04 - Editorial

      Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Internacional

20 - Incêndios

        Nota Pastoral do Bispo da Guarda

22 - Semana de...
       Sónia Neves
       50 anos da assistência religiosa
       organizada no meio militar

26 - Entrevista

       Padre José Sanches Pires
 

      

 


 

 

54 - Multimédia

56 - Estante

58 - Agenda

60 - Por estes dias

62 - Programação Religiosa

63 - Minuto Positivo

64 - Liturgia

66 - Fundação AIS

68 - LusoFonias

Foto de capa: DR

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

Mosteiro de monjas trapistas em Bragança

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Papa assinalou 50 anos da 

Católica

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Assistência religiosa organizada em meio militar

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Paulo Rocha | D. Manuel Felício

Carlos Borges | Manuel Barbosa

Tony Neves | Paulo Aido

 

A meio da ponte 

  Paulo Rocha   

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

Parar é a pior opção para quem está a meio de uma ponte. Percebe-se a turbulência, acentuam-se os ventos, percebe-se o abismo. E sobretudo cresce a incerteza, o pânico mesmo.

Esta imagem serve de horizonte ao debate sobre a imprensa, nomeadamente a de inspiração cristã, proposta pelo X Congresso da AIC, Associação de Imprensa de Inspiração Cristã, quando está a celebrar 25 anos de história.

Há décadas ou mesmo há um século, o contexto político e social declaradamente adverso fez surgir muitos títulos, deu criatividade e dinamismo aos seus promotores e colaboradores e criou um setor relevante na comunicação, nomeadamente na imprensa: os jornais locais. Neles também se inscrevem muitos projetos editoriais ligados a instituições da Igreja Católica, agora a celebrar 100 anos de história. São jornais centenários que confirmam a importância da imprensa de inspiração cristã noutros tempos, tanta que provoca nostalgia naqueles que vêm projetos editoriais a perder relevância diante da emergência de um novo modo de comunicar: estão a meio da ponte.

O novo ambiente mediático não vem, no entanto, ditar o fim de boas ideias do passado, antes desafia à reconfiguração de muitas delas, em sintonia com o contexto comunicacional deste tempo. Como em tudo na vida, também neste setor não é possível ficar parado, à espera do pânico provocado pelo precipício. Há que andar, de uma margem para a outra, com ousadia e realismo.

 

 

 

Em todo este processo, a acentuação foi colocada com frequência nas dinâmicas empresariais em mudança, 

que afastam as receitas seguras de outros tempos e geram novos gastos. Certos de que essa transformação está a acontecer, é cada vez mais urgente colocar o foco na reconfiguração editorial, a respeito da produção

 

e distribuição de conteúdos,  que afaste desencontros com lugares e hábitos dos públicos de hoje, mais fornecedores do que consumidores de comunicação. E num estilo novo.

O X Congresso da AIC, que assinala os 25 anos da Associação, pode marcar um ponto de viragem. Haja vontade para não permanecer no meio da ponte…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

Conselho de ministros extraordinário para aprovação de medidas para o combate aos incêndios  Foto: João Porfírio, Observador

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Cada um de nós vive as emoções de modo próprio e quem é primeiro-ministro deve procurar diferenciar as emoções que sente enquanto pessoa da forma como as exterioriza no exercício das suas funções. Admito ter errado na forma como contive essas emoções, gostava muito mais se alguém tivesse dito que eu tinha abusado das minhas emoções”, António Costa no final do Conselho de Ministros extraordinário respondendo às críticas à forma como reagiu perante as notícias dos incêndios, 21.10.2017, Renascença

 

“Neste caso em que há uso incorreto ou incompleto [da Bíblia], pois no episódio do encontro de Jesus com a mulher adúltera, ele pede àqueles que não têm pecados para atirarem a primeira pedra. Eles acabam por se afastar, simplesmente”, Padre Manuel Barbosa, secretário da Conferência Episcopal portuguesa, reagindo ao acórdão do juiz Joaquim Neto de Moura onde se socorre da Bíblia para dizer que uma mulher adúltera deve ser punida com a morte, 24.10.2017, Agência Ecclesia

 

“A oposição venezuelana é um exemplo para todos nós. São pessoas corajosas, que assumem o risco de poder ser agredidos ou detidos e não desistem da sua luta pela liberdade e também pela dignidade”, espanhol José Ignacio Salafranca reagindo à atribuição do prémio Sakharov, atribuído pelo Parlamento europeu, à Oposição venezuelana, 26.10.2017, Público

 

Diocese de Bragança-Miranda vai acolher mosteiro de monjas trapistas

 

A Diocese de Bragança-Miranda oficializou a chegada à região de uma comunidade de monjas trapistas, da Ordem Cisterciense da Estrita Observância, ligada ao Mosteiro de Vitorchiano, em Itália, “um momento e um marco únicos” para a comunidade local e para a Igreja Católica no país

 

 

A ordem religiosa define-se por um “estilo de vida contemplativo”, de clausura, pela “oração” e pela “paz”, que assim “testemunha à sociedade e a toda a Igreja, os valores autênticos da vida”, daquilo “que a torna melhor e mais bela, na relação com Deus, com o outro, na partilha humana, como por exemplo no trabalho”.

 

 

 

A apresentação do projeto esteve a cargo do bispo de Bragança-Miranda que, em conferência de imprensa, adiantou os pormenores acerca do acolhimento às irmãs trapistas.

D. José Cordeiro disse aos jornalistas que a proposta "nasceu há mais de um ano", estudando diversas propostas para continuar a "tradição beneditina" no território transmontano.

"Para nós, este momento reveste-se de grande importância, o voltarmos a ter um mosteiro beneditino, 472 anos do encerramento do mosteiro de Castro de Avelãs", assinala.

O bispo de Bragança-Miranda destaca a importância cultural desta iniciativa, esperando que a presença das monjas contribua para dar "centralidade ao Interior", até com "uma nova rota de turismo", com o previsível aumento de visitantes, atraídos pela "espiritualidade trapista".

O responsável fala num "pequeno milagre", explicando que foi possível encontrar 25 famílias que prestassem apoio a este projeto, que se liga também ao Centenário das Aparições de Fátima, até pelo nome escolhido.

O mosteiro desta comunidade contemplativa vai ser construído

 

 na localidade de Palaçoulo, em Miranda do Douro, e terá como nome “Mosteiro Trapista de Santa Maria, Mãe da Igreja”.

A fundação desta estrutura, que terá capacidade para acolher cerca de 40 pessoas, ficou aprovada no dia 21 de setembro deste ano, na sequência de um capítulo geral da Ordem Cisterciense da Estrita Observância, que decorreu na localidade italiana de Assis.

A Madre Abadessa do Mosteiro de Vitorchiano (Itália), irmã Rosaria Spreafico que também esteve presente na apresentação, disse aos jornalistas que na base da decisão estiveram "sinais de Deus" e que a diocese transmontana foi escolhida entre "várias opções", a partir do convite de D. José Cordeiro.

O início da construção do mosteiro está previsto para 2018, em terrenos doados pela Paróquia de São Miguel de Palaçoulo, em colaboração com a comunidade e a junta de freguesia local. 

 

 

Incêndios: Comissão Nacional Justiça e Paz defende «ação concertada» e imediata

A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) defendeu que chegou a altura de uma “ação concertada” sobre os incêndios, que abranja não só o Estado mas todas as estruturas sociais, e permita definitivamente acabar com esta “calamidade”.

Numa nota intitulada “Recomeçar a partir das Cinzas”, enviada à Agência ECCLESIA, aquele organismo da Igreja Católica salienta que a tragédia mais recente, ocorrida no centro do país, é sinónimo que o trabalho produzido depois de Pedrogão Grande não teve o seu efeito.

“É óbvio que o Estado falhou, mas será que o Estado não abrange também todos nós, mulheres e homens de boa vontade, bem como

 

a sociedade civil e suas organizações numa clara dimensão coletiva?”, questiona a CNJP, que apela a um “pacto nacional” contra os fogos e deixa várias propostas para reverter o cenário atual.

Um contexto feito por inúmeros focos de incêndio que, entre junho e outubro, já causaram mais de 100 mortos e um prejuízo material e ambiental ainda por contabilizar.

Para a Comissão, é em primeiro lugar “urgente repensar todas as estruturas de suporte a calamidades como esta ou outras, implicando o Estado e os responsáveis políticos a nível central, regional e local, numa estratégia de concertação”.

 

 

Secretário da Conferência Episcopal lamenta recurso à Bíblia para fundamento de decisão sobre violência doméstica

O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) lamentou hoje o recurso à Bíblia na fundamentação de um acórdão do Tribunal da Relação do Porto, sobre violência doméstica, divulgado este domingo pelo JN.

“Neste caso em que há uso incorreto ou incompleto [da Bíblia], pois no episódio do encontro de Jesus com a mulher adúltera, ele pede àqueles que não têm pecados para atirarem a primeira pedra. Eles acabam por se afastar, simplesmente”, realça o padre Manuel Barbosa, em declarações à Agência ECCLESIA.

Em causa, acrescenta o secretário da CEP, está a necessidade de - sem que isso represente "aceitar o adultério" - “respeitar a dignidade da mulher e 

 

de se colocar numa perspetiva de perdão e misericórdia”, como tem acentuado o Papa Francisco.

“Não se pode atenuar ou justificar qualquer tipo de violência, no caso a violência doméstica, mesmo em caso de adultério”, declara.

O acórdão do Tribunal da Relação do Porto justificou a manutenção da pena suspensa para um homem que agrediu a sua mulher, considerando que a conduta desta, ao manter uma relação extraconjugal, representaria uma atenuante vista com “alguma compreensão” pela sociedade.

“Na Bíblia, podemos ler que a mulher adúltera deve ser punida com a morte”, refere a argumentação do acórdão. 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Primeiros capelães militares foram homenageados em Lisboa

 

Lisboa: Jornal diocesano assinala ano da Palavra com o «desafio da Bíblia»

 

 

 Papa assinalou 50 anos da Universidade Católica Portuguesa

 

O Papa recebeu esta quinta-feira uma delegação da Universidade Católica Portuguesa, por ocasião do 50.º aniversário desta instituição, e destacou o seu papel na “formação superior dos guias e líderes que a sociedade precisa”.

Na sua intervenção, publicada pela sala de imprensa da Santa Sé, Francisco enalteceu os “50 anos de serviço” da UCP ao “serviço do crescimento da pessoa e da

 

 

comunidade humana”, distribuídos por inúmeras áreas do saber incluindo a Teologia, na preparação de sacerdotes, religiosos e leigos.

“Por desígnio e graça de Deus, sois católica, uma qualificação que em nada mortifica a universidade, antes valoriza-a ao máximo”, apontou o Papa argentino, para quem “uma instituição académica católica distingue-se pela inspiração cristã dos indivíduos e das próprias comunidades”.

 

 

 

Um espaço onde professores e alunos são encorajados a “incluir a dimensão moral, espiritual e religiosa na sua investigação e a avaliar as conquistas da ciência e da técnica na perspetiva da totalidade da pessoa humana”.

Neste prisma, Francisco deixou uma interrogação e ao mesmo tempo um desafio: Como ajudar os alunos a encararem a sua formação superior não como um “sinónimo de maior posição”, de “mais dinheiro ou prestígio social”, mas sim como um “sinal de maior responsabilidade” social, em áreas como “a pobreza e o meio ambiente?”.

“Não basta realizar análises, descrições da realidade; é necessário 

 

 

gerar espaços de verdadeira pesquisa, debates que gerem alternativas para as problemáticas de hoje”, frisou.

A comitiva portuguesa que seguiu para Roma integrou o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, magno chanceler da UCP, e a reitora da instituição católica, Isabel Capeloa Gil.

No final da sua intervenção, o Papa Francisco enalteceu o “sinal de esperança” que a UCP constitui para Portugal, enquanto “instituição cultural que, tendo como objetivo o aperfeiçoamento cristão do homem, é chamada precisamente a servir a causa do homem”, em todas as suas vertentes, de acordo com os valores de Cristo.

 

Na bagagem da comitiva portuguesa que viajou para Roma seguiu um projeto para ser apresentado a Francisco, a criação do fundo ‘Papa Francisco’.

De acordo com a reitora da UCP, esta iniciativa surgiu na sequência de um desafio feito em Fátima por Francisco, aquando das celebrações de 12 e 13 de maio, e relacionado com o “compromisso da universidade para com o cuidado da casa comum” que é a Terra e toda a sociedade.

A partir de verbas “da universidade e dos seus benfeitores” vai ser possível “apoiar financeiramente estudantes carenciados ou em situações de fragilidade social, refugiados e migrantes, a frequentar os cursos da Universidade Católica Portuguesa”, salientou.

Este “presente” foi entregue ao Papa acompanhado por uma cruz peitoral da autoria da portuguesa Carolina Curado, uma jovem “bióloga de formação e designer por vocação”. 

 

«Futuro da Europa» debatido no Vaticano

A Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) promove a partir desta sexta-feira, em Roma, o congresso “Repensar a Europa: contribuição cristã para o futuro da União Europeia”.

A iniciativa decorre no Vaticano, na Sala Nova do Sínodo, com a participação do Papa Francisco, integrada no 60.º aniversário da assinatura dos tratados que estiveram na origem da atual UE.

Em representação de Portugal participam no evento o arcebispo de Braga e delegado da Conferência Episcopal Portuguesa na COMECE, D. Jorge Ortiga; também Pedro Vaz Patto, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz; o antigo ministro António Bagão Félix; e o eurodeputado José Manuel Fernandes. 

Destaque ainda para a presença na comitiva de outros representantes nacionais, como a antiga deputada Maria Rosário Carneiro; o deputado João Poças Santos; e o padre Manuel Augusto Ferreira, superior geral dos Missionários Combonianos do Coração de Jesus.

Também Sofia Salgado Pinto, diretora da Faculdade de Economia e Gestão

 

 da UCP Porto; José Veiga de Macedo, vice-presidente da Federação Europeia das Associações de Famílias Católicas; e o padre Duarte da Cunha, secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE).

Em entrevista à Rádio Vaticano, o presidente da COMECE, cardeal Reinhard Marx, salienta a importância da Igreja Católica dar um sinal de “coragem” e de “confiança” ao projeto europeu, numa altura em que este enfrenta grandes desafios.

“A Europa deve continuar em sua evolução, inclusive e propriamente por causa das crises do passado. Não podemos voltar para trás. É claro que é preciso muita coragem, a Europa já não é mais aquele lugar solarengo de há anos atrás. Há menos otimismo, menos vontade de uma vida em comum; pelo contrário, os sinais indicam uma tendência para a divisão”, salienta aquele responsável.

O arcebispo alemão refere-se implicitamente a situações como o brexit, a vontade do Reino Unido em sair da UE, ou a crise de refugiados que fez repensar a questão das fronteiras no Velho Continente, e os laços entre os países.

 

 

As perguntas de Francisco aos astronautas da Estação Espacial Internacional

O Papa Francisco falou na quinta-feira acerca do “lugar do Homem no universo” com um grupo de seis astronautas da Estação Especial Internacional.

Na emissão que foi transmitida em direto pelo Centro Televisivo do Vaticano, o Papa argentino mostrou-se curioso em perceber como é que quem está lá em cima, no espaço, encara questões que têm sido fundamentais para a humanidade: “De onde vimos, para onde vamos?”.

A resposta foi assumida pelo astronauta italiano Paolo Nespoli, que destacou a possibilidade que quem trabalha na Estação Espacial Internacional tem para contribuir para esse “conhecimento”, apesar das muitas dúvidas que ainda existem.

“Quando penso nestas questões, fico perplexo. Quanto mais conhecemos, mais nos damos conta de que sabemos pouco”, disse aquele responsável, que devolveu depois o desafio ao Papa.

“Gostava muito que pessoas como você, não só engenheiros ou físicos mas teólogos, filósofos, poetas e escritores possam vir ao espaço – e este será certamente o futuro – e partilharem o que é que vos diz ver o Homem no espaço”, salientou.

 

Durante o diálogo, Francisco quis  saber o que motivou aqueles homens a seguirem a carreira de astronautas.

Do outro lado da linha, aqueles homens agradeceram a oportunidade concedida pelo Papa para “deixar um pouco a rotina do dia-a-dia e pensar nas coisas maiores da vida”.

O norte-americano Randi Bresnik explicou a sua vocação com o gosto pelo contacto com a transcendência e com a “indescritível beleza do nosso planeta”.

“Quando vemos a paz e a serenidade do nosso planeta, enquanto roda a 10 quilómetros por segundo, não há fronteiras, não há conflito, tudo é paz”, frisou o mesmo astronauta, que considera que a missão daquele grupo no espaço, constituído por homens das mais variadas nacionalidades, “deveria servir como exemplo para a humanidade”.

“Para que, à medida que vamos explorando mais o espaço, o futuro da humanidade possa ser melhor do que é atualmente”, acrescentou.

Outro dos elementos da equipa, Joe Acaba, de ascendência porto-riquenha, pegou nesta deixa para realçar o trabalho conjunto que é feito na Estação e que simboliza o que poderia ser feito na Terra, se todas as nações colaborassem entre si.

 

 

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa na audiência pública no meio de um mar de gente e de cor

 

 

 

 

Papa ligou para o espaço

 

 

 

Incêndios

- Nota Pastoral do Bispo da Guarda a toda a Diocese

D. Manuel Felício
Bispo da Guarda
 

Às comunidades cristãs da diocese da Guarda

Estimados irmãos e irmãs em Nosso Senhor Jesus Cristo:

A vaga de incêndios do último domingo deixou muito sofrimento espalhado pelas nossas terras.
Perderam a vida quatro pessoas residentes dentro da nossa Diocese e pelo menos mais uma também morreu, quando fugia do fogo, a partir de uma das nossas paróquias. Rezamos pelo eterno descanso destas cinco pessoas, duas das quais (marido e esposa que deixaram filhos menores) já acompanhei ao cemitério, depois de presidir à missa de corpo presente.
Mas os dramas não se ficam por aqui.

Contactei pessoas que perderam a casa e praticamente tudo o que tinham lá dentro. Outra que perdeu o ganha pão – o tractor com que trabalhava. Sei de outras que perderam os animais que eram o seu sustento; outras ainda ficaram com alguns animais, mas agora, com tudo ardido, não têm que lhes dar a comer.

É de facto muito o sofrimento gerado pelo drama dos incêndios.
Queremos agora ajudar as pessoas, respondendo para já às suas necessidades imediatas, com o é o caso de falta de roupa para vestir, de alimentos indispensáveis, de fogão e gás para os cozinhar ou alguma ração para os animais.
Peço, por isso, à nossa Caritas Diocesana para, em 

 

 

 

 

colaboração com os párocos, identificar este tipo de necessidades imediatas e lhes responder no imediato. Para isso e para já, dispõe de um fundo de maneio, no valor de cinco mil euros.

Esta importância obviamente não chega para responder às necessidades e, por isso, peço a generosidade das pessoas em geral para, com os seus donativos, poderem engrossar este fundo em ordem a podermos 

 

responder a todas as necessidades mais urgentes.

Os donativos devem ser dirigidos a Caritas Diocesana da Guarda, quinta de Nossa senhora do Mileu, 6300-586 Guarda.

Em nome de quantos sofrem as consequências do drama dos incêndios, agradeço a generosidade dos donativos.

 

Guarda, 19.10.2017
 

 

 

Seattle, we have a problem!!

  Carlos Borges   
  Agência ECCLESIA   

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

Será antes América, we have a problem!! Bem, posso estar a exagerar um bocado, mas só um bocadinho, com o início desta “semana de…”. E não, não estou a falar do presidente deles e dos seus (possíveis nossos) problemas.

Voltado ao início: Seattle, we have a problem!! Devo estar mesmo a ser exagerado e o mais certo é o “problema” ser numa escola específica, ou várias, da cidade norte-americana.

Neste caso são dois problemas: one big problem and one small problem…

Concordo com o grande problema. Não se pode empurrar os outros meninos, nunca, nem na pré-primária, mesmo que em legítima defesa… e é só isso que ela faz. Tem mãos e braços velozes para abraçar mas também para defender-se. Ela é assim com os seus cinco aninhos. Tem os olhos bem abertos, um sorriso rasgado e um coração grande. Ups, entusiasmei-me e saltei para o small problem…

Aquela texuguinha pequenina que está a começar a aprender o inglês da américa já tem dois problemas na escolinha. Ai a vida!! E só agora regressou ao contacto em massa com outros seres como ela depois de um ano em casa, após ter emigrado para a terra das oportunidades. Oportunidade mas com pouco contacto humano para não ter problemas.

Portanto, o small problem é não poder dar beijinhos nem abracinhos, ou seja, relacionar-se para além da simples saudação. Basicamente, ser ela com os seus afetos e sorriso alegre. Com 

 

 

avanços extraordinários em inteligência artificial há quem queria criar seres sem inteligência emocional.

Seattle, we have two problems!! Neste caso, aquela pequenina é que tem. Confesso que ainda não sei o motivo de tais regras, talvez seja para preservar a individualidade de cada um e não ultrapassar fronteiras socias, de saúde/higiénicas, religiosas ou outras.

Sou assim, um tio emprestado (sou 

 

filho único) babado porque tenho ex-sobrinhos maravilhosos.

Em Portugal vai começar a Semana Nacional de Educação Cristã: “A alegria do encontro - É, antes de mais, a alegria de nos sentirmos amados, de modo pleno e incondicional”, lê-se na Nota Pastoral ‘A Alegria do Encontro com Jesus Cristo’, da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé. 

 

 

A Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança assinalou

50 anos de assistência religiosa organizada no meio militar em

Portugal. O Semanário ECCLESIA recorda, nesta edição, os primeiros

capelães militares, que concluíram o curso em 1967, em entrevista

e com o registo de vários testemunhos.

D. Manuel Linda, bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança,

fala deste aniversário, em que fomos ao encontro da atividade social

e do trabalho de evangelização dos jovens militares. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

19 funerais em Angola
e muitas lições da vida militar

 

O padre José Sanches Pires foi capelão militar no Quitexe, Angola, integrado no Batalhão de Cavalaria 1917 - de 1967 a 1969, como alferes miliciano.

José Sanches Pires nasceu a 5 de abril de 1937, em Fóios (Sabugal, Guarda). Frequentou o Seminário Menor Redentorista de Cristo-Rei, em Vila Nova de Gaia, durante 6 anos, e, em 1955 partiu, para a Espanha, onde fez o noviciado e o seminário maior. Foi ordenado sacerdote em Valladolid, no dia 9 de setembro de 1962.

Aos 80 anos, é hoje presidente do Centro Social dos Padres Redentoristas em Castelo Branco.

Entrevista conduzida por Henrique Matos

 

 

Agência ECCLESIA (AE) - Em 1967, vivia na Academia Militar uma experiência inédita para eclesiásticos, assentando praça…

Padre José Sanches Pires (JSP) - Em 67, já estava eu em Castelo Branco, quando fui mobilizado, ou nomeado, para vir para capelão militar. Recebi a notícia com muita surpresa: primeiro, eu tinha a ideia de que para ser militar havia uma altura mínima, e eu era pequeno. ‘Eu capelão? Mas eu não tenho a altura de que um soldado precisa para ser apurado?’.

Em segundo lugar, sabia que seria para ir para o Ultramar e eu não 

 

 

concordava com guerra. Portanto, foi com muita admiração que recebi a notícia, os superiores indicaram-me e como tenho voto de obediência, aceitei. Foi com muita surpresa, mas aceitei.

 

AE - O que é que recorda desses dias?

JSP - Fiz aqui [Academia Militar,

Lisboa], durante três ou cinco

semanas, não me lembro,

uma mini-recruta, e daqui

fui mobilizado para Angola,

no Batalhão de Cavalaria 1917.

Saímos da Ajuda, fomos para

o Quitexe, pertinho de

Carmona, hoje chamada Uíge.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

AE - Tinham de correr, saltar, rastejar…

JSP - Aqui, na Academia Militar, correr, saltar, tudo. Eu era pequenino e aqui mandavam-nos formar filas, por estaturas, pelo que eu e outro, o candidato Pires, éramos sempre os primeiros. O grupo tinha 54, por fim eliminaram 4.

Um dia, íamos ali na parada a desfilar - esquerda, direita -, comandados pelo Capitão Queimado, e ele dá uma voz de comando para virar à esquerda e eu não ouvi, segui em frente, para aí 8 ou 10 metros, até que ele grita: “À esquerda, senhor Pires, porra!”. E ficou essa a minha alcunha. Ainda hoje, quando nós encontrámos aqui os três que éramos condiscípulos, é esse o cumprimento (risos).

 

AE - Como é que era ser capelão militar?

JSP - Era uma zona de guerra, a zona do café, de mata, que era favorável ao terrorismo. Eu fiz 19 funerais, era uma zona dura, mesmo a valer. Para mim, foi uma experiência excecional, porque eu tinha ideias completamente diferentes do que fui encontrar, longe do que a gente estudava na moral.

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Já se passaram 50 anos e todos os anos continuamos a ter um convívio com os do Batalhão. Foi a melhor escola que tive - português, geografia, teologia, moral, etc. foi o seminário, mas para aprender os valores humanos, de convivência, de compreender as pessoas, foi a escola militar. Não tenho qualquer dúvida.

A vida militar custou, eu não queria, mas valeu a pena, foi uma experiência inesquecível, enriquecedora.

 

 

AE - Qual era o papel do capelão num contexto de guerra?

JSP - Quanto ao papel do capelão na vida militar, sobretudo naquele ambiente de guerra e isolamento, costumo dizer que há três papéis imprescindíveis: o comandante, para nos organizar, não é? Estávamos num batalhão, ainda tínhamos duas companhias adidas, o comandante tinha de estar.

Depois, o médico. Ali havia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

muitas doenças, ele não podia faltar. E o capelão. Independentemente da prática religiosa - nunca obriguei ninguém a ir à Missa ou ao terço -, mas iam todos. Eu fazia o papel de mãe, de pai, de confidente, até de banco. Quando eles não tinham dinheiro, lá vinham ter comigo a ver se emprestava 20 escudos ou assim.

Quem quisesse ser verdadeiro 

 

 

 

capelão, como atualmente acontece com o ser padre, era imprescindível. Eu era tudo e posso dizer que em cada um deles, do comandante ao básico, como nós dizíamos, eu tinha um amigo e eles tinham um amigo. É uma recordação que não esquecerei. 

 

 

Capelania Militar é lugar de «primeiro anuncio» mesmo com falta de sacerdotes

O bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança explica que “cada vez mais” a Capelania Militar é local de primeiro anúncio e mesmo com poucos sacerdotes para a realidade nacional as pessoas “interrogam-se” pelo capelão que “não pega em armas”.

“Isso gera muitas vezes curiosidade pela missão do padre e quando à curiosidade há atração e ai lança a semente da Palavra de Deus que acaba por ser, muitas vezes, bom fruto porque muitos pedem os

 

 

sacramentos de iniciação cristã”, disse D. Manuel Linda.

Em declarações à Agência ECCLESIA afirmou que estava “longe de imaginar” que na sua vida episcopal iria “administrar “tantos sacramentos de iniciação cristã como está a acontecer.

“Quando as pessoas ouvem falar num capelão ou naquela pessoa estranha que não pega em armas, que não faz o ritmo de vida habitual dentro de uma instituição militar ou policial interrogam-se”, assinala.

O bispo do Ordinariato Castrense refere que os capelães não são 

 

 

 

 

suficientes mas “não pode pedir muitos mais” olhando para a “realidade” da Igreja em Portugal.

Neste contexto, exemplifica que o capelão da Brigada de Coimbra é o  mesmo do Regimento de Infantaria de Viseu e essa “deslocação não é fácil”, ou o capelão da Ota que serve também Alverca e a Base aérea de Monte Real.

Por isso, existe falta na capacidade de tempo e até a “despesa que representa para as Forças Armadas é grande”. Contudo, existem pedidos para mais capelães como a Marinha onde “pedem continuamente para acompanhar a Polícia Marítima” e na Policia de Segurança Pública o bispo quer “dotar de corpo de capelões mínimo” em três regiões - norte, centro e Lisboa e sul - porque “há apenas um” para todo o país.

As declarações foram feitas à margem da homenagem aos primeiros capelães militares. O Ordinariato Castrense está a celebrar 50 anos de assistência espiritual nas Forças Armadas.

A Diocese das Forças Armadas e das Forças de Segurança convidou os sacerdotes que concluíram o curso em 1967 e “não fazia sentido comemorar” sem não fosse na dimensão pastoral”.

Ao longo de 50 anos a Igreja Católica  procura “acompanhar as pessoas na  

 

realidade que viviam”, explica D. Manuel Linda, realçando que os homens e as mulheres que servem as forças armadas e as forças de segurança “também são sujeitos de salvação”.

A assistência religiosa começou no tempo da Guerra Colonial. Continuou nos “tempos belos, sem dúvida, mas conturbados” do 25 de abril e, agora, com “a restauração da democracia, com a plenitude da paz”, pelo menos em Portugal.

“Procuramos estar como pessoas creditadas para as ajudar, para caminharmos todos em conjunto nesta via da salvação”, afirmou D. Manuel Linda.

O prelado explicou ainda quais são as características que um bom capelão militar deve ter e começou por assinala o “sentido da empatia”, tem também de “saber conviver”, por isso, não pode ser isolado.

“Tem de estar com os seus homens e mulheres, jogar com eles, futebol ou outros desportos. Tem de participar nas suas conversas, saber estabelecer diálogo e, quando assim é, o coração dos homens e das mulheres que servem as forças armadas e de segurança derrete”, destacou o bispo que acompanha o Ordinariato Castrense. 

 

 

Capelão militar recorda «muita saudade» inicio de serviço a «uma grande instituição»

O padre Delmar Barreiros regressou à Academia Militar onde há 50 anos assentou praça para o primeiro curso de capelães militares e recorda que lhe fez “muito bem com disciplina, marchando, caminhando”.

“Passando 50 anos de andar aqui a marchar recordo isto com muita saudade”, revela em declarações à Agência ECCLESIA.

O padre Delmar Barreiros apreciando a formação militar realça que as Forças Armadas portuguesa “ainda são um pouco da reserva moral” do país.

“As Forças Armadas são uma grande instituição”, afirma, à margem da sessão de homenagem aos 58 sacerdotes que fizeram a formação na Academia Militar em Lisboa, entre 21 de agosto e 17 de setembro de 1967 - 50 foram destinados para o Exército, 4 para a Força Aérea e 4 para a Marinha.

O sacerdote do Patriarcado de Lisboa contextualiza que o curso em 1967 “foi o começo da orgânica da assistência religiosa nas forças armadas” uma vez que antes os 

 

capelães eram pedidos às dioceses. O diretor espiritual e capelão-mor foi D. António dos Reis Rodrigues, bispo titular de Madarsuma e bispo-auxiliar do Patriarcado, que faleceu a 03 de fevereiro de 2009.

O padre Delmar Barreiros conta foi “acolhido de uma maneira especial”, foi uma festa, com brincadeiras pelo facto de estar na Marinha.

Foi o primeiro e único capelão da Marinha em Moçambique onde esteve dois anos e meio e a área de ação era “todo o país”. O sacerdote recorda que esteve “em todas as unidades da Marinha” onde Portugal estava presente – Goa, Macau, Timor, Guiné – e que percorreu na ‘Briosa’ da Armada Portuguesa e no Navio Escola Sagres

Na Guiné colaborou “muito” no aspeto militar e civil com o General António de Spínola que era comandante-chefe das Forças Armadas e Governador do país.

Nessa altura, ao padre Delmar Barreiros foram também entregues Unidades do Exército: Batalhão de serviço material; policia militar, deposito bar da Intendência, 

 

 

 

 

a AMURA – zona do comando chefe.

O atual Hospital da Cumura, recorda o sacerdote, começou a nascer naquela época com a construção de pavilhões para assistirem os leprosos que eram auxiliados “nas tabancas” (aldeias) que “era uma dor de alma”.

Do tempo passado na Guiné o padre Delmar Barreiros lembra ainda que recebeu uma alcunha do general Spínola que “não gostava muito” que os soldados mexessem no ar condicionado.

 

No Dia da Marinha, numa visita às instalações o capelão tinha o ar condicionado ligado: “Ele (General António de Spínola) olha para aquilo, olha para mim, e diz que o nome completo do capelão é ‘Capelão Delmar, del terra e del ar condicionado.”

“Foi uma gargalhada tremenda e até lhe caiu o monóculo”, relembra o sacerdote com “muita saudade e certa nostalgia” que participou na celebração festiva.

 

 

 

Dehonianos, 50 anos ao serviço da Capelania Militar

 

A Província Portuguesa da Congregação dos Sacerdotes de Coração de Jesus (Dehonianos) continua hoje, como há 50 anos, disponível para servir a Igreja e a Capelania Militar com os seus sacerdotes. Na parada da academia miliar juntaram-se duas gerações de presbíteros da congregação.

O padre Jorge Gonçalves, ordenado em julho deste ano, é o mais recente 

 

 

sacerdote dos Dehonianos com mandato para servir a capelania das Forças Armadas e de Segurança. Esta segunda-feira ao seu lado tinha o padre Manuel Martins que noutro tempo e realidade também disse sim e assentou praça.

“Era novidade para todos. Recordo a nossa preparação muito exigente, tínhamos oito horas de aulas por dia, mais exercícios físicos, e chegávamos

 

 

 

à noite estoirados”, lembra em declarações à Agência ECCLESIA.

A formação intensiva teve a duração de cinco semanas e segundo o padre Manuel Martins à medida que iam avançando o “exercício ajudava à parte teórica”.

“Andamos a rastejar no chão, com uma espingarda. A subir muros e descer muros”, recorda do primeiro curso de capelães, realizado entre 21 de agosto e 17 de setembro de 1967.

Neste contexto, o religioso lembra também que os sacerdotes foram levados para a zona de Mafra com o capitão atrás deles “com uma metralhadora”, e disse: “Vocês levantam a cabeça e ficam ai. Como se fosse já na guerra. Foi interessante.”

Foram 58 sacerdotes com o posto de Aspirante a Oficial - 50 para o Exército, 4 para a Força Aérea e 4 para a Marinha - que tiveram uma “preparação igual à dos soldados”.

 

Moçambique: «A minha G3 era o Terço»

Depois da formação o padre Manuel Martins foi enviado para o norte de Moçambique, mais concretamente para Niassa, entre Nova Freixo onde chegava o comboio de Nampula, até o rio Rovuma, no fim já com a Tanzânia.

O sacerdote Dehoniano dava 

 

assistência às quatro companhias do seu batalhão, o 1935, e tinha mais cinco para assistir. “Todos os meses visitava todas”, assegura, recordando que no final recebeu um louvor do comandante porque “era o oficial com mais quilómetros” no norte de Moçambique.

“Era tudo picadas no meio do mato. Às vezes a berliet (camião) ficava atascada e ficava-se ali a noite, no meio do mato, com a espingarda a ver o que acontecia”, acrescenta.

Neste âmbito, recorda que todos “tinham grande respeito pelo capelão” e até criou-se “quase um mito” que quando andava não havia emboscadas e não rebentavam minas.

Contudo, o padre Manuel Martins não usava armas convencionais e G3 que recebeu, quando a metralhadora foi “distribuída por toda a malta”, meteu-a “debaixo da cama”.

“A minha G3 era o terço”, assegura.

Para o capelão militar o seu mandato na guerra colonial foi, “simplesmente”, o de ajudar cristãos que “foram obrigados a ir para a guerra”. Essa era a sua função e foi algo que o “deixou surpreendido”.

“Fui uma presença de Igreja muito significativa sobretudo no ambiente de medo, saudade da família para os soldados e oficiais”, desenvolve.

 

 

 

Neste contexto, lembra que no primeiro Natal, no meio do mato, quando pegou no acordeão e começou a “tocar e cantar as canções” próprias da época, “muitos não conseguiram aguentar, tiveram de sair a chorar porque a saudade era tanta”. Uma memória que ainda foi avivada no último sábado, num almoço de camaradas de armas em Chave e onde o sacerdote também participou.

No final da entrevista, o padre

 

 Manuel Martins realçou, mais uma vez, que “foi interessante” a experiência na Capelania Militar.

 

Dehonianos, uma nova geração na tropa portuguesa

O padre Jorge Manuel Gonçalves termina hoje o curso “abreviado mas condensado” para servir as Forças Armadas e de Segurança portuguesas.

Ordenado em julho deste ano, 

 

 

 

 

 

o jovem sacerdote “disse que estava ao dispor do meu provincial” e ele apresentou a proposta: “Nunca tinha pensado vir mas nunca tinha pensado não vir.”

“Está a ser bastante bom”, assinala do curso que começou dia 4 de outubro, destacando as “diversas formas de pensamento” que encontrou.

Nas Forças Armadas há “muito campo de ação”, como catequeses, Eucaristias, formações, e O para o padre Jorge Manuel Gonçalves a nova missão “é uma forma de complementar serviço de sacerdote”.

A proximidade, para o entrevistado, “é parte essencial” porque se os capelães forem próximos dos militares, “eles serão próximos”.

Para o sacerdote “é bastante curioso” o dia passado com os primeiros capelães militares porque “eles estiveram numa época bastante diferente”.

“É bastante bonito contar histórias, brincadeiras do tempo em que o serviço militar era obrigatório. È extremamente engraçado vermos tudo o que está para trás”, desenvolve.

Para o padre Jorge Manuel Gonçalves que está a começar o seu ministério 

 

sacerdotal e o seu serviço de capelão o contacto com os primeiros presbíteros “dá sentido”.

 

“Temos sempre presente o passado para melhorar e caminhar rumo ao futuro”, conclui o mais recente sacerdote da Província Portuguesa da Congregação dos Sacerdotes de Coração de Jesus a assentar praça.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Fui uma presença de Igreja muito significativa sobretudo no ambiente de medo, saudade da família para os soldados e oficiais”.
 

 

Um regresso a Angola
na visita à Capelania Militar

O padre Agostinho Brígido, da Congregação dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos), regressou à Capelania Militar em Lisboa, para a sessão de homenagem, numa visita que o levou “outra vez para Angola”.

“Hoje faz lembrar os que já faleceram e recordar tudo. Faz lembrar todos esses e faz-me ir outra vez para Angola”, revela o missionário Espiritano.

Segundo o padre Agostinho Brígido a experiência “foi interessante” e que o “valorizou também do ponto de vista no ministério sacerdotal”. Neste âmbito, recorda a realidade da guerra colonial com as “pessoas que fugiam da mata” e era preciso “ajudá-los”.

“Ainda me lembro de uma associação que fizemos. Os oficiais descontavam livremente e comprávamos roupas para vestir aquelas crianças que vinham do mato”, exemplifica.

Aos 83 anos, o sacerdote recorda que já “estava em Angola” quando foi “apanhado”. Era “colaborador do seminário” e regressou para ser capelão militar, de 1967 a 1975, 

 

desta vez com guia de marcha para a zona leste.

O padre Agostinho Brígido conta que quando foi chamado estava na antiga cidade Sá da Bandeira, “hoje Lubango”, onde havia quartel que tinha um capelão e com quem os Espiritanos tinham contacto. Neste contexto, recorda que “aos colegas vestiram-lhes a farda e enfiaram-nos lá na tropa sem saberem nada”.

No curso de capelães, o primeiro em Portugal, começaram “a entrar” em todo o “esquema que era a tropa” e, “claro que, não foi fácil”. Se lhe tivessem perguntado se queria fazer da formação

Quando lhe perguntaram se queria ir respondeu com “não” mas obedecia e hoje recorda que “foi uma experiência interessante” pelo “contacto com muita gente”.

“Antes via a juventude e agora a nossa sociedade. Faz refletir”, assinala.

O missionário Espiritano explica que agora quando se encontram, e todos os anos os militares têm a sua reunião, é “interessante que dá mais prazer 

 

 

 

 

 

falar são os momentos difíceis”.

“Vir aqui, rever a parada, o que era duro, e lembrar-me o que diziam os diretores do curso: Vocês sofreram mas nós também sofremos”, recorda ainda sobre o primeiro curso de capelães onde “lidar com tanto padre não foi fácil”.

 

 

O padre Agostinho Brígido lembra que quando foi o encerramento um coronel disse que na celebração final é que viu “a força” deles.

“Foi uma celebração que nunca tinha visto, tanto padre a celebrar aqui”, recorda dessas palavras.

 

 

Base Naval de Lisboa tem espaço dedicado ao apoio a pessoas mais carenciadas

Na Base Naval de Lisboa, há um espaço dedicado à ação social e à solidariedade, que apoia atualmente militares mais carenciados mas também situações de emergência das mais variadas proveniências.

“Ainda há algum tempo foi muito material daqui para Pedrogão Grande, roupas, cobertores, edredons, coisas prontas para ser utilizadas pelas pessoas que tinham perdido os seus haveres”, conta à Agência ECCLESIA o padre Licínio da Silva, recordando a tragédia dos incêndios que continua bem presente.

De acordo com o sacerdote e capelão da Base Naval de Lisboa, os dias desta valência ligada ao setor de Assistência Religiosa são de um permanente vaivém de pessoas e de bens.

“Estão sempre a chegar e a ir, quer para pessoal nosso, militar, quer para outras pessoas e instituições que sabemos que necessitam”, salienta.

Este projeto de ação social começou a ganhar forma ainda no tempo do padre Manuel da Costa Amorim, antigo capelão Chefe do Serviço de Assistência Religiosa das Forças 

 

Armadas e das Forças de Segurança.

“Isto era utilizado para a catequese, para as crianças filhas dos militares e dos civis que pertenciam aqui à base. E o padre Amorim transferiu a catequese para outro lado, abrindo aqui espaço para uma a ação social”, recorda o capelão Licínio da Silva.

Em stock estão também móveis, utensílios para a casa, livros e brinquedos para as crianças, que vão chegando à medida da caridade de cada um.

A distribuição é depois feita à medida das solicitações, sendo que há casos que já estão devidamente identificados.

 “As pessoas aproximam-se, vamos sabendo também das situações mesmo no exterior, algumas específicas inclusive para Fátima, instituições que já temos sinalizadas e enviamos”, explica o padre Licínio da Silva.

A organização deste projeto conta com o apoio de diversos voluntários, que selecionam os bens e organizam os objetos para a expedição, por idades e tamanhos no caso das roupas ou dos brinquedos.

 

 

 

 

O Ordinariato Castrense está a assinalar 50 anos de assistência religiosa organizada em Portugal, na sequência do primeiro curso para capelães militares que teve lugar em 1967.

Durante uma sessão comemorativa deste aniversário, o bispo das Forças Armadas e das Forças de Segurança, D. Manuel Linda, frisou a missão dos 

 

militares em “servir a vida e o bem das pessoas”.

Aquele responsável destacou particularmente o contributo do Exército no âmbito do combate aos incêndios, uma “hecatombe nacional” que entre os meses de junho e outubro já custou a vida a mais de uma centena de pessoas e causou elevados prejuízos materiais e ambientais.

 

 

Capelania ajuda Cadetes a descobrirem a fé e encontrar e a voz de comando

A Capelania Religiosa da Escola Naval é uma proposta para além do programa preenchido dos Cadetes onde vivem um “ambiente” próprio que os ajuda, por exemplo, a encontrar a “voz de comando” e a descobrirem a religião onde querem ser batizados.

“Não fui batizada antes porque os meus pais quiseram que escolhesse a religião. Com a ajuda do capelão percebi que era a religião cristã que queria para o meu batismo”, conta Ana Ribeiral, que fora da escola tinha contacto com a religião “por causa da família”.

A cadete que está no curso de Administração Naval revela que na Capelania são “sempre bem recebidos” e essa “boa energia” consegue “captar bastantes cadetes” que no primeiro ano sentem a falta de algo que encontram na assistência religiosa.

“Aqui acabam por encontrar essa fonte de energia”, sublinha.

Neste contexto, refere que mesmo com uma carga horária preenchida com a “motivação que o capelão dá” o tempo não é perdido.

“É um tempo que temos para nós,

   que acaba por interligar os espaços que não temos. Faz com que as nossas 

 segundas-feiras à noite, quando nos reunimos para a Eucaristia, acaba por ser um momentozinho que dá para toda a semana”, desenvolve.

Ana Ribeiral explica que o capelão na escola naval, principalmente, no primeiro ano em que os cadetes têm uma vida “bastante atarefada” proporciona a experiência de irem ver como funciona a capelania para saberem se gostam e se integram.

“Explica um pouco a vida religiosa que tentamos interligar com a nossa vida militar e é bastante interessante”, acrescenta.

A cadete do curso de Administração Naval explica ainda que criam um grupo que pode receber o Sacramento do Crisma, nas reuniões tentam “conviver um bocadinho mais e, até aos fins de semana, são dinamizadas “atividades diferentes que reúnam o grupo”.

Já o cadete do 4.º ano Rodrigues Marante, Classe Marinha, levava a experiência de um ano passado na Academia Militar onde estava integrado no coro.

 

 

 

 

 

O conhecimento com o capelão foi a ligação para começar a frequentar também o coro da Escola Naval.

“Temos um ambiente próprio. É um momento em que os cadetes têm uma hora para estarem à sua livre vontade e cantar”, exemplifica.  

Quanto ao tempo para participar nestas atividades extras assinala que “é complicado” mas “com esforço arranja-se”.

 

Para Rodrigues Marante as iniciativas da Capelania são “uma boa experiência” mesmo para no futuro “comandar homens” onde “a voz é bastante importante”.

“Numa entrada em qualquer porto é necessário haver comunicação e se houver voz de comando sempre ali presente e ser ouvida por todos dá jeito para não haver situações de stress e embaraço”, desenvolve 

 

 

 

 

 

o cadete que faz parte do coro onde treina “o grau de voz”.

“A voz de um oficial é tudo, a maioria dos comandos damos todos por voz”, assinala.

A dimensão humana também é aperfeiçoada na Capelania e, neste âmbito, o cadete do 4.º ano Classe Marinha comenta que são “todos humanos” e têm de ter “sempre um equilíbrio”.

“Não somos máquinas e também não somos perfeitos, todos cometemos 

 

 

erros e temos sempre que estar com isso presente”, acrescenta.

Já sobre o capelão realça que “está sempre disponível”, para “qualquer dúvida” que possam ter, e também está “sempre preocupado” com o bem-estar dos cadetes.

Rodrigues Marante assinala também que pessoas que entraram para o coro da capelania da Escola Naval decidiram ser batizados e depois continuaram a caminhar na “sua fé”.

De recordar ainda que o Ordinariato 

 

 

 

 

 Castrense colocou ‘os jovens e a fé’ no centro do projeto pastoral 2017/2018, em sintonia com o Sínodo dos Bispos sobre ‘os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, que se vai realizar em outubro de 2018. 

integrado no coro. O conhecimento com o capelão foi a ligação para começar a frequentar também o coro da Escola Naval.

“Temos um ambiente próprio. É um momento em que os cadetes têm uma hora para estarem à sua livre vontade e cantar”, exemplifica.

Quanto ao tempo para participar nestas atividades extras assinala que “é complicado” mas “com esforço arranja-se”.

Para Rodrigues Marante as iniciativas da Capelania são “uma boa experiência” mesmo para no futuro “comandar homens” onde “a voz é bastante importante”.

“Numa entrada em qualquer porto é necessário haver comunicação e se houver voz de comando sempre ali presente e ser ouvida por todos dá jeito para não haver situações de stress e embaraço”, desenvolve o cadete que faz parte do coro onde treina “o grau de voz”.

“A voz de um oficial é tudo, 

 

a maioria dos comandos damos todos por voz”, assinala.

A dimensão humana também é aperfeiçoada na Capelania e, neste âmbito, o cadete do 4.º ano Classe Marinha comenta que são “todos humanos” e têm de ter “sempre um equilíbrio”.

“Não somos máquinas e também não somos perfeitos, todos cometemos erros e temos sempre que estar com isso presente”, acrescenta.

Já sobre o capelão realça que “está sempre disponível”, para “qualquer dúvida” que possam ter, e também está “sempre preocupado” com o bem-estar dos cadetes.

Rodrigues Marante assinala também que pessoas que entraram para o coro da capelania da Escola Naval decidiram ser batizados e depois continuaram a caminhar na “sua fé”.

De recordar ainda que o Ordinariato Castrense colocou ‘os jovens e a fé’ no centro do projeto pastoral 2017/2018, em sintonia com o Sínodo dos Bispos sobre ‘os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, que se vai realizar em outubro de 2018.

 

 

Um Exército de salvaguarda da pessoa
e sua dignidade

 

Mesmo que não sejam os textos bíblicos mais conhecidos ou fáceis de fixar, são curiosas estas leituras que escutamos. Farei uma pequena síntese que enquadre o sentido daquilo que aqui celebramos: o Dia do Exército.

A primeira leitura refere um facto acontecido no ano 539 a.C.: Ciro, rei da Pérsia, com uma muito bem 

 

 

sucedida campanha militar, fez cair o império babilónico, aquele que tinha escravizado o povo judeu, e permitiu a este o regresso a Israel, a reconstrução do templo de Jerusalém e o restauro do culto ao Deus vivo. Permitiu, pois, que os hebreus voltassem a ser um povo e gozassem de uma identidade e uma pátria. Para a mente do profeta que nos conta isto, Deus usa Ciro, 

 

Fotos: www.guimaraesdigital.com

 

 

 

um pagão e estrangeiro, como instrumento da sua misericórdia, pois só Deus é Senhor da história. E esta, mesmo que o não saiba, encaminha-se sempre para a edificação daquela plenitude e âmbito de valores a que chamamos «Reino de Deus».

Por outro lado, o Evangelho apresenta-nos uma passagem determinante para a compreensão da relação da fé com o mundo. A pergunta sobre se era ou não legítimo pagar o tributo de vencidos a um César usurpador da independência e identidade a que Israel aspirava, 

 

é tudo menos ingénua. De facto, a sociedade do tempo dividia-se entre os que poderíamos chamar os «objectores de consciência fiscal» e os colaboracionistas, fosse por convicção, fosse por não descobrirem alternativas viáveis.

Jesus, porém, coloca a questão num nível superior. O César de Roma era adorado como um deus, o «divalis» ou divino. E como era de carne e osso, bem visível e com poder de vida e de morte, na prática, para os romanos, era o único deus efectivo. Júpiter, Mercúrio, Marte, etc. eram apenas 

 

 

ficções. A imagem e a inscrição que figuravam nas moedas do tributo funcionavam como instrumento de adoração a esta divindade. Obviamente, esta mistificação colidia frontalmente com a percepção humanista de Jesus: os chefes ou governantes não são deuses, mas simplesmente aqueles a quem o povo delega o poder que recebe de Deus para a edificação do bem comum, numa atenção privilegiada aos mais débeis.

Encontramos nesta passagem, portanto, o suporte do nosso  

 

entendimento da relação entre a fé e o poder, que se poderia sintetizar no seguinte: autonomia das realidades terrestres no que à forma de organização social diz respeito; independência total entre sociedade civil e sociedade religiosa; entretanto, é no serviço concreto à pessoa concreta que essas sociedades se encontram e se relacionam; daqui o princípio da colaboração que deve reger a relação entre as duas; o cristão, definido como a «alma do mundo», tem a obrigação de usar os instrumentos sociais à sua 

 

 

 

 

 

mão –voto, comunicação social, sindicatos, associações de todo o género…- para desmascarar a contínua tentação da divinização do poder e o «obrigar» a servir efectivamente aqueles que não conseguem caminhar ao ritmo da sociedade, cada vez mais competitiva.

E no meio disto tudo, que dizer 

sobre o Exército? Não sendo um instrumento religioso, embora nele haja muitíssimos crentes, também é mais qualquer coisa que um simples produto social. Pelo menos, nunca poderá ser um instrumento do poder ou da conservação do poder pelos corruptos e pelos ditadores. E quando olhamos para a realidade de alguns países, lá para as Américas ou para o Extremo Oriente, interrogamo-nos se todos os Exércitos do mundo têm as mãos limpas.

Tem-nas o nosso, graças a Deus, e te-las-à sempre mais porque sabe que nem existe para se servir a si mesmonem para servir poderes: a sua função é servir a vida e o bem das pessoas, assegurando-lhes condições de defesa, de liberdade, de paz e até colaborando nas situações de extrema gravidade e perigo como, por exemplo, nas buscas, salvamentos, situações de catástrofes, incêndios, etc. Dentro e fora do país. É preciso que todos saibam que há militares 

 

portugueses em várias partes do mundo, em tarefas de alto risco, que têm prestigiado o nome de Portugal e têm salvo inúmeras vidas humanas e assegurado condições de dignidade e de segurança a milhões de pessoas. Penso, por exemplo, na República Centro Africana.

Estas tarefas da actuação do bem que o nosso Exército faz –e faz com tanto empenho!- são designadas por «missões de paz» ou simplesmente «missões». Curiosamente, a Igreja que está em Portugal celebra hoje o Dia Mundial das Missões. É uma jornada, todos os anos repetida, para tomarmos consciência de que quem tem fé sente necessidade de a transmitir e, assim, fazer com que muitos reconheçam que o único Salvador se chama Jesus Cristo e adiram ao seu estilo de vida.

Antigamente, nesta «missão», talvez tenhamos usado um método impositivo. Hoje, é o contrário: favorecer a promoção integral da pessoa humana, ir de encontro às suas carências e necessidade e promover os seus direitos. É uma tarefa, portanto, globalmente integradora e não dualista: não prega, apenas, uma doutrina, mas serve a pessoa em situação. E, quase sempre, começa mesmo por esta dimensão fundamental do pão, do 

 

 

 

 

alojamento, da saúde, da educação e cultura, da promoção da mulher, etc. Tudo isto feito no clima da mais absoluta gratuidade e com a colaboração económica e de oração dos outros membros da comunidade eclesial.

Caros militares do Exército,  

evidentemente, não vou colocar as missões católicas como o exemplo do que deve ser a vossa actuação nas missões de paz e no vosso serviço à sociedade em geral. Se interligo os 

 

dois âmbitos é apenas para acentuar este ponto em que nos podemos e devemos encontrar: vós e nós, Igreja, só temos razão de existir para o serviço. Não o serviço do poder –insisto-, mas assegurando o bem comum, particularmente dos mais débeis e dos simples. Fundamentalmente, pela via da prevenção e da dissuasão perante as forças do mal, aquelas que, em nome da ideologia professada, sacrificam ferozmente milhares ou milhões de

 

 

 

 

inocentes. Para além, evidentemente, do contributo dado à sociedade civil em tempo de paz. Nesta linha, quero dar os parabéns ao Exército pelo seu brilhante contributo por alturas desta calamidade e hecatombe nacional que têm sido os incêndios: mesmo que a comunicação social o não tenha referido muito, sei que fizeram um esforço notável, tanto mais de realçar numa altura em que os vossos quadros escasseiam.

Celebramos este Dia do Exército em Guimarães, aqui onde “nasceu Portugal”. Nasceu fruto de uma vontade do povo, acarinhada e promovida pela Igreja, e que encontrou nas armas a forma

 

 

 

 

 

 de defender essa determinação colectiva de liberdade. Povo, Igreja e Exército constituem, portanto, um tripé onde assenta o ideal da Pátria, onde repousa a ideia de portugalidade. Que ela se mantenha tendo como sublime objectivo o bem comum nacional e mesmo mundial.

Isto peço a Deus por intermédio de um santo dos nossos dias, santo da simpatia e do serviço efectivo ao bem comum universal: o Papa São João Paulo II, cuja memória litúrgica hoje mesmo se celebra.

 

Guimarães, 22 de outubro de 2017

 

D. Manuel Linda

 

Devido ao luto nacional pelas vítimas dos incêndios, o Exército cancelou todas as celebrações agendadas, no contexto do seu «Dia», com exceção da Missa. A Missa de sufrágio pelos já caídos e de ação de graças pelo cumprimento das missões atribuídas ao Exército foi celebrada na igreja de São Francisco, em Guimarães.

 

 

Igreja Luterana de Portugal

http://igreja-luterana.pt

 

A 31 de Outubro de 1517 um jovem monge, teólogo e professor enviou ao seu bispo 95 teses sobre questões teológicas que desejava debater abertamente na cidade Alemã de Wittenberg. Nesse documento ele criticava “determinadas práticas abusivas promovidas pela ou em nome da Igreja, principalmente, o comércio de indulgências por membros do clero”.

É notório que “o impacto das teses foi elevado, causando uma revolução religiosa, iniciada na Alemanha, que se estendeu para a Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas partes do Leste Europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria. Abalou ainda as estruturas do catolicismo, originou o protestantismo e contribuiu para o nascimento de outras religiões”. É fruto dessa ação de Martinho Lutero que este ano celebramos os 500 anos da reforma protestante.

Assim esta semana a minha sugestão passa pela visita ao sítio da Igreja Luterana de Portugal. Ao digitarmos o endereço igreja-luterana.pt 

 

encontramos um espaço simples e com uma distribuição dos conteúdos harmoniosa, apesar de necessitar de alguma atualização.

Na página inicial além dos artigos em destaque chamo a atenção para os “sermões em linha”. Aí podemos assistir aos sermões e estudos bíblicos que vão sendo colocados no canal do youtube e na página do facebook desta Igreja Cristã.

Caso pretenda saber onde se encontram localizados os espaços de culto, basta que aceda ao item visite-nos. Aí encontra o endereço paróquia Luterana da Santíssima Trindade (Porto) e da paróquia Luterana do Salvador (Lisboa).

Na opção “conheça-nos” dispomos de uma área onde podemos aprofundar o conhecimento acerca desta igreja. Logo para começar é apresentada, de uma forma estruturada, uma resposta à questão “quem são os luteranos”. Depois é discutida a temática acerca da confissão de Fé. Em “Lutero – ontem e hoje” somos convidados a conhecer mais pormenorizadamente a história daquele que nasceu em Eisleben, na Saxónia, a 10 de Novembro de 1843. Por último em Luteranismo em Português 

 

 

 

 

somos presenteados com um conjunto enorme de ligações uteis que nos ajudam a explorar melhor tudo aquilo que se relaciona com esta temática.

O grande objetivo de propor este sítio online passa precisamente por chamar a atenção do estimado leitor para um acontecimento que temos 

 

a graça de estar a viver neste ano. Principalmente durante este final de ano são vários os eventos que estão ou que irão decorrer no território nacional relacionados com os 500 anos da Reforma Protestante.

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

 

As maravilhas de Deus na vida
e no apostolado de Sílvia Cardoso

 

A obra «As maravilhas de Deus na vida e no apostolado de Sílvia Cardoso (1882-1950)» da autoria de Ângelo Alves foi lançada esta semana no Auditório Carvalho Guerra, na Faculdade de Teologia – Porto.

A apresentação deste livro esteve a cargo de José Eduardo Borges de Pinho, professor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa. A sessão 

 

 

contou também com a presença e intervenção de D. António Taipa, administrador diocesano.

Esta é uma iniciativa da Faculdade de Teologia, da Postulação de Sílvia Cardoso e da Paulinas Editora, que pretende homenagear o autor, Ângelo Alves, professor da Faculdade de Teologia no Porto e vice-postulador da causa de canonização de Sílvia Cardoso, falecido em março passado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A escritora brasileira Nélida Piñon esteve na Capela do Rato, em Lisboa, para  apresentar o seu mais recente livro «Filhos da América».

A obra, com a chancela da «Temas e Debates» foi apresentada pelo padre e poeta José Tolentino Mendonça.

A autora, de 80 anos, faz parte da Academia Brasileira de Letras e já ganhou o prémio Princesa das Astúrias de Literatura. 

 

 

outubro 2017

28 de outubro

. Lisboa - Encontro de Voluntários da Comunidade Vida e Paz

 

. Coimbra - Salão de São José - Colóquio sobre o Padre Américo com duas conferências sobre «Causa de Canonização do Servo de Deus Padre Américo» por monsenhor Arnaldo Pinto Cardoso e «Padre Américo: Artista da Palavra e das Palavras» por Henrique Manuel Pereira.

 

. Fátima - Peregrinação da Legião de Maria ao Santuário de Fátima presidida por D. Nuno Brás, bispo de Lisboa – até 29 de outubro

 

. Fátima, 10h00 - A Diocese de Setúbal vai peregrinar ao Santuário de Fátima, no dia 28 de outubro, e do programa destaca-se a o painel ‘Fátima e Família’, a partir das 15h00, na Basílica da Santíssima Trindade.

 

. Aveiro – CUFC, 10h30 - Sessão de esclarecimento sobre voluntariado missionário

 

. Lisboa – Bicesse, 15h00 - Missa do cinquentenário das Aldeias SOS presidida por D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa.

 

Lisboa - Faculdade de Direito, 16h00 - O II encontro dos núcleos de estudantes católicos de Lisboa realiza-se a 28 deste mês e tem como mote «Da Palavra nasce a Fé».

 

Fátima - Auditório do Centro Missionário Allamano, 18h00 - Lançamento da obra «Quando os Sinos Tocam o Céu  – Irmã Lúcia, Pastorinha  – a Fiel Depositária da Mensagem de Fátima» de Leonor Leitão-Cadete com apresentação de D. José Traquina.

 

29 de outubro

Lisboa - Patriarcado de Lisboa promove domingo dedicado à palavra

 

Viana do Castelo - Caminha (Museu Municipal) - Encerramento da exposição «Rostos da Mãe de Deus» com imagens da Virgem Maria das Paróquias do Arciprestado de Caminha (Diocese de Viana do Castelo).

 

Semana Nacional da Educação Cristã como tema «A Alegria do Encontro com Jesus Cristo» - termina a 05 de novembro 2017

 

 

 

 

 

Aveiro - Estarreja (Igreja Paroquial de São Tiago de Beduído) - Encerramento da exposição com imagens de Nossa Senhora

 

Viana do Castelo - Semana da Diocese de Viana do Castelo – termina a 05 de novembro de 2017

Aveiro - Seminário de Santa Joana, 15h00 - Formação para visitadores de doentes

 

Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos, 17h30 - Concerto de Órgão na Igreja dos Jerónimos

 

01 de novembro

Itália – Roma - Encontro da Federação Internacional das Universidades Católicas para refletir sobre a questão dos refugiados na Europa. (termina a 04 de novembro)

 

Açores - Ilha Terceira - Ordenação presbiteral de Nelson Pereira na Ilha Terceira.

 

02 de novembro

Fátima - Conferência de imprensa de balanço das celebrações do Centenário das Aparições

 

 

Eslovénia - Assembleia do Comité Europeu das Escolas Católicas – até 5 de novembro

 

Lisboa, 21h00 - A organização Leigos para o Desenvolvimento realiza sessão sobre voluntariado

 

03 de novembro

Lisboa - O Centro Social Paroquial São Romão de Carnaxide (Lisboa) organiza o I Seminário Escola de Cuidadores que visa debater questões relacionadas com o envelhecimento e a sua promoção positiva.

 

Viana do Castelo - Abertura da Porta Santa na Sé de Viana do Castelo integrada na celebração dos 40 anos da diocese.

 

 

Fátima - As jornadas nacionais de catequistas, a realizar em Fátima, de 3 a 5 de novembro, vão refletir sobre carta pastoral para o setor «Catequese: A alegria do encontro com Jesus Cristo». A formação decorre no Centro Pastoral Paulo VI e destina-se a catequistas de todo o país.

 
 

 

 

   

 

 

A Obra Nacional da Pastoral do Turismo, em colaboração com o Serviço de Pastoral do Turismo da Diocese de Bragança-Miranda, realiza as suas jornadas nacionais, a 27 e 28 de outubro, com o tema «Turismo e Sustentabilidade - Economia, Sociedade e Ambiente».

 

 

Entre hoje e domingo decorre no Vaticano o encontro «Repensar a Europa», com a participação do Papa Francisco e uma iniciativa da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia por ocasião dos 60 anos do Tratado de Roma.

 

 

O Santuário de Fátima vai promover uma nova edição do Curso sobre a Mensagem de Fátima, o último nas celebrações do Centenário das Aparições, entre 27 e 29 de outubro, na Casa de Retiros de Nossa Senhora do Carmo.

 

 

De 29 de outubro a 5 de novembro de 2017 realiza-se a Semana Nacional da Educação Cristã. A Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) publicou a Nota Pastoral para esta semana, subordinada ao tema «A Alegria do Encontro com Jesus Cristo».

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
70x7 - RTP2. 13h00, domingo, 29 de outubro - Dramas humanos entre cinzas. Os incêndios na zona centro de Portugal

 

ECCLESIA

Segunda-feira, dia 30 outubro, 15h00 -  Semana Nacional da Educação Cristã. Entrevista a Fernando Magalhães e João Fialho

Terça-feira, dia 31 de outubro, 15h00 - Informação e entrevista  Joana Figueiredo sobre a Escola de Cuidadores, em Carnaxide

Quarta-feira, dia 01 de novembro, 15h00 - Informção e entrevista José Luís Nunes Martins sobre a vida e a morte

Quinta-feira, dia 02 de novembro, 15h00 - Informação e entrevista António Pinheiro Torres sobre a Caminhada pela Vida

Sexta-feira, dia 03 de novembro, 15h00  -  Entrevista. Comentário à liturgia do domingo com a irmã Luísa Almendra e frei José Nunes

 

Antena 1

Domingo, 29 de outubro, 06h00 -  Incêndios. Releitura do documento da Conferência Episcopal Portuguesa a partir dos acontecimentos em Portugal

 

Segunda a sexta, 29 de outubro a 03 de novembro, 22h45 - Semana da Educação Cristã, "a alegria do encontro" - projetos concretos: Olimpíadas de EMRC;  Escola da Guiné apadrinhada; Escola de Oração para catequistas; 70 anos do Externato Marista de Lisboa e Catequese Familiar

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano A – 30.º Domingo do Tempo Comum 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Amar Deus, amar o próximo
 
 

A liturgia do 30.º Domingo do Tempo Comum diz-nos, de forma clara, que o amor está no centro da experiência cristã. Toda a revelação de Deus se resume no amor: amor a Deus e amor aos irmãos. Os dois mandamentos não podem separar-se, são semelhantes.

Mais de dois mil anos de cristianismo criaram uma pesada herança de mandamentos, de leis, de preceitos, de proibições, de exigências, de opiniões, de pecados e de virtudes, que arrastamos pesadamente pela história. Ao longo do caminho, misturámos tudo e perdemos a noção do que é verdadeiramente a essência que dá sentido à vida.

Hoje, gastamos tempo e energias a discutir certas questões que até são importantes, mas continuamos a ter dificuldade em discernir o essencial da proposta de Jesus.

O Evangelho deste domingo põe as coisas de forma totalmente clara. Jesus diz o essencial ao doutor da Lei: «Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu espírito… Amarás o teu próximo como a ti mesmo».

O que é amar a Deus? Em Jesus e como Jesus, o amor a Deus passa, antes de mais, pela escuta da sua Palavra, pelo acolhimento das suas propostas e pela obediência total aos seus projetos, para mim próprio, para a Igreja, para a minha comunidade e para o mundo.

Isso implica a escuta atenta das propostas de Deus, mantendo um diálogo pessoal com Ele, procurando refletir e interiorizar a sua Palavra, tentando interpretar os sinais com que Ele me interpela na vida de cada dia.

Isso exige ter o coração centrado em Deus e ser uma testemunha profética que interpela o mundo, sem 

 

 

 

 

construir uma vida à margem de Deus ou contra Deus nem me instalar num cantinho cómodo de renúncia ao compromisso com Deus e com o Reino.

O que é amar os irmãos? Em Jesus e como Jesus, o amor aos irmãos passa por prestar atenção a cada homem ou mulher com quem me cruzo pelos caminhos da vida, por sentir-me solidário com as alegrias e sofrimentos de cada pessoa, por partilhar as desilusões e esperanças do meu próximo, por fazer da minha vida um dom total a todos. O mundo em que vivemos precisa de redescobrir o amor, a solidariedade, 

 

o serviço, a partilha, o dom da vida.

O Evangelho deste domingo compromete-nos seriamente a sermos concretos no amor. E já agora, a primeira leitura do Êxodo está cheia de indicações muito precisas para que o amor ao próximo não fique no abstrato. Importa levá-la também para a vida desta semana, juntamente com a entoação do Salmo: «Eu Vos amo, Senhor, vós sois a minha força». Só no amor podemos servir o Deus vivo e verdadeiro, ressuscitado em Jesus, como afirma São Paulo na segunda leitura.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

Egipto: Padre copta assassinado à facada numa rua do Cairo

Indiferença que mata

Estava na cidade do Cairo, a capital do Egipto, para recolher ajuda humanitária para os pobres da sua paróquia, quando foi esfaqueado em plena rua durante o dia. No entanto, ninguém fez nada para o ajudar. Esvaiu-se perante a indiferença dos que passavam. Era apenas um padre cristão…

 

Aconteceu há duas semanas, no mesmo dia em que a Fundação AIS apresentou em diversas capitais europeias – incluindo Lisboa – o mais recente relatório sobre a perseguição aos Cristãos no mundo. O Padre Samaan Shehata caminhava na rua, sozinho, no Cairo, a capital do Egipto, quando um homem se aproximou e, armado com uma faca, e desferiu diversos golpes no sacerdote. Foi durante o dia, mas não houve ninguém que tivesse parado por um instante sequer para ajudar aquele homem que jazia no chão, esvaindo-se em sangue. Ninguém. Talvez por ser padre, talvez por ser cristão. A indiferença de todos os que passaram pela rua e não estenderam a mão junto daquele moribundo parece ferir mais ainda do que os golpes de

 

 

faca que acabariam por tirar a vida ao Padre Samaan. Ninguém o ajudou e a ambulância demorou mais de uma hora a aparecer e os paramédicos pouco ou nada fizeram para o reanimar. Os polícias foram mais rápidos, é verdade, e até conseguiram deter o homem que esfaqueou o sacerdote. Mas não o prenderam. Os agentes da autoridade consideraram-no mentalmente doente e, por isso, libertaram-no. Ninguém avaliou o seu estado. Nem médicos, nem psicólogos. Ninguém. Nem foi sequer presente a um juiz. Foi libertado ali mesmo, mandado em paz, de regresso a casa, de regresso à sua vida.

 

Ser cristão no Egipto

O Padre Samaan Shehata morreu já no hospital, depois de ninguém lhe ter prestado socorro durante mais de 60 minutos. Morreu no mesmo dia, sensivelmente até à mesma hora em que a Fundação AIS apresentava em Lisboa o mais recente relatório sobre a perseguição aos Cristãos no mundo. Nem de propósito: um relatório que identifica o Egipto como um dos países em que a opressão aos Cristãos

 

 

é considerada como “mais elevada”. O Padre Samaan foi assassinado por ser cristão. Apenas por isso. Nada mais. Para a polícia, tratou-se de um ato cometido por um louco. Por essa razão, o autor do crime foi absolvido de imediato. Para as pessoas que passavam pela rua onde o Padre Samaan foi assassinado, seria apenas um cristão. Apenas isso explica como ninguém teve misericórdia, ninguém soube ser samaritano daquele homem em sofrimento. Durante mais de uma hora, ninguém se mexeu, ninguém se comoveu, ninguém fez nada. Para todos os que passavam, indiferentes ao corpo a sangrar de Samaan Shehata, a vida de um padre copta no Egipto parece não valer nada. Infelizmente, este é, apenas, o mais recente caso de um ataque deliberado contra a comunidade cristã. Os sangrentos atentados no Domingo de Ramos, em abril, em duas igrejas no Egipto, provocaram cerca de meia 

 

centena de mortos. Foi um ataque com um alvo bem determinado. Um mês depois, em maio, terroristas atacaram um grupo de cristãos que se dirigiam em três autocarros, em peregrinação, para um mosteiro no deserto e obrigaram-nos a sair dos veículos. Os que se confessaram cristãos, mesmo com as armas apontadas às suas cabeças, foram assassinados de imediato. Nem as crianças escaparam. Mais uma vez, o alvo do ataque estava bem determinado. A morte do Padre Samaan é só o mais recente episódio da profunda violência que tem atingido a comunidade cristã no Egipto. Este padre estava no Cairo a pedir ajuda para os mais pobres da sua paróquia. Foi morto à facada. Esvaiu-se  perante a indiferença dos que passavam. Era, apenas, um padre cristão...

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

Com os guaranis do Paraguai

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

Domingo foi Dia Mundial das Missões em todo o mundo e, por isso mesmo, também aqui no Paraguai. Tive a alegria imensa de participar no jubileu de ouro da chegada dos primeiros Missionários Espiritanos ao mundo guarani. Sim, a opção não foi a de instalar-se na capital, mas de andar 300 kms de terra batida e parar no coração das terras guaranis, lá em Lima onde os senhores caciques tinham tudo e ‘quase’ escravizavam o povo simples de raiz indígena.

Os Espiritanos nestes 50 anos têm sido voz deste povo sem voz – como tão bem o referiu o Bispo, D. Pedro Juvinbile, um Espiritano canadiano que cá veio parar e por aqui ficará para sempre – afirmou-o! Ele veio em primeira nomeação e deixou marca no coração deste povo. Uma das iniciativas que lançou e que eu pude um dia acompanhar e viver foi o projeto ‘gotas de amor’ para apoiar crianças de rua no enorme mercador abastecedor de Fernando la Mora, nas periferias da capital. Todos os sábados, um grupo de voluntários acompanha os Espiritanos na distribuição de uma refeição quente às muitas crianças que enchem as ruas do mercado à procura de algo para sobreviver. E, como é fácil de deduzir, elas são presa garantida para todo o tipo de abusos e tráficos. O dia que vivi nesta missão das ‘gotas de amor’ encheu-me de dor porque falei com muitas destas crianças durante a refeição e percebi bem a tragédia que é a sua vida quotidiana. Senti também a alegria de pertencer a uma Congregação que olha com predilecção para os mais pequeninos e pobres.

 

 

 

 

 

A celebração oficial dos 50 anos da chegada dos Espiritanos ao Paraguai teve lugar em Lima, com mais de 500 pessoas a participar em festa e com a ‘municipalidad’ a declarar dia de interesse municipal, dando todos os apoios ao acontecimento. Foram convidados de todas as paróquias onde os Espiritanos trabalham. Estiveram lá os 12 heróis, ou seja, os 12 Padres Espiritanos que se mantêm de pedra e cal numa missão difícil, a de estar com os paraguaios mais pobres. Estivemos lá convidados de Portugal, Espanha, México, Porto Rico, Estados Unidos, Canadá e Polónia, países que muito têm investido neste projecto missionário.

O futuro é incerto e as dificuldades que se apresentam diante dos Espiritanos são enormes. Mas há alegria e esperança, sendo o grupo muito jovem e promissor, com padres da Nigéria, Portugal, Cabo Verde,  

 

Polónia, México, Angola e Espanha. Mais internacionalidade é difícil!

Os últimos dias foram por mim passados no Noviciado de toda a América Latina, em San Lorenzo, nas periferias de Assunção. Os Espiritanos animam a Paróquia da Senhora do Rosário com uma quinzena de Comunidades, numa área grande onde está o  famoso hospital pediátrico visitado pelo papa Francisco no ano passado. Pude visitar e celebrar em algumas destas comunidades onde saber guarani é quase uma exigência pastoral. São periferias pobres e bastante inseguras, mas com um povo simples, simpático e sempre a receber de braços abertos quem visita.

O futuro a Deus pertence, mas quero crer que a presença Espiritana no Paraguai terá mais ‘investimento’ e, assim, mais e melhor compromisso com os pobres que têm direito a um futuro melhor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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