04 - Editorial

      Paulo Rocha

06 - Entrevista

      Marcelo Rebelo de Sousa

12 - Natal nas Dioceses de Portugal

 

 

96 - Multimédia

98 - Programação Religiosa

100 - Liturgia

102 - Fundação AIS

104 - LusoFonias

 

Foto de capa: Diocese do Poreto

Foto da contracapa:  DR

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
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Há dois mil anos chegou uma grande notícia.

Hoje, esperam-se notícias de paz em todo o mundo

para que aconteça Natal

 

 

 

 

 

Feliz Natal!

 

 

 

 

 

 

 

  Paulo Rocha    

  Agência ECCLESIA   

 
 

 

Não é necessário estimular extraordinariamente a curiosidade para tentar perceber como terá acontecido o nascimento de Jesus no ambiente de uma cidade, Belém, sem lugares para quem chegava, por ocasião de um recenseamento em todo o Império Romano. Relegado para um sítio ermo, numa gruta, Jesus nasceu em dias de ocupação máxima na região. A condição da sua encarnação aconteceu, assim, desde o primeiro momento entre periferias, próximo da pobreza e distante de ritmos soberbos do quotidiano.

Como há dois mil anos, quando não foi possível encontrar um lugar para que chegasse o Natal, nesta quadra perece também não ser possível celebrá-lo. E pelos mesmos motivos: está tudo cheio, nos supermercados, lojas, ruas, casas, corações... Até os parques de estacionamento ficam completos e impedem que se procure o “indispensável” para que se celebre, dignamente o Natal: é necessário encontrar os sabores da mesa que “fazem” cada Natal e são muitas as filas dos supermercados; programam-se encontros à volta de trocas de prendas e tardam os embrulhos nas esquinas comerciais; há sempre uma compra de última hora e o trânsito impede que se chegue a horas, as filas geram impaciência, pânico até!

 

 

 

E como no início da era cristã, quando tudo aconteceu no escondimento, entre pastores e visitantes vindos de longe, o Natal em cada era emerge, por certo, longe da azáfama com que se vive, em recantos escondidos, no silêncio de mulheres e homens.

Hoje, como há dois mil anos, é real o risco de colocarmos à entrada de casas e corações a indicação “completo”. Depois, é necessário procurar as grutas deste tempo e deixar-se guiar por uma estrela para O encontrar. E hoje felizmente há muitas! Também entre ornamentos e luzes de dias "mágicos", em cada ano.

 

 

 

 

 

“Dispensaria” este Natal

– Presidente da República

 

Marcelo Rebelo de Sousa vive o Natal como festa da família e da partilha. Este Natal, vai estar em Pedrógão Grande, com as vítimas dos incêndios. Diz, por isso, que “preferia um Natal diferente”! Seria sinal que “não tinha havido a tragédia”...

 

Entrevista conduzida por Paulo Rocha

Fotografias:  www.presidencia.pt

 

Agência Ecclesia – Qual o significado desta quadra natalícia para o presidente da República?

Marcelo Rebelo de Sousa - Em Portugal há uma tradição, transformada em vida todos os anos, relativamente ao Natal: é uma festa de família, para uma parte uma festa religiosa, partilhada, cada vez mais ecuménica, porque temos o Natal dos católicos que são, dentro dos crentes, a grande maioria, mas depois há outras igrejas cristãs, por exemplo os ortodoxos que não pertenciam à nossa tradição e vieram enriquecê-la; isso também aconteceu com a partilha que há com outras crenças e outras fés -  a judaica, a muçulmana – e depois também há, no encontro da família, o partilhar daquilo que foi o balanço de um ano, nas alegrias

 

 

 

 

 

 

e nas tristezas: os que partiram, os que  chegaram, os que se integraram na famílias, os que migraram... E depois as alegrias pessoais, profissionais e os desgostos 

 

 

 

e choques  coletivos. Este ano, é um Natal muito cheio de muitas alegrias e muitas tristezas.

 

AE - Sobretudo tristezas?

MRS - Diria que algumas alegrias: saímos um pouco mais da crise e isso melhorou a situação de bastantes 

 

 

 

pessoas em relação a natais anteriores que foram particularmente penosos. 

Mas tivemos grandes tragédias, que apanharam partes do nosso país, onde a hora ainda é de bastante luto ou de saída do luto. Tudo aconteceu nuns casos há seis meses e noutros casos há dois meses, o que é ontem. Por isso, esta partilha, no que tem de alegria e tristeza e sempre de solidariedade, dá uma força enorme ao Natal, porque além de ser a família é a solidariedade do todo que formamos em Portugal.

 

AE - É assim que o vive?

MRS - Vivo-o assim, como presidente da República, mas vivo, do ponto de vista pessoal e familiar, no reencontro, porque também somos um povo de emigrantes. Queria deixar uma palavra aos nossos compatriotas espalhados pelo mundo, nos quais se integra a minha família. A chegada dos meus netos, que infelizmente não podem vir com o pai, para passarem um tempo junto das raízes, é muito português e também dá um sabor muito especial a este Natal.

 

 

 

 

 

AE - O Natal do presidente da República será vivido sobretudo em Pedrógão?

MRS - Sim. O meu Natal, este ano, é um Natal que, por um lado, vai encher muito o meu coração, mas por outro dispensaria ter de estar lá, porque era sinal que não tinha havido a tragédia. Teria preferido que que fosse um Natal diferente para aqueles que perderam familiares, que tiveram um choque na vida brutal e ainda o estão interiorizar (e estou a pensar em Pedrógão, mas no fim do ano estou a pensar na área atingida em outubro). Vai ser muito intensamente vivido! 

 

 

Mas o ideal seria que a tragédia não tivesse chegado lá e estivessem a viver as cento e tal pessoas que partiram prematuramente...
 
AE - Paz é um tema desta quadra: é o Príncipe da paz que nasce, mas permanecem ameaças significativas...
 

MRS - Este Natal, apesar de tudo, é um Natal em que não se concretizaram ameaças na Coreia do Norte, o agravamento na zona do Mediterrâneo, nomeadamente no Próximo e Médio Oriente, apesar da tensão estar alta, relativamente 

 

 

 

 

ao daesh houve uma evolução positiva comparativamente a natais anteriores; permanece o terrorismo, muitas guerras, confrontos; sobe o populismo, xenofobia e intransigência que é preocupante, mesmo em sociedades que são tradicionalmente tolerantes.

Mas, o Natal é apelo de Paz. E nisso tem razão o nosso compatriota secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, quando se desmultiplica pelo mundo a tentar construir a paz.

 

 

AE - Porque é que ela não surge?

MRS - Acho que tem muito a ver com a educação das pessoas, com as condições económicas e sociais da vida, mas com a educação: a capacidade de aceitar os outros, de conviver com os outros, com a tolerância e a fraternidade. Quando isso não é assumido como programa de vida, é muito difícil fazer vingar a paz em vez da guerra.

 

 

 

 

 

 

AE - Que ameaça pode constituir o agudizar de posições entre os EUA e a Coreia do Norte?

MRS - Chegou a ser um momento preocupante. Foi ultrapassado para já! Para já também foram ultrapassados outros riscos que estavam no horizonte. Mas é uma luta de todos os dias. Todos os dias é preciso evitar que as Nações, os políticos os

 

 responsáveis económicos, em vez de caminharem no sentido da convivência, cedam à tentação de afirmarem a sua supremacia, a sua intolerância, o seu egoísmo. E isso é não uma luta só dos presidentes, dos primeiros-ministros, dos governos, mas uma luta dos povos. É por aí que começa. Por isso, eu digo que é um problema sobretudo de educação e de cultura. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O nosso Natal
De norte a sul de Portugal, continental e ilhas, o Natal tem muitas configurações. Todas em torno do acontecimento que constitui a sua origem: o nascimento de Jesus Cristo, numa gruta de Belém. Com fundamento único, vai-se expressando no litoral e no interior português, a norte e a sul, nos arquipélagos da Madeira e dos Açores a partir de marcas culturais de cada região. Neste semanário, mostramos tradições, acontecimentos e projetos que marcam o Natal 2017, em todas as dioceses de Portugal

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

ALGARVE

Presépio tradicional algarvio

No Algarve, as festas associadas ao Natal têm início no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição. Nessa data, “deitam-se os trigos”, ou seja, pequenas sementes de cereais (geralmente trigo, cevada ou centeio) são colocadas em pequenos pires ou chávenas de louça ou de barro para germinar as “searinhas” que enfeitarão o presépio, também ele diferente dos habitualmente feitos noutras regiões do país.

O presépio tradicional do Algarve, de raiz medieval, não representa o cenário da lapa de Belém. É antes armado em escadaria (trono) com o Menino Jesus em pé, no topo da mesma. No século XIX, nove dias antes do Natal, preparava-se a casa para armar o presépio. No chão da “casa de fora”, colocava-se uma esteira de empreita à frente da cómoda, em cima da qual se construía o trono, também conhecido por “altarinho”, “escadaria”, “penha” ou “charola”. Regra geral, era feito com recurso às gavetas dos móveis, imitando o altar-mor das igrejas, sendo o mais comum formado por três degraus e coberto por um lençol nas casas mais humildes ou por toalhas de linho rendadas e bordadas à mão nas mais abastadas.

Junto à imagem artesanal do 

 

Menino (esculpida por santeiros locais), iluminada por uma lamparina de azeite, para além das “searinhas” colocavam-se também laranjas, frutos secos e flores ou verduras diversas, como a murta, o loureiro, o alecrim, a aroeira ou a nespereira. Antigamente, a laranja, a par dos frutos secos, era no Algarve entendida como um bem precioso e sinal de distinção, 

 

 

ALGARVE  

 

constituindo uma das melhores ofertas que se podia dar.

A presença das “searinhas” no presépio era compreendida como uma bênção. Eram colocadas para o Menino “as abençoar” e para “dar muito pão às sementeiras”. No Dia de Reis, as abençoadas sementes germinadas eram transplantadas no campo para crescerem.

Na comunidade piscatória de Olhão, nas primeiras décadas do século XX, as pequenas searas germinavam dentro das latas de conserva de sardinha e ainda hoje há quem as faça nas vulgares latas de atum.

Esta tradição do presépio algarvio, atualmente recuperada, foi resgatada pelo padre e investigador José da Cunha Duarte quando veio em 1981 para a diocese e a encontrou em desuso. O sacerdote, autor de um intenso trabalho etnográfico de recolha e divulgação das tradições culturais algarvias, explica que a origem medieval do presépio local remonta à iniciativa do cardeal Bérulle (1575-1629), que introduziu em Avignon (França) a tradição das “searinhas” e das laranjas ao lado do Menino, para Ele abençoar as sementeiras e as árvores de fruto.

 

Samuel Mendonça

 

 

 

 

ANGRA

 

 

 

 

 

 

 

"Mijinhas do Menino"

As “Mijinhas do Menino” e os presépios marcam o espirito da quadra natalícia nos Açores 

A tradição está viva no mundo rural, mas nas cidades a pergunta que mais se ouve nesta quadra, em todo o arquipélago, é se “o Menino mija”

A tradição do Natal açoriano “O Menino mija”, que junta grupos em peregrinação por casas de amigos e familiares, tem perdurado no tempo, constituindo um símbolo do património etnográfico do arquipélago.

Entre os dias 24 de Dezembro e o de Reis (6 de Janeiro), vários grupos de homens e mulheres andam de casa em casa, cantando e visitando familiares e amigos, degustando doces e licores tradicionais caseiros, de amora, tangerina, leite ou café, que estão sempre expostos por esta altura nas mesas.

Antes de entrarem, e chegados a estas casas, os grupos perguntam: "O Menino mija?".

“Para mim é a quadra mais bonita do ano. Fui criado neste ambiente e por isso é-me familiar esta tradição” referiu à Agência Ecclesia Hernâni Rocha, um dos 12 elementos do Grupo de Reises, da Fonte Bastardo, na ilha Terceira, que desde 2006, 

 

depois de um desafio lançado pelo Presidente da Câmara Municipal da Praia, Roberto Monteiro, todos os anos, a 6 de janeiro, desfila pelas principais ruas da cidade terceirense cantando e bebendo nas casas dos amigos. A música é alusiva à quadra natalícia mas também vive de uma boa dose de improviso, inspirado nas cantigas ao desafio e nas velhas, adequando-se a cada anfitrião.

Além dos licores e dos figos passados, nas mesas das casas onde entram, também se veem por vezes laranjas, as mesmas que enfeitam os “Altarinhos do Menino Jesus”, que muitas vezes surgem em alternativa ao presépio.

O “Altarinho”  dispõe-se sobre a cómoda do quarto principal da casa, ou numa mesa encostada à parede. Entre o dia de Santa Bárbara e o da Imaculada Conceição, ou então no dia de Santa Luzia, colocam-se a grelar tigelas e pratinhos com ervilhaca, trigo, milho e tremoço para, juntamente com laranjas e tangerinas, enfeitar o presépio ou o altar do Menino Jesus. Além dos “Altarinhos”, também se destaca na tradição açoriana, sobretudo em São Miguel, armar a “Lapinha”, um presépio em miniatura disposto sobre rochas e ornamentado com materiais da terra,

 

 

ANGRA

 

desde musgo às conchas do mar, passando pelas figurinhas em miniatura feitas em barro e pintadas à mão, reproduzindo os quadros da vida de Jesus. Mas, o que anuncia a aproximação do Natal são mesmo as novenas do Menino Jesus, que se celebram um pouco por todo o arquipélago. É com elas que começa a preparação espiritual do Natal, festa que tem sempre uma mesa recheada. Nos meios rurais, ainda hoje, se costuma matar o porco, tradição fortemente enraizada que constituía e constitui uma fartura para a casa.

 

As melhores galinhas e os capões (ainda hoje o prato típico do Nordeste) ainda hoje são guardados para a consoada e para o dia de festa.

O Natal é, sem dúvida, tempo de tradições nos Açores, ilhas de grande religiosidade. Por isso, na noite de Natal os sinos chamam os fiéis para a missa do galo. Em São Carlos, na Terceira, há meia dúzia de anos que se celebra a Missa do Galito, destinada essencialmente às crianças da catequese. E, no Faial, celebra-se a Missa da Aurora, antes do sol nascer no dia 25. 

Carmo Rodeia

 

 

AVEIRO

À procura do presépio
em ruas cheias de estrelas

A mais universal das festas começou num pequeno curral (ou gruta) de uma pequena aldeia de uma pequena província de um grande império. Hoje, está em todas as rotundas e praças, nas avenidas, nos cinemas, nas páginas das revistas, nas redes sociais… Apesar de tudo, mesmo que a ligação ao curral – ou gruta – seja ignorada, ela existe. Mesmo que o Natal esteja paganizado, ainda há um resto de brasa. Ou que pisca. Os cristãos cristianizaram uma festa pagã, no solstício de inverno, porque a verdadeira luz que não se apaga nasceu na gruta. Ou curral. Se a festa estiver a ficar paganizada, que conserve ao menos um pouco de luz, uma estrelinha.

Fomos pelas praças e avenidas dos dez concelhos da área da Diocese de Aveiro ver que sinais cristãos os enfeites de Natal pagos pelos contribuintes têm. Começamos pelo centro: “Sorria, está em Aveiro”. Quem se lembraria de tal coisa em frente ao Museu de Aveiro, que é onde está sepultada a beata Joana Portugal, padroeira da cidade e da diocese? E os peixinhos na árvore de Natal na Ponte-Praça? Um pouco mais para o lado da estação, começa a Avenida Lourenço Peixinho. Cá está. 

 

“É por isso que há peixinhos na árvore de Natal da rotunda”, poderá imaginar o turista menos avisado. E porquê um moliceiro no topo da “maior árvore de Natal”? Na verdade, em Aveiro o Natal até tem sinais cristãos. Passa-se pelos Paços do Concelho e lá está uma Sagrada Família de luzinhas. Passamos pela rotunda do Hospital Infante D. Pedro e lá está outra Sagrada Família, bem perto da maternidade das crianças aveirenses, a desejar “Boas Festas”.

Vamos, então, mais para o interior. Em Albergaria-a-Velha, há bolas e fios de luz nas ruas. Junto ao Cineteatro Alba, uma tenda enorme, o “Lugar das Cores”– será porque Deus montou a sua tenda na humanidade? Vimos lá o Olaf e o Panda. E meninos e meninas a deslizarem na pista de gelo. Gelo mesmo? Não, plástico. Dá para imitar os lagos gelados do norte da Europa e fica mais barato. Albergaria e Águeda não dizem “temos uma pista de plástico”. Ninguém quereria deslizar numa pista de plástico. “Pista de gelo” é mais bonito. Mas é plástico. Em Albergaria, na rotunda junto à Câmara Municipal, porém, há um presépio de luzes com José, Maria e o Menino. E é só. Nos restantes oito concelhos, não encontramos mais nenhum Menino

 

 

AVEIRO

 

Jesus nos principais espaços.

Em Sever do Vouga, há velas, bolas, estrelas, pais natais e presentes. Tudo feito de luzinhas. A luz, sempre a luz. Em Estarreja, muitos anjos nas ruas e bonecos de neve no Natalim (desta vez sem tenda), junto à Câmara Municipal. Na Murtosa, outra tenda, a do “Natal na Alameda” e mais anjinhos a tocar corneta (ou flauta?). Mas vimos um sinal do Natal do Menino. Foi junto aos Bombeiros da Murtosa. José guia o burrito que leva Maria (e o “fruto do ventre”). Deve estar a chegar a Belém. Mal sabe que vai ter de se contentar com um curral. Ou gruta.

Mais para o sul da Diocese, demos com o maior Pai Natal do mundo, Águeda, pois claro. E nas costas do Pai Natal, a tal pista de gelo que é de plástico. Águeda inventou e exporta a ideia dos guarda-chuvas nas ruas mais antigas da cidade. No Natal, são feitos de luzinhas. Bem bonito. Por falar em luzinhas, estão muito giras as árvores de Natal junto à igreja paroquial. Tem luzes que parecem cair do alto. O espaço é da paróquia e lá, claro, Maria, José e o Menino estão à vista de todos.

Em Anadia, mais uma tenda de Natal. De Anatália, como lá se diz. E algumas luzes das ruas. E uma árvore de Natal feita de garrafas de espumante. Se

 

 

 

 

 

 

 

noutros sítios põem peixinhos e moliceiros na árvore…

Subimos para Oliveira do Bairro. Logo à entrada, pela nova variante (Anadia-Aveiro), três enormes estrelas. No centro da cidade, muitas árvores reais enfeitadas com luzes. Neste concelho, diga-se, as paróquias parece que rivalizaram em enfeites e presépios. Podemos estar enganados nas fronteiras das paróquias, mas em Oiã, até as capelas estão enfeitadas… Mas andamos a ver os enfeites feitos pelas câmaras, não pelas paróquias.

Em Vagos, não uma mas duas tendas, na “Terra do Pai Natal”, mais luzes nas ruas. Diz-se que tempo da corrida ao ouro da Califórnia, quem ganhou dinheiro foram os fornecedores de picaretas e de calças de ganga. Parece que no Natal, o negócio é bom é para quem aluga tendas. Presépios, em Vagos, como em Ílhavo, é que nenhum. Neste último concelho do nosso périplo, mais bolas e luzes. Também vimos um grande anjo de luz, mas estava apagado.

Em conclusão. Muitas luzes. Muitas árvores, todas artificiais, de luzes. Parece que estamos num país sem floresta… Ou que não se sabe que nas florestas sustentáveis pode-se cortar árvores de vez em quando. Algumas pistas de gelo, que são de plástico. E muitas estrelas. Ainda bem. Uma delas pousou sobre a gruta. Ou curral.

Jorge Pires Ferreira

 

 

BEJA

Cante natalício alentejano:
a legenda mais sublime do Natal 

O cante de expressão alentejana, proclamado Património Imaterial da Humanidade a 27 de Novembro de 2014, atinge a sua mais elevada excelência e sublimidade na quadra natalícia, no canto do Menino, Reis  e Janeiras. Damos um leve apontamento do fenómeno.

 

 

 

1 - O CANTE DO MENINO. Do referido tríptico natalício, é o cante do Menino (cantado em família, à volta do madeiro, ou na Igreja) que tem a letra mais diversificada e variada. São quadras repassadas de emoção, assombro, ternura, admiração e fé. Não é apenas a leitura do encanto do Menino que nasce na neve, no 

 

 

 

despojamento do presépio, mas o Menino que nasce para morrer e doar a vida por amor. O Menino do presépio é o Salvador, o Emanuel, o Deus connosco cheio de ternura e misericórdia, como afirma o refrão do Menino de S. Matias: - «Vossos olhos de misericórdia, amor». Este refrão, em polifonia alentejana, faz lembrar o fabordão antigo. O Menino de Messejana não encontra palavras para celebrar e emoção e o misticismo que se desprende do presépio, recorrendo ao canto sem 

 

palavras: - «Trai-la-ri, / Trai la-ri, la-ri-lo-lé / Menino nascido é. / Trai-la-ri, Trai-la-ri-lo-lé / Jesus Maria e José”. O Menino da Vidigueira “faz lembrar o rendilhado das capelas imperfeitas da Batalha, tal a delicadeza dos traços da melodia. O de Vila Nova de S. Bento, parece uma prece gregoriana, indecisa e vaga» (P. Marvão, Cancioneiro Alentejano). A maior parte destes corais natalícios não está ao alcance das comunidades cristãs, pela sua complexidade e mestria, exigindo um grupo ou cantadores a preceito. Para obviar a esta dificuldade, o Secretariado Diocesano de Liturgia de Beja promoveu e divulgou o Menino de Pias, mais silábico e cantável, mas muito lindo, a começar pelo refrão: - «Ponde em nós os Vossos olhos, misericórdia, amor», semelhante ao de S. Matias.

 

2 - O CANTE DE REIS. A letra do cante dos Reis é praticamente uniforme na tradição natalícia do Alentejo. Também pela dificuldade do seu canto, o mesmo Secretariado de Liturgia divulgou os Reis de Vila Nova de S. Bento, porque mais simples e cantável. Diz assim: - Quais são os três cavalheiros, / Que fazem sombra no mar? / São os três do Oriente, / Que a Jesus vêm buscar. / Não perguntam por pousada, / Nem aonde irão poisar, / Perguntam por Deus Menino, / 

 

 

BEJA

 

Aonde O irão achar?» O cante dos Reis de Peroguarda, começa com tal energia, arte e vibração, que mais se assemelha a uma peça de teatro lírico, para depois descansar num coral de rara beleza, emoção e criatividade. Um assombro!

 

3 – O CANTE DAS JANEIRAS. Esta tradição decorria de um a seis de Janeiro, pelas ruas e pelos montes, muitas vezes para matar a fome, ao pedir as”sobras” de cada casa. A sua finalidade, além da utilitária, consistia em anunciar o nascimento de Jesus e desejar feliz Ano Novo. O chefe batia à porta e perguntava: «quer que cante ou que reze?». E agia em conformidade. A letra, inspirada na circuncisão de Jesus à luz pascal(Lc.2,21), diz assim: - «Esta noite é de Janeiras, /é de grande merecimento, /Por ser a noite primeira, / Em que Jesus passou tormento. /Os tormentos que passou, /Eu lhes digo de verdade: / Derramou Seu santo sangue, / Para salvar a humanidade”. Em seguida improvisavam-se quadras alusivas às pessoas da família visitada, com alguma dose de humor e circunstância.

António Aparício 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BRAGA

Presépios animados

Uma das tradições mais encantadoras da época natalícia, na região do Minho, são os presépios animados. Com maior ou menor número de figurantes que se mexem sem saírem do sítio ou se deslocam por toda a área do presépio, recria-se diante dos nossos olhos extasiados um ambiente 

 

predominantemente rural. Estão ali representados os ferreiros, malhando o ferro na bigorna; os carpinteiros, serrando as madeiras ou pregando pregos; os moleiros, moendo o milho; as tecedeiras, urdindo mantas e lençóis de linho; os cavadores revirando a terra; as lavadeiras, batendo a roupa nos lavadouros; a peixeira, de canastra na cabeça, 

 

 

BRAGA

apregoando gorazes ou carapaus; os pescadores nas margens dos ribeiros, a ver se apanham o almoço; padeiras enfornando; pastores, mugindo cabras e ovelhas; enfim, cães, galinhas, patos, cavalos e burros, moinhos de vento, carros de bois, bandas de música. É toda uma sociedade que, simbolicamente, trabalha e se diverte diante do Menino, exercendo as suas profissões, e mostrando os seus saberes herdados de pais e avós. Nalguns presépios mais modernos, já se vê o comboio ou o carro dos bombeiros, a roda dos parques de diversões, e não falta sequer o elevador do Bom Jesus de Braga subindo a encosta quase a pique. Parece que ainda ninguém se lembrou de construir uma linha de montagem de automóveis ou a redação de um diário com jornalistas batendo as teclas do computador. Não é tarde. A inventiva destes artistas não tem limites.

Para lá do tom levemente ingénuo e, por vezes, até cómico destes maquinismos, que todos os

anos, infalivelmente, se

repetem e atraem milhares

de crianças e adultos,

formula-se uma intuição

verdadeiramente

admirável. Na sua 

 

simplicidade, quer os artistas que montam estes artefactos, quer as pessoas que vêm contemplá-los estão a afirmar que a nova terra e o homem novo nascido com a encarnação do Menino Deus se vão construindo também com a infinitamente variada e quotidiana atividade humana. Estão a mostrar que o trabalho do homem, feito com dor ou com prazer, com êxito ou com fracassos, no silêncio do anonimato ou no vozear da fama, só adquire o seu sentido pleno quando realizado diante de Deus Menino, acompanhando-o na construção de uma nova sociedade.

Luis Pereira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BRAGANÇA-MIRANDA

Presente solidário - Natal és tu

A Escola de Santa Clara, em colaboração com o grupo Cáritas da Paróquia de São João Batista da Sé e o grupo “Sorrisos Missionários” da Juventude Eucarística Franciscana, em Bragança, lançou no dia 24 de novembro a campanha de Natal: “Presente Solidário – Natal és tu”.

As crianças da escola, motivadas para a participação nesta dinâmica fraterna, embrulharam a prenda solidária com mensagens de Natal e ajudaram na venda dos cachecóis junto de toda a comunidade educativa.

O grupo Cáritas e o grupo “Sorrisos Missionários” divulgaram também a campanha pela cidade de Bragança, assim como a paróquia da Sra. da Encarnação, em Mirandela. Na compra de cada cachecol solidário (por 3€), está a contribuição de 1,5€ para pagamento de botijas de gás, contas da luz e medicamentos a famílias carenciadas, assim como  

 

a distribuição de cabazes de Natal. Esta distribuição será feita pelo grupo  Cáritas e o grupo de jovens “Sorrisos Missionários”.

Na sequência da campanha dos anos anteriores, “Um gesto, um sorriso”, a Escola propôs, para este ano, uma experiência de partilha mais envolvente e com sentido reparador.

Esta campanha está enquadrada no novo Projecto Educativo da Escola de Santa Clara “RE-para (n)o mundo”. Como refere o PEE, o Papa francisco, na Carta Encíclica Laudato Si’, pede uma «conversão ecológica» que reconheça o mundo «como dom recebido do amor do Pai». A espiritualidade cristã  «encoraja um «estilo de vida profético e contemplativo, capaz de gerar profunda alegria sem estar obcecado pelo consumo». E «propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco». A ecologia integral requer uma «atitude do coração, que vive tudo com serena atenção, que sabe manter-se plenamente presente diante duma pessoa sem estar a pensar no que virá depois».

As Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, congregação religiosa que tutela a Escola de Santa

 

 

BRAGANÇA-MIRANDA

 

 Clara e orienta o grupo de jovens envolvido na campanha, têm no seu carisma o perfume da reparação. Através do Movimento Eucarístico de Leigos, que engloba as crianças, jovens e adultos, e das obras sociais onde estão presentes, semeiam gestos de paz e bem no cuidado da “Casa Comum”. 

Ir. Conceição Borges 

 

 

 

 

COIMBRA

A natividade em xilogravura:
revisitando Nunes Pereira

O espaço museológico de Nunes Pereira, no Seminário Maior de Coimbra, está a acolher uma exposição temporária intitulada ‘A natividade em xilogravura: revisitando Nunes Pereira’.

A mostra, que percorre o tempo de Advento e Natal, desde a Anunciação à Adoração dos Reis Magos, tem como objetivo dar a conhecer a obra artística do monsenhor Nunes Pereira sobre esta temática, e ao mesmo tempo funciona como um conjunto de catequeses sobre os episódios que envolvem esta época.

Quem visitar esta exposição, de entrada gratuita, poderá revisitar ou ficar a conhecer representações das narrativas da Anunciação e do Nascimento de Cristo de acordo com os relatos evangélicos de São Mateus e São Lucas.

Nas xilogravuras expostas encontramos Maria sentada a ler a Sagrada Escritura quando surge o Anjo Gabriel com a Boa Nova de que vai ser mãe do Salvador.

Vemos depois em destaque episódios como a deslocação de José e Maria a Belém para o recenseamento e o nascimento de Cristo numa manjedoura.

 

Sobre a Adoração dos Pastores, encontramos xilogravuras com as figuras de José com um ar de introspeção e a figura de Maria a cuidar de Jesus.

Quanto à secção da exposição dedicada à Adoração dos Reis Magos, inspirada no Evangelho de São Mateus, o Monsenhor Nunes Pereira representa os magos a carregarem cada um o respetivo cofre com as prendas para o Menino Jesus: ouro, incenso e mirra.

Ainda que São Mateus relate que aqueles reis do Oriente encontraram Cristo junto a sua mãe Maria, o monsenhor Nunes Pereira opta por uma abordagem mais intimista, mostrando os viajantes apenas com Jesus.

    

Biografia

Homem multifacetado, Mons. Nunes Pereira tanto utilizava as frases simples e profundas como a «pedra bruta» para dar a conhecer o Criador.

Nascido a 3 de Dezembro de 1906, na pequena povoação da Mata (freguesia de Fajão), na Diocese de Coimbra, Monsenhor Nunes Pereira aprendeu com o pai as primeiras letras, 

 

 

COIMBRA

 

depois do falecimento deste, 1915, foi para o Seminário e Coimbra.

Ordenado em 1929, a primeira paróquia onde exerceu o seu múnus pastoral foi em Montemor-o-Velho de onde transitou, em 1935, para Coja.

Foi pároco de S. Bartolomeu, Vigário Geral da diocese, membro da Comissão Diocesana de Arte Sacra, professor no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra e chefe de redação do «Correio de Coimbra» cerca de 20 anos.

Nos finais da década de cinquenta e após viagens a França, Itália, Alemanha e Holanda, Nunes Pereira dedicou-se à aguarela.

Desenhava com uma rapidez fulminante, esculpia e pintava de igual

 

modo e, dados os seus conhecimentos na área da madeira, aprendeu numa simples tarde, a técnica da gravura em metal com José Contente.

Dominava igualmente a técnica do vitral, tendo executado o seu primeiro trabalho na capela da Casa de Saúde de Santa Filomena, em Coimbra; seguiram-se outros em Vila de Rei, na capela de Montalto, em Arganil, nas Igrejas de Santa Maria de Celorico da Beira, de Manteigas, de Ponte Sótão (Góis), Ponte da Barca, Cardigos, Guarda-Gare, Paleão (Soure) e Carnide (Pombal).

Para além deste cunho pessoal nos vitrais deixou também painéis de madeira na Igreja da Tocha, de Bustos, de Coja e no Seminário de Coimbra.

 

 

Desenhava com uma rapidez fulminante, esculpia e pintava de igual

 

 

A forma peculiar como comunicava com os outros e o saber polivalente fizeram deste sacerdote, jornalista, escritor, artista, poeta, professor e humanista um «ex-libris» do seu Fajão.

Para tornar viva a sua memória foi inaugurado, a 13 de Setembro de 1997, um museu cujo nome deram “Monsenhor Nunes Pereira”.

Este guarda as raízes dos habitantes da terra – utensílios, artefactos, literatura, contos, tradições maneiras de criar e dizer poesia, de cantar e rezar, formas de vestir, de trabalhar, de agradecer a Deus e aos santos, de amar os animais e as aves, de dizer a lenga-lenga e chamar o gado – e está enriquecido com uma parte significativa do espólio artístico criado pelo homenageado.

Nesta casa de xisto (um dos materiais utilizados para as suas obras de arte) o

 

 visitante encontra retalhos da vida e riquezas de ontem para apreciar hoje. Lições históricas que questionam a rapidez do homem contemporâneo.

Polifacetado como sempre foi, Nunes Pereira dedicou-se igualmente a outras modalidades. Mas era a gravação em madeira e em xisto – ou «calhau rolado» - que melhor retratava a sua sobriedade expressiva” – (Branco, J. Oliveira).

O Monsenhor Nunes Pereira faleceu a 01 de junho de 2001, tinha 94 anos e mais de quarenta vividos na cidade universitária onde deixou a última obra: um vitral no altar-mor da Igreja de S. José (Coimbra).

A obra de arte foi inaugurada a 16 de Junho desse ano por D. Albino Mamede Cleto, bispo das terras do Mondego, mas os participantes na Missa do 7º dia puderam apreciá-la antecipadamente.

 

 

Para além deste cunho pessoal nos vitrais deixou também painéis de madeira na Igreja da Tocha, de Bustos, de Coja e no Seminário de Coimbra.

A forma peculiar como comunicava com os outros e o saber polivalente fizeram deste sacerdote, jornalista, escritor, artista, poeta, professor e humanista um «ex-libris» do seu Fajão.

Para tornar viva a sua memória foi inaugurado, a 13 de Setembro de 1997, um museu cujo nome deram “Monsenhor Nunes Pereira”.

Este guarda as raízes dos habitantes da terra – utensílios, artefactos, literatura, contos, tradições maneiras de criar e dizer poesia, de cantar e rezar, formas de vestir, de trabalhar, de agradecer a Deus e aos santos, de amar os animais e as aves, de dizer a lenga-lenga e chamar o gado – e está enriquecido com uma parte significativa do espólio artístico criado pelo homenageado.

Nesta casa de xisto (um dos materiais utilizados para as suas obras de arte) o visitante encontra retalhos da vida e riquezas de ontem para apreciar hoje. Lições históricas que questionam a rapidez do homem contemporâneo.

Polifacetado como sempre foi, Nunes Pereira dedicou-se igualmente a outras modalidades. Mas era a gravação em madeira e em xisto – ou «calhau rolado» - que melhor retratava a sua sobriedade expressiva” – (Branco, J. Oliveira).

O Monsenhor Nunes Pereira faleceu a 01 de junho de 2001, tinha 94 anos e mais de quarenta vividos na cidade universitária onde deixou a última obra: um vitral no altar-mor da Igreja de S. José (Coimbra).

A obra de arte foi inaugurada a 16 de Junho desse ano por D. Albino Mamede Cleto, bispo das terras do Mondego, mas os participantes na Missa do 7º dia puderam apreciá-la antecipadamente.

ÉVORA

Natal com “Pão e Paz” em Évora

Na passagem do milénio, em pleno tempo de Natal, a Dra. Maria Teresa Caetano decidiu celebrar a quadra com um grupo de imigrantes de Leste que viviam em Évora. Aconteceu, no ano 2000, o primeiro encontro de Natal, no Monte Alentejano, que hoje já é uma tradição na cidade eborense.

A 28 de Janeiro de 2002, um grupo de cristãos, encabeçado pela Dra. Maria Teresa Caetano, preocupados com a realidade social em Évora, reuniu-se 

 

 

pela primeira vez naquela que ainda hoje é a sede provisória da Instituição que se veio a designar Associação "Pão e Paz - Associação de Solidariedade Social". É uma instituição particular de solidariedade social (IPSS), sem fins lucrativos, que há quase 16 anos, serve os mais carenciados, proporcionando-lhes uma refeição quente diária.

Desde 2006, a sua actividade desenvolve-se diariamente (de 

 

 

 

 

segunda a sábado), “com o fornecimento de uma refeição a cerca de 110 utentes. “Este número já foi superior, sendo que há dois anos e meio fornecíamos 150 refeições diárias e chegámos a ter lista de espera”, revela à Ecclesia, Ana Martins, assistente social da Pão e Paz. “Na verdade, actualmente fornecemos aos nossos utentes, entre os quais famílias com crianças, um almoço completo e um complemento para o jantar, o que

 

 representa cerca de 220 refeições diárias”, explica a assistente social.

Neste dia 22 de Dezembro de 2017 volta a cumprir-se tradição com o almoço de Natal da Pão e Paz, no Monte Alentejano, em Évora, que “procura reunir todos os nossos utentes para lhes proporcionar um momento diferente, que além da refeição terá animação pelo grupo 'Vozes dos Canaviais' e por dois jovens do movimento CVX”, aponta Ana 

  Equipa de voluntários que serviu o almoço de Natal da Pão e Paz em 2016  

 

ÉVORA

 

Martins. A ementa contará com uma canja de peru, feita pela Associação, com bacalhau e lombo, oferecidos pelos hotéis da cidade, e com doces, oferecidos por pastelarias locais. Para os mais pequenos haverá ainda prendas. Para servir, como é tradição, estarão voluntários e amigos da Pão e Paz. De há uns anos a esta parte, para os sem-abrigo e para aqueles que vivem mais sós, o proprietário de uma unidade de turismo rural servirá ainda no dia 24 de Dezembro uma ceia e proporcionará a estadia na noite de Natal naquela unidade.

O Arcebispo de Évora, D. José Alves, já é uma presença habitual nesta tradição da Pão e Paz e considera que “esta celebração natalícia é apenas um símbolo do que acontece no ano 

 

inteiro, com um grupo de pessoas, com alma cristã, que se compadece daqueles que se encontram em maiores dificuldades”. “Esta tradição mantém-se e bem, porque é uma forma de chamar a atenção da população para os mais carenciados e ao mesmo tempo para dizer a estes que há pessoas que querem ajudá-los e que nessa ajuda querem exprimir o seu sentido cristão da vida”, refere o Prelado.

Importa sublinhar que todo este trabalho só é possível graças a um número significativo de voluntários, de empresas solidárias, que garantem a existência da Pão e Paz porque

  Arcebispo de Évora com a Dra. Maria Teresa Caetano, fundadora da Pão e Paz  

 

 

“a Associação não recebe qualquer apoio do Estado”, sublinha Ana Martins, que deseja que “2018 seja melhor do que 2017, porque estamos actualmente a passar por muitas dificuldades”.

Pedro Miguel Conceição

Fotografias: PMC/adefesa

 

 

 

 

 

 

FUNCHAL

Natal na Madeira: Uma Festa que começa a ser celebrada com as Missas do Parto

As comunidades católicas na Madeira organizam as tradicionais ‘Missas do Parto’, uma novena de preparações para o Natal que decorrem habitualmente ao fim da madrugada, perpetuando vivências espirituais e sociais.

 “Somos mais nós, porque é uma coisa que nos identifica”, refere à Agência ECCLESIA a escritora madeirense Graça Alves, a respeito destas celebrações.

 “As Missas do Parto fazem parte desta preparação, desta antecipação da Festa, como se preparássemos o nosso coração para esse dia grande” do Natal, acrescenta.

 

 

As Missas de “louvor a Nossa Senhora” somam à dimensão espiritual o convívio no adro da Igreja, para preparação da ‘Festa’, a forma como é habitualmente referida a celebração do Natal no arquipélago.

 “Aqui, quando nós falamos da Festa, não falamos apenas na noite do dia 24 para o dia 25 de dezembro; a Festa aqui começa muito cedo: começa com as luzes, com a preparação das casas, com a feitura dos licores, das broas, do bolo de mel”, observa Graça Alves.

Após a Missa, o adro da igreja costuma acolher um momento de convívio com comes e bebes típicos da quadra 

 

 

 

 

 

natalícia, “momentos em que as comunidades se preparavam mesmo, se juntavam e socializavam”, assinala a escritora.

 “Todo este juntar de esforços, penso, é a grande preparação do Natal”, prossegue.

As chamadas ‘Missas do Parto’ são uma tradição particular do Arquipélago da Madeira, um momento exclusivo para cantar versos populares, em honra da Virgem Maria e do Menino Jesus, alguns dos quais remontam aos primeiros povoadores do arquipélago.

Graça Alves fala a ainda da dimensão de “maternidade” na preparação do Natal.

Na Madeira, refere, “tudo tem de estar preparado na noite de 24”, altura em que a imagem do Menino Jesus é colocada no presépio.

Esvaziam-se armários, limpam-se copos, enfeitam-se as casas, uma preparação “simbólica” para viver “o momento em que o Menino Jesus nasce” na vida de cada de um.

 

 

 

FUNCHAL

 

“A Festa é vivida em detalhes: como é preparamos a nossa casa, o nosso coração para receber esse filho que é de Deus, de uma mulher? É aquele que nos vem trazer uma esperança e aí há uma abertura para outro aspeto da maternidade: esperança, o amor, outra visão sobre os outros, sobre o mundo, sobre a nossa vida”, declara Graça Alves.

 

 

 

 

A Diocese do Funchal publicou um guião com sugestões para as homilias das Missas do Parto de 2017, com o tema ‘Maria de Nazaré, modelo de jovem de oração’.

No final do guião, com a imagem de Nossa Senhora, apresenta-se o tradicional canto “Virgem do Parto, Ó Maria/Senhora da Conceição/Dai-nos as festas felizes/A paz e a salvação”.

 

 

 

 

O auto de Natal e as romagens

A Noite de Natal na Madeira é preenchida em muitas partes da ilha, principalmente no norte, por uma representação tradicional que anuncia o nascimento Menino: à meia-noite apagam-se as luzes e um anjo vestido de branco, normalmente uma criança, entoa uma melodia própria. Segue-se a entrada dos pastores - as “romagens” - em que tomam parte numerosos fiéis, como embaixadores dos sítios de cada freguesia, normalmente ao som de uma canção com letra e música próprias, com os seus presentes, normalmente produtos da terra, animais vivos, fruta, ovos ou mesmo dinheiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em Aldeia Viçosa – Guarda

O Magusto da Velha a pensar nos pobres, em tempo de Natal

Em plena oitava do Natal, Aldeia Viçosa, povoação do concelho e Diocese da Guarda, vive uma tradição secular que tem passado de geração em geração, o Magusto da Velha.

O evento recorda o gesto benemérito de uma Velha que está lavrado num documento de 1698, numa época medieval instável, marcada pela miséria, pela fome e pelas guerras. A herança que originou esta tradição é mencionada no “Livro de Usos e Costumes da Igreja do Lugar de Porco - Ano de 1698”.

A tradição remonta, pelo menos, ao século XVII, ao ano de 1698, e, apesar de ninguém sequer saber o nome da velha a quem encomendam a alma, ainda hoje se cumpre.

O Magusto da Velha é um evento único, singular em todo País e é património da antiga aldeia de Porco, agora Aldeia Viçosa.

Todos os anos, no dia a seguir ao Natal, 26 de Dezembro, o povo sai de casa para participar na Missa em que se recorda a Velha cujo nome se desconhece. Deixou ela em testamento uma propriedade à Igreja de Porco com a condição de lhe rezarem pela alma e de distribuírem castanhas pelos pobres.

 

"Têm obrigação de dar na primeira oitava de Natal cinco meios de castanha e cinco alqueires de vinho pela alma de uma velha que deixou noventa e seis alqueires de centeio a esta Igreja impostos na Quinta do Lagar de Azeite para que com esta castanha e vinho se fizesse no mesmo dia um magusto e todos dele comessem e rezassem na Igreja um Padre Nosso pela sua alma", diz o documento.

Para cumprir o testamento, este ano, a Junta de Freguesia vai distribuir cerca de 150 quilos de castanhas e cerca de 150 litros de vinho. De acordo com a tradição, a seguir ao almoço, os habitantes de Aldeia Viçosa concentram-se no Largo da Igreja onde o Madeiro de Natal ainda arde. As castanhas, depois de terem sido içadas para o cimo da Torre da Igreja, são lançadas para o adro e para o largo da aldeia, onde a multidão está concentrada.

Nos últimos anos, a pensar nas crianças, a Junta de Freguesia também costuma lançar rebuçados para o meio das pessoas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

GUARDA

 

  

Quando as castanhas são atiradas para a multidão, começam as tradicionais ‘cavaladas’ (quando as pessoas se baixam para apanharem as castanhas do chão e os mais novos saltam para cima das suas costas). As ‘cavaladas’ decorrem no adro, em frente da porta principal da Igreja. Jovens e menos jovens tentam apanhar os mais distraídos e saltam-lhe para as costas. Quando alguém é apanhado todos lhe caem em cima. Como castigo pelo “mal” feito, levam com uma chuvada de castanhas.

Na edição deste ano, a Junta de

       Freguesia de Aldeia Viçosa vai

       acrescentar uma componente mais

          cultural a esta tradição. O

           testamento será cumprido com

               a participação do grupo

                  HEREDITAS, habituado a 

 

 

 

 

representações, na cidade da Guarda, sobre temáticas medievais.

O programa do Magusto da Velha começa às 14.00 horas, com a celebração da Missa em memória da Velha e beneméritos da freguesia. Segue-se um cortejo medieval encenado, que incluirá o transporte das castanhas, do vinho e dos rebuçados para a Torre da Igreja. Durante a tarde será feita a leitura dramatizada do testamento da Velha para o lembrar às gerações mais novas. As castanhas e rebuçados serão lançados do alto da Torre da Igreja  

 

Paroquial recordando o pedido de partilha com os mais necessitados em tempo de Natal. Há também a possibilidade de provar torradas com azeite produzido localmente.

Para interpretar o testamento deixado pela Velha alguns convidados especiais vão conversar sobre o Magusto da Velha e outros temas relacionados com a Freguesia de Aldeia Viçosa.

Graças ao testamento da Velha, desde há muitos anos que o sentido da partilha e de preocupação com os mais pobres, na época de Natal, está enraizado neste povo do vale do Mondego, nas proximidades da cidade da Guarda. 

Francisco Barbeira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LAMEGO

Um cheirinho a Natal

Tradições na área de Lamego

Que palavra mágica é esta de Natal! Por todo o mundo, cristão ou não, o Natal é época de grandes tradições que se foram formando e afirmando ano após ano, e chegaram até nós, 

 

quase tão frescas como naquela noite de Belém. Não foi o aparecimento de uma nova vida, mas o surgir de um vida nova, o que não é um trocadilho de palavras, mas sim o caso único 

 

 

 

 

de Deus feito homem, em Jesus, o nome escolhido e anunciado a Maria (S. Lucas) e a José (S. Mateus). Deus vem salvar!

A partir daí o tempo percorreu um novo caminho histórico, a humanidade começou a viver um novo período, hoje conhecido como o «antes» e o «depois» de Cristo. E apareceu a festa, a Festa do Natal.

À sua volta se formaram novos usos e costumes que se desenvolveram em várias vertentes sobressaindo a religiosa, a gastronómica e a familiar; chamemos-lhes tradições, variando de região para região, determinadas muitas vezes pelas possibilidades humanas ou recursos que se tornam usuais, formando as chamadas tradições.

Lamego não fugiu à regra e se não diferem muito nas tradições do Natal português, por aqui se tornou tradição o Presépio, que se foi «compondo» à medida que o dia 25 de Dezembro aproximava; novenas e cânticos começaram nas igrejas, a Missa do Galo atraiu muitos que, ao longo do ano mal se aproximavam das igrejas e pouco se lembravam do Jesus salvador; este recebia o beijo amigo, mesmo dos que se despediriam

 

até ao ano seguinte. Mas, que seria o Natal sem esta homenagem ao Jesus Menino? Há cânticos tradicionais, grupos que vão de porta em porta desejar bom Natal, cantando os versos populares para esta ocasião, muitas vezes referindo-se aos senhores da casa.

Entretanto, as famílias reuniram-se para a Ceia de Natal, onde o bacalhau não faltava ao lado da batata e da couve, tudo regado com o azeite novo, verdadeiro dom de Deus a um povo que não o dispensava na noite de Natal. Aletria, rabanadas ou filhós não faltavam em nenhuma mesa. Esperava-se pela meia-noite para a Missa; à volta da lareira onde crepitava o velho tronco guardado para esse dia ou noite; os mais novos jogavam ao par-ou-pernão, rindo de alegria quando acertavam no número de rebuçados ou confeitos escondidos na mão do que orientava o jogo, ou ao rapa, com as quatro palavras mágicas: rapa, põe, tira, deixa; se havia adultos em número suficiente, as «cartas» batiam-se em cima da mesa, misturando o jogo com mais uma rabanada ou filhó, um cálice de Porto, não fosse ele outra tradição de Natal, o «vinho cheirante de Lamego».

 

 

LAMEGO

 

Na Catedral, assim como nas torres das simples aldeias, o sino ou o relógio anunciavam, nas doze badaladas, que o Natal chegara e o Menino esperava pela homenagem que o povo cristão não Lhe regateava.

A família, reunida à volta da mesa ou mais perto da fogueira até ao momento, partia para rematar a tradição religiosa, que começara pela Novena e continuaria pela Oitava, quase tudo se repetindo na noite

 

do fim do ano: o Presépio lá estava e Jesus parecia esperar por todos, ele que veio para a todos salvar.

A família que se reuniu com alegria e amizade sempre repetidas e renovadas voltou aos cuidados de cada dia. Uns ficaram, outros partiram, mas a despedida era diferente: até para o ano! E voltou a ser NATAL, agora em 2017.

Um Santo Natal para todos!

P. e Armando Ribeiro

 

 

Leiria-Fátima

O Natal mostrado em presépios

A representação da Natividade em presépio é uma das tradições mais antigas da época natalícia. Em casa, no jardim, no adro da igreja ou dentro dela, ao vivo ou mecânico, na Diocese de Leiria-Fátima esta é uma tradição em crescimento.

Na paróquia de Porto de Mós, por exemplo, a tradição do presépio está nas ruas, pelo terceiro ano, depois da paróquia ter desafiado as crianças da catequese a isso. “A iniciativa serve, por um lado, para motivar as crianças a viver o Natal e, por outro, para que as famílias possam afirmar e proclamar a sua fé publicamente, transmitindo os valores da paz, do amor, próprios do Natal”, explica o pároco, padre José Alves. Quem participou no concurso 

 

teve de enviar uma foto do presépio para ser publicada na página do facebook da paróquia. É aqui que o escrutínio está a ser feito, em “gostos” e interações, até ao dia de reis.

Nos Milagres, são as pessoas que são convidadas a entrar na basílica para verem um dos presépios vivos mais emblemáticos da Diocese. “É uma tradição que começou na década de 1990, que partiu do envolvimento do grupo paroquial de jovens e dos escuteiros, tendo-se estabelecido desde então”, conta o pároco, padre Jacinto Gonçalves. A iniciativa envolve dezenas de pessoas, sendo que a Sagrada Família é habitualmente 

 

 

LEIRIA-FÁTIMA

 

representada por uma família da paróquia onde, nesse ano, tenha nascido um bebé. Entre os figurantes, há reis magos, anjos e pastores, com capotes, que apascentam animais vivos durante a representação. No final, o presépio deixa de ser vivo para funcionar de forma mecânica, com imagens em tamanho real que permanecem em movimento, acionadas por um sensor colocado à entrada da basílica. No dia de Reis, os magos, que estiverem no dia de Natal, voltam ao presépio para uma curta encenação.

Outro exemplo é a Bajouca, onde fazer um presépio de grandes dimensões no adro da igreja matriz já se afirmou como tradição. Musgo, pedras, 

 

madeira são os ingredientes principais para uma receita que vai sendo mantida geração após geração, resistindo ao tempo, conta Filipe Soares, que colabora na construção do presépio há oito anos. O projeto começa a ser idealizado em setembro, com a troca de ideias e a construção de um pequeno modelo. Depois, é meter mãos à obra: quatro dias por semana, sempre depois do horário de trabalho, entre as 21h00 e as 24h00, para que esteja tudo pronto na meia-noite do dia 24 de dezembro, altura em que o presépio é inaugurado. Nos dias que se seguem, são muitas as pessoas que ali vão para o visitar.

 

DCA/LMF

 

 

LISBOA

O presépio na cidade,
uma resposta à mensagem de Fátima

Foi no ano 2000 que nasceu o Presépio na Cidade, com o objectivo de sublinhar os parabéns a Jesus, que se fez homem para salvar os homens de todos os tempos.

Com o Sim de Maria, Deus tornou-se, palpável, matéria, um de nós.

Com Maria, aprendemos a conhecê-Lo, e reconhecer que Jesus, é de todos, é o

 

 único homem que afirmou ser Deus, que renova todas as coisas!

Foi no ano 1917, há 100 anos que Maria, a de Nazaré, visitou Portugal, e em Fátima veio reafirmar esse amor de Jesus por nós. Veio ensinar-nos, de uma forma muito simples, como alcançar a Paz e salvar muitas almas de caírem no inferno. Uma mensagem tão clara, 

 

 

 

 

tão simples, mas que não se esgota no tempo. Rezar o terço e fazer de tudo sacrifício, como sementes de Paz, quando oferecidas por amor.
Acabamos de celebrar o centenário das aparições e esta celebração veio lembrar a necessidade sempre presente de agarrar a “arma” do terço para alcançar a Paz no mundo e no coração da humanidade.

Os pastores foram os primeiros a acolher o Salvador do mundo,  daí trazermos os pastorinhos  de Fátima, para junto do Menino Jesus, de Maria e José, neste Presépio na Cidade, um lugar especial onde se vive  e experimenta aquela cena maravilhosa que é a vida da Sagrada Família no concreto momento do nascimento de Jesus. Com as imagens dos pastorinhos, os voluntários do Presépio na Cidade sentem-se entusiasmados a rezar Avé-Marias e a "agarrar" quem passa, para e contemplar a ternura do Presépio.
São  crentes e ateus, adultos e crianças, jovens, famílias, portugueses e muitos estrangeiros;  ignorantes e eruditos; Fomos ainda à prisão de Tires, à Maternidade Alfredo da Costa, a Hospitais, a Escolas. Todos deram

 

 o seu “donativo”: o terço pela Paz no Mundo. O grande desafio é perceberem que num gesto de grande humildade e gratuidade podem fazer toda a diferença!
Todos recebem um “guarda jóias” com um terço e um manual de instruções para que, ao pegarem nele, se lembrem de rezar pela Paz. Uma, duas, três Avé Marias.... distribuímos cerca de 1500 “guarda-jóias” feitos de amor.

Estas centenas e centenas de Avé-Marias, materializadas em pequenas rodelas de cartolina e unidas umas às outras, vão ser o presente de Natal que o Presépio na Cidade vai entregar a Nossa Senhora, em Fátima.

Acreditamos que Nossa Senhora vai gostar muito e, sobretudo, vai usar para que cada vez mais pessoas se aproximem do seu Filho Jesus, que nasceu e morreu para a todos dar a Vida Eterna.

 

Sofia Guedes

 

 

PORTALEGRE-cASTELO bRANCO

Sardoal reinventa tradições
para dar nova cor ao Natal

 

O Concelho do Sardoal, na Diocese de Portalegre-Castelo Branco, é conhecido pelas suas tradições de Semana Santa e procura agora recriar a dinâmica religiosa e social no tempo do Natal, com a ajuda das forças vivas do município.

Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal do Sardoal, refere à Agência ECCLESIA que a “fé e a religiosidade”

 

 

 

 das populações locais são um fator a ter em consideração nos planos para o desenvolvimento da autarquia.

Este ano, foi feito um desafio para que as Capelas e Igrejas do Concelho estejam adornadas com Presépios elaborados pelos sardoalenses: nos próximos dias 23, 30 e 31 de dezembro, os templos vão abrir as suas portas, entre as 14 horas e as 17 horas, ostentando, no seu interior, trabalhos ímpares e originais.

No dia 23 de dezembro, o Município disponibilizará transporte para visitar as Capelas e Igrejas do Concelho, com ponto de encontro no Centro Cultural Gil Vicente, pelas 15 horas.

O mesmo centro acolhe até 27 de janeiro de 2018 uma Exposição sobre «Presépios de Portugal – O Imaginário Tradicional». 


  

 

Em exposição estão presépios, pertencentes à Diocese de Portalegre - Castelo Branco, representativos de diversas zonas do país, que dão a conhecer diferentes representações populares e etnográficas da natividade.

Com o intuito de dinamizar e envolver comerciantes, empresários, associações e a população em geral no espírito natalício, o Município, através do Gabinete de Apoio ao Empresário, promove ainda uma mostra de Presépios, destinada a todos os estabelecimentos de comércio, associações e serviços abertos ao público no Concelho.

Cerca de 40 participantes aceitaram o desafio de apresentar presépios decorados de forma original e criativa, que estarão expostos ao público, no interior dos estabelecimentos até 6 de janeiro de 2018.

Miguel Borges considera que é “bonito de se ver” toda uma comunidade envolvida em torno da temática dos presépios, com “originalidade” de materiais e de inspiração, como, por exemplo, instrumentos antigos da Banda Filarmónica.

“Ninguém fica insensível a esta quadra natalícia”, assinala o autarca.

O presidente da Câmara Municipal do Sardoal valoriza o “microclima cultural” do pequeno concelho, que se aplica em atividades que são também de “coesão da comunidade”.

 

 

 

PORTO

Natal com abrigo

Na Diocese do Porto ganha destaque a iniciativa “Natal com abrigo”. Nasceu em 2015 e dirige-se às pessoas sem-abrigo. Através de um concerto musical e de uma ceia, esta iniciativa procura gerar convívio e encontro entre quem dá e quem recebe transmitindo alegria

 

“Natal com abrigo” é um projeto desenvolvido por jovens ligados ao CREU-Centro de Reflexão e Encontro 

 

Universitário-Inácio de Loyola na cidade do Porto. Dirigido a pessoas sem-abrigo tem lugar na Igreja dos Clérigos e nasceu em 2015 da colaboração de 40 voluntários maioritariamente estudantes universitários.

Concerto, convívio e distribuição de bens são os vetores de uma noite especial. O concerto musical funciona como uma espécie de ‘quebra-gelo’ para desbloquear inibições e barreiras

 

 

 

 

à comunicação. Depois o tempo é de convívio vivido na partilha de uma ceia de Natal. Um momento em que o gesto procura proporcionar encontro e alegria àqueles que não têm casa. No final, são oferecidos objetos de higiene pessoal e roupa interior que são o “’bilhete de entrada’ a todos aqueles que participam na iniciativa. São a senha obrigatória dos que querem ajudar as pessoas sem-abrigo.

No primeiro ano do “Natal com abrigo”, 2015, foram recolhidos bens 

 

para distribuição que encheram duas carrinhas. Em 2016 e 2017 o projeto cresceu substancialmente juntando cerca de 500 pessoas no dia do evento. Do grupo que lançou esta ideia sobressaem dois nomes: Diogo Espregueira e Manuel Barbosa. O Diogo falou ao jornal diocesano “Voz Portucalense” sobre o evento deste ano de 2017 que teve lugar no sábado dia 9 de dezembro:

 

 

 

 

PORTO

 

VP: Na celebração deste ano de 2017 quantos foram os voluntários e os sem-abrigo que participaram na iniciativa?

DE: No conjunto estavam presentes cerca de 500 pessoas e contamos com a colaboração de 120 voluntários (70 coro + 50 organização). Neste momento o projeto dedica-se apenas a uma noite de “Natal com Abrigo” que é o culminar de vários meses de trabalho e preparação. Este ano conseguimos preparar e distribuir cerca de 100 conjuntos. Um

 

conjunto base incluía pasta dos dentes, escova dos dentes, champô, sabonete, roupa interior.


VP: Qual a reação das pessoas sem-abrigo a este Natal com Abrigo?

DE: As pessoas com quem falámos estavam particularmente sensibilizadas pela oportunidade de terem um momento de família, uma conversa e uma refeição quente de igual para igual. Também recebemos os parabéns pela música e alegria contagiante.

 

 

 

 

 

 

VP: Qual o significado desta iniciativa para si e para os outros voluntários?

DE: “Recebeste de graça, dá de graça”. É isto que procuramos fazer! Mais do que servir uma simples refeição ou oferecer um concerto, procuramos acima de tudo transmitir alegria, estando atentos às necessidades dos outros. 

 

 

 

VP: Esta celebração acontece no Natal mas existe um trabalho de apoio aos sem-abrigo durante os outros meses do ano, desenvolvido por si e por outros voluntários?

DE: Sim, sem dúvida! Muitos destes voluntários fazem rondas durante todo o ano. Uns dão apoio semanal, outros dão apoio mensal, consoante as disponibilidades de cada um. Procuramos estabelecer relações, é isso que perdura.

Rui Saraiva

 

 

sANTARÉM

O Natal na Diocese de Santarém

D. José Traquina lançou um grande desafio para o Natal deste ano a todos os diocesanos. Na sua mensagem de Natal convidou os cristãos a não terem “medo de encontrar o Menino, acreditar n’Ele e admitir a sua missão. Assim, o nosso coração e a nossa vida ficarão cheios da alegria”.

Nas terras do Ribatejo, não ficamos indiferentes ao nascimento de Jesus. Cristãos e comunidade procuram acolher Deus que se faz pequeno, simples e humilde, assume a condição humana para nos dar amor, paz e alegria; Ele mesmo.

A preparação deste dia trás consigo várias tradições. Uma das mais visíveis na diocese de Santarém é a construção do Presépio em espaços públicos e familiares. Nas ruas das cidades, vilas e aldeias, nos jardins e nos interiores das casas particulares, o Presépio lembra-nos que o Natal é algo que se quer celebrar de modo atualizado e com significado para a vida. Existe da parte de todos um grande respeito pelo Presépio. Encontramos atualmente as pessoas, por curiosidade ou tradição, a aproximarem-se dos presépios para tirarem fotografias. Também algumas famílias aproveitam para tirar uma selfie junto de Jesus, Maria e José. Um pequeno gesto que mostra como  ainda existe o desejo de a Família de Nazaré fazer parte do quotidiano 

 

 das famílias do século XXI.

Também o Natal é celebrado em família. As famílias reúnem-se nas suas casas devidamente preparadas para a quadra. Procuram, seguindo a tradição própria familiar, viver com espírito de amor e de união a ceia de Natal onde fazem parte alguns pratos e doces típicos da época natalícia.

Em muitas Paróquias, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos reúnem-se na grande família que é a comunidade paroquial para aí celebrar, com fé e renovado entusiasmo, o grande mistério do Natal. Na celebração, todos procuram cantar com alegria o nascimento de Jesus na vida de cada um, nos seus corações e nas suas famílias. Muitos são os que, depois da consoada em suas casas, se reúnem na igreja paroquial para, como outrora os anjos, cantarem glória a Deus nas alturas e a paz na terra aos homens por Ele amados.

Viver este tempo do Natal é procurar pôr em prática o convite lançado pelo nosso bispo: “é estranho que se fale tanto do Natal e não haja interesse por saber quem foi que nasceu!” Que as terras do Ribatejo, incentivadas por este convite, saibam novamente acolher o Menino que vem para ser o Emanuel – Deus connosco.

Pe. Cláudio Jorge Rodrigues.

Secretariado Diocesano das Comunicações Sociais.

 

 

ainda existe o desejo de a Família de Nazaré fazer parte do quotidiano

 

SETÚBAL

“Searinhas do Menino Jesus” em Sesimbra

 

 

 
Setúbal. Diocese de missão, tradicionalmente pouco cristianizada, com um caminho a percorrer na revitalização das “sementes da fé”. Talvez por isto mesmo, as tradições de Natal não são habituais por aqui.
Setúbal é também Diocese de acolhimento, fruto dos fenómenos migratórios internos e externos. Também por isso, as poucas tradições que se conhecem foram trazidas pelas gentes do Sul e do Norte que aqui encontraram a sua casa. 
 

 

 

É um destes exemplos que damos a conhecer: as “searinhas do Menino Jesus”, tradição de Natal típica de outras zonas do país, e que é também uma tradição da vila de Sesimbra.

O Padre Tiago Pinto, atual pároco do Seixal, tem 30 anos e cresceu naquela localidade. A tradição das “searinhas de Natal” nas famílias sesimbrenses é uma das suas memórias de sempre. É ele que nos descreve, em seguida, o significado deste costume. 
 
Sementeira é feita no dia de Nossa Senhora da Conceição
Sesimbra, como muitas outras terras do nosso país, tem a tradição das 
 
 
 
"searinhas de Natal" ou "searinhas do Menino Jesus".
As famílias semeiam estas searas de trigo em pequenos pratos, por norma no dia 8 de dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição, dia também muito celebrado em Sesimbra.
Estas searas crescem, até estarem bonitas no dia de Natal, altura em que são colocadas no presépio da casa, perto do estábulo onde está a imagem do Menino Jesus.
 
O trigo: uma referência à Eucaristia
Atentando no sentido mais profundo desta tradição, trata-se claramente de uma referência ao mistério da Sagrada Eucaristia. Nosso Senhor nasce, assume a nossa carne, para nos livrar do pecado, e oferece o sacrifício de Si mesmo na cruz, para nos remir. Este sacrifício é sempre atualizado nos nossos altares na Santa Missa.
Assim, o trigo é uma clara referência à Eucaristia. Nosso Senhor alimenta-nos com o seu Corpo e com o seu Sangue. É sem dúvida uma bela tradição de Sesimbra, que deve ser valorizada e conhecida.
 
Anabela Sousa/Pe. Tiago Pinto
 

 

VIANA DO CASTELO

Agradecer: um modo de fazer
“(re)nascer” Jesus

1.  «Somos Igreja que agradece». Eis o lema que nos é proposto por D. Anacleto Oliveira, Bispo de Viana do Castelo, para a vivência deste Ano Pastoral, o primeiro de um Triénio Pastoral destinado a assinalar os quarenta anos da criação da Diocese, datada de 03 de novembro de 1977, no tempo do Papa Paulo VI.

É nesta atitude de gratidão que D. Anacleto convida cada diocesano a viver este Natal: «Natal cristão tem de ser tempo de graça e de gratidão» (D. Anacleto Oliveira, Mensagem aos Diocesanos de Viana do Castelo para a vivência do Natal 2017).

Celebrar o Natal é, efetivamente, celebrar a gratidão: a gratidão que brota da certeza de que, em Jesus Cristo, nascido de uma mulher e sujeito à Lei (Cf. Gl 4,4), Deus – Todo-Poderoso, Eterno e Omnipotente – assume a nossa natureza humana e assume-a de tal forma que se torna o «mais humano de todos os humanos», como afirmava Bento XVI, porque, encarnando, dá sentido à nossa humanidade.

É este acontecimento essencial da nossa fé que nos preparamos para celebrar. Não o fazemos apenas

 

como uma evocação de algo que aconteceu no passado, nem com um espírito de gratidão que corra o perigo de se reduzir a mero sentimentalismo e, assim, se esvaziar da sua essência. Fazemo-lo como atualização deste mistério central da nossa fé.

Celebrar o Natal é, por conseguinte, agradecer a Deus o dom inefável que nos deu em Seu Filho, mas, acima de tudo, fazer com que essa gratidão se transforme em ação. Celebrar o Natal é fazer com que Jesus Cristo (re)nasça, hoje, no coração de cada homem e de cada mulher.

 

2. É neste espírito que podemos apreciar e valorizar as muitas tradições que, por esta altura do ano, encarnando tão bem a genuinidade alto-minhota, proliferam pelas vilas e aldeias do Alto-Minho, enchendo-as de cor, de sabor, de (agradável) odor. São múltiplas e variadas. Desde as muitas novenas, como preparação próxima para a celebração do nascimento de Cristo, até aos muitos presépios (em Caminha, por exemplo, será feito um com quinhentas figuras em torno de um cruzeiro construído precisamente há quinhentos anos),

 

 

 

os convites à gratidão ativa e comprometida são muitos e diversificados. Na verdade, as belas tradições natalícias precisam de ser hoje redescobertas, não apenas pelo seu valor histórico-cultural – tantas vezes inigualável –, mas, acima de tudo, por aquilo que elas nos apresentam de convite. Convite a redescobrirmos, nos caminhos do mundo, o presépio onde cada um de nós hoje vive. Convite a vermos nas encruzilhadas da vida aqueles que clamam e reclamam que, no nosso 

 

coração, nasça ou renasça Jesus Cristo. Convite a fazermos com que este Cristo, (re)nascido em nós – qual sol capaz de iluminar e aquecer – se estenda a todos sem exceção.

Também e, sobretudo por isso, este tempo, a par das muitas tradições herdadas dos nossos antepassados, é uma oportunidade para nos questionarmos: onde é que Cristo precisa de (re)nascer hoje? A questão é mesmo esta: precisamos de levar Cristo, não apenas nem primariamente onde nos dá mais jeito e/ou a quem nos dá mais jeito, onde é mais fácil, onde é mais cómodo. Jesus Cristo tem de ser levado àqueles que dele mais necessitam. Assim o vemos, na figura do Bom-Samaritano (Cf. Lc 10,25-37), a encher-se de compaixão e a ir ao encontro daquele homem ferido e maltratado, ainda que os ditames de então recomendassem um afastamento, precisamente porque aquele que estava na beira do caminho não era “próximo”.

 

 

VIANA

 

3. É, neste sentido, que o nosso Bispo, D. Anacleto Oliveira, tem procurado assumir, ao longo dos últimos anos, gestos proféticos e interpeladores, fazendo-se próximo daqueles que mais precisam dessa proximidade, mormente na época natalícia. Entre muitos outros gestos, tem procurado, a cada ano, na tarde de 24 de dezembro, celebrar no Estabelecimento Prisional de Viana do Castelo e, depois, cear com os “sós”, na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, no coração da cidade de Viana. Trata-se de uma iniciativa que tem juntado pessoas que sofrem diversos tipos de carências com outras que, 

 
nessa noite, simplesmente abdicam do conforto do seu lar – nessa noite particularmente caro – para estarem junto de quem mais precisa.
Estes são gestos – tais como outros de tantos homens e mulheres – que brotam do coração de um Pastor que, dando corpo às inquietações do Papa Francisco que não são mais do que as inquietações do próprio Cristo, se abeira das suas ovelhas, particularmente daquelas que estão nas periferias, tantas vezes somente porque nós as retiramos do centro.
Mas, além disso, são gestos que nos podem interpelar. Cada um a seu modo, é chamado a viver o Natal nesta atitude: agradecendo a Deus 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

o “milagre” da Sua encarnação em Cristo, um agradecimento que se faz com a vida – a nossa vida – feita “estábulo” onde Cristo quer e precisa hoje de (re)nascer. Para isso, precisamos de sair do nosso comodismo. Para isso, precisamos de nos questionar sobre o modo como podemos hoje ser os anunciadores e portadores de Cristo no seio das nossas famílias, das nossas comunidades, da nossa sociedade.
 
4. É este o Natal que, de forma sempre renovada, somos chamados a viver em cada ano. É este o Natal que, de um modo muito especial, somos chamados a viver em Viana do Castelo neste ano em que agradecemos a Deus a Diocese que formamos. “Um Natal de Gratidão” diz D. Anacleto 
 

na sua Mensagem para esta quadra.

Que este Natal seja, então, oportunidade para agradecermos a quantos tornaram possível o Natal de Jesus Cristo na nossa Diocese ao longo destes quarenta anos (iremos agradecer de modo especial a vida fecunda de D. Júlio Tavares Rebimbas, primeiro Bispo de Viana, que, na Solenidade da Epifania, será transladado para a Catedral de Viana). Mas, acima de tudo, que este tempo seja oportunidade para que, olhando para o nosso passado, vivamos o presente e pensemos o futuro na certeza de que o Natal de Jesus Cristo continua hoje a acontecer na vida, e pela vida, de cada um de nós.

 
Santo e Feliz Natal!
Pe. Renato Oliveira
 

 

VILA REAL

O Natal cristão que sonho,
me proponho e vos desejo

Em cada região de Portugal, o bispo diocesano dirige uma Mensagem de Natal à Igreja local que coordena. Uma oportunidade para sublinhar temas que considera relevantes e propostas de atualização do Natal, em determinado contexto.

Ao apresentar tradições e acontecimentos que marcam este Natal, publicamos parte da mensagem do bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás, nomeadamente nos apelos e interpelações que dirige aos transmontanos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Como falar do Natal, no mundo secularizado, pós-cristão, enredado na fantochada celebrativa do regabofe do prazer divinizado? O Natal devia celebrar a vinda do Filho de Deus, feito carne, em tudo igual a nós, excepto no pecado, o qual caminhou para o baptismo da morte, rumo ao triunfo da ressurreição, levando-nos à fonte inesgotável da vida divina. Esta interpelação e conformação ao pensar e agir de Cristo está longe do coração e horizonte das pessoas, que não vêem nem entendem, prisioneiras do curto-circuito do eclipse de Deus e da idolatria do progresso. Os humanos tornaram-se insensíveis, já não se deixam tocar pelo amor de Deus, pela vinda intermédia de Jesus, que bate à nossa parte e nos convida à fidelidade, à prática do bem e à consagração da própria vida. Jesus Filho de Deus, que nasceu em Belém, e virá no final dos tempos não nos larga, nem cessa de exortar a crescer, na santidade e entrega, em prol dos outros.

Os cínicos, cheios de vento, dizem “comamos e bebamos que amanhã morreremos” e, assim, negam a vida que há-de vir e a Cristo que a dá, esfregando o próprio umbigo, 

 

indiferentes ao pobre, sem pão e sem tecto, no regabofe do carnaval e esbanjamento, que é grave injustiça a milhões de seres humanos, sem acesso aos bens e sem afecto, numa existência imerecida. Esquecem o destino universal dos bens e a Jesus que veio pregar a Boa Nova aos pobres e para que tenham a vida em abundância. Vivendo, deste modo, a celebração do Natal e do mistério redentor de Cristo perverteu-se. Já não há Natal do Filho de Deus, na vida concreta e paganizada das pessoas.

A Festa do Natal deve espelhar a santidade e a dignidade e levar-nos a Jesus, sempre disponíveis e abertos a Deus, como Maria Santíssima, os Pastores e os Magos. Unida a Jesus, Maria, São José, e os humildes, interiormente desprendidos, procuram, recebem e anunciam o Menino, verdadeiro Deus e homem e redentor do género humano, na simplicidade da vida quotidiana. Todos se consagram e celebram o Menino que é o centro, o ponto de referência, a causa da alegria e da festa natalícia. Ele nada nos rouba e tudo nos dá. Viver, pensar e agir, sem Ele e contra Ele, é perder o sentido da existência.

 

 

VILA REAL 

Cristo revela-nos Deus e revela o homem a si mesmo (G.S.22). Há que esperar a Sua vinda, vigiando, fazendo o bem e conformando a vida ao Ressuscitado, que virá transformar o corpo mortal, para o tornar semelhante ao Seu Corpo glorioso. (...)

O Natal exige a Páscoa e orienta-se para ela, como saída e oferta de nós mesmos, para a glória de Deus e benefício da humanidade. Não nos envergonhemos nem dos trapos, nem da gruta, onde Jesus nasceu, nem dos cravos, nem da cruz, onde Ele se ofereceu, por nós, dado que não há outra via se não esta, que nos leva à ressurreição.   

 Que Deus Menino vos encha de bênçãos e, pelo mistério da Sua morte e ressurreição, Vos conceda a vida eterna e a alegria do Ressuscitado, sentado à direita do Pai, como nosso intercessor, após ter assumido uma humanidade semelhante à nossa, no seio da Virgem Maria, por obra e graça do Espírito Santo. Assim, com os votos de feliz Natal, a bênção de Deus Todo-Poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo desça, sobre Vós, e fique convosco, para sempre. Amen.”

 

D. Amândio José Tomás,

bispo de Vila Real

 

 

 

 

vISEU

Cantares de Natal

“Esta noite de Natal, noite de tanta alegria, já São José caminhava, a mais a Virgem Maria:

Viemos anunciar, viemos anunciar o nascimento de Jesus; nasceu para nos salvar, nasceu para nos salvar, morreu pregado na Cruz.”

Assim se inicia a série de cantares natalícios com que grupos de crianças, 

 

ou adultos, visitam, noite dentro, as casas mais abastadas da aldeia, pedindo contributos para obras de beneficência, ou, no caso das crianças, obterem guloseimas, ou os “tostões” para as comprarem.

Próximo do Ano Novo, cantam: “Janeiras são orações, que nós erguemos ao Céu, voz dos nossos 

 

 

 

corações, louvando o Menino Deus. Os sinos a repicar, no alto do campanário, rezam também, a cantar, as contas do seu rosário”.

Depois do Ano Novo, a fechar o ciclo natalício, soa nos ares: “Já os três Reis vão chegando à lapinha de Belém, p’ra adorar o Deus Menino, que Nossa Senhora tem”.

Tradições que sobrevivem, graças a grupos culturais, dando especial encanto ao Tempo de Natal, como os Presépios montados em Igrejas e outros lugares públicos, alguns construídos com materiais reciclados, desafiando a criatividade.

 

 

Ranchos Folclóricos ou Grupos Corais promovem Festivais de Cantares Natalícios, com intercâmbio de participações, lembrando cantares tradicionais em louvor do Menino.

O programa “Viseu Natal”, promovido pelo Município, até 7 de Janeiro, com concertos musicais, quer na Catedral, quer em Igrejas paroquiais, envolve grupos corais e instrumentais, tanto do Conservatório Regional Azeredo Perdigão, como o Coro Lopes Morago, o Coro Mozart, a Orquestra Juvenil de Viseu, o Orfeão de Viseu e muitos Grupos Corais de Igrejas paroquiais que acolhem esta vivência mais intensa do Natal.

Iluminações natalícias, como a “árvore gigante”, de treze metros de altura, em S. Pedro do Sul, alinham com os Mercados de Natal, propondo “prendas” diferentes – “Um presente cheio de Natal”, como em Tondela, na décima edição, com objectos de artesanato, ou produtos locais: vinhos, licores, compotas, mel, mantas e peças oferecidas por artistas locais, cuja venda reverterá para as vítimas dos incêndios deste 

 

 

VISEU

 

Verão. O mesmo se diga do Mercado 2 de Maio, em Viseu.

 “Celebrar o Natal, em cada ano, é recordar o que aconteceu, na história, e é esperar o que há-de acontecer, no futuro” (D. Ilídio), na expectativa convicta de que o melhor está para vir. O crente espera que aconteça Natal 

 

em si próprio, em cada ser humano e nas estruturas sociais, visando um mundo mais sustentável, mais habitável e mais amigo do ser humano, como Deus quis e quer. Que apareça a Salvação!

 

Felisberto Figueiredo, G.I.

 

 

FORÇAS ARMADAS E SEGURANÇA

O Natal Castrense

Celebramos o Nascimento de Jesus Cristo, a festa que une o Céu à terra, Deus a toda a Humanidade.

Deus derrama sobre a terra o seu Sorriso e penetra nos corações de todos os homens de boa vontade, inclusive em todos aqueles que integram o Ordinariato Castrense, as Forças Armadas e as Forças de Segurança de Portugal. Nestes que, apesar de todas as contingências inerentes à sua condição, apesar de muitas vezes incompreendidos e esquecidos, são os que diante das

 

dificuldades se apresentam sempre com um sorriso, neste mundo, que teima em inverter a escala dos valores, defendendo com todas as suas forças e se necessário com a própria vida os princípios que nunca podem ser esquecidos nem retirados da consciência humana: a lealdade, a união, a ordem, o respeito, a postura, a justiça.
Daí que, o espírito do Natal se começa a sentir bem cedo dentro dos muros dos quartéis, esquadras ou postos onde estas mulheres e estes homens

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

se encontram: constroem-se Presépios belíssimos, um encanto para quem os contempla; ouvem-se cânticos de Natal, dos coros que se constituem para animar as Celebrações Eucarísticas; organizam-se peditórios e recolhas de bens essenciais, para acudir aos mais necessitados; sente-se e vive-se uma verdadeira família. E se assim acontece em Território Nacional, muito mais quando se encontram a cumprir missões no estrangeiro, espalhados pelos diversos Teatros de Operações. Lá, longe das famílias, longe da terra, mais facilmente abrem o coração para acolher o Amor e a Paz que brota 

 

das palhinhas de Belém e ao sentimento de que, tal como os Reis Magos, também eles presenteiam o menino com a sua entrega a uma causa, a sua dedicação, e o seu compromisso a desempenharem sempre com esmerado afinco a missão que lhes foi confiada de serem construtores da paz. E se a justa distribuição de bens é condição essencial para a construção da Paz, também nesse aspeto eles se evidenciam nas diversas iniciativas de distribuição de roupas, material escolar, brinquedos e alimentos pelos mais desfavorecidos.
No Kosovo, na última Missão dos 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

militares portugueses constituidos enquanto Força de Reserva da KFOR,  foi essa a minha experiência.

O Natal começou bem cedo com a construção dos inumeráveis Presépios e iluminações festivas.
Na noite de Natal a capela encheu-se para a Celebração da Santa Missa, onde os instrumentos e as vozes do coro fizeram esquecer o imenso frio que se sentia; encaminhados para o jantar, todos os sentidos nos transportaram a Portugal. O cheiro do bacalhau e dos fritos, os sons dos risos e das conversas, o calor humano que

 

 a todos fez transpirar de imensa alegria - estavamos longe, mas sentiamo-nos perto!

Respeitando as tradições nacionais, também no dia de Reis nos juntamos para cantar, correndo todas as secções e casernas do Campo Militar e comoviam os rostos de espanto e alegria de todos os que nos escutavam.
No meio Castrense sabe-se viver e transmitir o Sorriso que Deus nos oferece na Quadra de Natal.

 

Pe. Fernando Monteiro

 

 

A magia de reciclar

http://www.amagiadereciclar.pt

 

Porque temos cada vez mais de “cuidar da casa comum” esta semana a minha proposta passa pela visita atenta ao sítio especialmente criado, pela Sociedade Ponto Verde (SPV), para esta época natalícia. A SPV é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que tem uma “missão crucial para um futuro sustentável”, gerindo “a retoma e valorização dos resíduos de embalagens, através do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) - o Sistema Ponto Verde”.

Ao digitarmos o endereço www.amagiadereciclar.pt entramos num dos sítios melhor concebidos que tenho sugerido neste espaço. Quer ao nível da forma de apresentação dos conteúdos, da interatividade, do design gráfico e do uso das mais recentes tecnologias de desenvolvimento web, estamos perante um fantástico exemplo do que de melhor se pode produzir para a presença online.

Como bem sabemos o Papa Francisco, no âmbito do Jubileu da Misericórdia, alertava para a necessidade de as 

 

pessoas estarem atentas aos “comportamentos irresponsáveis e egoístas” que fossem “causadores da destruição dos ecossistemas”. Chegou, inclusive, a sugerir um “complemento” às 14 obras da misericórdia, que foi “o cuidado da casa comum”.

Imbuídos neste espírito, ao entrarmos na página inicial, poderemos perceber que o grande mote que sustém este espaço passa por dar uma nova vida às embalagens usadas neste Natal. Porque “são prendas e mais prendas, muita comida, festas com os amigos, os colegas, em família e muitos, mas muitos, resíduos”.

Se formos navegando neste ambiente interativo poderemos ver um spot promocional que alerta para a necessidade da reciclagem. Para aquelas pessoas que residem em Lisboa ou que a visitam nesta altura, é sugerida uma deslocação ao Parque Eduardo VII, durante o mês de dezembro, e assim estarem na verdadeira cidade mágica do Natal trabalhando o tema da reciclagem.

A SPV está a oferecer mais de 100 kits de reciclagem por dia, para descobrir como é que os pode obter, basta que entre em “sacos de reciclagem”. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aí também encontrará um questionário sobre a temática que sustém este sítio.

Em “ideias para reciclar” dispomos de dez dicas, bastante úteis e práticas, que nos ajudam a reciclar.

Por último em “faz uma criança feliz”, poderemos oferecer presentes às crianças de várias instituições do país. Mas, perguntam vocês, como o 

 

poderemos fazer? Basta publicar um post no Instagram com os sacos  coloridos de reciclagem e a hashtag #aMagiaDeReciclar. A cada 10 novas publicações a SPV compromete-se com este serviço social.

Não se esqueça que no Natal podemos descobrir “a magia de reciclar”!

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h30

Transmissão da missa dominical

 

 

11h00 - Transmissão missa

 

 

 

Domingo:

10h00 - Porta Aberta; 11h00 - Eucaristia; 

 

Segunda-feira:

12h00 - Informação religiosa

 

Diariamente

18h30 - Terço

 

 

 
RTP2, 13h00

Domingo,  24 de dezembro - Presépios: de Estremoz para o mundo

 

Segunda-feira, dia  25 de dezembro 07h30 - O Natal em Belém - Guiados pelo custódio na Terra Santa, frei Francesco Patton.

 

Terça-feira, dia  26 de dezembro15h00 - Informação e entrevista Henrique Joaquim, diretor-geral da Comunidade Vida e Paz

 

Quarta-feira, dia  27 de dezembro, 15h00 - Presépios no Sardoal e entrevista a D. Francisco Senra Coelho sobre os Cursilhos de Cristandade.

 

Quinta-feira, dia 28 de dezembro, 15h00 - Informação e comentário à atualidade pelo padre Américo Aguiar

 

Sexta-feira, dia 29 de dezembro, 15h00  -  Entrevista. Comentário à liturgia do domingo pelo cónego António Rego e padre Armindo Vaz

 

Antena 1

Domingo, 24 de dezembro 06h00 - 

 

 

Segunda a sexta, 25 a 29 de dezembro, 22h45 - Vivências de Natal -  Fernando Santos, D. António Sousa Braga, Isabel Vale, José Francisco Cruz e padre Filipe Diniz

 

  

 

 

     

 

 

 

 

 

 

Ano B – 4.º Domingo do Advento

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Como Maria, dizer sim à ternura de Deus
 

A liturgia deste último Domingo do Advento refere-se repetidamente ao projeto de vida plena e de salvação definitiva que Deus tem para nos oferecer.

A primeira leitura apresenta a promessa de Deus a David, pela boca do profeta Natã. Deus nunca abandonará o seu Povo nem desistirá de o conduzir ao encontro da felicidade e da realização plenas. Essa promessa irá concretizar-se num filho de David, através do qual Deus oferecerá ao seu Povo a estabilidade, a segurança, a paz, a abundância, a fecundidade, a felicidade sem fim.

A segunda leitura chama a esse projeto de salvação, preparado por Deus desde sempre, o mistério, que se manifesta plenamente em Jesus e nos integra na família de Deus.

O Evangelho refere-se ao momento em que Jesus encarna na história dos homens, através do sim de Maria, a fim de lhes trazer a salvação e a vida definitivas.

A história de Maria de Nazaré mostra-nos como é possível fazer Jesus nascer no mundo: através de um sim incondicional aos projetos de Deus. É preciso que, através dos nossos sins de cada instante, da nossa disponibilidade e entrega, Jesus possa vir ao mundo e oferecer a salvação e a vida de Deus aos nossos irmãos, particularmente aos pobres, aos humildes, aos infelizes, aos marginalizados.

A exemplo de Maria, qual deve ser o nosso compromisso aos projetos de Deus: acolhemo-los sem reservas, com amor e disponibilidade, numa atitude de entrega total a Deus, ou assumimos uma atitude egoísta de defesa intransigente dos nossos projetos pessoais e dos nossos interesses egoístas?

Como é que se chega à confiança incondicional em Deus 

 

 

e nos seus projetos? Naturalmente, só com uma vida de diálogo, de comunhão, de intimidade com Deus. No meio da agitação de todos os dias, devemos encontrar tempo e disponibilidade para ouvir Deus, para viver em comunhão com Ele, para tentar perceber os seus sinais nas indicações que Ele nos dá dia a dia.

Maria de Nazaré foi uma mulher de fé para quem Deus ocupava o primeiro lugar e era a prioridade fundamental. Maria ajuda-nos a dar o salto da fé, ela é o nosso modelo, mas ao mesmo tempo é nossa Mãe.

Já quase a chegar ao Natal, procuremos, com Maria, tomar uma 

 

decisão que comprometa a nossa fé, de encontrar um ritmo mais regular  para a oração, de prever uma paragem espiritual, talvez um tempo de retiro, por breve que seja, para fazer o ponto da situação da nossa vida com o Senhor.

Como Maria, renovemos a nossa confiança em Deus, que nasce em Jesus. Como nos diz o Papa Francisco, olhemos para Maria como «aquela que sabe transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura».

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Fundação AIS lança livro para assinalar 70 anos de vida

A elite da Igreja

Para assinalar os 70 anos do início da Obra, a Fundação AIS decidiu publicar um livro com 70 histórias publicadas no semanário do Patriarcado de Lisboa. São histórias de Cristãos que, um pouco por todo o mundo, são exemplo da Igreja perseguida. Todos eles conheceram a violência do ódio e da pobreza. Todos eles são exemplo para nós. Como dizia o fundador da AIS, os Cristãos perseguidos são a elite da Igreja. Cada um deles traz consigo uma Cruz Escondida…

 

Que têm em comum Akash, D. José Aguirre, a Irmã Guadalupe, o Padre Martin Baani, a Rebecca, o Padre Ernest e a Irmã Maria Goretti? As suas histórias, que foram publicadas no semanário diocesano do Patriarcado de Lisboa, estão incluídas num livro em que a Fundação AIS decidiu assinalar os 70 anos da Ajuda à Igreja que Sofre. Akash é paquistanês. Tinha apenas 20 anos quando agarrou um bombista que se ia fazer explodir numa igreja em Youhanabad. Akash não impediu a explosão. Morreu ali, instantaneamente, mas evitou um massacre terrível. Morreu para salvar os outros. D. José Aguirre, Bispo de

 

Bangassou, na República Centro-africana, também sabe o que é a violência extrema. E também ele não teve receio de arriscar a vida. Na sua diocese, quando os combates entre grupos rivais, os Seleka e os anti-Balaka, estavam mais extremados, avançou sozinho para junto de uma mesquita para evitar um banho de sangue. O que têm em comum a irmã Maria Goretti e a irmã Guadalupe? Ambas viveram em países mergulhados em guerra, ambas procuraram, de mãos vazias, confortar os enfermos, ajudar as mães e os pais enlutados, ambas procuraram levar uma semente de esperança no meio do caos. A missão da irmã Maria Goretti levou-a até ao Sudão do Sul, o mais jovem país do mundo que praticamente nunca conheceu um dia de paz. A irmã Guadalupe estava em Alepo, na Síria, quando rebentou a guerra civil. E que dizer da experiência de Rebecca, uma mulher cristã escravizada pelo Boko Haram, na Nigéria? Raptada na aldeia onde vivia, Rebecca foi forçada a assistir à morte de um dos seus filhos e levada para o meio da floresta onde o grupo islamita estava aquartelado. Tudo o que 

 

 

 

sofreu nesses meses de horror estará sempre presente na sua memória até ao último dos seus dias, como uma ferida que teima em não sarar. Ela não quer mais lembrar o que lhe aconteceu mas não consegue esquecer os dias de ultraje, a violência e o horror que se abateram sobre si.

 

Iraque e Albânia

Martin Baani era um jovem seminarista que sonhava com o dia da sua ordenação sacerdotal quando, no Verão de 2014, os jihadistas do auto-proclamado “Estado Islâmico” irromperam pelo Iraque arrastando tudo em seu redor. Sem ninguém a defendê-los, os Cristãos foram forçados a fugir de suas casas para salvarem a própria vida. Martin estava em Karamlesh quando os jihadistas chegaram. Só teve tempo para salvar o Santíssimo da igreja. Fugiu apenas com a roupa que trazia vestida. Fugiu, tal como milhares de outros cristãos, para o norte do país, para o chamado Curdistão Iraquiano. Fugiu, mas continuou a sonhar. E foi já ordenado sacerdote. Os jihadistas nunca conseguiram afastar Martin Baani do essencial, tal como os guardas nunca conseguiram que o padre Ernest renunciasse à sua fé em Jesus. Preso na Albânia por mais

 

 

de 11 mil dias, durante o regime comunista, o Padre Ernest transformou-se num símbolo de resistência, de coragem e de perdão perante os opressores que o obrigaram a trabalhar nas minas e nos esgotos e que o torturaram sem piedade. Que têm em comum Akash, D. José Aguirre, a Irmã Guadalupe, o Padre Martin Baani, a Rebecca, o Padre Ernest, ou a Irmã Maria Goretti? Todos eles fazem parte da “elite da Igreja” de que falava o Padre Werenfried van Straaten, o fundador da AIS. Todos eles trazem consigo uma Cruz Escondida.

Paulo Aido

http://www.fundacao-ais.pt

 

 

 

 

 

Nasce uma Criança!

  Tony Neves   
  Espiritano   

 
 

‘Nasceu o nosso filho, estamos babados, é bonito porque sai à mãe’… esta é apenas uma das muitas mensagens que anunciam nascimentos. Não foi mandada só para mim, embora tenha um significado especial pois sou muito amigo dos pais e presidi à Missa do seu Casamento. A alegria na hora do Natal é contagiante quando o filho que nasce foi querido e amado desde a concepção. É muito bonito ver imagens de mães com o recém-nascido ao colo: estão com ar cansado de um parto (ou cesariana) que fez doer, mas em nada apagou a felicidade extrema de abraçar um filho pela primeira vez. E o mesmo se diz do primeiro abraço de um pai.

Celebrar o Natal de Cristo deve ter este mesmo sabor, trazer esta profunda alegria de ver a humanidade mais rica. Há dois mil e tal anos, como hoje, o Natal provoca o nosso sentido de responsabilidade. Sendo a grande festa da vida, contesta frontalmente todas as formas de morte que andam por aí à solta e fazem milhões de vítimas por esse mundo além. Tenho, nas minhas visitas missionárias fora de portas, contactado com situações dramáticas que me deixam mal disposto. Conversar com crianças que nunca souberam quem eram os pais, ajudar a distribuir uma refeição quente a crianças de rua, perceber que as crianças que estão a falar comigo nunca foram à escola, saber que a refeição distribuída é a única quente que estas crianças comem durante a semana toda… enfim, tomar consciência destas realidades, como tomei no mercado abastecedor de Assunção, no

 

 

 

 

 

 Paraguai, dói muito e mostra-nos como o mundo ainda é tão injusto!

O Natal potencia a solidariedade, mas não tem conseguido resolver as desigualdades sociais gritantes que marcam o mundo e o seu ritmo de caminho. É bonito ver a participação forte das populações em campanhas de Natal, lançadas pelos meios de comunicação ou por grandes organizações humanitárias. Tudo em nome da sensibilidade que o Menino do Presépio gera. Mas era tão bom que os problemas se resolvessem lá no fundo e, de uma vez por todas, a injustiça fosse enterrada!

Fernando Pessoa escreveu que ‘o melhor do mundo são as crianças’. Mas a verdade dos factos contesta  esta convicção do nosso poeta porque não é normal que ‘o melhor do  

 

mundo’ seja, em muitos contextos, maltratado e abusado. A tolerância zero ao abuso de menores tem de manter-se firme e vigilante. E não olhemos só à questão sexual, mas a todos os âmbitos e ambientes onde os direitos humanos das crianças são completamente espezinhados.

É Natal. Compram-se prendas e pessoas. Atam-se lacinhos e compromissos. Doam-se ajudas e limpam-se consciências. Mas há que ir mais longe e mais fundo, olhando para a mensagem do Menino de Belém. Há que tomar a sério o ‘Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra às Pessoas que Deus Ama’.

Desejo a todas as pessoas um Santo e Feliz Natal com todas as Bênçãos do Cristo que nasce.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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