04 - Editorial:

         Tolentino Mendonça

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

12 - Opinião

        

14 - A semana de

         Luís Santos

16- Dossier

        Santos Populares

36 - Espaço Ecclesia

 

 

38 - Internacional

42- Cinema

44 - Multimedia

46 - Estante

48 - Vaticano II

50 - Agenda

52 - Liturgia

54 - Programação Religiosa

55 - Por estes dias

56 - Fundação AIS

58 - Luso Fonias

 

 

 

 

 

Foto da capa: D.R.
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves.
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Opinião 

 

 

 

 

 

 

 

Santos Populares

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Alerta contra Trabalho Infantil

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Prioridades da LOC/MTC

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D. António Marcelino | Padre Tony Neves

 

 

O que nos está a ser dito

José Tolentino Mendonça

 

 

A bússola serve para indicar o Norte. A existência de um Norte estabelece uma orientação, um tracejado com o qual passamos a contar. Pode acontecer ao viajante, quando retira a bússola do seu bolso, que esta tenha deixado de funcionar. Mas nesse caso, o viajante sabe que o problema é da bússola e não lhe passa pela cabeça colocar em causa a existência do Norte. Tomemos agora a bússola como metáfora da relação que mantemos com o sentido. Houve, de facto, um tempo em que as fontes de sentido (religiosas, políticas e éticas...) exerciam uma atração capaz de polarizar e de assegurar todas as procuras. Essas fontes tinham o magnetismo assertivo da agulha de uma bússola e as respostas que davam pareciam simples, naturais e inquestionáveis.

Mas mudanças e ruturas culturais aconteceram. E deu-se uma passagem que podemos descrever assim: na orientação das nossas viagens deixámos de recorrer à bússola e passamos a utilizar o radar. Isto significa o quê? Significa que não estamos mais ligados a uma direção precisa. É verdade que o radar vai em busca do seu alvo, mas essa busca implica agora uma abertura indiscriminada, plural, móvel. Com a bússola era-nos claramente apontado um Norte, e só uma direção: o radar vem potenciar e complexificar a procura. Diversificam-se os sinais e multiplicam-se igualmente os caminhos.

 

 

 

As vias da procura espiritual deixaram de ter sentido único.

Hoje estamos perante uma ulterior mudança, porque mais do que investirmos na procura de sinais aqui e ali, garantimos agora sobretudo a possibilidade de recebê-los. Se antes o radar estava à procura de um sinal, hoje somos nós a procurar um canal de acesso através do qual os dados possam passar, sem no entanto termos nós necessariamente de fazer a procura. Quando um dado fica disponível (um e-mail, por exemplo), recebemo-los de forma automática porque temos aberto um canal de receção. O problema atual não é, portanto, encontrar a mensagem de

 

sentido mas descodificá-la. Os tempos estão a mudar. E os tempos de mudança são inspiradores, não o esqueçamos. O que nos está a ser dito? – é a pergunta necessária. O que é que esta avalanche cultural nos revela? De facto, a grande crise, a mais aguda, não é sequer a dos acontecimentos, decisões e deserções que nos trouxeram aqui. Dia a dia, sobrepõe-se um problema maior: a crise da interpretação. Isto é, a falta de um saber partilhado sobre o essencial, sobre o que nos une, sobre o que pode alicerçar, para cada um enquanto indivíduo e para todos enquanto comunidade, os modos possíveis de nos reinventarmos.

 
 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Funcionários da ERT dormem dentro do edifício da estação de emissora nacional grega, forma de protesto contra o encerramento súbito da estação pública.  Fotografia © Lusa

 

 

 

“Juntando a informação que recebo de outras entidades internacionais, se nós tivéssemos uma crise política em Portugal, na situação em que nos encontramos, os portugueses ficariam numa situação muito pior.”

Cavaco Silva, Presidente da República, em entrevista à RTP1, 10/06/2013

 

 

 

“A governação não pode ser simplesmente um exercício do poder, quase sequestrado por um conjunto de elites que são rotativamente as mesmas e distantes do quotidiano dos cidadãos, muitas vezes associado a modelos de vida que não têm consistência.”

António Matos Ferreira, diretor do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa, em entrevista à Agência Ecclesia, 10/06/2013

 

 

 

 

“O que há de mais construtivo em Portugal, é que há da parte dos portugueses, não só dos trabalhadores e em particular dos desempregados, mas também das famílias, um certo reconhecimento de que a situação não podia continuar como estava”.

António Borges, consultor do governo, em entrevista ao programa “Terça à Noite”, Rádio Renascença, 11/06/2013

 

 

 

“Na Grécia, um governo atravessou o Rubicão e pôs em xeque as liberdades, em nome da crise da dívida soberana. A Europa não pode ficar em silêncio enquanto os jornalistas da ERT queimam bandeiras da UE. Nem os defensores do projecto europeu podem tolerar a ignomínia da decisão do governo de Atenas.”

Miguel Gaspar, diretor adjunto do Público, em artigo de opinião, Público, 12/06/2013

 

 

LOC/MTC pelo «direito ao trabalho»

A Liga Operária Católica (LOC/MTC) assumiu como prioridade para os próximos três anos apresentar o “rosto sofrido” de quem passa pelos problemas do desemprego, da “exploração, precariedade, de pobreza e abandono”.

“Os direitos que ajudam a pessoa a aperfeiçoar a sua humanidade estão cada vez mais ameaçados, entre os quais está o direito ao trabalho”, refere o documento conclusivo do 15.º Congresso Nacional do Movimento de Trabalhadores Cristãos, que decorreu em Alfragide, arredores de Lisboa, entre sábado e domingo.

O texto enviado à Agência ECCLESIA fala numa “dignidade espezinhada, onde parece não ter fim o calvário que oprime a solidariedade e a esperança”.

O encontro contou com a presença de 210 participantes, entre militantes e convidados de várias organizações eclesiais e civis

“O tema «Sociedade justa e sustentável, com trabalho para todos», serviu de base a este Congresso e servirá de referência à

 

 

ação do Movimento nos próximos três anos”, refere a nota assinada pelos novos coordenadores nacionais da LOC/MTC, José Paixão e Glória Fonseca.

Os responsáveis assumem a intenção de apresentar propostas “contra a corrente estabelecida”, para que mais pessoas possam ter trabalho, como “a redução dos tempos de trabalho e a idade das reformas”.

“Acreditamos que é preciso continuar a lutar e a defender os direitos sociais para todos os que realmente precisam e incentivar os cidadãos a exercerem

 

 

 

 

o direito e a responsabilidade que advêm de uma cidadania praticante. A economia deve ter como objetivo central o desenvolvimento do ser humano, assente numa sociedade justa e sustentável e habitada por uma solidariedade não assistencialista, mas de reconhecimento da dignidade humana”, refere o documento com linhas de orientação para o próximo triénio.

“Animados e fortalecidos pelo Evangelho, renovamos neste

 

congresso o compromisso de sermos

cooperadores de Deus na construção

do seu Reino, promovendo a fraternidade e a justiça para que a pessoa nunca deixe de ser o centro da nossa ação. Queremos estar junto das periferias do mundo do trabalho, para perceber onde Deus está e a que nos chama. Que as mulheres e homens do trabalho nos ajudem a ser fiéis à missão de evangelização”, concluem os coordenadores.

 

 

35 mil crianças levaram festa a Fátima

Cerca de 35 mil crianças, acompanhadas pelos seus pais, catequistas e professores, estiveram em Fátima na peregrinação anual dos mais novos, que decorreu entre domingo e segunda-feira. “Fé, alegria e festa marcam aquela que é a mais bonita peregrinação do ano à Cova da Iria e que este ano evocou de modo particular a aparição de 13 de junho de 1917”, assinala o Santuário, em comunicado.

O presidente da peregrinação, D. António Moiteiro Ramos, bispo auxiliar de Braga, lembrou na segunda-feira as dificuldades que vivem muitas famílias em Portugal, mas deixou às crianças uma palavra de ânimo e um apelo à solidariedade. “Também nós devemos ser anjos uns para os outros, (devemos) ajudar-nos a vencer as dificuldades e os problemas da nossa vida", declarou, na homilia da missa a que presidiu.

No momento da oração dos fiéis, foram levados ao altar os resultados

 

 

da campanha realizada no mês de maio: velas decoradas, de papel, com as suas orações e compromissos das crianças a Deus e a Nossa Senhora.

O reitor do Santuário de Fátima, o padre Carlos Cabecinhas, pediu no final da celebração que fosse entregue a todos os meninos e meninas presentes no recinto do Santuário como recordação da peregrinação um “lenço do adeus a Nossa Senhora”.

D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, saudou os presentes antes da bênção final: “Muito obrigado por este encontro de fé, muito obrigado pela vossa presença alegre e festiva e tão numerosa".
 

 

 

Teologia do Corpo

O 4.º Simpósio Internacional da Teologia do Corpo, que hoje começa em Fátima, quer desmistificar a linguagem negativa associada à mensagem da Igreja no plano da sexualidade, através da reflexão de João Paulo II.

“A teologia do Corpo vem mostrar uma mensagem positiva, na vivência da nossa afetividade e da nossa sexualidade como expressão da nossa liberdade e do dom de Deus e também como caminho para sermos verdadeiramente felizes”, diz à Agência ECCLESIA Maria José Vilaça, psicóloga clínica que integra com o padre Miguel Pereira a comissão organizadora do Simpósio que até domingo vai congregar em Portugal especialistas americanos, portugueses, brasileiros, italianos e espanhóis.

A responsável admite “muitos preconceitos” e a propagação de uma “ideia de que a mensagem da Igreja é negativa” no plano da sexualidade mas a Teologia do Corpo “junta duas realidades que à partida poderiam parecer distante: o estudo de Deus e o corpo”.

As 129 catequeses que deram

 

 

origem à Teologia do Corpo, partilhadas na Praça de São Pedro entre 1979 e 1984, são fruto da reflexão de João Paulo II quando, ainda bispo em Cracóvia, na Polónia, acompanhava os casais.

Fátima, local onde decorre o Simpósio, não é uma escolha aleatória mas quer “ser um lugar de comunhão e de síntese” entre a tradição americana e a europeia, explica o padre Miguel Pereira, trazendo ao nosso país Juan Perez-Soba, professor do Instituto da Família João Paulo II e também D. Jean Laffitte, secretário do Conselho Pontifício para a Família.

“A Teologia do Corpo é muito positiva e tem uma abordagem revolucionária porque tem sempre em consideração a própria experiência das pessoas, deixa de ser teórico e abstrato para ser de facto o que vivemos”, sustenta.
 

 

Desafio da história

D. António Marcelino, bispo emérito de Aveiro

 

No seu livro “ El Evangelio de Jesucristo”, editado neste ano 2013 para celebrar o Ano da Fé, o seu autor, Walter Kasper, cita Ernst Troeltsch, professor em Tubingen (1913), teólogo protestante e historiador das religiões. Disse este que previa que “o encontro entre teologia e história poria no futuro problemas maiores que os suscitados entre a teologia e as ciências naturais, que, na sua época, foram os que mais acaloraram os espíritos.” 

Uma profecia que hoje se pode confirmar e constitui um verdadeiro desafio, não apenas à teologia, mas à ação e pr4esença da Igreja no mundo, especialmente no mundo ocidental.

Séculos atrás, uma afirmação comum da Igreja ordenava no mesmo sentido a vida da sociedade. Hoje a ação da Igreja no mundo  é menos rica e menos influente e a nossa sociedade organiza-se não em função de proclamações religiosas, mas por outros caminhos e influências que a história foi tornando determinantes.

A Igreja parou séculos a contemplar as glórias do passado e a sociedade foi avançando por conta própria e com rumo definido.

As mudanças sociais originaram novas culturas com novos valores e padrões de vida, contrastantes com os apresentados pelo Evangelho. A Gaudium et Spes, uma constituição orientada par a ação pastoral, dá noticia alargada, das mudanças que se

 

 

 

 

 

vinham operando e  continuaram. Fê-lo para acordar os cristãos e os ajudar a ler e a estarem atentos e ativos frente à mensagem e ao desafio dos novos “sinais dos tempos”. Esta atitude era fundamental para a compreensão da “história da salvação” e para a renovação da Igreja com capacidade para estar e atuar num mundo que tendo, embora, raízes cristãs, deixara de ser influenciado pelo Evangelho. Muitos responsáveis estavam alheios ao que se passava na sociedade, liam o mundo apenas como inimigo da alma. Foram, por isso, muitas as reações, tanto fora como no seio do Concilio, a leituras e a temas, julgados fora do âmbito de ação da Igreja, sempre debruçada sobre o “religioso” e esquecida da mensagem de Deus ao mundo, concretizada no mistério da Encarnação do Verbo.

Esta incapacidade de ler o rumo da história contribuiu para que se criasse um muro de separação entre a Igreja e o mundo contemporâneo, que muitos ainda hoje não conseguem ultrapassar.

 

O estudo da História da Igreja foi sempre orientado para a instituição mais com as suas glórias e grandezas, que com as suas dificuldades e misérias. Quando se saía deste âmbito, mais do que para sentir as interpelações e o confronto da sociedade, as condições das pessoas e do seu pensar, era, normalmente, para denunciar inimigos de fora e de dentro e para fazer apologética justificativa do seu agir ao longo do tempo.

A modernidade não foi aceite, nem se procuraram entender as novas interrogações postas à vida e ação da Igreja, a fim de se poderem propor caminhos novos em que a mensagem do Evangelho fosse entendida como mensagem de vida. Estamos neste desafio com muitos anos de atraso. Não há renovação sem a compreensão e aceitação desta realidade. È preciso esperar quem venha de outros horizontes geográficos, de experiências diferentes e de uma interpretação para estes tempos da originalidade da mensagem cristã.

 

 

10 de Junho perdeu a sua identidade

Luís Filipe Santos, Agência Ecclesia

 

O dia de Portugal, 10 de Junho, perdeu a sua identidade… Outrora, quando o sol iluminava o caminhar dos portugueses e o conceito de austeridade era pouco verbalizado, os habitantes desta língua de terra na Península Ibérica recordavam a sua história e os feitos que marcaram intrinsecamente o seu ser. Isso é a história escrita de um povo nas letras de Luis de Camões.

Nos dias que correm, no hoje, o povo sente que estes episódios fazem parte do passado, o presente merece contestação através de assobiadelas e o futuro aparece como uma negra nuvem. Interioriza-se a sombra…

Quando os poderosos colocam os pés fora dos seus ministérios, quando estão na rua ou entram num auditório, não são recebidos pela banda filarmónica da localidade, mas pelo coro, cujas letras não me atrevo a escrever. A música é outra… Tem acompanhamento, não dos instrumentos da orquestra típica, mas dos tachos e panelas a convidar para um petisco.

Na noite que escrevo este texto recordo o inebriante perfume da Páscoa. Como estamos em plena Primavera (o Verão parece tardar) à nossa volta toda a natureza renasce das cinzas do Inverno. A Primavera é uma autêntica aula de vida... A novidade brota da semente... Os troncos com seus braços nus

 

 

 

 

 

 

revestem-se com nova roupagem. A panóplia de flores - que os olhos mastigam - sorri para os homens/mulheres que correm sem destino. Será que observamos o ciclo da vida?

«Diremos prado, bosque

Primavera,

E tudo o que dissermos

É só para dizermos

Que fomos jovens (...)» (Eugénio de Andrade)

Devo confessar que a Primavera me fascina... Não gosto de deixar cair os braços e assumir a derrota fatídica da vida. No entanto - confesso também - que a Primavera é nostálgica e, em simultâneo, a força animadora. Coloco os racionalismos de lado e visualizo, atentamente, o crescimento da natureza. Não foram apenas os braços do

homem que trouxeram a semente à superfície... Há algo do Criador.

«A mãe das flores,

A Primavera,

Fica vaidosa

Quando te gera» (Barbosa du Bocage)

 

A Primavera é Páscoa... É transformação da morte em Vida. É o pó fertilizante na sementeira dos cristãos. É a luz do círio que ilumina o ciclo litúrgico. Simples «chavões» que abrem a porta pascal uma vez por ano...

«Pó e cinzas, onde houve flor e encantos!

E a noite, onde foi luz a Primavera!

Olha a teus pés o mundo desespera,

Semeador de sombras e quebrantos» (Antero de Quental)

Como seria bom que o próximo 10 de junho fosse diferente. Acredito que amanhã, o dia nascerá calafetado e que o raio solar dará à luz a superior flor do jardim poético.

Com metáforas ou sem elas, o sol alaranjado coloca o ponteiro anacrónico no relógio do altruísmo e da verdade. O último raio foi embrionário e com palavras matriciais. A sua pena pintou as páginas com sibilinos audaciosos. Trouxe a Páscoa que hidrata o coração dos homens.

 

 

Um Santo capital

Frei Daniel Teixeira, da Ordem dos Frades Menores (Franciscano), é este ano como responsável pelas missas preparatórias para o dia 13 de junho, na igreja de Santo António em Lisboa. Em entrevista à Agência ECCLESIA, aborda a importância da devoção popular a um dos santos mais famosos da Igreja Católica.

 

   
 

 

 

 

 

 

A popular igreja de Santo António, junto à Sé de Lisboa, encontra-se no local da casa onde o santo franciscano nasceu e viveu a sua infância. A cripta, local onde nasceu Santo António, é tudo o que resta da igreja original que foi destruída pelo terramoto de 1755. A nova igreja foi iniciada em 1757 sob a direção de Mateus Vicente, arquiteto da Basílica da Estrela, e foi parcialmente paga pelas crianças que pediam "um tostãozinho para o Santo António”.

O edifício é um dos pontos centrais das celebrações populares consagradas ao santo, na capital portuguesa e este ano coube a Frei Daniel Teixeira, da Ordem dos Frades Menores (Franciscano), a presidência das missas preparatórias para o dia 13 de junho.

 

 

 

Igreja Exterior

 

Agência ECCLESIA (AE) – De que forma se vive este dia tão marcado por tanta gente na rua?

Frei Daniel Teixeira (DT) – Vive-se com expressões que são de ordem social, de convívio, de grande alegria, mas também com a dimensão religiosa, a devoção do povo a Santo António, seja em busca do milagre, apenas, seja com uma fé mais profunda, procurando que ele seja um estímulo no caminho espiritual. Claro que há necessariamente um clima de grande festa entre os habitantes de Lisboa.

 

 

 

 

 

AE – Esta é uma devoção que se estende um pouco por todo o mundo…

FT – Santo António é de facto um santo do mundo inteiro, como lhe chamou o Papa Leão XIII. Vive-se a expressão de uma fé e de uma confiança neste homem que conseguiu no seu tempo, através da sua pregação, da sua presença tão gentil e tão caridosa, atrair e começar a fazer imensos milagres – é porventura o santo a quem se atribuem mais milagres no mundo católico.

Foi sempre um homem rodeado de gente para o escutar - todos os seus sermões, as pessoas a quem abençoava - e chegava-se a fechar os comércios e parar zonas da cidade onde se sabia que Santo António ia falar. Do seu tempo até hoje, as pessoas veem em Santo António um homem próximo, Deus que se aproxima através da sua palavra, da sua presença, do seu testemunho.

 


 

 

 

 

 

Santo António é de facto um santo do mundo inteiro, como lhe chamou o Papa Leão XIII.

 

 

AE – Que marca fica desta religiosidade, em Portugal?

FT – A marca é sempre a do alento, da confiança, do estímulo. Já fiz referência ao termos porventura uma religiosidade mais natural, mais popular, em que o Santo António é sobretudo aquele a quem se recorre, mas temos com certeza um grupo de gente mais madura, em termos de fé, que procura aproximar-se de Deus também através do testemunho de entrega que viveu António de Lisboa, que continua a atrair e apaixonar as gentes de Lisboa e pelo mundo além.

 

 

 

 

 


Devoção na Turquia

“Muitos jovens que vão à Praça Taksim passam pela nossa Igreja, acendem uma vela a Santo Antônio, e depois vão manifestar-se. São pessoas de todas as classes sociais e religiões. Como frades franciscanos, neste momento delicado para o país, rezamos, pedindo a intercessão de Santo António, pelo bem e a paz da nação”: é o que conta à Agência FIDES, do Vaticano, o padre Anton Bulai, pároco da igreja de Santo António em Istambul, que se encontra no centro da cidade. A comunidade local dos seis frades franciscanos conventuais celebra hoje uma festa que acolhe fiéis cristãos de todas as confissões e muitos não cristãos, devotos do santo português.

 

 

   

 

 

 

 

 

 

AE – Que atividades distinguem este dia de festa?

FT – As ruas estão engalanadas, necessariamente, e as pessoas reúnem-se à volta da mesa, das sardinhas, em festa, um aspeto exterior que motiva o convívio. Vive-se também a nível espiritual, com várias celebrações eucarísticas, na igreja de Santo António, procurando permitir aos fiéis esta celebração em termos de fé. A relíquia do santo está exposta, como sinal mais palpável da presença do santo, que é também importante para o povo.

 

AE – O momento alto será a procissão…

FT – Sim, de facto. É uma procissão longa, que devia ser para o cristão sinal de que a vida é uma peregrinação, só estamos aqui de passagem, à medida que vamos mudando de um para o outro lugar devíamos tomar consciência disso. O percurso pelas ruas de Lisboa, mais do que uma manifestação exterior,

  deveria ajudar cada um a sentir-se peregrino neste mundo, a caminho da pátria, da fraternidade junto de Deus.

Esta igreja tem permanentemente grupos a chegar, da Ásia à América Latina, com um carinho muito grande, com preces para si e a sua família, mas também agradecendo milagres, desde curas físicas à transformação da sua própria. Temos imensos ecos da ação de Deus através da figura de Santo António.

 

 

 

 

 

 

Temos imensos ecos da ação de Deus através da figura de Santo António.

 

 

 

 

 

 

 

 

Procissão de Santo António

 

13 junho, pelas 17h00

 

Itinerário: Igreja de Santo António - Cruzes da Sé - Rua de S. João da Praça (entra a imagem de S. João) - Largo de S. Rafael - Rua de S. Miguel (entra a imagem de S. Miguel) - Rua da Regueira - Rua dos Remédios - Rua do Vigário -

 

 

Largo de Santo Estêvão (entra a imagem de Santo Estêvão) - Rua Escolas Gerais (entra a imagem de S. Vicente) - Travessa de S. Tomé - Largo das Portas do Sol - Largo de Santa Luzia (entra a imagem de S. Tiago) -

Rua do Limoeiro - Largo de S. Martinho - Rua Augusto Rosa - Largo da Sé (celebração litúrgica) - Igreja de Santo António

20h00 - Missa de encerramento.

 

 

 

Igreja no Dubai

O Cardeal Ferdinando Filoni, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, vai consagrar esta sexta-feira uma nova igreja no Dubai, Emirados Árabes Unidos, dedicada a Santo António. Este vai ser o ponto central de uma visita que se inicou na terça-feira, para contactos com a hierarquia e os fiéis que vivem no Vicariato da Arábia do Sul, levando a bênção do Papa Francisco.

A nova igreja de Santo António inclui um centro pastoral que poderá hospedar mil pessoas, para encontros e atividades pastorais destinados a jovens e fiéis adultos. Com a construção e consagração oficial da igreja, sobe o número de locais de culto católicos nos sete Estados da federação dos Emirados.

 

 

 

 

 

 

AE – Como é que se explica que Santo António toque o coração de tantas pessoas?

FT – Eu creio que qualquer homem de Deus consegue marcar e aproximar-se dos outros e entrar pelo seu coração. Santo António, no contexto da espiritualidade franciscana, assumiu esta atitude de reconhecimento numa comum paternidade de Deus, que faz de todos irmãos. Ele teve a capacidade de viver a interioridade com Deus e passar a comprometer-se concretamente com situações de muita dificuldade das pessoas, tornou-se quase alguém da casa, que as pessoas acolhem com enorme ternura, devoção e esperamos também com fé.

 

AE – Nestes tempos de crise, a mensagem é ainda mais forte?

FT – Este tempo faz despertar a inquietação, por causa das preocupações económicas e outras que existem na vida das pessoas, e leva a que a religião seja quase como que o último

 

 

 

S. António em Fátima

 

 

 

 

reduto, a tábua de salvação. Portanto, também através de Santo António o povo procura saciar-se um pouco e creio que Deus se serve destes momentos…

 

 

 

 

 

Papa escreveu à comunidade franciscana de Lisboa

O Papa escreveu uma carta à fraternidade franciscana da Igreja de Santo António de Lisboa onde agradece a “estima” demonstrada pela comunidade religiosa aquando da sua eleição e mais recentemente no final do primeiro mês de pontificado. No texto, remetido pela Secretaria de Estado do Vaticano, Francisco “retribui” o gesto fazendo votos de que “Jesus Ressuscitado ilumine e sustente todos quantos buscam conforto e se acolhem à sombra” da “Igreja-Santuário” onde nasceu Santo António, tanto religiosos como beneméritos e fiéis.

O Papa exorta depois a ordem religiosa a “servir incondicionalmente a Deus com a ação apostólica mas sobretudo com o testemunho de uma vida inteiramente consagrada ao serviço da Igreja”.

A 13 de maio o frei Albertino da Silva Rodrigues, da fraternidade franciscana de Lisboa, enviou uma missiva a Francisco reforçando a unidade da congregação portuguesa com o “bispo de Roma, Irmão e Pastor” e convidando-o a visitar a igreja de Santo António “quando visitar Portugal”.

O responsável pelo local de culto situado na freguesia de Santa Maria Maior, ponto de passagem para milhares de peregrinos, saúda a "proximidade" que tem sido demonstrada pelo Papa e que agora também ficou patente, com esta carta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

São João Batista, uma luta pela verdade

São João, que se celebra anualmente a 24 de junho, foi o primeiro anunciador e apontador de Jesus Cristo, um santo com características especiais porque dá testemunho da luz e da verdade, refere o biblista Armindo Vaz. Para o padre e professor universitário, a figura de São João conjuga austeridade, humildade e alegria e é extremamente importante “não por si e nem por si”, mas por aquilo que “ele anuncia e indica”, revela à ECCLESIA.

A Igreja Católica, acrescenta, dá-lhe “grande relevo” e é o “único santo, para além de Jesus, que tem vigília”, sublinha o religioso carmelita.

A Igreja percebe a “centralidade da figura de João Batista na história da salvação” porque ele “aparece como o último elo do AT que aponta para o novo”, prossegue.

Ao elevar São João à categoria de santo popular, o biblista

  Armindo Vaz realça que a festividade deste santo “leva a celebrar com alegria a vida humana”, uma nota que brota dos “textos bíblicos”.

Numa intervenção dedicada a este santo, em 2012, o Papa emérito Bento XVI destacou a figura de São João Batista, elogiando a s“grande humildade e ardor profético” do precursor de Jesus, e lembrou que este é o único caso, à exceção da Virgem Maria, em que o calendário litúrgico católico festeja o nascimento de um santo.

“Fá-lo porque este nascimento esta estreitamente ligado ao mistério da incarnação do Filho de Deus”, justificou.

Bento XVI disse que os quatro Evangelhos “dão grande relevo à figura de João Batista, como profeta que encerra o Antigo Testamento e inaugura o novo, indicando em Jesus de Nazaré o Messias”.

São João, acrescentou, batizava no Rio Jordão, “chamando as pessoas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

a prepararem-se, como esse gesto de penitência, para a vinda iminente do Messias que Deus lhe tinha revelado durante a sua permanência no deserto da Judeia”.

Neste local, frisou o Papa, foi chamado “batizador” e ali

 

 

receberia o próprio Jesus Cristo. “A sua missão não estava ainda cumprida: pouco tempo depois, foi-lhe pedido que precedesse Jesus também na morte violenta”, referiu Bento XVI, ao evocar a prisão e decapitação de São João, ordenadas pelo rei Herodes.

 

 

 

 

Igreja e religiosidade popular

As festas populares, manifestações coletivas, as crenças e ritos de devoção particular são as grandes marcas da religiosidade popular no nosso país. Nas festividades populares, com ou sem relação com o ritual oficial e, muitas vezes, com origem em cultos naturalísticos, é possível encontrar manifestações particulares, por vezes, com carácter mágico.

Quando falamos de religiosidade, de facto, referimo-nos a um conjunto de práticas simbólicas de raiz popular (no sentido em que se distinguem das produções religiosas das dos "intelectuais" e das instituições que regulam o campo religioso) e se referem a significados que transcendem a própria comunidade mas a identificam enquanto tal. Trata-se, pois, de fenómenos culturais integrados no quadro de significações

 

que as comunidades produziram na sua interação secular (por isso se tornou corrente falar, também de religiosidades tradicionais).

A atenção especial aos sinais da

natureza como a água, a terra, a luz, o céu fascinou desde sempre as pessoas. A religiosidade popular, cósmica e natural, pode servir, no caso da Igreja Católica, para compreender melhor a utilização de sinais e gestos simbólicos que expressam uma componente profundamente humana e religiosa.

Por isso, tem sido sempre chamada a atenção para uma verdadeira integração entre a liturgia e a piedade popular, como aconteceu na liturgia da Igreja dos primeiros séculos, com algumas celebrações, e na liturgia romana da Idade Média, com as procissões, ladainhas e outros ritos, assumidos em forma de culto.

 

 

 

 

 

 

 

Religiosidade

Em geral, religiosidade confunde-se com religião, ou, mais propriamente, com a tendência natural do espírito humano para a atitude religiosa. Religiosidade popular é esta tendência manifestada coletivamente sob a forma de expressões cultuais de grande significado humano e espiritual. Não tendo necessariamente relação com

 

a revelação cristã, ela tende, em sociedades de tradições cristãs, a dar lugar a um “catolicismo popular”, a que normalmente não faltam elementos da cultura popular e da revelação cristã. O Diretório da Piedade Popular e Liturgia (nn. 9-10) distingue esta religiosidade da piedade popular. (Cf. Cat. 1674-1676).

(Cf. Enciclopédia Católica Popular, http://www.ecclesia.pt/catolicopedia/)

 

Festa e religião

O povo português tem uma longa ligação à tradição, sobretudo os meios mais populares e aldeãos, com a permanência e a sobrevivência de aspetos da religiosidade popular. Em muitas festas e celebrações, contudo, o aspeto folclórico tende a sobrepor-se a este fundo de significações e memórias: a dimensão religiosa está mais colocada ao lado, mas é importante que continue, é necessário garantir o aspeto religioso na festividade, como uma manifestação de júbilo da comunidade.

Num período de globalização, em que tudo parecer ser igual e em que há tendências para uniformizar a cultura, há uma forte necessidade das comunidades se identificarem. E essa identificação faz-se, precisamente, através da revivescência das suas tradições, fundamentalmente ligadas ao religioso.

A Paróquia da Glória, na Diocese de Aveiro, promove há 30 anos as festas

  de verão, como conta à ECCLESIA o pároco local, padre Fausto Oliveira. Uma iniciativa que nasceu da preocupação de “pôr a Igreja na rua” e as pessoas a conviver, valorizando a interação na preparação e execução dessas festas, que ocupam o Parque Municipal durante os sábados do mês de junho.

Estes arraiais não pretendem apenas proporcionar uma vertente de lazer, integrando o “dia da comunidade paroquial”, atividade que visa exemplificar o “projeto de comunhão” que é proposto aos católicos.

“As festas de verão são uma das atividades que há 30 se inscreviam no processo de renovação da paróquia e essa é uma das ações que ainda se mantém viva e sempre com fulgor, porque já está no nosso ADN”, acrescenta.

Evocando Santo António, o convento franciscano de Montariol, em Braga, também fez uma proposta de alegria e fraternidade, relata frei José Neves. A

 

 

 

 

 

 

celebração do último fim de semana incluiu momentos de convívio, mas também de solidariedade para com quem passa por momentos de necessidade.

Um dos momentos altos é a “bênção do pão de Santo António”, uma tradição franciscana instituída no século XIX, antecipando o que se faz hoje nas IPSS, “que tem uma dimensão simbólica” e que, em muitos casos,

 

as pessoas guardam de ano para ano.

O gesto pretende ser “um chamamento à solidariedade”, porque o pão é um “elemento fundamental da existência”, e significa todas as obras que se “debruçam sobre aqueles que mais precisam”.

“A realização do homem só é plena quando todos souberem partilhar o que têm com toda a gente”, observa o frei José Neves.

 

 

 

 

Para lá das fronteiras eclesiais

Na semana em que se iniciam os festejos populares em todo o país, o programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública portuguesa apresentou o arraial com "mais lugares sentados" de Lisboa, o da paróquia de Nossa Senhora os Navegantes, no Parque das Nações.

José Rodrigues, um dos membros da organização, destaca o contacto com pessoas que trazem “experiências diferentes”, com as quais normalmente a comunidade não trabalha, durante o resto do ano. 180 voluntários dinamizaram uma festa que começou no seio do grupo de escuteiros mas extravasou já essas fronteiras.

“É uma oportunidade de partilha: tudo o que nós vendemos aqui vem de fornecedores selecionados, com quem trabalhamos há vários anos, para que as pessoas se sintam confortavelmente e queiram

 

regressar no próximo ano. Esse tem sido o segredo do nosso sucesso”, explica.

Em noite de Santo António, vai poder ouvir no programa ECCLESIA (22h45) a realidade de um arraial escutista. O chefe António Rendeiro fala de três noites diferentes em que a comunidade se reúne numa iniciativa organizada pelo agrupamento 113 de São Domingos de Rana e que vai já na sua nona edição.

A preparação começa em janeiro, tendo como objetivos não só a “angariação de fundos” mas também a criação de um “espaço de divulgação”, aberto à comunidade, à população em geral. Outra componente é o trabalho a nível de agrupamento, envolvendo todos “para um bem comum, uma atividade conjunta”.

 

 

 

 

 

 

 

 

Para manter e apoiar a religiosidade popular, é necessário um discernimento pastoral. O mesmo se diga, se for caso disso, para purificar e corrigir o sentimento religioso subjacente a essas devoções e para fazer progredir no conhecimento do mistério de Cristo. A sua prática está submetida ao cuidado e às decisões dos bispos e às normas gerais da igreja.

«A religiosidade do povo, no seu núcleo, é um acervo de valores que responde com sabedoria cristã às grandes incógnitas da existência. A sapiência popular católica tem uma capacidade de síntese vital: engloba criadoramente o divino e o humano, Cristo e Maria, espírito e corpo, comunhão e instituição, pessoa e comunidade, fé e pátria, inteligência e afeto».

(Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1676)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Santos de junho

O mês de junho põe Portugal em festa: no dia 13 celebra-se o Santo António, a 24 o São João e no dia 29 festeja-se o São Pedro. A denominação de santos "populares" é tradicional e exata: os Santos de junho são, com S. Sebastião, os mais festejados em Portugal.

É o que resulta do recenseamento das festas populares, terminado em 1989 em todo o país, a que responderam 74% das paróquias. Sem contar com as festas de Natal e de Páscoa, realizavam-se, no ano de 1987, nas paróquias respondentes, 6597 festas.

As festas de S. António e S. João são, segundo os estudiosos, "festejos da existência". Por isso eles são casamenteiros. De resto, na forma como o povo os festeja, sobretudo S. João, designadamente no Porto e em Lamego, por exemplo, não se sabe, muitas vezes, o que há ali de especificamente cristão. Mas o facto possivelmente não resulta de que os

  tempos estão mudados, ou de que a fé é pusilânime, mas de que, antes de serem cristãs, estas festas celebravam os ciclos da vida, evocando e propiciando os seus princípios.

Independentemente dos conteúdos especificamente cristãos que lhe estão associados, as festas dos santos populares são o pretexto para evocar e exaltar a vida que o sol, no solstício, traz consigo. Esta é efetivamente a conotação primeira da celebração, aquela que, de resto, tem mais ressonâncias antropológicas. Basta recordar que pelo S. João se fazia em muitas localidades do país uma fogueira que impedia o sol de esmorecer no seu esplendor.

Operação cósmica semelhante tinha sido levada a cabo por ocasião do solstício de inverno em que se celebrava o "natalis solis invicti ", transformada posteriormente na celebração do nascimento de Cristo,

 

 

 

 

 

com a única diferença de que, então, se tentava aviventar o sol. E é interessante notar que a fogueira de S. João nem sempre era feita com os grandes cepos que se costumavam colocar na fogueira de Natal. Pelo menos em Armamar, esse grande lumaréu era feito de ervas aromáticas - alecrim, bela-luz, esteva, rosmano, giesta e manjerona - possivelmente para dar ao sol os aromas que o verão depositava nos frutos.

O culto a Santo António, estimulado pela fama de inúmeros milagres, tem

 

sido ao longo dos séculos objeto de grande devoção popular por todo o mundo. É um dos santos de maior devoção de todos os povos e, sem dúvida, o primeiro português com projeção universal. De Lisboa ou de Pádua, é para o mundo católico o santo "milagreiro", "casamenteiro", do "responso" e do Menino Jesus.

As festas populares de S. António, S. João e S. Pedro, estão, pois, enquadradas por um vasto mundo de referências que as relacionam com significados que, pouco tendo de cristão, são certamente tradicionais.

 

 

 

O pluralismo religioso português

A religiosidade popular é um facto que acompanha a vida da Igreja e que a acompanhou durante todos os séculos. Trata-se de expressões, gestos, atitudes, que expressam uma relação pessoal com Deus: beija-se a cruz, percorre-se a Via-Sacra, participa-se numa peregrinação, ajoelha-se diante do túmulo de um mártir ou um santo, conservam-se restos do seu corpo ou dos seus vestidos. No caso português é esta religiosidade que, sob uma aparente unidade enraizada no catolicismo, manifesta mais fielmente a pluralidade da sociedade portuguesa na vivência do sagrado.

Habitualmente a religiosidade popular afirma-se em oposição à oficial, sendo entendida como uma forma híbrida, isto é formas inadequadas de entender e praticar a religião oficial. Em Portugal, por exemplo,

 

 as crenças populares incluem, ainda hoje, um conjunto de superstições e gestos mágicos oriundos do paganismo celta.

É difícil precisar onde foram os portugueses encontrar este “imaginário”, este “fantástico”, este culto do sagrado, com uma estruturação rigorosa de espaço e do tempo e onde avultavam as grandes festas da primavera e do outono. São Martinho de Dume e São Frutuoso, ambos Bispos de Dume e de Braga (518/525 - 579/665) no De Correctione Rusticorum e no Regula Monachorum, são os primeiros a insurgir-se contra esta tradição celta e a compulsar os clérigos a não exercitar esses cultos.

As festas populares, manifestações coletivas, as crenças e ritos de devoção particular são as grandes marcas da religiosidade popular no nosso país. Nas festividades populares, com ou sem relação

 

 

 

 

 

com o ritual oficial e, muitas vezes, com origem em cultos naturalísticos, é possível encontrar manifestações particulares, por vezes, com caráter mágico.

A atenção especial aos sinais da natureza como a água, a terra, a luz, o céu fascinou desde sempre as pessoas. A religiosidade popular, cósmica e natural, pode servir, no caso da Igreja Católica, para compreender melhor a utilização de sinais e

 

gestos simbólicos que expressam uma componente profundamente humana e religiosa. Por isso, tem sido sempre chamada a atenção para uma verdadeira integração entre a liturgia e a piedade popular, como aconteceu na liturgia da Igreja dos primeiros séculos, com algumas celebrações, e na liturgia romana da Idade Média, com as procissões, ladainhas e outros ritos, assumidos em forma de culto.

 

 

António, de Lisboa para o mundo

Santo António de Lisboa, para os portugueses, ou de Pádua, para os italianos, é um santo do mundo, que une dois frades franciscanos, mesmo que não se entendam quanto à denominação mais adequada.

Frei Vítor Melícias, responsável pela província portuguesa da Ordem dos Frades Menores [Franciscanos], refere à ECCLESIA que “Santo António, antes de mais, é um santo universal, de todo o mundo” e, em particular, um santo da Europa.

“É um cidadão do mundo, um santo de toda a gente”, acrescenta, sublinhando que, em Portugal, António é visto como “o companheiro”.

Para os italianos este é o santo de Pádua, como assinala frei Fabrizio Bordin, franciscano conventual que trabalha em Lisboa, na paróquia de Chelas, e não esquece a “devoção” com que a festa deste dia é vivida, particularmente junto dos restos mortais.

Tendo como diocese de origem precisamente a de Pádua, frei Bordin fala de S. António como o “santo mais

 

 

amado e mais próximo das pessoas”.

“É uma amizade que cresceu. O povo de Pádua, depois da morte de António, proclamou-o logo ‘santo súbito’ [santo já]”, acrescenta.

Frei Melícias recorda S. António como “um dos maiores economistas da Idade Média”, um “verdadeiro filósofo da economia, do social”, em particular nas suas posições contra os “excessos da usura” e na defesa da “propriedade comum”.

O santo, acrescenta Vítor Melícias, era também um “pregador das coisas de que o povo gostava e sentia”.

Nascido no final do século XII, Fernando, que viria a assumir

 

 

 

 

 

 

o nome de António, foi recebido entre os Cónegos Regulares de S. Agostinho em Lisboa e Coimbra.

Pouco depois da sua ordenação sacerdotal ingressou na Ordem dos Frades Menores, com a intenção de se dedicar à propagação da fé entre os povos da África.

O santo português, que morreu em Pádua, Itália, no ano de 1231, foi o primeiro professor de teologia na

 

ordem fundada por São Francisco de Assis, tendo ficado famoso pelos seus sermões. O Papa Gregório IX canonizou-o apenas um ano depois da morte, em 1232, também após os milagres que se verificaram por sua intercessão.

Pio XII, em 1946, proclamou Santo António como “Doutor da Igreja”, atribuindo-lhe o título de "doutor evangélico".

 

 

Dia Mundial contra Trabalho Infantil

O Papa Francisco associou-se no Vaticano ao Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, promovido anualmente pela ONU a 12 de junho, e lembrou os “milhões de menores” que são vítimas de exploração e maus tratos. “Celebra-se em todo o mundo o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, com uma referência especial à exploração das crianças para o trabalho doméstico. Este é um fenómeno deplorável em constante aumento, particularmente nos países pobres”, disse, na audiência pública semanal que reuniu dezenas de milhares de pessoas na Praça de São Pedro.

O Papa apelou à defesa das crianças que são vítimas “desta forma escondida de exploração” e destacou que a mesma “comporta muitas vezes também abusos, maus tratos e discriminações”. “É uma verdadeira escravidão”, lamentou.

Segundo a Organização Internacional

  do Trabalho (OIT), agência especializada das Nações Unidas, dos cerca de 15,5 milhões de crianças envolvidas em trabalho doméstico, remunerado ou não, em casa de terceiros ou um empregador, “estima-se que 10,5 milhões estão numa situação de trabalho infantil, quer porque não atingiram a idade mínima de admissão ao emprego, quer porque o trabalho que realizam é considerado trabalho perigoso”.

Francisco pediu que a comunidade internacional promova medidas “ainda mais eficazes para enfrentar esta autêntica chaga”. “Todas as crianças devem poder brincar, estudar, rezar e crescer nas próprias famílias, num contexto harmónico, de amor e serenidade. É um direito seu e um dever nosso”, declarou, sob os aplausos dos presentes.

Segundo o Papa, uma infância serena permite às crianças “olhar com futuro para a vida e o amanhã”.

 

 

 

 

 

“Ai de quem sufoca o seu entusiasmo alegre de esperança”, advertiu.

A OIT lançou este dia mundial em 2002, procurando dinamizar o “crescente movimento internacional contra o trabalho infantil” e apela este ano a “reformas legislativas e políticas para garantir a eliminação do trabalho infantil no trabalho doméstico e a criação de condições de trabalho

 

dignas e de proteção adequada para os jovens trabalhadores”.

Em Portugal, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) destaca que a evolução registada neste domínio é “francamente positiva”.

“Em 2011, detetaram-se dois menores em situação ilícita (violação dos requisitos mínimos de admissão) e em 2012 apenas foi encontrado um menor naquela situação”, refere o organismo.

 

 

Cabo Verde e Santa Sé assinaram Concordata

A Santa Sé e a República de Cabo Verde assinaram esta segunda-feira uma Concordata que “define e garante” o estatuto da Igreja Católica no arquipélago lusófono. O acordo consagrou as “boas relações” bilaterais que se desenvolveram nos “últimos 37 anos”, segundo nota da sala de imprensa da Santa Sé.

Entre os campos abrangidos pela Concordata estão “o matrimónio canónico, os locais de culto, as instituições católicas de instrução e de educação, o ensino da religião nas escolas, a atividade assistencial-caritativa da Igreja, a pastoral nas Forças Armadas e nas instituições penitenciárias e hospitalares e o regime patrimonial e fiscal”.

O documento foi assinado pelo ministro das Relações Exteriores de Cabo Verde, Jorge Borges, e pelo secretário do Vaticano para as Relações com os Estados, D. Dominique Mamberti. “Este acordo vem regular e sistematizar uma relação multissecular cujos elementos estão na génese da nossa sociedade”, disse Jorge Borges.

 

 

O Ministro destacou que a Concordata representa “um reforço do princípio da liberdade religiosa inscrito na Constituição da República”.

O arcebispo Dominique Mamberti, por sua vez, considerou que a Igreja Católica é parte integrante da “identidade” de Cabo Verde.

Além do primeiro-ministro de Cabo Verde, José Maria Neves e vários membros do Governo, estiveram presentes no ato de assinatura da Concordata, os bispos de Santiago e do Mindelo, D. Arlindo Furtado e D. Ildo Fortes. José Maria Neves disse que o Cristianismo é um “elemento fundante da identidade crioula”, da formação da sociedade cabo-verdiana e da “afirmação do papel de Cabo Verde no mundo”.

 

 

 

Manifestação mundial em defesa da vida

O Papa Francisco vai presidir ao encontro mundial dedicado ao ‘Evangelho da Vida’ que o Vaticano promove este sábado e domingo, no programa de celebrações do Ano da Fé, para celebrar o “compromisso da Igreja” neste campo.

A iniciativa tem como tema ‘Acreditando, temos a vida’ e centra-se, segundo a Santa Sé, no “testemunho do Evangelho da vida, em defesa da dignidade da pessoa desde o primeiro instante até ao seu último momento natural”.

O Papa Francisco encerrará o programa destes dois dias com uma missa, na Praça de São Pedro, a partir das 10h30 (menos uma em Lisboa) de Roma, no domingo.

No sábado à noite (20h30 locais), a avenida principal que leva ao Vaticano vai ser iluminada por centenas de velas, para “chamar a atenção sobre o tema da vida humana e do seu valor intocável”.

O presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, arcebispo Rino

 

 

Fisichella, apresentou o evento em conferência de imprensa e destacou “a vida dos idosos, dos doentes, dos agonizantes, dos nascituros, daqueles que vivem aflições fisicamente e mentalmente e de todos aqueles que sofrem”.

A jornada mundial, inspirada na encíclica ‘Evangelium Vitae’, de João Paulo II, tem como objetivo oferecer a “todos os crentes espalhados pelo mundo a oportunidade de se sentirem representados neste momento de comunhão”.

A Federação Portuguesa pela Vida confirmou à Agência ECCLESIA a sua presença no evento, com a participação de Isilda Pegado (presidente) e Sofia Guedes.

 

 

António: guerreiro de Deus

Mais uma vez neste espaço dedicado ao cinema, não focamos exatamente uma estreia, mas abrangemos o acesso dos leitores à imensidão de filmes disponíveis em circuitos que vão bem além do comercial. É o caso da internet, onde existem já vários ‘lugares’ interessantes que de forma legal disponibilizam filmes possíveis de ser vistos e projetados online.

Desta feita, e por ser a data em que em tantos pontos do país se celebra o primeiro dos três santos populares, Santo António, o filme escolhido está acessível através do link http://pt.gloria.tv/?media=300557 em versão dobrada em português do brasil e chama-se ‘António: Guerreiro de Deus’ (no original, ‘Antonio Guerriero di Dio’)

Realizado por Antonello Belluco, o filme produzido em  2006 conta a história da vida de António praticamente desde o seu naufrágio ao largo da costa da Sicília Ocidental. O naufrágio ocorre no regresso de Marrocos para onde se dirigira a fim de iniciar a sua missão

 

evangelizadora, seguindo as pisadas dos missionários franciscanos que conhecera em Coimbra e por cujo espírito de simplicidade, idealismo e fraternidade, além da determinação missionária, se deixara tocar profundamente. A doença obriga-o a um regresso forçado que frustra as suas expetativas missionárias, no entanto, o aparente infortúnio do naufrágio é tomado como um inequívoco sinal de Deus e do caminho que lhe está reservado: em 1221, mais próximo de Assis, tem a oportunidade de conhecer Francisco, fundador da ordem que tanto admira e o encontro de ambos é determinante no carisma de António.

Após meses de isolamento e meditação em Montepaolo e de surpreender franciscanos e dominicanos com o seu extraordinário dom da oratória em Forli, é enviado em missão para a região da Lombardia, a que se segue um período de permanência em Bolonha, ensinando Teologia, e a

 

 

 

 

deslocação para França, onde, além da pregação que nunca abandona, se dedica ao ensino nas universidades de Toulouse e Montpellier.

Em 1227 é designado Provincial de Romagna, fixando-se finalmente em Pádua, onde escreve diversos sermões, prossegue a pregação e entrega incondicionalmente toda a sua cultura, o seu génio e a sua refinada formação ao serviço dos mais fracos e dos oprimidos, opondo-se corajosamente aos poderes instituídos.

 

Um filme que, mesmo sem rasgo artístico e muito aquém das plenas potencialidades dos recursos cinematográficos para aprofundar a personagem, a sua mística e o seu carisma, não deixa de constituir um razoável meio para conhecer e divulgar a vida de Santo António, como relato dos mais importantes momentos da sua vida, implicando também as suas principais motivações e inspirações.

 

Margarida Ataíde

 

 

Porque um sorriso vale tudo!

www.terradossonhos.org

Já escrevia o poeta que o sonho comanda a vida e porque a vida é feita de sonhos, esta semana a visita que propomos é para ficar a conhecer a associação Terra dos Sonhos. Fundada no dia mundial da criança do ano de 2007, esta organização não lucrativa tem como finalidade principal a “realização dos sonhos de crianças e adolescentes diagnosticados com doenças crónicas e/ou em fase terminal”. Vamos então conhecer um pouco melhor o seu sítio na internet.

Ao digitarmos o endereço www.terradossonhos.org encontramos um espaço muito bem conseguido em termos de imagem e com espaço para os destaques e opções disponíveis bem distribuído.

Na opção “a associação”,

 

 

ficamos a conhecer o que é esta organização de solidariedade, qual o percurso histórico que foi traçado para a criação deste projeto, qual é a equipa responsável por esta associação e quem são os parceiros institucionais e outras instituições sociais que apoiam esta organização.

No item “sonhos” é onde está contida a informação mais relevante em todo este sítio. Ficamos a conhecer efetivamente qual o percurso que temos de percorrer e o que temos de fazer, para podermos proporcionar a realização de um sonho a uma criança ou adolescente com menos de 18 anos de idade que tenha diagnosticada uma doença crónica e/ou terminal. Percebemos então que existem varios tipos de sonhos que podem ser realizados,

 

 

 

 

 

 

 

 

todos eles proporcionando benefícios vários. O primeiro beneficiado é a própria criança, que realiza o seu pequeno sonho podendo, dessa maneira contribuir para uma melhoria do seu estado de espírito. Para a família, que vivencia todo este processo de concretização do sonho, tem uma experiência inesquecivel de comunhão e partilha. Também toda a comunidade envolvente fica mais sensibilizada para esta realidade.

Caso pretenda saber como pode colaborar de uma forma mais próxima com esta associação, basta clicar em “como ajudar”. Os contributos podem ser feitos a nível empresarial, particular, dando um donativo onde, podemos apoiar tanto em géneros como financeiramente esta IPSS ou

  tornando-se voluntário. Na opção “voluntários”, somos interpelados a darmos um pouco de nós e do nosso tempo, pois, como se percebe, “uma considerável parte das atividades da associação dependerá do papel essencial dos voluntários” tornando-se membros das “equipas dos sonhos”.

Aqui fica então um sítio enriquecedor e com um grande sentido de ajuda ao próximo porque como está escrito logo de início, “acreditamos na força inspiradora e transformadora dos pequenos momentos únicos, como motor de melhoria da qualidade de vida das crianças, dos familiares e amigos que convivem de perto com estas realidades.”

 

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

 

 

Universidade Católica Editora
celebra 15 anos

A Universidade Católica Editora comemorou no início deste mês 15 anos de vida e assume a sua posição com reconhecido prestígio no meio académico e empresarial, através do desenvolvimento de várias linhas editoriais que refletem a atividade científica da UCP.

Integrando no seu catálogo a

 

produção de pensamento original e rigoroso do quadro de docentes, investigadores e colaboradores da Universidade, cumpre a missão de atuar como meio de comunicação privilegiado entre a comunidade académica e a sociedade.

 

 

 

 

Palavra Viva, Escritura Poderosa.
A Bíblia e as suas linguagens

“Compreendes o que vais a ler?” – perguntou Felipe ao alto funcionário da rainha dos etíopes quando fazia caminho a ler Isaías. – “Como posso compreender se ninguém me orienta?” (Act 8,26-39). Realmente, a Bíblia, escrita ao longo de onze séculos, é a memória e a fina flor da história de um povo, qual lição a ser aprendida por outros povos e pessoas. Mostra Deus a fazer história com os humanos, a entrar nos seus caminhos e a dar-lhes sentido transcendente.

Enquanto os deuses das grandes civilizações foram representados em estátuas materiais e agora enchem os museus do mundo, o Deus da Bíblia só quis ser representado em imagens da linguagem figurativa e hoje enche as vidas e as consciências dos seus fiéis, fazendo-lhes sentir que os ama e que quer que se amem mutuamente. A da Bíblia é a linguagem do amor, da bondade e da fraternidade universal. Mas as suas formas de expressão oriental e antiga, estando tão longe quanto o Oriente do Ocidente, põem problemas ao leitor ocidental e de

 

hoje, desarmado de ferramentas de interpretação.

Este livro oferece-lhas, para penetrar nas suas linguagens, resolver dúvidas e questões, superar eventuais escândalos, descobrir os tesouros da sua mensagem humana e até saborear a revelação divina.

 


Palavra Viva, Escritura Poderosa. A Bíblia e as suas linguagens

Autor: Armindo Vaz

Área: Teologia Bíblica

Coleção: Estudos Teológicos - Nº12

Ano: 2013

Págs.: 520

ISBN: 9789725403525

Preço: 27,70€

 

 

Junho de 1963:
A dor e o júbilo na colina do Vaticano

 

Quando se celebra o cinquentenário da morte de João XXIII e o mesmo número de anos da eleição de Paulo VI, duas palavras atravessam a memória dos cristãos: dor e júbilo. Dois conceitos que marcaram o mundo católico, e não só, no mês de junho de 1963.

Com a morte do Papa que convocou o II Concílio do Vaticano, a tristeza invadiu todos os continentes. O homem que escreveu a encíclica «Pacem in Terris» foi “o amigo do homem actual” e deixou uma “carta aberta ao universo” (Urbano Duarte, Elogio fúnebre pronunciado na Sé Nova de Coimbra, durante as exéquias solenes da diocese, na tarde de 11 de Junho de 1963) (In: Revista Estudos – órgão do CADC, Junho de 1963, nº 418).

A «Pacem in Terris» é um diálogo com todos os homens, convidando-os a colaborar no sentido de que se estabeleça a paz entre eles e as nações. “É o código dos direitos do homem, agora sem suspeita subversiva, porque selado pelo anel do pescador”, referiu Urbano Duarte. Antes da referida encíclica de João XXIII, os textos pontifícios situavam-se “dentro da igreja” e a sua “influência nos acontecimentos externos verificava-se por acção indirecta”. A «Pacem in Terris» abre confiadamente a porta da Igreja, para que a voz do Papa seja “escutada” não apenas pelos cristãos, mas por todos os homens. A todos, o Papa que faleceu

 

 

 

 

a 3 de junho de 1963 se dirige com simplicidade, “sem argúcias habilidosas, sem avisos nem anátemas de severo mentor.” (In: Revista Estudos – órgão do CADC, Junho de 1963, nº 418).

A dor do desaparecimento de João XXIII ficou gravada nos corações dos cristãos, mas a alegria jubilosa apareceu com a eleição do homem que continuou a barca conciliar. Nascido na zona de Bréscia (Itália) a 23 de Setembro de 1897, o cardeal Montini foi eleito Papa após um dia de conclave (21 de junho de 1963) e tomou o nome de Paulo VI. Na oração congratulatória proferida na Sé Nova de Coimbra por ocasião do solene Te Deum, no dia da coroação de Paulo VI (30 de junho de 1963), Eugénio Martins proferiu as seguintes palavras em relação ao trabalho de Montini na arquidiocese de Milão: “O seu sonho era que na sua diocese, coração das indústrias italianas, o ruído das máquinas fosse um hino e que o fumo das chaminés se transformasse em incenso” (In: Revista Estudos – órgão do CADC, Junho de 1963, nº 418, pág 342). No seu discurso, o

 

 

 

orador continuou: “Milão, um dos centros comunistas da Itália, está convertida num braseiro cristão”.
Na mesma revista, o poeta Vítor Matos e Sá publica “oito poemas no limiar da eleição do Santo Padre Paulo VI”. Num desses poemas, o autor escreve: “agora que sois o arquitecto dos exemplos / na sábia arrumação das traves / visíveis do destino; / E porque em vosso rosto venham ler / o reacendido texto inesgotável, / e a vossa bondade possa unir / as páginas rasgadas / e as fontes divididas”. Palavras sobre o homem que continuou a rasgar os horizontes conciliares iniciados pelo seu antecessor.
 

 

junho 2013

Dia 14

 

Dia 15

15 - Porto - Sé - Concerto de São João.
15 - Portalegre - Casa diocesana de Mem Soares - Conselho Pastoral Diocesano.
 


 

 

15 - Braga - Conselho arquidiocesano da Pastoral de Jovens.
15 e 16 - Vaticano - Jornada mundial do «Evangelho da Vida».
15 a 23 - Faro - Semana da Paróquia de São Luis.

 

Dia 16

16 - Guarda - Tortosendo - Encontro dos amigos do Verbo Divino.
16 - Braga - Guimarães - Ronda da Lapinha
16 - Leiria - Batalha (Mosteiro da Batalha) - Iniciativa «Música nos Mosteiros Portugueses Património da Humanidade» com Orquestra de Câmara Portuguesa.
16 a 19 - Lisboa - Seminário de Alfragide (Dehonianos) - Encontro de responsáveis de Catequese do Sul da Europa. 

 

Dia 17

 

 

 

17 a 19 - Fátima - Jornadas pastorais do episcopado português com o tema «A organização da sociedade à luz da Doutrina Social da Igreja».  
17 a 21 - Coimbra - Instituto Universitário Justiça e Paz - Feira do Livro e do CD cujas receitas revertem para o Fundo Solidário da Pastoral Universitária.

 

Dia 18

18 - Fátima - Reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa.
18 - Coimbra - Instituto Universitário Justiça e Paz (21h15) -Conferência sobre «A mudança no mundo do trabalho».
18 - Lisboa - Biblioteca Museu República e Resistências - Espaço Cidade Universitária (18h00m) - Conferência sobre «O Tempo e o Modo: revista de pensamento e acção (1963-1977)», no âmbito do ciclo de conferências «Das revistas políticas e literárias no Estado Novo» por Guilherme de Oliveira Martins.  
18 - Lisboa - UCP - Sessão do seminário de «História Religiosa - Época Moderna» sobre a «A reinvenção/readaptação tridentina no Estado da Índia»

  18 a 23 - Lisboa - Teatro Tivoli - Exibição do musical «Wojtyla - um musical sobre João Paulo II»

 

Dia 19
Dia 20

20 - Lisboa - Igreja de São Nicolau - Almoço/Debate com António Pires de Lima e promovido pela ACEGE
20 - Braga - UCP (Faculdade de Teologia) - Serão com leituras da Escritura por D. António Couto.
20 - Algarve - Portimão - Dia diocesano do clero e jubileu episcopal (25 anos) de D. Manuel Madureira Dias.
20 e 21 - Évora - Seminário Diocesano de Évora - I encontro transfronteiriço de técnicos e voluntários de inserção laboral das Cáritas

 

Dia 21

 

Ano C – 11º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim
 

Lancemos um breve relance sobre a liturgia da Palavra deste 11º domingo do tempo comum. Apresenta-nos um Deus de bondade e de misericórdia, que detesta o pecado, mas ama o pecador; por isso, Ele multiplica “a fundo perdido” a oferta da salvação. Da descoberta de um Deus assim, brota o amor e a vontade de vivermos uma vida nova, integrados na sua família.

A primeira leitura apresenta-nos, através da história do pecador David, um Deus que não pactua com o pecado; mas que também não abandona esse pecador que reconhece a sua falta e aceita o dom da misericórdia.

Na segunda leitura, Paulo garante-nos que a salvação é um dom gratuito que Deus oferece, não uma conquista humana. Para ter acesso a esse dom, não é fundamental cumprir ritos e viver na observância escrupulosa das leis; mas é preciso aderir a Jesus e identificar-se com o Cristo do amor e da entrega: é isso que conduz à vida plena.

O Evangelho coloca diante dos nossos olhos a figura de uma “mulher da cidade que era pecadora” e que vem chorar aos pés de Jesus. Lucas dá a entender que o amor da mulher resulta de haver experimentado a misericórdia de Deus. O dom gratuito do perdão gera amor e vida nova. Deus sabe isso; é por isso que age assim.

Estamos em pleno mês do Coração de Jesus. Podemos acolher a Palavra deste domingo sob essa luz, tentando

 

 

 

descobrir as atitudes bem presentes no Coração de Jesus: meditar nas atitudes que dele recebemos, tão presentes na liturgia de hoje, como o Amor, a Misericórdia, o Perdão, a Bondade; rezar essas atitudes em ambiente de adoração e vivê-las quotidianamente, sempre com empenho.

Só assim estamos a construir o Reino do Coração de Jesus nas pessoas e na sociedade. Um Reino bem diferente de tantos reinos que nos querem impor neste mundo!

Ser profeta da civilização do amor acontece na medida em que a

 

 

existência está fundada no Coração de Jesus Cristo, contemplado e amado, na Eucaristia, celebrada e adorada, na Palavra, escutada e anunciada. Ser profeta da civilização do amor acontece na medida em que se testemunha e anuncia o Amor de Deus, construindo o Reino do Amor de Deus no coração dos homens e mulheres do nosso tempo: um reino de justiça e paz, de amor e misericórdia, de perdão e compaixão, de verdade e liberdade, de respeito e promoção dos direitos humanos.

Continuemos a viver fecundamente este mês do Coração de Jesus, na identificação com Ele, levados pela essencial indicação de São Paulo: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim». Que assim seja nas nossas vidas e nas nossas comunidades eclesiais!

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 16 - Santo António: religiosidade e tradições populares em Lisboa.

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 17 - Entrevista ao padre José Tolentino Mendonça sobre o tema da Jornada Nacional da Pastoral da Cultura: "Culturas Juvenis Emergentes".

Terça-feira, dia 18 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II com Manuel Braga da Cruz;

Quarta-feira, dia 19 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja, com Eugénio Fonseca;
Quinta-feira, dia 20 - Rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 21 - Apresentação da liturgia dominical pelo padres Robson Cruz e Vitor Gonçalves.
 

Antena 1

Domingo, dia 16 de junho,  06h00 - 4º Simpósio da Teologia do Corpo apresentado por Maria José Vilaça e pelo padre Miguel Pereira.

 

Segunda a sexta-feira, dias 17 a 21 de junho, 22h45 - A participação dos jovens portugueses e a organização das dioceses para a Jornada Mundial da Juventude, em julho, no Rio de janeiro.

 

 

   

 

Por estes dias, a notícia eclesial mais esperada será a da eleição do novo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Para decidir sobre o processo eleitoral do sucessor de D. José Policarpo, que terminou o mandato quando o Papa Francisco aceitou o pedido de resignação de patriarca de Lisboa e nomeou D. Manuel Clemente como seu sucessor, vai realizar-se uma Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa no dia 19 de junho. Nesse dia deverá ser conhecido o nome do novo presidente da CEP.

 
Nos dias anteriores, responsáveis pela Igreja Católica nas várias dioceses de Portugal vão analisar a sociedade onde estão inseridos. As Jornadas do Episcopado convocam para o debate sobre o tema “emergência do Estado moderno e a doutrina social da Igreja” todos os bispos de Portugal e os vigários gerais (colaboradores imediatos bispos diocesanos) das dioceses. O programa indica que os analistas mais relevantes da sociedade portuguesa, peritos em economia, sociologia e na Doutrina Social da Igreja, terão oportunidade de apresentar os seus pontos de vista entre os dias 17 e 19 de junho.
 
Falta um ano para a diocese do Funchal assinalar 500 anos de história. São muitas as iniciativas que já estão em curso e que culminarão com a realização de um abrangente Congresso. O 499º aniversário, que decorre por estes dias, contou com a presença de D. Jorge Ortiga na diocese do Arquipélago da Madeira.
 

 

Mali: Radicais islamitas vão voltar com a saída das tropas francesas?

Um país sequestrado

As tropas francesas começaram a abandonar o Mali, depois de terem expulsado os grupos armados islamitas que ameaçavam tomar a própria capital, impondo a “sharia”. Agora, todos olham para o futuro com angústia, temendo o regresso dos terroristas.

 

Depois de as tropas francesas terem obrigado os rebeldes islâmicos a abandonar o território ocupado no Norte do Mali, fazendo fracassar a ofensiva rumo à capital, procurando impor a “sharia” em todo o país, ninguém consegue olhar com serenidade para o futuro. Há como que uma tranquilidade enganadora. O medo é indisfarçável.

 

O Irmão Wilfried Arama, da Ordem dos Missionários de África, confessou, à Fundação AIS, que “o Governo e o exército não permitem o regresso de sacerdotes ou de religiosos ao norte do país, pois tornar-se-ão presas fáceis dos islamitas”. Numa região vastíssima, os terroristas fazem dos sequestros, especialmente dos elementos da Igreja Católica ou funcionários de empresas ocidentais que operam na região, uma das suas principais fontes de financiamento, exigindo largos milhares de euros de recompensa pela libertação dos que caem nas suas mãos. Por causa disto, os cristãos estão todos refugiados ao sul do país, impedidos de regressarem

 

 

 

a suas casas, totalmente dependentes da generosidade alheia, sem meios de subsistência próprios. Fugiram para não serem apanhados pelos terroristas islâmicos.

Refugiados em Mopti

São 326 famílias de refugiados. Estão todos na Diocese de Mopti e dependem exclusivamente do apoio da comunidade internacional. A Fundação AIS disponibilizou logo, no início deste ano, uma ajuda de emergência de cerca de 40 mil euros, para a compra de alimentos, medicamentos e mantas. Desde Janeiro que a vida destas famílias é provisória e o futuro é incerto, pois a ameaça do regresso dos terroristas é cada vez mais provável. Ao todo, nesta diocese gigantesca, vivem cerca de 40 mil católicos. A pobreza é quase total. Aliás, esta guerra veio

 

escancarar ao mundo uma terrível realidade: a esmagadora maioria da população maliana vive com pouco mais de 1 euro por dia e só 30 % é alfabetizada. Esta equação explica muito do que está a acontecer neste país africano: pobreza e ignorância são o terreno fértil para o desenvolvimento do radicalismo terrorista islâmico. É por isso que a presença da Igreja Católica, que tenta assegurar cuidados mínimos de saúde, educação e de protecção aos mais idosos e às crianças, é essencial. O medo sequestrou este país. Se os rebeldes islâmicos regressarem e voltarem a impor a “sharia”, com a sua lei radical que implica amputações, chicotadas e execuções públicas, ninguém estará a salvo. Muito menos os cristãos.

 

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

 

 

Lusofonias

Ainda há trabalho infantil?

Tony Neves

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Se o melhor do mundo são as crianças – e volto a citar Fernando Pessoa -, porque as obrigamos a trabalhar, roubando-lhes o tempo de crescer em família e de brincar? Porque lhe tiramos competência ao futuro se as impedimos de ir á Escola e de aprender o essencial para poderem singrar na vida?

É verdade que o trabalho infantil casa com miséria e com falta de democracia. Quando há condições de vida digna, não se consegue obrigar as crianças a trabalhar, porque as famílias não precisam e a dignidade traz mais conhecimento de direitos e mais capacidade de resistir a opressões de toda a espécie. Também a democracia traz atrelada a si a liberdade de expressão que leva a denunciar os atropelos às leis e aos direitos humanos. Num país livre e democrático seriam muitas as vozes que se levantariam contra o trabalho infantil e muitas as denúncias que levariam os responsáveis a tribunal.

Por isso, o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil terá de ser também uma jornada de luta contra a pobreza extrema, pela democracia e pela liberdade de expressão e de opinião. São muitas campanhas juntas, mas só assim este flagelo que vitima milhões de crianças por esse mundo além poderá ser combatido com algum sucesso.

Quando, há tempos, um edifício enorme ruiu no Bangladesh e matou largas centenas de operários

 

 

 

 

Luso Fonias

 

 

têxteis, a comunicação social livre foi explicando ao mundo duas coisas importantes: a miséria é tanta naquela área do planeta que as pessoas sujeitam-se a tudo para sobreviver e há muita exploração do trabalho infantil. Esta foi a primeira afirmação repetida vezes sem conta. Mas a segunda afirmação incomoda-me mais ainda: aquele complexo fabril trabalhava para grandes marcas que vendem os seus produtos a preços exorbitantes, comprando-os ali ao preço da chuva em terras equatoriais.   Uma vergonha para a consciência da humanidade.

Pelo cruzamento de todas estas notícias e ideias, resta-me dizer que há um deficit de ética à escala global que me preocupa. Por isso, para além da democracia, da liberdade de expressão e do respeito pelos direitos humanos, há que somar também a ética dos grandes grupos empresariais para quem apenas os lucros parecem contar. Se assim continuamos, a humanidade será posta em questão. Vivam as crianças!

 

 


 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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