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Octávio Carmo D. António Marcelino (póstumo) Catarina Pereira
16 - Entrevista Nossa Senhora de Fátima
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Foto da capa: Arlindo Homem
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Opinião |
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D. António Marcelino (1930-2013)
Imagem da Capelinha no Vaticano
Novo bispo das Forças Armadas e de Segurança[ver+]
D. António Marcelino | Tony Neves |
O Papa no centro |
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Octávio Carmo, |
A globalização dos factos e depoimentos de todos os dias e a deterioração da informação tem servido para a sucessão de ‘copy paste’ de lugares comuns em relação ao pontificado do Papa Francisco, seja na contraposição ao de Bento XVI, seja nos alertas que as várias intervenções do antigo cardeal de Buenos Aires têm provocado. Por mais ultrapassados que estejam determinados quadros de pensamento, é a eles que instintivamente nos agarramos para tentar compreender aquilo que se passa diante dos nossos olhos, seja porque não conseguimos apreender a realidade na sua totalidade, seja porque já a filtramos com preconceitos. Não têm faltado, por isso, nas últimas semanas, longas e acaloradas entre «apoiantes» e «críticos» do Papa, entre não-crentes ou céticos em relação à Igreja que se «apaixonaram» pela figura de Francisco e outros não menos céticos, mas em relação ao que o bispo de Roma irá conseguir neste ministério. Não faltou mesmo quem o acusasse de ter abençoado a imigração ilegal e de ter, por isso, culpa nas mortes do recente naufrágio em Lampedusa. Obviamente, no meio continua o Papa, igual a si próprio, sempre debaixo dos holofotes da opinião pública, dada a exposição mediática inerente ao cargo que ocupa e à popularidade que tem vindo a granjear, algo que o transforma em sinónimo de
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audiências. As suas palavras e gestos apontam para mais longes, num corpo unitário que não pode nem deve ser lido apenas à luz deste ou daquele fragmento, dos famosos ‘sound bites’ que cada vez mais determinam a opinião pública. É um desafio e a comunidade católica deve assumi-lo, também como serviço à sua própria identidade, à dimensão espiritual que a estrutura e diferencia. Francisco vai estar mais perto dos portugueses, quando a imagem venerada na Capelinha das Aparições se deslocar ao Vaticano. Numa inversão dos papéis habituais, é o ícone do |
catolicismo no nosso país que visita o Papa, num momento grande significado, inserido no Ano da Fé. As palavras que se pronunciarem nesta ocasião merecem, por isso, uma escuta e releitura cuidadas, para fugir a interpretações de superfície que se limitem a duas ou três polémicas estéreis e escondam o essencial. Poderá o Papa continuar no centro das atenções, mas estou certo de que o próprio manterá o rumo que tem seguido, apresentando-se como portador de uma mensagem que não é sua nem fala sobre si, mas aponta ao sentido da vida, da relação entre as pessoas e destas com Deus. |
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“A Igreja é católica porque é universal, está espalhada por todas as partes do mundo e anuncia o Evangelho a todos os homens e todas as mulheres.” Papa Francisco, Praça de São Pedro. 9/10 |
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“Quero sublinhá-lo, até porque é um elemento que vivi muito quando era arcebispo em Buenos Aires: a importância de sair para ir ao encontro do outro, nas periferias, que são locais mas são sobretudo pessoas, situações de vida”. Papa Francisco, na Catedral de São Rufino em Assis. 4/10
“Quando falamos de internet estamos a falar de vida, não de uma ferramenta, de instrumentos, mas de um ambiente de evangelização”. Padre Antonio Spadaro, Jornadas de Comunicação Social, Fátima. 4/10
“O Evangelho, esta mensagem de salvação, tem dois destinos que estão ligados: o primeiro é suscitar a fé, e isso é a evangelização; o segundo é transformar o mundo segundo o desígnio de Deus”. Papa Francisco, Praça da Basílica de Santa Maria dos Anjos, em Assis. 4/10
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“Os bispos veem com grande preocupação o possível corte nas pensões de sobrevivência e de viuvez. A primeira coisa que esperam é que o Governo possa esclarecer convenientemente o que se vai passar e de que se trata”. Padre Manuel Morujão, porta-voz da CEP, Fátima. 8/10
“O que eu espero, com honestidade, é que até ao final do primeiro semestre do próximo ano este período de emergência que estamos a viver possa ser encerrado e nós possamos retornar a um caminho de crescimento que seja melhor do que aquele que tivemos no passado”. Pedro Passos Coelho, "O País Pergunta" na RTP, 9/10 |
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Morreu D. António Marcelino |
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D. António Marcelino, bispo emérito de Aveiro, faleceu esta quarta-feira aos 83 anos de idade, no Hospital Infante D. Pedro, da cidade, anunciou a diocese em comunicado enviado à Agência ECCLESIA. D. António Marcelino foi nomeado bispo coadjutor da Diocese de Aveiro em 1980, tendo sido bispo residencial de 20 de janeiro de 1988 a 21 de setembro de 2006, quando foi substituído por D. António Francisco dos Santos. O seu funeral vai decorrer às 15h00 de sexta-feira, na Sé de Aveiro, seguindo depois o cortejo fúnebre para o cemitério central da cidade. Natural de Castelo Branco, onde nasceu a 21 de setembro de 1930, D. António Marcelino foi ordenado padre em 1955, bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa em 1975 e coadjutor da Diocese de Aveiro em 1980, sucedendo a D. Manuel de Almeida Trindade no dia 20 de janeiro de 1988. “Julgo que melhor herança à diocese não podia eu ter deixado. Aveiro bem merece pelo desenvolvimento que tem tido um bispo com a inteligência e |
a capacidade de trabalho de D. António Marcelino”, escrevia na altura D. Manuel de Almeida Trindade no jornal 'Correio do Vouga'.
D. António Marcelino escrevia regularmente no Semanário ECCLESIA e no 'Correio do Vouga'. O tema da renovação da Igreja mereceu recorrentes reflexões por parte de D. António Marcelino, em artigos de opinião, o último dos quais publicado hoje, a título póstumo. D. António Marcelino foi vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) entre 1999 e 2005, participando no Sínodo dos Bispos sobre a Europa em 1991 e em 1999; presidiu à visita dos bispos de Portugal ao Vaticano, em 1999. Na Diocese de Aveiro, criou o Instituto de Ciências Religiosas e promoveu um Sínodo ente 1990 e 1995, entre outras iniciativas. O prelado foi presidente das comissões episcopais da CEP para as Comunicações Sociais - onde esteve na origem do programa
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«70x7» -, a Ação Social, a Família e o Apostolado dos Leigos. Em 2000, quando completou 25 anos de bispo, D. António Marcelino foi agraciado pelo então presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito, uma das mais altas condecorações do Estado.
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O falecido bispo assinou ainda os livros ‘Pedaços de vida que geram vida’ e ‘A vida também se lê’. D. António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro, escreveu uma mensagem à diocese onde destaca o percurso e a ação do falecido bispo emérito com alguém “sempre atento aos sinais dos tempos”. |
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Novo bispo das Forças Armadas
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O novo bispo das Forças Armadas e de Segurança disse hoje à Agência ECCLESIA que pretende assumir este setor com “atenção” à realidade e “discrição” na sua atuação, face às dificuldades que o país enfrenta. “A minha missão, evidentemente, não é de natureza sindical, é o anúncio da verdade em Jesus Cristo, que passa pela dimensão afetiva e sociocaritativa, isto é, a presença de quem pode dar ajuda a quem dela precisa, uma ajuda que não é meramente de ordem económica”, revelou D. Manuel Linda, de 57 anos, que o Papa nomeou esta quinta-feira como ordinário castrense em Portugal, sucedendo a D. Januário Torgal Ferreira, que resignou por limite de idade. O novo responsável pelo setor das Forças Armadas e de Segurança era bispo auxiliar da Diocese de Braga desde junho de 2009, tendo sido ordenado em setembro do mesmo ano, na Catedral de Vila Real, e vai passar a residir em Lisboa. “Procurarei estar com atenção |
e chamar a atenção de quem de direito, se o caso o justificar, mas fá-lo-ei sempre de forma muito discreta”, adianta o bispo, natural da Diocese de Lamego, quando questionado sobre os efeitos da crise económica nos profissionais do setor. O ordinário castrense foi capelão militar há três décadas e admite que a realidade hoje é “muito diferente”, apesar de essa experiência lhe permitir agora conhecer “minimamente o estilo de vida no ambiente militar”. O prelado destaca que vai ter a missão “exclusiva” de liderar o Ordinariato Castrense. “A Santa Sé quer valorizar a função de ordinário castrense, em pé de igualdade com os bispos diocesanos”, sublinha. |
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Portugal vai ter novo beato
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O religioso português Mário Félix, da Congregação das Escolas Cristãs, vai ser declaro beato este domingo, em Espanha, numa cerimónia conjunta para a beatificação de 522 mártires da Guerra Civil (1936-1939). Manuel José de Sousa nasceu em Santa Marta de Bouro, a 27 de dezembro de 1860, tendo sido fuzilado em Griñon, após 48 anos de vida religiosa, na qual assumiu o nome de Mário Félix. |
Pelas 13h00 de 28 de julho de 1936 “centenas de revolucionários invadiram o convento onde restavam poucos religiosos e os jovens noviços”, recorda a página da arquidiocese. D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, dirigiu uma mensagem à diocese na qual assinala que a beatificação do irmão Mário Félix “é mais uma graça que não pode ser desconhecida ou desconsiderada”. |
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Ensino público com escola estatal,
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D. António Marcelino (O texto do bispo emérito foi escrito propositadamente para esta edição e é publicado a título póstumo)
Nota da redação: D. António Marcelino sempre colaborou, com enorme disponibilidade, com a Agência ECCLESIA. Agradecemos-lhe muito e prometemos levar por diante o desafio que sempre nos colocou: promover o diálogo e o debate de ideias. |
Cada dia, em alguns aspetos, a democracia vem ameaçando virar ditadura. Em relação a um problema nacional importante, finalmente há coragem para romper o muro do sectarismo e dos interesses partidários e corporativos, para que a democracia se afirme. O problema não é novo. Com vários resistentes, a luta pelo ensino público nas escolas privadas, trava-se há mais de quarenta anos. O dever do Estado social não é ser Estado providência e, no caso, não é criar escolas próprias, desconhecendo as existentes, mas garantir que todos os cidadãos tenham, progressivamente, em regime de liberdade e em clima de proposta qualificada um ensino público de qualidade, acessível a todos. O Estado deve garantir a todos os pais este ensino, seja ele ministrado em escolas estatais ou privadas e cooperativas. A nomenclatura constitucional não respeita neste ponto a democracia. Os pais pagam os seus impostos, mas têm-lhes sido negado este direito. Em contradição com países evoluídos da UE, espalhou-se a ideia de que o ensino privado é elitista e para os ricos. Só a escola estatal, diz-se, é para os pobres e nela se garante, sem discriminações, o ensino para todos. A história desmente por completo este preconceito em relação a escolas com |
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contrato de associação. É destas que falo. Os Estados socialistas, extremos ou moderados, à revelia do direito constitucional de ensinar e de aprender, acorrentam a liberdade a projetos ideológicos, fazendo do Estado o dono e patrão das crianças e dos jovens. Não se chegou a exportá-las. Outros o fizeram. Foi sempre este o rumo dos governos totalitários e dos que o desejam ser. A escola privada, situada durante décadas no meio do povo, foi destruída pelo furor vândalo do PREC, incapaz de respeitar o
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mesmo povo, a sua história e cultura, a iniciativa privada, a entrega à causa de quem levava, generosamente, o saber escolar ao povo, esquecido e abandonado no interior do país. Sou testemunha viva de casos escandalosos de destruição e asfixia programada de projetos sérios e apaixonantes a favor do povo, para gente que se não assim, não iria além da instrução primária. Sem escolas do Estado, depressa surgiu a necessidade de recorrer às escolas privadas que ainda restavam. Fizeram-se contratos |
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de associação com exigências normais de escolas para todos. Porém, o bichinho estatizante permaneceu. A medida era um mal menor e os contratos só tinham razão de ser, dizia-se onde as escolas estatais ainda não atingiam toda a população escolar. O ensino privado era apenas supletivo. Para estrangular o que restava acelerou-se a construção escolas estatais em todo o lado. Esbanjou-se o modesto erário, edificando edifícios novos onde havia escolas privadas com ótimas instalações, com prestígio, bem apetrechadas, a funcionar em pleno, cada ano desde a abertura das aulas. Como se não chegasse, reduziram-se turmas a estas escolas e diminuiu-se, arbitrariamente, o contributo por turma, à revelia do acordo feito. Parecia urgente inviabilizar o seu normal funcionamento. As zonas escolares eram sempre favoráveis às escolas estatais, em detrimento das outras que existiam no território. O rumo para o socialismo, desprezou a liberdade constitucional. O espirito democrático foi |
abafado. Esqueceu-se a sociedade civil com suas capacidades e legitimas iniciativas. Marcou-se, a prazo, o termo das escolas com acordos de associação… Em momentos de pronúncia festiva, os governantes, porém, louvavam as escolas privadas. As suas associações representativas nunca se calaram na defesa dos direitos dos pais e dos alunos. Mas eram interlocutores menores… É dever do Estado garantir, por meios adequados e justos, todo o ensino público, qualquer que seja a escola que o ministre. Compete estabelecer regras de justiça que garantam a seriedade, tanto do ensino público, estatal ou privado, dos responsáveis da escola, de quem aí é professor educador. É preciso deixar espaço à legítima concorrência dos projetos educativos e dos meios pedagógicos, à capacidade de inovação, à exigente apresentação de contas dos dinheiros investidos, qualquer que seja a natureza da escola. Por defesa da escola estatal e por pressões corporativas dos partidos políticos ou dos sindicatos de professores, o país não pode passar |
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ao lado de negações democráticas e de injustiças discriminatórias. As medidas anunciadas pelo Ministro da Educação já começaram a ser contestadas por críticos e políticos, partidos e sindicatos, e por entrevistas manipuladas nos media. Tudo |
com preconceitos e ideias feitas à base de slogans bafientos. Era inevitável. Do seu dever democrático, neste e noutros campos, um governo responsável não pode desistir, nem ter medo de avançar, pese embora aos habituais críticos de pensar unidimensional. |
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Final das jornadas da comunicação social
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Catarina Pereira Agência ECCLESIA |
As jornadas da comunicação social, tão divulgadas durante os últimos dias, tiveram finalmente o seu término e, sem dúvida, que corresponderam às expectativas dos profissionais envolvidos na sua organização. Numa altura em que tanto se utiliza as novas tecnologias mas tão pouco se pensa sobre elas, é empolgante ver dezenas de pessoas em volta de colóquios que discutiam o espaço digital e a sua utilidade na Igreja e na sociedade. Pessoalmente foi a primeira participação nas jornadas da comunicação social e digo, com agrado, que não esperava ver tantas pessoas com interesse e ânimo a questionar e a esmiuçar um tema que, à partida, é uma ferramenta que incita à “preguiça” intelectual. Talvez este tipo de conferências e debates sejam o primeiro passo para um avanço real na boa utilização do ambiente digital por parte dos meios de comunicação social, que tantas vezes privilegiam a quantidade e a rapidez em detrimento da qualidade das notícias que publicam. Como não poderia deixar de ser, o Papa Francisco esteve também em destaque nas jornadas e a presença do diretor da revista “La Civiltá Católica”, o padre António Spadaro, foi uma oportunidade única para serem colocadas questões sobre o tão popular Papa Francisco que tem enchido páginas |
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infindas de jornais com as suas tão “polémicas” orientações e atitudes. Assim dou o mote para o segundo tema e que se prende com mais um corte nas pensões, desta vez de sobrevivência, anunciado esta semana pelo Primeiro-ministro. Talvez a quantidade exorbitante de notícias sobre o Papa Francisco seja eficaz a camuflar outras notícias menos positivas, mas sempre que a palavra “corte” aparece em manchete de algum jornal a atenção dos portugueses é imediatamente captada. Talvez porque a repetição sucessiva da palavra “corte” seja sinónimo de um aumento fulminante nas filas das associações de caridade, que nesta altura não devem ter meios para conseguir chegar a todas as necessidades. E enquanto as famílias tentam |
encontrar formas de pagar a renda do próximo mês, o Primeiro-ministro ilude os portugueses com a ideia de uma democracia próxima do povo ao concordar ser questionado, em direto, por 20 cidadãos (bem) selecionados para o efeito. Num discurso bem construído mas onde não apresentou nada de novo, Passos Coelho justificou e defendeu o indefensável perante milhares de espectadores que já dão o caso como “perdido”. O melhor é que as sobrelotadas associações de solidariedade, sejam elas ligadas ou não à Igreja, comecem a pensar em alternativas de auxílio como sendo a única solução viável de quem é sucessivamente desiludido por aqueles que, supostamente, deviam “tomar conta de nós”. |
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Viagem inédita reforça ligaçãode Fátima ao papado |
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O bispo da Diocese Leiria-Fátima, afirma que a viagem ao Vaticano da imagem venerada na Capelinha das Aparições vai reforçar a ligação do papado à mensagem de Fátima e a dimensão mundial do santuário. Segundo D. António Marto esta escolha é “uma homenagem” e um “motivo de alegria e de honra” que se deve facto de Nossa Senhora de Fátima ser “um ícone representativo para todo o mundo cristão”.
Agência ECCLESIA (AE) – Que significado tem esta terceira viagem da imagem ao Vaticano, colocando Nossa Senhora de Fátima no centro desta jornada mariana? D. António Marto (AM) - Em primeiro lugar foi uma surpresa, foi um telefonema que recebi de Roma, da parte do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, monsenhor Rino Fisichella, em meados de janeiro de 2013, a fazer o pedido em nome do Santo Padre, Bento XVI, na altura, para permitirmos a deslocação da imagem até Roma, neste dia 13 de outubro. A primeira reação |
foi dizermos: “Bom, mas nós também temos a peregrinação internacional nessa altura”. Depois D. Rino Fisichella disse: “Foi o Santo Padre que pediu” e diante disso, respondi que ao Santo Padre nunca se diz que não. Entretanto o Santo Padre pediu a resignação e depois em Maio veio uma carta a confirmar que o Papa Francisco também manifestava o mesmo desejo. A ida insere-se no Ano da Fé: foi organizada uma grande peregrinação de todos os movimentos marianos a Roma e para surpresa nossa foi então escolhida a imagem original de Nossa Senhora de Fátima, porque segundo as palavras mais ou menos textuais “é o ícone mais representativo para todo o mundo cristão”. Isso para nós é motivo de alegria e até de honra. |
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AM - Em primeiro lugar pois é uma homenagem, uma presença de Nossa Senhora como ícone da fé, aquela que é a testemunha por excelência e o modelo por excelência da fé. Depois é a imagem de Nossa Senhora de Fátima que veio aqui, trazendo uma mensagem do céu à terra, num momento histórico da humanidade em que corria o risco de uma autodestruição e a Igreja também corria o risco do aniquilamento por parte da perseguição de poderes ou das potencias ateias. Nossa Senhora veio despertar a fé do mundo e a fé da igreja nestes novos tempos e agora no início do novo milénio, o ano da fé, foi também para chamar os cristãos a redescobrir a beleza, a alegria e o entusiasmo e a coragem. |
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AE - A consagração ao mundo, que já foi feita por João Paulo II, poderia ser feita por outra imagem, não faltam ícones marianos no Vaticano… AM - Sim, naturalmente, e isso acentua exatamente a ligação à Mensagem de Fátima e a Fátima. O Santuário existe por causa da mensagem, para a difundir e por conseguinte também para a atualidade da mensagem. E um dos atos significativos, depois da Jornada Mariana, é a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria, que já foi feita pelo Papa Pio XII, por Paulo VI, depois por João Paulo II e agora é repetida mais uma vez no início do milénio, para confiar o mundo neste momento de escuridão e de ameaças de guerras, como acabamos ainda de presenciar, são guerras regionais mas que envolvem hoje praticamente o mundo. Depois, confiar o mundo a Maria, à sua proteção materna, englobando, isto é, envolvendo toda a Igreja, todos os cristãos, sobretudo, quer dizer, que todos se sintam unidos neste empenhamento, quer através da oração para os levar também à ação na causa da paz, portanto, não é uma fuga à realidade. |
Nossa Senhora também nos quer envolver nesta causa da paz a todos.
AE - O mundo ainda está a tentar perceber que ligação tem o Papa Francisco ao Santuário de Fátima e a Maria. AM - A devoção mariana do Papa Francisco é conhecida e foi dada a ver a toda a gente, quer logo no início do pontificado, quando foi no dia seguinte tomar posse do seu ministério foi à Basílica de Santa Maria Maior, foi confiar o ministério a Nossa Senhora, e depois no Brasil, no Santuário de Aparecida. Mas o interessante é que o Santo Padre também se referiu a Fátima num dos Angelus. Esperemos que um dia o possamos receber aqui também no Santuário, quanto mais não seja sobretudo nessa data, em 13 de maio de 2017, no centenário das aparições. |
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AE - A vinda do Secretário de Estado, D. Tarcisio Bertone, para presidir às celebrações de 12 e 13 de outubro, no Santuário de Fátima, assume também uma importância especial? AM - Sim, nós quisemos fazer desta última peregrinação aniversaria internacional como que o cume da celebração do Ano da Fé e quisemos também manifestar a nossa comunhão particular e especial com o Santo Padre nesse momento em que a imagem está em Roma, também num momento em que faz a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Tivemos a felicidade de poder contar com a presença do cardeal secretário de Estado, que vem realçar esta comunhão e esta sintonia do Santo Padre com o Santuário.
AE – O cardeal Bertone também tem uma ligação a Fátima, teve ligação à irmã Lúcia, o que é que isso pode significar? AM - Sim, ele deve ser das pessoas que tem mais |
proximidade e conhece mais por dentro a Mensagem de Fátima e todas estas vicissitudes que a foram acompanhando sobretudo a partir do pontificado de João Paulo II, foi o enviado especial do Papa João Paulo II para dialogar com a Irmã lúcia acerca da interpretação da 3ª parte do segredo, acerca da consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria. O cardeal secretário de Estado escreveu um livro muito lindo sobre a última vidente, que também foi traduzido para português, que se lê com todo o gosto; mesmo agora, em relação à celebração do centenário acerca de iniciativas que ainda vamos tomar, manifestou sempre toda a abertura e toda a disponibilidade para nos ajudar. Nesse sentido, é também uma gratidão para nós em relação à sua pessoa por tudo o que tem feito por Fátima.
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AE - podemos esperar um anúncio de beatificação ou canonização com a sua vinda, dada a proximidade com a mensagem e a Irmã lúcia? AM - Para já não. Nós não podemos ultrapassar os acontecimentos, quer dizer que é preciso seguir todos os passos. O processo está a andar, refiro-me a um processo de canonização dos pastorinhos – o processo de beatificação da Irmã Lúcia decorre pela diocese de coimbra onde viveu e morreu, está a andar mas com um ritmo próprio, não podemos apressar só porque vem cá o cardeal. |
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AE - De alguma forma, o cardeal encerra as suas funções no santuário, uma vez que dias depois vai ser substituído no cargo. Tem um significado importante, vir a Fátima? AM - Sem dúvida, ele vem na qualidade de secretário do Santo Padre, podia até já ter resignado e vinha como ex-secretário de Estado. Aqui tem maior peso, significado e maior alcance, quer a vinda dele, quer a coincidência da sua vinda com a ida da imagem a Roma, isso manifesta e põe em relevo a dimensão mundial da mensagem e a dimensão mundial do Santuário de Fátima, é uma graça e uma honra para Fátima.
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AE – É isso que estará no centro nos dias 12 e 13? AM - Sim mas enquadrada portanto agora dentro do Ano da Fé e desse gesto da consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria.
AE - De que forma as pessoas daqui se vão unir ao Vaticano nesses dias? AM - Não vamos fazer nada de especial, mas colocamos essa intenção e já demos a sugestão naturalmente para o cardeal também se referir a isso numa das suas homilias.
AE – A mudança do secretário de Estado é uma das que o Papa está a iniciar dentro do Vaticano. Poderá esta ida da imagem ser de alguma forma inspiradora para essas mudanças? AM - Pode ter sido inspiradora já para João Paulo II, naquele exame de consciência e no pedido do perdão dos pecados da Igreja no ano 2000, no ano da redenção. Eu penso que a Mensagem de Fátima foi um grande convite à Igreja a fazer um exame de consciência e também a penitência. |
É possível que tenha inspirado também o Bento XVI quando aqui esteve numa altura difícil da Igreja e aplicou a Mensagem de Fátima o na viagem de avião desde Roma, ao afirmar que o grande inimigo da Igreja não são os de fora, mas o pecado que está dentro da Igreja e possivelmente pode ter inspirado também para tomar aquela atitude de dar o lugar a outro (renúncia), dizia ele para o bem da Igreja. |
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De avião e helicóptero até ao Vaticano |
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A imagem de Nossa Senhora de Fátima venerada na Capelinha das Aparições vai estar no Vaticano este sábado e domingo, após uma viagem de avião e helicóptero desde Portugal. Marco Daniel, diretor do Museu do Santuário de Fátima e responsável pela secção de Arte e Património da instituição, referiu à Agência ECCLESIA que a estátua ficará fora do país “o mínimo de horas” possível, segundo indicações do reitor do santuário. A viagem da imagem vai iniciar-se “na madrugada” deste sábado, na Cova da Iria: depois de uma “brevíssima oração”, a imagem original será “retirada pelos técnicos do santuário” e colocada no seu “estojo próprio”. “A coroa irá numa embalagem própria e a estátua noutra”, adianta Marco Daniel. A estátua de José Ferreira Thedim viaja até Roma num voo da TAP, porque o reitor do Santuário “não achou conveniente que fosse um avião propositadamente” para o efeito. “A viagem será feita no lugar dos passageiros”, revelou ainda Marco Daniel. |
A comitiva que leva a imagem Nossa Senhora do Rosário de Fátima “é pequena”, incluindo o reitor, padre Carlos Cabecinhas, alguns dos seus colaboradores e os técnicos que vão transportar a imagem para lugares onde será colocada à veneração dos fiéis, quer no Vaticano quer no Santuário do Divino Amor (Roma).
Do aeroporto romano até ao Vaticano, a imagem “viaja de helicóptero” e terá “toda a segurança” garantida pela Santa Sé. Entre sábado e domingo, a Praça de São Pedro será “o lugar de todas as nações” e a imagem de Fátima “vai percorrer” o local para ser venerada pelos fiéis que participem na Jornada Mariana do Ano da Fé, presidida pelo Papa. A imagem de Nossa Senhora de Fátima vai estar também no Santuário do Divino Amor, após um trajeto em helicóptero, para a oração ‘Com Maria para além da noite’. A imagem ficará em vigília toda a noite e por volta das cinco da madrugada vai ser celebrada uma missa; finda a celebração, a |
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escultura sairá, novamente, para o Vaticano, onde deve chegar pelas 08h00 de Roma, seguindo-se a oração do Rosário (10h00) e a missa presidida pelo Papa Francisco (10h30). Após a celebração, “está previsto” que a imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima “percorra a Praça de São Pedro”, disse Marco Daniel Depois da jornada mariana, a |
escultura seguirá do heliporto do Vaticano até ao aeroporto de Roma. Após a chegada a Lisboa, na noite de domingo, a imagem volta ao seu local habitual, a Capelinha das Aparições, e só nessa altura o “coração” do responsável “ficará tranquilo” porque está em causa “um dos ícones mas importantes do catolicismo contemporâneo”. |
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Servita recorda ida da imagem
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Francisco Noronha de Andrade, da Associação dos Servitas, acompanhou a segunda viagem da imagem de Nossa Senhora, da Capelinha das Aparições, ao Vaticano, e testemunha o “último acontecimento do Jubileu do ano 2000”. “Nós subimos até aos aposentos do Papa e estava à nossa espera um pequeno grupo de pessoas com um andor para levar a Nossa Senhora de Fátima para a capela. Eu tirei a imagem do estojo branco, com a coroa ao lado, e começámos a pô-la no andor pequeno, que tem de ser presa com um parafusos como acontece em Fátima, e não resultou. Havia um problema, lembro-me que fiquei nervoso, e alguém diz que o Papa está à espera”, revelou Francisco Noronha de Andrade. Depois, dois membros do Vaticano pegaram na escultura, formaram uma pequena procissão, e entraram na capela onde estava o Papa João Paulo II. |
Os dois elementos da Associação dos Servitas de Nossa Senhora ficaram “ligeiramente” para trás, a arrumar os estojos, e a Guarda Suíça não os deixou entrar: “Ainda refilei e disse que fazíamos parte da comitiva. Um padre que ficou ao nosso lado e percebeu a história toda diz ‘sacrifício da Madonna (Nossa Senhora), aceita’”. Na véspera da cerimónia de consagração do mundo, na Praça de São Pedro, enquanto rezavam o terço os ecrãs começam a transmitir de Portugal e “o último mistério foi rezado e conduzido pela irmã Lúcia, uma coisa fantástica”, recorda. Nesta viagem, no ano 2000, Francisco Noronha de Andrade teve como companheiros de viagem D. Serafim Ferreira e Silva, monsenhor Luciano Guerra, na época respetivamente bispo de Leiria-Fátima e reitor do Santuário da Cova da Iria, e João Castro, também servita.
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Da viagem de avião para Roma, a imagem de Nossa Senhora de Fátima e a coroa não foram para o porão e o interlocutor assinala um “pormenor engraçado” de que não se esquece: “D. Serafim abriu um bocadinho o estojo e rezamos no avião com 200 pessoas, todos a rezar uma ave-maria, foi um silêncio, um sucesso, a equipa toda do avião a aceitar isso e o comandante também veio ter connosco”. |
Passados 13 anos, Francisco Noronha de Andrade revela que nunca sentiu o peso da responsabilidade, mas “um prazer e uma graça imensa” pelo que estava a acontecer.
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Primeira viagem da imagem
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Rui Correia de Oliveira, servita de Fátima, acompanhou em 1984 a primeira viagem ao Vaticano da imagem de Nossa Senhora, venerada na Capelinha das Aparições, numa iniciativa do falecido Papa João Paulo II. “O andor de Nossa Senhora foi colocado no altar da confissão, isto é, exatamente na vertical do túmulo de São Pedro e, enquanto o Papa João Paulo II se desparamentava, fiquei a olhar para o altar, a muitos metros de distância, e via a imagem, pequenina e branca”, começa por explicar Rui Correia de Oliveira, diretor bancário, que só depois deste primeiro impacto é que percebeu “o mistério e a grandeza” do convite para esta consagração. O segundo momento, em que o antigo servita percebeu que estava a presenciar um momento histórico da Igreja, foi quando João Paulo II, nessa tarde do dia a 25 de março de 1984, se despediu de Nossa Senhora, “numa conversa em discurso direto”. |
“O Papa colocou-se ao lado da imagem e disse, ‘Maria, Senhora, eu estou aqui para te agradecer teres estado comigo estes dias e o tempo que estive em oração contigo’”, assinala à ECCLESIA, destacando que estas palavras foram “carregadas de verdade, de sentido e proximidade”. No planeamento da viagem os servitas depararam-se com o facto de não terem como acomodar a escultura para transportá-la com dignidade, pelo que nessa altura foi confecionado um estojo “de excelente qualidade, em pele, muito bonito”. Durante a viagem, a obra viajou junto dos servitas e dos restantes passageiros, uma peregrinação que também se “deslocava a Roma” para participar na consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria: “Quando se soube houve algum alvoroço e todas as pessoas se levantavam e discretamente passavam perto da imagem”. Os servitas para tocarem na escultura usam luvas
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brancas e o interlocutor explica que aconselham que ninguém mais o faça, até porque “não é preciso tocar para se ter devoção”. Na memória de Rui Correia de Oliveira continuam as imagens dos gestos de João Paulo II, e não o esquece a chorar, em silêncio, comovido, com o lenço branco a dizer adeus à Nossa Senhora, a maneira como beijou a imagem ou como pôs as mãos: “O Papa nisso era totalmente afetivo, portanto dava beijos, fazia festinhas à imagem, tudo aquilo que nós achamos que não era |
necessário. O Papa não tinha esse tipo de problema”. Para o diretor bancário esta demonstração de afeto revela “intimidade” e uma “relação maternal que era verdade” porque o Papa “desde sempre adotou a Nossa Senhora como a segunda mãe. Não era uma imagem de retórica, era uma imagem vivencial e ali era muito evidente”. “Olhar para ele foi sempre um consolo para mim”, assinala Rui Correia de Oliveira. |
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Imagem deixou Fátima em 11 ocasiões |
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A imagem da Virgem de Fátima venerada na Capelinha das Aparições vai viajar até ao Vaticano para uma celebração de consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, a pedido do Papa Bento XVI, agora emérito, confirmado por Francisco. Esta será a primeira vez que a imagem vai estar ausente da Cova da Iria (Distrito de Santarém, Diocese de Leiria-Fátima) durante uma peregrinação internacional aniversária, celebradas nos dias 13 de cada mês entre maio e outubro, evocando as seis aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos em 1917. A consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria foi realizada por João Paulo II (1920-2005), diante da mesma imagem, a 25 de março de 1984, na Praça de São Pedro, Vaticano. O Papa polaco, que visitou Fátima em três ocasiões (1982, 1991, 2000), proferiu então diante da imagem da Virgem o ‘ato de consagração’ que já tinha feito na Cova da Iria, a 13 de maio de 1982.
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“A força desta consagração permanece por todos os tempos e abrange todos os homens, os povos e as nações”, disse João Paulo II, que entregou a D. Alberto Cosme do Amaral, bispo de Leiria-Fátima (falecido a 7 de outubro de 2005) a bala que o tinha atingido no atentado de que tinha sido vítima a 13 de maio de 1981. Pio XII tinha realizado a consagração do mundo ao coração Imaculado de Maria em 1942 e 1952, tendo como pano de fundo o sofrimento provocado pela II Guerra Mundial. A imagem da Capelinha das Aparições voltaria ao Vaticano a 8 de outubro do ano 2000, quando João Paulo II decidiu consagrar o novo milénio à Virgem Maria, na presença de 1500 bispos de todo o mundo. A imagem apenas deixa a Capelinha das Aparições em situações consideradas “muito especiais”, segundo explicou o reitor do Santuário, e esta será a 12ª ocasião em que tal acontece. Além das duas viagens ao Vaticano, a escultura |
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esteve em Lisboa (1942 e 2005), Estremadura e Ribatejo (1946), Alentejo e Algarve com passagens por Espanha (outubro de 1947 a janeiro de 1948), Madrid e outras localidades de Espanha (22 de maio e 2 de junho de 1948), Diocese de Leiria (1951 e 2010), Santuário de Cristo Rei e Lisboa (1959 e 2009).
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No comentário teológico ao ‘segredo de Fátima’, o então cardeal Joseph Ratzinger, hoje o Papa emérito de Bento XVI, apresentava como “palavra-chave” para a mensagem transmitida aos pastorinhos a frase ‘O meu Imaculado Coração triunfará’. |
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Marca eclesiológica distingue revelações
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A postuladora da Causa de Canonização dos Pastorinhos de Fátima considera que é “muito significativo” que o Papa tenha escolhido a imagem da Capelinha das Aparições para ser o “ícone de Maria” e confirma a sua ligação à Igreja. “Há uma diferença substancial na mensagem: enquanto outras aparições se remetem para aspetos particulares, Fátima abarca muitos temas da nossa espiritualidade, da nossa Igreja e da nossa teologia”, considera a irmã Ângela Coelho. A postuladora da Causa de Canonização dos Pastorinhos referiu à Agência ECCLESIA que na terceira parte do Segredo de Fátima fala-se num “bispo vestido de branco”, o Papa, que agora pede para que a imagem das aparições na Cova da Iria seja o “ícone de Maria” presente na Jornada Mariana, em Roma. “Na terceira parte do segredo, os pastorinhos vêm o bispo vestido de branco. E é agora e o bispo |
vestido de branco que pede que lá vá a imagem de Nossa Senhora. E os pastorinhos são levados a amar a Igreja, a sacrificar-se a rezar por ela”, afirmou. “É esta ligação de Fátima com a Igreja, que está presente na mensagem e é diferente de outras aparições, que vemos traduzida nesta Jornada Mariana, no Ano da Fé”, disse a irmã Ângela à agência ECCLESIA. A postuladora da Causa de Canonização dos Pastorinhos de Fátima considera também que a mensagem deixada na Cova da Iria, em 1917, "abarca um grande período da História”, fala “para o século XX” e “também para o século XXII”. A irmã Ângela Coelho considera que Fátima, mais do que um lugar, “é uma mensagem que diz respeito ao mundo” e propõe uma “atualização do Evangelho”. Para a postuladora da Causa de Canonização dos Pastorinhos, Fátima “fica diferente” com esta deslocação da imagem |
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da Capelinha das Aparições ao Vaticano, reafirmando-se os atributos de ser “o coração espiritual de Portugal” e um “cenáculo” para a Igreja Católica. A irmã Ângela Coelho recordou que Bento XVI chamou a Fátima “o coração espiritual de Portugal”, que com esta ida da imagem a Roma se transforma em coração espiritual do mundo. “O facto do Papa, de novo e pela |
terceira vez, ter pedido que esta imagem vá ao centro da Cristandade que é o Vaticano e em volta dela se reze, significa que de novo a Igreja vai ao cenáculo buscar as forças que lhe deram deu origem para continuar a caminhar”, referiu. As declarações da irmã Ângela são emitidas no programa Ecclesia (RTP2, às 18h00) do dia 14 de outubro. |
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Papa vai receber imagem no Vaticano |
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O Papa Francisco vai receber “solenemente” este sábado no Vaticano a imagem original de Nossa Senhora de Fátima, venerada na Capelinha das Aparições, numa cerimónia marcada para as 17h00 (menos uma em Lisboa). A oração, na Praça de São Pedro, acontece na “Jornada Mariana promovido no contexto das celebrações do Ano da Fé”, adianta a Santa Sé, em comunicado. O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice destaca o facto desta imagem ter incrustada na coroa a bala que feriu João Paulo II no atentado de 13 de maio de 1981, no Vaticano. A inédita deslocação da imagem de Nossa Senhora de Fátima, que pela primeira vez vai estar fora da Cova da Iria numa peregrinação internacional aniversária (entre maio e outubro), foi um pedido expresso de Bento XVI, Papa emérito, repetido por Francisco. Após o acolhimento, na Praça de São Pedro, vai ter lugar uma “catequese mariana”, segundo o programa divulgado pela Santa Sé. |
A partir das 19h00 locais, a imagem de Nossa Senhora de Fátima vai estar no Santuário do Divino Amor, após um trajeto em helicóptero, para a oração ‘Com Maria para além da noite’, evento organizado pelo Vicariato de Roma e patrocinado pelo Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização. A iniciativa inclui a recitação da oração do Rosário “em união com os santuários marianos espalhados pelo mundo”, e uma vigília a partir das 22h00. O Santuário do Divino Amor, cerca de 20 quilómetros a sul do Vaticano, ganhou expressão como polo de peregrinação no século XVIII e a imagem de Nossa Senhora ali venerada recebeu o título de “Salvadora de Roma" em 1944, por decisão de Pio XII, durante a II Guerra Mundial. No dia 13 de outubro, a imagem da Senhora de Fátima vai chegar à Praça de São Pedro pelas 08h00 de Roma, seguindo-se a oração do Rosário (10h00) e a missa presidida pelo Papa Francisco (10h30). |
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A jornada inclui uma celebração de consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria. Francisco vai repetir um gesto realizado por João Paulo II (1920-2005), diante da mesma imagem, a 25 de março de 1984, na Praça de São Pedro, Vaticano. |
A Jornada Mariana é um dos eventos pontifícios previstos no calendário de celebração do Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013) e vai congregar em Roma centenas de movimentos e instituições.
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Digital é ambiente da evangelização |
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O padre Antonio Spadaro, diretor da revista ‘Civiltà Cattolica’, foi o convidado do dia final das jornadas nacionais de Comunicações Sociais em Fátima, onde afirmou que a internet “não é um instrumento, mas um ambiente de evangelização” que desafia o modo de “pensar a fé”. “Quando falamos de internet estamos a falar de vida, não de uma ferramenta, de instrumentos, mas de um ambiente de evangelização”, disse o sacerdote jesuíta. Para Antonio Spadaro, a tecnologia “não é um conjunto de objetos modernos”, mas um ambiente de vida. “Vemos a técnica como destrutiva, capaz de ser potencialmente destrutiva”, afirmou, sublinhando que “o campo para compreender a tecnologia é a teologia espiritual”. “Ocupar-me de tecnologia, de teologia, de poesia e do Papa é tudo a mesma coisa”, disse o diretor da ‘Civiltà Cattolica’, autor da primeira grande entrevista a Francisco, publicada nas revistas dos Jesuítas. Numa conferência sobre ‘Ciberteologia: pensar o |
cristianismo no tempo da rede’, o padre Antonio Spadaro afirmou que não devemos falar em “meios de comunicação”, mas em “ambiente comunicativo”, onde é necessário comunicar a vida de forma “natural, não artefata”. Para Antonio Spadaro, o ambiente de comunicação em rede coloca questões novas à pastoral da Igreja e à comunicação do Evangelho, que já não acontece “ad gentes” [para os povos], mas “inter gentes” [entre as pessoas], sendo diferente a forma de “procurar Deus” hoje quando todas as interrogações encontram resposta nos “motores de busca”. “O que significa procurar Deus no tempo dos motores de busca?”, interrogou Spadaro referindo que o homem hoje “não é um radar”, mas um descodificador de mensagens. “O importante hoje não é procurar algum conteúdo, mas estar em condições de o poder receber”, afirmou. O Padre Antonio Spadaro sublinhou que é neste ambiente que é necessário anunciar, fazer “a comunicação do Evangelho”, não de forma “abstrata”, mas na “partilha da vida no universo |
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da rede”, onde o virtual e o real se encontram. “O espaço digital não é uma outra coisa, não é um ambiente paralelo. Não há a minha vida física e a minha vida digital. Por isso, não há uma diocese física e uma diocese digital”, insistiu. ‘Comunicar no ambiente digital’ foi o tema em debate nas jornadas
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organizadas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais
Ler Mais: |
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O despojamento de Francisco |
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O Papa visitou pela primeira vez a cidade italiana de Assis no dia da festa litúrgica de São Francisco (4 de outubro), o santo que o inspirou na escolha do nome para o pontificado, e dissea Igreja deve “despojar-se” e combater a “idolatria” da “mundanidade” que a pode desfigurar, evocando as pessoas marginalizadas por um “mundo selvagem”. “(A Igreja) deve despojar-se hoje de um perigo gravíssimo, que ameaça cada pessoa na Igreja, todos: o perigo da mundanidade. O cristão não pode conviver com o espírito do mundo”, alertou, na chamada ‘sala do despojamento’ de São Francisco, local em que o santo de Assis se despojou de todas as suas posses, há oito séculos. “Não importa se há crianças a morrer de fome, não importa se tantas famílias não têm o que comer, não têm a dignidade de levar pão para casa; não importa se tanta gente tem de fugir da escravidão, da fome e fugir”, lamentou. O Papa deixou de lado o discurso que tinha preparado e comentou |
as notícias e "fantasias" dos jornalistas que dias antes davam conta da sua intenção de “despojar a Igreja” em Assis, dando como exemplo "as roupas dos bispos, dos cardeais” e de si próprio. “Esta é uma boa ocasião para convidar a Igreja a despojar-se, mas a Igreja somos todos, todos: desde o primeiro batizado, todos somos Igreja”, declarou. Francisco disse depois que a Igreja Católica deve estar nas periferias geográficas e espirituais da humanidade, em particular junto das realidades “efetivamente marginalizadas, desprezadas”. Nesse sentido, destacou que a atenção deve estender-se às pessoas que “talvez estejam fisicamente próximas do ‘centro’ mas que espiritualmente estão longe”. O Papa encerrou a sua viagem com um apelo ao compromisso dos católicos na transformação da sociedade, a partir da sua fé, convidando os jovens a assumirem “compromissos definitivos”.“O Evangelho, esta mensagem de salvação, tem dois destinos que estão ligados: o primeiro é suscitar a fé, e isso |
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é a evangelização; o segundo é transformar o mundo segundo o desígnio de Deus”, declarou, perante milhares de pessoas reunidas na Praça da Basílica de Santa Maria dos Anjos. A viagem de mais de 11 horas a Assis conclui-se com uma visita
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privada ao Santuário de Rivotorto e ao "casebre" de São Francisco. O Papa encontrou-se com portadores de deficiência, pobres, religiosos e responsáveis eclesiais da região, deixando apelos à paz, ao respeito pela natureza e atenção aos mais necessitados. |
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Vaticano tem nova lei financeira |
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O Estado da Cidade do Vaticano anunciou esta quarta-feira a adoção de uma nova lei (XVIII) com normas relativas à “transparência, vigilância e informações” financeiras, que assume as orientações dos Papas Francisco e Bento XVI contra “atividades ilegais”. “A Lei n.º XVIII reforça o atual sistema interno de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento de terrorismo, em linha com os parâmetros internacionais, em particular com as recomendações do Grupo de Ação Financeira (GAFI)” e a União Europeia, assinala um comunicado divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé. O novo quadro jurídico “consolida a disciplina existente” nas áreas da prevenção e combate ao branqueamento de capitais, destaca a Santa Sé, bem como de “vigilância e regulamentação dos entes que desenvolvem profissionalmente uma atividade de natureza financeira”. A legislação agora em vigor obriga à declaração de transporte “transfronteiriço” de dinheiro vivo, |
num valor igual ou superior a 10 mil euros, e promove uma maior colaboração e troca de informações por parte da Autoridade de Informação Financeira (AIF) do Vaticano a nível “interno e internacional”. A Santa Sé fala num “passo importante na direção da transparência e vigilância das atividades de natureza financeira” e num “contributo para a estabilidade e integridade do setor a nível global”. D. Dominique Mamberti, secretário do Vaticano para as relações com os Estados, assina um “artigo explicativo” da nova lei, segundo o qual é possível “olhar com satisfação” para o trabalho desenvolvido nesta matéria, ao longo dos últimos anos. |
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Papa convoca Sínodo sobre a família |
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O Papa Francisco decidiu convocar uma assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos para debater “os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”, anunciou o Vaticano. A terceira reunião extraordinária do organismo consultivo vai decorrer entre 5 e 19 de outubro de 2014. O tema esteve sobre a mesa durante o primeiro encontro de Francisco com o novo Conselho de Cardeais, na última semana. Na entrevista que deu às revistas jesuítas, publicada a 19 de setembro, o Papa disse ter aprendido com a sua experiência de governo nos jesuítas e como arcebispo de Buenos Aires e manifestou a vontade de fazer “consultas reais, não formais”. “Os Consistórios e os Sínodos são, por exemplo, lugares importantes para tornar verdadeira e ativa esta consulta. É necessário torná-los, no entanto, menos rígidos na forma”, defendeu. O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros |
convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja. A última assembleia do Sínodo, organismo criado por Paulo VI em 1965, teve como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’ e decorreu em outubro de 2012. Até hoje houve 13 assembleias gerais ordinárias e duas extraordinárias: a primeira em outubro de 1969, para debater a cooperação entre a Santa Sé e as Conferências Episcopais, e a segunda em 1985, pelo 20.º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II. |
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Festa do cinema Francês |
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Pelo décimo quarto ano consecutivo, a Festa do Cinema Francês chega a Portugal para valorizar a atualidade e a história do cinema produzido e co-produzido em França. Este ano a mostra conta com um mês de programação, de 10 de Outubro a 10 de Novembro, extendendo-se às cidades de Lisboa, Porto, Coimbra, Guimarães, Almada, Beja e Faro. O programa é variado, contemplando anteestreias, retrospetivas, cinema de ficção, documentários, animação e clássicos, entre outros. A iniciativa cinematográfica conta também com um programa paralelo, de que se destaca o concerto ‘Dans mon Pays’ interpretado pelo El Quintet Oficial da música e também realizadora Agnès Jaoui (‘O Gosto dos Outros’, ‘Olhem para Mim’, ‘E Viveram Felizes para Sempre?...’). O concerto, que decorre no Lux Frágil, a 17 de Outubro às 23h00, reflete as mais marcantes influências musicais de Jaoui, onde se relacionam sonoridades oriundas de Portugal, Andaluzia, Brasil, Cuba e Argentina. |
A título de extensão, a Festa associa-se ao Ciclo de Cinema e Literatura, com entrada gratuita na Reitoria da Universidade de Lisboa, Cinema Charlot de Setúbal e Fórum Cultural do Seixal para um lote de filmes, alguns inéditos, que incluem adaptações, mais e menos livres, ao grande ecrã de obras de autores como Herman Melville (‘Moby Dick’ e ‘Billy Budd’, este último adaptado para ‘Beau Travail’ sob realização de Claire Denis). Destaque também para o documentário inédito ‘Nous, Princesses de Clèves’, de Régis Sauder em que se exploram as (dis)semelhanças entre dois universos aparentemente tão distantes como a corte de Henrique III e uma turma de alunos da periferia de Marselha. Em retrospetiva estará a cinematografia de Claude Lanzmann, realizador francês de origem judia que tem dedicado a sua obra à preservação da memória do Holocausto, e é hoje também o conhecido editor da revista Les Temps Modernes, |
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fundada por Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir. Nesta secção inclui-se naturalmente a sua maior e mais extensa obra (nove horas de duração): o documentário ‘Shoah’, impressionante reunião de testemunhos, na primeira pessoa, de sobreviventes da II Guerra Mundial. Em anteetreia também, o seu ‘Les Derniers des Injustes’ que filma Benjamin Murmelstein, o último Presidente do Conselho Judeu do gueto de Theresienstadt, único sobrevivente da Guerra. O realizador marcará presença em Lisboa. Da secção oficial, estarão em competição para o Prémio do |
Público nove filmes a estrear em Portugal e, fora de concurso, um dos filmes mais curiosos da Festa: ‘La Vierge, Les Coptes et Moi’, uma incursão bem humorada, ternurenta e profunda da realizadora Namir Abdel Meseeh à aldeia da sua mãe, no Egipto, com o propósito de explorar as aparições da Virgem e onde Namir encontrará muitas respostas sobre si, aquele mundo e a fé que não chegou sequer a formular... Um mês de celebração do cinema, com muito a descobrir!
http://festadocinemafrances.com
Margarida Ataíde |
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BIPP - Inclusão Social online |
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A nossa sugestão desta semana passa por uma visita ao sítio online do Banco de Informação de Pais para Pais (BIPP), porque a inclusão social é intemporal. A BIPP "é uma instituição particular de solidariedade social, que visa a plena inclusão das pessoas com necessidades especiais na sociedade, independentemente do seu tipo, grau, sexo, idade, religião, raça ou extrato social". Ao digitarmos o endereço www.bipp.pt encontramos um espaço eminentemente informativo, onde a questão gráfica não é tida como prioritária mas com um conjunto interessante de opções. Logo na página inicial além das habituais notícias, encontra-se em |
destaque o mais recente projeto do BIPP intitulado SER+. Este “tem como principal objetivo capacitar pessoas com necessidades especiais, famílias, escolas e a sociedade em geral. Intervém através de um programa terapêutico individual centrado no projeto de vida da família, coordenando e dinamizando os contextos que a envolve”. Na opção “o que é” ficamos a conhecer quais são os objetivos, a missão e a forma de entrarmos em contacto com esta instituição, que pode ser através do sítio online ou presencialmente nas suas instalações. Caso pretenda saber quais são os serviços que esta associação tem vindo a desenvolver de forma a colmatar respostas insuficientes |
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ou inexistentes na sociedade, basta clicar em “serviços. Em “testemunhos” podemos ler um conjunto de depoimentos de pais e técnicos muito reveladores da qualidade deste extraordinário projeto. Porque todas as associações possuem uma história, a BIPP inaugurada 2005, também possui uma. Se pretende ler em detalhe a sua, basta que clique em “história”. No item “apoios necessários” ficamos a perceber que tipos de suporte são indispensáveis para o bom funcionamento desta instituição, quer ao nível financeiro bem como pela criação de parcerias. Em “equipa” podemos consultar quem são as pessoas que
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compõem os órgãos sociais para o triénio 2010-2013. Uma das áreas mais interessantes encontra-se disponível em “documentos”. Aí somos presenteados com um conjunto enorme de textos e artigos legislativos disponíveis para consulta, agrupados por temas (educação, saúde, apoios, integração profissional, intervenção precoce, segurança social). Fica então lançada a sugestão de visita e quem sabe, de adesão a este projeto que pretende apresentar soluções para a deficiência de pais para pais.
Fernando Cassola Marques
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Pai-Nosso que estais na Terra |
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Um comentário ao Pai-Nosso só aparentemente é uma tarefa simples. Na verdade, trata-se do maior desafio que um escritor cristão pode enfrentar. Por um lado, parece que nada se possa acrescentar às claríssimas palavras de Jesus: deveríamos simplesmente repeti-las e elas próprias entreabririam, ao orante, o seu significado. Por outro, existe uma tradição poderosíssima de comentadores, antigos e contemporâneos, que perscrutaram já com agudeza, exaustividade e sabedoria esse texto. Dir-se-ia que sobre o Pai-Nosso está colocado um ponto final. José Tolentino Mendonça, teólogo e poeta, não pensa assim. Recorrendo a um conhecimento especializado dos textos bíblicos, mas também aos dados da antropologia e da literatura ele ousa “abrir” o Pai-Nosso a crentes e a não-crentes, e aponta novas chaves para uma leitura espiritual deste texto que constitui o coração do cristianismo. O resultado é absolutamente invulgar. O leitor é convocado para uma viagem interior que não esquecerá. |
Título: Pai-Nosso que estais na Terra Subtítulo: O Pai-Nosso aberto a crentes e a não-crentes Autor: José Tolentino Mendonça Coleção: Poéticas do Viver Crente – série JTM Editora: Paulinas Editora Páginas: 176 8.ª edição revista e aumentada do livro |
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Quando a Igreja desceu à terra |
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O jornalista António Marujo assina o livro-entrevista ‘Quando a Igreja desceu à terra’ (Princípia Editora), com os padres António Rego e Ramón Cazallas, que contribuíram com “Testemunhos de Memória e Futuro nos 50 anos do Concílio Vaticano II”. “[O Concílio] foi um caminho novo que se abriu, uma perspetiva que se ofereceu e que ainda hoje está a produzir os seus frutos apesar de ser necessário aprofundar melhor e ainda afrontar mais as grandes questões que são colocadas no nosso tempo”, revela o padre António Rego. O padre espanhol Ramón Cazallas, do Instituto Missionário da Consolata, há 50 anos era um jovem seminarista que estudava em Roma e recorda o contacto com direto com quem participava no Concílio Vaticano II: “Os bispos conciliares vinham ao seminário e contavam-nos a sua experiência e coisas que não se sabiam como algumas ideias teológicas e as diferentes tendências do concílio mas pediam sempre segredo”. António Marujo, assinala que em Portugal “não se publicou quase |
nada” a “pretexto” do cinquentenário do Concílio Vaticano II, por isso, pretende que o livro seja “um contributo” para que se leiam os documentos do Concilio e por outro lado que a partir desses textos “se atue em termos pastorais e teológicos na Igreja e no catolicismo deste tempo e neste lugar”.
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D. António Marcelino - Um bispo que não deixou apodrecer o II Concílio do Vaticano |
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A notícia do falecimento de D. António Marcelino, bispo emérito de Aveiro, obrigou-me a revisitar o pensamento e alguns textos do prelado sobre o grande acontecimento eclesial do século XX. Não esteve presente na Basílica de São Pedro durante os trabalhos conciliares (1962-1965), mas intuiu que algo estava a mudar na dinâmica eclesial. Estudou em Roma (voltou em 1958) e sentia a efervescência embrionária da convocação conciliar. Um dia confessou à Agência ECCLESIA que “estava tudo a abanar”. Pio XII morre em setembro, é eleito, em outubro, João XXIII. “Vivi esta transição toda. Em Roma, tínhamos um grupo de padres que se reunia a sonhar com Portugal”. Depois daquela experiência foi para o Seminário com uma “mentalidade aberta. Escrevi sobre preparar pessoas para o catecumenato e alguns colegas ficaram muito ofendidos, porque pensaram que eu estava a pôr problemas que ainda não se sentiam. O meu bispo apoiou-me sempre muito”. A seguir ao concílio, viajou pelo país de norte a sul para “falar dos documentos conciliares”, relatou com um brilho nos olhos. Com o II Concílio do Vaticano, abriu-se um novo horizonte. “Na altura senti que o fruto estava maduro: era altura de o comer ou dele apodrecer”. Viveu esses anos de forma apaixonada e empenhou-se, fortemente, na sua divulgação. Chefiou |
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uma equipa que passou pelas dioceses portuguesas “oferecendo cursos novos sobre temas conciliares” – disse. Passados 50 anos do início dos trabalhos conciliares, D. António Marcelino continuava a falar do magno acontecimento convocado por João XXIII e terminado com Paulo VI com palavras vivenciais que lhe saiam naturalmente. Da sua pena fluida e profunda – lia religiosamente os seus artigos que publicava semanalmente no «Correio do Vouga» - D. António Marcelino alertava consciências, ancorado nas traves mestras do II Concílio do Vaticano. No episcopado português, D. António Marcelino era considerado um dos bispos mais inovadores. Perante esta qualificação, o prelado de Aveiro referiu que “não há uma bitola para dizer que se é mais inovador ou menos. Temos que nos pôr sempre ao nível das dioceses, das capacidades e serviços. Posso dar mais nas vistas em relação a algum tipo de coisas e a alguns riscos que sempre corri. Porque é que fui o primeiro bispo |
a fazer um sínodo diocesano? Andava tudo com muito medo. Eu falava da ideia e diziam-me: «Faz tu primeiro». Vivi sempre esta preocupação: que a Igreja fosse um serviço para o mundo e que aprendesse de facto a dialogar com o mundo”. Ao olhar para a Igreja portuguesa (soma das dioceses), D. António Marcelino realçou que esta “não tem um plano em grandes linhas para poder enfrentar os problemas. E não tem porquê? Não vê os problemas? Claro que os vê. Simplesmente, a perceção é totalmente diferente numa diocese do norte ou no sul, no interior ou litoral. Com perceções tão diversas, é muito complicado ter planos que enfrentem as situações”. Vou sentir saudades suas e das ideias que deixava semanalmente. Recordo o último encontro – ajudei-o a transportar a pasta durante o trajeto – onde o prelado conciliar e conciliador me confessou: “Agora tenho mais tempo para ler e aprofundar a realidade à luz do II Concílio do Vaticano”. Luis Filipe Santos |
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outubro 2013 |
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Dia 11
* Braga - Póvoa do Varzim (Salão Nobre dos Paços do Concelho) - Lançamento do III volume da «Obra Selecta: Religião, Política e Sociedade» da autoria de João Francisco Marques e editado pela Roma Editora. |
Marques, como título "O Apostolado dos Leigos à luz do Decreto Conciliar Apostolicam Actuositatem". * Braga - Esposende - Encontro nacional do Movimento dos Jovens Sem Fronteiras (JSF). (11 a 13)
Dia 12
* Algarve - Loulé - Início do curso de iniciação de catequistas da diocese do Algarve. |
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insira a foto aqui |
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* Vaticano - Praça de São Pedro (17h00m) - O Papa Francisco receber a imagem da Virgem de Fátima venerada na Capelinha das Aparições. |
* Braga - Sameiro - Celebração mariana em união à cerimónia de consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria, com a imagem de Nossa Senhora de Fátima, no Vaticano. (12 e 13)
Dia 13
* Espanha - Tarragona - Cerimónia conjunta para a beatificação de 522 mártires da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) onde está incluído o português, Mário Félix, da Congregação das Escolas Cristãs. |
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Ano C - 28.º Domingo do Tempo Comum |
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Agradecer a fé que nos salva em Cristo
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O evangelista Lucas tem como objetivo fundamental apresentar Jesus como o Deus que Se fez pessoa para trazer, com gestos concretos, uma proposta de vida nova e de libertação para todos, particularmente os oprimidos e marginalizados. O episódio dos dez leprosos, exclusivo de Lucas, neste vigésimo oitavo domingo do tempo comum insere-se nesta perspetiva: mostrar que Deus tem para oferecer a todos. O número dez tem o significado simbólico da totalidade. O judaísmo considerava necessário que pelo menos dez homens estivessem presentes, a fim de que a oração comunitária pudesse ter lugar, porque o dez representava a totalidade da comunidade. A presença de um samaritano no grupo indica que essa salvação oferecida por Deus em Jesus não se destina apenas à comunidade do povo eleito, mas se destina a todas as pessoas, sem exceção, mesmo àquelas que o judaísmo oficial considerava definitivamente afastadas da salvação. Mas o acento do episódio de hoje é posto no facto de que, dos dez leprosos curados, só um tenha voltado atrás para agradecer a Jesus e no facto de este ser um samaritano. Lucas está interessado em mostrar que quem recebe a salvação deve reconhecer o dom de Deus e estar agradecido. E avisa que, com frequência, são os hereges, os marginais, os desprezados, aqueles que a teologia oficial considera à margem da salvação, que estão mais atentos aos dons de Deus. Há aqui, certamente, uma alusão à autossuficiência dos judeus que, por se
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sentirem povo eleito, achavam natural que Deus os cumulasse dos seus dons; no entanto, não reconheceram a proposta de salvação que, através de Jesus, Deus lhes ofereceu. Há também um apelo aos discípulos de Jesus, a todos nós, para que não ignoremos o dom de Deus e saibamos responder-Lhe com a gratidão e a fé, entendida como adesão a Jesus e à sua proposta de salvação. Curiosamente, os dez leprosos não são curados imediatamente por Jesus, mas a lepra desaparece no caminho, quando iam mostrar-se aos sacerdotes. Isto sugere que a ação libertadora de Jesus não é uma ação mágica, caída repentinamente do céu, mas um processo progressivo de caminhada cristã, no qual o crente vai descobrindo e interiorizando os valores de Jesus, até à adesão plena às suas propostas e à efetiva transformação do coração. A nossa cura não é um momento mágico que acontece quando somos batizados, ou fazemos a primeira comunhão ou nos crismamos; |
mas é uma caminhada progressiva, durante a qual descobrimos Cristo e nascemos para a vida nova. Neste Ano da Fé, quase no seu término, aqui está mais um essencial apelo da Palavra de Deus a nos dizer que a fé que nos salva deve ser agradecida e praticada nos caminhos de encontro de Cristo nas nossas vidas.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h30
RTP2, 18h00
Terça-feira, dia 15 - Informação e apresentação da MissãoPress, com o padre Tony Neves.
Quarta-feira, dia 16 - Informação e apresentação da revista Alem-Mar, pelo padre Manuel Augusto Ferreira.
Quinta-feira, dia 17 - Informação e apresentação da revista Fátima Missionária pelo padre Elísio Assunção.
Sexta-feira, dia 18 - Apresentação da liturgia dominical pelo cónego António Rego e frei José Nunes.
Antena 1 Domingo, dia 13 de outubro, 06h00 - Viagem da imagem de Nossa Senhora de Fátima ao Vaticano e peregrinação internacional aniversária de outubro.
Segunda a sexta-feira, dias 14 a 18 de outubro, 22h45 - Análise à entrevista do Papa Francisco ao jesuíta António Spadaro. |
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A Igreja Católica em Espanha vai viver este domingo a ‘Beatificação do Ano da Fé’, como é apresentada pela Conferência Episcopal, que evoca o martírio de mais de 522 católicos e vai decorrer em Tarragona, cidade onde morreram os primeiros mártires hispanos, em 259: os santos Frutuoso, Eulógio e Augúrio. No grupo inclui-se o religioso português Mário Félix.
Fátima é o centro do mundo católicos nos próximos dias 12 e 13: a peregrinação internacional de outubro, na Cova da Iria, vai ser presidida pelo cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado cessante do Vaticano, e a imagem venerada na Capelinha das Aparições vai estar na Praça de São Pedro.
No sábado, o Observatório Permanente sobre a Produção, Comércio e Proliferação de Armas Ligeiras da Conferência Episcopal Portuguesa vai realizar uma conferência, em Lisboa, sobre a violência da crise e a proliferação das armas, com transmissão em direto na página de vídeos da Agência ECCLESIA, em sapo.videos.pt/agenciaecclesia.
Terça-feira é o dia marcado para a tomada de posse do novo secretário de Estado do Vaticano, -o arcebispo italiano Pietro Parolin, sucessor do cardeal Bertone que desde 2006 preside ao dicastério que mais de perto coadjuva o Papa no exercício da sua missão. Francisco vai receber em audiência toda a Cúria Romana. |
O poder da oração em favor dos Cristãos perseguidosAs perguntas de Francisco |
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Este Papa não deixa de nos surpreender todos os dias. Agora, voltou a falar nos Cristãos perseguidos, sublinhando, assim, a importância do trabalho desenvolvido pela Fundação AIS
“Quando penso ou oiço dizer que muitos cristãos são perseguidos e também dão a vida por causa da sua fé, isso toca o meu coração, ou não me diz respeito?”
Quantos rezam?O Papa interpela-nos a todos, para que ninguém possa dizer que não sabe, que desconhece, que nunca ouviu falar. “Quando |
oiço que tantos Cristãos no mundo sofrem, sou indiferente ou é como se sofresse um membro da minha família? Quantos de vós rezam pelos Cristãos que são perseguidos? Quantos? Cada um responda no seu coração: ‘Rezo por aquele irmão,
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por aquela irmã que passa dificuldades por confessar e defender a sua fé?’” |
Promover a paz
Uma das iniciativas que a Fundação AIS está a promover já desde há algum tempo, responde, curiosamente, ao apelo do Papa Francisco e ao sonho do Padre Werenfried. A campanha “Um milhão de crianças reza o Terço”, começou há 7 anos na Venezuela e tem vindo a espalhar-se pelo mundo inteiro como um vírus bom. Um dos grandes entusiastas desta campanha foi o saudoso Santo Padre João Paulo II que dizia confiar em absoluto na oração do Terço. “Hoje, confio na eficácia desta oração como fonte de paz para o mundo e para as famílias”. Já antes, o Papa Pio assegurou que, “quando um milhão de crianças rezar o rosário, o mundo mudará. E pensar que se um milhão de crianças rezar o rosário, quantas graças se derramarão pelo mundo…” Saiba mais em www.fundacao-ais.pt| 217 544 000 |
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LUSOFONIASResponder às catástrofes |
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Tony Neves |
O mundo inteiro celebra, a 9 de Outubro, o Dia de Redução dos Desastres Naturais. Parece estranha esta celebração, pois os desastres naturais não são da nossa conta. Ou, pelo menos, assim pensamos. Que posso eu fazer para evitar um terramoto, um tsunami, um tornado, uma tempestade? Bem vistas as coisas, há atitudes sociais que evitam ou reduzem o impacto de algumas destas catástrofes naturais, mas o mais decisivo é, sem dúvida, estar preparado para dar respostas adequadas em tempo de calamidade. Todos nos apercebemos que um sismo ou um tsunami que acontece em países pobres tem consequências mais dramáticas de que quando acontece em países mais ricos. Notamos que, em contextos de desenvolvimento, as casas são mais seguras, os sistemas de alarme funcionam, os hospitais conseguem tratar mais gente e com mais eficácia, a ajuda humanitária é quase automática. Nos países mais débeis, as habitações desfazem-se em pó (ou em água), as comunicações e transportes não funcionam, os hospitais não respondem ao aumento de vítimas, o apoio logístico humanitário também não chega nem a tempo nem com qualidade. Aí o número de vítimas aumenta em flecha. Se prevenir as catástrofes é tarefa difícil, responder com eficiência é obrigação das sociedades. Todos os países deviam estar preparados. Para isso há a proteção civil |
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e bombeiros. Há ainda planos de emergência nos hospitais e clínicas. Tem de haver também formação das populações a fim de saberem reagir em caso de desastre natural. Do conhecimento ao equipamento, do treino à reunião de condições de intervenção…há caminhos longos ainda a percorrer, mas que podem e devem salvar muitas vidas. As alterações climáticas estão a mudar a relação entre a natureza e os humanos, provocando fenómenos naturais estranhos que trazem consequências desastrosas para a vida das sociedades e das pessoas. Há que investir em tecnologia que detecte a formação de um tsunami, de um furacão, de um terramoto, a erupção de um vulcão…mas há, sobretudo, que reunir condições de ataque imediato em caso de desgraça natural. Por fim, mas não menos |
importante, queria referir a necessidade de mantermos um mundo unido e solidário. Têm sido imensas as ondas de solidariedade que se formam quando há catástrofes naturais. O melhor do humano vem ao de cima e o coração fala mais alto que o sangue étnico que, em muitos casos, faz do estrangeiro alguém a quem eu não tenho obrigação de dar a mão. Mas há que organizar bem a solidariedade internacional para que os bens doados cheguem a quem deles mais precisa e com a rapidez que algumas situações exigem. A comunidade internacional tem meios para agir depressa e bem, mas nem sempre o tem feito com a qualidade exigida. Há que continuar a trabalhar para o mundo responder às catástrofes com eficiência e ternura. É nesses momentos críticos que todos nos sentimos mais irmãos.
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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«Para glória da Virgem e para nosso conforto, proclamamos Maria Santíssima «Mãe da Igreja», isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima; e queremos que com este título suavíssimo seja a Virgem doravante honrada e invocada por todo o povo cristão». (Paulo VI, discurso no encerramento da III sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II, 21 de Novembro de 1964) |
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