04 - Editorial:

         Sandra Costa Saldanha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

12 - Opinião:

        D. José Cordeiro     

16 - A semana de

         Octávio Carmo

18- Entrevista

        Roberto Carneiro

28- Dossier

        Paulo VI

 

38 - Espaço Ecclesia

40 - Internacional

44- Cinema

46 - Multimedia

48 - Estante

50- Vaticano II

52 - Agenda

54 - Liturgia

56 - Programação Religiosa

57 - Por estes dias

58 - Fundação AIS

60 - Luso Fonias

 

Foto da capa: D.R.
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves.
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Opinião 

 

 

 

Roberto Carneiro, prémio «Árvore da Vida»

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Paulo VI, 50 anos de eleição

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100 dias de pontificado

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D. José Cordeiro | Padre Tony Neves

 

 

Lugares de magistério, hoje

Sandra Costa Saldanha

 

 

Por entre trajetórias históricas mais ou menos complexas, as catedrais portuguesas encontram-se umbilicalmente ligadas à lógica territorial e estratégica das cidades, ainda hoje marcantes na paisagem que as enquadra. Herança multissecular e reminiscência fulcral da vida diocesana, lugares de magistério e do exercício pastoral, constituem, por outro lado, recursos fundamentais na articulação entre o centro religioso, cultural e turístico das cidades.

Estaleiros construtivos matriciais, representativos das mais surpreendentes criações, na vanguarda estilística e arquitetónica de cada tempo, singularizam-se ainda pelos paradigmas estéticos que veiculam, frequentemente assumidos como modelos de inspiração nas mais variadas épocas.

Expressões vivas da memória colectiva e da fé dos homens que as ergueram, para que projetem hoje a sua missão e materializem tão frutíferas potencialidades, urge assumir uma estratégia de divulgação qualificada. Constituindo, porventura, oportunidade de reflexão em torno do seu papel na atualidade, o caminho prossegue agora no estudo interdisciplinar de cada monumento. Da solidez deste conhecimento derivará a eficácia, uniformidade e qualidade dos instrumentos de comunicação que se oferecem, a visitantes e fiéis, essenciais no processo de valorização deste notável conjunto patrimonial.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aluna faz exame de português
no dia previsto apesar da greve
de professores @ Lusa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Espero sinceramente que a cimeira ajude a obter um cessar-fogo imediato (na Síria) e duradouro e a trazer todas as partes no conflito à mesa das negociações”, Papa Francisco, numa mensagem dirigida ao primeiro-ministro britânico David Cameron, atualmente na presidência do G8, grupo que congrega os sete países mais industrializados e a Rússia, in Agência Ecclesia, 17.06.2013

 

 

“Somos inocentes nesta guerra”, aluna para o líder do sindicato dos professores Mário Nogueira no primeiro dia da greve dos docentes que impediu a realização do exame de Português em algumas escolas, in, Renascença, 17.06.2013

 

 

“Portugal não pode continuar a desperdiçar o melhor que tem, que são os jovens”, Roberto Carneiro, prémio Padre Manuel Antunes 2013, in Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, 15.06.2013

 

 

“Estes protagonistas da Economia Social podem dar resposta a carências e alcançar objetivos que o Estado revela dificuldades em suprir e em atingir”, Cavaco Silva no encerramento do seminário «A Economia Local, o Emprego e o Desenvolvimento Local», in Agência Ecclesia 18.06.2013

 

D. Manuel Clemente, novo presidente da CEP

D. Manuel Clemente, novo patriarca de Lisboa, foi eleito como presidente interino da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), até abril do próximo ano. A decisão foi anunciada em Fátima pelo organismo máximo do episcopado católico, em conferência de imprensa, e surge na sequência de uma Assembleia Plenária extraordinária convocada após a aceitação pelo Papa Francisco do pedido de resignação de D. José Policarpo, patriarca emérito e antigo presidente da CEP, a 18 de maio.

A assembleia “decidiu eleger um novo presidente que presida aos destinos da Conferência até às próximas eleições, previstas para os finais do mês de abril de 2014”, recaindo a escolha sobre D. Manuel Clemente.

O administrador apostólico da Diocese do Porto, que se prepara para tomar posse do Patriarcado de Lisboa, diz que vê a sua nova missão com "naturalidade" e deixa um apelo ao país, num tempo de crise: "A sociedade portuguesa bem precisa de mobilizar todos os seus recursos”.

 

  Foi ainda eleito como vice-presidente o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto; D. António Couto, bispo de Lamego, foi escolhido como vogal do Conselho Permanente da CEP, para completar o número de sete membros. Os bispos aprovaram um “voto de congratulação” pelo serviço prestado à CEP por D. José Policarpo, que presidiu ao organismo por três ocasiões.

Os membros da CEP estiveram reunidos entre segunda e quarta-feira na Casa de Nossa Senhora das Dores, do Santuário de Fátima, para participar nas Jornadas Pastorais do Episcopado, que este ano tiveram por tema ‘A organização da sociedade à luz da doutrina social da Igreja’.

O evento foi concluído com uma conferência de D. José Policarpo, na qual o patriarca emérito disse que a legalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo são o “mais chocante” exemplo da recente evolução cultural em Portugal.

“Aborto clandestino era uma realidade preocupante? Legaliza-se a interrupção voluntária

 

 

 

 

 

 

 

da gravidez, relativizando o sentido ético da interrupção violenta da vida”, exemplificou.

“A homossexualidade é uma realidade, pessoas do mesmo sexo estabelecem relações amorosas que na antropologia cultural são próprias da relação do homem com a mulher?

 

Estabelece-se a igualdade de género, sendo a opção homossexual tão verdadeira como a heterossexual, permite-se o casamento entre pessoas do mesmo sexo e está-se à beira de permitir adoção de crianças por esses pares de pessoas do mesmo sexo”, prosseguiu D. José Policarpo.

 

 

Cáritas: Estratégia para promover emprego

A Cáritas Portuguesa apresentou em Lisboa um estudo “para a promoção do emprego e a dinamização do desenvolvimento local” onde propõe a aposta na agricultura e nas profissões tradicionais como meio de inclusão social.

No documento, enviado à Agência ECCLESIA, a organização católica presidida por Eugénio Fonseca salienta que o projeto foi desenvolvido com a “recolha de melhores práticas através de benchmarking, estudos de casos e audiência de públicos localmente empenhados no combate à pobreza e exclusão social”.

Este trabalho procura contribuir para a busca de melhores soluções para o “bem-estar social” das populações, que nos últimos anos tem vindo a ser cada vez mais ameaçado - em 2011, o risco de pobreza no país estava nos 18 por cento.  “Na realidade nos últimos 20 anos sucederam-se planos e programas europeus, nacionais e municipais que

 

 

integraram objetivos de inclusão social e combate à pobreza, quase sempre sem uma cultura de avaliação dos programas anteriores, de modo a compreender a sua dinâmica e a eficácia ou ineficácia de seus resultados”, refere a Cáritas, que aponta para a necessidade de "tornar as pessoas excluídas em protagonistas do seu processo de inclusão".
De acordo com aquela entidade, "impõe-se uma visão inovadora de abordar cada problema social, uma resposta à medida da pessoa em situação de vulnerabilidade, qualquer que esta seja, e a rutura com uma ação assistencialista".

 

 

 

Bispos apoiam campanha
em defesa da vida

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) manifestou o seu “claro” apoio à petição europeia ‘Um de Nós’, pelo fim do financiamento de ações que destruam embriões humanos. “Trata se de uma iniciativa da sociedade civil, em todos os países da União Europeia, pela promoção e defesa da vida e sua dignidade, em todos as fases e situações”, refere o comunicado final da Assembleia Plenária extraordinária que decorreu em Fátima.

A CEP associou-se a esta petição, “exortando o povo cristão e todas as pessoas de boa vontade a dar o seu nome a campanha tão positiva e fácil de concretizar”, que tem o “explícito” apoio do Papa Francisco e da Santa Sé.

O organismo episcopal declarou a sua adesão ao “Dia Nacional de recolha de assinaturas”, que terá lugar a 6 de outubro, “podendo entretanto cada um oferecer já a sua assinatura a esta campanha, pequeno mas importante gesto em favor da grande causa da vida”.

 

 

 

 

 

 

A iniciativa é promovida por um Comité de Cidadãos composto por pessoas de Portugal, França, Alemanha, Espanha, Reino Unido, Hungria, Polónia e muitos mais países, tendo apoio de diversas personalidades e organizações nos 27 Estados-membros da UE.

Em Portugal, a Federação Portuguesa pela Vida é membro fundador do Comité de Cidadãos e promove a Iniciativa e a recolha de assinaturas.

A recolha das assinaturas, em papel ou online em www.oneofus.eu, decorre até ao dia 1 de novembro de 2013.
 

 

Dependências do mal e libertação

+ José, Bispo de Bragança-Miranda

 

«E não há salvação em nenhum outro [Jesus Cristo], pois não há debaixo do céu qualquer outro nome, dado aos homens, que nos possa salvar» (At 4,12)

Ainda em Roma e muito antes da nomeação e ordenação episcopal, aceitei o desafio da Faculdade de Teologia no Centro regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa para lecionar o curso Dependências do mal e libertação do âmbito do doutoramento em teologia Fé, cura e capacitação frente ao Mal.

O referido curso, além de do status quaestionis, articulou-se em três grandes secções: 1. O mal e as suas dependências (a magia e as suas formas; demonologia; incompatibilidade entre fé e magia e demonologia); 2. A libertação e cura (aspetos doutrinais; a oração e o carisma da cura; grupo interdisciplinar); 3. Os exorcismos (significado teológico; breve história; disposições canónicas; celebração litúrgica).

Este iter beneficiou da preciosa Nota Pastorale a proposito di magia e demonologia da Conferenza Episcopale Toscana, publicada a 23/02/97. Trata-se de uma Nota Pastoral, de caráter teológico-pastoral, por meio da qual se faz compreender a todos, especialmente aos cristãos, que a magia é abominada pelo Senhor e que por culpa de tanto mal-estar que invade a nossa sociedade atual.

 

 

 

 

 

Pela sua importância e interesse, o Simão Cardoso e a Gemma Manau, em feliz ocasião, decidiram-se pela tradução em língua portuguesa, à espera de publicação.

A nota pastoral recorda o que J. Ratzinger afirmou: «a cultura ateia do Ocidente moderno vive todavia graças à libertação do medo dos demónios trazida pelo cristianismo. Mas se esta luz redentora de Cristo tivesse que extinguir-se, apesar de toda a sua sabedoria e toda a sua tecnologia, o mundo voltaria a cair no terror e o desespero. Há já sinais desse retorno de forças obscuras, enquanto crescem no mundo secularizado os cultos satânicos».

Para compreender o que é o exorcismo deve-se partir de Jesus Cristo e da sua ação. Ele veio para anunciar e inaugurar o Reino de Deus no mundo e aos homens. O termo “exorcismo” é a transcrição do grego, que significa “esconjuro”, ou seja, o ato de obrigar com juramento a fazer algo; o termo adquiriu o significado de imposição aos espíritos de deixar as pessoas possuídas por elos, que pode significar fazer jurar, no sentido de 

 

“invocar a alguém insistentemente e induzi-lo a fazer algo” (Mt 26,63; Mc 5,7; At 19,13) e, por isso, pode referir-se a pessoas e aos espíritos bons e maus.

Em latim exorcizare tem o significado fundamental de “esconjurar”, para que uma pessoa seja purificada do demónio. A palavra “esconjurar” tem mais significados, como estes: livrar de alguém; pedir ardentemente algo; impetrar, implorar, rogar, suplicar; invocar, evitar, vencer, superar, esquivar, derrotar.

Dos atuais livros litúrgicos e dos documentos do Magistério se deduz que se trata de um rito, de um sacramental, que usa a Igreja; está estruturado de maneira que apareça a sua índole de bênção invocativa sobre o batizado, adulto ou criança, com finalidade catequética, formativa, de disposição à Iniciação cristã, assim como da libertação do influxo diabólico.

Ninguém pode legitimamente exorcizar os possessos, a não ser com licença especial e expressa do Bispo Diocesano. Esta licença somente seja concedida a um presbí­tero dotado de

 

 

 

 

 

piedade, ciência, prudência e integridade de vida (Cân. 1172).

Jesus, durante a sua vida pública, expulsava os demónios e libertava os homens das possessões dos espíritos malignos para habitar o coração do homem. A Igreja no desenvolvimento do seu ministério: na luta contra Satanás, acompanha os fiéis com a oração e a invocação da presença eficaz de Cristo. Desde logo é esta a tradição pastoral ordinária da Igreja que prevê ritos de exorcismo na celebração do Batismo. Nos casos previstos, fá-lo de uma maneira específica com o sacramental do exorcismo, mediante o qual pede ao Senhor a vitória sobre Satanás. Em todos os seus ritos, a Igreja tem sempre presente, em formas e símbolos diversos, o tema da luta entre a luz e as trevas, entre a salvação e a perdição, entre Cristo, Luz do mundo, e Satanás, príncipe das trevas.

No n. 11 dos Preliminares do novo Ritual dos exorcismos, lê-se: «Entre estes auxílios salienta-se o exorcismo solene, também designado grande

 

exorcismo ou exorcismo maior, que é uma celebração litúrgica. Por este motivo, o exorcismo, que “tem por fim expulsar os demónios ou libertar da influência diabólica, e isto em virtude da autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja”, é uma súplica do género dos sacramentais, portanto um sinal sagrado pelo qual “se significam realidades, sobretudo de ordem espiritual, que se obtêm pela oração da Igreja”».

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Decifrar Francisco, perceber o mundo

Octávio Carmo, Agência Ecclesia

 

Os primeiros 100 dias de pontificado levaram à publicação de um conjunto de entrevistas, balanços e um ou outro ‘best of’ do Papa Francisco, que continua a ser capaz de se fazer ver e ouvir, deixando para segundo plano jogos de bastidores e escândalos que vinham a fazer as delícias de alguma imprensa. Os vários livros dedicados ao homem que veio quase do fim do mundo para assumir a missão de suceder a Bento XVI têm sido um sucesso de vendas e mostram, se necessário fosse, o fascínio que esta figura tem exercido sobre muitas pessoas, católicas ou não.

Estes dias têm exigido, da nossa parte, uma atenção constante e uma permanente necessidade de decifrar, em pequenos gestos e frases, aquilo que o Papa argentino quer para a Igreja Católica, enquanto se aguardam os grandes textos programáticos e as decisões de fundo. Tem sido importante não desligar das mensagens diárias que Francisco vai deixando, particularmente num momento de crise que exige uma verdadeira reformulação da sociedade, em todos os pontos do globo, e uma presença renovada dos católicos.

 

Após as manifestações na Turquia, os olhos do mundo voltam-se agora para o Brasil, onde milhares de pessoas saem à rua, pedindo que o desenvolvimento económico do país comece a ter reflexos nos serviços que o Estado presta à população. Sinto sempre que fica algo por

 

 

 

 

contar, independentemente da perspetiva pela qual olhemos para estas situações, mas de alguma forma estes últimos dias têm servido para desmontar a imagem de um novo Brasil em que a pobreza e a corrupção seriam coisa do passado e tudo estaria pronto para que o país se assumisse como a grande potência latino-americana e uma das maiores do mundo – ainda há muito caminho por andar. É este o contexto difícil que vai receber o Papa Francisco na sua primeira viagem internacional e acredito que ele estará à altura das

  circunstâncias. A semana teve outro apontamento latino-americano: Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, onde cresci, passou pelo Vaticano (onde, inadvertidamente, fez sinal ao Papa para se sentar na sua própria secretária) e por Portugal. Se Francisco deixou apelos ao diálogo, em solo luso praticamente só se contabilizaram os milhões que Maduro pode oferecer. Ainda assim, o espetáculo mediático esteve longe do tom quase reverencial que foi oferecido nas várias visitas de Hugo Chávez…
 

 

Igreja distingue percurso
de Roberto Carneiro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

«Numa época atormentada pela incerteza sobre o nosso presente nacional, e quando se assiste, de novo, à interrogação sobre as opções fundamentais, a personalidade do engenheiro Roberto Carneiro testemunha a aposta inequívoca a fazer na pessoa humana, a começar pela educação, base de todo o desenvolvimento verdadeiro e de qualquer cidadania que se pretenda assumida e ativa»  Júri do Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes 2013

 

 

Agência ECCLESIA - Certo dia, disse que tinha com a educação um «romance indestrutível». Atualmente, em que estado está esse romance?

Roberto Carneiro – Estamos cada vez mais indissociáveis porque é uma paixão que se vai acumulando ao longo do tempo e vai sendo consolidada. A educação é um tema inesgotável. Quanto mais estudo, menos sei… Estudar cada vez mais para conseguir tentar perceber as questões essenciais, como o sentido da vida, a missão da educação e a educação do homem integral. Questões centrais que tenho refletido e amadurecido ao longo da vida. Mas ainda não cheguei ao «ponto de rebuçado», ainda estou muito longe disso.

 

AE – Ainda não chegou ao «ponto de rebuçado», depois de tantas décadas de investigação nesta área?

RC – Quanto mais investigamos, menos sabemos. Quanto mais conhecemos, mais desconhecemos. Temos de investigar mais e determinar novos rumos a abrir. Muitas vezes, descobrimos coisas que nunca tínhamos pensado. A ignorância do investigador é, digamos, a humildade

 

do perguntar constantemente. O colocar perguntas com frequência…

 

AE – Esta sexta-feira recebe o prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes. Conheceu o docente e jesuíta que deu o nome ao prémio?

RC – Fiz um curso com ele, na década de 60, na Faculdade de Letras em Lisboa. Era um homem fascinante. Frágil e franzino do ponto de vista físico, com voz abafada. Os alunos «lutavam» para ficarem nas primeiras filas para ouvir bem. Era um homem que cativava qualquer audiência. Punha todos os alunos em sentido perante a sua enorme sabedoria. Citava «coisas» em grego e em latim, mas suscitava a necessidade de aprender mais. Era um homem verdadeiramente insinuante na forma de lecionar.

 

AE – Isso é o verdadeiro troféu do educador…

RC – É. O troféu do educador é persuadir o educando (aluno) a aprender. É levá-lo a aprender. As pessoas aprendem quando conseguem ter a sede da sabedoria. É um libertar da mente humana para o ato contínuo de investigar.
 

 

 

AE – Quando foi ministro da educação foram essas prioridades que tentou implementar?

RC – O ministério é um serviço. Sou o mais humilde dos servidores da causa da educação. Sou o soldado raso desta coordenação, não sou general nem marechal. É um serviço que se procura fazer, às vezes com muito martírio e sacrifício, mas às vezes com muitas satisfações também. É preciso perceber que por detrás de cada aluno e professor, há uma pessoa que tem direitos e deveres. Uma pessoa integralmente dedicada à tarefa de professor e outra dedicada à tarefa de aluno. É nesta interação única entre aluno e professor que resulta o milagre que é a peregrinação interior. É uma viagem de alma que o aluno tem de fazer para adensar os seus conhecimentos e amadurecer os seus valores. Ver no outro a metade de si próprio. A pessoa é incompleta sem ir ao encontro do outro…

 

AE – Atualmente, a educação não está muito tecnocrática? Esqueceu a dinâmica dos valores?

RC – A educação tecnocratizou-se ao longo do tempo. As ciências da

educação tornaram-se muito dominantes. Somos filhos do iluminismo europeu e este elegeu a razão, a ciência e a tecnologia como a verdade absoluta. Ao fim de várias décadas de ensino e investigação universitária chego à conclusão que a verdade absoluta não se encontra só, na ciência e na tecnologia. Há verdade na revelação (para quem tem fé). Há verdade na emoção, nos afetos… Coisas muito importantes que a ciência não chega lá. Este imperativo que veio do século XVIII é redutor. Hoje, chegamos à conclusão que o mundo é feito de poucos vencedores e muitos vencidos. Há uma multidão de vencidos e muita exclusão. Precisamos de uma melhor capacidade de discernir.

 

 

 

AE – A magia do aprender está nesta relação entre o educando e o educador.

RC – Numa relação intersubjetiva. Não se pode abrir a cabeça do educando e colocar lá dentro os conhecimentos.

 

AE – É um assimilar lentamente…

RC – Sim. E para isso é preciso tempo… A escola ainda tem tempo, ao

 

contrário de tudo o resto, porque tem muitas horas de relação entre aluno e educador. Atualmente, não há tempo para nada, tudo é urgente e tudo é descartável. A escola e a família têm de ter tempo… Se tal não acontece, não se é educador. É preciso fazer uma viagem interior com os educandos. A educação deve fazer a pessoa feliz e não apenas instruir.

 

 

 

AE – Com este dinamismo todo, ainda tem tempo para fazer a sua peregrinação interior e escutar o silêncio?

RC – O silêncio é fundamental para o exame de consciência. A educação para os valores começa em casa… Com os pais. A família é o primeiro educador.

 

AE – Mas alguns pais demitem-se da educação

RC – Alguns atiram os alunos para as escolas e pensam que os professores vão resolver a sua função. É um erro. O problema da incivilidade e da falta de obediência é um problema que vem casa. O respeito pelos mais velhos… O respeito pelo ato de educar… Tem de vir de casa. Os pais são os primeiros educadores, não por aquilo que dizem, mas pelo testemunho e pelo exemplo.

 

AE – As ciências neurológicas mostram isso.

RC – Sim. Estas ciências mostram que o ser humano imita. Imitam aquilo que os adultos fazem. O papel de testemunho é essencial, tanto nos pais como nos professores.

 

AE – No seu percurso de vida também esteve ligado ao projeto da TVI. O que falhou? A Igreja não estava preparada para um canal de televisão ou a sociedade não soube aproveitar esta embalagem?

RC – Não sei se falhou… O projeto TVI continua aí e até é líder de audiências. Continua a ter a missa. Penso que é a única televisão privada tem uma eucaristia ao domingo. É preciso ver as coisas pelas partes – basta ver um jornal que tem várias secções – e a televisão é um processo muito complexo e muito caro. Envolve uma grande disponibilidade de meios, que não tínhamos na altura, e uma grande disponibilidade aos aspetos de pormenor. Cada pessoa tinha a sua ideia de uma televisão de Igreja e uma televisão de inspiração cristã é diferente. Hoje, a TVI tirando algumas coisas que são mais reprováveis mantém um rumo certo.

Mas foi uma experiência fascinante, no sentido do serviço e de conhecer melhor o povo português. As audiências são uma coisa terrível…

 

 

 

 

AE – Quando nasceu, a TVI tinha um projeto educativo.

RC – A lei da televisão impõe um certo conteúdo educativo. Mas a TVI tinha um sentido mais intenso desse lado educativo e cultural. Um respeito pelos valores da humanidade e da pessoa. Não fazíamos programas que pudessem ferir o sentido civilizacional português e europeu.

 

AE – Atualmente, isso acontece?

RC – Infelizmente, acontece devido à guerra das audiências. Quem vai para este combate, tem de conhecer as regras de jogo.

 

AE – Arrependido de ter liderado aquele projeto?

RC – De maneira nenhuma.
Aprendi muito e fiz grandes amigos. Deixámos uma marca importante na televisão.

 

 

 

 

 

AE – A taxa de desemprego no mundo juvenil é alta. Um flagelo da sociedade atual.

RC – É uma desgraça terrível. É dos aspetos mais negativos da atual conjuntura económica e social portuguesa. Os jovens representam a esperança do país. Houve um investimento deles e dos pais e depois não conseguem arranjar emprego. Não conseguem entrar na cidadania da produção. Ninguém é plenamente cidadão, se não entrar na produção. Sente-se parasita e dependente dos outros.

Muitos deles emigram. Emigrar é um direito…

 

 

 
Era bom que a sociedade portuguesa fosse uma família única e se ajudasse mutuamente.
 

AE – Estamos a exportar massa cinzenta.

RC – É o grande capital humano. Nós investimos e outros é que se aproveitam dessa massa cinzenta. Isso é mau. A emigração é um direito, mas na base da liberdade. Essa é das maiores tragédias que vivemos.

 

AE – Essa tragédia tem o seu lado positivo. Cria pilares intergeracionais.

RC – A escassez pode ter dois efeitos. Pode levar à competição e ao conflito ou pode levar à colaboração. Era bom que a sociedade portuguesa fosse uma família única e se ajudasse mutuamente.

 

AE – Utopia?

RC – Vejo a sociedade muito conflituosa. Professores contra alunos. Velhos contra novos. Não acho isso muito positivo… aliás, o discurso do governo não tem sido muito positivo nesse sentido.  O governo devia levar mais à cooperação e menos ao confronto.

 

 

 

AE – Com esse vigor intelectual que projeto tem para o futuro?

RC – Tenho várias livros para escrever. A revelação é um grande mentor da verdade. É o principal inspirador da minha verdade. Tudo o que fiz na vida de importante, foi pela paixão e não pela racionalidade.

Penso também escrever um ‘paper’ sobre o método científico como não sendo o único método para chegar à verdade. É extremamente insuficiente.

 

 

 

 

 

 

 

O júri do Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes recorda o contributo de Roberto Carneiro “à atividade política portuguesa” como secretário de Estado e depois como ministro da Educação”.

O documento, publicado na página do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, sublinha que o premiado tem dedicado a sua vida à educação, “entregando-se a ela com paixão, sabedoria e exemplaridade”. “Antes de tudo como professor e investigador na área das ciências da educação, onde alcançou um consensual e justíssimo reconhecimento, nacional e internacional. Em seguida, como perito e consultor de reputadas organizações internacionais (Banco Mundial, UNESCO, OCDE, Conselho da Europa, União Europeia, OEI), tendo desenvolvido trabalhos em cerca de 50 países”, precisa a declaração.

Esta é a nona atribuição do galardão instituído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura em parceria com a Rádio Renascença. Nas edições

 

anteriores distinguiu já o poeta Fernando Echevarria, o cientista Luís Archer s.j., o cineasta Manoel de Oliveira, a professora de Estudos Clássicos Maria Helena da Rocha Pereira, o político e intelectual Adriano Moreira, o trabalho de diálogo entre Evangelho e Cultura levado a cabo pela Diocese de Beja, o compositor Eurico Carrapatoso e o arquiteto Nuno Teotónio Pereira.

O júri do Prémio Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes é constituído por D. João Lavrador, vogal da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais; cónego João Aguiar, presidente do Conselho de Gerência da Rádio Renascença, patrocinadora deste prémio, que se fez representar; António Vaz Pinto S.J., diretor da Revista “Brotéria”; Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, que se fez representar; Maria Teresa Dias Furtado, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; e

 

 

 

 

 

José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

O prémio, no valor de 2500 euros, a que se junta a escultura “Árvore da Vida”, concebida por Alberto Carneiro,

vai ser entregue, como habitualmente em sessão pública marcada para sexta-feira, em Fátima, durante a 9.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura, dedicada ao tema ‘Culturas Juvenis Emergentes’.

 

 

o premiado tem dedicado a sua vida à educação, “entregando-se a ela com paixão, sabedoria e exemplaridade”. “Antes de tudo como professor e investigador na área das ciências da educação, onde alcançou um consensual e justíssimo reconhecimento, nacional e internacional.
 

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Cinquentenário da eleição de Paulo VI

A 21 de junho de 1963 o cardeal Giovanni Battista Montini era eleito Papa e assumia o nome de Paulo VI. Com quase 66 anos, o purpurado era há mais de oito anos arcebispo de Milão e tinha servido a Santa Sé na Secretaria de Estado nos pontificados de Pio XI e Pio XII por três decénios. O Papa Montini sucedia a João XXIII, o pontífice que o tinha querido como primeiro dos seus cardeais poucas semanas antes de anunciar a convocação do Concílio Vaticano II.

Em conformidade com o Direito Canónico, o Concílio estava suspenso, mas o novo Papa reconvocou-o imediatamente para o outono seguinte, guiando-o com equilíbrio firme e prudente até à conclusão, e depois levando em frente com tenacidade a primeira aplicação. Iniciavam-se assim três lustros exaltantes e dramáticos, que o próprio Paulo VI repercorreu quando celebrou pela última vez a festa dos santos Pedro e Paulo.

Para recordar Montini, o jornal do Vaticano, «L'Osservatore Romano» realizou um número especial de cem páginas a cores, com fotografias e

 

imagens raras, um perfil biográfico, alguns textos seus e um inédito do cardeal Joseph Ratzinger.

A revista estará disponível em italiano a partir de 21 de junho (info@ossrom.va ).

Paulo VI, evocado nesta edição do Semanário ECCLESIA, foi o primeiro a visitar Portugal, em 1967. O seu processo de canonização está em curso, no Vaticano, esperando o reconhecimento de um milagre.

Entre os nove Papas que a Igreja Católica teve no século XX há, neste momento, um santo (Pio X) e dois beatos (João XXIII e João Paulo II).

O Papa italiano escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Humanae vitae’ (1968), sobre a regulação da natalidade, e a ‘Populorum progressio’ (1967), sobre o desenvolvimento dos povos; assinou ainda a exortação apostólica ‘Evangelii nuntiandi’ (1975), sobre a evangelização no mundo contemporâneo, e discursou na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 4 de outubro de 1965.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Interpretação e Sofrimento da modernidade:

um olhar sobre o pontificado
de Paulo VI (1963-1978)

António Matos Ferreira

 

Quando eleito Papa, Giovanni Battista Montini (1897-1978) era um eclesiástico amplamente conhecido e respeitado. O percurso realizado como Substituto (1937-1952) na Secretaria de Estado da Santa Sé e, depois, como Proto-Secretário de Estado de 1952-1954, onde com o Mons. Domenico Tardini (1888-1961) era um dos mais próximos colaboradores de Pio XII, ajudou a consolidar as suas relações com uma geração de intelectuais, católicos e não-católicos, e com setores juvenis a partir da sua presença em ambientes como o da Pax Romana desde os anos 30 e, de modo particular, como o da Federação de Universitários Católicos de Itália (FUCI) e o do Movimento Católico de Diplomados (Laureati), do qual foi um dos fundadores em 1933. Estas experiências permitiram-lhe, desde cedo, acompanhar gerações fortemente laicais e inspiradoras de novas formas de vivência eclesial e pastoral.

Todos estes setores permitiram-lhe realizar uma experiência muito próxima de pessoas e ambiente relevantes da política, da cultura ou da economia no contexto do pós-guerra, da ascensão da democracia cristã e da relação com o mundo comunista e ateu desenhada pela experiência de resistência durante a Segunda Grande Guerra e no período seguinte com o desencadear da bipolaridade com a Guerra Fria, numa época de redefinição da ordem internacional expressa no sistema da ONU e da descolonização

 

 

 

 

marcada pela constituição de novos países e novas exigências de desenvolvimento de populações em vastas regiões do mundo.

Teceu laços pessoais de amizade com figuras marcantes da realidade italiana, francesa, espanhola ou alemã, de um modo geral europeia, e de outros continentes. Neste sentido, o pontificado de Paulo VI assumiu e interpretou as expectativas de uma modernidade motivada por confrontos ideológicos, mas também galvanizada pela necessidade de fazer surgir um mundo novo (melhor) empenhado na justiça, na paz e na cooperação e participação democráticas. Neste contexto e neste sentido, este pontífice procurou interpretar e dar corpo a uma renovação, mesmo inovação, à integração da modernidade com a reformulação da «ordem cristã» da sociedade.

Nomeado arcebispo de Milão, em 1954, este prelado teve um papel crucial no desenvolvimento da primeira fase do Concílio roncalliano enquanto conselheiro muito próximo de João XXIII, onde não só utilizou o seu anterior e profundo conhecimento da Cúria romana, como ao mesmo

 

tempo formulou, deu corpo e continuidade às expetativas de setores sociais e aos católicos que tinham aderido genericamente à mobilização de aggiormanto proporcionado com a convocação do Concílio.

Não só garantiu a prossecução do II Concílio do Vaticano dentro do paradigma da renovação e do dar voz à diversidade da experiência cristã, podendo-se dizer que, inclusive, apoiou a ampliação desta perspetiva conciliar, não sem ter que lidar com conflitos, hesitações e, desde cedo, com a pluralidade e a divergência de interpretações.

Passados 50 anos, tudo parece claro, mas importa perceber que os protagonistas nesta época desenvolveram posições e apontaram potencialidades sem saber de antemão o que ocorreria posteriormente. As expectativas eram muitas, tão diversas como contraditórias. O que ocorre sempre no agir histórico, donde a fecundidade do agir em determinado momento, em várias conjunturas, procurando interpretar a realidade e perspetivando o futuro.

 

 

 

Considerado como um acontecimento sem precedentes na história da Igreja Católica, na experiência do cristianismo e do mundo, em particular no século XX, a realização do II Concílio do Vaticano – evocado aqui de forma geral, sem uma análise do seu conteúdo – permite uma leitura possível do significado do múnus pastoral de Paulo VI como «Pedro» (Genebra, Conselho Ecuménico das Igrejas, 1969) e «perito em humanidade» (Nova York, diante da Assembleia Geral da ONU, 1965).

No período das três sessões conciliares que lhe coube levar a cabo para concluir o concílio, Paulo VI marcou a imagem da sua época através de gestos, de modo a introduzir novos patamares de consciência entre os católicos da época, acentuando um forte sentido de colegialidade. Para além da reforma litúrgica e a eclesiologia de participação subjacente, através de um conjunto de viagens inaugurou uma outra visibilidade do agir papal, agora multiplicada de um modo muito amplo

 

pelos diversos meios de comunicação: a televisão e o avião aceleraram o agir pastoral. Viajou a Jerusalém (1964) onde se encontrou com o Patriarca Atenágoras (1886-1972), tendo-se seguido o levantamento mútuo dos anátemas entre as cristandades do Oriente e do Ocidente (1965) inaugurando «um diálogo de caridade», percurso que selou um procedimento de abertura entre as correntes cristãs concretizado já nos observadores convidados e presentes no concílio. Vendeu o símbolo da sua autoridade sobre a «cristandade» – a tiara – para com o seu valor distribuir pelos pobres aquando da sua viagem a Bombaim (1964); canonizou os mártires do Uganda (1969) sublinhando a relevância da Igreja africana, concretizada na nomeação Bernardin Gantin (1922-2008) como responsável para a Cúria romana (1971) e o primeiro cardeal negro como prefeito (1975). Na sua viagem à Colômbia aquando do início dos trabalhos da 2ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizado em Medellin, e no

 

 

 

encerramento do 39º Congresso Eucarístico Internacional em Bogotá (1968), considerou necessário a renúncia da violência armada como processo de libertação e referiu «a opção pelos pobres» como expressão de fidelidade evangélica. Em 1970, viajou ao Extremo Oriente acentuando a largueza da presença católica no mundo e como que dando o último traço do desenhar de um périplo – o do conjunto dos pontos cardeais – da realidade universal integradora e identificadora do catolicismo contemporâneo.

Consciente da necessidade da

 

renovação da linguagem e da prática da Igreja Católica, abriu um percurso de busca de identidade em face da contemporaneidade desafiada por múltiplos fatores tanto de ordem sociopolítica como cultural e de comportamentos individuais e coletivos. Desde a elaboração de um dizer o Credo (1968) do Povo de Deus no encerramento do ano da fé dedicado à celebração dos martírios dos apóstolos Pedro e Paulo, a uma perceção eclesiológica de comunhão (Ecclesiam suam, 1964), passando pelo desenvolvimento social (Populorum progressio, 1967) entendido como

 

 

 

 

«o novo nome da paz» e pela questão da vida matrimonial e sexual dos casais (Humanae vitae, 1968) onde, apesar das contradições e controvérsias, se destacava a centralidade do amor de realização interpessoal nas relações sexuais, alterando estereótipos da sexualidade como finalidade reprodutiva, até à superação do paradigma de «cristandade» pelo de «civilização do amor» (Octogesima adveniens, 1971).

Procurou contrariar a lógica fragmentadora decorrente das tensões pós-conciliares, deixando como que dois grandes testamentos existenciais: o seu, pessoal (conhecido em 1978), onde se descobre a intimidade de um crente, cuja interioridade mística se sente, ajudando a perceber que o seu trajeto estava mergulhado nessa aprendizagem – autodidática – onde a incerteza se vai transfigurando num olhar íntimo sobre a realidade; o outro, é certamente o documento mais relevante em termos de

 

redefinição da missão da Igreja e da sua experiência evangelizadora centrada na conversão testemunhal de cada um (Evangelii nuntiandi, 1975).
Apesar de muitas perplexidades e sentimentos dolorosos diante dos acontecimentos do mundo e da Igreja na época, Paulo VI deu continuidade a uma renovação da função petrina como realidade primeiramente espiritual, despojada e de serviço, de que o seu esquife na Praça de S. Pedro e depois o seu túmulo na basílica perpetuam como símbolo e, como tal, como marco.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Paulo VI em Fátima

No dia 27 de junho de 1963, D. João Venâncio, segundo bispo da diocese restaurada de Leiria, foi recebido em audiência por Paulo VI, que tinha sido eleito papa, no dia 21. Sabe-se que falaram sobre a terceira parte do segredo de Fátima e provavelmente também do cinquentenário das aparições, que se aproximava. Na homilia da sua coroação, no dia 30, o novo Papa, dirigindo-se aos peregrinos de língua portuguesa, referiu-se a Portugal como “Terra de Santa Maria, onde a Mãe de Deus erguera o altar de Fátima”. Na terceira sessão do Concílio Vaticano II (21 de novembro de 1964), Paulo VI renovou a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, feita por Pio XII, a 31 de outubro de 1942 (em ele próprio esteve, ao lado do papa), referiu-se ao Santuário de Fátima, “cada vez mais querido não só do povo da nobre nação portuguesa – sempre nosso dileto, mas hoje particularmente – mas igualmente conhecido e venerado pelos fiéis de todo o mundo católico”, e anunciou que ia conceder-lhe Rosa

 

de Ouro, o que veio a acontecer, a 13 de Maio de 1965, pelo cardeal Fernando Cento, legado pontifício.

A 11 de fevereiro de 1967, iniciaram-se, em Roma, as comemorações do cinquentenário das Aparições de Fátima, e o próprio Papa presidiu à peregrinação de 13 de maio. A Exortação Apostólica “Signum Magnum” sobre o culto de Nossa Senhora é datada desse dia. Na sua homilia, logo no início, o Papa resumiu o significado pastoral da sua peregrinação: “Tão grande é  o Nosso desejo de honrar a Santíssima Virgem Maria, Mãe de Cristo e, por isso, Mãe de Deus e Mãe nossa, tão grande é a Nossa confiança na sua benevolência para com a santa Igreja e para com a Nossa missão apostólica, tão grande é a Nossa necessidade da sua intercessão junto de Cristo, seu divino Filho, que viemos, peregrino humilde e confiante, a este Santuário bendito, onde se celebra hoje o cinquentenário das aparições de Fátima e onde se comemora hoje o vigésimo quinto aniversário da consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria”.

 

 

 

E, no fim, fez um veemente apelo aos homens de todo o mundo, a favor da paz: “A nossa oração, depois de se ter dirigido ao céu, dirige-se aos homens de todo o mundo: Homens, dizemos neste momento singular, procurai ser dignos do dom divino da paz. Homens, sede homens. Homens, sede bons, sede cordatos, abri-vos à consideração do bem total do mundo. Homens, sede magnânimos. Homens, procurai ver o vosso prestígio e o vosso interesse não como contrários ao prestígio e ao interesse dos outros, mas como solidários com eles. Homens, não penseis em projectos de destruição e de morte, de revolução e de violência; pensai em projectos de conforto comum e de colaboração solidária.

 

Homens, pensai na gravidade e na grandeza desta hora, que pode ser decisiva para a história da geração presente e futura; e recomeçai a aproximar-vos uns dos outros com intenções de construir um mundo novo; sim, um mundo de homens verdadeiros, o qual é impossível de conseguir se não tem o sol de Deus no seu horizonte. Homens, escutai, através da Nossa humilde e trémula voz, o eco vigoroso da Palavra de Cristo: Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra, bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus”.

 

Padre Luciano Cristino

Diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima

 

 

9.ª Jornada da Pastoral da Cultura

A 9.ª Jornada Nacional da Pastoral da Cultura, que vai decorrer esta sexta-feira em Fátima, quer “dar voz aos jovens” e ir encontro da “primeira geração incrédula”, afirmou o padre José Tolentino Mendonça. “Interessa-nos muito perceber como é que o mundo dos jovens se articula hoje, que procura de sentido da vida fazem, como se abrem à questão da transcendência, que valores são privilegiados” considerou o diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, organismo ligado à Conferência Episcopal Portuguesa, em entrevista ao programa ECCLESIA (RTP 2).

Segundo este responsável, os que têm entre 15 e 25 anos de idade vivem numa “mudança de paradigma” que faz deles uma geração “incrédula”, na qual “a fé é sobretudo uma questão de iniciação”. “A cultura de base não é uma cultura onde o religioso seja um ponto de partida, seja uma herança. Não existem referências religiosas”, precisou.

 

O padre e poeta madeirense abordou o tema escolhido para a jornada nacional, ‘Culturas Juvenis Emergentes’, sublinhando a necessidade de arriscar “um esforço de tradução”, por parte da Igreja Católica, dando aos mais novos “espaços de expressão e reconhecimento”.

“A linguagem oficial da Igreja é um enigma, absolutamente incompreensível e ilegível para grande parte dos jovens, e isso representa um problema”, declarou.

O responsável frisou, por outro lado, que “grande parte da crise financeira e antropológica que se vive tem uma expressão dramática no mundo juvenil”. “Hoje a juventude é o lugar de solidão, de incerteza, o lugar de onde se olha o futuro com uma apreensão e um medo enormes. Por isso, há uma espécie de contração da esperança com a qual também é necessário a Igreja dialogar”, sustentou.

O diretor do SNPC entende que a

 

 

 

 

 

 

questão do sentido da vida se coloca “dramaticamente” nos jovens, falando na juventude como “um campo de missão” para os católicos.

O também vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa destacou a quantidade de “subculturas dentro do mundo juvenil” e a importância de haver “uma sensibilidade para poder

  mapear, saber o que é” esse universo. “Há uma grande necessidade de buscar uma identidade e uma afirmação do próprio grupo, dos seus códigos e gramáticas, mas ao mesmo tempo há uma dispersão muito grande. Por isso é que é tão difícil falar da juventude”, observou.
 
 

 

100 dias de um Papa próximo

Os primeiros 100 dias de pontificado de Francisco, que se completam esta quinta-feira, mostraram um Papa capaz de “ir ao encontro das pessoas”, disse à ECCLESIA o novo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

“Ir onde as pessoas estão tem riscos, mas ele (Francisco) diz que prefere uma Igreja que arrisque do que uma Igreja doente”, destacou o prelado, que está a abordar a figura do sucessor de Bento XVI na rubrica semanal ‘O passado do presente’, transmitida às quintas-feiras na RTP2 (18h00).

Segundo D. Manuel Clemente, a “nova evangelização” foi a grande preocupação do atual Papa enquanto arcebispo de Buenos Aires, capital da Argentina, e será uma das suas “opções fundamentais” em Roma.

“Esta atenção para acolher quem aí vem e ir ao encontro de quem ainda não nos encontrou é fundamental”, declara.

Francisco tem tido gestos de “pároco” e insiste na necessidade de “acolhimento”, para que as comunidades católicas não sejam

 

“repartições de serviços religiosos”.

“A sua atividade irá nesse sentido e, para o exercício do seu ministério petrino, isso é muito importante”, assinala D. Manuel Clemente.

O novo patriarca de Lisboa destaca, por exemplo, a forma como o Papa “entra e sai” das audiências públicas semanais na Praça de São Pedro: “Ele não passa, só, olha as pessoas”.

“Isto para nós é muito estimulante, porque nós também aprendemos com o primeiro dos pastores a sermos melhores”, precisa.

As principais intervenções do atual pontificado têm acontecido nas celebrações dominicais, audiências e nas missas matinais na capela da Casa de Santa Marta, onde decidiu residir sem se transferir para o palácio apostólico do Vaticano.

Os primeiros dias de pontificado vão estar em destaque no programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, este domingo, a partir das 06h00.

 

 

 

 

100 dias 100 fotos

 

 

 

 

 

 

 

 

João Paulo II perto da canonização

Os consultores teológicos da Congregação para a Causa dos Santos (Santa Sé) reconheceram um segundo milagre de João Paulo II, depois de terem visto as conclusões médicas, abrindo caminho à canonização do Papa polaco, revelou a Rádio Vaticano.

O reconhecimento de que a cura inexplicável à luz da ciência atual pode ser atribuída à intercessão do falecido Papa terá ainda de ser ratificado pela sessão ordinária de cardeais e bispos da referida Congregação antes de o decreto ser assinado pelo Papa Francisco, em consistório público, anunciando a data da canonização. O Vaticano não deu qualquer informação sobre a natureza deste segundo milagre.

O arcebispo de Cracóvia (Polónia), cardeal Stanislaw Dziwisz, ex-secretário particular de João Paulo II, manifestou a sua esperança de que a canonização ocorra no próximo dia 20 de outubro, domingo, data que evocaria o 35.º aniversário do início solene do pontificado de Karol Wojtyla (22 de outubro de 1978).

 

 

 

A penúltima etapa para a declaração da santidade, na Igreja Católica, concluiu uma primeira fase de trabalhos, iniciada em maio de 2005, incluindo o processo relativo à cura da freira francesa Marie Simon-Pierre, que o Vaticano considerou um milagre, depois do repentino desaparecimento da doença de Parkinson na religiosa.

De acordo com o direito canónico, para a canonização é necessário um novo milagre atribuível à intercessão do Beato João Paulo II a partir da data da beatificação.

Karol Jozef Wojtyla, eleito Papa a 16 de outubro de 1978, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de maio de 1920, e morreu no Vaticano, a 2 de abril de 2005.

 

 

 

 

Papa lança apelo em favor dos refugiados

O Papa lançou um apelo em favor dos refugiados, mais de 45 milhões em todo o mundo, recordando em particular as famílias que foram obrigadas a deixar a sua casa. “Não podemos ser insensíveis perante as famílias e todos os nossos irmãos e irmãs refugiados: somos chamados a ajudá-los, abrindo-nos à compreensão e à hospitalidade”, disse, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a audiência pública semanal.

Francisco falava a respeito do Dia Mundial do Refugiado, que se celebra anualmente a 20 de junho, por iniciativa da ONU. “Este ano, somos convidados a considerar especialmente a situação das famílias refugiados, muitas vezes obrigadas a deixar à pressa a sua casa e a sua pátria e a perder todos os bens e segurança”, explicou.

Segundo o balanço do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), havia pelo menos 45 milhões de refugiados em

 

 

 

finais de 2012, o que representa o número mais elevado das últimas duas décadas. O português António Guterres, secretário-geral do ACNUR, revelou que a cada 4,1 segundos há um novo refugiado.

“Que não faltem no mundo pessoas e instituições que os assistam (refugiados): no seu rosto, está impresso o rosto de Cristo”, pediu o Papa. Francisco destacou que, para além dos “perigos da viagem”, as famílias de refugiados “estão em risco de desagregação e, no país que os acolhe, têm de confrontar-se com culturas e sociedades diferentes da sua”.

 

 

Paulo VI – Um Papa no meio da tempestade

Uma vez mais, a sugestão semanal de cinema foca uma produção apenas disponível online e que não conhece (ainda?) senão a versão brasileira: No original, ‘Il Papa nella Tempesta’ é uma mini-série dirigida pelo italiano Fabrizio Costa, feita para televisão e que pode ser encontrado em três partes no youtube, sob o título brasileiro e deficientemente traduzido ‘Paulo VI: Um papa em meio à tempestade’.

Não se tratando de uma produção de excelência, que exponha e interrogue com a profundidade merecida o papel de Giovanni Maria Montini ao longo dos quinze anos do seu ministério na liderança dos desígnios da Igreja, a mini-série de registo biográfico consegue no entanto focar os principais desafios de Paulo VI no seu pontificado, constituindo um razoável meio de conhecimento e contextualização do mesmo.

Eleito a 21 de Junho de 1963, é a Paulo VI que cabe consolidar a principal demanda do seu antecessor,

  João XXIII, reabrindo o Concílio Vaticano II e assumindo a árdua tarefa da interpretação e implementação dos seus pressupostos. Um processo que exige uma delicada gestão de sensibilidades e expetativas dentro e fora da Igreja, ante reformas que evidentemente iriam afetar afetar praticamente todas as áreas da vida religiosa, social, política e económica mundiais.

Desde a escolha do seu nome, Paulo, que assenta na missão de renovação da mensagem de Cristo, o papa peregrino define o seu pontificado na urgência de se aproximar do mundo de uma forma nunca antes feita: viaja pelos cinco continentes, enceta os primeiros encontros com os representantes das igrejas ortodoxas e será o primeiro papa a visitar Portugal, em Maio de 1967 no cinquentenário das aparições de Nossa Senhora em Fátima.

A importância dos seus quinze anos de pontificado, as encíclicas que publicou e a forma como geriu o legado de João XXIII

 

 

 

 

em tempos de enormes desafios, sob uma nova ordem mundial tornam o conhecimento, o aprofundamento e o debate sobre a vida e pontificado de Paulo VI fundamental não apenas para a compreensão histórica da Igreja, do entendimento do que é hoje mas também para reflexão sobre os desafios e caminhos que se apresentam adiante.

Uma mini-série como a que aqui se sugere, não esgota em si mesma essa reflexão nem tão pouco, por se tratar

 

de uma obra de ficção e não de um documentário,  dispensa uma aferição de alguns dos episódios narrados que deixem clara a componente ficcional e real. Mas, mesmo com as suas deficiências de tradução e legendagem, pode fornecer um bom enquadramento e ponto de partida para o conhecimento do pontificado de Paulo VI.

 

Margarida Ataíde

 

 

Fernando Pessoa Online

http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt

No passado dia 13 de junho solenidade de Santo António de Lisboa fez 125 anos que nasceu na capital portuguesa um dos maiores poetas portugueses, que também tinha António no nome, mas que ficou conhecido por Fernando Pessoa. Esta semana propomos então que visitem o sítio do poeta, filósofo e escritor considerado por muitos como um dos grandes mestres da literatura universal.

Ao digitarmos o endereço http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt, além do habitual menu que dá acesso a todas as opções, encontra um conjunto de fotografias magnificas de Fernando Pessoa.

Na opção “a casa”, fica a saber, entre outras informações, que o espaço físico foi concebido “pela Câmara Municipal de Lisboa como um centro cultural destinado a homenagear Fernando Pessoa e a sua memória na cidade onde viveu e no bairro onde passou os seus últimos quinze anos de vida, Campo de Ourique”.

 

 

  Caso pretenda saber quais os próximos eventos agendados que vão desde colóquios, sessões de leitura de poesia, encontros de escritores, espectáculos musicais e de teatro, conferências temáticas, workshops, exposições de artes plásticas, sessões de apresentação de livros, ateliês para crianças, basta clicar em “programação”.

Em “Fernando Pessoa”, pode obter as mais variadas informações acerca da sua vida e obra, bem como, conhecer a sua antologia crítica e ainda a sua bibliografia, que conforme escreveu a directora da Casa Fernando Pessoa, a jornalista e escritora Inês Pedrosa, “ele deixou uma obra múltipla e incisiva, que continua a surpreender-nos, a seduzir-nos e, acima de tudo, a desafiar-nos a quebrar as fronteiras do corpo e da alma, da vida e do sonho, da reflexão e dos sentimentos. Uma obra absolutamente universal.”

Por último, destacamos o espaço “biblioteca digital”, onde podemos, à distância de um click e sem a

 

 

 

 

 

 

 

 

necessidade de nos deslocarmos à Rua Coelho da Rocha, n.º 16 em Lisboa, aceder ao acervo de todos os 1142 volumes da biblioteca particular do autor do Livro do Desassossego, “de todos os géneros e em vários idiomas, densamente anotados e manuscritos”, devidamente classificados por categorias temáticas.

Aqui fica a sugestão, visitem e adicionem esta ligação virtual aos vossos favoritos, dado que estamos perante um sítio raro escrito em Português, com uma qualidade de conteúdos inigualável.

 

Fernando Cassola Marques

   

 

 

 

 

Papa Francisco

O vaticanista italiano Andrea Tornielli, autor de uma biografia sobre, afirmou hoje que Francisco pode manter a “lua de mel” com os media e que algo “já mudou” na Igreja Católica.

“A perceção da Igreja Católica mudou, não porque os escândalos e os problemas já não existam, mas porque em vez dos bastidores interessa o que está em cena”, disse à Agência ECCLESIA o jornalista e especialista em assuntos da Santa Sé, que se encontrou por várias vezes com o cardeal Jorge Mario Bergoglio, que no dia 13 de março foi eleito como sucessor de Bento XVI.

O autor da obra ‘Francisco: O Papa de todos nós’ (A Esfera dos Livros) admite que a eleição do antigo arcebispo de Buenos Aires, de 76 anos, foi uma “surpresa” e que muitas pessoas estavam “distraídas” em relação a uma figura que foi, por exemplo, o “protagonista” da V Conferência Geral do Episcopado

Latino-Americano que decorreu em Aparecida (Brasil), em 2007.

O autor esteve em Lisboa para
 

apresentar a sua nova obra, na qual quis passar em revista a vida de Jorge Bergoglio e identificou “temas recorrentes” que o agora Papa tem continuado a defender nas suas intervenções, no Vaticano.

“Nestas páginas percebe-se qual é a sua ideia de Igreja, como foi bispo e como está a ser Papa: parece-me que uma grande é o de uma Igreja que quer superar a autorreferencialidade”, conclui.

 

 

 

Jesus Ensina e Cura.
Evangelho segundo Lucas

Quando Lucas narrou a vida e obra de Cristo, este médico de rigor produziu um texto que cruzou os séculos e nos chega hoje como a Palavra para o nosso tempo. O texto integral do Evangelho segundo Lucas é agora apresentado pela Sociedade de Bíblica numa edição de bolso intitulada Jesus ensina e cura, a partir do texto de a BÍBLIA para todos, a tradução interconfessional em português corrente.

Nas palavras do professor Daniel Serrão, que apresenta esta edição: “Mesmo que só pelas Parábolas, a leitura de Lucas é fascinante. E para além das partes que são lidas nas celebrações eucarísticas, recomendo uma leitura completa de todo o texto, porque ele tem uma unidade própria, um ritmo narrativo cuidadoso e uma elegância formal que nos dão um grande prazer intelectual”.

O texto está organizado por secções, capítulos e versículos, com títulos propostos pelos tradutores para ajudarem na leitura. A edição inclui ainda várias notas explicativas,

 

 

indicação de outros textos bíblicos relacionados, mapas e uma secção de perguntas para estudo e reflexão.
É uma edição da Loja da Bíblia/Sociedade Bíblica, uma organização cristã interconfessional que começou a sua atividade de distribuição da Bíblia em Portugal há mais de 200 anos.

 

 

II Concílio do Vaticano:
Fenómeno da igreja e facto do mundo

 

Quando o Papa João XXIII convocou o II Concílio do Vaticano sentiu-se “grande estupefacção”, mas tal como ele disse várias vezes a ideia foi fruto de inesperada inspiração. Num artigo publicado na revista Estudos, órgão do Centro Académico de Democracia Cristã (CADC), António Sousa Franco escreveu que esta assembleia magna foi convocada “na intenção de lançar uma ponte para todo o mundo contemporâneo”.

Numa pastoral dedicada ao concílio, explicava o cardeal Montini (na altura arcebispo de Milão-Itália, mas eleito Papa em junho de 1963), o sentido a atribuir ao conceito de reforma, que a designação de certo fenómeno histórico poderia levar a interpretar erradamente. O arcebispo de Milão dizia: “Donde nasce o conceito de reforma? Nasce de duas raízes: a observação de um mal e uma reacção concebida de modos variados.”

A obra de Deus realiza-se “em homens deste mundo”, os quais podem “ser falíveis e caducos”, ainda que sustentados pela “sua graça e pelo desejo de seguir Cristo”, escreveu o cardeal Montini na Quaresma de 1962.

Perante esta ideia de reforma, é fundamental distinguir dois aspectos na Igreja: o de instituição divina e o de comunidade composta por homens, pode-se dizer, em certo sentido, o ideal e o real. “A reforma é um esforço

 

 

 

 

perene na Igreja, que tende a aproximar a ideia divina da realidade humana, e esta daquela”, sublinhou na altura o arcebispo italiano.

Para este diálogo com o mundo têm de se encarar de frente “todos os problemas, especialmente os que envolvem opções directamente operantes no âmbito sobrenatural (ou que neles se repercutem). E a Igreja tem considerado de modo muito particular as religiões não cristãs, que adoram o mesmo Deus, procurando, ao mostrar-lhes os seus erros, salvar aquilo que nelas representa sincero louvor a Deus e esperança de evangelização do Mundo”, escreveu António Sousa Franco, na revista «Estudos», Outubro-Novembro 1963; Nº 420-421.

Com realismo determinado por um espírito cristão esclarecido, “não esperemos do Concílio mais do que ele pode dar”, escreveu na referida revista o político português e um dos pais da última Concordata entre Portugal e a Santa Sé. Nesse mesmo texto, António Sousa Franco dizia: “Para que corresponda às  necessidades da Igreja, que são as do

 

mundo, comecemos desde já a dar execução ao que, se nós fizermos, assegurará o bom êxito do concílio”.

Esse êxito só acontecerá se existir uma renovação de vida, de mentalidades, costumes, “com base nos ditames conciliares a aprovar pelo Papa”, frisou e conclui António Sousa Franco: “O concílio, no fundo, será para o mundo o que nós formos”.

Passados 50 anos do início desta assembleia magna e baseado no texto de Sousa Franco, apetece perguntar: “O êxito do II Concílio do Vaticano já apareceu?”.

 

 

junho 2013

Dia 21

* Viana do Castelo - sede do Instituto Politécnico de Viana do Castelo -  Debate entre Carlos Fiolhais e o padre jesuíta Álvaro Balsas, sobre “A ciência e a fé. Será possível um diálogo?”
* Porto - Salão paroquial da Igreja de Nossa Senhora da Boavista -Iniciativa Ecuménica «Venham tomar café com...» promovido pela Comissão Ecuménica do Porto.
* Coimbra - Mosteiro de Santa Clara-a-Velha (21h00m) - Noite de fados para angariação de fundos para o Fundo Solidário da Pastoral Universitária.
* Lisboa - ISEG (Auditório Caixa Geral de Depósitos)(16h00m) - Doutoramento Honoris Causa a Maria Manuela Silva.

 


 

  * Fátima - Reunião dos representantes dos Secretariados Diocesanos da Catequese
* Guarda - Seia - Encontro arciprestal do Ano da Fé.
* Lisboa - Centro Cultural Franciscano (21h15m) - 2º seminário de investigação «Presença do Franciscanismo na cultura portuguesa» 
* Fátima - Entrega do «Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes» a Roberto Carneiro
* Fátima - Jornada Nacional da Pastoral da Cultura dedicada ao tema «Culturas Juvenis Emergentes».
* Bragança - Casa Episcopal - Jornadas de Liturgia sobre «A liturgia, cume e fonte da vida cristã - breve história da liturgia» orientadas pelo padre Bernardino Costa, da Ordem de São Bento. (21 e 22)
* Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - Simpósio teológico-pastoral sobre «Não tenhais medo. Confiança – Esperança – Estilo Crente». (21 a 23)

 

 

 

Dia 22

* Fátima - Peregrinação da diocese de Coimbra ao Santuário de Fátima.
* Évora - Peregrinação mariana dos catequistas da Diocese do Algarve aos Santuários de Vila Viçosa e Viana do Alentejo. 
* Lisboa - Auditório Keil do Amaral - Iniciativa «À noite na cidade» promovida pelo CUPAV
* Guarda - Seia (Auditório da Casa Municipal da Cultura de Seia) - Lançamento do livro «Desassossego do Pensamento» da autoria de Paulo Caetano com apresentação de Juan Ambrósio, professor da Faculdade de Teologia.
* Portalegre - Fratel - Reunião dos secretariados diocesanos.
* Beja - Castro Verde (Basílica Real) - Concerto do Festival Terras sem Sombra pelos ensembles espanhóis de cordas, o Cuarteto Casals
* Guarda - Seminário - Encontro de D. Manuel Felício com os professores de EMRC.
* Guarda -Centro Apostólico - Reunião do Conselho Pastoral Diocesano. 
* Porto - Paços de Ferreira - Congresso «Empreendedores locais»

 

* Fátima - Encontro nacional do Movimento Esperança e Vida. (22 e 23)
* Lisboa - Mafra - Encerramento da visita da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima à Vigararia de Mafra. (22 e 23)

 

Dia 23

* Setúbal - Amora (Salão da nova Igreja de Amora) - Exibição da peça de teatro «A conversão de Zaqueu» pelo grupo cénico «Palavra Viva».
* Itália - Roma - Iniciativa «Comboio das crianças» promovido pelo Conselho Pontifício da Cultura
* Lisboa - Encontro do grupo de jovens da diocese de Lisboa que participa nas Jornadas Mundiais da Juventude no Rio de Janeiro (Brasil) com a presença de D. Nuno Brás.
* Lisboa - Alcobaça (Mosteiro de Alcobaça) - Iniciativa «Música nos Mosteiros Portugueses Património da Humanidade» com Orquestra de Câmara Portuguesa.  
* Lisboa - Teatro Tivoli - Fim de ano equipista (Equipas Jovens de Nossa Senhora) com ida a musical Wojtyla

 

Ano C – 12º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

E vós, quem dizeis que Eu sou?
 

O Evangelho deste 12º domingo do tempo comum confronta-nos com a pergunta de Jesus: “E vós, quem dizeis que Eu sou?” Paralelamente, apresenta o caminho messiânico de Jesus, não como um caminho de glória e de triunfos humanos, mas como um caminho de amor e de cruz. Conhecer Jesus é aderir a Ele e segui-l’O nesse caminho de entrega, de doação, de amor total.

É nesta tonalidade que devem ser escutadas as outras leituras. A Profecia de Zacarias apresenta-nos um misterioso profeta trespassado, cuja entrega trouxe conversão e purificação para os seus concidadãos. Revela que o caminho da entrega não é um caminho de fracasso, mas um caminho que gera vida nova para nós e para os outros. A Carta aos Gálatas insiste que o cristão deve revestir-se de Jesus, renunciar ao egoísmo e ao orgulho e percorrer o caminho do amor e do dom da vida. Esse caminho faz dos crentes uma única família de irmãos, iguais em dignidade e herdeiros da vida em plenitude.

Centremos o nosso olhar no Evangelho, que define a existência cristã como um “tomar a cruz” do amor, da doação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existência vivida na simplicidade, no serviço humilde, na generosidade, no esquecimento de si para se fazer dom aos outros. É esse o “caminho” que eu devo percorrer, para ser fiel ao seguimento de Cristo.

E quem é Jesus, para nós? É alguém que conhecemos das fórmulas do catecismo ou dos livros de teologia, sobre

 

 

 

quem sabemos dizer coisas que aprendemos nos livros? Ou é alguém que está no centro da nossa existência, cuja vida circula em nós e nos transforma, com quem dialogamos, com quem nos identificamos e a quem amamos?

Só na oração de encontro confiante com Deus podemos perceber a sua vontade e encontrar o caminho do amor e do dom da vida. Nos momentos das decisões importantes da nossa vida, precisamos de dialogar com Deus e de escutar o que Ele tem para nos dizer.

Jesus continua a questionar-nos. Que dizemos nós d’Ele, diante de Deus, no mais secreto do nosso ser? Que

 

  dizemos nós d’Ele, em família, aos nossos filhos, aos nossos amigos, aos nossos irmãos…? Quando a ocasião se apresenta, no nosso trabalho, nas nossas relações sociais e em tantos espaços habitados da sociedade, ousamos anunciar claramente quem somos ou temos receio de dizer que somos de Cristo?

Que este Ano da Fé continue a ser um tempo precioso para renovar os nossos encontros de fé com Jesus Cristo, homem admirável e Deus adorável. Sempre numa procura contínua feita de adesão à sua Pessoa com todo o nosso ser.

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 23 - Porto no tempo de D. Manuel Clemente: memórias que ficam para a história.

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 24 - Entrevista a Dimas Pedrinho, coordenador do Departamento da Educação Moral e Religiosa Católica do SNEC.

Terça-feira, dia 25 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II com Manuel Braga da Cruz;

Quarta-feira, dia 26 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja, com Eugénio Fonseca;
Quinta-feira, dia 27 - Rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 28 - Apresentação da liturgia dominical pelo padres Robson Cruz e Vitor Gonçalves.
 

Antena 1

Domingo, dia 23 de junho,  06h00 - Os 100 dias do Papa Francisco sob o olhar do vaticanista Andrea Tornielli, da psicóloga Cristina Sá Carvalho e do diretor da associação CAIS Henrique Pinto.

 

Segunda a sexta-feira, dias 24 a 28 de junho, 22h45 - A identidade e a cultura dos jovens hoje numa análise do sacerdote dehoniano Adérito Barbosa.

 

 

   

 

Esta sexta-feira, Roberto Carneiro recebe o “Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes”. O reconhecimento pela aposta na educação, tanto de forma ativa e política, como na académica e na investigação internacional. O prémio poderá ser a oportunidade para que Portugal conheça o relevo que o antigo ministro de educação tem mantido na Europa e no Mundo no estudo das culturas e das relações entre os povos.

 

Na Europa, vai decorrer a “Semana da Esperança”. A iniciativa é da Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) e vai acontecer entre os dias 24 e 27 de junho para assinalar o 10º aniversário do documento do Papa João Paulo II “Ecclesia in Europa”. A “Semana da Esperança” tem por objetivo propor de novo a esperança a o continente “num momento muito difícil” e quando a “visão” dos fundadores do projeto europeu “está eclipsada pelas consequências dramáticas da crise económica  e pelo espetro crescente de nacionalismos, populismos e xenofobia”, afirma a COMECE no sua página da internet.

 

Da agenda destes dias, destaque para mais dois acontecimentos: o simpósio “Não tenhais medo. Confiança – Esperança – Estilo Crente”, que o Santuário de Fátima promove entre os dias 21 e 23, integrado nas iniciativas que assinalam a preparação para o centenário das aparições, em 1917; e a homenagem que o Porto presta a D. Manuel Clemente, no dia 26, no Palácio da Bolsa. Uma justa homenagem!


 

 

Recordar João Paulo II e Werenfried van Straaten

Enxugar as lágrimas de Deus

Foram amigos especiais. Uma simples troca de olhar entre ambos bastava. Quando estiveram juntos pela última vez quase nem disseram nada. Abraçaram-se apenas. O Padre Werenfried colocou a Fundação AIS ao serviço da Igreja. “Qualquer desejo do Papa é uma ordem”, dizia sempre. E João Paulo II desejou libertar a Europa de Leste da tirania comunista e ajudar a Igreja onde quer que ela estivesse em sofrimento. Numa palavra: era preciso enxugar as lágrimas de Deus em todos os oprimidos do nosso tempo…

Assim foi. Neste ano em que se comemora o centenário do nascimento do Padre Werenfried van Straaten, não é possível evocar a história e a coragem do homem que fundou a AIS, a Ajuda à Igreja que Sofre, sem recordar o Santo Padre João Paulo II. A 13 de Maio de 1981, João Paulo II sofre um atentado quase fatal na Praça de São Pedro. Na convicção absoluta de Karol Wojtyla, “uma mão disparou e outra desviou a

 

 bala”. Naquele instante ocorreu mais do que um atentado. Para o Papa houve uma intervenção divina que se reflectiu na própria história da humanidade. A Mensagem de Fátima tornou-se clara, então, para João Paulo II, na necessidade da conversão da Rússia, como a Mãe de Deus proclamou aos pastorinhos. A mesma Mensagem de Fátima que já antes tinha inspirado o Padre Werenfried, quando fundou a Ajuda à Igreja que Sofre.

 

A reconciliação

A vida de ambos foi uma luta contra todos aqueles que queriam construir um mundo sem Deus. Ambos encontraram-se também na importância da reconciliação. Foi essa necessidade que levou o padre Werenfried a ajudar os refugiados alemães que vagueavam por entre os escombros da Europa no final da II Guerra Mundial. Muito mais importante do que toda a ajuda material que reuniu – e que permitiu

 

 

 

salvar milhares de vidas – o Padre Werenfried conseguiu logo aí, no arranque da missão da Fundação AIS, o milagre da reconciliação, fazendo as pessoas olhar para o outro, o que estava necessitado, faminto, sem nada, não como o antigo inimigo mas como alguém que precisava de ajuda.

 

Igreja perseguida

Esta mesma compaixão tem sido fonte inspiradora da Fundação AIS ao longo dos anos. O império soviético, com os seus “gulags”, sucumbiu, mas outras cortinas de ferro, outras ditaduras, outros campos de concentração vão sendo erguidos no mundo. Infelizmente, nunca como agora é actual a missão da Fundação AIS. Nunca como agora os cristãos foram tão perseguidos. Como dizia o Padre Werenfried, os cristãos perseguidos “são a elite da Igreja”.

 

Continuar a missão

Hoje, colaborar com a Fundação AIS ajudando os cristãos perseguidos, apoiando a Igreja em necessidade, é o melhor tributo que se pode dar à memória do Padre Werenfried van Straaten. Prosseguir o trabalho fundado por este monge premonstratense, cujo centenário do nascimento se celebra ao longo do corrente ano é, seguramente, também, uma forma de dizermos o nosso obrigado a João Paulo II. Ambos foram amigos e cúmplices. Ambos sabiam que tinham a obrigação de ajudar a Igreja que rezava em segredo, a Igreja clandestina, a Igreja encarcerada, maltratada, em sofrimento. Hoje, todos os benfeitores e amigos da Fundação AIS são, pelo seu trabalho, continuadores desta missão. Esta é a nossa responsabilidade. É a sua responsabilidade.

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

 

Bilhetes à venda em: www.ticketline.pt; Lojas Fnac; Worten; C.C. Dolce Vita; El Corte Inglés; Lojas Abreu Viagens; Locais do espectáculo; Reservas 707 234 234

 

Lusofonias

O drama dos refugiados

Tony Neves

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Encontrei muitos refugiados ao longo da minha vida missionária. É das situações mais dramáticas a que as pessoas se podem submeter. O Dia Mundial dos Refugiados é um pretexto para pormos a mão na consciência. Sabemos – a história o conta – que só há refugiados a seguir a grandes catástrofes humanitárias. Por isso, há que distinguir dois tipos muito diferenciados: as vítimas de catástrofes naturais e aqueles que se têm que refugiar por causa de guerras e perseguições de toda a espécie.

Para resolver o drama dos refugiados de catástrofes naturais, há que apelar á solidariedade da comunidade internacional para que se reúnam depressa as condições mínimas de regresso às terras de origem. Regra geral, quando os países são pobres ou mal governados, este problema tem solução mais complicada. Se as catástrofes naturais acontecem em países organizados, a solução humanitária encontra-se mais rapidamente, para bem de todos e alívio da comunidade internacional.

Mas a maioria dos refugiados é vítima de guerras e perseguições. Aí o caso é mais complexo porque as pessoas fogem para países vizinhos que, em muitos casos, não têm reunidas quaisquer condições para acompanhar os refugiados. Por vezes, instala-se o caos nos campos, com ataques das tropas. Na maioria das vezes, o país que acolhe também não é democrático e utiliza esta gente como escudos humanos a troco de

 

 

 

 

Luso Fonias

 

reconhecimentos e apoios internacionais, não deixando as organizações humanitárias trabalhar á vontade e até, muitas vezes, desviando as ajudas para outros fins.

Quem passa num campo de refugiados fica

horrorizado com o que vive e vê. Há milhares e milhares de pessoas amontoadas em tendas ou cabanas, sem fazer nada, em condições insalubres, com fome, sem roupas, sem futuro á sua frente, a ver constantemente pessoas a morrer a seu lado. É uma situação dramática, do pior que a humanidade cria.

O Alto Comissariado da ONU para

  os Refugiados é presidido pelo Eng. António Guterres, português. Ele tem sido incansável na denúncia das situações políticas que geram refugiados, bem como tem gasto parte da sua vida a visitar campos e a apelar á comunidade internacional para juntar fundos de apoio á sobrevivência e futura reabilitação social destas gentes, maltratadas por governos corruptos e por militares sem escrúpulos.

É urgente crescer em humanidade e no respeito pelos direitos humanos. Quando tal acontecer, estará a fechar o último campo de refugiados. O ideal é que não tardasse muito esse dia.

 


 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

O desenvolvimento não se reduz a um simples
crescimento económico. Para ser autêntico, deve
ser integral, quer dizer, promover todos os homens
e o homem todo, como justa e vincadamente
sublinhou um eminente especialista: "não aceitamos
que o econômico se separe do humano; nem o
desenvolvimento, das civilizações em que ele se
incluiu. O que conta para nós, é o homem,
cada homem, cada grupo de homens,
até se chegar à humanidade inteira"


(Paulo VI, Populorum progressio,14)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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