ardeu, bem como algumas casas e quintais, com elevados danos materiais”. O bispo de Leiria-Fátima realça que “é urgente” passar-se à ação concreta e renovou o apelo ao presidente da Republica, Marcelo Rebelo de Sousa, que assuma a “causa nacional”. “Faça convergir a ação de todos pela defesa do bem comum, reunindo todas as instâncias necessárias para a prevenção e o combate aos incêndios”, concluiu.
|
||
|
|
|
INCÊNDIOSDar as mãos para sermos muitos |
||
Que fazer? Vamos resignar-nos a uma chaga com tais dimensões, como se de uma fatalidade impossível de contrariar se tratasse? De modo algum. Estamos convencidos de que as causas do flagelo dependem direta ou indiretamente da vontade humana. E, como tal, só pode prevenir-se ou combater-se com eficácia, se todos nós, desde o cidadão mais simples ao mais responsável, em vez de vãs lamentações, mudarmos realmente de mentalidade e de hábitos sociais. Quais?
|
Sim. Que fazer perante a tragédia que assolou tanta população do nosso país e, concretamente, da diocese de Aveiro, não podendo a Igreja ficar indiferente ao drama de tantos concidadãos? Vimos, pois, reafirmar a nossa comunhão e caridade cristã para com todos os afetados, lembrando as palavras dos nossos bispos portugueses na sua Nota pastoral sobre os incêndios do passado mês de abril. Os que faleceram entregamo-los à misericórdia de Deus, na certeza de que na fé em Cristo ressuscitado se enxugarão todas as lágrimas; aos que perderam os seus bens queremos, juntamente com todos eles, ajudar a reerguer as suas vidas na esperança de que um novo renascer é possível. Não podemos ficar de braços |
|
|
||
cruzados. Para isso apresentamos alguns caminhos possíveis de ajuda às nossas populações: 1º A nossa caridade cristã, no imediato, passa pelo levantamento das necessidades mais urgentes das nossas famílias e para isso vamos realizar um encontro em Vagos com os párocos e alguns leigos das zonas mais atingidas, depois de amanhã, sexta-feira. 2º A coordenação de toda esta ajuda está entregue à Caritas Diocesana de Aveiro. 3º Os fundos a recolher são depositados na conta em nome do Fundo Diocesano de Emergência Social, da responsabilidade da Caritas Diocesana de Aveiro e cujo nº é: PT50 0010 0000 4955 3880 1011 6.
|
4º Não queremos deixar de realçar que a nossa colaboração com as entidades civis envolvidas no terreno é de total disponibilidade. Nos casos mais urgentes é bom contactar as respetivas paróquias. Acreditamos que dando as mãos poderemos aliviar o sofrimento de tantos irmãos nossos e, por isso, apelo às nossas comunidades cristãs e a todos os homens e mulheres de boa vontade para que sejamos generosos e os párocos deem a conhecer esta Nota Pastoral em todas as Eucaristias do próximo fim-de-semana. O meu fraterno afeto.
Aveiro, 18 de outubro de 2017
+ António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro |
|
Social, da responsabilidade da Caritas Diocesana de Aveiro e cujo nº é: PT50 0010 0000 4955 3880 1011 6. |
INCÊNDIOSMensagem do Bispo de Coimbra aos atingidos pelos incêndios |
||
Caríssimos Diocesanos e irmãos, Diante da calamidade que se abateu de novo sobre a nossa Diocese de Coimbra e sobre Portugal, sinto-me muito próximo de todos quantos estão a sofrer na sua própria carne a perda dos seus bens e, mais ainda, dos seus familiares, irmãos e amigos, conhecidos ou desconhecidos. A aflição destes dias causou grande dor, que perdura no coração, na memória e no tempo, mas não nos deixará abatidos e sem esperança. Felizmente temos motivações imensas para ultrapassar tudo o que agora |
sentimos: a grandeza da profunda humanidade, o sentido da fraternidade, a iluminação da fé e o estímulo da caridade cristã. Não tenho capacidade para resolver as situações difíceis que muitos estão a viver, mas posso apelar a todos para que estejamos próximos uns dos outros com a consolação do amor, da oração e da solidariedade. Peço a todos, públicos ou privados, comunidades e pessoas, que façam tudo o que estiver ao seu alcance para que a ninguém falte o necessário dos bens materiais e espirituais a que |
|
|
||
têm direito enquanto membros do povo português e da Igreja de Deus. Deixo uma palavra de gratidão aos bombeiros e aos que, generosamente e por sentido do dever, têm ajudado as populações em dificuldade. Rezo pelo eterno descanso dos que perderam a vida e pela consolação dos que sofrem. Deixo um grande abraço, na comunhão de Deus, que nunca nos deixa sós.
Coimbra, 16 de outubro de 2017
D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra |
|
|
INCÊNDIOSSejamos dignos da Criação! |
||
O que se tem passado, em Portugal, apresenta-nos como um Povo incapaz de se governar e de preservar a sua história e as suas ricas tradições. Somos um Povo envelhecido, sem capacidade de renovação e somos um Povo que se autodestrói, deixando queimar a natureza e destruir os bens da criação. Parece que se interiorizaram, em todos nós, os sentimentos da ‘inevitabilidade da desgraça’, da ‘pouca sorte’ e do ‘azar’: há a época dos fogos, a época dos acidentes nas estradas, a época das cheias, a época das secas, etc. etc.
|
Agora, parece que aceitamos como inevitável que, com as florestas, ardam as aldeias, as casas… E até parece inevitável e natural a morte de dezenas e dezenas de pessoas… Importa acordar e recuperar as capacidades de superação dos limites que as sereias, mal-intencionadas, nos querem impor aos nossos sonhos de esperança e de libertação para a construção de um futuro melhor! Precisamos de receber, com alegria e gratidão, de usar, com parcimónia e respeito e de transmitir, melhorando e enriquecendo, os bens que |
|
|
|
|||
recebemos dos nossos Maiores e são dons da Natureza e nos são entregues e confiados pelo Seu Criador e Senhor. Por isso, cantando o Hino que, tantas vezes, nos une e empolga, precisamos de lutar ‘contra todos os canhões’ e, na esperança, confiante, solidária e ativa, ‘marchar, marchar’… Solidarizo-me com todas as famílias e pessoas que sofrem, neste momento, as consequências dos terríveis acidentes provocados pelo fogo. De uma forma especial, estou unido, em oração e em saudade, a todas as pessoas que faleceram. Para todas elas, peço ao Senhor da Misericórdia |
o bom acolhimento na Sua Casa paterna. Também, para todas as famílias e pessoas que sofrem quaisquer perdas, a minha unidade próxima, na confiança ativa e na esperança reconciliadora, convidando a que todos sejamos solidários, generosos e ativos nas necessárias e urgentes soluções. A todos aqueles que são responsáveis – ativos ou passivos – por todas estas calamidades e suas consequências, os desejos de necessária, justa e proporcional compensação.
+ Ilídio Leandro, Bispo de Viseu |
||
|
INCÊNDIOSQuo vadis? |
||
Ainda não refeitos das consequências dos incêndios do verão, é com pesar que constatamos que o outono trouxe, mais uma vez, o drama dos incêndios, com mais devastação, mais mortes, mais dor e gritos de angústia. Já 60% dos meios aéreos de combate aos fogos tinham sido dispensados, quando as vagas de calor se mantinham. A meteorologia aconselhava vigilância e prudência, mas quem deveria estar atento, andava distraído. Todos estávamos avisados da passagem do furacão Ophelia, com o efeito de arrastamento de massas de ar quente e seco vindas do Norte de África sobre a Península Ibérica, mas alguém continuou distraído. Agora, aí estão as consequências dessa distração crónica a que nos
|
habituamos, apesar dos relatórios, das evidências, das promessas de alteração do “status quo” do «Depois disto, nada ficará na mesma…». O custo de vidas humanas ceifadas, é muito superior ao dos incêndios ocorridos nos anos de 2003 e 2005. Será que podemos confiar nas promessas repetidamente feitas? Porque morrem hoje mais pessoas vitimadas pelos incêndios do que no passado? Com estas mortes, mais do que a morte das vítimas, morre um pouco da esperança de quem vive no interior do país, triste, envelhecido, desertificado, que as imagens fotográficas e auditivas nos revelam. Morre também um modelo de sociedade que o povo português anseia e merece, |
|
|
||
assente nos princípios do Bem Comum, do Destino Universal dos Bens, da solidariedade e da subsidiariedade e dos valores fundamentais da vida social: a Verdade, a Liberdade e a Justiça. Esperamos que, ainda a tempo, o Estado Português, concretamente o Governo do País, possa alterar o Orçamento Geral do Estado, apresentado na Assembleia da República, mas ainda não discutido e votado, por forma a contemplar a reparação dos prejuízos ocorridos, pela distracção a que se sujeitou e pela incúria no acautelar daquilo que era previsível. A Economia que ficou |
ainda mais debilitada, o património que ardeu, a fauna e a flora desaparecida e, acima de tudo, os bens das pessoas que viram consumidas pelas chamas o resultado de uma vida de trabalho e o teto onde se abrigavam, para além das vidas ceifadas fruto da incúria de quem os devia proteger. É preciso que cada um faça a sua parte para nos reabilitarmos como Povo e como Nação. Portalegre, 17/10/2017 Elicídio Bilé Presidente da Cáritas Diocesana de Portalegre – Castelo Branco |
|
INCÊNDIOSDiocese de Setúbal disponibiliza ajuda monetária para as populações fustigadas pelos incêndios |
||
Perante a tragédia dos incêndios que nos últimos dias assolaram a zona centro e norte de Portugal Continental, todos nos sentimos desolados e, ao mesmo tempo, próximos daqueles que perderam os seus entes queridos e ficaram privados dos bens essenciais para a vida. D. José Ornelas, o nosso Bispo, tem acompanhado com amizade e solidariedade todos estes dramas, pedindo igualmente a oração das nossas comunidades por aqueles que partiram e pelos seus familiares e promovendo, na medida das nossas possibilidades, o apoio concreto aos que sofrem tão grandes perdas. Sem prejuízo das iniciativas solidárias das diversas comunidades e instituições cristãs, a Diocese de Setúbal mobiliza-se, mais uma vez, para ir ao encontro desta situação. A Cáritas Diocesana de Setúbal porá à disposição uma verba de € 25.000,00 (vinte e cinco mil euros), a enviar para a Cáritas Portuguesa, que fará chegar às Cáritas das Dioceses mais afetadas. A Diocese de Setúbal contribuirá também, dos seus fundos,
|
com € 10.000,00 (dez mil euros) para a mesma finalidade. As paróquias e organizações diocesanas que desejarem contribuir para esta ajuda, podem fazê-lo enviando os seus contributos para a Diocese, que os fará chegar a quem precisa pelos mesmos canais. Esta ajuda vem juntar-se aos esforços feitos nos últimos tempos para assistir as vítimas dos incêndios, como a seguir se especifica: No passado dia 17 de junho de 2017, a zona centro de Portugal Continental foi devastada pelos incêndios. Na consequência dos danos pessoais e materiais ocorridos, a Cáritas Portuguesa tomou a iniciativa de abrir uma conta de angariação de fundos para apoio às vítimas. De imediato, a Cáritas Diocesana de Setúbal disponibilizou € 50.000,00 (cinquenta mil euros). A 21 de junho de 2017, a Conferência Episcopal Portuguesa deliberou que a oração, sufrágio e ofertório do primeiro domingo de julho fosse dedicado às vítimas dos incêndios. Na Diocese de Setúbal, a recolha efetuada a 02 de julho em todas |
|
|
||
as Paróquias resultou num total de € 35.259,44 (trinta e cinco mil duzentos e cinquenta e nove euros e quarenta e quatro cêntimos). O donativo monetário para socorro às vítimas dos incêndios de Pedrógão, entregue pela Diocese de Setúbal à Cáritas Portuguesa, resultou, assim, num total de € 85.259,44 (oitenta e cinco mil duzentos e cinquenta e nove euros e quarenta e quatro cêntimos).
|
Também no ano de 2016, face aos incêndios ocorridos na Madeira, a Diocese de Setúbal disponibilizou o valor de € 13.428,05 (treze mil quatrocentos e vinte e oito euros e cinco cêntimos) que foi entregue à Diocese do Funchal.
Anabela Sousa, Diretora de Comunicação |
|
INCÊNDIOSApós a calamidade deste fim de semana |
||
Desde o passado domingo dia 15 todos seguimos com dor e perplexidade o rasto de destruição que os incêndios deixaram em todo o país. Agradeço a Deus a chuva desta noite |
que tanto precisávamos para o duro combate contra as chamas. A chuva veio misturar-se às muitas lágrimas dos que choram os que eram seus e agora partiram. Na calma de hoje é maior o |
|
|
||
espanto pelo que aconteceu, é mais nítido o sofrimento, e é maior o esforço por tentar não desanimar, manter a confiança e recomeçar de novo. O desastre deste verão mostra como foi e se mantém válido o alerta dos bispos portugueses na sua nota pastoral “Cuidar da casa comum – prevenir e evitar os incêndios” do passado dia 27 de abril. Dirijo a todos os afetados pelo luto, pela destruição, e a todos os envolvidos na ajuda e no socorro, um pensamento de proximidade e consolo. Tudo e todos estão presentes nas minhas orações. Permitam-me falar agora em especial para os fiéis e para os cooperadores do Opus Dei. Sei que alguns de vós viveram momentos de grande aflição, nalgum caso com perdas grandes. Rezo por cada uma e cada um, e peço ao nosso bom Deus que vos faça sentir que está perto, de modo especial e misterioso quando permite o sofrimento, que não vos abandona e vos dá paz. Ele saberá recompensar com abundância, de alguma maneira, tudo quanto parece tirar: Deus dos males tira bens, dos grandes males grandes bens. Não nos esqueçamos disto, quando só vemos o mal permitido. Deixem-me lembrar-vos as palavras do Prelado do Opus Dei, daquele a quem tratamos familiarmente por Padre, |
ditas na sua vinda a Portugal em julho, a propósito do então recente incêndio de Pedrógão Grande: “É um mistério que não poderemos entender completamente, mas a partir da cruz de Jesus Cristo sempre podemos procurar algum consolo. Na cruz, é Deus quem quer passar pelo sofrimento, e desde então, de algum modo, o sofrimento pode transformar-se em salvação, pelo amor”. Quase todos nós temos familiares ou pessoas próximas afetadas pela calamidade. Dou o meu alento para ajudarmos, cada um conforme possa, individualmente ou juntando-se às iniciativas, civis ou da Igreja, que estão a fazer um trabalho precioso de solidariedade e de grandeza. Como é sabido de todos a Cáritas Portuguesa abriu, para apoio de todas as vítimas, a conta 'Cáritas com Portugal abraça vítimas dos incêndios', com o IBAN PT50 0035 0001 00200000 730 54, na Caixa Geral de Depósitos. Informo que no próximo domingo, 22 de outubro, as missas celebradas no Oratório de S. Josemaria, em Lisboa, terão por intenção as vítimas e familiares dos incêndios.
17 de outubro de 2017
Mons. José Rafael Espírito Santo Vigário Regional do Opus Dei em Portugal |
|
Deixem-me lembrar-vos as palavras do Prelado do Opus Dei, daquele a quem tratamos familiarmente por Padre, ditas na sua vinda a Portugal em julho, a propósito do então recente incêndio de Pedrógão Grande: “É um mistério que não poderemos entender completamente, mas a partir da cruz de Jesus Cristo sempre podemos procurar algum consolo. Na cruz, é Deus quem quer passar pelo sofrimento, e desde então, de algum modo, o sofrimento pode transformar-se em salvação, pelo amor”.
Quase todos nós temos familiares ou pessoas próximas afetadas pela calamidade. Dou o meu alento para ajudarmos, cada um conforme possa, individualmente ou juntando-se às iniciativas, civis ou da Igreja, que estão a fazer um trabalho precioso de solidariedade e de grandeza.
Como é sabido de todos a Cáritas Portuguesa abriu, para apoio de todas as vítimas, a conta 'Cáritas com Portugal abraça vítimas dos incêndios', com o IBAN PT50 0035 0001 00200000 730 54, na Caixa Geral de Depósitos.
Informo que no próximo domingo, 22 de outubro, as missas celebradas no Oratório de S. Josemaria, em Lisboa, terão por intenção as vítimas e familiares dos incêndios.
17 de outubro de 2017
Mons. José Rafael Espírito Santo
Vigário Regional do Opus Dei em Portugal
INCENDIOSCáritas oferece apoio num gesto solidário com vítimas dos incêndios
|
||
A Cáritas Portuguesa vem manifestar a sua plena solidariedade com todas as vítimas dos terríveis incêndios que, desde a passada sexta-feira, estão ativos em todo o país, de forma particular aos familiares daqueles que já perderam a vida nesta tragédia que, mais uma vez, nos coloca a todos numa situação de profunda consternação. |
A Cáritas Portuguesa disponibiliza, agora, dos seus próprios meios financeiros, a verba de 150 mil euros. Esta importância ficará, desde já, à disposição das Cáritas diocesanas para as necessidades mais urgentes das pessoas e famílias afetadas. Deixa também uma palavra de solidariedade para com os bombeiros e todos os outros operacionais no terreno |
|
|
|||
que, mais uma vez, de forma tão heroica são chamados a intervir para defender vidas e bens das populações. “Desejamos, profundamente, que cesse este tão grande flagelo nacional que já deixou um terrível rasto de morte e destruição com gravíssimas repercussões no imediato e para as gerações futuras. Esperamos também que se unam esforços para que se encontrem caminhos mais seguros |
em ordem à prevenção eficaz dos fogos florestais, repensando, o mais depressa possível, a estratégia nacional para o efeito e, tendo como única motivação o bem comum.” diz Eugénio Fonseca, Presidente da Cáritas Portuguesa, concluindo que “a Cáritas Portuguesa manifesta a sua disponibilidade para ser parte integrante na implementação dessa estratégia”. |
||
|
iNCÊNDIOS
Jovens ligados aos jesuítas
|
||
Jovens ligados aos jesuítas vão dedicar dois fins de semana por mês ao apoio e reconstrução das áreas consumidas pelo fogo de Pedrógão Grande. A Missão Aqui e Agora arranca já no primeiro fim de semana de novembro para Castanheira de Pera, onde irá colaborar com a organização Médicos do Mundo, a quem foi confiada a ajuda humanitária às populações deste concelho, um dos mais atingidos pelo fogo de junho. Este não é, contudo, um projeto totalmente novo, pois assegura a continuidade de um trabalho que começou no verão. A Missão Aqui e Agora nasceu em julho, da vontade de um grupo de jovens ligados ao Centro Universitário Padre António Vieira (CUPAV), jesuítas em Lisboa, que não conseguiu ficar indiferente ao sofrimento das populações e resolveu ir para o terreno ajudar. Durante duas semanas, dezenas de jovens de todo o país, acompanhados por jesuítas, integraram a equipa dos Médicos do Mundo, ajudando na organização e distribuição de roupas e alimentos doados, na limpeza de escombros e na replantação de áreas ardidas. A sua presença, fortemente marcada por |
uma vivência espiritual, foi também valorizada pela população local pelo ânimo e esperança que trouxe no meio de tamanha tragédia. Francisca Onofre foi uma das impulsionadoras desta missão e passou parte das férias em Castanheira de Pera, assumindo agora a liderança do projeto durante o ano. "Ao terminar a Missão no verão ficou o desejo, em muitos voluntários, de voltar (e muitos já voltaram!) e em mim a certeza de que não podíamos deixar esquecidas estas pessoas e abandonar um trabalho que leva tempo a ser realizado", explica. Sobre o desafio exigente que agora é lançado, Francisca acrescenta: "Há o desejo de deixar crescer em cada voluntário a consciência de que viver em missão não é algo temporário e passageiro, mas um modo de vida, que implica algum esforço para poder disponibilizar um fim-de-semana por mês para servir, para levar Cristo aos mais necessitados e para seguir cada vez mais Aquele que é o centro de toda esta Missão". Tal como no verão, a Missão Aqui e Agora colaborará diretamente com os Médicos do Mundo. No primeiro |
|
|
||
e quarto fim de semana de cada mês, de novembro a junho, os jovens estarão em Castanheira de Pera (cada jovem estará um fim de semana por mês) para apoiar os trabalhos de reconstrução. |
A missão destina-se preferencialmente a jovens em idade universitária ou início de vida adulta (entre os 18 e os 30 anos).
Gabinete de Comunicação dos Jesuítas em Portugal
|
|
|
Bem haja! |
||
![]()
Sónia Neves |
|
“As pessoas só se lembram de nós quando precisam.” “Às vezes somos maltratados por não chegarmos a tempo.” “Vida por vida é um lema muito forte mas para mim é tudo”.
Testemunhos. Desabafos. Não vou mais esquecer os rostos, os olhos tristes de quem comigo partilhava a amargura de não ser reconhecido, a ingratidão que lhes chegava. Fardados. Disponíveis e fieis. Abnegados. No coração com o lema “vida por vida”. É assim que os recordo numa reportagem feita há dois anos onde procurei mostrar o outro lado dos bombeiros, o lado da disponibilidade, serviço e cuidado ao próximo. Percorri três corporações, três quartéis e conheci muitos homens e mulheres talhados para acudirem a quem precisa, na emergência médica, nos incêndios, salvamento aquático ou proteção da floresta. Nesta semana que manchou Portugal, em que o país se vestiu de negro por mais de 40 vítimas do fogo podia aqui escrever muitas linhas de tristeza e revolta. Porque tive a sensação de estarem a acontecer fogos desmedidos como em Pedrogão há uns meses? O país atingiu valores como mais de 500 fogos ativos, milhares de hectares ardidos, 80% do pinhal de Leiria ardeu, 44 vítimas mortais e muitos feridos; fábricas destruídas, animais mortos e hortas devastadas. Culpados? Acredito que os haja. Condições climatéricas adversas? Sim, este calor em outubro não acho normal. Interesses? Creio que deve |
|
||
haver interesses económicos. Mas não é isso que quero sublinhar! Aqui é uma palavra de apreço que quero deixar a estes heróis, aqueles que combateram as chamas e defenderam Portugal. Colocaram a vida em risco para ir em prol do outro. Muitos voluntários, com poucos meios e escassos recursos. Será que têm de continuar a depender de donativos para defender o país? Até quando iremos ver peditórios para ajudar as corporações de bombeiros que, afinal protegem vidas, as nossas vidas? Que a foto deste cartaz feito por |
crianças de cinco anos, que vi afixado na parede de uma escola, sirva para a sensibilização: dos mais pequenos que um dia saibam dar valor a esta defesa da vida e do país. Aos mais velhos e que guiam este país que fossem tocados e sensíveis ao valor dado aos bombeiros e à forma como são tratados. Um voto de pesar às famílias das vítimas e uma palavra de esperança a todos os lesados pelo fogo. “De mãos dadas” podemos ultrapassar esta fase. Para vocês “camaradas bombeiros”, Bem Haja! |
|
|
|
||
|
|
|
Histórias de Missão. O Semanário ECCLESIA associa-se à celebração do Dia Mundial das Missões trazendo relatos na primeira pessoa de quem dá vida à dinâmica missionária da Igreja Católica, em Portugal e no mundo. Sim, porque também há missionários que chegam ao nosso país. O dossier retoma ainda a mensagem do Papa para esta celebração, na qual o Papa Francisco afirma que o Evangelho ajuda a superar os conflitos, o racismo, o tribalismo, promovendo por todo o lado a reconciliação, a fraternidade e a partilha. Tal como o Papa, não se esquece a próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em 2018 sobre o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, considerada “uma ocasião providencial para envolver os jovens na responsabilidade missionária comum, que precisa da sua rica imaginação e criatividade”. |
|
||
|
|
|
Aprender a ser missionário no Quénia
Há muitas ideias sobre o que é ou deve ser a realidade missionária, mas a experiência no terreno costuma mudar tudo para quem deixa o seu país e parte a caminho de outros continentes, para partilhar a mensagem do Evangelho. Foi assim com o padre Filipe Resende, missionário Comboniano que trabalha no Quénia há já 9 anos. Entrevista conduzida por Henrique Matos
|
||
Agência ECCLESIA (AE) - Quando é que sentiu o chamamento a uma missão que se faz longe, na distância, no contacto com outros povos? Filipe Resende (FR) - Em miúdo, aos 10 anos, recordo-me de um padre me ter dito um dia: “Não queres ser como eu?”. Algo mexeu, ali dentro, e nem sequer era um padre missionário. Aquele bichinho ficou. Entretanto, prossegui os meus estudos até que, quando estava no secundário, os missionários Combonianos vieram à minha paróquia, fazer uma atividade. Conto sempre este episódio engraçado: no final da Eucaristia, o padre Fernando Domingues, comboniano, chamou-nos todos à sacristia e perguntou: “Então, quem de vós já pensou em ser missionário?”. E eu, no meio de 40, 50, não sei, com a emoção da |
juventude, disse “eu”, pus o dedo no ar. Ficou toda a gente a olhar para mim. Depois começou o diálogo, fui a vários encontros ao seminário, aprofundando a vocação missionária, tudo isso. Claro que a missão é comum a todo o cristão, mas tem de haver sempre aqueles que recebem uma vocação diferente dos outros para partir, rumo a estes lugares onde nós evangelizamos.
AE - Como foi a experiência inicial no Quénia? FR - Quando cheguei ao Quénia, há 9 anos - já lá tinha estado antes, a fazer a Teologia -, estive em lugares onde os primeiros missionários tinham chegado há cerca de 40 anos. Ou seja, a missão, a evangelização está mesmo no começo. |
|
|
||
|
|
|
|
||
AE - No interior do Quénia? FR - No interior do Quénia. De 2008 a 2013, estive lá, em missão, perdido lá no meio do mato. Quando lá cheguei, nem sequer havia eletricidade, tudo isso…
AE - Isso fê-lo pensar, questionou a sua vocação? FR - Não, porque tive a graça de ter feito a Teologia já no Quénia, de 1997 a 2002, conhecia esta realidade. Foi sempre o meu sonho, desde miúdo, estar numa missão assim longe, onde |
as pessoas nunca ouviram falar de Jesus, do Evangelho. Claro que a gente, quando vai, vai com este entusiasmo, vai com esta novidade, e nem olha sequer às dificuldades - partir, deixar os pais, deixar a família. É difícil, somos humanos, mas há aquele entusiasmo que é particular da vocação e que dá a força extra de passar por cima disso.
FR - Quando cheguei ao Quénia, várias vezes me deparei com esse sonho |
|
|
||
que tinha, quando era mais jovem, ir para um lugar onde não há cristãos, onde o Evangelho não tinha história. Foi conseguir realizar o sonho, uma vocação. Não é tudo sucesso, também temos momentos de dúvida, de pensar que se deviam ter feito as coisas de outra forma.
AE - Existe a tendência de chegar e querer mudar o mundo. É muito difícil aculturar-se, aprender com quem está? FR - Essa é a grande lição que todos os missionários aprendem e que não pode ser ensinada antes, tem de ser vivida no local. Sabemos, em teoria, que vamos para aprender, que é preciso estar abertos, com o desejo de ajudar, de ir fazer a diferença. Quando chegamos ao local, a própria experiência vai-nos fazendo entender essa necessidade de aprender. Em 1997, 1998, a primeira vez que estive no Quénia, fazia apostolado ao fim de semana, dado que estava na Universidade, uma atividade pastoral no bairro de lata de que agora sou pároco (risos), nos subúrbios de Nairobi. A minha educação foi que, aos domingos, vamos à Missa, temos de vestir a melhor roupa, os melhores sapatos; quando cheguei ao Quénia, nesta realidade, era ao contrário, porque ao sábado e ao domingo ia |
para um bairro de lata onde há esgotos a céu aberto, lama, tudo o que se possa imaginar. Na minha mente, isto fez uma confusão enorme. É aquela necessidade de nos readaptarmos, conforme a situação que estamos a viver. Obviamente, isto é uma coisa de nada, não tem grande filosofia, mas revela o confronto que temos de fazer connosco próprios.
AE - Esse confronto, passa para o que está escrito nos livros, a forma como se apresenta Deus nesses lugares, nesses povos? FR - É um exercício que não é nada fácil. Mais do que a Liturgia, que já é muito adaptada, temos vários momentos da Eucaristia que estão adaptados à alegria, à dança, vejo mais questões do ponto de vista moral. Há consideração que temos de fazer a nível de vida sacramental. É muito raro no Quénia, por exemplo, mesmo agora em Nairobi, numa zona urbana, que um casal, jovem, decida casar-se e só ir viver juntos depois de estarem casados. Normalmente, os casamentos que nós temos, 90% dos casos, são de famílias que já têm 5, 10, 15 anos de vida conjunta, com filhos. Ora, a abordagem ao Sacramento do Matrimónio, a formação que temos de fazer, é completamente diferente |
|
|
||
nestes casos. São mais estas situações que representam um desafio até mesmo à própria reflexão teológica. Nós, missionários, ajudamos, porque temos a bagagem de uma vida cristã diferente, distante da Europa já cristianizada, mas não podemos ser só nós. Às vezes o medo de arriscar, de fazer diferente, bloqueia-nos, mas é bonito haver uma interajuda, trazendo o que é nosso e deixar que a Igreja local, autóctone, com bispos, padres, leigos teólogos, percebam o que devem fazer.
FR - Um exemplo muito concreto, que nós fazemos na nossa Vigararia de Nairobi: o Batismo de crianças bebés de pais que não estão casados pela Igreja. É costume aceitar o primeiro filho, como oportunidade, até, para se fazer um caminho com os pais; o segundo, sim e não, mas o terceiro não pode ser, porque “começa a ser um abuso”, dizem alguns. Fizemos uma reflexão com o clero local, sobre a nossa abordagem pastoral, e tivemos de fazer o trajeto diferente do que é a tradição noutros locais: abrir, aproveitar este momento para poder fazer um caminho mais sério de formação, com os pais, para que eles celebrem o Matrimónio. Isto é uma aprendizagem para nós. |
AE - Na periferia de Nairobi, uma zona urbana, há muitas outras propostas FR - É muito mais fácil trabalhar com outras denominações não-cristãs, como o Islamismo, do que propriamente até as denominações evangélicas, pentecostais. O Quénia tem um proselitismo muito grande de igrejas-cogumelos, crescem igrejas de tudo e mais alguma coisa… Às vezes dizemos que, para começar uma Igreja no Quénia, basta ter a Bíblia, um microfone, um amplificador e alguém que diga “ámen”. Muitas destas que nós aqui chamamos seitas começaram a ser um negócio, porque têm uma forma de falar ao sentimento da pessoa, para qualquer ganho, sem ter critérios teológicos ou orientações litúrgicas. É um apelo muito fácil ao coração e ao sentimento. E as pessoas que vivem nas periferias da cidade têm uma vida muito difícil, sofrem: a delinquência, a insegurança. É muito fácil uma pessoa ser atropelada e ficar por ali, não se sabe… Morre-se muito facilmente, por questões de saúde, sofre-se muito. Estas igrejas exploram isto, apelam a um consumo muito fácil, jogam com a questão de o povo africano ser muito religioso. Mesmo no mato, a relação que a cultura tem com a vida das pessoas e |
|
|
||
com Deus é muito próxima. Em todos os acontecimentos da vida social, há sempre a dimensão religiosa, sempre. A Igreja Católica tem tentado adaptar-se a isto, com uma abertura muito grande à reconciliação, às situações difíceis, estando ao lado das pessoas.
AE - Há também questões ligadas ao extremismo, com diversos atentados. Como é que isso tem marcado a vida
|
dos missionários, das comunidades cristãs? FR - Antes de mais, a questão do terrorismo abrandou bastante no último ano e meio, dois. Houve uma altura em que havia muitos ataques contra igrejas, não só católicas, qualquer aglomerado de pessoas, sobretudo aos fins de semanas. Isso provocou nas pessoas um medo de ir à igreja, porque não sabiam o que ia acontecer. |
|
|
||
Da nossa parte, isso exigiu que se criassem condições de segurança, temos de recorrer a empresas de segurança para estar todos os dias a fazer o controlo de entradas, com detetor de metais e tudo isso. Quando havia um atentado numa igreja, notávamos logo: no domingo a seguir e no outro domingo, o número de pessoas na Eucaristia diminuía. Depois, pouco a pouco, as coisas retomavam a normalidade. Eu, cada domingo que passava, respirava de alívio.
AE - Como é que as autoridades se comportam em relação à Igreja? FR - Em momentos como estes, de instabilidade política - não sabemos se as eleições se vão realizar - a Igreja tenta sempre apelar à paz. Há manifestações na rua, há brutalidade policial, houve 35 mortes - 17 na minha paróquia -, nos dias que se seguiram às eleições que foram anuladas [O Supremo Tribunal do Quénia anulou as eleições presidenciais de 8 de agosto, em que foi reeleito o presidente Uhuru Kenyatta]. A Igreja Católica procura a via do diálogo, da paz, mas devido à polarização que existe neste |
momento, quem é paz apoia o Governo, quem é pela justiça apoia a oposição. Isto torna muito difícil o nosso trabalho: se nos calarmos, estamos a consentir os abusos da polícia, não denunciamos; se falarmos, automaticamente somos colocados do lado dos que estão a contestar as eleições. Portanto, esta é uma questão muito delicada. Em condições normais, a Igreja Católica é muito respeitada, não só pelo que diz, mas pelo que faz, sobretudo. O trabalho social de católicos e também dos anglicanos - que algumas vezes é substituir o trabalho do próprio Governo - cria uma boa relação com as autoridades locais. Há um compromisso pela erradicação da pobreza, de estar ao lado de quem necessita.
AE - Sente-se realizado? FR - Muito realizado. Também porque há desafios, os problemas, por causa da consolação interior, da realização pessoal, que é maior do que esses momentos. Se posso, deixo um apelo: que rezem por esta situação no Quénia. As eleições estão marcadas para dia 26, eu regresso já na próxima terça-feira (23 de outubro), a tensão está muito, muito forte. |
|
|
|
||
AE - A atividade missionária é cada vez mais alargada, os missionários trabalham com uma retaguarda de colaboradores… É um trabalho de Igreja mais partilhado? FR - Exatamente. Às vezes, somos arrastados: se calhar, por sermos menos religiosos, missionários que partem, somos puxados a ter de alargar o nosso horizonte. Isso também foi acompanhado por uma reflexão que começou há bastantes anos, para que se entenda que a missão é de todos: dos missionários heróis, que vão lá para tão longe e passam as dificuldades que nós sabemos, mas também dos cristãos empenhados nas paróquias, como diz o Papa na sua mensagem para este ano. A missão, este sair ao encontro do outro, onde quer que se esteja, |
é uma obrigação do cristão. Sair em direção ao outro que está em necessidade, que precisa da minha ajuda, do meu carinho, da minha palavra, da minha presença. A missão tem de estar no coração da fé, entender a nossa vocação cristã de um modo missionário. |
|
|
(CAIXA)
AE - A atividade missionária é cada vez mais alargada, os missionários trabalham com uma retaguarda de colaboradores… É um trabalho de Igreja mais partilhado?
FR - Exatamente. Às vezes, somos arrastados: se calhar, por sermos menos religiosos, missionários que partem, somos puxados a ter de alargar o nosso horizonte. Isso também foi acompanhado por uma reflexão que começou há bastantes anos, para que se entenda que a missão é de todos: dos missionários heróis, que vão lá para tão longe e passam as dificuldades que nós sabemos, mas também dos cristãos empenhados nas paróquias, como diz o Papa na sua mensagem para este ano.
A missão, este sair ao encontro do outro, onde quer que se esteja, é uma obrigação do cristão. Sair em direção ao outro que está em necessidade, que precisa da minha ajuda, do meu carinho, da minha palavra, da minha presença. A missão tem de estar no coração da fé, entender a nossa vocação cristã de um modo missionário.
A missão no coração da fé cristã |
||
Queridos irmãos e irmãs! O Dia Mundial das Missões concentra-nos, também este ano, na pessoa de Jesus, «o primeiro e maior evangelizador» (Paulo VI, Exort. ap. Evangelii nuntiandi, 7), que incessantemente nos envia a anunciar o Evangelho do amor de Deus Pai, com a força do Espírito Santo. Este Dia convida-nos a refletir novamente |
sobre a missão no coração da fé cristã. De facto a Igreja é, por sua natureza, missionária; se assim não for, deixa de ser a Igreja de Cristo, não passando duma associação entre muitas outras, que rapidamente veria exaurir-se a sua finalidade e desapareceria. Por isso, somos convidados a interrogar-nos sobre algumas questões que tocam a própria identidade cristã e as |
|
|
||
nossas responsabilidades de crentes, num mundo baralhado com tantas quimeras, ferido por grandes frustrações e dilacerado por numerosas guerras fratricidas, que injustamente atingem sobretudo os inocentes. Qual é o fundamento da missão? Qual é o coração da missão? Quais são as atitudes vitais da missão?
A missão e o poder transformador do Evangelho de Cristo, Caminho, Verdade e Vida1. A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. Este é uma Boa Nova portadora duma alegria contagiante, porque contém e oferece uma vida nova: a vida de Cristo ressuscitado, o qual, comunicando o seu Espírito vivificador, torna-Se para nós Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14, 6). É Caminho que nos convida a segui-Lo com confiança e coragem. E, seguindo Jesus como nosso Caminho, fazemos experiência da sua Verdade e recebemos a sua Vida, que é plena comunhão com Deus Pai na força do Espírito Santo, liberta-nos de toda |
a forma de egoísmo e torna-se fonte de criatividade no amor.
2. Deus Pai quer esta transformação existencial dos seus filhos e filhas; uma transformação que se expressa como culto em espírito e verdade (cf. Jo 4, 23-24), ou seja, numa vida animada pelo Espírito Santo à imitação do Filho Jesus para glória de Deus Pai. «A glória de Deus é o homem vivo» (Ireneu, Adversus haereses IV, 20, 7). Assim, o anúncio do Evangelho torna-se palavra viva e eficaz que realiza o que proclama (cf. Is 55, 10-11), isto é, Jesus Cristo, que incessantemente Se faz carne em cada situação humana (cf. Jo 1, 14).
A missão da Igreja, destinada a todos os homens de boa vontade, funda-se sobre o poder transformador do Evangelho. |
|
|
||
A missão e o kairós de Cristo3. Por conseguinte, a missão da Igreja não é a propagação duma ideologia religiosa, nem mesmo a proposta duma ética sublime. No mundo, há muitos movimentos capazes de apresentar ideais elevados ou expressões éticas notáveis. Diversamente, através da missão da Igreja, é Jesus Cristo que continua a evangelizar e agir; e, por isso, aquela representa o kairós, o tempo propício da salvação na história. Por meio da proclamação do Evangelho, Jesus torna-Se sem cessar nosso contemporâneo, consentindo à pessoa que O acolhe com fé e amor experimentar a força transformadora do seu Espírito de Ressuscitado que fecunda o ser humano e a criação, como faz a chuva com a terra. «A sua ressurreição não é algo do passado; contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 276).
4. Lembremo-nos sempre de que, «ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, |
mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo» (Bento XVI, Carta. enc. Deus caritas est, 1). O Evangelho é uma Pessoa, que continuamente Se oferece e, a quem A acolhe com fé humilde e operosa, continuamente convida a partilhar a sua vida através duma participação efetiva no seu mistério pascal de morte e ressurreição. Assim, por meio do Batismo, o Evangelho torna-se fonte de vida nova, liberta do domínio do pecado, iluminada e transformada pelo Espírito Santo; através da Confirmação, torna-se unção fortalecedora que, graças ao mesmo Espírito, indica caminhos e estratégias novas de testemunho e proximidade; e, mediante a Eucaristia, torna-se alimento do homem novo, «remédio de imortalidade» (Inácio de Antioquia, Epistula ad Ephesios, 20, 2).
5. O mundo tem uma necessidade essencial do Evangelho de Jesus Cristo. Ele, através da Igreja, continua a sua missão de Bom Samaritano, curando as feridas sanguinolentas da humanidade, e a sua missão de Bom Pastor, buscando sem descanso quem se extraviou por veredas enviesadas |
|
|
||
e sem saída. E, graças a Deus, não faltam experiências significativas que testemunham a força transformadora do Evangelho. Penso no gesto daquele estudante «dinka» que, à custa da própria vida, protege um estudante da tribo «nuer» que ia ser assassinado. Penso naquela Celebração Eucarística em Kitgum, no norte do Uganda – então ensanguentado pelas atrocidades dum grupo de rebeldes –, quando um missionário levou as pessoas a repetirem as palavras de Jesus na cruz: «Meu Deus, meu
|
Deus, porque Me abandonaste?» (Mc 15, 34), expressando o grito desesperado dos irmãos e irmãs do Senhor crucificado. Aquela Celebração foi fonte de grande consolação e de muita coragem para as pessoas. E podemos pensar em tantos testemunhos – testemunhos sem conta – de como o Evangelho ajuda a superar os fechamentos, os conflitos, o racismo, o tribalismo, promovendo por todo o lado a reconciliação, a fraternidade e a partilha entre todos. |
|
|
|
||
A missão inspira uma espiritualidade de êxodo, peregrinação e exílio
|
mesmo, é preferível «uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças» (Ibid., 49).
Os jovens, esperança da missão 8. Os jovens são a esperança da missão. A pessoa de Jesus e a Boa Nova proclamada por Ele continuam a fascinar muitos jovens. Estes buscam percursos onde possam concretizar a coragem e os ímpetos do coração ao serviço da humanidade. «São muitos os jovens que se solidarizam contra os males do mundo, aderindo a várias formas de militância e voluntariado. (...) Como é bom que os jovens sejam “caminheiros da fé”, felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra!» (Ibid., 106). A próxima Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá lugar em 2018 sobre o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional», revela-se uma ocasião providencial para envolver os jovens na responsabilidade missionária comum, que precisa da sua rica imaginação e criatividade.
|
|
|
||
O serviço das Obras Missionárias Pontifícias9. As Obras Missionárias Pontifícias são um instrumento precioso para suscitar em cada comunidade cristã o desejo de sair das próprias fronteiras e das próprias seguranças, fazendo-se ao largo a fim de anunciar o Evangelho a todos. Através duma espiritualidade missionária profunda vivida dia-a-dia e dum esforço constante de formação e animação missionária, envolvem-se adolescentes, jovens, adultos, famílias, sacerdotes, religiosos e religiosas, bispos para que, em cada um, cresça um coração missionário. Promovido pela Obra da Propagação da Fé, o Dia Mundial das Missões é a ocasião propícia para o coração missionário das comunidades cristãs participar, com a oração, com o testemunho da vida e com a comunhão dos bens, na resposta às graves e vastas necessidades da evangelização.
Fazer missão com Maria, Mãe da evangelização10. Queridos irmãos e irmãs, façamos missão inspirando-nos em Maria, Mãe da evangelização. Movida pelo Espírito, Ela acolheu o Verbo da vida na profundidade da sua fé humilde. Que a Virgem nos ajude a dizer |
o nosso «sim» à urgência de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus no nosso tempo; nos obtenha um novo ardor de ressuscitados para levar, a todos, o Evangelho da vida que vence a morte; interceda por nós, a fim de podermos ter uma santa ousadia de procurar novos caminhos para que chegue a todos o dom da salvação. Vaticano, 4 de junho – Solenidade de Pentecostes – de 2017 FRANCISCUS |
|
Histórias de missão
|
||
Em Portugal ou em países em vias de desenvolvimento, a missão da Igreja Católica continua a mostrar-se viva e a estar onde o Evangelho é mais preciso, com o contributo de sacerdotes, religiosos e leigos, membros de congregações e movimentos, organizações não-governamentais, jovens, adultos, menos jovens. Este domingo, através do Programa 70x7 na RTP2, mostramos-lhe alguns dos protagonistas deste esforço, numa reportagem inserida no mês de outubro particularmente dedicado às missões. Esta é a história de João Antunes, de 70 anos, que foi enviado para a região de Sumbe, em Angola, integrado no grupo missionário Ondjoyetu, da Diocese de Leiria-Fátima. “Toda aquela vida missionária entusiasma-me e vou tentar corresponder a esse entusiasmo que é meu, pondo-o em prática. Vou fazer o que é preciso, o que for possível e se eu não puder fazer Deus pode. Ele está lá e vai ajudar”, salienta. |
Junto das comunidades angolanas locais, o trabalho assenta sobretudo na procura de soluções e ferramentas que possam ajudar as pessoas a caminhar por si próprias e a criarem o seu futuro. “Eles têm que ser parte integrante do seu desenvolvimento. Eu não vou fazer nada. Porque eles se não quiserem que se faça a gente não consegue”, aponta João Antunes. Entre os vários projetos que os missionários desenvolvem no Sumbe está por exemplo a criação de centros de moagem, no campo da agricultura e da alimentação, também de poços ou cisternas para a conservação da água potável, e a sensibilização para a preservação das florestas. Há também um trabalho importante no que diz respeito à habitação, o projeto ‘BTC’, que significa blocos de terra comprimida. Que tem como objetivo ajudar os habitantes a construírem casas mais resistentes e que durem mais tempo, já que muitas das casas não resistem às chuvas ou às condições meteorológicas duras que caraterizam aquela região. |
|
|
||
João Antunes partiu para a Diocese de Sumbe, em Angola, juntamente com mais dois colegas de missão, dois jovens, Andreia Pereira, de 24 anos, e Nuno Vale, de 29 anos. Esta é também a história do padre Manuel Fidelino Jardim, um sacerdote comboniano natural da Madeira, |
que passou 25 na República Democrática do Congo, antigo Zaire. Naquela nação africana, viveu as convulsões da guerra e da luta pelo poder que envolveu figuras como os presidentes Mobutu Sese Seko, Laurent Kabila ou mais recentemente o filho deste, Joseph Kabila. “Foi a |
|
|
||
primeira vez que vi de perto uma metralhadora a disparar”, confidencia o padre Fidelino, que contou como foi lutar para conservar a vida – no meio da perseguição feita aos missionários – e ao mesmo tempo concretizar os objetivos da missão, que eram muitos. Desde logo, a proteção das populações locais da fúria dos soldados e rebeldes. E depois, a luta pela dignificação de um povo vítima de fenómenos como a discriminação social, a pobreza e exclusão. Um dos pontos mais relevantes desse trabalho teve como sujeito o povo pigmeu, que o sacerdote madeirense |
acompanhou por duas vezes. “É uma tribo que nós não podemos imaginar. Penso que a nível da História seria o Homem na Idade da Pedra. Vivem com o essencial, com o mínimo possível, desde o vestir à alimentação e habitação. Um povo muito simples, muito bom, mas por isso é fácil explorá-lo”, conta o padre Manuel Fidelino Jardim. Paulatinamente, os missionários vão procurando ajudar os pigmeus a tomarem consciência da sua própria dignidade, a preservarem a sua independência mesmo que para isso tenham de alterar um pouco o seu |
|
|
|
||
modo de vida. “Agora a caça é mais rara, é difícil, a pesca também, e então eles têm que se readaptar ao modo de vida. É muito difícil mas aos poucos estamos a introduzir a agricultura, para que faça parte do programa deles”, salienta o missionário comboniano. Depois de 25 anos no Congo, o padre Fidelino está agora em Portugal, em missão nas paróquias de Camarate e da Apelação, em Lisboa. É também na zona da capital, um pouco mais ao lado, na Damaia, que conhecemos o Centro Social 6 de maio, uma instituição coordenada pelas Irmãs Dominicanas do Rosário que serve o bairro com o mesmo nome. Um aglomerado que cresceu desde meados dos anos 70 do século XXI, com a vinda de milhares de migrantes provenientes de países lusófonos como Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau. Pessoas, muitas delas, a viverem com grandes dificuldades, ao nível económico e social, de formação e educação, necessidades que as irmãs têm procurado atender. “Na creche temos 20 meninos mas temos uma lista de espera de cento e tal, porque não podemos receber mais de momento. E temos 75 crianças |
no pré-escolar e uma lista de espera não tão numerosa mas temos. Temos o gabinete de serviço social aberto todos os dias, com duas técnicas, e tem uma procura imensa”, exemplifica a irmã Deolinda Rodrigues. O crime, a marginalidade, o tráfico de droga, a prostituição, também são realidades que marcam o bairro. Sem a intervenção do centro, e das suas valências, o futuro de muitas crianças e jovens poderia já estar traçado à partida. A partir de 2015 a autarquia local começou a implementar um plano de demolição do bairro, acompanhado por um programa especial de realojamento das pessoas. No entanto, há alguns meses que este processo está parado, agravando um cenário já de si complicado. “Há muita degradação, muita, casas semidemolidas. Cada dia o bairro é mais preenchido por mais traficantes e consumidores, onde reina a prostituição, há filmes a mostrar essa realidade que nos dá uma tristeza imensa. Porque o bairro não foi isto, e as pessoas que ainda vivem o bairro não são isto”, frisa a irmã Deolinda. A ajudar as irmãs no seu trabalho têm estado, desde há algum tempo, vários estudantes universitários ligados |
|
|
||
ao Movimento de Schoenstatt. Jovens que durante um semestre, em regime de rotatividade, vivem no bairro 6 de maio e colocam o seu tempo e conhecimento ao serviço dos habitantes. A missão dos estudantes vai desde a dinamização da missa dominical à formação de crianças, jovens e adultos, com a realização de explicações e apoio ao estudo, aulas de música, a iniciativas mais |
recreativas como jogos de futebol e rugby. “Isso é mesmo importante. Sobretudo situações de miúdos que não têm família, que a família deles tem sido estes jovens, e as famílias destes jovens”, aponta a irmã Deolinda, que espera que este projeto possa continuar a ter pernas para andar, apesar do contexto atual de indefinição que rodeia o bairro. Tomás Cortes é um dos jovens que esteve integrado no projeto ‘Maria |
|
|
||
Apoia 6 de maio’, do Movimento de Schoenstatt, e destaca a mudança que esta missão produziu também a nível pessoal. “Não fazia ideia do que era o bairro 6 de maio, nem sabia que existia. Começaram-me a dizer que é um bairro de lata, umas ideias pré-concebidas, tens de ter cuidado porque isso apareceu nas notícias, porque a polícia cercou aquilo. São tudo dimensões que em maior ou menor grau também estão presentes, mas fui surpreendido pela outra dimensão, de comunidade, de família, que se calhar por não ser tão mediática não passa”, refere o jovem. A prioridade agora é garantir que todas as famílias do bairro tenham acesso a um teto, uma vez que nem todas as pessoas conseguiram reunir condições – em termos de documentação – para se inscreverem |
no plano especial de reabilitação. O nosso percurso pelos rostos que fazem a missão inclui também a história de Pedro Nascimento, um advogado de 28 anos que esteve recentemente em Moçambique, na região de Carapira. Depois de ter estado naquele território há cerca de dois anos, numa etapa de formação missionária, regressou agora na companhia de um grupo de sete outros jovens voluntários. “Nós na Europa e no mundo ocidental temos como riqueza o dinheiro, o poder, a ânsia, o consumismo. Em África aprendemos que a riqueza é a pessoa, que a riqueza é o estar, que a riqueza é o dar-se”, recorda Pedro Nascimento, numa reportagem incluída no Programa 70x7, que poderá acompanhar no próximo domingo, na RTP2, a partir das 13h00. |
|
|
«Num Sa Zuntû», um blogue missionário
|
||
Aos 23 anos Joana Carvalho já realizou o sonho de partir em missão por duas vezes através do Projeto Casa Claret, da ‘Procura’ - Missões Claretianas, |
para São Tomé e Príncipe. “Numa época onde as redes sociais invadem as vidas dos jovens, utilizo o meu blogue pessoal para alertar
|
|
|
||
outros jovens e outras pessoas para a necessidade da missão e da fé”, explica em nota enviada à Agência ECCLESIA. Joana Carvalho no seu diário (público) dos tempos modernos, o blogue ‘Num Sa Zuntû’, partilha as suas “experiências de vida e de fé” para que outros jovens “percebam que é possível” ser jovem e feliz na Igreja. Aos de 23 anos já esteve duas vezes em missão ad gentes. Rumou par São Tomé e Príncipe através do Projeto Casa Claret, da Procura - Missões Claretianas. “Toda a minha vida é colorida através
|
do amor de Deus. A enfermagem, o voluntariado, a música, a minha maneira de ser e estar na vida”, explica a enfermeira e animadora na Juventude Claretiana. Joana Carvalho é “alegre, sonhadora, lutadora, apaixonada” e revela que o “amor” pela caridade, solidariedade, voluntariado, “pela vida e por Deus” está presente na sua vida “desde pequena”. “Lembro-me de ser pequenina e de dizer aos meus amigos que um dia iria a África ajudar os que mais precisam”, afirma no blogue ‘Num Sa Zuntû’. |
|
![]() |
Padres Missionários em Portugal |
||
O padre Jan Pietrus trocou há alguns anos o polaco pelo português. Está há um ano na paróquia de Carcavelos, no Patriarcado de Lisboa, depois de 13 anos no Brasil, seis à frente de Odivelas e dois anos a estudar em Itália. Hoje diz, sente-se estrangeiro em Varsóvia, a sua terra de origem, local de onde saiu um ano depois da sua ordenação, em 1991 enquanto padre palotino. Assume o carisma da animação apostólica dos leigos e é esta a sua missão independentemente da geografia onde se encontra. A reportagem da Ecclesia foi ao encontro do padre João Pedro, como em Carcavelos é conhecido.
A primeira vez que o padre Samuel Pulickal ouviu falar de Portugal foi nos livros de história. Natural de Cochim, na Índia, local até onde navegou Vasco da Gama há 5 séculos atrás. Fechado o livro das epopeias, o então seminarista foi desafiado a estudar em Portugal, dando cumprimento a um |
desejo do anterior cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo e do seu bispo, em Cochim.
Está em Portugal há 20 anos, local onde já se sente em casa. Foi entre nós que o padre Miguel Hernandez se descobriu enquanto sacerdote porque um mês depois da sua ordenação já estava por Lisboa. Integra a comunidade dos Agostinhos que no Patriarcado estão responsáveis por duas paróquias: Santa Iria da Azoia e São Domingos de Rana, local onde a Ecclesia encontra o sacerdote de 45 anos, Miguel Hernandez.
O padre Raimundo Mangens está desde 2009 em Portugal, ao serviço da Igreja respondendo a um compromisso missionário entre as duas igrejas locais. Passou por |
|
|
||
diferentes paróquias no Patriarcado de Lisboa e hoje é vigário paroquial na unidade pastoral de Nova Oeiras e São Julião da Barra. Depois de ultrapassar a diferença de temperaturas, o padre Raimundo Mangens lida com as diferentes formas do agir pastoral: a abertura de um povo quente e que durante horas celebra a eucaristia, para uma organização ao minuto mas que se abre às dificuldades sociais de povos desfavorecidos.
Das montanhas irlandesas para os morros no Brasil e daí para o bairro da Cova da Moura, na periferia de Lisboa, o padre Christopher James Hogg está há um ano na paróquia da Buraca, local onde se sente em casa entre portugueses. No seu percurso guarda o som das bombas a cada sexta-feira à tarde na sua terra natal, em Belfast, mas também o sol quente do nordeste brasileiro onde viveu durante 16 anos. Para este missionário redentorista o importante na vida é subir o bairro da Cova da Moura, sentar em casa |
da dona Maria e beber o seu café ou provar a cachupa da dona Iolanda. Assim se faz presença, assim se leva o Evangelho a todos.
|
|
Voluntariado Teresa de Saldanha,
|
||
Os membros do Voluntariado Teresa de Saldanha (VTS) estão em festa pelos 15 anos de existência que estão a celebrar este ano com perspetivas de novas missões em novas realidades geográficas onde as irmãs da Congregação da Ordem Dominicana de Santa Catarina de Sena não estão presentes. Em declarações à Agência ECCLESIA, o coordenador nacional do VTS explica que das diretrizes para o futuro, saídas do encontro nacional 2017, pode |
vir a ser criada uma nova comunidade num país lusófono em África. “A ideia é formar comunidade. Em princípio iremos no final do ano para saber quais as características do local, da zona, ver o acolhimento, o apoio, estruturas. Conhecer a realidade para dar o passo e alcançar esse objetivo”, adianta André Silva. A concretizar esta vai ser uma realidade nova onde os leigos vão primeiro do que as religiosas, isto é, sem o seu apoio no terreno. |
|
|
||
As experiências missionárias ad gentes do VTS até hoje foram realizadas em países onde estão as irmãs da Congregação da Ordem Dominicana de Santa Catarina de Sena - Albânia, Angola, Brasil, Moçambique, Paraguai, Portugal e Timor - ao contrário do que pode acontecer. Definido nos seus estatutos, o encontro nacional da associação missionária de ação social “tem sempre um caracter muito importante” porque é onde os seus elementos fazem os “compromissos públicos”, que começam por ser de um ano, na Eucaristia de encerramento. “Somos de zonas diferentes e é uma forma de estarmos em comunidade. Um leigo é mais difícil ter a característica de vida em comunidade que as congregações podem ter”, realçou também o coordenador, acrescentando que é onde planeiam as atividades. Para além da nova missão ad gentes, “em princípio”, vão ter também três voluntários a participar na formação da FEC - Fundação Fé e Cooperação “para que possam ir em missão no estrangeiro”. Entre os dias 6 e 8 de outubro, em Fátima, foram comemorados também os 15 anos de existência do Voluntariado Teresa de Saldanha |
e uma das atividades foi uma ação de rua onde distribuíram sobre a fundadora da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena “A nossa missão é continuar a ser divulgar a mensagem de Teresa Saldanha”, destaca o jurista de 37 anos, observando que essa apresentação da religiosa portuguesa “é sempre um orgulho e alegria”. O coordenador do VTS comenta que a “muitas vezes é uma surpresa” essa apresentação porque “as pessoas não conhecem” a primeira mulher a fundar uma congregação em Portugal, após a extinção das ordens religiosas no século XIX. “Se calhar conhecem melhor Teresa Saldanha no estrangeiro, em outros países onde estão as irmãs. Há desconhecimento de quem foi, o que fez e a importância na história das ordens religiosas em Portugal”, desenvolve. Neste contexto, diferencia ainda as reações das pessoas com mais idade porque “emocionam-se mais” uma vez que “recordam melhor o que aconteceu, mesmo com histórias de família”, e é um acolhimento mais direto. Já os jovens acabam por se identificar com o carisma Dominicano que “é mais alegre, dinâmico, |
|
|
||
uma ordem mais aberta, expansiva”. “É muito apelativo e quando levamos a mensagem procuramos mostrar isso. Teresa Saldanha era uma pessoa com posses mas que abdicou disso tudo para fazer o bem pelos outros”, recorda o entrevistado, realçando que esse é o lema dos voluntários e também das religiosas: ‘Fazer o bem sempre e onde seja necessário’. De recordar que no dia 15 de dezembro de 2015, o Papa Francisco aprovou a publicação do decreto que reconhece as ‘virtudes heroicas’ da madre Teresa de Saldanha (1837-1916), que recebe assim o título de |
‘venerável’. À data da sua morte a religiosa portuguesa já tinha fundado 27 casas: 17 em Portugal; seis no Brasil; uma na Bélgica; duas nos EUA; e uma em Espanha. Coordenador nacional do Voluntariado Teresa de Saldanha há três anos e membro há cinco, André Silva contextualiza que surgiram em 2002 com a necessidade de alguns jovens partirem em missão e, nessa altura, pediram às irmãs da Congregação da Ordem Dominicana de Santa Catarina de Sena que fosse criado o grupo. “A missão tem muito a ver com os pilares da Ordem Dominicana – |
|
|
|
||
o estudo, reuniões mensais com oração, a pregação”, explica. No terreno a ação depende do tipo de comunidade e da realidade e, atualmente, estão na têm comunidades em Aveiro mais ligados à pastoral universitária com “atividades especificas para esses jovens, adolescentes e universitários” e uma loja social. Na Guarda a presença faz-se mais com jovens de São Tomé e Príncipe que estão a estudar na zona da beira interior norte onde, por exemplo, “fazem a animação litúrgica de Eucaristias, e uma vez por mês é na Sé”. Em Lisboa têm o “grupo mais antigo”, ao qual pertence também o coordenador nacional, e a missão é “ajudar meninas carenciadas” que estão em lares das Dominicanas de Santa Catarina de Sena, nomeadamente, em São Domingos de Benfica e no Convento dos Cardaes, na zona do Bairro Alto. Existem ainda voluntários de Teresa de Saldanha em Pinheiro da Bemposta e em Leiria associada ao colégio das irmãs. A irmã Flávia Lourenço destaca que os VTS estão onde as religiosas não chegam, “permite chegar aos jovens” através dos universitários e |
estudantes que acompanham e têm colaborado muito em dar a conhecer a fundadora. “Costumamos estar presentes nas reuniões, orações e atividades, e todo o outro apoio individual aos membros a nível espiritual”, explica a religiosa que acompanha o grupo de Pinheiro da Bemposta e de Aveiro. André Silva disse ainda que estão a “promover a alteração” dos estatutos do VTS, “a modernizar”, no âmbito dos seus 15 anos, e também a atualizar o logotipo para torna-lo “mais moderno”. Os voluntários missionários têm um blogue com a informação das diversas atividades e também estão nas redes sociais. |
|
«Os Jovens, esperança da missão»
|
||
“Os jovens esperança da missão”. É assim que o Papa Francisco, no nº 8 da mensagem para o dia Mundial das Missões de 2017 com o titulo “A missão no coração da fé cristã”, fala aos jovens, tendo como horizonte o Sínodo dos Bispos, que terá lugar em 2018 sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. |
Uma missão que envolve, que age e atua numa sociedade que tem as suas próprias convicções e que nem sempre está de acordo com o nosso “credo”. Uma missão que não pede para mudar toda a sociedade mas que impulsiona a “comunicar qualquer coisa” da nossa própria identidade de evangelizados e evangelizadores, vivendo o mistério |
|
|
||
da esperança que nos faz sentir Igreja onde o Espírito trabalha no coração das pessoas. Missão que, para além das aparências, leva a ultrapassar preconceitos e a procurar o que de mais importante os jovens podem ser e dar. Em cada jovem existe uma beleza interior que espera ser descoberta. Não era assim que Jesus fazia? Basta lembrar alguns episódios como o da Samaritana, Zaqueu, Mateus e tantos outros necessitados desse olhar de Jesus para se tornarem mensageiros de vida. Quanto empenho dos jovens em projetos de voluntariado missionário ad intra e ad extra, quer a nível social, cultural, desportivo e religiosos, nas paróquias, nas escolas, nas universidades, em movimentos, nas comunidades, nas dioceses onde, fascinados pela pessoa de Jesus e a Boa Nova, procuram concretizar, com coragem, os ímpetos do coração ao serviço da humanidade. A missão precisa desse ímpeto jovem, da sua rica imaginação e criatividade. Os jovens estão cheios de ideias. Têm ao seu alcance os meios de comunicação, redes sociais, técnicas audiovisuais, artísticas, culturais… que os fazem mensageiros de |
novas visões que podem e devem abrir caminhos novos à missionação. “Jovens, vós sois o presente da Igreja. Despertai!” pediu o papa Francisco aos jovens na Coreia do Sul. Vós sois o presente! Presente que significa uma Igreja em movimento, em diálogo e escuta reciproca. Uma “Igreja que tem tanta coisa para dizer aos jovens e os jovens que têm tanta coisa para dizer caminho? Em cada jovem existe uma Igreja”. Presente que significa caminho. Qual caminho? Vós bem o sabeis. Para vencer tudo o que nas vossas vidas e na vossa cultura ameaça a esperança, a virtude e o amor é Jesus Cristo. É ele quem transforma o vosso otimismo natural em esperança cristã, a vossa energia em virtude moral e a vossa boa vontade em autentico amor desinteressado. “Como é bom que os jovens sejam “caminheiros da fé” felizes por levarem Jesus Cristo a cada esquina, a cada praça, a cada canto da terra” (EG 106). Padre António Lopes. Diretor Obras Missionárias Pontifícias para o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil |
|
Obras Missionárias Pontifícias
|
||
No próximo domingo a Igreja comemora o dia Mundial das Missões, este ano sob o lema “Com Maria, missão de paz”. Sabemos também que Outubro é por natureza um mês dedicado, pela Igreja Católica, ao mundo missionário. A ideia presente nestes trinta e um dias é a de que se desenvolvam nas comunidades locais, uma série de atividades destinadas a promover a Missão como «urgência e prioridade». Assim sendo, esta semana apresentamos o sítio das Obras Missionárias Pontifícias (OMP), dado que são estas que procuram “promover na Igreja e na sociedade em geral, a participação ativa em ações e campanhas, que visem a |
dignidade de todas as pessoas, a solidariedade para com os mais pobres, excluídos e injustiçados e a proposta de causas a favor da justiça e da paz entre pessoas, grupos e nações”. Neste espaço virtual somos presenteados com um conjunto de informações, de iniciativas de evangelização e da realidade missionária em tudo o mundo, de uma forma clara e direta. Se pretendermos descobrir o que são as OMP, quantas são, quais os seus objetivos e como nasceram, basta acedermos a “4 obras”. No item “infância missionária”, é apresentada uma proposta de ajuda para os educadores, no sentido de despertarem progressivamente nas crianças, uma consciência |
|
|
|
||
missionária universal e levá-las a partilhar a fé e os meios materiais com as crianças de regiões e Igrejas mais pobres. Em “jornadas missionárias”, podemos aceder às conferências pronunciadas em todos os encontros, que se realizam desde Setembro de 2004. Na opção “Igreja e Missão”, são apresentados alguns recursos de trabalho colocados à disposição das dioceses, paróquias, Institutos Missionários e de todos os amigos da Missão. Podemos apreciar alguns |
conteúdos multimédia e textos, diretamente relacionados com a temática missionária, que vão sendo publicados com alguma regularidade. Fica aqui a sugestão para que visitem este sítio e sintam que "o mandato missionário continua a ser uma prioridade absoluta para todos os batizados, chamados a ser «servos e apóstolos de Cristo» neste início de milénio” e assim podermos viver a missão, transmitindo a fé. Fernando Cassola Marques |
|
|
Senhor Bispo, o pároco fugiu |
||
Um romance sobre um padre em crise existencial. O padre Benjamim Bucquoy sonhava ser um biblista reconhecido e professor de Escritura no seminário diocesano e acaba pároco nos arredores de Paris, angustiado por guerras entre paroquianos, reuniões intermináveis que não servem para nada. Sente-se frustrado e afastado do seu sonho |
de salvar almas. Um sucesso de vendas em França. Mais de 100 mil exemplares vendidos. Um romance mordaz que interpela a Igreja. A apresentação do livro está ao cuidado do padre Gonçalo Portocarrero de Almada e de João Miguel Tavares e acontece na Livraria Ferin, no dia 26 de outubro, pelas 18h30. |
|
«Não posso mais. Prefiro desaparecer.»É a nota deixada pelo padre Benjamim no dia do seu desaparecimento. Fugiu? E com quem? Há uma mulher envolvida? Negócios ilícitos?Suicidou-se? Porquê? «O mistério adensa-se.» Este é um romance que poderia ser um momento na vida de muitos padres.Paulus Editora
|
|
||
|
|
|
|
outubro 2017 |
||
21 de outubro. Porto - Casa da Torre da Marca - Conferência sobre «Padre Américo Monteiro de Aguiar: Um "teólogo da ação"» por Luis Leal e promovida pelo Centro de Cultura Católica do Porto
. Fátima - Capela da Ressurreição de Jesus - Santuário de Fátima expõe relíquia do Papa São João Paulo II.
. Santarém - Encontro de responsáveis dos grupos cáritas da Diocese de Santarém
. Lisboa - Auditório do Colégio de São José (Restelo) - Concerto solidário «Da Música à vida» nos 25 anos da banda «Retalhos»
. Lisboa - Centro Ismaili - Congresso Português do Voluntariado reflete sobre «um mundo desafiante»
. Porto - O Centro de Cultura Católica do Porto (CCC) vai realizar a sessão solene de início do ano letivo, presidida por D. António Augusto Azevedo.
|
22 de outubro. Fátima - Seminário dos Claretianos - Retiro sobre «Vida Fraterna para fraternizar o mundo» promovido pelos Missionários Claretianos e orientado pelo padre Abílio Pina Ribeiro
. Celebração do Dia Mundial das Missões
. Funchal - Calheta - Encontro dos Jovens Cristãos da Madeira com o tema «Com Cristo e com Maria na Alegria»
. Itália - Roma- A Organização Mundial de Antigos Alunos do Ensino Católico (OMAEC) que está a celebrar os seus 50 anos vai realizar o seu congresso, de 22 a 25 de outubro, na cidade italiana de Roma com o tema “Pessoas e valores para transformar a sociedade”.
23 de outubro. Lisboa - A Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança prepara-se para assinalar 50 anos de assistência religiosa organizada no meio militar em Portugal, sendo que os primeiros capelães militares concluíram o curso em 1967.
|
|
||
. Porto - Paço de Sousa - Exposição sobre o 130º aniversário do nascimento do padre Américo.
. Porto - UCP, 21h00 - A obra «As maravilhas de Deus na vida e no apostolado de Sílvia Cardoso (1882-1950)» da autoria de Ângelo Alves vai ser lançada, dia 23 deste mês, no Auditório Carvalho Guerra, na Faculdade de Teologia – Porto.
24 de outubro.Braga - Auditório Vita, 09h30 - Jornada de formação sobre «A receção da Amoris Laetitia» para os padres da Arquidiocese de Braga com orientação de José-Román Flecha
. Braga - Centro Pastoral Universitário, 18h00 - A Pastoral Universitária de Braga vai apresentar, dia 24 deste mês, o projeto «Encontro de Culturas» que visa acolher os estudantes universitários de países de expressão portuguesa que iniciaram este ano o seu percurso académico numa das universidades bracarenses.
. Lisboa - Paróquia de São Tomás de Aquino, 21h00 - Tertúlia sobre «A palavra alegria ou a alegria da palavra» com Alice Vieira.
|
25 de outubro. Coimbra - Sé nova, 21h15 - Bênção do caloiro promovida pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Universitária.
. Aveiro - Teatro Aveirense, 21h30 - Conferência sobre «500 anos da Reforma Protestante» com D. Manuel Felício (bispo da Guarda) e Eva Michel (pastora presbiteriana).
26 de outubro. Setúbal - Almada (Convento dos Capuchos) - A Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC) vai analisar, de 26 a 28 deste mês, em Almada (Diocese de Setúbal) que modelos editoriais e empresariais devem ser assumidos pela imprensa regional.
. Cidade do Vaticano - O Papa Francisco vai receber em audiência uma delegação da Universidade Católica Portuguesa (UCP), no Vaticano, por ocasião dos 50 anos da instituição académica.
. Coimbra - A Cáritas Diocesana de Coimbra vai reunir os seniores dos seus equipamentos de apoio a idosos, no encontro anual intercentros dos Idosos desta instituição católica. |
|
II Concílio do Vaticano: Redentorista português acompanhou o fervilhar dos debates |
||
|
|
Depois de terminar o percurso no seminário e receber a ordenação presbiteral em 1960, o padre Américo M. Veiga, missionário redentorista, foi enviado para Roma dois anos depois. Chegou à capital italiana dois meses antes do início do II Concílio do Vaticano. Ao dar o seu testemunho na XXVII Semana de Estudos de Vida Consagrada, o padre Américo Veiga recordou que a “grande maioria ou a totalidade dos professores” da Academia de Moral dos Redentoristas, a funcionar na casa onde residia quando esteve em Roma, “eram consultores ou peritos do Concílio”. Em Roma, o fervilhar de debates, conferências, colóquios e testemunhos era constante. Para entender isto, basta recordar que a capital italiana acolheu cerca de 2500 bispos, “um significativo número de peritos do Concílio e ainda numerosos conselheiros ou consultores de cada bispo ou de grupos de bispos”, disse o padre redentorista e acrescenta: “Todos eles sentiam necessidade de desabafar e dizer qualquer coisa”. Na casa onde residia este missionário português, estavam hospedados uns “25 bispos redentoristas de todo o mundo”. Quando os estudantes redentoristas que ali viviam saiam para as diferentes universidades, os bispos conciliares diziam “com alguma graça: «Ide, que nós também vamos para a nossa [referiam-se ao Concílio]»”. Segundo o testemunho deste missionário, esta assembleia magna “foi um autêntico, amplo e profundo curso de reciclagem”.
|
|
||
Na sua comunicação aos participantes na Semana de Estudos de Vida Consagrada, o padre Américo Veiga recorda que “a grande maioria dos bispos conciliares estava à margem dos grandes debates que ali se realizavam e dos grandes voos teológicos que supunham”. A Igreja “teve a sorte e a graça” de possuir naquela época um número de teólogos “extraordinários” e um grupo de bispos, “reduzido é certo, mas muito bem preparado teologicamente, de grande abertura e experiência pastoral”. Para o padre Américo Veiga, o II Concílio do Vaticano foi “uma explosão de alegria” e o acontecimento mais marcante” da sua vida. E adianta: “Sempre inquieto e interrogativo, muito do que me tinham ensinado e aprendido não me convencia totalmente, nem me deixava tranquilo”. Passados 50 anos do início (11 de outubro de 1962) desta assembleia |
magna convocada pelo Papa João XXIII, o missionário português confessa: “Não me imagino sem o concílio nem quero imaginar o que seriam as relações da Igreja com o mundo sem o concílio”. Este acontecimento “foi a luz tão desejada e ardentemente procurada, a luz cheia de vida ao fundo do túnel para muitas interrogações que me dominavam”. Quando morre o Papa João XXIII (03 de junho de 1963) coloca-se o problema da sucessão e da continuação do concílio. O padre Américo Veiga recorda uma conversa entre o cardeal Cerejeira e o redentorista Bernhard Haring (especialista na área da Moral). Nesse diálogo, o cardeal português pergunta ao moralista quem eram os cardeais mais «papáveis». Na sua resposta, Bernhard Haring diz: “Os cardeais Lercaro, arcebispo de Bolonha, e Montini, arcebispo de Milão”. As previsões de Bernhard Haring estavam certas… LFS |
|
|
|
||
- Esta segunda-feira, dia 23 de outubro, a Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança assinala o cinquentenário do primeiro curso de capelães militares em Portugal, evento que marcou também o início do serviço de assistência religiosa organizada no meio militar no nosso país.
- A Paróquia de S. Tomás de Aquino, em Lisboa, vai acolher no dia 24 de outubro às 21h00 a primeira tertúlia de um ciclo dedicado ao tema ‘Da Palavra às palavras’, promovido pelo Patriarcado de Lisboa e com a participação da escritora Alice Vieira e do professor catedrático Viriato Soromenho-Marques, entre outros oradores.
- Uma reflexão sobre o diálogo ecuménico e que caminho para as Igrejas cristãs, é o que propõe a iniciativa ‘Diálogos na Cidade’, que vai ter lugar no dia 25 de outubro em Aveiro, no salão nobre do Teatro Aveirense. O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, ou a teóloga Eva Michel, pastora presbiteriana, são dois dos participantes, a partir das 21h30.
- Representantes da Universidade Católica Portuguesa vão estar no dia 26 de outubro em Roma, para uma audiência com o Papa Francisco, por ocasião dos 50 anos da UCP.
- Um dia depois, nos Açores, mais concretamente nas Lajes do Pico, decorrem as jornadas diocesanas de comunicação social com o tema ‘A construção da verdade num mundo global’. |
|
|
|
Programação religiosa nos media |
||
Antena 1, 8h00 RTP1, 10h30 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia;
Segunda-feira: 12h00 - Informação religiosa
Diariamente 18h30 - Terço
|
![]() RTP2, 13h00Domingo, 22 de outubro - Outubro Missionário
Segunda-feira, dia 23 outubro, 15h00 -
Terça-feira, dia 24 de outubro, 15h00 - Informação e entrevista
Quarta-feira, dia 25 de outubro, 15h00 - Informção e entrevista
Quinta-feira, dia 26 de outubro, 15h00 - Informação e entrevista
Sexta-feira, dia 27 de outubro, 15h00 - Entrevista. Comentário à liturgia do domingo com o padre Armindo Vaz e frei José Nunes.
Antena 1 Domingo, 22 de outubro, 06h00 - Dia Mundial das Missões - entrevista ao missionário comboniano, padre Filipe Resende
Segunda a sexta, 23 a 27 de outubro, 22h45 - Ser missionário - padre João Paulo, Rita Rito, padre Belmiro, Lúcia Pedrosa e irmã Glória Lopes |
|
||
|
Ano A – 29.º Domingo do Tempo Comum |
||
Olhar Deus, colaborar no bem comum |
O Evangelho deste 29.º Domingo do Tempo Comum termina com esta afirmação: «Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus». Confrontado com a questão do pagamento do tributo, Jesus convidou os seus interlocutores a mostrar a moeda do imposto e a reconhecerem a imagem gravada na moeda, a imagem de César. Depois, Jesus concluiu com essa afirmação. Provavelmente, Jesus quis sugerir que o homem não pode nem deve alhear-se das suas obrigações para com a comunidade em que está integrado. Em qualquer circunstância, ele deve ser um cidadão exemplar e contribuir para o bem comum. A isso, chama-se “dar a César o que é de César”. No entanto, o que é mais importante é que o homem reconheça a Deus como o seu único senhor. As moedas romanas têm a imagem de César: que sejam dadas a César. Mas o homem não tem inscrita em si próprio a imagem de César, mas sim a imagem de Deus. Deus criou o ser humano à sua imagem. Portanto, o homem pertence somente a Deus, deve entregar-se a Deus e reconhecê-l’O como o seu único senhor. Jesus vai muito além da questão que Lhe puseram. Recusa-Se a entrar num debate de carácter político e coloca a questão a um nível mais profundo e mais exigente. Na abordagem de Jesus, a questão deixa de ser uma simples discussão acerca do pagamento ou do não pagamento de um imposto, para se tornar um apelo a que o homem reconheça Deus como o seu senhor e realize a sua vocação essencial de entrega a Deus. Jesus não está preocupado sequer em afirmar que o homem deve repartir equitativamente as suas obrigações entre o poder político e o poder religioso; mas está |
|
||
sobretudo preocupado em deixar claro que o homem só pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas suas mãos. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político. Portanto, para o cristão, dizer que Deus é a referência fundamental e está sempre em primeiro lugar não significa que ele viva à margem do mundo e se demita das suas responsabilidades na construção do mundo. O cristão deve ser um cidadão exemplar, que cumpre as suas responsabilidades e que colabora ativamente na construção da sociedade humana. Deve respeitar as leis e cumprir pontualmente as suas |
obrigações tributárias, com coerência e lealdade. Não deve fugir aos impostos, nem aceitar esquemas de corrupção, nem infringir as regras legalmente definidas. Viver de olhos postos em Deus é colaborar no bem comum, é lutar por um mundo melhor e por uma sociedade mais justa e mais fraterna. Sabemos bem quanto isso é urgente na situação em que vivemos. Que isso conste da nossa oração e ação, neste Dia Mundial das Missões, em que o Papa Francisco nos convida a centrar a missão no coração da fé.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
|
|
Sacerdote salesiano conta a história do seu cativeiroAs orações do Padre Tom |
||
Foram 18 meses de incerteza. O Padre Tom foi raptado a 4 de Março de 2016, quando um comando jihadista atacou a casa onde vivia, em Áden, na capital do Iémen. Agora recorda esses 554 dias em que celebrou missaem silêncio, todos os dias. Apesar de ter estado sempre amarrado de mãos e pés.
“Não sabia o que fazer a não ser rezar.” Hoje, após 18 meses de cativeiro, o Padre Tom Uzhunnalil não tem dúvidas em afirmar que foram as suas orações, as missas que rezou mentalmente, que lhe permitiram sobreviver aos dias decativeiro. “O Senhor fez-me um grande milagre e deu-me outra vida”, afirmou após a sua libertação, no passado dia 12 de Setembro. Para trás ficaram 554 dias de angústia, sem saber onde se encontrava, quem eram os raptores e o que lhe iria acontecer. Hoje, olha para o tempo de cativeiro como “uma longa espera”. Uma longa espera que começou tragicamente no dia 4 de Março de 2016 com o ataque de um comando jihadista à casa de saúde das Irmãs da Caridade em Áden, a capital do Iémen, onde o Padre Tom estava
|
em missão. O que se passou ali, nesse dia, uma sexta-feira, dificilmente será apagado da sua memória. Faltavam vinte minutos para as nove da manhã quando se escutou o primeiro tiro. Sem saber o que se estava a passar, o Padre Tom foi logo agarrado por um dos jihadistas que o amarrou a uma cadeira. Enquanto isso, quatro das cinco Missionárias da Caridade que tomavam conta do lar foram assassinadas a sangue-frio. Duas delas foram mortas mesmo ao lado do Padre Tom. “Eu só rezei a Deus para ser misericordioso para com as irmãs e ter piedade dos perseguidores. Não chorei, nem tive medo da morte.”O Padre Tom Uzhunnalil foi então enfiado na bagageira do carro da missão, que estava estacionado à porta, e levado dali. Era o primeiro dia de cativeiro. O Padre Tom não sabia onde estava e mal conseguia comunicar com os seus raptores, que falavam árabe entre si e um inglês muito precário com ele. “Era prisioneiro e estava o dia todo sentado no chão sobre uma almofada de espuma, com as mãos e pernas amarradas, e quando me sentia cansado, dormia um pouco ou, então, deitava-me e os meus dias passaram-se assim.” |
|
||
Missa em silêncioApesar de estar preso, apesar de estar amarrado, o Padre Tom afirma que os raptores nunca o torturaram, nunca o maltrataram. Mas imagina-se o medo, a angústia, a incerteza sobre o que iria acontecer. Sozinho, rezava. E foram essas orações que lhe deram a vitamina necessária, a energia para sobreviver àquela provação. “Não tinha nem hóstia nem vinho, nem um missal ou leccionário, mas celebrava a Missa espiritualmente todos os dias.” Foi assim, em segredo, sempre em oração, que o Padre Tom se tornou mais forte do que os seus captores, que estavam armados com metralhadoras e podiam executá-lo ali, a qualquer momento. Na verdade, eles queriam um resgate. Para isso, obrigaram o Padre Tom a fazer vídeos em que apelava à sua libertação, dando a ideia de que estaria a ser |
maltratado. Chegou mesmo a correr a notícia de que os jihadistas planeavam crucificar o sacerdote salesiano na Sexta-Feira Santa. A sua libertação, no passado dia 12 de Setembro, foi o resultado do empenho pessoal do Papa Francisco e da intervenção do Sultanato de Omã. No dia seguinte à sua libertação, o Padre Tom foi recebido pelo Santo Padre. Outro momento que, seguramente, nunca será apagado da sua memória. O Padre Tom diz que a sua libertação foi como um renascimento, foi como se tivesse ganho uma vida nova. Para trás ficaram 554 dias em que esteve sequestrado às mãos de um comando jihadista. No entanto, graças às suas orações, nunca teve medo e, por isso, sempre foi uma pessoa livre. Apesar de ter estado amarrado sempre de mãos e pés. Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
Mais barriga ou mais jantar? |
||
Tony Neves |
Conta-se que um Nobel da economia dividia o mundo em duas partes: os que têm mais jantar do que barriga e os que têm mais barriga do que jantar! É uma forma bem humorada de chamar a atenção para as desigualdades gritantes que marcam o mundo em que vivemos. O Papa Francisco, com a sabedoria que todos lhe atribuímos, repete com insistência o facto de que o mundo produz alimentação suficiente para todos, mas há muita fome. Concluiu-se facilmente (e o Papa o diz no documento ecológico ‘Laudato Si’) que o problema não está na produção: está na injusta distribuição das enormes colheitas de bens alimentares no nosso mundo. Não há uma questão agrícola, mas de fraternidade. Não faz sentido deitar comida fora às toneladas para equilibrar economias e, com esta atitude que salva contas, condenam-se à fome milhões de pessoas por esse mundo além. Nos últimos anos, em Portugal como no resto do mundo, a tragédia da fome abala a consciência e obriga a agir. Nem sempre se consegue ir à base dos problemas para – como diz o nosso povo – cortar o mal pela raiz! Mas há iniciativas que ajudam a dar pão a quem tem fome, cumprindo esta primeira obra de misericórdia, como nos ensinam o Evangelho e os Catecismos. Assim, nunca é demais referir a importância do Banco Alimentar contra a Fome que, em Portugal, alimenta milhares de pessoas. Tentam-se recuperar bens alimentares, por doações de produtores, |
|
||
distribuidores, lojas comerciais, mas também por ofertas individuais, recolhidas em supermercados. A ideia que a publicidade tentar introduzir na cabeça e no coração das pessoas, é simples: não podes fazer o milagre da multiplicação dos pães, faz então o milagre da sua divisão! Nos últimos tempos, tenta-se, um pouco por todo o mundo, combater o desperdício alimentar dos restaurantes. Os números são arrasadores: há toneladas e toneladas de comida que foram confeccionadas nas estruturas de restauração que, no fim do dia, ninguém comprou e, segundo as leis da segurança |
alimentar, têm de ser deitadas ao lixo! Isto é um atentado contra os milhões de pessoas que passam fome ou estão mal nutridos. Como reação, surgiu a onda do ’Refood’: pessoas que vão aos restaurantes e bares recuperar esta comida que sobra para, depois, distribuir por quem precisa. O aproveitamento alimentar deste desperdício de luxo já vai em toneladas que saciam a fome a muitos milhares de pessoas. Haja criatividade, criem-se leis que gerem justiça e, sobretudo, construamos um mundo mais humano em que os irmãos partilhem o pão de cada dia. |
|
|
Vale a pena caminhar pela vida |
||
D. Nuno Brás Bispo Auxiliar de Lisboa |
No Próximo dia 4 de novembro terá lugar em Lisboa e noutras cidades do país a “Caminhada pela vida”. Em Lisboa a caminhada terá início às 15:00 na Pr. Luís de Camões. A vida humana, qualquer que ela seja, rica ou pobre, forte ou frágil, jovem ou em estado terminal é sempre um bem precioso a defender. Sobre esse bem primeiro não apenas se ergue a nossa civilização ocidental mas também toda e qualquer civilização, todo o viver social, de qualquer cultura, em qualquer tempo.
Por isso, colocar em causa a vida humana (nos seus momentos iniciais ou nos seus instantes finais) é sempre colocar em causa a própria humanidade. A vida é aquela riqueza incomensurável que é colocada à nossa disposição e que nada nem ninguém tem o direito de retirar. |
|
|
||
é, mostrar publicamente a nossa intenção de, como cidadãos de um país, defendermos a vida. O facto é que, de há vários anos a esta parte, a insensatez parece ter-se apoderado de não poucas instâncias nacionais. E nós não podemos deixar de alertar e |
de lutar pela defesa desse bem supremo (para nós e para os outros – até para os vindouros) que é a vida humana. |
|
|
|
||
|
|
|