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Octávio Carmo |
Catarina Dias, voluntária
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Foto de capa: Lusa
Foto da contracapa: DR
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo Aguiar Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Bom Pastor Estrada da Buraca, 8-12 1549-025 LISBOA Tel.: 218855472; Fax: 215849514. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Preparar o Natal à luz da fé
LOC/MTC |Henrique Matos | Octávio Carmo | Fernando Cassola Marques | Manuel Barbosa | Tony Neves | Paulo Aido |
Quem é o Papa? |
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Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
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O regresso do Papa Francisco à Ásia coloca várias questões de texto e contexto, face à tradicional dificuldade de entender o papel desempenhado pelo líder da Igreja Católica como referência espiritual e não apenas como agente político. A preguiça não é boa conselheira e limitar uma viagem desta dimensão à utilização ou não de uma palavra, por mais importante que seja, é bastante reveladora. Ver Aung San Suu Kyi recordar a sua educação católica e pedir uma bênção especial ao Papa ou ver o presidente do Bangladesh, Abdul Hamid, agradecer emocionado pela atenção que Francisco tem dedicado à crise dos Rohingya parece entrar em choque com algumas das coisas que são ditas com o nosso filtro “ocidentalizado”. Há qualquer coisa que não bate certo e, na dúvida, prefiro ouvir quem está no terreno. Francisco decidiu visitar dois países em que os católicos são minoria. Pequena. Muito pequena. Milhares de quilómetros e muitas horas de voo para um destino mais humano do que geográfico, com atenção aos direitos e à dignidade de todos. Esperança, diálogo e paz são as “armas” do Papa, numa viagem escolhida a dedo, com o seu cunho pessoal, e muito desafiante. Procurando trazer para o mesmo lado os responsáveis religiosos e políticos, e também, por força da sua enorme presença mediática, histórias de vida que têm ficado esquecidas ao longo dos últimos meses e que muitos só conseguem descobrir agora. |
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Mianmar e Bangladesh sublinham ainda a ligação da presença portuguesa no Oriente, nos inícios da evangelização destes territórios. Cinco séculos de uma história que também |
muitas vezes é desconhecida, alheia a nós mesmos, enquanto outros, ao longe, cultivam ciosamente uma memória que por cá estranhamente se renega. |
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“Primeiras chuvas. Poucas…” © iStock
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"Pior é sempre não decidir ou decidir a desoras.” Belmiro de Azevedo
“Posso estar momentaneamente cansado, mas isso em nada diminui as minhas ganas” (António Costa – Comício dos dois anos do governo)
“Estando em causa a vida, em si, como bem absolutamente protegido pela ordem jurídica, ela deve ser uniformente valorada em igual correspondência com a igual dignidade de todas as pessoas. (…) Entende ainda este Conselho que a operacionalização deste critério terá necessariamente de levar em conta, como valor referencial, um montante não inferior a 70 mil euros” (Relatório do Conselho para fixação do cálculo das indeminizações às vítimas dos incêndios de junho e de outubro de 2017)
"O mais importante, que o senhor primeiro-ministro já sublinhou, é ser rápida - e há toda a disponibilidade da senhora provedora de Justiça para ser rápida - a definição da indemnização definitiva, antes do fim do ano e, se possível, antes do Natal" (Presidente da República aos jornalistas, sobre a definição das indeminizações definitivas às vítimas dos incêndios)
Quando chegar o Mundial, Portugal vai estar bem preparado e o que mais espero é que Portugal consiga fazer um bom Campeonato do Mundo" (Cristiano Ronaldo, no portal da FIFA, sobre o Mundial 2018) |
Novo bispo apresentado
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A Diocese de Santarém celebrou este domingo a entrada solene de D. José Traquina, que na homilia da Missa a que presidiu falou de uma realidade social “desafiante”, projetando o futuro com os verbos “testemunhar” e “propor”. “A Pastoral Social não é um anexo ou um apêndice na vida da Igreja, faz parte da sua identidade e missão evangélica”, afirmou. D. José Traquina foi nomeado pelo Papa Francisco bispo de Santarém |
e, depois de tomar posse este sábado, na Catedral, foi apresentado à diocese na Missa celebrada na igreja de Santa Clara. Para o bispo de Santarém, também presidente da Comissão Episcopal de Pastoral Social e Mobilidade Humana, na Conferência Episcopal Portuguesa, “o pobre não é um trampolim para o benfeitor chegar a Deus, antes um provocador do próprio encontro com Deus”. Na homilia da Missa, D. José Traquina |
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lembrou que “o que mobiliza a Igreja não é uma ideia que se impõe, mas um Amor que se propõe e se traduz em corações renovados em tantas concretizações do bem comum na edificação da sociedade”. O bispo de Santarém disse também que é necessário “propor o Evangelho”. “Não podemos esperar que a transmissão da Fé aconteça em ambiente familiar com a mesma facilidade de outros tempos. São necessárias propostas do encontro com Cristo, propostas de encontro com o Evangelho”, sublinhou. D. José Traquina admitiu que nunca imaginou que seria o terceiro bispo diocesano e recordou os anos de serviço militar na cidade de Santarém, onde está “para servir”. “Venho para servir, sinto alegria, mas não vaidade. Não me sinto superior a ninguém pela experiência feliz da vida vivida à luz da fé”, referiu. O prelado recordou os anos em que esteve em Santarém para cumprir o serviço militar, em 1975 e 76, os contactos com sacerdotes locais e um convite para ser padre da Diocese de Santarém quando decidiu entrar no seminário, em 1976. O bispo agradeceu à diocese o |
acolhimento e disse que quer fazer das “fragilidades” “oportunidade para crescer e amadurecer”, na certeza de que “pôr em prática as páginas do Evangelho é realmente construir a casa sobre rocha firme”. Na saudação ao novo bispo, o vigário-geral da Diocese de Santarém manifestou “a estima e a disponibilidade” dos sacerdotes e diáconos para cooperarem “no serviço à comunidade a que foi chamado a presidir, como mestre da doutrina, sacerdote do culto sagrado e ministro do governo”. D. José Augusto Traquina Maria, de 63 anos, nasceu a 21 de janeiro de 1954 em Évora de Alcobaça, (Distrito de Leiria, Patriarcado de Lisboa), e foi ordenado padre a 30 de junho de 1985; a 17 de abril de 2014 foi nomeado bispo auxiliar de Lisboa, pelo Papa Francisco, e ordenado bispo a 1 de junho desse mesmo ano, numa celebração presidida pelo cardeal-patriarca, D. Manuel Clemente.
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Abrir as portas para acolher |
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O cardeal-patriarca de Lisboa afirmou este sábado, na conferência anual da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), que Portugal faz bem em acolher turistas mas tem de acolher cada pessoa. "A ideia de que gostamos tanto e bem, até para a economia, de acolher turistas, mas também temos de nos acolher como pessoas, em cada país e na Europa e no mundo em geral", afirmou D. Manuel Clemente aos jornalistas durante a conferência sobre o tema «Muros e Pontes: Europa, Migrações e Diálogo de Culturas». A CNJP, da Igreja Católica, promoveu em Lisboa a sua conferência anual, que permitiu fazer uma radiografia ao acolhimento aos refugiados em Portugal. O presidente do organismo lembrou que os que visitam o nosso país como turistas "não são os que nos procuram como migrantes". Em entrevista à Agência ECCLESIA, Pedro Vaz Patto deu conta do seu agrado pela forma como o país, apesar das “dificuldades”, tem dado o seu contributo para esta causa. “Mesmo o facto de por vezes estes refugiados deixarem o nosso país não nos faz esmorecer”, sublinhou. Joana Rigato foi uma das pessoas que |
apresentou o seu testemunho acerca da forma como o acolhimento aos refugiados tem sido feito, através de uma experiência pessoal que envolveu também a sua família. “Tivemos muita sorte com a família que acolhemos porque são pessoas maravilhosas. Mesmo a parte das diferenças culturais não tem sido de todo um problema, só uma riqueza”. A conferência contou com apresentação do coordenador da Plataforma de Apoio aos Refugiados, Rui Marques, proporcionando também uma avaliação ao papel que as religiões têm tido em todo este esforço, e na promoção da paz. Do lado da comunidade muçulmana, o xeque David Munir afirmou um ‘não’ firme “aos muros”, que implica trabalhar no diálogo e na abertura aos outros, sempre na perspetiva também de “prevenir” desencontros.
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Os desafios da Escola Católica |
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O Papa Francisco pediu às escolas católicas que ajudem a restabelecer o pacto educativo, lançando pontes entre as diferentes instituições, e que marquem a diferença na proposta educativa pela "qualidade da presença". "Recorde-se que a diferença se faz, não pela qualidade dos recursos disponíveis, mas pela qualidade da presença", defendeu, numa mensagem dirigida aos participantes na I Jornada das Escolas Católicas, que decorreu este sábado em Lisboa. Nos trabalhos, D. Nuno Brás, vogal da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, disse que a presença da Igreja Católica no meio educativo “não pode ser um gueto” mas uma proposta “aberta a todos”. O bispo auxiliar de Lisboa considerou que o ensino católico terá futuro enquanto proposta “acessível a todos” e nesse sentido “o Estado deve garantir a liberdade do ensino. Não limitá-la impondo a toda a nação o uso de manuais escolhidos ou de pedagogias nunca neutras”. O presidente da Associação das Escolas Católicas (APEC) disse que é urgente acabar com o impasse à volta da questão dos contratos de associação com o Estado, pois |
em causa estão muitas escolas que correm o risco de fechar. “Estamos abertos ao diálogo, e aquilo que mais nos preocupa é encontrarmos uma parede, um muro de betão ciclópico e a nega permanente ao diálogo”, realça o padre Querubim Silva, em declarações à Agência ECCLESIA. De acordo com Jorge Cotovio, secretário-geral da APEC, já várias escolas deste setor tiveram de fechar e mais seguirão se não for possível chegar a um entendimento com o Estado. “Com as restrições às escolas com contrato de associação, as poucas que tinham ensino gratuito cerca de 27 escolas, estão a ser condicionadas. Já fecharam nos dois últimos anos quatro instituições, algumas de grandes dimensões”, admitiu aquele responsável. |
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Novo embaixador de Portugal na Santa Sé pronto para acompanhar esforços pela paz do Papa |
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Exposição junta artistas a utentes no combate ao estigma da saúde mental
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Papa encerra viagem a Mianmar em defesa dos direitos humanos
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O Papa Francisco encerrou esta quinta-feira a sua visita de quatro dias ao Mianmar com novo apelo ao respeito pelos direitos humanos, numa Missa com cerca de 1500 jovens, na Catedral de Rangum. O pontífice desafiou as novas gerações de católicos a levar ao país a “paixão pelos direitos humanos e a justiça”. O Papa chegou ao Mianmar na segunda-feira, após uma viagem |
de quase 11 horas desde Roma, e encontrou-se nesse dia, em privado, com o Min Aung Hlaing, chefe do Exército de Mianmar, um apontamento que foi antecipado a pedido do responsável militar. No dia seguinte, Francisco pediu respeito pelos direitos e a identidade de todos os grupos étnicos do Mianmar, no seu primeiro discurso oficial no país asiático, perante líderes |
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políticos e diplomáticos. “O futuro do Mianmar deve ser a paz, uma paz fundada no respeito pela dignidade e os direitos de cada membro da sociedade, no respeito por todos os grupos étnicos e da sua identidade”, declarou, no centro de convenções de Nay Pyi Taw, capital administrativa da nação. A Conselheira de Estado e chefe de Governo de Mianmar, Aung San Suu Kyi, agradeceu, por sua vez, a visita do Papa Francisco e disse que o executivo trabalha para a reconciliação nacional, com atenção às minorias. Francisco tinha antes concedido uma audiência a 17 representantes de religiões presentes no país asiático, a quem pediu respeito pelas diferenças e rejeição de “colonizações culturais”. Na quarta-feira, o Papa presidiu Rangum à primeira Missa pública da sua viagem ao Mianmar, que reuniu cerca de 150 mil pessoas, segundo as autoridades locais, para rezar pela paz e reconciliação. “Pensamos que a cura pode vir da raiva e da vingança. Contudo, o caminho da vingança não é o caminho de Jesus, a estrada de Jesus é radicalmente diferente: quando o ódio e a rejeição o levaram à sua paixão e morte, Ele respondeu com perdão e compaixão”, afirmou. |
A viagem prosseguiu perante o Conselho Superior Sangha dos monges budistas, o órgão que reúne representantes da comunidade religiosa que é maioritária no país asiático, com uma mensagem contra a intolerância religiosa. “Se temos de estar unidos, como é nosso propósito, é preciso superar todas as formas de incompreensão, intolerância, preconceito e ódio”, disse o Papa, que ensinamentos de Buda e de São Francisco de Assis sobre a necessidade de superar o ódio com amor e perdão. Francisco encerrou o terceiro de viagem ao Mianmar com um encontro no paço arquiepiscopal de Rangum, que reuniu os 22 bispos católicos do país asiático, elogiando o seu “compromisso em favor dos pobres”, “sem olhar a religião nem etnia”. |
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Bangladesh, 500 anos de evangelização começada por missionários portugueses
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O Papa Francisco começou uma visita de quatro dias ao Bangladesh, país que em 2018 assinala 500 anos de evangelização começada por missionários portugueses. O avião que transportou a comitiva papal desde Mianmar aterrou esta quinta-feira, em Daca, pelas 15h00 locais. Antes de começar esta viagem à Ásia, que já passou pelo Mianmar, o pontífice enviou uma mensagem de “reconciliação, perdão e paz” ao Bangladesh, nação onde os católicos são 0,24% da população. João Paulo II fez a primeira viagem apostólica de um Papa ao Bangladesh, em 1986; Paulo VI esteve no aeroporto de Daca, durante cerca de uma hora, em novembro de 1970.
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O Cristianismo chegou ao Bangladesh em 1518 pela mão de comerciantes portugueses que se instalaram em Chittagong, tendo este território ficado confiado à Diocese de Cochim e Goa. Em 1598 chegaram ao país os dois primeiros missionários jesuítas, Franciesco Fernandes e Domingos de Sousa; o primeiro foi torturado e morto a 14 de novembro de 1602. Em 2001, o então patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, esteve em Daca para a cerimónia de reabertura da igreja do Santo Rosário, construída pelos missionários agostinhos em 1677. A primeira catedral instituída no Bangladesh acolhe as lápides dos missionários portugueses. |
às vítimas de graves inundações |
Papa denuncia crise
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O Papa Francisco denunciou no seu primeiro discurso no Bangladesh a “grave crise” dos refugiados vindos de Mianmar, em particular do Estado de Rakhine, numa referência à minoria ‘rohingya’. “É necessário que a comunidade internacional implemente medidas resolutivas face a esta grave crise, não só trabalhando por resolver as questões políticas que levaram à massiva deslocação de pessoas, mas também prestando imediata assistência material ao Bangladesh”, disse, no Palácio Presidencial de Daca. Após uma audiência privada com o presidente Abdul Hamid, Francisco elogiou a ajuda humanitária que o Bangladesh tem prestado à população que chega “em massa” do Mianmar e pediu maior ação da comunidade internacional. “Nenhum de nós pode deixar de estar consciente da gravidade da situação, do custo imenso exigido de sofrimentos humanos e das precárias condições de vida de tantos dos nossos irmãos e irmãs, a maioria dos quais são mulheres e crianças amontoados nos campos de refugiados”, denunciou. Francisco é o terceiro Papa a passar pelo Bangladesh, onde estiveram Paulo VI (1970) e João Paulo II (1986). |
“O Bangladesh é um Estado jovem e, todavia, ocupou sempre um lugar especial no coração dos Papas”, realçou. A intervenção saudou o clima de respeito pelas diferentes tradições e comunidades religiosas, no território bengali, apresentando como “momento privilegiado” da viagem o encontro de sexta-feira que vai reunir em Ramna responsáveis ecuménicos e inter-religiosos. Francisco desejou que seja preservada a atmosfera de “respeito mútuo” e o clima crescente de “diálogo inter-religioso”. “Num mundo onde muitas vezes a religião é – escandalosamente – usada para fomentar a divisão, revela-se ainda mais necessário um tal género de testemunho do seu poder de reconciliação e união”, prosseguiu. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Multidão de católicos saiu à rua em Rangum |
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Respeito por todos no Mianmar
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Universidade Católica,
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LOC/MTC Movimento de trabalhadores Cristãos |
Durante os anos de maior crise no nosso país muitos cristãos se interrogaram sobre o que andavam a fazer os economistas formados na Universidade Católica pois a maior parte remeteu-se ao silêncio ou apoiou as medidas que se tornaram mais prejudiciais aos trabalhadores e aos mais desfavorecidos. A Universidade Católica e a sua Faculdade de Teologia estão a celebrar 50 anos de vida. Por esta ocasião uma representação deslocou-se ao Vaticano e foi recebida pelo papa Francisco. Depois da saudação do Cardeal patriarca de Lisboa, que presidiu à delegação, o Papa respondeu com uma interpelação forte e um apelo que nascem de uma interrogação que deve obrigar, professores e alunos, a um exame sério acerca da orientação que estão a seguir. E a questão é esta: Para que serve uma universidade, mais concretamente uma Universidade Católica? Para abrir caminho à promoção pessoal dos alunos e professores ou para responsabilizar numa maior capacidade de servir os mais pobres? "É justo que nos interroguemos: Como ajudamos os nossos alunos a não olhar um grau universitário como sinónimo de maior posição, sinónimo de mais dinheiro ou maior prestígio social? Não são sinónimos. Ajudamos a ver esta preparação como sinal de maior responsabilidade perante os problemas de hoje, perante o cuidado do mais pobre, perante o cuidado do meio ambiente? Não basta realizar análises, descrições da realidade; é necessário gerar espaços de verdadeira pesquisa, debates que gerem alternativas para |
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os problemas de hoje. Como é necessário descer ao concreto!" "Queria aqui lembrar o princípio da encarnação na pele do nosso povo. As suas perguntas ajudam-nos a questionar-nos; as suas batalhas, sonhos e preocupações possuem um valor hermenêutico que não podemos ignorar, se quisermos deveras levar a cabo o princípio da encarnação. O nosso Deus escolheu este caminho: encarnou-Se neste mundo, atravessado por conflitos, injustiças e violências, atravessado por esperanças e sonhos. Por conseguinte não temos outro lugar onde O procurar a não ser no nosso mundo concreto, no vosso Portugal concreto, nas vossas cidades e aldeias, no vosso povo. É aí que Ele está a salvar” [1].
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E o concreto é a vida real das pessoas, dos trabalhadores sazonais na Comporta e no Alentejo, dos jovens sem oportunidade de construir uma família, dos idosos impotentes perante as catástrofes e os oportunistas, das vítimas de violência doméstica e tráfico humano,… o concreto é a aldeia em que nascemos, os bairros abandonados, a violência crescente, os suicídios fruto do desespero. É toda esta realidade que muitas vezes “os canudos” nomeadamente na área da economia, esquecem. E quantos padres fizeram a sua formação nesta Universidade na faculdade de Teologia? Distinguem-se pela sua opção pelos pobres? Mais uma vez, obrigado papa Francisco por este desafio.
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[1] Discurso do Papa Francisco à comunidade da Universidade Católica Portuguesa por ocasião do 50º aniversário da sua instituição, 26.10.2017 |
Sim existo… |
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Henrique Matos |
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A afirmação não tem correspondência com nenhum acontecimento mediático da atualidade, mas marcou definitivamente a semana deste que escreve. O trabalho que me leva todos os dias em busca de notícias e na missão de traduzir em linguagem televisiva ou escrita formas de ser Igreja, mostrou-me desta vez uma estratégia, tão simples como eficaz, para restaurar vidas humanas e concertar a dignidade que se julgava perdida. Em Setúbal, o Centro Social S. Francisco Xavier tem em curso um programa que desafia sem-abrigo e pessoas que enfrentam formas de exclusão, a aderir a atelieres improváveis. Expressão artística, música e fotografia são os desafios para resgatar vidas da pobreza e da exclusão social. Quando chegam ao salão do Centro Social percebo, pelos abraços e cumprimentos, que não há desconhecidos. Os estranhos, sou apenas eu e o meu operador de imagem que ali nos apresentamos de câmara e microfone. Paulo Prezado, técnico de animação cultural e social, começa a sugerir alguns exercícios… mãos que se tocam, abraços que se dão, uma proximidade que não é comum, muito menos para quem ainda habita a rua e está habituado a que todos passem ao largo e desviem o olhar. Mas aqui não… sentem o calor do outro, percebem o olhar que os fita de frente e isso acelera o coração. Ana Lúcia lembra que a estratégia é devolver os afetos, reavivar a auto estima. Esta técnica social da |
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Cáritas de Setúbal recorda como no início tudo era mais difícil mas, aos poucos, são eles que sentem a necessidade destes momentos. Regressámos a Setúbal e voltámos à mesma sala. O espaço acolhe agora um piano elétrico que Carlos Xavier está a montar. É professor de música no Instituto Politécnico de Setúbal. A sua escola tem um protocolo com a Cáritas Diocesana, mas ele está ali porque acredita que pode ser fator de mudança na vida destas pessoas. Aos primeiros acordes, Luís Miguel toma o centro da sala para interpretar um tema romântico. A vida na rua e hábitos errados, consumiram-lhe os melhores anos mas, como diz, “quando canto fico aliviado, é qualquer coisa que sai cá de dentro e me deixa mais leve”. Ana Gaspar, psicóloga na Cáritas de Setúbal, é uma das responsáveis por estas dinâmicas, reconhece que têm sido um sucesso na forma como geram mudanças |
significativas nestas vidas que muitos considerariam perdidas. Mas há ainda a fotografia, um atelier em que Fernando Pinho ensina que a máquina fotográfica pode ajudar estes homens e mulheres a reencontrar a beleza do mundo. Henrique Silva, que na música está à vontade, e é nestes atelieres, um facilitador nas interpretações musicais, lembra o comentário de um utente que os acompanhou a um espetáculo que deram num hotel de Setúbal. A proximidade com o Estabelecimento Prisional libertou a afirmação: “Tantas vezes preso, escutava a música das festas neste hotel e pensava se algum dia poderia participar em algo parecido… hoje estou neste hotel a cantar e cheguei aqui como convidado”. Nestes dias de Advento, são vidas em transformação que pode conhecer melhor no programa 70X7 deste domingo, na RTP2. |
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Já começa a cheirar a Natal um pouco por todo o lado, e nas comunidades católicas não é diferente. Muitas são as propostas de caminhadas de Advento e Campanhas de Natal, que apresentamos neste dossier do Semanário ECCLESIA. |
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Propostas de fé para preparar o Natal |
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A Igreja Católica assinala este domingo o início de um novo ano no seu calendário litúrgico, que começa com o chamado tempo do Advento, compreendendo os quatro domingos anteriores ao Natal. As três primeiras semanas, que recordam especialmente a segunda e última vinda de Cristo à Terra, esperada pelos cristãos para o fim dos tempos, tornam o Advento num tempo penitencial marcado pelo convite à vigilância, arrependimento e reconciliação com Deus. A partir de 17 de dezembro a liturgia adventícia, pautada pela cor roxa, acentua a festa do nascimento de Jesus, o Natal, que os católicos assinalam a 25 de dezembro. As leituras bíblicas proclamadas nas missas evidenciam as figuras bíblicas do profeta Isaías, de João Batista, precursor de Cristo, e de Maria, mãe de Jesus. As manifestações do Advento, palavra de origem latina que significa “vinda” ou “chegada”, expressam-se na coroa de ramos verdes com quatro velas, que se acendem aos domingos, bem como na armação do presépio, entre outras práticas.
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Angra |
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As crianças da catequese na Diocese de Angra vão ser convidadas a fazer um “pé-de-meia” durante a preparação do Natal, para ajudar as Obras Missionária Pontifícias. “A ideia dos mealheiros de Natal na catequese não é nova mas este ano ganha um novo entusiasmo porque as crianças são convidadas a pouparem para ajudarem outras crianças”, refere o sítio ‘Igreja Açores, que apresenta a iniciativa em conversa com o responsável diocesano pela Evangelização e Catequese, padre Jacob Vasconcelos. “Distribuímos os tradicionais por todas as paróquias açorianas; as crianças agora vão montar os seus mealheiros, pintá-los e decorá-los e no dia 7 de janeiro, em que se celebra a Epifania do Senhor, devolvem-nos às catequistas e o produto dessa renúncia do Advento será enviado |
para Roma”, disse o sacerdote. O objetivo da atividade é colocar crianças a ajudar outras crianças, criando “uma noção de solidariedade” adianta ainda o padre Jacob Vasconcelos. A iniciativa vai ser concretizada com a ajuda de cada pároco e a sua equipa de catequistas, nas quatro semanas que antecedem a celebração do Natal. O Serviço da Catequese, Evangelização e Missão da Diocese de Angra lançou uma campanha de Advento com propostas de oração em família. Depois de vários pedidos nasceu a Campanha para “facilitar o encontro, sobretudo através da oração em família. Complementarmente, sugerimos uma iniciativa simples para fomentar a relação da catequese com a comunidade cristã”; explicou o padre Jacob Vasconcelos ao sítio ‘Igreja Açores'. |
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Braga |
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O Departamento para Ministros Extraordinários da Comunhão e Ministérios Litúrgicos da Arquidiocese de Braga elaborou a caminhada de Advento e Natal que tem como tema «Da Espera ao Encontro». O Advento, que prepara os cristãos para a celebração do Natal, é um tempo que “ensina e educa para a espera” e do programa pastoral diocesano “sobressaem duas palavras-chave: esperança e encontro”. Assim se “tecerá a dinâmica do Advento e Natal” para este ano que parte da espera e caminha até ao encontro, frisa a nota. No Advento, como provocação, faz-se uma
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pergunta: “Quem esperas?” e no Natal, como “compromisso e vivência”, passa-se ao encontro: “ir ao encontro do Homem, nas suas mais sensíveis presenças”. Para significar a espera o departamento colocou a “imagem simbólica” do banco que traduz o lugar onde as pessoas se sentam, “não só para descansar, mas também para esperar”. O Advento há de ser também “vivido em família” e para o efeito, o guião sugere que se “crie o cantinho de oração, colocando nesse espaço um banco”. “Não esquecer a Bíblia aberta e uma vela, este representará a espera e ao mesmo tempo o lugar de sentar, de rezar, de esperar”, sublinha o guião desta caminhada de Advento e Natal. O documento propõe também que “se prepare e se faça uma boa catequese sobre o Advento/Natal, tendo como base a dinâmica da comunidade”. Como sugestão, salienta-se as dinâmicas de solidariedade, a “campanha da Infância Missionária e a construção paulatina do presépio...” |
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Coimbra |
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O Secretariado Diocesano de Evangelização e Catequese de Coimbra propõe que no Advento 2017 se entregue na “casa de familiares, amigos e vizinhos” uma vela e um marcador de porta que tem “um sentido novo”. “A ideia é que, em família se faça uma coroa de Advento, que pode consistir apenas em colocar a vela numa taça com água, se medite, diariamente, um texto bíblico e se reze a breve oração que vai no marcador”, explica Para que a vela e o marcador chegarem aos lares da diocese, o secretariado de Evangelização e Catequese de Coimbra desafia os catequizandos, catequistas e outras pessoas a ir à casa de familiares, amigos e vizinhos após a missa dominical. ‘Deixa Deus entrar’ é o tema da caminhada de Advento 2017, por isso, o marcador de porta que, normalmente, se coloca para “proibir alguém de entrar em casa” tem “um sentido novo” de dizer que Deus uma “Pessoa especial quer entrar” em casa, no coração e no quarto. Já a nível comunitário nas igrejas, o Secretariado Diocesano de Evangelização e Catequese de Coimbra sugere que se coloque o cartaz da |
campanha de Advento “em local visível” e no início da celebração se acendam, progressivamente, as velas da coroa e após a Comunhão rezem a oração proposta no marcador. O guião incentiva também a uma recolha de donativos “a favor das vítimas dos incêndios”, para entregar à Caritas Diocesana de Coimbra. Como objetivos para além de compreender-se “o verdadeiro significado do Natal”, a caminhada quer, por exemplo, o compromisso em levar “a verdade” a quem celebra o Natal “com outras motivações” e que exista comunhão com os objetivos do Plano Pastoral Diocesano ‘Evangelização e espiritualidade’. |
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Leiria-Fátima
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O Serviço Diocesano de Catequese (SDC) de Leiria-Fátima propõe às crianças e os adolescentes das comunidades locais a “construção progressiva” do presépio comunitário, na sala do centro de catequese ou na igreja e no espaço familiar, durante o Advento 2017. “O presépio será, não apenas o lugar da memória agradecida pela vinda de Jesus Cristo que, para nós e pela nossa salvação, Se fez homem e habitou no meio de nós, mas também de todos aqueles que foram testemunhas da fé e nos transmitiram a alegria de acreditar”, explica o SDC no seu sítio online. O Serviço Diocesano de Catequese de Leiria-Fátima informa que a iniciativa pretende “aprofundar” a “consciência de ser Diocese”, que está a celebrar o centenário da sua restauração, uma vez que as 75 paróquias vão fazer o” mesmo caminho rumo ao Natal do Senhor”. Em ‘A alegria de recordar e agradecer, em Igreja, o nascimento de Jesus’ é proposto que as crianças e os adolescentes construam progressivamente o presépio |
comunitário - “na sala, centro de catequese, ou igreja, e no espaço familiar” – com um “breve momento de reflexão e oração”. O SDC de Leiria-Fátima propõe na igreja, com a participação da comunidade, a bênção das imagens centrais do presépio: “Nossa Senhora, São José e Menino Jesus”. |
Porto |
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A proposta de caminhada para o Advento e Natal deste ano, da Diocese do Porto, incentiva as comunidades a fazerem da Igreja Católica uma “verdadeira casa de família” e lembra a solidariedade que deve marcar esta quadra. Num programa ainda com a marca de D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto falecido em setembro, é dada especial atenção aos mais necessitados, com a sugestão da criação de “um pé-de-meia, em cada ou na Igreja, onde semana a semana, em família e em comunidade, se partilhem os bens necessários”. Esses bens serão depois repartidos,
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sobretudo pelas “famílias mais pobres da comunidade”, numa “semana mais próxima do Natal”. A Diocese do Porto recorda a relação que deve existir “entre Eucaristia e Caridade” e nesse sentido considera que “seria interessante manter à entrada da Igreja algum recipiente para depósito dos bens partilhados”. “Desde o princípio, com o pão e o vinho para a Eucaristia, os cristãos trazem as suas ofertas para a partilha com os necessitados. Este costume, sempre atual, da coleta inspira-se no exemplo de Cristo, que Se fez pobre para nos enriquecer”, pode ler-se. |
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Porto
A proposta de caminhada para o Advento e Natal deste ano, da Diocese do Porto, incentiva as comunidades a fazerem da Igreja Católica uma “verdadeira casa de família” e lembra a solidariedade que deve marcar esta quadra.
Num programa ainda com a marca de D. António Francisco dos Santos, bispo do Porto falecido em setembro, é dada especial atenção aos mais necessitados, com a sugestão da criação de “um pé-de-meia, em cada ou na Igreja, onde semana a semana, em família e em comunidade, se partilhem os bens necessários”. Esses bens serão depois repartidos, sobretudo pelas “famílias mais pobres da comunidade”, numa “semana mais próxima do Natal”.
A Diocese do Porto recorda a relação que deve existir “entre Eucaristia e Caridade” e nesse sentido considera que “seria interessante manter à entrada da Igreja algum recipiente para depósito dos bens partilhados”. “Desde o princípio, com o pão e o vinho para a Eucaristia, os cristãos trazem as suas ofertas para a partilha com os necessitados. Este costume, sempre atual, da coleta inspira-se no exemplo de Cristo, que Se fez pobre para nos enriquecer”, pode ler-se.
Viana
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A Diocese de Viana do Castelo propõe uma dinâmica para o tempo do Advento e do Natal, ‘Agradece, somos Igreja’, com a perspetiva de envolver os diocesanos na “valorização da sua identidade comum” e na construção do presépio. “Se uma Diocese é a porção do povo de Deus, constituída por um conjunto de cristãos, |
confiada ao bispo, também a dinâmica para o Advento e Natal versará a consciencialização de cada cristão sobre esta realidade a que pertence”, explica uma nota da Diocese de Viana do Castelo, que está a comemorar os 40 anos de criação. O roteiro do Advento e Natal mobiliza os diocesanos desde o primeiro |
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Domingo do Advento, a 3 de dezembro, até ao Batismo do Senhor, no dia 8 de janeiro de 2018. Este ano a proposta é a construção de uma cabana do presépio, em cinco passos, onde em cada passo surge um elemento novo para a sua construção: Domingos do Advento a construção das paredes e no Dia de Natal a construção do telhado/cobertura/parte superior. A dinâmica construtiva é acompanhada de uma frase do Evangelho e um hashtag (marcador) como “elemento cativador” e vão surgir as expressões: 1.º #SouPedraViva; 2.º #SouIgrejaDoméstica; 3.º #SouIgrejaParoquial; 4.º #SouIgrejaDiocesana (Advento) e 5.º #SouCristão (Natal). A diocese para as principais celebrações propõe também uma reflexão, que “poderá ser lida no Ato |
Penitencial”, uma Oração, adaptada para a Ação de Graças ou para integrar na Oração Universal. É apresentado também uma “atitude concreta” para desafiar a comunidade e uma proposta para se realizar em família e, em algumas celebrações, existem orientações para os grupos de jovens, catequese e da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica - EMRC. A diocese com a proposta intitulada ‘Agradece, somos Igreja’ tem como objetivo “ajudar” a preparar as dinâmicas de Advento e Natal de cada comunidade; valorizar a Palavra no dia-a-dia das pessoas. “Fortalecer a consciência diocesana a partir da valorização da sua identidade” e envolver as comunidades paroquiais numa dinâmica diocesana comum, são outros objetivos do guião publicado no sítio online da Igreja Católica no Alto Minho. |
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Apostolado de Oração
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O Apostolado de Oração vai lançar no dia 03 de dezembro uma campanha de Advento, traduzida numa proposta diária de oração que pode ser recebida através de correio eletrónico. Em declarações à Agência ECCLESIA, o secretário nacional do Apostolado de Oração em Portugal referiu que esta iniciativa, que vai decorrer até 25 de dezembro, “vem ao encontro de uma das missões centrais do Apostolado da Oração - Rede Mundial de Oração do Papa - que é a promoção da oração pessoal dos cristãos”. As orações que serão postas à disposição das pessoas “consiste numa proposta diária de oração a partir da Antífona de cada dia”, com as meditações a estarem a cargo do padre jesuíta Manuel Losa. “Esta campanha, ao ter como ponto
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de partida a antífona da Eucaristia, ajuda também a sintonizar com o espírito litúrgico do Advento vivido em Igreja “, realça o padre António Valério. Enquanto “porta de entrada” para a celebração litúrgica, cada antífona assume-se também como desafio para uma jornada pessoal e espiritual que cada pessoa é convidada “a fazer até ao Natal”, acrescenta aquele responsável. Quem estiver interessado em receber as propostas diárias de oração, que o Apostolado de Oração vai disponibilizar durante o Advento, pode inscrever-se num formulário já disponibilizado online. Todos os conteúdos estarão também disponíveis no site do Apostolado de Oração e na sua página na rede social facebook. |
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«Pax Christi» |
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A Pax Christi Portugal publicou a sua proposta de caminhada para o Advento 2017, alertando para uma violência “intrínseca” ao modo como “a sociedade moderna se organiza e se desenvolve”. “A violência pode-se expressar de maneiras diferentes e a variados níveis: marginalização e opressão, conflitos militares e terrorismo, alterações climáticas e degradação ambiental, desigualdade e pobreza, agressão interpessoal”, alerta o movimento católico. Na caminhada enviada à Agência ECCLESIA, a Pax Christi Portugal informa que os contributos para a celebração do Advento 2017 têm como ideia central a temática da paz e podem ser vividos na paróquia, em família ou em grupo. Para cada uma das quatro semanas do Advento, em ‘Percorramos o caminho |
da não-violência…’, o movimento propõe que o encontro comece com uma passagem da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz 2017 e continua com uma reflexão, um gesto pela paz, uma oração e a bênção final. O comunicado realça que ao contrário do que “o mundo pretende fazer crer”, a violência gera sempre mais violência, “como a história o tem demonstrado” e cita o pontífice argentino: “A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado”. “É utópico pensar que o recurso à violência possa ajudar a resolver os problemas que a humanidade enfrenta atualmente a nível global. […] É, pois, premente enveredar por um caminho diferente, o da não-violência ativa e criativa”, desenvolve o movimento católico. |
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Por um Natal solidário
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A Cáritas Portuguesa lança pelo 15º ano consecutivo a campanha de Natal “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz”, focada no apoio a pessoas fragilizadas e, este ano, às vítimas dos incêndios florestais. A operação arrancou publicamente, em 2017, por ocasião do I Dia Mundial dos Pobres, que foi assinalado em Lisboa por várias organizações católicas e personalidades públicas. “Num momento único em que várias personalidades, como o selecionador nacional Fernando Santos, a deputada Maria da Luz Rosinha e o cantor |
Carlos Alberto Moniz, se juntaram a dezenas de outros participantes para assinalar o Dia Mundial dos Pobres, a Cáritas Portuguesa reforça a mensagem ao lançar a sua campanha mais icónica de angariação de fundos para auxílio dos mais necessitados”, refere um comunicado da instituição. Durantes os meses de novembro, dezembro e início de janeiro vai ser possível adquirir uma vela, pelo valor simbólico de 1 euro, ou de um pack de 4 velas por 4 euros, nas Cáritas Diocesanas, escolas e paróquias aderentes e na cadeia de |
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supermercados Pingo Doce, que se mantém como parceiro da Cáritas Portuguesa. “Quisemos assinalar condignamente o Dia Mundial dos Pobres para chamar a atenção para a necessidade de encararmos o flagelo social causado pela pobreza” explica Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa. “Não havia momento melhor para lançarmos a nossa campanha de Natal ‘10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz’, que procura ser um contributo para que a Paz esteja no centro das nossas vidas e seja promotora de uma sociedade mais justa”, acrescenta, em declarações enviadas à Agência ECCLESIA. 65% do total de verbas recolhidas com a venda das velas vai reverter para cada Cáritas Diocesana e para os seus projetos nacionais; 35% irá apoiar as vítimas dos fogos dos últimos meses na região centro do país. Em 2017, a Cáritas Portuguesa associa-se ao Corpo Nacional de |
Escutas - Escutismo Católico Português na vivência da iniciativa “Luz da Paz de Belém”. “Escuteiros de diferentes países da Europa e de outros continentes distribuem a Luz da Paz, acesa todos os anos na Gruta da Natividade de Jesus, em Belém. E depois a fazem chegar aos seus respetivos países, partilhando com as suas comunidades uma mensagem de Paz, Amor e Esperança”, explica a nota informativa. Em parceria e esforço conjunto das Juntas Regionais do CNE e das Cáritas Diocesanas, a Luz “continuará o seu percurso de partilha e chegará às instituições, casas, famílias e a cada um”. “Gostava de deixar o apelo para que, na Noite de 24 de dezembro, acendêssemos todo uma destas velas e a colocássemos junto a uma janela, como símbolo do desejo e compromisso efetivo de construir a Paz no Mundo”, conclui Eugénio Fonseca.
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Presentes solidários |
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A Fundação Fé e Cooperação (FEC) iniciou a campanha “Presentes Solidários 2017” para dar resposta a “necessidades prioritárias” em 10 países, através da oferta de 13 bens de primeira necessidade. “No Catálogo de 2017 é possível oferecer livros para biblioteca no Brasil, lençóis e toalhas para São Tomé e Príncipe, cimento e tijolos para o Iraque, entre tantos outros”, refere a FEC em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, acrescentando que os 13 presentes têm um custo entre os 7€ os 340€. De acordo com a FEC, “esta é uma |
oportunidade de contribuir de forma efetiva para a melhoria das condições de vida de muitas famílias vulneráveis que vivem nos países lusófonos e no Iraque”. “A campanha Presentes Solidários apela às responsabilidades, individuais e coletivas, na construção de um mundo mais justo”, acrescenta a organização da Conferência Episcopal Portuguesa. A campanha “Presentes Solidários” iniciou em 2006 e contribuiu com mais de 30 mil presentes solidários destinados a comunidades de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, |
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Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Sudão do Sul e Iraque, dando resposta “às mais diversas necessidades nas áreas da educação, saúde, alimentação e infraestruturas”. Com o slogan “dar a duplicar!”, a campanha consiste na aquisição de um dos 13 presentes disponíveis no catálogo deste ano e fazer a sua encomenda em nome de um amigo ou familiar, que “receberá um postal ilustrado com a indicação do presente oferecido” ao mesmo tempo que o presente é encaminhado para a comunidade a que se destina. |
“Deste modo, estará a dar a duplicar: contribui com o seu dinheiro para que uma família ou comunidade desfavorecida receba algo que lhe é verdadeiramente necessário e, simultaneamente, está ainda a surpreender o seu amigo, colega ou familiar com um postal ilustrado com a indicação do presente oferecido em seu nome, e com uma mensagem personalizada”, concluiu a FEC. Todas as informações sobre a campanha estão disponíveis em www.presentessolidarios.pt e www.facebook.com/ presentessolidarios. |
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Prenda solidáriaUm projeto de Natal que envolve várias entidades públicas, como a Rádio Televisão Portuguesa (RTP) e a Energias de Portugal (EDP), vai permitir aos portugueses oferecer uma “prenda solidária” a 30 instituições de solidariedade. De acordo com um comunicado enviado à Agência ECCLESIA, esta quadra natalícia “os portugueses vão poder oferecer uma prenda que permite à pessoa que a recebe doar o seu valor monetário a uma instituição de solidariedade à sua escolha, de entre um leque de 30 entidades das mais variadas áreas de intervenção social”. Entre as instituições de solidariedade social abrangidas por esta iniciativa estão organismos como a Liga Portuguesa contra a Sida, a Cruz Vermelha Portuguesa, a Liga Portuguesa Contra o Cancro, a Comunidade Vida e Paz, a Alzheimer Portugal, a Associação CAIS, a Ajuda de Berço e as Aldeias de Crianças SOS.
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Fundação AIS |
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O secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) vai dedicar a sua campanha de Natal 2017 à reconstrução das casas de comunidades cristãs vítimas do autoproclamado Estado Islâmico no Iraque. Catarina Martins, diretora deste secretariado nacional, fala numa “campanha de sensibilização” da opinião pública para evitar “o fim da comunidade cristã” no Iraque. “Podemos estar a assistir hoje a momentos tragicamente históricos”, adverte a responsável. Calcula-se que aproximadamente 12 mil famílias – cerca de 95 mil pessoas – foram forçadas a fugir, no verão de 2014, abandonando tudo o que tinham, por causa da conquista da região pelos jihadistas. “É agora o momento de ajudar estas famílias a voltar”, defende Catarina Martins, evitando que as suas casas sejam ocupadas por outras pessoas. A fundação pontifícia AIS promove a nível internacional uma “grande ação” de solidariedade com a minoria cristã, após a libertação da Planície de Nínive, |
intitulada ‘Iraque, o regresso às raízes. Uma comunidade que fugiu maioritariamente para o Curdistão, onde a Igreja Católica não apoia apenas os que são cristãos, mas “continua aberta a ajudar todas as pessoas”. Catarina Martins sublinha esta mensagem de “perdão e de amor ao próximo”, considerando que os cerca de 200 a 300 mil cristãos atualmente no Iraque representam uma “comunidade extremamente pequena mas com um papel extraordinário neste trabalho de reconciliação”. O projeto vista a reconstrução de 13 mil casas total ou parcialmente destruídas, num esforço de cerca de 250 milhões de dólares. |
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RFM |
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A rádio RFM, do grupo Renascença, quer apoiar a Comunidade Vida e Paz através da campanha de Natal que lança este ano «Natal a meias», em parceria com a marca italiana de legwear Calzedonia. Com uma produção de 120 mil pares de meias "exclusivas para o projeto", que estarão disponíveis em quatro versões, as duas organizadoras pretendem atingir 300 mil euros que se destinam a financiar três projetos da instituição particular de solidariedade social do Patriarcado de Lisboa. A marca produziu quatro produtos: um para mulher, um para homem, um para menina e outro para menino, |
sendo que o valor unitário é de 5 euros por cada par de meias e metade desse valor será entregue à Comunidade Vida e Paz, destaca um comunicado enviado à Agência ECCLESIA. As entidades promotoras apresentam como objetivo 300 mil euros que serão destinados a "financiar três grandes projetos da instituição" solidária, nomeadamente a comunidade terapêutica do Centro de Tomada, possibilitar condições de empregabilidade na Quinta do Espírito Santo e assegurar um projeto de agricultura biológica com um modelo " de negócio autossustentável para consumo próprio e externo".
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Renascença, MEGA HITS
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A Campanha de Natal da Renascença, da MEGA HITS e da Rádio Sim visa ajudar a casa do Porto da Acreditar – Associação de Crianças com Cancro. Mais do que um simples edifício, |
esta Casa é uma família. Um “porto de abrigo” para crianças e jovens com cancro e respetivos familiares que, no decorrer dos tratamentos, fazem deste local a sua residência temporária. |
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De forma a dar o seu contributo, as 3 rádios do Grupo Renascença Multimédia pretendem ajudar em concreto a casa do Porto da Acreditar, uma habitação com 16 quartos que, anualmente, tem de fazer face a muitos custos de manutenção, uma vez que as famílias não pagam a estadia nestas casas. A completar um ano de existência (foi inaugurada a 15 de fevereiro deste ano), a Casa Acreditar do Porto depende apenas do apoio e boa vontade de mecenas e de todos quanto colaboram e contribuem para ações e campanhas. Neste Natal, a Renascença a MEGA HITS e a Rádio Sim contam com a ajuda e a participação de todos os |
portugueses, através de donativos, que podem ser feitos através da conta Acreditar, cujo número de conta é o 0035 0259 0021 5913, através do IBAN – PT50 0035 0259 00002159 130 03, ou ainda pelo Multibanco, inserindo a Entidade 21 808 e a referência 808 808 808. Para o padre Américo Aguiar, presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia, “poder ajudar quem ajuda os outros é para nós, motivo de orgulho e de esperança”. “Contar com a ajuda de quem nos ouve é determinante para o sucesso das nossas campanhas! Muito obrigado a todos os nossos ouvintes que já participaram ou irão participar nas campanhas deste Natal!”. |
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A, B, C… Alfabeto do Advento |
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Assim começa o alfabeto que aprendemos na Escola mas também daqui nasceu a ideia da nova dinâmica dos programas de rádio ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública. De segunda a sexta-feira, pelas 22h45, o programa é preenchido por uma conversa que vai percorrendo as várias letras, sendo estas iniciais de palavras relacionadas com o tempo de preparação para o Natal. A dinâmica recorre às letras, ponto de partida de todas as palavras com que os jornalistas preenchem as notícias de cada dia, e tudo o que se escreve. Se o alfabeto é o ponto de partida para a escrita, também o advento é o ponto de partida para a vida do cristão. Nos 15 dias úteis do advento as letras vão dando o mote para a conversa com um sacerdote, uma consagrada e duas leigas que aceitaram o convite de, ao microfone da Ecclesia, darem a conhecer experiências, vivências, opiniões e até troca de receitas de natal. Palavras como Belém, consoada, iluminações, José, noite, ovelhas ou rabanadas são explicadas e comentadas pelos convidados, em |
conversa intimista, onde se insere um momento de música, temas escolhidos pelos convidados. “Ficava encantado com as luzes de natal e depois as luzes até começaram a ter música associada… “ Hoje a luz que ilumina a vida do sacerdote convidado é outra mas os olhos de criança continuam a deixar ver a simplicidade deste tempo. “As filhoses são um doce em óleo muito quente, massa feita com farinha, deixa-se aquecer muito bem a forma, agarra bem a massa, vai ao azeite a fritar e depois desprende-se, põe-se açúcar e canela”, é uma receita deixada no ar pela consagrada, uma memória de infância partilhada. Estas histórias e vivências trazem à Antena 1 o tempo de advento, tendo como nascente o alfabeto e a desaguar no nascimento de Jesus. Conversas que trazem a fé para o quotidiano e os dias para a espiritualidade deste tempo. Neste texto não divulgamos ainda os nomes dos convidados, sempre uma surpresa a cada semana, uma forma de ir entusiasmando quem nos ouve e dar a oportunidade de nos ir seguindo no facebook da Ecclesia. |
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Como viver o tempo da espera |
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O primeiro domingo do Advento abre o novo ano litúrgico. No rito romano são quatro os domingos do Advento, que no rito ambrosiano, em Milão, já começou a 12 de novembro. «Um dos temas mais sugestivos do tempo do Advento» é a «visita do Senhor à humanidade», explicou o ano passado o papa Francisco no seu primeiro Ângelus do Advento, na Praça de S. Pedro. E convidou à «sobriedade, a não ser dominado pelas coisas deste mundo, pelas realidades materiais». E numa das homilias durante a missa matutina na casa de Santa Marta, Francisco indicou que «a graça que nós queremos no Advento»: «caminhar e andar ao encontro do Senhor», ou seja, «um tempo para não se estar parado».
A liturgiaA cor dos paramentos litúrgicos do clero é o roxo. No terceiro domingo do Advento, o denominado domingo “Gaudete”, pode usar-se, facultativamente o rosa, representando a alegria pela vinda de Cristo. Nas celebrações eucarísticas não é recitado o Glória, de maneira que este hino antiquíssimo ressoe mais vivamente na missa da noite |
da solenidade do nascimento de Jesus. Fogem a estes preceitos as solenidades agendadas para o tempo do Advento. Em Portugal, por exemplo, no dia 8 de dezembro celebra-se a Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria, padroeira principal do país e das dioceses de Évora, Santarém, Setúbal e Vila Real. Os paramentos são brancos e recita-se o Glória. Os nomes tradicionais dos domingos do Advento são extraídos das primeiras palavras da antífona de entrada na missa (que, muitas vezes, não são proferidas, especialmente quando as celebrações são cantadas). O primeiro domingo é dito do “Ad te levavi” (“A ti elevo” [a minha alma], Salmo 25; o segundo domingo é chamado de “Populus Sion” (“Povo de Sião”, Isaías 30, 19.30); o terceiro domingo é o do “Gaudete” (“Alegrai-vos”, Filipenses 4, 4.5); o quarto domingo é o do “Rorate” (“Infundi” [a vossa graça em nossas almas], Isaías 45, 8).
A origem do AdventoO termo Advento deriva da palavra “vinda”, em latim “adventus”. O |
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vocábulo pode traduzir-se por “presença”, “chegada”, “vinda”. Na linguagem do mundo antigo era um termo técnico utilizado para indicar a chegada de um funcionário, a visita do rei ou do imperador a uma província. Mas podia indicar também a vinda da divindade, que desce do seu escondimento para manifestar-se com poder, ou que é celebrada presente no culto. Os cristãos adotaram a palavra Advento para exprimir a sua relação com Cristo: Jesus é o Rei, entrado nesta pobre “província” denominada de “Terra” para todos visitar; na festa do seu advento faz participar |
todos os que creem nele. Com a palavra “adventus” queria-se substancialmente dizer: Deus está aqui, não se retirou do mundo, não nos deixou sós. Mesmo que não o possamos ver e tocar como acontece com as realidades sensíveis, Ele está aqui e vem visitar-nos de múltiplos modos.
O tempo da espera e as leiturasO Advento é o tempo da espera, celebrando a vinda de Deus nos seus dois momentos: a primeira parte do Advento convida a despertar a espera |
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do regresso glorioso de Cristo; depois, aproximando-se o Natal, a segunda parte remete para o mistério da Incarnação (Jesus que se faz carne) e apela a acolher o Verbo feito homem para a salvação de todos. Isto é explicado no primeiro prefácio do Advento, ou seja, a oração que “abre” a liturgia eucarística dentro da missa, após o Ofertório. Nela sublinha-se que o Senhor «veio a primeira vez, na humildade da natureza humana, realizar o eterno desígnio do vosso amor e abrir-nos o caminho da salvação; de novo há de vir, no |
esplendor da sua glória, para nos dar em plenitude os bens prometidos que, entretanto, vigilantes na fé, ousamos esperar». As leituras bíblicas das missas – em 2017 são seguidas as do ano litúrgico B – testemunham esta divisão do Advento. Até ao terceiro domingo a liturgia focaliza-se na espera do regresso do Senhor. Depois marca de maneira mais específica a espera e o nascimento de Jesus. No primeiro domingo o Evangelho (Marcos 13, 33-37) tem no centro a palavra de Cristo: «Vigiai, não sabeis quando regressará |
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o dono da casa». No segundo domingo o Evangelho (Marcos 1, 1-8) detém-se sobre o Batismo e sobre as palavras de João Batista no rio Jordão: «Depois de mim vem aquele que é mais forte do que eu: eu não sou digno de me inclinar para desatar as suas sandálias». No terceiro domingo o Evangelho (João 1, 6-8. 19-28) tem ainda no centro João Batista, que «vem como testemunha para dar testemunho da luz» e que, interrogado pelos judeus, diz: «No meio de vós está alguém que não conheceis». O Evangelho do último domingo (Lucas 1, 26-38) é o da Anunciação e tem como eixo a figura de Maria.
Maria, ícone do AdventoO tempo do Advento tem como ícone a Virgem. O papa Francisco realçou que «Maria é o “caminho” que o próprio Deus se preparou para vir ao mundo» e é «ela que tornou possível a incarnação do Filho de Deus, “a revelação do mistério, envolvido no silêncio durante séculos eternos” (Romanos 16, 25)» graças «ao seu “sim” humilde e corajoso». A presença da solenidade da Imaculada |
Conceição faz parte do mistério que o Advento celebra: Maria é protótipo da humanidade redimida, o fruto mais excelso da vinda redentora de Cristo.
Giacomo Gambassi, “Avvenire" Tradução: Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura |
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Voluntariado é para ser levado
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Agência ECCLESIA (AE) – Vamos começar pelo seu início, quando percebeu a primeira vontade de fazer voluntariado. Consegue identificar? Catarina Dias (CD) – Sou voluntária desde muito cedo porque comecei como animadora dos grupos de jovens do Campo Grande (Lisboa), fazia parte dos grupos desde os 14 anos, e fui animadora voluntária durante 10 anos. Desde então sempre tive um prazer enorme em trabalhar de graça, digamos assim. Para mim ser voluntário não basta ter um coração muito grande ou muito boa-vontade é preciso formação, investir competências, levar tão a sério como se fosse um trabalho. |
Porque as responsabilidades e o que se pretende fazer também será muito sério. Na minha opinião é preciso ser algo que se leva muito a sério, que se investe.
AE – O voluntário não é só um voluntarista? CD – Não. Um voluntário é alguém que está atento aquilo que se passa à sua volta, que deixasse sensibilizar, deixasse tocar por essa realidade e que se recusa a não fazer nada, a ser indiferente. Fá-lo de graça, tem muitas outras recompensas mas não tem a recompensa monetária.
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AE – Um trabalho gratuito, como referiu, que coloca no centro a pessoa? CD – Sim, também há pessoas que fazem voluntariado na área do ambiente e dos animais…
AE – Ou em tarefas burocráticas… CD – Exatamente.
AE – Mas no seu caso especifico tinha de ser com pessoas? CD – Eu gosto de estar no meio das pessoas, com as pessoas e trabalhar para as pessoas que apresentam alguma vulnerabilidade ou vivem uma situação muito complicada e muito difícil da sua vida e onde acho que faz sentido que possa ser útil. Onde me sinta mais útil também. O meu voluntariado tem sido todo com pessoas. Sou assistente social.
AE – Sempre com esta componente cristã? CD – Sim, eu venho de uma família que é metade agnóstica e metade ateia…
AE – O que é um grande desafio? CD – Sim, digo sempre que a minha família é das que mais me ajudam |
a ser cristãs e católica. Como são pessoas, os meus irmãos e os meus pais, não ligam muito a estas coisas, têm uma ideia um bocadinho dura da Igreja Católica e já que me assumo como Cristã Católica, que seja coerente.
AE – Tem de estar muito certa das razões da sua fé. CD – Praticar, acima de tudo. Para eles não basta só a pessoa ter um palavreado muito bonito, é mais importante praticar do que falar muito.
AE – Isso tem-na desafiado ao longo da sua vida cristã, procurar motivos para a sua fé e ações concretas? CD – Sou cristã, sou católica também porque cresci na fraternidade Missionária Verbum Dei que me apresentou Deus e deu oportunidade de crescer na relação com Deus. Sou Cristã Católica pela experiência de viver, de me sentir acompanhada. Nunca me senti sozinha, por muito que tenha muitas relações à minha volta, por ter a experiência que há alguém que me conduz e desafia também. Por isso, com muitas ou poucas razões o mais importante |
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é a experiência afetiva. Da fé afetiva e também de ter, ao mesmo tempo, na minha vida, sentido que valia a pena acreditar num Deus como o pai de Jesus.
AE – Sente que o voluntariado de cariz católico é diferente do voluntariado, por exemplo, do voluntariado no Gabinete de Desenvolvimento do Aluno onde trabalha agora na Faculdade de Economia e Gestão, da Universidade Nova de Lisboa? CD – O programa do voluntariado - primeiro não tem nenhuma conotação nem religiosa, nem política. Depois tem outra característica muito interessante, as pessoas quando se candidatam é voluntariamente, não há nenhuma obrigatoriedade e cada um vai com a sua motivação pessoal, que não é melhor, nem pior do que outras. Isso é importante. Nunca sabemos como experiência o que é que marca a pessoa e por muito que às vezes os alunos procurem o programa que é bonito ter no CV que se fez voluntariado e, agora, as empresas supostamente valorizam imenso, a verdade é que se disponibilizam. Nunca se sabe o que da experiência fica e o que vai marcar aquele aluno ou aluna, e nunca se sabe se mais |
tarde dá uma volta na vida, se abre a outras realidades e orienta a sua carreira profissional não para o topo dos topos, mas para colocar-se ao serviço dos outros através de gestão, de economia...
AE – E mais sensível à necessidade dos outros? CD – Sim, por isso não há umas motivações mais certas ou erradas. Cada um tem a sua e o que sinto, se olhar para a minha vida, faz toda a diferença fazer voluntariado tendo uma componente espiritual e católica e cristã. Nas situações em que estive, faz toda a diferença sentir-me enviada não só por uma organização, mas por outro, por Deus. Nas horas difíceis a quem a pessoa se agarra é à fé. Nunca fui sozinha, mas a verdade é que faz toda a diferença na forma de olhar os outros, ter tido clareza para perceber qual era o meu papel nestas situações. Haver um outro que envia, não vou só por mim e pelas minhas forças e pelo que acho interessante. Há uma companhia que é muito importante.
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AE – Estava a trabalhar quando se despediu para partir em missão com os Leigos para o Desenvolvimento, uma organização católica não-governamental para o desenvolvimento. O que a motivou a mudar de vida? CD – Quando estava a fazer a formação com os Leigos, de sensivelmente 9 meses, e estava a trabalhar na Misericórdia de Lisboa, pedi uma licença sem vencimento e percebi que não iam dar, e confirmou-se. Foi em 2009/10 era uma altura de crise e a política era essa mas, na altura, na fiquei muito chateada, |
como queria tanto ir. E ter a confirmação que os Leigos me tinham selecionado para ir, não me custou de todo despedir-me. Senti que o caminho era por ali. Também é verdade que arrisquei nesta missão porque não estava satisfeita com a forma de ser Assistente Social naquele sítio específico, não era a minha pele, ser assistente social era outra coisa diferente, não era daqueles moldes. Não foi assim tão difícil.
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Da formação em Portugal à missão no terreno em AngolaAE – Esteve durante dois anos como voluntária em Benguela com os Leigos para o Desenvolvimento. A formação de nove meses é fundamental para que o voluntário possa partir mais consciente do que vai encontrar e da transformação que vai sentir? CD – Sim, a formação é longa, mas é um caminho para que cada um possa discernir se a missão é para si, qual é a sua motivação, se é para África que querem ir, se é com a organização que querem estar, porque tem uma forma de estar muito própria, como qualquer uma, e se de facto Deus o chama a ir por ali. A missão pode não ser fora de casa, fora do país. Este tempo é fundamental para as pessoas perceberem isso. Também é muito rico em que as pessoas se conhecem a si próprios. Alguns têm mais experiência outros menos mas todos abrem-se à relação com Deus e à construção de quem é Deus e alimentar esta relação. Os voluntários ganham muitas ferramentas a nível do discernimento espiritual, comunitário, da tomada de decisões. Aprofundam uma parte de relação com os outros, conhecem-se a si e aos outros, e de construção da comunidade. |
Há uma parte final que são os projetos dos Leigos - organização, princípios, valores – e depois há uma outra dos projetos, o que é que fazem exatamente. O mais importante não é que a pessoa tenha aprendido muitas técnicas ou que saibam gerir projetos ou coordenar. O mais importante é que consiga discernir concretamente se é com esta organização e se a sua missão é por aqui que quer fazer esta missão que é um ano em África no meio das pessoas, com as pessoas, a trabalhar para as pessoas e com elas e em comunidade. Um ano a viver com pessoas que não são da nossa família… Só no fim é que se sabe com quem vamos e muitas vezes nem partilhamos o caminho ao longo do ano, porque existem três núcleos dos Leigos a nível nacional. É preciso muito preparação e disponibilidade. Não só para perceber os caminhos internos mas também para abrir-me, acolher, aceitar o outro como é e aprender a vivermos bem nas nossas diferenças e naquilo que nos une.
AE – Em 2010 sentiu que era o momento de partir em missão. Inicialmente ia por um ano e decidiu ficar dois… CD – Estava disponível e na altura sentia que fazia todo o sentido, |
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sentia-me chamada a fazer e viver isto. Era um salto completamente no escuro. Mas como não saltava sozinha, fazia sentido fazê-lo e arriscar. Não fui com tempo limitado e fiquei dois anos, porque no primeiro ano os voluntários no terreno também fazem um discernimento se é para continuar ou não. Também fazemos exercícios espirituais para decidir se é para continuar, se faz sentido continuar e porquê. Na altura percebi que Deus me chamava a continuar e que a missão em Benguela não estava terminada.
AE – O que fez em Benguela? CD – Os Leigos estão no Bairro da Graça, que é um dos bairros periféricos da cidade de Benguela. Cada voluntário tem um projeto que se entrecruzam e o meu era coordenar um centro juvenil que tem várias valências – biblioteca de leitura e de estudo, formação informática, formação em Inglês. Também é um espaço em que outros grupos do bairro reúnem, por exemplo, grupo comunitário que era o projeto de outro companheiro de missão. Algumas aulas de alfabetização aconteciam em algumas salas do centro, também era um espaço onde |
um grupo de mobilização juvenil em que convidam vários grupos do bairro para fazer atuações, teatro, poesia, dança. Tínhamos uma atividade de cinema e, no fundo, tinha de capacitar a equipa a continuar como sempre sozinhos, sem a presença dos Leigos. O objetivo dos projetos dos Leigos é, no fundo, a capacitação de pessoas, a partir do que dizem que para eles é importante. Por isso, faz-se um diagnóstico antes.
AE – Nunca impor mas propor a partir da realidade que encontram? CD – É propor a partir do que as pessoas nos dizem e, nomeadamente, dos grupos comunitários. Uma das apostas dos Leigos é a criação de grupos comunitários, pessoas de diferentes áreas que vivem no bairro, seja das várias Igrejas, diretores de escolas. Grupos de mamãs que vendem naa praças, quem têm negócio no bairro. Ou seja, é juntar os líderes e as forças de influência no bairro conversar com eles sobre o que acham que é importante, quais são as prioridades porque, infelizmente, os bairros em Angola têm muitas necessidades. Como qualquer bairro social, mas ali são todas urgentes, prioritárias. É preciso criar este |
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espírito nas pessoas, dizerem o que querem, quais são as suas prioridades e que é possível fazer qualquer coisa com os recursos que têm.
AE – Ao mesmo tempo já se está a capacitar as pessoas? Dá-lhes essa confiança que elas são capazes. CD – Exatamente, no fundo têm a experiência que alguém as ouve, é muito importante, que se interessa pelo que dizem e que digam que é verdadeiramente importante e não o que acham que os estrangeiros das organizações querem ouvir. Acabam por ter a experiência que é possível fazer alguma coisa sem milhões de dólares e sem recursos megalómanos |
e é possível transformarem o bairro, terem um papel positivo e fazer alguma coisa. Esta falta de valorização e de experiência que as pessoas têm poder de transformar é muito importante ou tem sido um dos aspetos mais marcantes da missão. As pessoas vivem numa realidade em que têm uma privação de uma série de bens materiais básicos mas também de sonhar, perceber que podem fazer alguma coisa, que têm recursos. Não é preciso ter imenso dinheiro para investir e têm de ser elas só agentes de mudança, não têm de ser os de fora. Muitas vezes estão habituadas a que os de fora é que saibam tudo e esta experiência faz toda a diferença.
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AE – Há quem diga que o voluntário precisa de perceber que não vai mudar África mas África é que o vai mudar. A Catarina revê-se nesta frase? CD – Por um lado é verdade que todos voluntários fazem estas missões com vontade de mudar alguma coisa porque sentem, como também senti, as injustiças, as dificuldades. É verdade que mexem muito por dentro. Dá-se muito, mas recebe-se muito mais. Das duas partes há uma transformação, eu sinto que da minha é muito grande.
AE –Essa consciência de uma mudança, naturalmente, acontece? CD – Tive maior consciência da minha transformação quando cheguei. O regresso também leva tempo. Vim com 32 anos: pensei vivi 30 anos em Portugal, não estou a voltar para uma coisa estranha. É preciso um reajuste porque é muito diferente viver com eletricidade ou água permanente. No sítio onde vivemos, que é muito bom, é uma casa que a Diocese de Benguela disponibiliza, é uma casa senhorial, de dois andares, sólida, muito boa para o contexto. Vivemos de uma forma muito simples, despojada e desprendida. |
AE – No regresso há um embate com a realidade que já não estava habituada? CD – Quando cheguei lembro-me que não era automático tirar água da torneira, vivi dois anos a ferver água porque não era suficientemente tratada para beber à vontade.
2017: Voluntariado em Atenas, na GréciaAE – É em Portugal que perspetiva voltar a sair como fez rumo à Grécia? CD – Voltei em 2012 e estive dois meses em Atenas com a Plataforma de Apoio aos Refugiados este ano, de julho a setembro. Por um lado, candidatei-me a este voluntariado porque me toca muito a realidade dos requerentes de asilo, das migrações forçadas, dos refugiados. O voluntário, como dizia, não consegue ser indiferente e tem experiência que fazer alguma coisa é importante por muito que às vezes possa ser pequena, pode ser só divulgar a realidade e notícias verdadeiras. Pode alertar outras pessoas para a consciência do que se passa. E isso é muito importante, às vezes vivemos adormecidos demais. Senti |
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necessidade de fazer alguma coisa e de sair em missão, deslocar-me, e estar na realidade que as pessoas vivem. Antes juntei-me ao Graal em Portugal (movimento internacional de mulheres) e organizamo-nos para receber uma família do Iraque, senti o desejo e a intuição que podia ser útil na Grécia. Estive em Atenas com a Plataforma de Apoio aos Refugiados não só a coordenar os voluntários mas também no que fosse preciso. Também tive a sorte de trabalhar para um patrão que me permitiu fazer isto, pedi uma licença sem vencimento porque achava que ir três semanas, gastar as minhas férias não fazia muito sentido. Era chegar quase, não me aperceber de nada e vir embora. Como giro um programa de voluntariado, também fazia sentido. Foi duro, mas foi muito bom.
Cinco anos entre o voluntariado em Angola e a GréciaAE –. Nestes cincos anos o que foi sentindo na sua vida, que ressonâncias teve da experiência em Benguela? CD – A mudança que ocorre é impossível apagar e ninguém vem igual, porque viver numa realidade que não se pode comprar ganha a |
consciência clara que quando se muda de continente muda-se mesmo de continente. Quando se vive numa situação de miséria, muitas delas, e de pobreza extrema é impossível voltar e fazer uma vida igual á que se tinha antes.
AE – Em que é que sentiu isso concretamente? CD – Para já é impensável ter uma carreira profissional e esquecer que sou voluntária. É impensável. Depois é impensável gastar dinheiro num iPhone, por exemplo, não porque não goste, acho espetacular, mas investir tanto dinheiro num telefone custa-me…
AE – A medida do dinheiro tem outra medida? CD – Sim, tenho uma capacidade de desenrascar e viver com pouco que não tinha. Agora, de repente, não vou viver como vivi com os meus companheiros angolanos, nem pensar, porque gostava que saíssem dessas situações. Há uma história de um voluntário dos Leigos é mesmo gráfica; ele foi em missão para Timor e quando chegou via que as pessoas andavam descalças e ele começou a andar descalço, mas e eles disseram “Não faças isso porque me ofendes. Não |
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ando descalço porque quero. Ando descalço porque não tenho capacidade para ter sapatos, mas quem me dera ter um par de sapatos”. Isto é tão gráfico. Claro que gasto conforme o que me parece razoável para satisfazer as minhas necessidades básicas, mas custa-me muito gastar naquilo que aos meus olhos não é necessário para satisfazer uma necessidade. Não preciso ter um iPhone para estar ligada com as pessoas, existem muitos telemóveis no mercado. |
AE – A adequação de comportamento vem de Benguela e depois quis concretizar, por uma questão de coerência, em Portugal? CD – Sim, é verdade, é dar muito mais valor aquilo que para nós faz parte do nosso dia-a-dia e é tão automático que nem nos apercebemos. Por exemplo, valorizei a máquina de lavar roupa como nunca na vida, era das coisas que mais sentia falta em Benguela. Ter eletricidade permanente, ter comida no frigorifico conservada. Não ter que estar a |
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alterar a vida toda porque é preciso ir ao mercado e só se pode fazer refeições para aquele dia, para aquela hora, porque quando não se tem eletricidade não dá para conservar. Dar valor à água, ter na torneira e beber sem filtrar. Uma série de coisas que são automáticas. Ter transportes públicos diversos. Depois a pessoa acaba por relativizar uma série de coisas, o autocarro, o metro estar atrasado cinco minutos…
AE – Quando regressou de Benguela o que fez concretamente. A nível profissional tinha alguma coordenada a seguir? CD – Na altura percebi que a área da cooperação e do desenvolvimento podiam ser um casamento que me agradaria muito pelo serviço social. Comecei a ser voluntária e depois fui contratada para um projeto, também em Angola. Continuei a ir a Angola, ainda que a base fosse em Lisboa. Ia por temporadas e estive em Benguela e no Luena (Moxico) e trabalhei durante dois anos num projeto de formação de agentes de desenvolvimento comunitário, também muito interessante. Não é fácil ter fundos para estes projetos e não estávamos à espera de ter fundos, éramos uma equipa pequenina |
e tivemos de organizar a nossa vida. A seguir fui para Inglaterra tentar a minha sorte e sentir que precisa de investir muito mais, estudar, e conhecer na prática. No terreno participamos bastante na construção e e nas candidaturas que os leigos mandam para financiadores externos. Trabalhar para o Graal deu-me a consciência do trabalho que se tem a procurar financiamento, a fazer candidaturas. A perceber que o trabalho que queremos fazer não é a justificar o financiamento mas o financiamento justifica o trabalho.
AE – Esteve dois anos ligada ao Graal. Como surge o projeto de ir dois meses para a Grécia, como aparece na sua vida? CD – O meu despertar para as migrações forçadas, para os requerentes de asilo e refugiados até surge em Londres. Estive 18 meses (entre 2015-2017) fazia voluntariado para ganhar experiência na área das ONGD e fazia voluntariado à noite, é uma cidade extremamente cara. Um amigo falou-me do Serviços Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Londres. Achei interessante e candidatei-me porque queria continuar a fazer voluntariado e fui conhecer. Eles acharam muito interessante o facto de ter sido |
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assistente social porque o meu papel, ainda que fosse uma vez por semana o dia inteiro, era fazer as entrevistas iniciais a quem recorria à JRS e também ter estado noutros contextos e contactos com culturas diferentes. E o facto de ter estado em Benguela com os Leigos (para o Desenvolvimento) no sentido de ter tido uma abertura muito maior.
AE – Visualizando Atenas, visualizando o que viveu lá durante dois meses. Que história, situação mexeu mais consigo ou ao ponto de pensar ainda bem que estou aqui? CD – Todas as pessoas quem estive e tive o privilégio de conhecer e também conversar e estar são todas histórias impressionantes. Ouvi uma de uma mulher paquistanesa que fugiu com uma filha porque o marido foi morto à frente dela pela Al-Qaeda. São pessoas perseguidas e havia sempre este cuidado da PAR e JRS de não pronunciar o nome destas pessoas sem ser quando estamos com eles, quando estamos entre voluntários e não sabemos quem está a ouvir mesmo na Europa. Esta mulher impressionava-me sempre, porque vivia num prédio da JRS. Ela estava há dois anos à espera |
de resposta do pedido de asilo. Tinha um alto cargo na Vodafone, estava a desenvolver o relacionamento entre Vodafone Grécia e Vodafone Paquistão e vivia no abrigo, porque tinha medo de viver sozinha, é uma pessoa com muita noção dos perigos e vive permanentemente em alerta. Apesar de tudo era muito alegre, simpática, super disponível, sempre bem-disposta e a filha era uma criança muito alegre, dinâmica. Isto impressionava-me bastante. Ela por um lado estava muito agradecida por estar na Grécia, não tinha nenhum ponto, não era chegar à Alemanha, ou à França ou Noruega. Já estava feliz por estar na Grécia. Sobretudo, quem era claramente perseguido se os pedidos viessem negados, e não eram sírios. Eles têm três vezes para recorrer do pedido negado, algumas das pessoas entram em desespero total. Muitas diziam “prefiro morrer na Grécia, mato-me a mim e aos meus filhos, do que voltar”. É a pessoa tomar consciência em que realidade as pessoas viviam e só o fantasma de terem de voltar preferem morrer num sítio estrangeiro. Voltar é que não, é ter consciência do que viviam a partir da consciência da vida das pessoas. É preciso ganhar confiança. |
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É verdade que vimos de culturas muito diferentes e a troca cultural, a partilha cultural é extraordinária. É ver que se calhar não somos tão diferentes e há muitos pontos em comum e que humanidade pode viver muito bem uma com a outra vindo de culturas e religiões diferentes. A maior parte das pessoas com quem estive era muçulmanas e muito abertas, |
muito pacíficas. Havia o cuidado de não tentar catequisar ou evangelizar, de ambas as partes. Quando chegamos somos “briefados” pela JRS para percebermos onde estamos e com é que estamos, que cuidados devemos ter. E também perceber o nosso papel enquanto voluntários no abrigo e na vida do dia a dia. Ouve-se muita coisa que é impressionante. |
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AE – O Papa coloca a tónica central da mensagem para o Dia Mundial da Paz 2018 nos refugiados: «Migrantes e Refugiados - Homens e mulheres em busca da paz». Esteve no terreno, consegue perceber que se proponha mais uma vez olhar para este drama dos refugiados? CD – Penso que faz todo o sentido. É verdade que há muitos mitos à volta dos refugiados e migração forçada na Europa que é muito importante desmistificar porque os requerentes |
de asilo que estão a entrar na Europa são uma porção mínima dos que estão a fugir opara a Jordânia, para o Líbano. Metade da população libanesa são refugiados e não um país assim tão pequenino, é um território considerável e vivem em condições muito pior do que as nossas. O Papa ligar a questão das migrações forçadas à paz é muito importante não só para chamar a atenção aos conflitos armados na Síria, naquela zona, na Palestina também e olhar para outros |
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que são conflitos antiquíssimos para os quais olhamos pouco, por exemplo na República Centro-Africana existe há décadas. Na Grécia encontrei muitos refugiados da República Centro-Africana, Congo. Fazemos esforço por encontrar a paz na Síria, No Iraque, na Palestina mas também há muitos outros conflitos que matam milhares de pessoas, fazem outros milhares emigrar e fugirem e para os quais temos pouca atenção. Por outro lado, a paz não se constrói só por decisões governativas. Podemos fazer alguma coisa, pressionar os governos, e às vezes as pessoas acham que ir para a rua não vale de nada mas não é verdade. |
É verdade que no meio do posicionamento europeu em relação aos refugiados, os únicos que salvam a dama é a sociedade civil. Os governos europeus tirando o português, o sueco e o espanhol fazem asneirada atrás de asneirada porque têm medo. Têm uma atitude muito protecionista. A Grécia que resolva o problema sozinha. A única parte que faz alguma são as Igrejas e a sociedade civil. O papel do cidadão é fundamental. Os cristãos, os católicos não podemos deixar de nos preocuparmos com o nosso irmão, seja de que religião for, venha de que país vier: precisa de ser ouvido, protegido, que as pessoas acreditem nele, que nos importemos. |
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AE – Um cristão quando entende o nascimento de Jesus Cristo a mudança tem de acontecer naturalmente. A Catarina quando se encontra fisicamente, humanamente, com realidades tão diferentes como Benguela, Atenas não consegue ficar indiferente. É uma espécie de Advento, de nascimento, é uma apresentação tão radical da pessoa humana que não se pode ser indiferente a isso? CD – Ser indiferente a isso seria não ser eu própria. É abrir-me à novidade que para nós já não é novo, o Natal ou o Advento, todos os anos acontece mas pode ser vivido como novidade. |
É conhecer um Deus em realidades que não se encontraria de caras, no meio do encontro de religiões, de pessoas que com resiliência e esperança arriscam a vida porque dão valor à sua vida, dos seus filhos e da sua família. Os gregos sofrem imenso com a crise económica, nunca pensei que a pobreza, a miséria humana também se vê num país europeu que está numa crise brutal é difícil sair e apesar de tudo são os únicos que se abrem a acolher o muito mais desgraçados do que eles. Podiam fechar fronteiras mas abriram-nas, e os italianos também, |
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mas é engraçado que são muito sensíveis às pessoas que vêm. Ao mesmo tempo, são pessoas com um ar que parece que não querem saber, mas os gregos com quem falei havia sempre alguém que tinha um irmão nas ilhas a defender os refugiados, ou que trabalhava e que tinha recebido imensos refugiados. Mesmo em condições económicas e sociais optaram por abrir-se. Também é verdade que como, a opção da União Europeia era dar dinheiro, também é uma forma do governo grego ter dinheiro e usar como quiser. Mas a verdade é que abrem as portas e organizar estas pessoas dentro do
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seu território. É uma opção complicada e clara de abertura.
AE – É nessas circunstâncias que encontra o melhor de si? CD – Tudo o que me desafia mais, que não é controlável, é um salto no escuro de confiança e de fé, é onde me conheço melhor. Tanto melhor de mim como, às vezes, o que não me agrada tanto. Acho que sim, é onde salta o melhor de mim e são experiências que ajudam a abrir a cabeça, o coração, aprender a perder para ganhar mais tarde. E ter o privilégio de conhecer pessoas que não conheceria, se não tivesse o desejo de ser útil e pôr os talentos a render. |
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Apostolado da oração online |
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http://www.apostoladodaoracao.pt/
Às portas de entrarmos em mais um Advento a proposta que esta semana apresento irá, certamente, ajudar-nos a preparar melhor a vinda daquele que foi “revelado pelo Pai, e que se converte na personagem central da história da salvação”. |
Portugal “está presente em quase todas as paróquias do nosso país, em grupos que promovem a oração, a animação das liturgias, a visita a doentes, catequese, etc.”. É ainda possível saber um pouco mais sobre a sua história, nomeadamente que o AO teve a sua “origem numa casa de estudo da Companhia de Jesus, em França, na festa de S. Francisco Xavier do ano de 1844”. |
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de grupo, reflexões e orações sempre com a qualidade que os Jesuítas já nos habituaram. Aí poderemos ainda consultar todas as novidades que vão sendo publicadas neste espaço e que se adequem aos objetivos presentes neste projeto. |
Se clicar em “blogue” acredite que não se irá arrepender. Com uma cadência semanal somos convidados a ler excelentes artigos que nos ajudam a refletir sobre vários temas da atualidade.
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Ao encontro do Presépio
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Neste ano de 2017, o Advento inicia-se a 3 de dezembro. «Advento» significa «Vinda», «Chegada». É, na Liturgia da Igreja, o período de preparação para a solenidade do nascimento de Jesus em Belém. Como ajuda para viver com mais intensidade e fervor este começo do novo Ano Litúrgico (Ano B), apresentamos breves reflexões, da autoria de Manuel Losa, sj, que poderão auxiliar o leitor a avançar com mais atenção e piedade nestas quatro semanas preparatórias rumo à grande festa do dia de anos de Deus na terra. |
O ponto de partida e a sugestão para as breves considerações que se seguem são as Antífonas de Entrada das Eucaristias diárias deste tempo litúrgico. Teremos em conta as leituras da eucaristia diária. Elas vão introduzindo e fazendo penetrar no que devem ser os sentimentos destas semanas que desembocam no presépio. Acompanhar-nos-ão, indicando o caminho, personagens bíblicas bem conhecidas. As mais em destaque: – o profeta Isaías com as suas visões otimistas de um mundo novo, pacífico e de júbilo, graças à intervenção |
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de Deus por meio do Messias Salvador; – João Batista, o precursor, que vem recordar que é necessário aplanar caminhos e abater os obstáculos do orgulho e do egoísmo, a fim de nos deixarmos imbuir pela novidade d’Aquele que nos vem libertar do pecado; exorta à seriedade, ao cumprimento rigoroso dos deveres de justiça e partilha e de atenção permanente Àquele que, nascido Menino, é o maior que deve crescer, enquanto nós diminuímos; – Temos ainda, mais importantes que todos, José e Maria, que nos surgem envoltos no silêncio sereno do mistério incompreensível mas repousante.
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Rumando em direção à Luz de Belém, celebramos Maria na sua Imaculada Conceição, toda ela um «sim» a Deus, o sim que vamos procurar dizer a Jesus e que queremos confirmar na alegria do seu Natal. Por último, Rei da festa, o aniversariante Jesus: indefeso, disponível, dependente do amor que Lhe queiram dar, sujeito aos caprichos humanos. Nasceu para nós, foi-nos dado, graça sobre graça. As Antífonas são constituídas por breves versículos, sobretudo dos Salmos, mas também de alguns profetas e uma ou outra citação das Cartas de S. Paulo.
Apostolado da Oração
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Dezembro 2017 |
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02 de dezembro. Évora - Viana do Alentejo - Santuário de Nossa Senhora d’Aires (Viana do Alentejo) entra em obras de conservação, modernização e valorização.
. Fátima - Centro Pastoral Paulo VI, 15h00 - O Santuário de Fátima inaugura o novo ano pastoral no dia 2 de dezembro, com uma jornada de abertura, entre as 15h00 e as 17h00, que se realiza no centro Pastoral de Paulo VI, na Cova da Iria.
. Fátima - Museu de Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata, 16h00 - O Museu de Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata, em Fátima, recebe uma tarde de poesia natalícia com a presença de crianças do 1º ciclo daquela localidade.
. Lisboa – Sé, 17h30 - Cáritas Diocesana de Lisboa promove «luz que brilha sobre a cidade»
. Lisboa - Estoril (Salesianos), 18h00 - Apresentação do CD «Senhora da Boa Esperança. Cânticos Marianos ao |
ritmo jovem» do Coro Vozes do Mar, orientado pelo maestro António da Silva Ferreira.
. Coimbra - Sé Nova, 21h00 - Vigília de oração pela Vida Nascente promovida pelo Secretariado da Pastoral Familiar da Diocese de Coimbra
03 de dezembro. Porto - Na caminhada do Advento a Diocese do Porto propõe a criação de «um pé-de-meia» para os mais necessitados
. Açores - Campanha de Advento coloca famílias a rezar na Diocese de Angra
. Campanha de Advento da Pax Christi com o tema «Percorramos o caminho da não-violência…»
. Leiria - Catequese de Leiria-Fátima propõe «construção progressiva» do presépio comunitário
. Açores - Ilha de São Miguel (Ponta Delgada) - Campanha de angariação de «prendas de natal para as crianças e jovens beneficiárias» integrada no Projeto São Lucas. |
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. Viana do Castelo - Campanha do Advento e do Natal da Diocese de Viana do Castelo com o tema «Agradece, somos Igreja»
. Braga - O Departamento para Ministros Extraordinários da Comunhão e Ministérios Litúrgicos da Arquidiocese de Braga elaborou a caminhada de Advento e Natal que tem como tema «Da Espera ao Encontro».
. Coimbra - O Secretariado de Evangelização e Catequese da Diocese de Coimbra convida, neste Advento, a entregar velas e marcadores de porta aos familiares, amigos e vizinhos.
. Aveiro – Esgueira - Conclusão da visita pastoral de D. António Moiteiro, bispo de Aveiro, a Esgueira
. Bragança - A Diocese de Bragança-Miranda vai celebrar, dia 03 de dezembro, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência que pretende “promover e defender” a dignidade destas pessoas.
. Santarém - Ourém (Casa Velha) - Retiro de Advento na «Casa Velha» orientado pelo padre Armindo Janeiro, da Diocese de Leiria-Fátima |
. Campanha de Advento promovida pelo Apostolado da Oração
. Lisboa - Alfragide (Seminário de Nossa Senhora de Fátima), 09h30 - Dia de reflexão sobre o Advento orientado pelo padre Paulo Coelho
. Setúbal - Barreiro (salão da igreja de Santo António da Charneca), 10h30 - A Paróquia de Palhais/Santo António (Barreiro) promove a iniciativa «um corte de cabelo solidário»
. Braga - Centro Pastoral, 15h00 - O Departamento da Pastoral Familiar da Arquidiocese de Braga promove, das 15h00 às 17h00, um encontro de agentes deste setor.
. Braga - Santuário do Sameiro, 15h00 - Concerto de Advento pelo Coro da Escola de Música de São Frutuoso de Real no Santuário do Sameiro. . Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos, 15h30 - O cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, vai presidir à celebração das ordenações de seis diáconos e de um presbítero, dia 3 de dezembro, às 15h30, na Igreja de Santa Maria de Belém, no Mosteiro dos Jerónimos.
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II Concílio do Vaticano: A devoção ao Rosário do Papa João XXIII |
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Nos quatro anos e meio do seu pontificado, o Papa que convocou o II Concílio do Vaticano, João XXIII, publicou sobre a devoção do Rosário uma encíclica, quatro cartas apostólicas e duas séries de reflexões para a meditação dos mistérios do Rosário. A Agência ECCLESIA recorda esta devoção especial de João XXIII e também uma nota de D. João Pereira Venâncio, bispo de Leiria (1958-1972) que anunciou aos seus diocesanos que, por concessão da Santa Sé, Nossa Senhora de Fátima tinha sido constituída padroeira principal da diocese. Na encíclica «Grata Recordatio», 26 de setembro de 1959, João XXIII define o Rosário como “um excelente momento de oração meditada, composta à maneira de coroa mística, na qual se entrelaçam, com a consideração dos mais profundos mistérios da nossa fé, as orações do Pai-Nosso, da Ave-Maria e do Glória ao Pai Nosso, apresentando à mente, como em outros tantos quadros, o drama da Encarnação e da Redenção de Nosso Senhor”. O Papa que iniciou o II Concílio do Vaticano (1962-65) começa por recordar as cartas encíclicas – onze ao todo – que o seu predecessor Leão XIII dirigiu ao mundo durante o mês de outubro. No ano seguinte, pela mesma altura (26 de setembro de 1960), dirigiu ao cardeal Micara, vigário de Roma, uma carta a exortar os fiéis da «cidade eterna» a rezarem o terço e aponta como intenções especiais mais uma vez a paz no mundo, na altura muito ameaçada, e a preparação do concílio ecuménico. |
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Com data de 25 de abril de 1963 e ao aproximar-se mais um mês de maio, João XXIII endereça ao mesmo cardeal uma carta a convidar os fiéis de Roma e de todo o mundo a rezar a Nossa Senhora pelo concílio. Nesse mesmo ano, a 26 de abril, o prelado de Leiria anuncia aos cristãos daquela diocese que Nossa Senhora de Fátima foi constituída padroeira principal daquele território eclesial. “É justo que vos torne comparticipantes das minhas alegrias como o sois das preocupações e trabalhos, que nunca faltam”, escreveu D. João Pereira Venâncio (Cf. Boletim de Informação Pastoral, nº 24-25, junho, julho, agosto de 1963, pág. 57). “Rendamos o preito da nossa gratidão ao Vigário de Cristo, o Papa, tão profundamente mariano, João XXIII, que atendeu os nossos rogos. E é-me grato envolver neste preito de sentido reconhecimento o filho ilustre dos Missionários do Coração de Maria, o eminentíssimo cardeal Arcádio Larraona, prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos, providencial instrumento de Deus na concessão desta graça”, lê-se na carta. A peregrinação internacional aniversária de maio de 1963 foi |
presidida pelo cardeal Larraona. Nessa ocasião, o bispo de Leiria-Fátima, D. João Pereira Venâncio, prestou-lhe “particular homenagem”. Depois do documento (Breve Apostólico «Miris Modis») que coloca Nossa Senhora de Fátima como padroeira principal da diocese, D. João Pereira Venâncio pede aos diocesanos para se prepararem para “esta data histórica” com “uma missão religiosa em todas as suas freguesias”. |
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Com data de 25 de abril de 1963 e ao aproximar-se mais um mês de maio, João XXIII endereça ao mesmo cardeal uma carta a convidar os fiéis de Roma e de todo o mundo a rezar a Nossa Senhora pelo concílio.
Nesse mesmo ano, a 26 de abril, o prelado de Leiria anuncia aos cristãos daquela diocese que Nossa Senhora de Fátima foi constituída padroeira principal daquele território eclesial. “É justo que vos torne comparticipantes das minhas alegrias como o sois das preocupações e trabalhos, que nunca faltam”, escreveu D. João Pereira Venâncio (Cf. Boletim de Informação Pastoral, nº 24-25, junho, julho, agosto de 1963, pág. 57).
“Rendamos o preito da nossa gratidão ao Vigário de Cristo, o Papa, tão profundamente mariano, João XXIII, que atendeu os nossos rogos. E é-me grato envolver neste preito de sentido reconhecimento o filho ilustre dos Missionários do Coração de Maria, o eminentíssimo cardeal Arcádio Larraona, prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos, providencial instrumento de Deus na concessão desta graça”, lê-se na carta.
A peregrinação internacional aniversária de maio de 1963 foi presidida pelo cardeal Larraona. Nessa ocasião, o bispo de Leiria-Fátima, D. João Pereira Venâncio, prestou-lhe “particular homenagem”.
Depois do documento (Breve Apostólico «Miris Modis») que coloca Nossa Senhora de Fátima como padroeira principal da diocese, D. João Pereira Venâncio pede aos diocesanos para se prepararem para “esta data histórica” com “uma missão religiosa em todas as suas freguesias”.
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- O convite é para ouvir o recital de piano com Mário Laginha e Pedro Burmester. Será na igreja da Sagrada Família, em Viana do Castelo, na noite de 1 de dezembro. Em causa as comemorações dos 50 anos de criação da paróquia de Nossa Senhora de Fátima.
- Uma tarde de poesia natalícia com a presença de crianças do 1º ciclo é a proposta do Museu de Arte Sacra e Etnologia dos Missionários da Consolata, para o dia 2 de dezembro. As crianças declamam poemas de sua autoria inspirados nas coleções de presépios e Meninos Jesus que o museu conserva. A escritora Carmen Zita Ferreira junta-se à conversa com os pequenos autores, declamando também alguns poemas natalícios.
- Na tarde do dia 7 as luzes da árvore de Natal na Praça de São Pedro vão ser acendidas. Proveniente da Polónia, o abeto vermelho com 28 metros de altura vai ser decorado com esferas em barro, criadas por crianças tratadas em unidades oncológicas de vários hospitais italianos.
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h30 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
Domingo: 10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia;
Segunda-feira: 12h00 - Informação religiosa
Diariamente 18h30 - Terço
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RTP2, 13h00Domingo, 03 de dezembro - Endireitar caminhos: Atelieres improváveis para os sem-abrigo Segunda-feira, dia 04 de dezembro 15h00 - Entrevista sobre o Dia Internaiconal do Voluntariado a José Rodrigues, Olga Cunha e Raquel Gonçalves.
Terça-feira, dia 05 de dezembro, 15h00 - Informação e entrevista a Catarina Dias
Quarta-feira, dia 06 de dezembro, 15h00 - Informação e entrevista a Isabel Vale e Carmo Diniz
Quinta-feira, dia 07 de dezembro, 15h00 - Informação e comentário à atualidade
Sexta-feira, dia 08 de dezembro, 15h00 - Entrevista. Comentário à liturgia do domingo com D. Francisco Senra.
Antena 1 Domingo, 03 de dezembro 06h00 - Dia Internacional do Voluntariado com Catarina Dias
Segunda a sexta, 04 a 08 de dezembro - Alfabeto do Advento
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Ano B – 1.º Domingo do Advento |
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Como viver o Advento? |
No início de um novo ciclo litúrgico, o Ano B, vivemos hoje o primeiro Domingo do Advento. Vinda e Vigília: estas duas palavras são muito usadas na liturgia do Advento, em particular neste domingo, a exigir atitudes novas. O tempo do Advento quer sensibilizar-nos para esta vinda. A dimensão escatológica, da nossa vida iluminada pelo sentido da comunhão plena com Deus, marca toda a vida cristã. O apelo que Cristo nos lança à vigilância é para ser tomado bem a sério, na celebração e na vida quotidiana, para que o Senhor não nos encontre a dormir ou adormecidos. Como podemos acolher da liturgia da Palavra nas suas indicações concretas para a nossa vida acerca da forma como devemos viver esse tempo de espera? A primeira leitura apresenta a essência de Deus como amor e misericórdia. Convida-nos a reconhecer que só Deus é fonte de salvação e de redenção. Por nós próprios, somos incapazes de superar essa rotina de indiferença, de egoísmo, de violência, de mentira, de injustiça que tantas vezes caracteriza a nossa caminhada pela vida. Resta-nos acolher o dom de Deus com humildade e com um coração agradecido. A segunda leitura mostra como Deus Se torna presente na história e na vida de uma comunidade crente, através dos dons e carismas que gratuitamente derrama sobre o seu Povo. Sugere que nos mantenhamos atentos e vigilantes, a fim de acolhermos os dons de Deus. O Evangelho convida-nos a enfrentar a história com coragem, determinação e esperança, animados pela |
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certeza da vinda do Senhor. Ensina-nos ainda que esse tempo de espera deve ser um tempo de vigilância, um tempo de compromisso ativo e efetivo com a construção do Reino. Estar vigilante é estar sempre ativo, empenhado, comprometido na construção de um mundo de vida, de amor e de paz. É lutar de forma decidida e corajosa contra a mentira, o egoísmo, a injustiça, tudo aquilo que rouba a vida e a felicidade a qualquer irmão que caminhe ao nosso lado. As indicações concretas da Palavra de Deus deste domingo são oportunidade para um novo começo. Devido às nossas numerosas atividades, inclusive na Igreja, |
a nossa vigilância está muitas vezes ameaçada: falta-nos o tempo para parar, discernir, fazer novas escolhas em ordem a despertar a nossa adesão a Cristo. O tempo do Advento oferece-nos esta oportunidade de um novo começo e de um renovado e intenso olhar para com aqueles que são os próximos da nossa vida, em tantas situações humanas que são de bradar aos céus e de gritar na terra. Não percamos a oportunidade de viver o Advento como autêntico tempo de graça para todos nós.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
Manuel Barbosa, scj
www.dehonianos.org
Prenda de Natal dos benfeitores portugueses
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O que podemos fazer por cada cristão que foi vítima da violência jihadista no Iraque? Quanto vale, mesmo, a nossa solidariedade para com as famílias dos cristãos que foram assassinados? E para as mulheres e crianças violadas? Neste Natal, vamos fingir que não vimos, que não ouvimos, que não sabemos o que aconteceu?
“O Regresso às Raízes” é uma campanha que a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) está a promover a nível internacional e tem como objectivo principal criar as condições suficientes para que os cerca de 120 mil cristãos que foram forçados a fugir, no Verão de 2014, perante a invasão das suas aldeias e vilas pelos jihadistas do auto-proclamado Estado Islâmico, possam regressar a casa. É uma das maiores iniciativas de solidariedade alguma vez promovida pela Fundação AIS nos seus 70 anos de história. Para que este regresso a casa possa acontecer é necessário reconstruir muitas dessas habitações e recuperar infra-estruturas básicas de abastecimento de electricidade e |
de água. Esta campanha é tão ambiciosa como urgente. Se não se realizar, poderá significar o fim da presença cristã nas terras bíblicas da Planície de Nínive. Leu bem: podemos estar perante o fim da presença cristã na Planície de Nínive. Já apelidada de segundo “Plano Marshall”, pelas semelhanças a reconstrução que ocorreu na Europa após a II Guerra Mundial, a campanha “Regresso às Raízes” só poderá ter sucesso, no entanto, se houver uma expressiva generosidade dos benfeitores da Fundação AIS. Em causa está o futuro imediato destes 120 mil cristãos. Estes cristãos, estas famílias, foram vítimas de um dos ataques mais brutais com motivação religiosa de que há memória na História da Humanidade.
Sinais de violênciaHá três anos, quando foram forçados a fugir de suas casas, numa debandada caótica, deixaram tudo para trás. Muitos, nem os documentos conseguiram salvar. Não havia tempo. Os jihadistas tinham um plano metódico de ataque, procuraram |
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materializar um verdadeiro genocídio. Nesse Verão de 2014, quando tudo se precipitou na Planície de Nínive, em lugares e aldeias onde ainda se falava a língua do tempo de Jesus, ninguém defendeu estas famílias cristãs. Nenhum exército, nenhuma milícia, nenhum país. Ninguém. Hoje, três anos depois, quando o sonho do regresso a casa ganha corpo, será que estes cristãos, estas famílias, vão ser outra vez abandonados? A Fundação AIS lança, neste Natal, por isso, um apelo enorme à generosidade dos seus benfeitores e amigos. Estes cristãos, no Iraque, precisam da nossa ajuda, precisam de voltar a suas casas. O Papa Francisco está profundamente empenhado em ajudar a Fundação AIS nesta missão. Ainda recentemente foi-lhe oferecido um automóvel desportivo excepcional, um Lamborghini Huracan, e o Santo Padre decidiu logo que a viatura iria ser leiloada para fins caritativos e que uma parte das receitas seria destinada à Fundação AIS, precisamente para a campanha “Regresso às Raízes”. Calcula-se que são necessários apenas |
cerca de 2 mil euros, em média, para a reconstrução de cada uma das casas dos cristãos. Esta verba inclui a substituição de telhados, portas, janelas e instalações sanitárias. A violência que foi exercida sobre a comunidade cristã ultrapassa tudo o que se possa imaginar. As aldeias onde viviam são hoje apenas um amontoado de ruínas, de casas destruídas, de igrejas profanadas. O regresso a casa de todos e de cada um destes cristãos depende agora apenas de cada um de nós. Depende de si. Depende de todos. A Fundação AIS lança, por isso, um veemente apelo à generosidade dos portugueses para que, neste Natal, venha a acontecer mais um milagre de amor. Ajudar é muito fácil. Todas as migalhas contam nesta Campanha que não nos pode deixar indiferentes. Sabia, por exemplo, que, com apenas 30 euros, pode oferecer um cabaz para alimentar uma família durante 1 mês? Toda a informação sobre esta Campanha “Regresso às Raízes” está disponível em: http://portugal-iraq.acninternational.org/ Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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Paz pelo cuidado dos mais pobres |
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Tony Neves |
O Papa Francisco acaba de escrever mais uma corajosa Mensagem para o Dia Mundial da Paz. Começa por recordar estatísticas que marcam o fim de 2017: ‘mais de 250 milhões de migrantes no mundo, dos quais 22 milhões e meio são refugiados’. Estamos a falar de pessoas que apenas procuram um lugar onde possam viver em paz. Arriscam tudo por este objectivo que quase nunca alcançam. O Papa defende atitudes de misericórdia: ‘abraçamos todos aqueles que fogem da guerra e da fome ou se vêem constrangidos a deixar a própria terra por causa de discriminações, perseguições, pobreza e degradação ambiental’. Pede que acolhamos quem nos bate à porta. A maioria dos imigrantes e refugiados chega-nos por portas travessas e a atitude de quem devia acolher é de recusa por medo, muitas vezes amplificado pelos políticos: ‘Quem fomenta o medo contra os migrantes, talvez com fins políticos, em vez de construir a paz, semeia violência, discriminação racial e xenofobia, que são fonte de grande preocupação para quantos têm a peito a tutela de todos os seres humanos’. Há quem olhe para estas deslocações humanas como um risco e um perigo, mas o Papa considera-as uma oportunidade para a construção de um futuro de paz. Os imigrantes e refugiados trazem riqueza: ‘uma bagagem feita de coragem, capacidades, energias e aspirações, para além dos tesouros das suas culturas nativas, e deste modo enriquecem a vida das nações que os acolhem’. |
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O Papa sugere que se combinem quatro ações: ‘acolher, proteger, promover e integrar’. ‘Acolher’ faz apelo à exigência de ampliar as possibilidades de entrada legal’; ‘Proteger’ lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade inviolável daqueles que fogem dum perigo real em busca de asilo e segurança, de impedir a sua exploração’; ‘Promover’ alude ao apoio para o desenvolvimento humano integral de migrantes e refugiados. Dentre os numerosos instrumentos que podem ajudar nesta tarefa, desejo sublinhar a importância de assegurar às crianças e aos jovens o acesso a todos os níveis de instrução’; ‘integrar’ significa permitir que refugiados e migrantes participem plenamente na vida da sociedade que os acolhe, numa dinâmica de mútuo enriquecimento e fecunda |
colaboração na promoção do desenvolvimento humano integral das comunidades locais’. O Papa Francisco pede inspiração nas palavras de João Paulo II: ‘Se o ‘sonho’ de um mundo em paz é partilhado por tantas pessoas, se se valoriza o contributo dos migrantes e dos refugiados, a humanidade pode tornar-se sempre mais família de todos e a nossa terra uma real ‘casa comum’. Ao longo da história, muitos acreditaram neste ‘sonho’ e as suas realizações testemunham que não se trata duma utopia irrealizável’. O Dia Mundial da Paz de 2018 é mais um excelente pretexto para a construção de um mundo assente na proposta do papa Francisco que exige uma ecologia integral que ame os pobres e respeite a natureza. |
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