Diálogo entre cristãos


 

 

Um Portugal
que parte

Conclusões do XIII Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações [ver+]

 


Oração pela Unidade dos Cristãos

Oitavário decorre, em cada ano, entre os dias 18 a 25 de janeiro
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Olhos alegres da fé

Opinião | D. José Manuel Cordeiro

Bispo de Bragança-Miranda [ver+]

 

De costas voltadas?

 

Sandra Costa Saldanha

Diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja

 

 

Partilhar experiências consumadas e colocá-las ao serviço de todos, podia bem ser, nos dias que correm, uma realidade insofismável, não apenas uma utopia.

Por tradição, motivação genética ou cultural, como alguns defendem, em Portugal não se trabalha convictamente com um desígnio nacional, nem tão pouco a uma escala global. Por via da regra, a transversalidade e o trabalho em rede só muito custosamente penetram nos princípios estratégicos de inúmeros organismos, estatais, municipais, eclesiais, e tantos outros. Quantos e quantos são os casos em que todos fazem o mesmo; em que uns não potenciam a prática dos outros; em que outros não comungam do saber dos primeiros. E partilhar, aqui, não mais representa que uma saudável multiplicação de resultados.

Perpetuando procedimentos avulsos e criando modos exclusivos de atuação, num discurso monocórdico, que se esgota em si mesmo, atua-se prioritariamente em benefício próprio, em torno de objetivos locais ou institucionais. A excessiva cultura da cautela, somada a um desempenho sectário, quantas vezes faccioso, e minada por uma incompreensível ausência de comunicação, anula essa emergente necessidade de partilha,


 


 © Lusa

 

potenciação de sinergias e otimização de recursos.
As estruturas nacionais podiam bem ser espaços de convergência, se como tal fossem entendidas e logradas. Os contributos locais serão tanto mais válidos quanto mais genuinamente

 

 

integrados num itinerário comum, num espírito congregador, de abertura e visão multicultural, de proximidade e diálogo, enfim, de cooperação e unidade que, como nunca, se deseja verdadeiramente ecuménico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Batismo na Capela Sistina, Vaticano, 13.01.2013 © LUSA  

 

 


"Até junho de 2014 – que é como quem diz daqui a ano e meio – teremos cumprido o memorando de entendimento, não precisaremos mais de ter cá a troika, nem precisamos que a troika ponha cá mais dinheiro"

Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro de Portugal, no encerramento do XX Congresso Regional do PSD/Açores em Ponta Delgada, 12.01.2013

 

 

“Não se trata de dizer que vamos criar zonas de privilégio, a lei é para cumprir mas é indispensável que seja feito de modo a que não coloque em causa a prestação do serviço público de saúde. As pessoas têm de vir em primeiro lugar”

Guilherme d'Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, na conferência sobre a Lei dos Compromissos e a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, 13.01.2013

 

 


 

 

 

 

 

 

“É preciso olhar para a economia com espanto, esquecemos o espanto que ela tem, havendo muitas pessoas que a pensam como horror ou a má da fita”

João César das Neves, economista, no Conselho Nacional de Pastoral Juvenil, Fátima, 12.01.2013

 

 

 

 

 

“Quem deixa a própria terra,
fá-lo porque espera um futuro
melhor, mas também porque
confia em Deus que guia os
passos do homem. E assim
os migrantes são portadores
de fé e de esperança no mundo”

Bento XVI, Vaticano, 13.01.2013

 

Um Portugal que parte

 

 

 

 

 

 

As conclusões do XIII Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações propõem à Conferência Episcopal Portuguesa a elaboração de um «documento de referência» sobre a mobilidade humana

 

 

Dezenas de agentes sociopastorais das migrações ligados à Igreja Católica estiveram reunidos em Fátima, entre os dias 11 e 13, para manifestarem a sua preocupação perante a “emigração não programada” que está a levar cada vez mais portugueses rumo a outros destinos. “A ausência prolongada de emprego ou a incapacidade de cumprir obrigações financeiras entretanto assumidas leva muitos cidadãos e emigrar. E já há quem volte a emigrar «a salto» ou sem informações seguras acerca do que encontra no país de destino”, lê-se no documento conclusivo da iniciativa intitulada 'Entre o direito a emigrar e a não emigrar'.

Os participantes afirmam que mais vale viver com poucos recursos na própria terra do que “cair em situações de desgraça em terra alheia”, sendo por isso necessário desenvolver “novos esforços de divulgação de passos a dar antes de sair do país de origem”, em parcerias entre instituições públicas e civis, “tanto nos países de partida como de chegada”.

O documento constata que “a emigração qualificada é uma marca dos fluxos migratórios em crescimento na atualidade”, constituindo uma “oportunidade sobretudo para as novas gerações” e desafiando os países de origem a fixar as qualificações dos seus cidadãos pela promoção de projetos industriais ou de investigação científica.

Durante o encontro, Manuela Bairos, chefe de gabinete do Secretário de Estado das Comunidades, disse que a fuga de cérebros é “anterior à crise” e que, sendo “uma pena”,
 

 


© Aeroporto de Lisboa
 

é uma “oportunidade inevitável”. Se há “mais emigração qualificada”, é porque há “mais gente com qualificações”, considerou a responsável governamental.

“Se tivermos 100 pessoas a saírem por ano não é grave. Mas se saírem em massa, setores mais dinâmicos da economia ficarão desguarnecidos”, referiu Manuela Bairos, desafiando as novas gerações a criarem uma “nova atitude” diante da mobilidade crescente que afeta o mercado de trabalho, considerado cada vez mais globalmente.

Numa intervenção posterior, o deputado Paulo Pisco defendeu que a saída de emigração qualificada “é uma perda para Portugal”.

O parlamentar do Partido Socialista (PS) eleito pelo círculo

  da Europa considerou “aterradora” a estatística recentemente divulgada por uma associação de estudantes, segundo a qual sete em cada dez alunos pensa abandonar o país quando acabar os estudos.

Frei Francisco Sales, diretor da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), recordou, por seu lado, desajustes que existem entre a oferta de cursos superiores e as necessidades do mercado de trabalho. “Há cursos a mais”, considerou o responsável da Igreja.

O Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações, promovido pela OCPM em parceria com a Cáritas Portuguesa e a Agência ECCLESIA, comemorou em Portugal o 99.º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.

 


A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

   

 


 

 

Cooperação contra a desertificação

 

© Diocese da Guarda

 

O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, apresentou um “balanço pastoral” dos seus oito anos de ministério na diocese, iniciados a 16 de janeiro de 2005, quando assumiu o lugar de coadjutor de D. António dos Santos.

O documento, enviado à Agência ECCLESIA, sugere a criação de grupos de “visitadores dos doentes e idosos” que deveriam “fazer visitas regulares” a casas particulares e a lares.

Segundo D. Manuel Felício, é

 

necessário “mentalizar” as paróquias e as famílias para a “cooperação entre si”. O bispo propõe a criação de “centros de catequese em lugares estratégicos para servirem várias paróquias”, ideia apresentada como uma das prioridades pastorais, nos próximos anos.

Outra sugestão diz respeito ao “ajustamento das celebrações dominicais e dos centros de catequese".

 

 

 

 

 




 

 

 

 

 

 

 

 

 

Setúbal

Os dirigentes dos Centros Sociais Paroquiais da Diocese de Setúbal estiveram reunidos para estudar formas de congregar esforços na sua ação, “face às cada vez maiores exigências de gestão” que se lhes colocam e falar sobre “as vantagens da opção por centrais de compras”.

 

Jovens

A Igreja Católica promoveu uma nova reunião do seu Conselho Nacional de Pastoral Juvenil, em Fátima, para debater o tema ‘Economia e Juventude’, com a presença do economista João César das Neves. A iniciativa reuniu cerca de 60 participantes.

 

 

Leiria

O bispo de Leiria-Fátima publicou novas normas sobre os ministros extraordinários da comunhão, fiéis que administram o sacramento da Eucaristia dentro ou fora das missas quando o clero não o pode fazer. 

 

Viseu

O bispo de Viseu afirmou que “a sociedade atual, na sua cultura, coloca desafios que não se compadecem com estilos de vida envelhecidos, na forma de ser Igreja”.

 

 

 

 

 

 

 

 


 
Açores

O Secretariado da Pastoral da Cultura da Diocese de Angra está a organizar o curso “Artes Decorativas e o Sagrado em Portugal”. As aulas, em parceria com o Instituto Cultural de Ponta Delgada e o Grupo de Amigos do Museu Carlos Machado, são orientadas por Gonçalo de Vasconcelos e Sousa, professor catedrático da Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa (Porto), autor de várias obras sobre a especialidade.

 

Vila Real

O bispo de Vila Real disse à Agência ECCLESIA que os padres da diocese devem colaborar mais entre si para responder às carências de meios humanos e materiais com que a Igreja se confronta. Um dos “grandes perigos” na diocese transmontana, “como em outras”, é que cada padre “aja de forma isolada, por conta própria”, declarou D. Amândio Tomás.

 

Beata Alexandrina

O Santuário de Balasar, no Concelho de Póvoa de Varzim e Arquidiocese de Braga, onde nasceu, viveu e morreu a Beata Alexandrina, recebeu em 2012 mais cinco grupos de peregrinos do que no ano anterior. Em 2012 foram registados 317 grupos, cada um com uma média de 56 pessoas, enquanto que em 2011 chegaram ao santuário 312 grupos compostos por uma média de 53 peregrinos.

 

Escutar o Absoluto no Ano da Fé

 

 

 

 

 
 

O auditório da Renascença em Lisboa recebeu na sexta-feira a segunda sessão do ciclo ‘Escutar o Absoluto no Ano da Fé’, com um encontro dedicado ao compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750).

A primeira audição, em novembro, foi dedicada à “alegria da fé”, enquadrando as obras no tempo do Natal, que se aproximava, explicou a jornalista Aura Miguel, da emissora católica, ao programa ECCLESIA na Antena 1.

“Bach é, quanto a nós, o maior exemplo de multiplicidade. Podíamos fazer todas as sessões dedicadas a ele e ainda sobrava”, refere a autora da iniciativa, que conta com a colaboração do padre Raffaele Cossa.

A experiência proporcionada pela audição de “excertos de grande genialidade” também é visual: “depois do enquadramento de um compositor e de uma obra, em vez de estarmos a ouvir olhando para as paredes, é muito mais fascinante olharmos para o ecrã e ver a música a ser executada”, salientou.

“Muitos dos compositores não têm fé mas há sempre parte da música que nos inquieta e vem desenterrar algumas perguntas”, apontou Aura Miguel, que também destacou a variedade de estilos dos autores escolhidos.

Enquanto Vivaldi “é luminoso e alegre”, Wagner, que vai ser apresentado num programa designado ‘A inquietação do homem sem fé’, compôs música “esmagadora”, que “para muitos é horrorosa e pesada”.

 


© João Aguiar
 

Na Quaresma, quando os cristãos evocam a morte de Jesus, o encontro vai ser dedicado ao ‘Requiem’, numa sessão que não se baseia em autores mas num tema. A jornalista com acreditação no Vaticano lembrou que o Papa Bento XVI faz sempre “um breve discurso a propósito das obras interpretadas” nos concertos em sua honra.

“O universo da música, tal como o das outras formas de arte, pode-nos ajudar a redimensionar a maneira de olhar, ouvir e relacionar com tudo o que está à nossa volta”, observou Aura Miguel, que na música clássica

 

encontra apoio para “viver a fé”.

Os encontros, que começam sempre às 21h30, prosseguem a 1 de março com ‘O homem e o seu destino (Mozart, Brahms, Berlioz)’; a 3 de maio, sobre ‘A inquietação do homem sem fé (Wagner)’; e a 4 de outubro, dedicado ao tema ‘A fé como certeza (Nossa Senhora na música)’.

Convocado pelo Papa, o Ano da Fé começou a 11 de outubro de 2012, 50.º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II (1962-1965) e 20.º da publicação do Catecismo da Igreja Católica, terminando a 24 de novembro de 2013.

 

Olhos alegres da fé

D. José Manuel Cordeiro

Bispo de Bragança-Miranda

 

Há 50 anos, quando se iniciou o Concílio Vaticano II, o Papa João XXIII, exprimiu a alegria nestes termos: «alegra-se a Santa Mãe Igreja, porque, por singular dom da Providência divina, amanheceu o dia tão ansiosamente esperado» e, dirigindo-se aos Bispos disse: «o Concílio, que agora começa, surge na Igreja como dia que promete a luz mais brilhante. Estamos apenas na aurora: mas já o primeiro anúncio do dia que nasce de quanta suavidade não enche o nosso coração! Aqui tudo respira santidade, tudo leva a exultar! Contemplemos as estrelas, que aumentam com o seu brilho a majestade deste templo; aquelas estrelas, segundo o testemunho do Apóstolo são João (Ap 1, 20) sois vós mesmos; e convosco vemos brilhar aqueles candelabros dourados à volta do sepulcro do Príncipe dos Apóstolos, isto é, as igrejas a vós confiadas (Ap 1, 20)».

Estamos em pleno Ano da Fé, sob a convocação feliz do Papa Bento XVI, a celebrar e a viver a fé no jubileu da abertura do enorme acontecimento de graça para a Igreja e para o mundo e, assim, repartir de Cristo nos novos caminhos da missão. O Catecismo da Igreja Católica sintetiza de modo claro: «“crer” é um ato eclesial. A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé. A Igreja é a Mãe de todos os crentes». S. Cipriano, Bispo de Cartago, gostava de sublinhar: «ninguém pode ter a Deus por Pai, se não tiver a Igreja por Mãe».

 

 

A Igreja é a casa da fé, de todos os que aderem de coração inteiro ao encontro transformador com Jesus Cristo.

Ele não é só o fundador da Igreja, mas é o seu fundamento, o mesmo ontem, hoje e sempre. A própria origem etimológica Ecclesia, designa já o sentido profundo, como a assembleia convocada. A Igreja é convocada pela fé e convoca à fé.

Na Liturgia há duas expressões marcantes desta íntima relação da fé com a Igreja: uma na celebração do Batismo e Confirmação: «Esta é a nossa fé. Esta é a fé da Igreja», outra na Eucaristia: «não olheis aos nossos pecados, mas à fé da vossa Igreja».

A fé da Igreja acredita «que a chave, o centro e o fim de toda a

 

história humana se encontram no seu Senhor e mestre» (GS 10).
Cristo, «companheiro do homem peregrino através dos perigos desta vida, conduz os nossos passos, sempre firmes, a caminho da terra prometida» (Hino da Liturgia).

A inteligência da fé é simples, mas não é fácil. Ela só se desenvolve na alegria. Acreditar em Deus uno e trino – Pai, Filho e Espírito Santo; na una, santa, católica e apostólica Igreja; na comunhão dos Santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne e na vida eterna; no homem como caminho da Igreja; no primado da dignidade humana: liberdade, bem comum, justiça – grande e bela é a alegria da fé da Igreja!

 

 

A vida como um jogo

Octávio Carmo

Agência ECCLESIA

 

A semana que passou foi de grandes discussões, como seria de esperar, centrada em siglas - FMI,IRS,ADSE – à volta das quais se multiplicam as críticas e as críticas a quem critica, num circulo vicioso sem fim à vista. Quem governa finge que não se lembra do que prometeu e quem está na oposição com o poder em mente finge que não vai fazer o mesmo quando lá chegar, embora aconteça até que os papéis se troquem momentaneamente, quando alguma proposta mais concreta aparece nas notícias.

A verdade é que sinto uma impaciência e um desencanto cada vez maiores nas pessoas que sentem na pele os sacrifícios de um Estado que está pronto a cortar em prestações sociais, mas compra bancos…

 

Outro clássico da vida portuguesa: o rescaldo dos jogos entre os chamados ‘grandes’ do futebol nacional. Também aqui se trocam insultos conforme a sensação de benefício-prejuízo em relação às arbitragens, noutro ciclo vicioso que esquece a evidência de que os erros de hoje se podem repetir amanhã, em sentido contrário.

A este respeito, a Rádio Vaticano apresentou uma curiosa reflexão sobre o erro nas equipas de arbitragem e a sua relação como o “jogo”. Segundo a emissora pontifícia, num desporto profissional cada vez mais transformado em indústria e num mundo


 

 

cada vez mais centrado no cálculo e no lucro, a noção dos limites das pessoas, da incerteza e das falhas que nos rodeiam, humanizam a atividade desportiva.

 

Zico. Lembro-me de o ver jogar num notável Brasil-França no Mundial de 1986 que os brasileiros viriam a perder ingloriamente, também com erros seus. Não sei se foi neste jogador, o ‘Pelé branco’, que o dono do pitbull que matou (matou, repito) uma criança de 18 meses em Beja se inspirou, mas a verdade é que o nome anda nas bocas do mundo. As posições assumidas sobre a centralidade da segurança das pessoas nesta matéria vão de acordo ao que penso: estamos perante uma questão de civilização, determinando quem é ou não

 

sujeito de direitos e deveres no ordenamento jurídico. Este não é, de todo, um jogo que o ser humano possa perder…

 

Fora de jogo: o meu Natal 'acabou' (há sempre presépios em casa) oficialmente no domingo, dois dias antes do que manda a tradição madeirense, mas seguindo rigorosamente o calendário litúrgico. De facto, no dia 15 de janeiro, a Madeira celebra de forma especial o dia de Santo Amaro, com o chamado “varrer dos armários”, uma espécie de festa de encerramento da quadra natalícia, em que as famílias desmontam os presépios e todas as decorações. A curiosa celebração tem uma forte dimensão comunitária e voltou a ganhar visibilidade.

 



‘Varrer dos armários’,
São Roque do Faial,
Madeira


© http://cp-saoroquedofaial.blogspot.pt
 

 

Fé que não passa de moda

©Lusa

A celebração do Batismo de pequenas crianças na Capela Sistina, do Vaticano, com que o Papa encerra anualmente o tempo litúrgico do Natal, serviu no último domingo para que Bento XVI deixasse um alerta sobre a importância de resistir a uma mentalidade que desvaloriza a fé. “Não é fácil manifestar abertamente, sem cedências aquilo em que se acredita, especialmente no contexto em que 

 

vivemos, perante uma sociedade que considera muitas vezes fora de moda e fora de tempo os que vivem da fé em Jesus”, disse o Papa, na homilia da missa da festa litúrgica do Batismo do Senhor, em que 20 bebés receberam o primeiro sacramento da Igreja.

Segundo Bento XVI, na “onda desta mentalidade” pode surgir o perigo de também os cristãos entenderem a relação com Jesus como algo que "mortifica”.

 

©CTV

Aos pais e padrinhos, o Papa declarou que o caminho da fé que começou para as crianças se funda “numa certeza, na experiência de que não há nada maior do que conhecer Cristo”.

Mais tarde, na oração do Angelus, Bento XVI disse que os cristãos devem redescobrir a “beleza” do batismo e da sua fé, numa mensagem que viria a repetir no Twitter. "Que cada cristão redescubra, neste Ano da Fé, a beleza de ter renascido no amor de Deus e viver como seu verdadeiro filho”, referiu.

Ser cristão, precisou, significa “renascer do alto, de Deus”.

 

Minutos depois, o Papa deixou outra mensagem para os seus seguidores: “Que acontece no Batismo? Renascemos para uma vida nova, ficando unidos a Jesus para sempre”.

Jesus, indicou o Papa aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, surge como “novo sol surgido no horizonte da humanidade, dispersando as trevas do mal e da ignorância”.

“Este Jesus é o homem novo que quer viver como filho de Deus, isto é, no amor; o homem que, perante o mal do mundo, escolhe o caminho da humildade e da responsabilidade", concluiu.

 

Liberdade religiosa sob ameaça

 
 

 

 

 

 

Caso ‘Eweida e outros vs. Reino Unido’  
 

O secretário do Vaticano para as relações com os Estados manifestou preocupações sobre restrições à liberdade religiosa, após o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) ter julgado quatro casos apresentados por cristãos do Reino Unido.

“Há um risco real de que o relativismo moral, que se está a converter numa nova norma social, possa minar os alicerces da liberdade individual de consciência e de religião”, alertou D. Domique Mamberti, numa entrevista publicada pela sala de imprensa da Santa Sé.

O TEDH publicou esta terça-feira as sentenças dos quatros casos relativos a liberdade de consciência e religiosa: duas situações diziam respeito à possibilidade de trazer ao peito uma pequena cruz, nos locais de trabalho; as outras eram relativas ao direito de objeção de consciência perante a celebração de uma união civil ou o aconselhamento matrimonial para pessoas do mesmo sexo. Os juízes do caso apenas deram razão à queixa de Nadia Eweida, antiga empregada da companhia aérea British Airways que foi dispensada por se ter recusado a tirar um crucifixo.

O TEDH sublinha que “a liberdade religiosa engloba a liberdade de manifestar a própria religião, inclusive no local de trabalho”, mas admite que “a prática religiosa pode ser restringida quando invade os direitos de outros”.

Para o arcebispo Mamberti, estes casos mostram que “as questões relativas à liberdade de consciência e de religião são complexas, em particular numa sociedade europeia marcada pelo aumento da diversidade religiosa e o endurecimento correspondente do laicismo”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Ano da Fé, que a Igreja Católica iniciou há quase 100 dias, chegou à China e está a despertar o interesse de comunidades protestantes, revelou o presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.

 

Bento XVI nomeou como novo núncio apostólico [embaixador da Santa Sé] em Timor-Leste o arcebispo norte-americano Joseph Marino, de 58 anos, até agora representante do Papa no Bangladesh. O diplomata assume ainda os cargos de núncio na Malásia e delegado apostólico no Brunei.

 

O Papa escreveu nova mensagem para os seus 2,5 milhões de seguidores na rede social Twitter: “Se tivermos amor ao próximo, conseguiremos descobrir a face de Cristo no pobre, no indefeso, no doente e no atribulado”, refere em oito línguas, incluindo o português, na conta @pontifex.

 

Centenas de milhares de pessoas reuniram-se este domingo em Paris para uma manifestação contra a equiparação ao matrimónio das uniões entre pessoas do mesmo sexo, protesto que mereceu o apoio do Vaticano.

 

Rio de Janeiro, capital do acolhimento

 

 

Até ao momento, há mais de 60 mil voluntários inscritos, dos quais cerca de 3000 já estão em ação
 

Este é o título de uma reportagem publicada pelo jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, com o presidente do Comité Organizador Local (COL) da Jornada Mundial da Juventude, D. Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro.

O prelado aconselhou que as inscrições sejam feitas “o mais rapidamente possível” para que “se possa organizar bem o acolhimento”.

A Jornada Mundial da Juventude é a semana de eventos da Igreja Católica para os jovens e com os jovens. Ela reúne milhares de jovens do mundo todo para celebrar e aprender sobre a fé católica e para construir pontes de amizade e esperança entre continentes, povos e culturas.

 

 


 

 

 

A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) promove este sábado, no auditório do Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, um encontro entre o secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, Marco António Costa, e dirigentes das Uniões distritais e regionais das IPSS, federações e delegações da CNIS.

 

A Diocese de Lamego celebra este domingo o seu padroeiro principal, São Sebastião, com uma celebração na Sé, a partir das 18h30, que marca também o primeiro aniversário da tomada de posse de D. António Couto, bispo local.

 

O Vaticano assinala no próximo dia 25 o 30.º aniversário da promulgação do Código de Direito Canónico com uma jornada de estudo que vai ser apresentada, em conferência de imprensa, na terça-feira.

 

Este sábado assinala-se o 80.º aniversário do nascimento do poeta Eugénio de Andrade (19 de janeiro de 1923 - 13 de junho de 2005).

 

No dia 24 de janeiro, a Santa Sé vai publicar a mensagem de Bento XVI para o 47.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, intitulada «Redes Sociais: portais de Verdade e de Fé, novos espaços de evangelização».

 

 

Semana de Oração
pela Unidade dos Cristãos

 
 
 
 
 
 
“Convido todos a rezar, pedindo com insistência a Deus o grande dom da unidade entre os discípulos do Senhor”
Bento XVI
 

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que começa esta sexta-feira, apela a uma maneira “simples” e “fraterna” de viver, segundo o presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, responsável pelo setor do ecumenismo na Igreja Católica em Portugal. D. António Couto comentava à Agência ECCLESIA o tema do Oitavário 2013, ‘O que exige Deus de nós?’, expressão retirada do livro bíblico do profeta Miqueias.

“Deus quer que caminhemos segundo o direito e a justiça, amemos o amor e andemos com humildade na sua presença”, atitudes a cultivar por todos os cristãos e que para o bispo de Lamego se aplicam com muita propriedade ao movimento ecuménico.

A celebração e os textos inspiram-se este ano na cultura dos ‘dalits’, grupo de onde provêm cerca de 80% dos cristãos da Índia e que, “por ser o mais baixo dos párias, está sujeito à humilhação, marginalização e hostilização”, referiu D. António Couto.

“Os cristãos sentem-se muito irmanados, sobretudo quando sofrem juntos, como acontece com os ‘dalits’, com os pobres ao tempo de Miqueias e com o que sucede também hoje entre nós”, acrescentou.

A semana de oração termina a 25 de janeiro e a celebração ecuménica nacional de Portugal vai decorrer às 21h00 com a participação de D. António Couto e D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, esperando-se a presença de fiéis e ministros de outras Igrejas cristãs.

 


© Obras Missionárias Pontifícias
 

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos vai estar em destaque no Programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, entre 21 e 25 de janeiro (22h45).

Sérgio Alves, diácono da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana), refere que o movimento ecuménico é “um sinal de esperança”, mesmo em tempos como os que se vivem em Portugal.

Alexandra Matos, vinda de uma família católica, optou por integrar depois a Igreja Presbiteriana e é hoje casada com um pastor da comunidade, em Lisboa. “O objetivo não é continuarmos a falar teoricamente, mas mostrar que as coisas podem acontecer na

 

prática”, assinala, aludindo ao compromisso assumido após o último Fórum Ecuménico Jovem (Porto, 10.11.2012), marcado pela publicação da ‘Carta da Esperança”.

Luís Leal integra a equipa da Pastoral Juvenil da Diocese do Porto (IgrejaCatólica) e o Grupo Ecuménico Jovem, experiências que lhe permitem dizer que “a fé pode ser uma resposta positiva para os problemas reais, concretos” por parte das comunidades cristãs.

Joana Teixeira é filha do bispo Sifredo, da Igreja Metodista. “Fui crescendo com a consciência de que o ecumenismo era algo que estava em desenvolvimento em Portugal”, relata.

 

O que exige Deus de nós?

 

Um pouco por todo o país, cerimónias ecuménicas assinalam a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. “Há mais de 20 anos que a Igreja Católica adapta as orações e as traduz e abre as portas da catedral para a vigília”, diz o padre Joaquim Nunes, da Diocese do Algarve.

Em Viseu, o contacto com as Igrejas cristãs não é fácil e o padre António Jorge, da pastoral juvenil, realça a oração de Taizé de janeiro como a forma mais celebrativa desta semana ecuménica.

Já na Diocese de Coimbra, a aposta é uma “caravana” que se desdobra por seis dias de vigília, em vários sítios. “O convívio e oração têm vindo a implementar-se, reunimos mensalmente e até fazemos um retiro juntos”, afirma o responsável pela comissão do ecumenismo, o frei Domingos.

O valor das vigílias com os responsáveis das Igrejas cristãs também é realçado na Diocese do Porto, onde um desses momentos “é ligado à solidariedade” e ajudará uma das Igrejas com o custo das suas instalações, disse o padre Domingos, da equipa ecuménica.

 

 

 

 

 

 

“No início de fevereiro haverá também uma dinâmica com os sem-abrigo da cidade, promovida pelo grupo ecuménico jovem”, acrescentou.

Pela Diocese de Aveiro, a tradição de cada ano é uma vigília de oração numa igreja diferente, que este ano decorre na comunidade metodista. “No fim de cada oração prepara-se um pequeno convívio, com chá e bolos secos. Aí se proporcionam muitas conversas e todos se conhecem melhor”, afirmou o padre José Manuel Pereira.

Este responsável destacou ainda um grupo feminino ecuménico que se formou a partir de um desses convívios e se reúne periodicamente para rezar pelas mulheres de todo o mundo.

A Diocese da Guarda terá um momento de oração na Universidade da Beira Interior. 

 

 

 

 

 

 

"Sendo um espaço de culturas e credos diferentes, torna-se o lugar ótimo para esta celebração”, esclarece o padre Henrique dos Santos, delegado do diálogo ecuménico da diocese.

“É a primeira vez que a universidade irá acolher um encontro desta natureza, mas espero que haja participação de todos”, concluiu.

No Patriarcado de Lisboa, os jovens reúnem-se em vigília de oração na igreja de São Paulo (Lusitana), “onde os subsídios para a oração serão realçados com música e danças goesas, testemunhos e uma pequena dinâmica de caminho”, adianta João Luís Fontes, do Grupo Ecuménico Jovem.

A viagem pelos testemunhos e iniciativas das dioceses neste oitavário de oração pode ser escutada no Programa ECCLESIA na Antena 1, este domingo, às 06h00.


 

Ano Ecuménico de 2013

Da interrogação de Miqueias
a uma prática eclesial conjunta

 

Jorge Pina Cabral,

Presbítero eleito para bispo da Igreja Lusitana

 

O ano ecuménico em Portugal inicia-se com uma interrogação que é o lema da Semana de Oração pela Unidade e que deve interpelar fortemente as Igrejas e os cristãos: ‘O que exige Deus de nós?’ (Miqueias 6,6-8).

Na sua formulação este questionamento sustentado na profecia de Miqueias envolve as diferentes Igrejas numa só realidade, exigindo um pensar e uma ação comum. Com efeito, a pergunta não se dirige separadamente aos cristãos das diferentes Igrejas mas interpela-os a todos enquanto membros do mesmo Corpo de Cristo na sua condição de filhos e filhas de Deus batizados num só Espírito. Percebemos então que a resposta às exigências divinas de mais justiça e fidelidade será tanto mais eficaz quanto as Igrejas, na sua rica diversidade, souberem trilhar caminhos conjuntos de ação.

Se o profeta Miqueias para sustentar a sua pregação em nome de Deus partiu da difícil situação social e politica vivida pelos habitantes do reino de Judá no século VIII a. C., então também nós, enquanto Igreja Corpo de Cristo, devemos partir, para o nosso agir conjunto, da sofrida realidade vivida pelo povo português. E é daqui que naturalmente devem surgir as expetativas quanto ao diálogo e à ação ecuménica em Portugal para 2013: serão as Igrejas, na fidelidade à profecia bíblica, capazes de

 

 

assumir uma declaração conjunta sobre a atual situação económica e social do nosso país que, denunciando o que deve ser denunciado, proponha também novos caminhos de esperança? Serão as Igrejas capazes de promover em conjunto espaços de solidariedade e de entreajuda que acolham os desempregados e todos aqueles que de uma forma ou de outra são vítimas da atual crise económica e social?

Estas e outras questões e desafios que se colocam e que devem ser encaradas aos diferentes níveis da vivência Ecuménica em Portugal, remetem-nos também para o papel e para a utilidade dos Encontros Ecuménicos Nacionais que reúnem os representantes da Igreja Católica Romana e das Igrejas do Conselho Português de Igrejas Cristãs. A este nível cresce naturalmente a expetativa de que 2013 possa ser, ao fim de muito tempo, o ano que dê à luz a declaração conjunta sobre o reconhecimento mútuo do Batismo praticado nas diferentes Igrejas. A acontecer, esta declaração ajudaria à compreensão do sentido e da vivência da unidade e da catolicidade da Igreja de Cristo e a um concretizar de uma efetiva resposta à formulação de Miqueias.

 

Não ignoro e dou graças a Deus por toda uma vivência ecuménica que discreta mas persistentemente tem sido promovida ao nível local entre comunidades e cristãos das diversas Igrejas, nomeadamente entre os jovens. Muitas e diversas atividades e celebrações Ecuménicas estarão já pensadas para o corrente ano, entre as quais é de referir o Roteiro Ecuménico de Oração, no Porto, e a realização do XV Fórum Ecuménico Jovem.

O ano de 2013 irá também ser palco de dois grandes eventos Ecuménicos internacionais, concretamente a Assembleia da Conferência das Igrejas Europeias, a ter lugar em Budapeste de 3 a 8 de julho com o tema «E agora de que estão à espera?» - A Missão numa Europa em mudança, e a X Assembleia do Conselho Mundial de Igrejas, a ter lugar na Coreia do Sul de 30 de outubro a 8 de novembro com o tema «Deus da vida, conduz-nos à Justiça e à Paz». A qualidade dos materiais e reflexões a serem produzidos, bem como as decisões que vierem a ser tomadas deverão merecer a atenção e o seguimento das diversas Igrejas em Portugal.

Termino pedindo ao Senhor da Igreja Una que renove a nossa esperança e sustente e aprofunde o nosso peregrinar Ecuménico em 2013.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ecumenismo
em Portugal,
um caminho
de transformação

 

Na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos,

é entrevistado o teólogo João Duque, presidente

do Centro Regional de Braga da Universidade Católica

Portuguesa e um dos responsáveis pelo diálogo

ecuménico na estrutura da Conferência Episcopal

que há mais anos acompanha esta temática

   

 

 


 

 

 

João Duque, secretário da antiga Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé e Ecumenismo e membro da equipa que acompanha o diálogo ecuménico na atual Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, é um dos rostos mais conhecidos deste setor, destacando-se pelo seu compromisso e reflexão sobre a unidade dos cristãos. Em entrevista conjunta à ECCLESIA e ao programa «Ser Igreja», nas instalações da Renascença em Braga, este responsável destaca que “todas as sociedades têm desafios” que exigem uma “intervenção crítica, transformadora” por parte dos cristãos.

 

 

Ecclesia/«Ser Igreja» (ESI) – O texto proposto para a semana de oração em 2013 fala em “respeitar o direito, amar a fidelidade”. Esta é uma exigência da unidade dos cristãos?

João Duque (JD) – É uma exigência absolutamente fundamental. A unidade dos cristãos não se construirá a todo o custo e há aqui pelo menos duas perspetivas que podemos
 

 

 

considerar: uma, de que a unidade que se constrói é uma unidade por referência a algo exterior - não só por causa de uma vontade interna ou porque fosse romanticamente interessante vivermos todos unidos, mas porque é um imperativo da nossa própria natureza e do próprio Deus. Este desafio à convivência pacífica das diferenças é um desafio interno colocado às comunidades cristãs entre si.

Depois, há o caso mais exterior: todas as sociedades têm os seus desafios, todas possuem elementos problemáticos, que exigem uma intervenção crítica, transformadora dos cristãos e essa intervenção é de todos. Quando num contexto social determinado existem várias confissões, o desafio que é colocado aos cristãos é dar um contributo à transformação dessa sociedade. Acontece que, evidentemente, estando as Igrejas divididas ou pelo menos diferenciadas, é-lhes exigido que consigam trabalhar em conjunto.

 

 

ESI – Há um menor denominador comum entre as Igrejas, a partir do qual se pode trabalhar?

JD – Exato: o movimento ecuménico como tal, enquanto tentativa de trabalho em conjunto, surgiu orientado em contexto de missão para uma tarefa, para o exterior, em que é necessário dar um contributo em conjunto, mesmo que tenhamos as nossas diferenças.

 

ESI – A estrada foi a metáfora escolhida para unir estes dias de oração do oitavário. Como teólogo, cristão, como vê essa estrada em Portugal?

JD – Eu não iria concentrar-me tanto na tarefa interna da relação entre as diferentes comunidades e tradições cristãs, que não me parece que seja muito problemática. Há relações melhores, outras menos conseguidas, mas em geral podemos dizer que são boas. Estamos dispostos a caminhar na mesma estrada.

Talvez devêssemos mais caminhar: estamos na mesma estrada, mas relativamente calmos, relativamente parados.

 

 

Aí há uma tarefa, para o exterior da comunidade eclesial.

A questão da justiça, por exemplo, é quente: temos de admitir que estamos a atravessar uma ocasião em Portugal em que a questão é muito premente. Portanto, faz parte da nossa estrada conjunta esta preocupação profunda com a justiça, sobretudo em fases nas quais esta corre riscos mais sérios.

Não é, contudo, uma aplicação de justiça distributiva, simplesmente,

mas de modo misericordioso. É uma justiça do acompanhamento do outro, naquilo que lhe deve ser dado, o que é uma caraterística mais especificamente cristã.

Depois, a humildade: não temos pretensões de poder, de dominar a sociedade, nem a Igreja como instituição nem cada cristão. Ser humilde significa, simplesmente, prestar um serviço a todos os nossos contemporâneos, em favor da justiça.


ESI – A imagem da estrada, do caminhar, faz sentido para este ano em que se celebra a fé?

JD – Estes impulsos de atividade podem ser vistos como projetos pessoais, de grupo eclesial.

 

 

 

Penso que o Ano da Fé nos ajuda a perceber que todos estes dinamismos são, antes de tudo e no fim de tudo, ação crente, ação correspondente ao que é ser crente: o nosso caminho ou é sempre um caminho crente ou então pode ser um caminho problemático.

 

ESI – O Fórum Ecuménico Jovem publicou, recentemente, a «Carta da Esperança». Acha que vale a pena apostar neste tema?

 

JD - Os jovens são uma esperança para o ecumenismo em Portugal, temos de admitir que o futuro do trabalho ecuménico terá um grande apoio neste Fórum que se tem vindo a desenvolver. É aí que está criada a plataforma da convivência ecuménica a nível português: o ecumenismo tem vindo a trabalhar a um nível de cúpulas e estive envolvido nisso durante muito tempo, mas também de forma muito limitada. O envolvimento das comunidades cristãs é que é importante.

 

 

ESI – O envolvimento dos jovens é fundamental para o projeto de Cristo para a humanidade?

JD – Sem dúvida. Acho que o tópico deste ano [O que exige Deus de nós?], ‘sui generis’ do ponto de vista crente, da ação da fé, é muito importante: há uma tendência natural entre os jovens ocidentais que vivem numa sociedade de lazer, muito sentimentalista, para identificarem a sua experiência cristã de fé com essa experiência sentimental forte, de convivência agradável, entusiasta, animadora. É preciso não esquecer que o 

 

 

Cristianismo tem uma grande componente de intervenção crítico-social na dor, ou seja, naquilo que implica a cruz e a dor no serviço à justiça. Vivendo nós, apesar da crise, num contexto felicíssimo em Portugal, há outros recantos do mundo em que não é tanto assim e até no nosso próprio contexto há um exterior à felicidade que pode ser falsa. É aí que o envolvimento político-social dos jovens cristãos em favor da justiça não pode ser colocado em segundo plano ou abandonado, caso contrário a fé é vivida de forma rudimentar.

 


 

 


 

ESI – Portugal é um país sociologicamente católico, mas há grupos significativos de outras Igrejas cristãs. Como tem sido o caminho ecuménico no pós-Concílio Vaticano II?

JD – Tem sido um caminho bastante simples, se quisermos. Também não temos comunidades não-católicas muito fortes, do ponto de vista quantitativo, ou em que tenha havido uma história de enfrentamento. É certo e temos de admitir que houve episódios menos felizes, no século XIX, e a superação sadia dessa perspetiva [de confronto] foi dos grandes frutos do movimento ecuménico em Portugal.

A relação com as principais tradições cristãs não-católicas, desimpedida e sã, superou todas essas perspetivas, sem grande exibicionismo. Há órgãos próprios para esse trabalho notório como a Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, juntamente com o Conselho Português de Igrejas Cristãs.

Com a Aliança Evangélica o trabalho não tem sido tão intenso, por haver aí outra perspetiva de ecumenismo, mas não se pode dizer que haja uma situação de conflito.

 

Sendo nós um país maioritariamente católico, penso que há uma educação ecuménica interna à própria comunidade. A educação dos crentes para o facto de que para além da Igreja Católica, pode haver modos de viver o Cristianismo que não são necessariamente falsos faz parte da catequese.

 

ESI – Como é que a Igreja Católica participa nos atos ecuménicos de oração, como se vivem estes momentos?

JD – Ao longo do país, esta é uma realidade variável. É evidente que o Porto é a região mais estável a esse nível, uma vez que tem um grupo ecuménico apadrinhados pela Diocese, com membros de várias confissões cristãs, que trabalham ao longo de todo o ano. Houve uma fase em que procuramos reanimar o trabalho ecuménico em várias dioceses, com a celebração nacional desta semana e o Fórum Ecuménico.

Para as Igrejas não-católicas, minoritárias, este é um momento mais significativo, do que para as comunidades católicas.

 

Reality


 

Na mesma semana em que estreia em Portugal um dos filmes mais concorridos aos populares Óscares e Globos de Ouro, “00h30: Hora Negra”, sobre a captura do homem que mais influenciou o mundo na(s) última(s) década(s), Bin Laden, estreia também “Reality”: uma produção de meios modestos mas extraordinariamente pertinente sobre a influência dos reality shows na vida diária de muitos e muito para lá das fronteiras europeias onde o filme foi distinguido

 

 - Prémio Especial do Júri na última edição do Festival de Cannes.

Numa cidadezinha napolitana, Luciano gere os seus dias entre a banca de peixe de que é proprietário, um negócio pouco ortodoxo de crédito e os números de comediante com que diverte familiares e amigos em festas. É precisamente numa dessas festas que conhece uma estrela do ‘Big Brother’ e fica extasiado com o seu aparente estilo de vida. Entusiasmado e instigado pelos seus, concorre

 

 

 

ao reality show. Num instante, a simplicidade do seu quotidiano, agora diminuído, é catapultado para um mundo ilusório onde todas as fantasias parecem possíveis. Os dias passam e o que num minuto pareceu tão fantasticamente próximo revela-se cada vez mais drasticamente distante. Luciano recusa-se, porém, a aceitá-lo...

O ‘fenómeno’ dos reality shows comporta um mecanismo complexo de recriação virtual que, mesmo nas suas formas plurais de expressão, mais que atrair o espetador ao ato de ‘espiar’ a vida alheia, e o protagonista dessa vida a ser um mero objeto de exibicionismo, o procura legitimar e credibilizar pela aparente ‘naturalidade’ e ausência de controle exógeno das situações que vão sendo vividas – caso do 'Big Brother'.  Colocando os sujeitos da encenação a representarem-se a si mesmos, numa relação identitária perversa, presumivelmente libertadora e confusa, sem a existência evidente de um ‘guião’ e criada a ilusória ausência de imposição, limite ou ‘repressão’ sobre o que vivem, é muito maior a ‘colagem’ identitária do espetador ao que vê representado.

 

 

Com incrível sensibilidade, o realizador Matteo Garrone, conhecido entre nós pela excelente abordagem ao mundo da Mafia em ‘Gomorra’, explora os meandros desta nova forma de cultura virtual e as suas relações com os mecanismos identitários, individuais e sociais pré-estabelecidos. Uma abordagem inteligente, simples e profunda que com grande acuidade fílmica revela uma boa parte da complexidade do que está em jogo nesta relação de culturas, entre o real/virtual, bem como o impacto particular em indivíduos/comunidades mais ‘reprimidas’, por constrição financeira mas não só. Não ignorando os recursos, ainda fortemente enraízados, que as mesmas comunidades possuem para superar, por um lado, as dificuldades quotidianas e, por outro, o risco de alienação. De entre esses, os de dimensão afetiva e espiritual.

Um filme sem heróis que dá tanto ou mais que pensar sobre o mundo cativo e liberto que somos como aquele que Bin Laden, ou a sua captura, questionam...

Margarida Ataíde

 

 

Obra Católica Portuguesa de Migrações

 

 

www.ecclesia.pt/ocpm

 

 

 

 

A Igreja Católica celebrou este domingo o 99.º Dia Mundial do Migrante e Refugiado; paralelamente, como forma de comemorar este dia, decorreu entre 11 e 13 de janeiro o encontro de agentes sociopastorais das Migrações em Fátima. Assim, esta semana o nosso olhar para a grande rede mundial recai sobre o sítio da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM).

Ao digitarmos o endereço www.ecclesia.pt/ocpm/ entramos num espaço eminentemente informativo onde a componente estética não é de todo o ponto forte, mas os conteúdos presentes ultrapassam largamente esse fator.

Na página inicial encontramos os habituais destaques e as últimas atualizações, onde naturalmente a mensagem que o Papa Bento XVI escreveu para este dia, intitulada “Migrações: Peregrinação de Fé e Esperança”, está em evidência.

Na opção “quem somos”, ficamos a conhecer quais as formas de contactar a OCPM e quem são os membros que a compõem, qual o seu âmbito de ação e ainda quais os principais objetivos.

 

 

 

Em “notícias”, encontramos todos os artigos que de alguma forma se relacionam com esta realidade onde, “mais de um terço (um total de 12,3 milhões de pessoas) de todos os não nacionais que viviam na UE-27 em 1 de janeiro de 2010 eram cidadãos de outro Estado-Membro da UE. Caso pretenda saber quais os próximos eventos no âmbito desta obra católica, basta que aceda à opção “agenda”.

Um espaço interessante encontra-se em “documentos”, onde temos ao dispor um conjunto de textos (artigos, conclusões de congressos, comunicados, mensagens) que são acima de tudo uma forma de nos mostrarem a realidade migratória. No item “recortes”, podemos ler todas as notícias que foram publicadas nos mais diversos meios de comunicação nacionais e internacionais,

 

 

 

tendo sempre como pano de fundo a migração.

A OCPM possui um boletim trimestral de distribuição gratuita que se intitula “pontes”, sendo já publicado há cinco anos. Caso pretenda aceder a todos os periódicos editados basta que clique no ícone “pontes”. Por último, chamamos a vossa atenção para a sugestão de ligação para o sítio da obra nacional da pastoral dos ciganos, outro grande espaço que merece também uma visita atenta.

O nosso principal objetivo ao lançarmos o desafio de visita ao sítio da OCPM prende-se com o facto de a questão da imigração ilegal poder "levar ao tráfico e exploração de pessoas, com maior risco para as mulheres e crianças”, conforme refere Bento XVI na sua mensagem.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

DVD: Esta é a nossa Fé

O documentário "Esta é a nossa Fé" é um contributo para viver melhor o Ano da Fé e aprofundar o Catecismo da Igreja Católica. Apresenta testemunhos de pessoas de referência em diversas áreas que receberam o Evangelho e se deixaram conduzir por ele, e está estruturado em quatro partes: a primeira, analisando o Credo, A Fé Professada; a segunda, olhando a Liturgia e os Sete Sacramentos, a Fé celebrada; a seguir, os Dez Mandamentos, a Fé Vivida; e por fim a Oração, a Fé Rezada.

O projeto deste DVD nasceu como resposta criativa e 'multimedial' ao convite feito pelo Papa Bento XVI no âmbito do Ano da Fé e das indicações 

 

pastorais emanadas pela Congregação para a Doutrina da Fé. Neste sentido, a Paulus Editora seguiu o seu carisma paulista, através da elaboração de conteúdos, com o auxílio e aconselhamento do Instituto Diocesano da Formação Cristã, no intuito de tornar este DVD um bom contributo de divulgação dos conteúdos do Catecismo da Igreja Católica, que consideramos serem úteis não só durante o Ano da Fé, mas também para o tempo futuro.

 

Guião e produção: PAULUS Editora

Duração: 84 m

Classificação: M/12

Preço: €12.00


 

 

Livro evoca assassinato de catequistas

O padre Diamantino Antunes, diretor do Centro Catequético do Guiúa, em Moçambique, está a apresentar até sexta-feira, em várias localidades portuguesas, o livro ‘Véu de morte numa noite de luar’, que narra a história dos 23 catequistas mortos há 20 anos naquela instituição.

Na madrugada de 22 de março de 1992 as famílias que frequentavam um curso no Centro foram “sequestradas, interrogadas e levadas para um local a 3 km da instituição” por militares da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), contou o sacerdote ao programa ECCLESIA (RTP-2).

 

“Morreram 23 catequistas, massacrados à baioneta. Alguns fugiram e conseguiram sobreviver, enquanto algumas crianças foram poupadas”, recordou o missionário da Consolata, acrescentando que o acontecimento “marcou profundamente a Igreja em Moçambique”.

Na Diocese de Inhambane, que abarca um território equivalente a 2/3 de Portugal, residem 1,4 milhões de pessoas, das quais 20% se declaram católicas, indica a página do Centro de Promoção Humana do Guiúa.


 

 

A Semana de Oração
pela Unidade dos Cristãos

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Subsídios para a
Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e para todo o ano 2013

 

 

 

 

 

 

 

 

O período tradicional, no hemisfério norte, para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos vai de 18 a 25 de janeiro. Essas datas foram propostas em 1908 por Paul Wattson porque cobriam os dias entre as festas de São Pedro e São Paulo, tendo portanto um valor simbólico. No hemisfério sul, já que janeiro é tempo de férias, as Igrejas escolhem frequentemente outros dias para celebrar a Semana de Oração, como, por exemplo, mais perto do Pentecostes (de acordo com o que foi sugerido pelo movimento Fé e Ordem em 1926), que é também uma data simbólica para a unidade da Igreja.

Em 1968 as Igrejas e paróquias do mundo inteiro recebiam, pela primeira vez, textos para a semana de oração preparados conjuntamente pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial das Igrejas e pelo Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Igreja Católica).

O texto original do material da Semana de Oração de 2013 foi preparado pelo Movimento de Estudantes Cristãos da Índia (SCMI – Student Christian Movement of India), com a consultoria da Federação de Universidade Católica de Toda a Índia (AICUF) e do Conselho Nacional de Igrejas na Índia (NCCI).

 

 

Momentos marcantes

1894 - O Papa Leão XIII encoraja a prática de um Oitavário de Oração pela unidade, no contexto do Pentecostes.

1908 - Celebração da "Oitava pela unidade da Igreja", por iniciativa do Reverendo Padre Paul Wattson.

1926 - O Movimento Fé e Constituição começa a publicação de "Sugestões para um Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos".

1935 - Na França, o Padre Paul Couturier torna-se o advogado pela "unidade que Cristo quer e pelos meios que Ele quer".

1958 - O Centro "Unidade Cristã" de Lyon (França) começa a preparar o tema para a Semana de Oração, em colaboração com a Comissão "Fé e Constituição" do Conselho Mundial de Igrejas.

1964 - Em Jerusalém o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras I recitaram juntos a oração de Cristo "que todos sejam um" (Jo 17).

1965 - Concílio Vaticano II - O Decreto sobre o Ecumenismo sublinha que a oração é a alma do movimento ecuménico e encoraja a prática da Semana de Oração.

 

 

1966 - A Comissão "Fé e Constituição" e o Secretariado para a Unidade dos Cristãos (presentemente Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos) da Igreja Católica decidem preparar em conjunto o texto para a Semana de Oração de cada ano.

1968 - Pela primeira vez, a "Oração pela Unidade" é celebrada com base nos textos elaborados em colaboração entre "Fé e Constituição" e o Secretariado para a Unidade dos Cristãos.

1988 - Os materiais da Semana de Oração foram usados durante a oração de abertura pela Federação Cristã da Malásia.

1994 - Texto para 1996 preparado em colaboração com associações cristãs de mocidade.

2004 - Acordo entre a Comissão "Fé e Constituição" (Conselho Mundial de Igrejas) e o Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (Igreja Católica) para que o livrinho da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos seja oficialmente publicado em conjunto.

 

Dois bispos do Norte atentos à Sociologia

 

Apesar da linguagem tomista (São Tomás de Aquino), D. Sebastião Soares de Resende (Bispo da Beira - Moçambique) e D. António Ferreira Gomes (Bispo do Porto) tiveram intervenções inovadoras nas sessões conciliares porque “essa estrutura mental não os impediu de estarem atentos aos problemas do seu tempo”, sublinhou à Agência ECCLESIA D. Carlos Azevedo, atual coordenador do setor do património no Vaticano.

Ao referir-se a D. Sebastião Soares de Resende, bispo português natural de Milheirós de Poiares, (Diocese do Porto) mas a exercer o seu múnus pastoral em Moçambique, D. Carlos Azevedo realçou que o bispo missionário “sentia problemas muito fortes” com que se debatia no terreno que calcava. “É esse desafio à realidade que os leva a usar uma estrutura mental, mas sem ficarem presos à linguagem dessa estrutura”.

No II Concílio do Vaticano, convocado pelo Papa João XXIII, estes bispos naturais do norte de Portugal encontraram “formulações novas” que foram de encontro à realidade porque estavam “atentos à sociologia”.

Pelas propostas apresentadas antes de se iniciar o II Concílio do Vaticano (11 de outubro de 1962), nota-se que os bispos portugueses estavam “a léguas” das preocupações que se faziam sentir no centro da Europa. 

 

 

“Não havia, nos anos 50, a capacidade, - excluindo as escolas de teologia dos dominicanos e dos jesuítas – de resposta para os problemas e para a linguagem das novas perspetivas culturais”, disse D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé).

Alguns teólogos sofreram o rigor do Tribunal do Santo Ofício com as “propostas inovadoras apresentadas” e mais tarde “muitas acabaram por ser confirmadas e acolhidas pela Igreja”. 

 


Concelebração

É a ação litúrgica em que vários sacerdotes, no exercício das suas funções de ministros do sacrifício, celebram a mesma missa. Forma habitual de celebrar nos primeiros séculos, caiu em desuso na Igreja do Ocidente, sendo restaurada pelo Concílio Vaticano II (SC 57). Manifesta a unidade do presbitério, sobretudo quando é presidida pelo bispo. 

(Cf. Enciclopédia Católica Popular )

 

 

“Sofreram uma reação da tal mentalidade imobilista e escolástica”. A história “não avança sem minorias criativas”, no entanto é essencial que estas minorias se unam e não busquem “o protagonismo personalista”, salientou o bispo português.  

No II Concílio do Vaticano, os jesuítas e dominicanos eram aqueles que tinham “mais escola [teológica]”, e cita duas figuras fundamentais: “Karl Rahner (jesuíta) e Yves Congar (dominicano)”. Para o historiador o bispo brasileiro D. Hélder da Câmara – “não teve nenhuma intervenção no concílio” –, fez “um jogo de bastidores excecional”. Durante os trabalhos conciliares o prelado criou grupos de reflexão para debater “ideias novas” e para que estas “se alargassem a outros que estavam impreparados”.

O conjunto dos padres conciliares brasileiros também tinha “integristas” e “progressistas”, mas, no geral, a América Latina aderiu “ao centro europeu”, visto que alguns estudaram nessas escolas teológicas. “A América Latina foi o grande aliado para o avanço da Teologia”, concluiu.

 

Janeiro 2013

Dia 19 - sábado

* Lisboa - Catedral de São Paulo (Igreja Lusitana) - Vigília Ecuménica Jovem.  
* Leiria - Terceira visita ao património religioso da diocese de Leiria-Fátima. 
* Guarda - Centro Apostólico D. João de Oliveira Matos - Jornada diocesana da Pastoral Familiar
* Algarve - Portimão (Igreja matriz) - Encontro dos diáconos permanentes da Diocese do Algarve.
* Évora - II Encontro dos centros sociais paroquiais da arquidiocese de Évora.
* Coimbra - Seminário (10h00m) - Sessão de estudo do documento conciliar «Sacrosanctum Concilium».
* Santarém - Conselho pastoral diocesano.


 

 

 

* Fátima - Encontro da Comissão Episcopal Laicado e Família com os Secretariados Diocesanos.
* Fátima - Encontro da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade
* Lamego - Apresentação do projecto «YOUthTRAVEL» do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.  
* Fátima - Centro Bíblico dos Capuchinhos - Encontro sobre «O Espírito de Assis» orientado por frei Acílio Mendes e integrado no ciclo de encontros sobre «Palavra, Fé e Vida». 

 

Dia 20 - Domingo

* Lisboa - Algueirão (21h00m) - Encontro Ecuménico presidido por D. Joaquim Mendes
* Lamego - Sé - Celebração do padroeiro da diocese, São Sebastião, e de agradecimento pelo primeiro ano de ministério episcopal de D. António Couto em Lamego.

 


 

 

 

 

* Fátima - Encontro nacional da Comunidade Luz e Vida.
* Lisboa - Vila Franca de Xira (auditório da Junta de Freguesia) (15 horas) - Debate sobre «Caminhamos. Juntos? Para onde? Desafios do tempo presente» com o padre Constantino Alves, José Ernesto Cartaxo e o pastor evangélico António Costa Barata.
* Fátima - Encontro do Movimento Espiritualidade da Sagrada Família.  
* Setúbal - Bairro Salgado (Igreja Lusitana) (15h00m) - Celebração Ecuménica integrada na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. 
* Porto - Paróquia Metodista de Lordelo do Ouro - Celebração Ecuménica.  
* Aveiro - Inauguração da exposição «Diocese de Aveiro-Presente e Memória».  
* Lisboa - Cascais (Hotel Albatroz) - Reunião de directores CIDSE (agências de desenvolvimento católicas que cooperam em prol da Justiça global) (20 a 22)  
 
 
Dia 21 - Segunda-feira

* Viseu - Reunião dos bispos do centro.
* Lisboa - Igreja de São Nicolau (12h30m) - Almoço/debate promovido pela ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores) com Fernando Ulrich que falará sobre «O amor como critério de gestão»
* Porto - Valadares (Paróquia de São Pedro de Vilar do Paraíso) - Conferência sobre «Fé, televisão e crise, em busca da felicidade» por Hélder Reis
* Lisboa - Auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa (21h30m) - Sessão sobre «Onde se acredita?» do ciclo «Em que crê quem crê» promovido pela Paróquia de Santa Isabel.  
* Évora - Ação de formação para o clero da Província Eclesiástica de Évora.   (21 a 24)

 

 

 

Ano C – 2º Domingo Do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

 

«Sermos a alegria de Deus». Que bela definição nos traz o profeta Isaías hoje
 

 

A liturgia deste segundo domingo do Tempo Comum tem a marca do amor de Deus por nós.

A primeira leitura de Isaías define o amor de Deus como um amor eterno, que continuamente renova a relação e nos transforma. Nesse amor nunca desmentido, reside a alegria de Deus.

A segunda leitura fala dos carismas ou dons como sinais do amor de Deus destinados ao bem de todos.

No contexto de um casamento em Caná, o Evangelho apresenta um sinal, ou milagre, que aponta para o essencial do programa de Jesus: apresentar-nos o Pai que nos ama e que com o seu amor nos convoca para a alegria e a felicidade plenas.

Tudo isto são coisas bem sabidas por nós, ou que julgamos saber. Mas será que assumimos e acolhemos com todo o nosso ser o que a Palavra de Deus nos dá hoje? Estamos num campo decisivo da nossa vida humana, que pela fé nos compromete a seguir Cristo, a grande revelação do amor de Deus. Uma vida que só pode ser levada na alegria.

Há cerca de um ano dizia-nos Bento XVI que a alegria é um dos cinco elementos constitutivos da identidade cristã. Por outras palavras, se não vivermos o amor de Deus na alegria, não somos cristãos autênticos. Aliás, o amor, mesmo quando transporta sinais de sofrimento, só pode provocar e ser alegria.

O amor de Deus espera-nos sempre, de forma gratuita, convida-nos ao refazer da relação. Esse amor gera vida

 

 

nova, alegria, festa, felicidade, transforma-nos em profetas do amor, sinais vivos e alegres de Deus. Será que esse amor transparece nos nossos gestos e atitudes? As nossas famílias são um reflexo do amor de Deus? As nossas comunidades cristãs e religiosas anunciam ao mundo, de forma concreta, o amor que Deus tem pelos homens?

São exigências que nos plenificam e dão sentido aos nossos andamentos quotidianos, agora em tempo comum, nunca de rotina, mas de renovação!

E já agora, temos a preciosa ajuda de Maria, que nas bodas de Caná guardou no seu coração esse

 

sinal de amor, de aliança e de alegria, sempre a indicar a direção do que somos: «fazei o que Ele, Jesus, vos disser!»

E já agora acrescento, se levamos Cristo como aquele que marca radicalmente as nossas vidas, só podemos viver em comunhão. Esta semana de oração pela unidade dos cristãos recorda-nos que nem sempre é assim. Como podemos invocar o mesmo Cristo, se vivemos desavindos?

A caminhada continua. Rezemos e renovemos em nós o entusiasmo de sermos a alegria de Deus.

Manuel Barbosa

dehonianos.org

 

Este país não é para ter filhos?


Propomos ao FMI que refaça a sua pergunta para: Será que a penalização das famílias com filhos promove a redução dos nascimentos?
 

O recentemente apresentado Relatório do FMI lança a seguinte pergunta: Será que benefícios pecuniários às famílias promovem o aumento de nascimentos?

Nas considerações apresentadas são dados como exemplo a Suécia e a França afirmando-se que o impacto dos benefícios pecuniários é pequeno e de duração temporária e concluem dizendo que, se Portugal se quer envolver em políticas para aumentar a fertilidade, seria bom que se virasse noutras direções diferentes de benefícios em dinheiro para as famílias.

De referir que quer a Suécia quer a França tiveram há vários anos também um problema de fertilidade que resolveram combater energicamente e com resultados, mantendo ainda ativas muitas dessas medidas.

 

Mais do que palavras aqui ficam os dados atuais:

* Só recebem as famílias com rendimento de referência mensal abaixo de 628,83 euros e o valor varia com a idade e o escalão – os valores do exemplo são os do 1º escalão (rendimento inferior a 209,61 euros) para filhos com mais de três anos

 

 

Ecclesia nos media

 

 

 

 

 

 

 

 


 
RTP2 - 09h30

Domingo, dia 20 - Que sejam um! Experiência Ecuménica na Macedónia.

 

RTP2, 18h00
Segunda-feira, dia 21 - Entrevista a Andreia Carvalho e António Marujo: Taizé, laboratório de ecumenismo.
Terça-feira, dia 22 - Informação e rubrica sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II com o padre António Vaz Pinto
Quarta-feira, dia 23 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja com José Cordeiro

Quinta-feira, dia 24 - Informação e rubrica sobre História da Igreja com D. Manuel Clemente

Sexta-feira, dia 25 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre Robson Cruz e Juan Ambrosio

 

Antena 1

Domingo, 06h00 - Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos nas dioceses

Segunda a sexta-feira, 22h45 - Esperança dos jovens cristãos no âmbito do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos

 

Outros

RTP, Domingo, 10:00 - Transmissão da missa

TVI, Domingo, 11:00 - Transmissão da missa

RR, Domingo, 10:00 - "Dia do Senhor"; 11H00 -  Transmissão da missa;  23H30 - Ventos e Marés; segunda a sexta, 18h30 - Terço

 

Sementes de paz

 

 

 

 

Estando em plena “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos”, que decorre de 18 a 25 de Janeiro, recordar o exemplo do Padre Werenfried van Straaten, cujo centenário do nascimento se assinalou na passada quinta-feira, 17, parece quase profético.

Depois de décadas de feroz perseguição aos cristãos na antiga União Soviética, com a profanação de igrejas e templos, e a condenação de milhares de homens e mulheres a duras penas de prisão em campos de concentração – os gulags – a Igreja começou a ressuscitar desse tempo negro quando o regime comunista entrou em colapso.
Foi o Padre Werenfried um dos obreiros dessa reconstrução, abraçando o Patriarca Alexis II e cooperando com ele nessa tarefa imensa de reerguer igrejas, de abrir novos seminários, de alentar um povo sofrido e ainda cheio de medo.

 

 

 

 


O apoio prestado pela Fundação AIS foi, simultaneamente, um elemento chave para a aproximação entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Russa, fazendo mais pela unidade dos Cristãos do que todos os discursos que se pudessem pronunciar. Os barcos-capela que navegam no Volga e no Danúbio são, ainda hoje, símbolos dessa ajuda desinteressada e adjectivam o espírito de missão que sempre marcou a vida do fundador da AIS.

Aliás, um desses barcos ostenta o nome do Padre Werenfried, numa justa homenagem da Igreja Ortodoxa ao sacerdote que ficou conhecido como “o maior mendigo da história”. A “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos” decorre sob o lema “o que exige Deus de nós”. O Padre Werenfried van Straaten deu-nos o exemplo de uma vida entregue

 

 

 

totalmente ao trabalho da reconciliação, aproximando antigos inimigos, apoiando a Igreja perseguida, deixando sementes de paz em todos os cantos da terra. Deus, seguramente, exige que continuemos esta tarefa, que não se pode interromper, de sermos capazes de viver em função dos outros, especialmente quando são irmãos que sofrem, quando são perseguidos por causa da sua fé em Cristo.

 

Saiba mais em www.fundacao-ais.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   

Nós te louvamos, amado Deus, por nos teres criado em toda a nossa diversidade.

Pelo dom de nossas muitas culturas, línguas, diversas expressões de crença, costumes, tradições e etnias nós te agradecemos!

Nós te agradecemos pelas muitas tradições eclesiais que têm conservado as nossas comunidades fortes e ativas, mesmo em lugares onde elas são minoria.

Ensina-nos a celebrar as nossas diferentes identidades e tradições, de modo a forjar laços de amizade e companheirismo que nos levem a uma maior unidade.

(da celebração ecuménica para a Semana da Unidade/2013)

 

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