04 - Editorial:

         Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

12 - Opinião:

        D. Manuel Linda    

14 - A semana de

        José Carlos Patrício

16- Entrevista

        D. Manuel Clemente

32- Dossier

        Patriarcado de Lisboa

 

40- Espaço Ecclesia

42 - Internacional

46 - JMJ 2013

48- Cinema

50 - Multimedia

52 - Estante

54- Vaticano II

56 - Agenda

58 - Liturgia

60 - Programação Religiosa

61 - Por estes dias

62 - Fundação AIS

64 - Intenção de Oração

66 - Luso Fonias

 

Foto da capa: D.R.
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião 

 

 

 

D. Manuel Clemente

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Patriarcado de Lisboa

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Comissão de inquérito no Banco do Vaticano

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D. Manuel Linda | Padre Tony Neves|Elias Couto

 

 

Cadeira vazia,
encantamento e desconfiança

Octávio Carmo

Agência Ecclesia

 

Bastou uma cadeira vazia para que regressassem ao Vaticano as teorias da conspiração, as declarações não confirmadas, as fontes privilegiadas que nunca dão a cara e as críticas ao Papa, agora outro. Francisco ainda goza da sua ‘lua de mel’ com boa parte da Igreja Católica e da imprensa, mas a sua ausência no concerto do último sábado, nas celebrações do Ano da Fé, por causa de uma “tarefa urgente e inadiável”, como foi então explicado, serviu para mostrar (se dúvidas houvesse) que o gosto pelos bastidores, pela coscuvilhice (que ele tanto tem criticado) e a intriga não desapareceu…

Há pessoas que temem (desejam?) que o Papa argentino não esteja à altura da missão que lhe foi confiada pelos cardeais e que ainda não se tenha apercebido da real implicação das suas decisões, que afetam não só a Diocese de Roma, mas todo o mundo católico. Mais ainda: não se coíbem de o criticar por declarações que ninguém sabe se proferiu nem têm qualquer pejo em definir exatamente como é que ele deve falar e comportar-se, para não embaraçar a Igreja. Francisco, só Francisco como decidiu ser chamado, não é um Papa monarca, por certo, mas não é por isso que ocupa com menos dignidade o seu lugar.

Tenho a convicção, que já vi partilhada

 

 

 

 

 

nos muitos balanços que foram feitos dos primeiros dias do pontificado, de que a liderança do Papa, deste e de todos, é espiritual e quando se trata disso, o estilo não é questão secundária, mas essencial. A reforma, na Igreja, nasce sempre dentro de cada pessoa e é o exemplo do próprio Francisco, na sua simplicidade e proximidade, que tem de questionar todos sobre o que deve mudar, a começar por si próprios.

A opção tomada em relação ao ‘Banco do Vaticano’, criando uma comissão de inquérito, que responde apenas perante o Papa, é a primeira medida de ‘governo’ de Francisco, que deixa claro que o patamar de decisão será sempre o dele: uma mensagem importante para dentro e para o exterior, mostrando que há vontade de decidir e que essas decisões serão tomadas, mesmo que sejam duras.

 

 

Tenho medo das pessoas que se acham demasiado boas para terem um Papa como Francisco e das que acham que ele é demasiado bom para ser Papa. Compreendo que, por causa da personalidade de cada um, este início de pontificado se viva entre o encantamento e a desconfiança, mas estou certo de que os primeiros sinais promissores de que a mensagem do sucessor de Bento XVI é capaz de chegar ao mundo e à Igreja, apesar das suas diferenças, redundarão em palavras e gestos muito significativos. E as pessoas vão ter de se habituar a isso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

16º Patriarca de Lisboa

24 de março de 1998
a
18 de maio de 2013

 

 

 

 

 

 

D. José Policarpo
Foto: (Arlindo Homem)

 

 

 

 

 

 

"Muitos dos jovens que vemos como causadores de problemas são causadores de mudança ou têm esse potencial".

(João Rafael Brites, na Jornada da Pastoral da Cultura)

 

 

 

 

“O ser humano sem trabalho digno não se realiza, não contribui para o desenvolvimento

social nem para a riqueza do país e fica à margem da sociedade”.

(Comunicado da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos sobre a greve geral do dia 27 de Junho)

 

 

 

 

 

 

 

 

“Levo para Lisboa o Porto, porque Portugal precisa de ser um grande Porto, em todos os sentidos”.

(D. Manuel Clemente, Palácio da Bolsa, 26 de Junho de 2013)

 

 

 

 

 

“Entre 2007 e 2013, a relação entre o bispo e a cidade consolidou-se de um modo intenso que não se sentia desde D. António Ferreira Gomes”.

(António Tavares, Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto)

 

 

Adeus ao Porto
com elogios entre bispo e a cidade

O novo patriarca de Lisboa despediu-se esta quarta-feira da Diocese do Porto, onde foi bispo desde 2007, afirmando que o país precisa de seguir o exemplo da cidade nortenha, neste momento de crise. “Levo para Lisboa o Porto, porque Portugal precisa de ser um grande Porto, em todos os sentidos da palavra”, afirmou D. Manuel Clemente, no Palácio da Bolsa do Porto, sob os aplausos dos presentes.

O prelado falava durante uma sessão de homenagem promovida pela Santa Casa da Misericórdia do Porto, a que aderiram instituições e cidadãos.

“O que eu tenho verificado de capacidade de avançar, e ainda antes de avançar, de resistir - de não fechar, de manter aberto, de inovar, de criar postos de trabalho, de andar para a frente às vezes com muito poucos recursos - é admirável, é admirável”, disse o patriarca eleito de Lisboa.

D. Manuel Clemente adiantou aos jornalistas quais são as suas intenções relativamente

 

à relação que vai estabelecer com o poder político, na capital portuguesa.

“O poder político, quer do atual Governo quer do anterior, já vinha aqui falar comigo, de vez quando, não por ser eu, mas por ser intérprete de uma grande instituição, aqui do Norte, como é a Igreja Católica", explicou.

"Esse diálogo vai continuar, com certeza, porque, se não se lembrarem, lembro-me eu”, acrescentou.

Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, recordou a coincidência de tanto ele como D. Manuel Clemente estarem “prestes a terminar as missões de que fomos incumbidos em prol dos cidadãos do Porto”. “Estou certo que, mesmo assim, ambos também continuaremos a pugnar por ideais complementares em prol de uma sociedade justa e de valores perenes”, afirmou.

O autarca elogiou a “mundividência cristã”, a forma de “olhar o mundo”, "estatuto cultural" e “humanismo solidário”

 

 

 

 

 

de D. Manuel Clemente, que fazem dele “uma grande personalidade” da sociedade portuguesa.

António Tavares, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP), falou numa “homenagem dos afetos” a um homem que “soube ser construtor de consensos”.

Rui Moreira, presidente da

 

Associação Comercial do Porto, abriu a sessão que contou com intervenções de José Marques dos Santos, reitor da Universidade do Porto, e do presidente da Fundação de Serralves, Luís Braga da Cruz, para quem a cidade nortenha passa a ter em Lisboa alguém que “compreende melhor” os seus habitantes.

 

 

Movimentos operários
solidários com greve geral

A Liga Operária Católica – Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) apelou à "participação” na greve geral de hoje, pedindo a criação de políticas que promovam “trabalho digno” e defendam o Estado Social. “A LOC/MTC solidariza-se com todos os trabalhadores e as suas organizações que lutam por uma ‘Sociedade Justa e Sustentável, com Trabalho para Todos’”, assinala um comunicado enviado à Agência ECCLESIA pela nova equipa nacional da organização, constituída por José Paixão, Glória Fonseca e padre Emanuel Vaz (coordenadores e assistente nacionais).

Em entrevista ao programa ECCLESIA (RTP2, 18h00), que é hoje transmitida, José Paixão destaca que a organização "não podia ficar indiferente" a esta iniciativa, "uma forma que os

trabalhadores têm para procurar contrariar tudo aquilo que de mau e de muito mau lhes tem vindo a acontecer".

 

 

 

O coordenador nacional da Liga Operária Católica sublinha que os trabalhadores cristãos partilham as "preocupações que são bem

conhecidas e sentidas por todos".

Também a Juventude Operária Católica se solidarizou com a greve geral, sublinhando o “momento difícil” que a população portuguesa enfrenta, sobretudo “jovens e famílias que se veem privadas do essencial”.

O organismo apela ainda à “união de todos os trabalhadores, dos desempregados e estudantes” à volta deste protesto.
 

 

 

Presidente da República
recebeu D. José Policarpo

O patriarca emérito de Lisboa, D. José Policarpo, disse hoje que a “esperança” sobrevive a todas as crises e elogiou os portugueses, falando com os jornalistas à entrada para um almoço com o presidente da República, em Belém.

“A esperança é um valor espiritual, não morre com as crises” e “suscita-se com os momentos difíceis”, disse o cardeal, após uma audiência privada com Aníbal Cavaco Silva.

O responsável defendeu que essa esperança é “absolutamente fundamental” para que “a sociedade possa vencer”, com “serenidade”, os desafios que enfrenta.

“Somos (Portugal) um povo ousado que não cruza os braços diante do sofrimento: vamos mais uma vez não cruzar os braços”, convidou.

D. José Policarpo despede-se da Diocese de Lisboa este sábado, numa celebração em que vão ser ordenados novos padres e diáconos, às 10h30, no Mosteiro dos Jerónimos.

 

 

O cardeal, de 77 anos, apresentou a sua renúncia ao cargo em 2011, por limite de idade, resignação aceite por Bento XVI e confirmada pelo Papa Francisco, que a 18 de maio nomeou como novo patriarca de Lisboa o até agora bispo do Porto, D. Manuel Clemente.

O antigo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa deixou votos de que “todos tenham a coragem, quando lutam por qualquer coisa, de apresentar ao povo português as soluções que têm na manga”.

“O que precisamos é de caminhos, se forem caminhos novos tanto melhor, mas que sejam caminhos objetivos, sólidos no contexto internacional que é cada vez mais complicado”, defendeu D. José Policarpo.

 

 

 

 

Elogio da Política

D. Manuel Linda

Bispo auxiliar de Braga

 

Vêm aí as autárquicas. Pela proximidade efectiva com as populações, são, entre todos os actos eleitorais, aquele que gera mais amores e desamores, proximidades e divisões. Desta vez, os habituais ingredientes são condimentados pela novidade da reforma administrativa e consequente mexida com os bairrismos e autonomismos. Por tudo isto, vale a pena uma reflexão, ainda que incipiente.

O Ocidente adoptou a noção aristotélica da política como interesse pelo social, como compromisso para com a comum cidade dos homens. E isso diz muito aos cristãos, «mandatados» para a edificação de uma “nova terra e novos céus” e corresponsabilizados perante o seu “próximo”. Nunca o “dar a Deus o que é de Deus” excluiu o “dar a César o que é de César”. O que fez, foi evitar confusões entre estes dois âmbitos, como acontecia no passado e alguns ainda teimam em recuperar no presente.

Mas há muitas formas de fazer política e de se comprometer com ela. Desde as associações cívicas às ONG’s. Sem ignorar, porém, que a forma privilegiada é a via partidária. No actual momento histórico, de facto, os partidos constituem os instrumentos mais habituais para o exercício da «caridade política», entendida como preocupação afincada pelo bem comum. Se são, assim, tão importantes, convém não esquecer algumas implicações. Vejamos.

 

 

 

Em primeiríssimo lugar, uma mente crente só pode aderir a partidos que defendam acerrimamente a chamada «constelação de valores» ou «quadrilátero social» de que falava João XXII, antítese de todas as ditaduras: verdade, liberdade, justiça e amor/caridade. O recente Magistério da Igreja ajuntou-lhe mais dois, de absoluta urgência: a defesa da vida humana em todas as fases da sua existência e a protecção da família heterossexual.

Depois, há que dar-se conta de que nenhum partido corresponde integralmente às exigências da fé. Por isso, a mesma fé pode conduzir a distintas escolhas. A adesão aos partidos deve ser à base de pressupostos críticos –confrontar o seu programa com o Evangelho- e não por motivos ideológicos.

A noção de «bem comum», objectivo último da política, deve

incluir não apenas as coisas materiais, mas também a abertura e orientação para as realidades do espírito, nas quais se insere a dimensão meta-temporal.

 

Finalmente, porque ainda não chegamos àquele estádio em que a opção por famílias partidárias não separe as pessoas nem gere animosidades, o clero e os religiosos são chamados a abster-se, directa e indirectamente, de militar em partidos e de os favorecer ou obstaculizar. Mas devem cumprir, religiosamente, a obrigação de anunciar os princípios e propor os critérios da Doutrina Social da Igreja.

A Conferência Episcopal da América Latina, quando reuniu em Puebla, definiu a política como “uma forma de dar culto ao Deus vivo”. Tal a consideração por esta actividade humana. Então, dignifiquemo-la!

 

 

 

Janela de oportunidade
para o emprego jovem

José Carlos Patrício, Agência Ecclesia

 

Os líderes políticos da União Europeia reuniram-se em Bruxelas para debaterem soluções que permitam criar mais alternativas de emprego para os jovens e acertarem as verbas que serão atribuídas a cada estado-membro.

Se o plano financeiro previamente estabelecido for aprovado pelo Parlamento Europeu, Portugal receberá cerca de 150 milhões de euros para aplicar em novas políticas de apoio ao trabalho, entre 2014 e 2020.

No nosso país, a percentagem de desemprego entre os mais novos já está nos 42 por cento, atingindo mais de 165 mil pessoas.

Só quem nunca passou por uma situação de desemprego ou de procura prolongada de um primeiro emprego é que poderá menosprezar a oportunidade que se apresenta ao país, através dos fundos comunitários, de inverter o rumo em que caíram tantos jovens.

No entanto, se a aposta na dinamização do mercado e da economia, no apoio ao empreendedorismo e à abertura de novas empresas e no lançamento de protocolos para estágios e vagas não for acompanhada por políticas de fiscalização que garantam o emprego justo, ela

 

 

 

 

 

não será mais do que um balão de oxigénio que irá esvaziar rapidamente.

Quantos e quantos jovens saem hoje das universidades e deparam-se com ofertas de emprego perfeitamente absurdas e ilegais, em que a remuneração mensal nem sequer chega ao ordenado mínimo nacional?

Esta nova forma de escravatura, que tem ainda muitos outros grilhões, destrói à nascença toda a força e

  dinamismo que as novas gerações poderiam emprestar à sociedade.

Ainda me recordo o que ouvi no primeiro local em que estive a estagiar: “Não esperes grandes ajudas, tens de te desenrascar sozinho”.

Talvez seja também razoável canalizar uma parte dos 150 milhões na formação humana e social das nossas chefias laborais.
 

 

O sujeito da ação da Igreja é um coletivo

D. Manuel Clemente afirma que decisões na Igreja não podem ser “fogachos”, mas resultado do conhecimento da realidade e tomadas em “comunhão”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o novo patriarca de Lisboa perspetiva a missão que o espera e avalia os mais de seis anos de trabalho no Porto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Agência ECCLESIA (AE) - Há uma palavra que marca muitos diálogos com o D. Manuel Clemente quando se analisa o decorrer dos acontecimentos, pessoais ou de grupos: “naturalmente”. É também “naturalmente” que é nomeado Patriarca de Lisboa?

D. Manuel Clemente (MC) - Não sei dizer se é natural ou sobrenaturalmente… Da minha parte aceitei esta nomeação como as anteriores: em 1999 o Papa João Paulo II nomeou-me para bispo auxiliar de Lisboa, onde estive a colaborar estreitamente com o senhor D. José Policarpo; em 2007, o Papa Bento XVI nomeou-me para o Porto, diocese onde muito aprendi com muita gente boa e numa Igreja cheia de força e vontade de trabalhar no mundo, com o sentido evangélico das coisas; agora o Papa Francisco manda-me para Lisboa como Patriarca.

Aceito com naturalidade e

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sobrenaturalidade, como as coisas vão aparecendo. Vou repetindo para mim e desde há muito tempo que a única maneira de estarmos na vida é levarmos a sério o que Jesus manda: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã, basta a cada dia a sua preocupação” (Mt 6,34). E também com a liberdade interior que esta atitude dá e à qual me tento converter: quando não somos nós a escolher mas outros, concretamente a Igreja que nos pede para assumirmos missões, isso dá-nos a liberdade que não teríamos caso tivéssemos sido nós a vincular o destino.

 

 

 

AE - Há caraterísticas, perfis da pessoa que indiciam a missão, o cargo que a Igreja pede para levar por diante. No caso do D. Manuel Clemente, o conhecimento da diocese e a relevância cultural que tem em Portugal são caraterísticas para ser Patriarca de Lisboa?

MC - Eu nasci na Diocese em Lisboa, há 65 anos, numa terra muito bonita chamada Torres Vedras…!

 

AE - E convém precisá-lo…

MC - Jesus também não nasceu em Nazaré, mas como foi lá criado era “de Nazaré”. Vim para Lisboa

  estudar com cerca de 13 anos, mas indo frequentemente à minha terra. Fui ordenado padre em Lisboa onde exerci o sacerdócio durante 20 anos, depois o episcopado durante sete, com as funções que me foram cometidas e que tentei desempenhar como soube e como pude. Com certeza que nunca acertando no 20 nem no 15, mas fazendo o possível!

Agora volto a uma diocese que, como dizia e é verdade, conheço. Em seis anos as coisas mudam um tanto. Graças a Deus, fui vendo que Lisboa teve várias ordenações sacerdotais e diaconais nestes anos. Vou conhecer

 

 

 

esses padres e diáconos, assim como outros que vieram de vários países e estão ao serviço do Patriarcado. As comunidades serão o mesmo número que estavam quando fui para o Porto, também os movimentos, as associações e tudo o que faz a vitalidade católica que Lisboa tem. Aí desempenharei o meu papel episcopal, que se deve caracterizar, seja onde for, por estar no centro de uma comunhão, ativar essa comunhão e ser, como dizia S. Paulo, “tudo para todos” ao serviço da unidade e do bem de toda a gente.

 

AE - Para além do conhecimento, tem afeto tem pela Diocese de Lisboa? Na

 

saudação que enviou ao Patriarcado, por ocasião da nomeação para Patriarca de Lisboa, fez questão de o sublinhar …

MC - E afirmo-o, com certeza! Com todos nós, seres humanos, quando vivemos intensamente uma realidade e conhecemos as pessoas, isso não é apenas um exercício intelectual nem

um arranque de vontade. É também um afeto. Acabamos por gostar e é natural que assim seja.

 

AE - E deve ser assim?

MC - Claro que sim! E não poderia ser de outra maneira porque é sempre de pessoas que se trata e a relação entre pessoas tem uma fortíssima carga de afetividade. E é muito bom que tenha!

 

 

 

AE - Que proximidade existe entre ser Patriarca de Lisboa e o conceito de líder da Igreja Católica em Portugal? É assim ou estamos diante de uma ambiguidade?

MC - É uma ambiguidade que convém relativizar… Lisboa teve grandes figuras de pastores, como os três últimos patriarcas, que conheci: o cardeal Cerejeira, cardeal Ribeiro e cardeal Policarpo, que foram figuras determinantes não só em Lisboa mas na sociedade portuguesa. Mas isso enquanto sociedade portuguesa.

No que diz respeito à Igreja em Portugal, ela vive em 20 dioceses, onde cada uma é autónoma como uma Igreja particular no conjunto de todas as demais e em ligação comum à Igreja particular de Roma onde está o sucessor de Pedro.

É bom que exista consciência e que não há uma “Igreja portuguesa”, mas existe a Igreja em Portugal em 20 dioceses.

   
 

 

 

 

 

 

 

AE - Mas tem de haver uma instância de diálogo…

MC - Que é a Conferência Episcopal. Foi uma das felizes criações do Concílio Vaticano II, na esteira de algo que já vinha de trás e que a Igreja vive em comunhão em todas as suas instâncias. Assim acontece nas comunidades cristãs, com o desenvolvimento dos Conselhos Pastorais Paroquias e outros organismos, ou nas dioceses com os conselhos representativos do Povo de Deus para os diferentes serviços. E também nas Igrejas de um mesmo país (ou no caso de ser muito grande, como o Brasil, em várias regiões desse país), onde um conjunto de dioceses (Igrejas particulares) encontra maneiras de coordenar algumas atividades, de projetar algum futuro. No entanto, a determinação é sempre de cada Igreja particular, sendo a Conferência Episcopal uma plataforma de encontro.

 

AE - É necessário rever o enquadramento normativo da Conferência Episcopal para que a instância nacional seja mais relevante?

MC - Não me parece. Ente nós, bispos diocesanos, auxiliares ou eméritos, funciona bem essa experiência de proximidade, de partilha e de entreajuda, mais formal ou mais espontânea.

 

AE - Mas pouca coisa é vinculativa…

MC - Muito pouca coisa é vinculativa, sim, e só excecionalmente é que a Conferência Episcopal toma decisões completamente vinculativas.

 

 

 

A determinação é sempre de cada Igreja particular, sendo a Conferência Episcopal uma plataforma de encontro.
 

 

 

Missão da Igreja: acolher e anunciar

AE - O conhecimento, o afeto, a proximidade que tem em relação à diocese fá-lo pensar em projetos, em prioridades para os próximos tempos?

MC - Retomo as propostas da Conferência Episcopal. Em 2007 os bispos portugueses foram ao Vaticano em Visita Ad Limina, ao limiar dos apóstolos Pedro e Paulo, e nas conversas que tivemos quer com os vários órgãos da Cúria Romana quer com o próprio Papa Bento XVI,

   na altura, salientou-se (e em sintonia com o que eram as preocupações nossas, dos bispos de Portugal) a necessidade de apostar na formação cristã.

Cada batizado precisa de ter consciência do que significa “ser batizado”. E é preciso que as comunidades cristãs proporcionem uma iniciação cristã séria, forte! Numa sociedade plural como a nossa, onde há tantas ideias, contraditórias ou

convergentes, só assim interessa: quando alguém perfilha não apenas
 

 

 

uma ideia mas um tipo de vida, como é o caso de uma cristã ou de um cristão, deve saber o que isso significa.

A nossa preocupação era já essa: criar comunidades onde se proporcione uma iniciação cristã séria e formação ao longo de toda a vida. Trouxemos esta preocupação de Roma, que foi ainda asseverada pelo próprio Papa Bento XVI no discurso que nos fez e começamos a pensar, no âmbito da Conferência Episcopal, a forma de efetivar essa prioridade em cada diocese.

Abriu-se aí algo inédito, quase um sínodo (que significa caminho que se faz em comum) interdiocesano e de âmbito nacional: dioceses, conselhos presbiterais

 

e pastorais de cada uma, congregações religiosas, movimentos, associações… muitíssima gente se pronunciou sobre o assunto, não de forma breve, mas com suporte documental. Temos no arquivo da Conferência Episcopal Portuguesa milhares de páginas que chegaram das várias instâncias eclesiais das 20 dioceses de Portugal.

A partir daí fez-se um trabalho de reflexão, de síntese, que se concluiu com uma Nota Pastoral da Conferência Episcopal, publicada na última reunião plenária, em abril, onde estão uma série de rumos para a pastoral e que essencialmente se resumem a fazer das nossas comunidades instâncias de acolhimento e de missão.

 

 

 

AE - É isso que vai propor para Lisboa?

MC - É isso. Porque estes rumos são fruto e uma reflexão muito grande, única, julgo eu. Não conheço nada assim na História da Igreja em Portugal. Ela envolveu milhares de cristãos, leigos, consagrados, clérigos e que agora está ao dispor.

Juntando esses rumos à mensagem do último sínodo dos bispos, em outubro de 2012, sobre a nova evangelização, é a melhor maneira de projetar o futuro! A mensagem do sínodo ia no mesmo sentido sugerindo a criação de uma Igreja de acolhimento e de missão, criando dessa forma uma verdadeira personalidade cristã. Porque o cristianismo existe para Deus e para os outros, sendo sinal de Deus para todos.

Como costumo dizer (e as pessoas que conversam mais comigo já o ouviram muitas vezes), o programa da Igreja 99% está feito: estar nas comunidades cristãs, onde acontece a formação através da oração para o louvor a Deus como Cristo ensina, da prática litúrgica onde se exercita, da escuta da Palavra de Deus e da ação sociocaritativa. E estar nas famílias, com os pais educar

  os filhos…Esse programa está feito. Depois, uma coisa é concretizá-lo em Lisboa, no Porto, Algarve ou Açores. É sempre a mesma essência que se traduz depois nas realidades concretas.

Não vamos sobrecarregar as comunidades com outro programa em cima de um que já têm e que devem cumprir prioritariamente!

 

 

 

 

 

 

AE - Essa determinação da nova evangelização ajuda também a definir opções?

MC - Sim. Concretamente com os rumos que a Nota Pastoral da Conferência Episcopal, de abril, indicou.

 

AE - A diocese de Lisboa acolheu uma das realizações do Congresso Internacional para a Nova

 

Evangelização (ICNE), em 2005. Que marcas ficaram dessa grande iniciativa e que imperativos devem ser retomados?

MC - Esse congresso tinha começado em 2003 em Viena de Áustria, depois passou por Paris, veio a Lisboa e ainda foi a Bruxelas e Budapeste. E foi esse projeto que nós no Porto de alguma maneira tentamos reproduzir não só ao longo de alguns dias, mas durante todo o ano, na Missão 2010.

O que ficou, tanto do Congresso como da Missão 2010, e permanece é transformar as comunidades cristãs em lugares de acolhimento e de missão, onde as pessoas, com várias níveis de crença ou sem crença nenhuma, sejam acolhidas e onde se projete o cristianismo para o exterior, ao encontro da realidade que o envolve. Esse foi o exercício do ICNE, do Congresso Internacional para a Nova Evangelização, foi o que tentei fazer no Porto. E acho que não podemos fazer outra coisa se quisermos ser cristãos agora.

 

 

 

AE - No governo de uma diocese, Lisboa agora, iniciará o trabalho cumprindo a tradição formal de manter as pessoas nos cargos que desempenham “donec aliter provideatur”, até tomar outras providências?

MC - Há uma regra básica da pastoral, seja numa diocese, paróquia ou onde for: no primeiro ano não se muda nada! Temos de tomar conta da realidade e temos de deixar que a realidade tome conta de nós. Portanto, o que devemos é ir com

 

 

disponibilidade para conhecer, no meu caso voltar a conhecer e ou conhecer o que existe de novo; ouvir, ouvir muito as pessoas, o que fazem, o que gostariam de fazer, o que não podem fazer; e depois, em conjunto e exercitando a comunhão eclesial em todas as instâncias e níveis, ir tomando decisões que se mostrem mais afins ao que se pretende.

 

AE - O primeiro ano, portanto, não há mudanças…

MC - Com certeza. E se calhar até mais do que no primeiro!

 

 

 

 

AE - Na análise que se faz à liderança do D. Manuel Clemente, considera-se por vezes que as decisões são normalmente tardias e demoradas. Acontece assim por caraterística de personalidade ou por estratégia pastoral?

MC - Em Igreja não pode ser de outra maneira, porque é Igreja. O sujeito da ação da Igreja é um coletivo, é uma comunhão, para utilizar uma palavra que trazemos do Concílio Vaticano II.

Lançar iniciativas só por arranques de vontade, por muito que sejam

 

bem-intencionadas, só isso não as faz eclesiais. Temos de as maturar, temos de ouvir. E depois, quando é altura de decidir, temos de decidir. Mas não devemos precipitar as coisas sob o risco de serem fogachos.

 

AE - Será a partir da Casa Patriarcal que dinamizará a diocese?

MC - Não, a partir da sede, que é o Mosteiro de São Vicente de Fora, onde estão os vários serviços.

 

AE - Residindo na Casa Patriarcal?

MC - Hei de lá ir dormir, quando estiver em Lisboa…

 

 

 

 

“Não vou regressar a Lisboa como de lá parti”

AE - Quando chegou à Diocese do Porto disse que tinha “um só propósito”, “conhecer amar e servir”. Quando saiu disse: “conheci-vos de perto, servi-vos como pude e com a estima que permanece em perpétua gratidão”. Missão cumprida?

MC - Isso não, porque estas coisas começam em Deus e em Deus acabam e com uma conversão permanente da nossa parte.

Eu não vou regressar a Lisboa como de lá parti! Regresso a Lisboa com mais de seis anos de Porto, muito preenchidos por uma Igreja magnífica, onde há gente excelente, leigos, consagrados e clérigos que dão tudo pelo Evangelho, com uma enorme abnegação. Colegas sacerdotes sobrecarregadíssimos de trabalho porque têm várias comunidades dada a escassez de clero e não desistem, apesar da idade de alguns – estou a falar de 80 e 90 anos – o que nos deixa perplexos tal é o entusiasmo e a dedicação que mantêm.

Vou muito preenchido por uma

 

sociedade, a do Porto e a do Norte em geral, em que as pessoas talvez por estarem historicamente afastadas do poder andaram mais por si, são capazes de arrancarem com a vida mesmo quando parece que já não há nada a fazer, lançando empresas de todo o tipo; uma malha sociocaritativa e filantrópica imensa, cultural e desportiva; uma população extremamente ativa!

Tudo isto foi para mim uma enorme experiência humana. Eclesial também. E é com ela que regresso a Lisboa.

 

AE - Sentiu algum tipo de repercussão pessoal pelo uso do título de “Bispo do Porto”?

MC - É uma honra! Tem uma carga história muito grande! As pessoas lembram-se muito legitimamente do senhor D. António Ferreira Gomes, que foi bispo do Porto nas décadas centrais do século passado e que teve aquele papel tão lúcido e tão corajoso no regime de então, lembrando pontos essenciais da Doutrina Social da Igreja e da liberdade humana, quer antes quer depois do 25 de Abril.

 

 

 

 

 

 

A Diocese do Porto tem outros vultos de enorme relevo. E há um com quem convivi historicamente no contexto do centenário da República (em 2010) que foi D. António Barroso, esse grande bispo missionário que o continuou a ser como bispo do Porto e que teve as suas dificuldades, grandes dificuldades com a I República,

  conseguindo ultrapassá-las com grande inteireza.

A Diocese do Porto tem grandes figuras do episcopado. Sem desmerecer nenhuma das outras, estas são as mais conhecidas e justamente conhecidas. Por isso, ter o mesmo cargo que eles tiveram é uma honra e sobretudo foi uma responsabilidade.

 

 

 

AE - Tanto na Missão 2010 como as Jornadas Vicariais da Fé, ao longo do último ano, tentou incentivar a militância católica nos diocesanos?

MC - O que para mim é um ponto essencial e a melhor herança dessas iniciativas, também o Congresso Internacional para a Nova Evangelização, é o desafio de transformar as comunidades cristãs em centros de acolhimento e missão. Isto é fundamental.

Se cada uma das nossas paróquias, associações ou famílias viver em acolhimento do outro, desde logo o acolhimento mútuo sem deixar

 

ninguém de fora e preocupando-se com os que mais precisam de ser acolhidos e correspondidos e com os que nos procuram mesmo não querendo, sobretudo agora em tempo de crise, para responder a necessidades básicas; e em missão, levando mesmo a sério a frase final da missa “Ide” em missão, testemunhado lá fora o que se faz dentro.

Se conseguíssemos aumentar 3% a intensidade missionária das nossas comunidades como dizíamos na Missão 2010, então tínhamos a parada ganha.

 

 

 

AE - E foi ganha? Percebeu que algo mudou? 

MC - Sim, por que as pessoas o disseram na avaliação final. O esquema da Missão 2010 não era para concentrar tudo numa semana, mas prolongar as atividades ao longo do ano e de cada mês, com motivo próprio como por exemplo as Janeiras, a Quaresma, os santos populares, a missão ou o mês dos defuntos, em novembro. O objetivo foi fazer de

 

todos as temáticas ocasiões de testemunho evangélico fora. E foram milhares de iniciativas que se promoveram porque no Porto há quase 500 paróquias, além das associações ou institutos.

Todos fizeram missões e depois, na avaliação, muitas comunidades disseram que ganharam outra presença no meio, o que é muito importante.

 

AE - E a diocese estava unida em torno desses objetivo e desse projeto?

MC - Numa diocese imensa como é a do Porto, uns mais outros menos, como sempre acontece. Mas nós nunca vamos ao todo pelo todo. Vamos ao todo pela parte. Isto é fermento na massa!

 

 

A Igreja está no mundo para sua edificação

Numa altura em que muito se fala sobre a presença da Igreja na sociedade e num contexto em que o relativismo parece conquistar terreno outrora intocável, um olhar sobre a missão evangelizadora da Igreja impõe, igualmente, uma análise cuidada acerca do tecido social e humano que é chamada a servir.

Assim, e no contexto do Patriarcado de Lisboa, gostaria de apresentar algumas considerações sobre o mundo e a Igreja, deste tempo, para depois deixar algumas pistas acerca da intervenção que a Igreja deve ter na construção do Reino de Deus, já que ela recebe a missão de instaurar esse Reino em todos os povos (LG 5). Esta, não sendo do mundo, está e quer estar no mundo ajudando na sua edificação e desenvolvimento, pois “a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história” (cf. GS 1).

 

1. A sociedade contemporânea retirou Deus do seu horizonte; o

 

mundo atual parece construído sem Deus. Este sentimento é fruto dum confronto permanente entre o evangelho e os chamados “valores” do mundo contemporâneo, os quais se podem resumir no hedonismo, no materialismo, no consumismo, no laicismo, no secularismo, na indiferença (religiosa e social) e no relativismo. O mundo mudou rapidamente nos últimos anos e parece cada vez mais privilegiar uma cultura relativista onde a Palavra de Deus se perde e se dilui entre tantas palavras. O aumento da pobreza, o fosso cada vez maior entre ricos e pobres, o acentuar das injustiças sociais, bem como os mais variados atentados à dignidade humana, são hoje realidades que oprimem a pessoa humana e fazem sofrer o coração maternal da Igreja, que vê os seus filhos perdidos no mundo, sem esperança e sem projetos de futuro. Assistimos a uma mudança de paradigma civilizacional, que tem originado um número cada vez maior de vítimas inocentes.

 

 

 

2. A questão identitária é de longe a maior fragilidade da Igreja de hoje. A falta de fidelidade ao evangelho, a incoerência entre a fé proclamada e a fé vivida, a ausência dum verdadeiro testemunho dos cristãos na sua forma de ser e estar no mundo, constituem o grande entrave à missão da Igreja. Deus não está calado, a nossa falta de coerência e de testemunho é que o silencia. A perda da vocação missionária da Igreja fez com que ela perdesse o seu ardor evangelizador, alimentando um cristianismo sociológico e tradicional, onde a Igreja aparece como fornecedora de serviços, especialmente na área dos sacramentos e da assistência social, ensombrado assim a sua dimensão evangelizadora e profética. A falência dos atuais modelos de iniciação cristã e a falta de uma oferta formativa capaz de satisfazer os anseios dos homens do nosso tempo leva a que muitos dos que se dizem cristãos não tenham uma fé adulta e sólida, que os faça estar preparados para dizer as razões da sua esperança e, ao mesmo tempo, ser no mundo sal e luz. A linguagem da Igreja

 

continua a constituir um problema na sua relação com o mundo. A ausência da Igreja nos novos areópagos e a insistência em linguagens que não encontram eco no homem contemporâneo faz a Igreja ter, para o exterior, uma imagem tradicionalista que obstaculiza o seu diálogo com o mundo.

 

3. Contudo, há uma intuição generalizada de que vivemos um momento histórico único e decisivo. Está a surgir na Igreja e no mundo uma força que incita à renovação, que não se reduz à tentativa de repensar e melhorar as estruturas existentes, mas que corresponde a um anseio que brota do mais íntimo do coração dos homens e se traduz na tentativa de construir um mundo novo, mais justo e solidário, fundamentado na pureza e na radicalidade do evangelho. Este é o momento privilegiado para ler os sinais dos tempos, ouvir o Espírito, e redefinir caminhos de vida nova. A crise (económica, ética e moral) com que o mundo hodierno se confronta tem originado um empenhamento cada vez maior das pessoas em atividades

 

 

 

 

de solidariedade e de cidadania que apraz registar. Encontramos no homem contemporâneo sinais evidentes de procura do sagrado, embora de forma difusa e descomprometida. A dimensão espiritual do homem, que o racionalismo e o secularismo tinham abafado e nalguns casos eliminado da reflexão e dos modelos antropológicos típicos da modernidade, é hoje cada vez mais valorizada. E, se este retorno ao sagrado está ainda longe de ser um reencontro com o Deus que se revela em Jesus Cristo, é já sinal duma humanidade que procura novos caminhos identitários onde Deus está presente como horizonte de sentido.

 

4. Assim, a procura de caminhos para uma nova maneira de ser Igreja, nomeadamente a forma de encontrar

 

o apelo do sagrado dos homens e das mulheres de hoje, é um dos desafios que se coloca à Igreja de Lisboa, consciente de que a nova evangelização, mais do que um novo programa ou metodologia, exige um renovado ardor missionário baseado numa profunda comunhão com Cristo, que temos de conhecer, amar e imitar.

A preocupação em proporcionar a

todos os cristãos uma formação sólida

 

 

 

 

 

 

e exigente deve ser uma prioridade. No entanto, importa salientar, que esta formação não se pode reduzir a uma escolarização da fé ou à simples transmissão de saberes de caráter doutrinal e pedagógico. O desafio da educação cristã está em proporcionar uma verdadeira iniciação cristã que possibilite não apenas o conhecimento, mas a comunhão com Cristo e com a Igreja, capaz de gerar cristãos adultos na fé e comprometidos na transformação do mundo à luz do evangelho de Jesus Cristo.

 

Pe. Paulo Franco,

Diretor do Secretariado de Ação Pastoral do Patriarcado de Lisboa

   
 

 

Comunicar sem projeto pode ser um fardo

Lisboa tem conhecido patriarcas que em cada época souberam ligar-se com os crentes e com a sociedade em geral; fizeram-no, lançando pontes também para fora da diocese e da Igreja.

Cada um com o seu estilo e pesadas as circunstâncias históricas que viveram, os cardeais D. Manuel Cerejeira, D. António Ribeiro e D. José Policarpo deixaram marcas profundas na Igreja e na sociedade portuguesa, com as quais souberam relacionar-se e comunicar.

Comunicador sábio, o novo patriarca, D. Manuel Clemente, dispõe de uma experiência vasta de relação e de comunicação que lhe será útil no seu ministério. De resto, uma Igreja que não se comunicasse seria uma negação de si própria.

Atualmente vive-se um estado de hipercomunicação, transversal e em rede; o ruído pode desvirtuar a comunicação, mas não a dispensa. A complexidade de meios será motivo para novas abordagens, mas não para abdicar de uma Igreja mobilizada e

 

  empenhada no diálogo com o mundo. Não se processando apenas através dos media, a “conversa” do Patriarcado com a sociedade não pode contudo dispensar os chamados meios de comunicação, próprios ou não.

Fazer tudo à medida dos media? Longe disso. De resto, como bem insistiu o Papa Bento, a comunicação também se faz de silêncios. Mas é preciso ter em conta a natureza e diferentes características das várias plataformas de comunicação; e não ver na comunicação um constrangimento e uma adversidade. De igual modo é forçoso contar com as redes sociais e ser capaz de ter uma palavra nos movimentos e debates que lá se travam.

Assumir a comunicação como elemento da Pastoral passa também por definir orientações quanto aos meios de comunicação pertencentes ao Patriarcado e aos papéis que a cada um devam ser reservados. Dispor de meios próprios pode ser útil para uma comunicação integral,

 

 

 

permitindo simultaneamente à Igreja conectar-se “fora do seu aquário”; mas pode significar um fardo, caso não haja vontade ou possibilidade de os manter e projetar. Católicos ou não, os media passam por uma crise não só económica, mas também de projeto, tendo em conta as transformações culturais, associadas às novas plataformas de comunicação.

Algumas dioceses já mostraram coragem para reestruturar a sua oferta

 

informativa. Nas várias dioceses e no país será indispensável a mesma ousadia e visão.

Por várias vezes e de modos diferentes tem sido repetida a necessidade de encontrar uma estratégia de comunicação para a Igreja portuguesa. Com estes media ou com outros seria importante que a Igreja e o Patriarcado de Lisboa não recusassem tal desafio; porque se trata de uma exigência evidenciada pelos sinais dos tempos.

 

José Luís Ramos Pinheiro

Conselho de Gerência da Rádio Renascença

 

 

Um diálogo inovador

Manuel Braga da Cruz, antigo reitor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), disse à Agência ECCLESIA que D. José Policarpo se distinguiu pela “maneira própria e inovadora” com que promoveu o diálogo entre a Igreja e o Estado, preocupando-se mais por “anunciar” do que “denunciar”.

“A atitude que teve não foi a de levantar a espada, mas a de fazer a afirmação dos princípios sem condenar ninguém, sem nunca protestar, porque acha que o papel da Igreja é o de anunciar a verdade, chamar a atenção para os grandes a valores e princípios que decorrem da fé sem agredir as pessoas”, afirmou.

Braga da Cruz recordou as iniciativas legislativas em relacionadas com “questões morais” que fraturaram a opinião publica portuguesa e a intervenção, nesse contexto, do Patriarca de Lisboa com “uma atitude nova” a que a sociedade e os católicos não estavam “tão habituados”.

 

“Algumas pessoas terão até estranhado, considerando demasiado complacente esta atitude da Igreja”, refere o antigo reitor da UCP, afirmando que D. José Policarpo

sempre preferiu “esta via dialogante, de anúncio do que da denúncia”.

“Foram tempos muito difíceis. E não deixa de ser curioso que apesar de alguma perda da influência moral da Igreja que se verifica no últimos anos em Portugal, do ponto de vista identitário, do ponto de vista cultural e social, a presença do catolicismo e da Igreja é extremamente importante”, afirmou.

Convidado pelo programa Ecclesia na Antena 1 a avaliar o trabalho de D. José no Patriarcado de Lisboa, Braga da Cruz sublinhou ainda “preocupação pelo laicado” e o “diálogo cultural” que fomentou.

 

 

 

“Sempre olhou para o laicado chamando a atenção das suas responsabilidade eclesiais. A sensação que tenho é que quis criar uma Igreja conciliar, chamando os leigos à responsabilidade”, afirmou.

“Não é por acaso que nomeou o primeiro reitor leigo da UCP e depois a primeira reitora mulher reitora”, recordou.

Sobre o diálogo com a cultura, Manuel Braga da Cruz disse que o agora patriarca emérito de Lisboa “sempre

gostou de convidar e ouvir” pessoas do “mundo laico e laicista até”, criando espaços de diálogo entre fé e razão e entre a Igreja e a cultura.

“Sempre deu particular importância àquelas pessoas que não tendo fé olham para Igreja com uma atitude benevolente e querem construir com a Igreja coisas importantes ao serviço do homem e da sociedade”, referiu.

 

Manuel Braga da Cruz considera que a UCP foi a instituição da Igreja Católica em Portugal à qual o D. José Policarpo “mais deu”. O antigo reitor da UCP diz que “é difícil dissociar” a figura do cardeal Policarpo da história da universidade, à qual sempre permaneceu ligado institucional e pessoalmente.

“Ao longo do seu patriarcado, D. José Policarpo continuou muito ligado à UCP, não só porque era magno chanceler da universidade, mas porque tinha uma atenção e um cuidado que o fazia acompanhar com muito interesse e com muita preocupação a vida da universidade”, afirmou.

O atual professor na UCP sublinhou também o “cuidado extremo” com que D. José sempre respeitou a “autonomia académica” apesar de ser o responsável máximo pela instituição.

 

 

As memórias
que D. Manuel Clemente deixa

A Diocese do Porto está a despedir-se de D. Manuel Clemente, que a 6 de julho vai tomar posse na Sé de Lisboa, após ter sido nomeado patriarca da capital portuguesa pelo Papa Francisco.

O patriarca eleito de Lisboa, de 64 anos, foi bispo do Porto desde março de 2007 e deixou, segundo o padre Américo Aguiar, vigário geral da diocese nortenha, uma “presença permanente de muita proximidade em todos os âmbitos de ação pastoral”.

O chefe do Gabinete Episcopal e do Gabinete de Informação sublinha particularmente o “choque positivo” provocado pela ‘Missão 2010’ que D. Manuel Clemente promoveu, para mostrar o que as comunidades católicas são capazes de fazer.

Já o padre António Bacelar, responsável pelos secretariados diocesanos da Pastoral Universitária e Juvenil, lembra o encontro ibérico com a

 

comunidade ecuménica de Taizé (França), no âmbito dessa mesma missão. “São hoje muitas dezenas de comunidades que se alimentam mensalmente desse mesmo ritmo”, assinala.

Helena Conde foi a cabeleireira do futuro patriarca de Lisboa, durante os últimos seis anos, e destaca a proximidade e simplicidade do bispo, com quem conversa “de coisas normais”.

Antero Braga, proprietário da Livraria Lello, recorda o primeiro encontro com D. Manuel Clemente, sem saber que era o bispo do Porto, tendo chegado à conclusão de que estava perante uma “personalidade fortíssima”. “É um homem convicto, sério, extraordinariamente culto, que consegue transformar o que é complicado em situações simples, um homem que ama os que mais sofrem. A cidade do Porto fica indelevelmente marcada pela sua personalidade”, observa.

 

 

 

 

 

O historiador Germano Silva, por sua vez, relata os passeios com D. Manuel Clemente, também especialista em História, e o contacto com quem se aproximava.

“O que me impressionou, sobretudo, foi a facilidade com que comunicava com as pessoas que vinham ter com ele”, lembra.

Teresa e Carlos Grijó, das Equipas de Nossa Senhora, partilham a surpresa

 

 

 

perante a simplicidade de um bispo que aceitou ser assistente espiritual deste movimento de casais católicos, sem nunca faltar a um dos seus encontros mensais.

“Foi assistir a uma das nossas reuniões e no fim disse que sim, que seria assistente da nossa equipa. Ficamos satisfeitos e espantados com aquela proximidade e aquela simplicidade”, relata Teresa.

 

 

 

 

 

Comissão de inquérito
para «Banco do Vaticano»

O Papa criou uma comissão de inquérito para o Instituto para as Obras de Religião (IOR), o chamado “Banco do Vaticano”, que tem como finalidade recolher "informações precisas sobre a situação jurídica e as várias atividades do Instituto" e apresentar os resultados a Francisco, continuando o IOR a funcionar normalmente neste período, “salvo disposições em contrário”.

O documento (quirógrafo) assinado pelo Papa indica que "o sigilo e quaisquer outras restrições estabelecidas pelo sistema legal não inibem ou restringem o acesso da Comissão a documentos, dados e informações".

Os cinco membros da comissão, que inclui dois cardeais e uma leiga norte-americana, têm como missão procurar “uma melhor harmonização” do IOR com a “missão universal” da Igreja Católica e da Santa Sé, no “contexto mais geral das reformas que seja oportuno realizar”.

 

A comissão tem como presidente o cardeal Raffaele Farina, acompanhado pelo cardeal Jean-Louis Pierre Tauran; o coordenador é monsenhor Juan Ignacio Arrieta Ochoa de Chinchetru; monsenhor Peter Bryan Wells assume funções de secretário do grupo, que integra ainda a leiga Mary Ann Glendon, ambos naturais dos Estados Unidos da América.

O relatório desta comissão tem de ser entregue ao Papa "imediatamente" após a conclusão dos seus trabalhos.

Ernst von Freyberg, que em fevereiro deste ano foi nomeado presidente do Conselho de Supervisão do IOR, disse recentemente à Rádio Vaticano que a instituição tem 19 mil clientes e falou em “tolerância zero” relativamente à lavagem de dinheiro ou financiamento de atividades ilícitas.

“Com a nossa reputação atual, nós não prestamos um bom serviço ao Santo Padre e esta imagem desfigura a sua mensagem”, admitiu ainda.

 

 

 

 

O Instituto vai recorrer à assessoria de uma nova sociedade internacional de certificação para verificar o pleno respeito pelas normas internacionais para a luta contra o branqueamento de capitais.

No dia 15 deste mês, o Papa tinha

 

nomeado provisoriamente como “prelado” do IOR monsenhor Battista Mario Salvatore Ricca, diretor da Casa de Santa Marta, onde Francisco reside: este responsável tem a faculdade de consultar toda a documentação da instituição.

 

 

Ninguém é inútil na Igreja

O Papa presidiu esta quarta-feira à última audiência pública semanal antes da pausa de verão nestes compromissos, e disse às dezenas de milhares de pessoas presentes na Praça de São Pedro que ninguém é “inútil” ou “secundário” na Igreja.

“Ninguém é inútil na Igreja, ninguém é inútil”, sublinhou Francisco, na sua catequese.

Após ter afirmado que “ninguém é secundário” e que, na Igreja, são todos “necessários” e “iguais aos olhos de Deus”, Francisco utilizou o seu habitual estilo de diálogo com a multidão, admitindo que alguns questionassem se o Papa não era mais importante do que os outros.

“Sou como cada um de vós, todos somos iguais, todos somos irmãos, ninguém é anónimo”, respondeu, numa intervenção interrompida pelos aplausos dos presentes.

“Todos formamos e construímos a Igreja”, acrescentou.

 

 

 

Segundo o Papa, a Igreja não é “uma mistura de coisas e interesses”, mas é “o templo do Espírito Santo, o templo em que Deus atua”.

“Estamos todos na Igreja, ajudamos a construí-la e isso deve fazer-nos refletir, porque se não há um tijolo, algo falta na casa”, observou.

Francisco alertou ainda para os cristãos “cansados, aborrecidos, indiferentes”, pedindo que mudem a sua atitude.

 

 

 

Brasil: Bispos apoiam
manifestações pacíficas

Os bispos do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), manifestaram a sua “solidariedade e apoio” às manifestações no país, “desde que pacíficas”.

Num comunicado publicado na página da internet da CNBB, os bispo do Conselho Permanente afirmam que a mobilização de “gente de todas as idades, sobretudo os jovens” envolvendo “todo o povo brasileiro” desafia uma “nova consciência” e ao combate às desigualdades.

“Nascidas de maneira livre e espontânea a partir das redes sociais, as mobilizações questionam-nos e atestam que não é possível mais viver num país com tanta desigualdade. Sustentam-se na justa e necessária reivindicação de políticas públicas para todos”, afirma o comunicado.

Para os bispos brasileiros que assinam este documento, as manifestações em curso despertam para “uma nova consciência” capaz de construir uma “sociedade justa e fraterna”,

 

 

 

“gritam contra a corrupção, a impunidade e a falta de transparência na gestão pública” e “denunciam a violência contra a juventude”.

O Conselho Permanente da CNBB afirma também que “nada justifica a violência, a destruição do património público e privado, o desrespeito e a agressão a pessoas e instituições, o cerceamento à liberdade de ir e vir, de pensar e agir diferente, que devem ser repudiados com veemência”.

 

 

JMJ 2013: «LusoFEsta» no Rio de Janeiro

O Departamento Nacional de Pastoral Juvenil vai promover nas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), entre 23 e 28 de julho no Rio de Janeiro, um encontro entre os participantes lusófonos e as comunidades portuguesas residentes no Brasil.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre Eduardo Novo, diretor do organismo, salienta que o objetivo da LusoFEsta, marcada para 24 de julho, é “dar corpo” ao tema das JMJ, “Ide e Fazei Discípulos”, em que cada um é convidado a “partilhar a vida”.

O sacerdote sublinha a importância dos cerca de 500 jovens portugueses inscritos no maior evento juvenil da Igreja Católica serem chamados a “renovar” a ligação entre

 

Portugal e Brasil, através do convívio e do diálogo com as comunidades portuguesas que emigraram para aquele país, “incrementar essa ponte” no âmbito “social, cultural, económico”, entre outros.

Este ideal de comunhão, sempre presente no espírito das últimas 26 edições das jornadas, é também simbolizado através do conteúdo do kit que os participantes portugueses levarão consigo para o “país-irmão”.

Além de “um boné, de um cartão de identificação, de um polo, dos guiões para as celebrações dos vários dias, e de um par de havaianas”, os jovens vão ter consigo “uma bandeira portuguesa para partilhar e trocar” com colegas dos mais variados países.

A iniciativa, acolhida pelo auditório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, vai servir também

 

 

 

para favorecer o encontro dos jovens portugueses com os seus bispos.

D. Ilídio Leandro (Viseu), D. Antonino Dias (Portalegre-Castelo Branco), D. José Cordeiro (Bragança-Miranda), D. António Vitalino (Beja), D. Nuno Brás e D. Joaquim Mendes (Lisboa), D. Virgílio Antunes (Coimbra) e D. Manuel Felício (Guarda) vão marcar presença nas jornadas e inclusivamente orientar algumas das catequeses diárias.

O arcebispo de Braga, D. Jorge

 

Ortiga, será outro dos responsáveis católicos presentes no evento, criado por iniciativa do Papa João Paulo II.

O “Festival Jota”, entre 19 e 21 de julho na Diocese da Guarda, o “Rio in Douro” (Porto), o “Mergulha in Rio” (Viseu), “Do Cristo Rei ao Cristo Redentor” (Setúbal) e “Made in Rio” (Funchal), nos dias 27 e 28 de julho, são alguns dos eventos previstos para jovens portugueses que não puderem viajar até ao Rio de Janeiro.

 

 

 

 

Imperador

Japão, pós Segunda Guerra Mundial. Consumada a rendição aos Estados Unidos, dois generais americanos - Douglas MacArthur e Bonner Fellers – estão em território japonês com a incumbência de julgar o papel do imperador Hirohito na guerra. Em causa está a consideração, ou não, da sua culpa como criminoso de guerra.

O clima é de extrema tensão e os generais têm apenas dez dias para deliberar, sabendo de antemão que, seja qual for a decisão, esta influenciará o curso da história. Um processo extraordinariamente difícil e delicado que se torna mais complexo à medida que conhecem o imperador e a sua cultura fortemente enraízada em valores como a honra, a lealdade e a obediência. Mas acima de tudo, sob o princípio de que o poder e a responsabilidade do imperador, acima da pessoa, é de ordem divina.

Desde que em 2005 Aleksandr Sokurov realizou ‘O Sol’

  (‘Solntse’), focando extamente o mesmo período da história que este ‘Imperador’ de Peter Webber aborda, tornou-se muito mais difícil atingir o nível de aprofundamento cinematográfico que o imperador Hirohito exige ante o que representou para história do Japão e do mundo – não só ele próprio como o período de transição na liderança dos destinos do seu império. A extraordinária aptidão e motivação de Sokurov para o desenho de personagem tem sido bem comprovado na sua filmografia, e a obra em referência não constitui exceção.

Em ‘Imperador’, que agora estreia, Peter Webber, que é também de uma outra geração e cultura, além de outro registo cinematográfico que pouco ou nada tem que ver com o realizador russo, opta por amplificar o olhar sobre Hiroito à perspetiva americana, usando como espinha dorsal do filme o dilema dos dois generais incumbidos da missão de julgar os atos do imperador. O filme tem o seu maior

 

 

 

 

 

 

 

 

interesse na progressão do peso que a relação entre duas culturas bem distintas ganha ao longo do processo, tornando cada vez mais complexa e menos linear a avaliação requerida. E o seu menor interesse, pelo impacto que retira a este mesmo dilema, nas deambulações pela história de amor que paralelamente se desenvolve ao longo da narrativa.

Torna-se assim um produto comum de origem americana e algo insonso, a que o desempenho de Tommy Lee Jones (no papel de MacArthur) dá algum tempero, contextualizando modestamente um período importante da história.  Entre efeitos decorativos narrativos e visuais, apelará muito mais aos sentidos que ao intelecto e singrará, com igual modéstia,  no circuito comercial, considerada a forte concorrência dos muitos desejados sol e calor de um Verão que tardou em chegar...

 

Margarida Ataíde

   
 

 

Basílica de São Paulo Fora dos Muros Online

http://www.basilicasanpaolo.org/

No próximo dia 29 de junho a Igreja celebra a solenidade de S. Pedro e S. Paulo, como forma de marcar o período em que ambos “foram martirizados em Roma, durante a perseguição de Nero”, depois de terem suportado toda a espécie de perseguições. Assim esta semana sugerimos uma visita ao sítio virtual da extraordinária basílica de São Paulo fora de muros.

Ao entrarmos neste espaço virtual, encontramos as notícias mais recentes e os principais artigos que se encontram em destaque e naturalmente, um conjunto notável de opções que estão ao nosso dispor.

 

 

 

 

  No item “A Basílica”, podemos ficar a conhecer um pouco da sua história. Desde o túmulo do Apóstolo Paulo, ao edifício mandado erigir pelo imperador Constantino, bem como qual a era de ouro da Basílica e quais os Jubileus que já ocorreram. Podemos ainda informarmo-nos acerca do incêndio de 1823, do exterior da Basílica, do complexo actual, quem é o Cardeal-Arcipreste, da presença da comunidade monástica beneditina que remonta ao séc. VI.
 

 

 

Pode ainda conhecer um pouco mais sobre “São Paulo”. Quais as suas viagens missionárias, como aconteceu a sua conversão a Cristo, quando ocorreu o início do seu ministério, o que se passou no Concílio de Jerusalém, qual o seu papel no início da Igreja, e por fim o seu martírio em Roma.

Em “oração”, todos os visitantes virtuais podem enviar as próprias orações por meio de um formulário que posteriormente poderão ser visualizadas neste espaço.

Caso pretenda aceder aos acontecimentos que ocorrem neste magnífico templo cristão, desde concertos a conferencias, de cerimónias (pontifícias

  e litúrgicas) a exposições, basta clicar em “eventos”.

Por último, destacamos a extraordinária “visita virtual”, o ex-libris deste sítio. Aí temos ao nosso dispor a possibilidade de navegarmos com a ajuda do rato, ao longo de todo este conjunto dedicado a S. Paulo. Ao todo são nove os espaços que se encontram devidamente virtualizados proporcionando uma agradável visita, ficando o utilizador com uma aproximação bastante real de toda a beleza e magnificiência envolvente desse espaço sagrado.

Fica então lançado o repto de conhecer um pouco mais a vida deste tão importante apóstolo, através de um espaço inteiramente dedicado aquele que nasceu em Tarso, na Cilícia, duma família judaica e que não pertenceu ao número daqueles que, desde o princípio, conviveram com Jesus.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

 

 

A Vida de Francisco

«Irmãos e irmãs, boa tarde. Sabeis que o dever do conclave era dar o bispo a Roma. Parece que os meus irmãos cardeais o foram buscar quase ao fim do mundo...»

Depois de O Verdadeiro Poder é Servir, o primeiro livro em português escrito pelo novo Papa, a Nascente lança hoje a obra A Vida de Francisco (224 páginas, 14,99€), uma biografia indispensável para ficar a conhecer melhor Jorge Mario Bergoglio..

«Eleito a 13 de março de 2013, o Papa Francisco é ainda um desconhecido para a maior parte dos fiéis. Existem, por isso, muitas perguntas, dúvidas e incógnitas sobre a direção que a Igreja Católica tomará nos próximos anos sob o seu pontificado.

Em A Vida de Francisco ficará a conhecer a vida, as palavras e o pensamento do novo Papa. A trajetória de Jorge Mario Bergoglio — a vida familiar, o chamamento para a Igreja, a doença, a docência, o

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

episcopado e, mais tarde, o arcebispado — criou nele um caráter muito definido. Um homem calmo, direto, tímido e humilde, mas sobretudo, tenaz e defensor dos pobres.

As pessoas que o rodearam, desde a avó e os pais até ao anterior arcebispo de Buenos Aires, tinham-no

transformado num dos mais sérios candidatos ao papado. Mas, mesmo assim, como conseguiu um simples jesuíta chegar ao trono de S. Pedro? E quais são os principais desafios que terá de enfrentar?»
Mario Escobar (www.marioescobar.es), autor de A Vida de Francisco, é licenciado em

  História e diplomado em Estudos Avançados com especialização em História Moderna. Escreveu numerosos artigos e livros sobre a Inquisição, a Reforma Protestante e as seitas religiosas. Colabora comocolunista em diversas publicações. Apaixonado pela História e seus enigmas, estudou profundamente a Igreja e os diferentes grupos sectários que lutaram no seu seio. Também é especialista nas figuras espanholas e americanas  que participaram na descoberta e colonização da América.

A Nascente disponibiliza os primeiros capítulos para leitura imediata.

 

 

 

 

 

 

O professor de francês anuncia
a morte de João XXIII e de Kennedy

 

Quando se deu a abertura do II Concílio do Vaticano (Outubro de 1962), o actual bispo de Portalegre - Castelo Branco, D. Antonino Dias, tinha 13 anos e não guarda grandes memórias desse acto. No entanto recorda as “idas e vindas” de D. Francisco Maria da Silva, na altura bispo auxiliar de Braga, para a assembleia magna convocada pelo saudoso João XXIII.

Após o encerramento, em 1965, quando o padre conciliar chegou a Braga, D. Antonino Dias lembra-se da celebração no Sameiro, algo que “ficou cá dentro”. A envolvência na reforma, “sobretudo litúrgica”, foi o que deu “mais nas vistas”, disse o prelado à Agência ECCLESIA.

O actual pastor de Portalegre entrou para o seminário no ano de abertura do II Concílio do Vaticano. Ainda criança, D. Antonino Dias recorda-se das celebrações em que o padre estava virado de costas para os cristãos. Na aldeia onde nasceu, Longos Vales (Monção) “não havia acólitos”, mas “algumas crianças ajudam à missa”. E acrescenta: “A palavra acólito não era conhecida”.

Na diocese de Braga trabalhou-se “muito na recepção do concílio” e concretizaram-se “muitas iniciativas”. Os seminaristas da altura estudavam os documentos conciliares, especialmente aqueles “que estavam mais relacionados com as disciplinas estudadas”.

 

 

 

 

 

O prelado recorda-se da morte do Papa que convocou o II Concílio do Vaticano, João XXIII, e também da morte do Papa Pio XII. “Quando o antecessor de João XXIII faleceu, na minha terra chovia muito”, refere.

Em relação à morte de João XXIII, o jovem seminarista foi avisado, tal como os restantes estudantes, pelo professor de francês. D. Antonino Dias acrescenta que o mesmo docente transmitiu também aos alunos, alguns meses depois, a morte de John Fitzgerald Kennedy.

Para o bispo de Portalegre – Castelo Branco, os documentos «Lumen Gentium» e a «Dei Verbum» foram os mais “aprofundados nas aulas”. Mas “muito cativante” foi também a «Gaudium et Spes». Todos estes documentos “foram estudados em português” porque um jesuíta traduziu-os “para a nossa língua”. Ao nível dos decretos conciliares, o prelado minhoto recorda que aprofundou muito o «Apostolicam Actuositatem» (sobre o Apostolado dos Leigos).

 

 


A maioria dos compêndios era em latim e da Universidade Gregoriana (Itália), mas com o II Concílio do Vaticano alguns foram alterados. Com o tempo, os seminaristas “deixaram de falar em latim nas aulas”.

Em relação às celebrações, D. Antonino Dias não se recorda – “talvez tenha sido no seminário” - da primeira eucaristia em que o celebrante estava virado para o povo de Deus, mas “deve ter causado algum espanto”. Com as alterações, o espaço litúrgico também teve de ser alterado. “Actualmente, as pessoas vivem de forma diferente o sacramento da eucaristia” e, segundo o bispo, “para melhor”.

 

 

junho 2013

Dia 28

* Coimbra - Praia da Leirosa - Encerramento do campo de férias «Trilhos com Sentido», da Cáritas Diocesana de Coimbra
* Braga - claustro lateral do auditório Vita - Sessão do ciclo de cinema ao ar livre com o tema “Olhar o mundo com os olhos da fé”.
* Bragança - Arquivo distrital de Bragança - Abertura da exposição «Notações, emoções e devoções - A música sacra na diocese de Bragança-Miranda»
* Setúbal - Biblioteca Municipal de Setúbal (21h00m) - Conferência «No Advento do II Concílio do Vaticano» por Guilherme de Oliveira Martins e promovida pela Comissão Diocesana Justiça e Paz.
* Guarda - Seminário Maior - Reunião do Conselho Presbiteral.


 

 

* Coimbra - Auditório do Instituto Justiça e Paz (21h30m) - Exibição do filme «O último Cume» integrado nas festas da Rainha Santa Isabel.
* Fátima - Auditório do Centro Missionário Allamano (Missionários da Consolata) - Serão de poesia e música intitulado «Neves diz Pessoa» promovido pela Liga dos Amigos do Museu de Arte Sacra e Etnologia
* Guarda - Festa da Solidariedade. (28 e 29)
* Lisboa - UCP - Jornadas de estudo sobre «Vozes e silêncios femininos na vida religiosa» promovidas pelo Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) da Universidade Católica Portuguesa. (28 e 29)
* Fátima - Reunião dos diretores dos Secretariados Diocesanos do Ensino Religioso com o Secretariado Nacional da Educação Cristã. (28 e 29)

 

Dia 29

* Vaticano - Basílica de São Pedro - D. Manuel Clemente, novo patriarca de Lisboa e administrador apostólico da Diocese do Porto, recebe  o pálio, uma insígnia litúrgica de honra e jurisdição da Igreja Católica

 

 

 

 

 

* Coimbra - Claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova (15h) -Distribuição de bens alimentares a cerca de 300 famílias carenciadas de Coimbra pelas Irmãs da Confraria da Rainha Santa
* Leiria - Primeiro encontro de formação e seleção de monitores para a actividade «Partilha, também tu, as tuas férias!» promovida pela Cáritas de Leiria
* Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos - Ordenações e despedida de D. José Policarpo
* Fátima - Jubileu Vocacional da diocese de Leiria-Fátima.
* Beja - Grândola - Musical para crianças adaptado da obra «O principezinho» de Antoine de Saint-Exupéry e integrado no festival «Terras Sem Sombra».
* Leiria - Marinha Grande - Sessão de formação «Conviver com a dor: o luto à luz da fé» proposta pelo Serviço de Pastoral da Saúde da diocese de Leiria-Fátima. 
* Porto - Ermesinde - Encontro de animadores do Movimento Oásis.  
* Braga - Igreja do Colégio das Caldinhas - Ordenação sacerdotal de Marco Cunha. 
  * Évora - Igreja de São Francisco - Ordenação presbiteral.
* Porto - Oliveira de Azeméis (Igreja do Loureiro) - Concerto de coro, canto e órgão pelos alunos do Curso de Música Litúrgica da Escola de Ministérios Litúrgicos da Diocese do Porto
* Lisboa - Estoril (Centro de Congressos) - I Congresso Internacional «A Economia social nos desafios do século XXI».  
* Fátima - Reunião do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior.
* Aveiro - ISCRA - Celebração do 24º aniversário do ISCRA.
* Aveiro - ISCRA - Entrega do «Prémio Póvoa do Reis – Cientista e Padre».  
* Fátima - Peregrinação da Diocese de Beja ao Santuário de Fátima. (29 e 30)
* Fátima - Assembleia provincial das Filhas de Maria Auxiliadora.  (29 e 30)

 

Dia 30

* Braga - Encerramento (início a 24 de junho) da semana temática sobre «Crise, tempo de Esperança e de Oportunidades» promovida pela LOC/MTC da diocese de Braga.
 

 

Ano C – 13º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

Chamados à liberdade vivida no amor
 

A liturgia deste décimo terceiro domingo do tempo comum sugere que Deus conta connosco para intervir no mundo, para o transformar e salvar; e convida-nos a responder a esse chamamento com disponibilidade e radicalidade, na liberdade e no dom total de nós mesmos às exigências do Reino.

A primeira leitura apresenta-nos Eliseu, discípulo de Elias, como aquele que escuta o chamamento de Deus, corta radicalmente com o passado e parte generosa e livremente ao encontro dos projetos que Deus tem para ele.

O Evangelho indica-nos que o caminho do discípulo é feito de exigência, de radicalidade, de entrega total e irrevogável ao Reino. Esse caminho deve ser percorrido no amor e na entrega, sem fanatismos nem fundamentalismos, no respeito absoluto pelas livres opções dos outros.

 

 

 

A segunda leitura diz ao discípulo que o caminho do amor, da entrega, do dom da vida, é um caminho de libertação. Responder ao chamamento de Cristo, identificar-se com Ele e aceitar dar-se por amor, é nascer para a vida nova da liberdade, sempre conduzidos pelo Espírito.

Paremos uns momentos nas palavras de Paulo, que são um convite veemente à liberdade. Logo no início, ele avisa os Gálatas que foi para a liberdade que Cristo os libertou, explicando de seguida em que consiste a liberdade para o cristão.

Para Paulo, a verdadeira liberdade consiste em viver no amor. O que nos escraviza, nos limita e nos impede de alcançar a vida em plenitude é o egoísmo, o orgulho, a autossuficiência. Superar esse fechamento em nós próprios e fazer da nossa vida um dom de amor torna-nos verdadeiramente livres.

 

 

Esta liberdade, qual capacidade de amar e dar a vida, nasce da vida que Cristo nos dá: pela adesão a Cristo, gera-se em nós um dinamismo interior que nos identifica com Ele e nos dá uma capacidade infinita de amar e de superar o egoísmo, o orgulho e os limites, ou seja, com uma capacidade infinita de viver em liberdade. É o Espírito que alimenta, dia a dia, essa vida de liberdade ou de amor que se gerou em nós, a partir da nossa adesão a Cristo.

Deixemo-nos conduzir pelo Espírito, que nos chama à liberdade, marca da nossa identidade cristã, que devemos defender e promover, sempre no dinamismo do amor de Deus. O resumo da lei da liberdade é «amar o teu próximo como a ti mesmo». E acrescenta o apóstolo: «Se vós, porém, vos mordeis e devorais mutuamente, tende cuidado, que acabareis por destruir-vos uns aos outros... Pela caridade, colocai-vos ao serviço uns dos outros».

Que assim seja ao longo desta semana que termina o mês do Coração de Jesus!

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 30 - Entrevista a D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa.

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 01 - Entrevista. Apresentação do Festival Jota

Terça-feira, dia 02 - Informação e rubrica sobre o Concílio Vaticano II com padre Tony Neves;

Quarta-feira, dia 03 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja, com Eugénio Fonseca;
Quinta-feira, dia 04 - Rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 05 - Apresentação da liturgia dominical pelo padres Armindo Vaz e frei José Nunes.
 

Antena 1

Domingo, dia 30 de junho,  06h00 - O olhar de Manuel Braga da Cruz, Cristina Sá Carvalho, cónego António Rego e cónego Armindo Garcia sobre a pessoa e a ação de D. José Policarpo.

 

Segunda a sexta-feira, dias 1 a 5 de julho, 22h45 - Intervenções e testemunhos da Jornada da Pastoral da Cultura dedicada ao tema «Culturas Emergentes Juvenis». 

 

 

   

 


- Comece o seu fim de semana ao ar livre e no cinema. O claustro do Auditório Vita, em Braga, promove a partir desta sexta e até ao dia 26, quatro sessões de cinema que juntam a exibição do filme e uma tertúlia. Esta iniciativa vai contar com a participação de Margarida Avillez Ataíde, especialista em cinema e membro do grupo de cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

 

- D. José Policarpo despede-se da Diocese de Lisboa este sábado de manhã no Mosteiro dos Jerónimos numa cerimónia onde vão ser ordenados seis novos padres. O Patriarca emérito de Lisboa esteve 15 anos à frente da diocese sendo substituído por D. Manuel Clemente.

 

- O festival “Terras Sem Sombra”, da Diocese de Beja, vai prosseguir no próximo sábado em Grândola com um musical para crianças, adaptado da obra “O Principezinho”, de Antoine de Saint-Exupéry. Os alunos, entre os 3 e os 10 anos, das escolas de Melides, Carvalhal e Comporta vão ser dirigidos pelo maestro Nuno Lopes do Teatro Nacional de São Carlos num espetáculo marcado para as 21h30 no recinto de feiras do Carvalhal, na freguesia de Grândola.

 

- No dia 1 e 2 de julho o pavilhão municipal de Barcelos acolhe o Campeonato Nacional de Futsal do Clero - “VIII Clericus Cup” com a participação de 12 equipas. A final disputa-se no segundo dia no pavilhão municipal de Famalicão.

 

 

República Checa: o culto ao Menino Jesus de Praga

A força das orações invisíveis

Estaline decretou a morte de Deus, fechou igrejas e conventos e mandou prender sacerdotes, seminaristas, religiosos. Esqueceu-se que a fé não se decreta.

 

Durante décadas, as igrejas da então Checoslováquia tornaram-se monumentos esquecidos. Muitas igrejas foram convertidas em oficinas, piscinas, prisões, armazéns. O importante, durante o longo inverno comunista, é que as ladainhas das orações fossem silenciadas até que, pela sua completa ausência, o povo se esquecesse de rezar, de pensar em Deus, de manter a sua fé. Foi nisto que acreditou Estaline quando se tornou no todo-poderoso líder da União Soviética. Na Checoslováquia, o povo de Deus sofreu as mais brutais perseguições de que há memória para lá da tristemente célebre “cortina de ferro”. Com os cristãos afastados das igrejas e muitos milhares de crentes presos e condenados a trabalhos forçados, os líderes do país

 

acreditaram que tinham erradicado a religião. Mas o povo não se conformou e, em 1989, o ar tornou-se respirável de novo a Leste da Europa.

 

Abertura das igrejas

Com a queda da União Soviética, as pesadas portas das igrejas voltaram a escancarar-se a Deus e, graças ao trabalho de muitos, os cânticos ecoaram de novo, os santos regressaram aos altares e o povo voltou a rezar em voz alta as orações que durante décadas foram apenas sussurradas.
Com a reabertura das igrejas, regressou também o culto ao Menino Jesus de Praga, culto hoje disseminado por imensos países. O padre Anastasio, responsável pelo convento carmelita de Slány, onde já funcionou um antigo mosteiro franciscano, foi testemunha dos anos de sombra. Ele foi o primeiro religioso a entrar no convento depois da queda do regime. O jardim era um depósito de entulho.

 

 

 

Os claustros foram transformados em oficinas e degradaram-se até à ruína. Quando viu aquilo, Anastasio não conteve as lágrimas, mas depressa arregaçou as mangas e meteu as mãos  à obra. Hoje, o convento

 

voltou a ser o centro espiritual da cidade, convertendo-se num dos Santuários do Menino Jesus e num dos mais importantes espaços religiosos da Arquidiocese de Praga.

 



A ajuda da Fundação AIS
A recuperação de todo o edifício, deste e de dezenas de outros, só foi

possível graças à generosidade dos benfeitores da Fundação AIS. Mas, mais importante foi a certeza de que Deus nunca deixou de estar presente em todos os lugares de culto que Estaline e os outros dirigentes da União Soviética mandaram encerrar. Deus nunca abandonou o seu povo, tal como a fé do povo de Deus nunca se deixou aprisionar nos campos de concentração do regime.

Saiba mais em: www.fundacao-ais.pt

 

 

Apostolado de Oração

Aprendizes e enviados

 

 

Para que a Jornada Mundial da Juventude no Brasil anime todos os jovens cristãos a tornarem-se discípulos e missionários do Evangelho. [Intenção Geral do Santo Padre para o mês de julho]
 

Nas Jornadas Mundiais da Juventude, este mês, no Rio de Janeiro, os jovens são animados a tornarem-se discípulos e missionários do Evangelho. São as duas faces da mesma moeda: para ser missionário (isto é, enviado), é preciso antes ser discípulo (isto é, aprendiz). Aqui, o Mestre é Cristo, a boa notícia (isto é: evangelho) que importa anunciar. Para O anunciar, porém, há que ter vivido com Ele e como Ele – era isso que, noutros tempos, se esperava do discípulo/aprendiz: viver com o mestre e como ele, para assim aprender, de raiz, os segredos da sua arte. No caso de Jesus, a arte é a sua vida com o Pai, que é necessário conhecer e amar. Vem, depois, a missão (o aprendiz é enviado). Nas antigas artes, este era o momento de o aprendiz passar a mestre. No caso cristão, o aprendiz fica sempre aprendiz e mesmo quando assume ser enviado, é-o para levar a outros o seu Mestre, o próprio Jesus Cristo. Afinal, como escreveu Bento XVI de forma insuperável, o Cristianismo não é “uma decisão ética, ou uma grande ideia,

 

 

 

 

 

 

mas um encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo definitivo” (Deus caritas est, 1). Essa Pessoa é Cristo.

Na vida cristã, o missionário nunca deixa de ser discípulo, o enviado nunca deixa de ser aprendiz. Esta verdade precisa de ser profundamente assimilada por todos, de modo

 

especial pelos jovens, que podem ainda ter a pretensão de, depois de um tempo como discípulos, se tornarem mestres. Possam os que participam nas Jornadas Mundiais da Juventude e todos os outros jovens cristãos descobrir a verdade fundamental do ser cristão: nunca deixar de ser aprendiz, para poder ser continuamente enviado, ao serviço do único Senhor e Mestre, Jesus Cristo, Filho do Deus Vivo e Salvador de todos.

 

Elias Couto

 

 

Lusofonias

Moçambique

Tony Neves

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

25 de Junho marca a data da independência de Moçambique. Percorrer os caminhos da história leva-nos até aos tempos em que este país lusófono passou a gerir os seus próprios destinos. A independência parecia trazer tempos novos de prosperidade ao povo, mas o marxismo-leninismo radical que se instalou foi bravo demais para com a Igreja, limitando-a a garantir serviços mínimos de celebrações, perdendo praticamente os direitos de cidadania.

Depois veio a guerra civil. Foi feroz este tempo de combates que dizimou o povo simples e gerou muita morte e muita fome no país, sobretudo nas áreas mais pobres e secas. E mais: condenou o povo a um nível de desenvolvimento muito baixo.

O fim da guerra foi celebrado com euforia e a democracia começou a dar os seus passos. Em pouco tempo, Moçambique tornou-se, aos olhos do mundo, uma referência pela forma como se reorganizou e pela tolerância que caracterizou a sua forma de governar o país no pós-guerra. Até chegou a ganhar prémios de boa governação.

A evolução económica também foi grande, a ponto de atrair muitas empresas estrangeiras e muitos emigrantes, até da Europa, Portugal incluído.

Mas o desenvolvimento não foi equilibrado, ficando muita gente á margem dos benefícios do progresso. Bastava visitar o interior de qualquer província para se perceber que a educação, a

 

 

 

 

Luso Fonias

 

saúde, as infra-estruturas sociais básicas quase não funcionavam. Esta situação criou desconforto e levou a algum mal estar social.

Os últimos tempos, infelizmente, têm trazido á ribalta dos media notícias tristes que falam de instabilidade política e algumas escaramuças militares que indiciam vontade de pegar em armas. Tal constitui um péssimo sintoma para um país que sofreu tanto com a guerra e não devia ter qualquer interesse em voltar a viver esses tempos trágicos.

Como sempre, espera-se que o bom senso impere e que todos ajudem a ultrapassar este tempo de tensão e a apelar ao bom senso em nome de um

   povo que sofreu muito e não quer voltar a viver na carne os horroresda guerra civil. E, como aconteceu durante a guerra, que a comunidade internacional ajude os desavindos a encontrar vias de reconciliação.

Faço votos que este grande país continue a palmilhar caminhos de justiça e paz. Desejo que haja mais justiça social, mais equilíbrio entre ricos e pobres.

A paz é o maior dom que Deus oferece á humanidade. Por isso, o melhor que se pode desejar a Moçambique é que viva com ela e todos façam tudo para que o futuro seja de esperança e felicidade para todos.

 


 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

«A ruptura entre o Evangelho e a cultura é sem dúvida o drama da nossa época, como o foi também de outras épocas. Assim, importa envidar todos os esforços no sentido de uma generosa evangelização da cultura, ou mais exatamente das culturas. Estas devem ser regeneradas mediante o impacto da Boa Nova. Mas um tal encontro não virá a dar-se se a Boa Nova não for proclamada».

(Evangelii Nuntiandi, 20)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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