04 - Editorial:

      Sandra Costa Saldanha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

12 - Opinião

       D. José Cordeiro

14 - A semana de...

        Henrique Matos

16- Entrevista

       Manuel Braga da Cruz
28- Dossier

       Família

 

 

 

 

 

40- Internacional

44- Cinema

46 - Multimédia

48 - Estante

50 - Vaticano II

52 -  Agenda

54 - Liturgia

56 - Programação Religiosa

57 - Por estes dias

58 - Fundação AIS

60 - LusoFonias

 

 

 

Dossier do próximo número

DIOCESE DE BRAGANÇA-MIRANDA

 

Foto da capa: Agência Ecclesia
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Opinião 

 

 

 

Papa consagra-se a Nossa Senhora de Fátima

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Peregrinação internacional de outubro

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Os desafios da Família e a Igreja

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D. José Cordeiro | Sandra Costa Saldanha | Tony Neves 

 

Thesaurus: um novo projeto para a salvaguarda dos Bens Culturais da Igreja

Sandra Costa Saldanha

 

Assinala-se a 18 de Outubro, dia da festa litúrgica do evangelista São Lucas, o Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, dedicado nesta sua 3ª edição ao tema “Thesaurus: Inventário dos Bens Culturais da Igreja”.

Momento agregador de todos quantos se empenham na salvaguarda e valorização do património da Igreja, com um olhar atento sobre os trabalhos em curso, nasce de um desejo há muito sentido, de debate concertado e frutífero, alargado a toda a comunidade. Pretende, pois, constituir um lugar de reflexão e partilha, discutir novos meios de actuação, avaliar dificuldades e identificar os principais desafios enfrentados pelos agentes diocesanos, encarregues de dinamizar e propor procedimentos sistematizados, concertados e devidamente planeados.

Património vivo, rico na diversidade e repleto de potencial, assume-se sem dúvida como um meio fulcral de partilha e fruição da experiência espiritual. Um dos mais notáveis legados da Igreja Católica em Portugal que, todos desejamos, possa exercer um contributo qualificado, tanto a nível pastoral, como no desenvolvimento cultural e estratégico de cada região.

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bento XVI diante da imagem da Capelinha das Aparições, no Vaticano Foto: OR

 

 

 

 

“Não há imagem mais bela dos dois Papas do que a fotografia de cada um, recolhido em oração, diante da imagem de Nossa Senhora, de Nossa Senhora de Fátima - o Papa Bento (XVI) em Fátima, no ano sacerdotal de 2010, e em Roma, diante da mesma imagem, no ano da fé, o Papa Francisco – para colocar toda a Igreja em estado de penitência e de purificação”

Cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado emérito do Vaticano, 15.10.2013
 
"Um simples levantamento dos resultados das empresas americanas e francesas no setor dos petróleos ou das empresas e bancos comerciais com interesses portugueses em Angola mostrará que eles levam de Angola todos os anos dezenas de biliões de dólares"
José Eduardo dos Santos, presidente de Angola, 15.10.2013
 
 

 

 

 

 

 

“Nenhuma pessoa em nenhuma circunstância perde a integralidade da segunda pensão, mesmo que os seus rendimentos sejam daqueles que são verdadeiramente muito altos”
Paulo Portas, vice-primeiro-ministro, 13.10.2013
 
"Havia muita gente que não recorria às instituições de solidariedade e agora recorre, desde há dois ou três anos. Portanto, já não são só os pobres, mas pessoas da classe média que recorrem de uma maneira envergonhada face à perda de estatuto"
D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, 12.10.2013
 
“As pessoas não são números. As pessoas são valores, são bens essenciais na nossa praça e na nossa sociedade. Se as tratamos como números e, predominantemente, como números de contribuinte, está tudo estragado"
D. Manuel Felício, bispo da Guarda, 11.10.2013
 
 
 

 

13 de outubro especial na Cova da Iria

Mais de 200 mil peregrinos acorreram ao Santuário de Fátima, para as celebrações da peregrinação internacional de outubro, apesar da ausência inédita da imagem da Capelinha das Aparições, que se encontrava no Vaticano. D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, congratulou-se com a participação de tantas pessoas, durante os dias 12 e 13, sob a presidência do cardeal Tarcisio Bertone, que se despedia do cargo de secretário de Estado do Vaticano.
“Verifico que esta saída da imagem de Nossa Senhora não desmobilizou os peregrinos. É consolador ver esta multidão de peregrinos que enche totalmente este recinto”, disse o bispo de Leiria-Fátima no encerramento da peregrinação.
Para D. António Marto, a presença da imagem no Vaticano para a Jornada Mariana e para ser o ícone de Maria no ato de consagração que o Papa fez, pôs em “evidência” a mensagem de Fátima e a “projeção mundial” do Santuário.
 
 
Na homilia do dia 13, D. Tarcisio Bertone disse que “contra o fatalismo do mundo” Maria lembrou em Fátima que, na “ordenação e governo de tudo o que acontece, há um Coração infinito” e que “desde que Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra”.
O responsável afirmou que “só é possível esperar verdadeiramente na vitória sobre o mal e a morte, enfrentar a vida com coragem e determinação, se o rosto de Deus se deixar mostrar”.
O secretário de Estado emérito do Vaticano deixou em Fátima uma apelo à solidariedade e pediu que os cristãos deixem “cair os muros de separação” entre aqueles que se “consideram justos” e os “pecadores”. “De nada serviria frequentarmos a igreja, se não nos levasse a viver a comunhão, a missão e o serviço aos mais pobres e marginalizados”, advertiu
 

 

 

 

 

o cardeal Bertone, na homilia da missa da vigília.
Na saudação inicial, o responsável tinha afirmando que o “Segredo” revelado aos Pastorinhos, em 1917, continua a ser atual e a revelar-se no sofrimento da Igreja e no “mal da incredulidade”.
 
“É impressionante, neste lugar, ver como o coração dos três Pastorinhos bate em uníssono com o coração da Igreja, como amam o Papa, cujos sofrimentos tinham pressentido naquele misterioso cortejo do chamado Segredo de Fátima”, declarou.
 

 

Regresso à Capelinha das Aparições
em clima de emoção

O bispo de Leiria-Fátima acolheu este domingo com “emoção” a imagem original de Nossa Senhora de Fátima, na Capelinha das Aparições, após uma ausência de cerca de 42 horas para uma viagem ao Vaticano. “É com sentimentos de emoção que todos nós encontramos aqui para acolher a imagem de Nossa Senhora, depois de ter ido em peregrinação até Roma, até junto do nosso Papa”, disse D. António Marto, perante os fiéis que se concentraram no santuário, horas depois do final da peregrinação internacional de outubro.

Segundo o prelado, esta terceira passagem pelo Vaticano, em mais de 90 anos, reforçou a presença de Fátima “em toda a Igreja universal”, acompanhando o “povo de Deus peregrino no mundo, sobretudo nos momentos mais difíceis da sua história”.

“Por isso, o Santo Padre pediu que estivesse presente a imagem original da Senhora de Fátima, daquela Senhora que veio aqui trazer uma mensagem de 

 

 

consolação e esperança do Céu à terra, num momento difícil para a Igreja e para a humanidade”, explicou.

O reitor do Santuário de Fátima mostrou o presente do Papa à Senhora de Fátima, no sábado, um rosário que considerou como “um autêntico programa de vida”. “A experiência mais intensa e mais forte foi a da comunhão com o Santo Padre. A figura do Papa é indispensável, na Mensagem de Fátima”, assinalou o padre Carlos Cabecinhas, que acompanhou esta peregrinação.

 

 

 

Riscos de pobreza preocupam a Cáritas

A Cáritas Portuguesa alertou para as consequências das atuais políticas de austeridade para a população, falando num aumento do “risco” de pobreza e na necessidade de uma maior aposta na criação de emprego. “Desde o início da crise os rendimentos reais do trabalho aumentam menos do que justificariam os ganhos de produtividade, tendo como consequência um crescimento das desigualdades”, assinala a organização católica, num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

A Cáritas apresenta o trabalho como “essencial para a coesão social”, mas lamenta que as atuais opções políticas estejam “mais assentes no aumento da competitividade e na regulação financeira do que na criação de emprego”. “A crise e o aumento do desemprego por ela originado estão a ter reflexos nas taxas de pobreza em Portugal, como comprovam os dados relativos ao ano já referido, apresentados pelo INE”, destacam os responsáveis pela organização de ação solidária e humanitária.

 
 

A organização católica sublinha que “quanto menor for o rendimento, mais perto se fica da situação de pobreza”, recordando que, em 2011, esse índice caiu 1 por cento. “Enquanto há mais gente próxima de ser ‘oficialmente’ pobre, os ricos têm cada vez mais reservas”, adverte o comunicado.

Segundo a Cáritas Portuguesa, o trabalho e o rendimento que dele decorre são a primeira “política de inserção”, frisando que “a economia não está a gerar suficiente emprego e a qualidade do trabalho gerado também parece insuficiente”.

A ausência de trabalho está a gerar “forte agitação social” num número significativo de países, de acordo com a instituição.

 

 

Rezar, chamar e testemunhar

D. José Cordeiro,

Bispo de Bragança-Miranda

 

S. Paulo exortou a Timóteo a reavivar o dom recebido pela imposição das mãos e não ter medo ao testemunhar a Jesus Cristo: «Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de caridade e moderação. Não te envergonhes de dar testemunho de Nosso Senhor». Hoje é preciso voltar a recordar a cada cristão, a fim de ser um discípulo missionário sem medo. Todavia, o testemunho é precedido da oração e do sentir-se chamado e chamar.

Alguém motivado e feliz pode descobrir que a gramática da vocação à fé no seguimento de Cristo exige a conjugação de três verbos vitais: rezar, chamar e testemunhar.

 

1. Rezar

Antes de mais rezar. «Porquê rezar? A resposta é simples: para viver. Sim: para viver verdadeiramente, é necessário rezar. Porque viver é amar: uma vida sem amor não é vida. É solidão vazia, é prisão e tristeza. Só quem ama vive verdadeiramente: e ama só quem se sente amado, alcançado e transformado pelo amor» (CEI, Carta aos que procuram Deus, 45).

A oração é a alegria do coração e a vida da vocação à fé. O fundamento teológico da oração é a presença de Cristo em nós. Ele deixou-nos um mandamento («orar sem cessar» (Lc 18,1) e «vigiai e orai» (Mt 26,41; Mc 14,38); um documento (Pai-Nosso); e um exemplo (a sua vida).

É insuficiente na oração a palavra, para o diálogo é absolutamente necessário a 

 

 

 

escuta. Deus disse uma Palavra eterna – Jesus Cristo – a escuta no silêncio habitado pela Palavra eterna feita pessoa alegra o coração de quem reza.

 

2. Chamar

O verbo vocare, em latim, significa na língua portuguesa CHAMAR e por isso, vocação, quer dizer chamamento. Quem chama? Deus chama e ama. Na fé da Igreja sabemos que é Deus quem chama pela mediação da Igreja. Quando alguém chama tem de haver quem responda. Deus é tudo e só amor que chama, ama, transforma, capacita, envia e acompanha até ao fim do fim. Por isso uma vocação é uma vida humana na qual se pode ler o absoluto do Evangelho do amor.

Os que, na Igreja, são chamados a exercer um ministério hão-de deixar mover, não por interesse, mas por amor. Chamados para chamar. Que posso fazer eu fazer para entusiasmar os jovens para o serviço sacerdotal e outras vocações na Igreja? Cada um dará uma resposta diferente. No entanto, é necessário falar da própria vocação e testemunhar a alegria da fé no seguimento de Cristo, Cabeça. Pastor, Servo e Esposo da Igreja.

 

3. Testemunhar

A vida em Cristo não se ensina, aprende-se e experimenta-se. À pergunta dos discípulos «onde moras?» Jesus responde «vinde e vede» (Jo 1, 38-39). Esta resposta do Mestre continua a ser um convite permanente para a comunicação plena e o seguimento definitivo de Cristo. Efectivamente, no quarto evangelho, a última palavra de Jesus é o imperativo: «segue-Me!» (Jo 21, 19).

Não tenhamos medo de ser discípulos missionários. As vezes perdemos o entusiasmo, mas é sempre tempo de recomeçar. O Papa Francisco constatou-o na mensagem para o dia mundial das missões: «frequentemente, a obra da evangelização encontra dificuldades não só no exterior, mas também no interior da própria comunidade eclesial. Às vezes, são fracos o fervor, a alegria, a coragem, a esperança no anunciar a todos a mensagem de Cristo e em ajudar os homens do nosso tempo a encontrá-Lo».

Experimentemos na oração, no chamamento, no testemunho e no seguimento de Cristo «a doce e confortante alegria de evangelizar« (Paulo VI).

 

 

 

Outono e orçamento

 

Henrique Matos

Agência ECCLESIA

 

A suavidade outonal com que as árvores se desfazem das folhas contrastou, por estes dias, com o estrondo do Orçamento de Estado a abater-se sobre cada um de nós. O país, que nos diziam já em ascensão gloriosa, pede-nos agora mais um esforço patriótico para conter o défice dentro dos limites. A austeridade provisória revela-se cada vez mais definitiva. Será que, perante isto, os portugueses também terão capacidade para manter o seu défice de paciência dentro das margens que delimitam a paz social? Um terço do país está velho, outro desempregado. Descontando os que se fizeram ao caminho em busca de melhor vida, sobram poucos para colocar a nação na rota do crescimento.

Ampara e ilumina a esperança, suscita e anima a caridade... a prece não partiu deste Portugal em crise mas dirigia-se a alguém no coração de muitos portugueses. Palavras proferidas há dias pelo Papa Francisco diante da imagem da Senhora de Fátima venerada na Cova da Iria. Um Ato de Entrega que nos recorda a fragilidade da nossa condição mas nos lembra a proximidade da Mãe. Para a criança isso basta, e todos os receios caem por terra. Ao colo da mãe

 

 

 

 

 

 

somos invencíveis. Penso que é isso que os Papas também sentem e nos recordam quando, de tempos a tempos, querem  essa imagem da Mãe junto de si no Vaticano. Iluminar a esperança e animar a caridade são itinerários seguros que nos podem libertar do atual momento. Se acreditarmos em nós e nos preocuparmos com o próximo, estaremos a construir uma sociedade que não se voltará a afundar numa crise idêntica, até porque ela foi gerada pela ambição desmedida e pelo esquecimento da dignidade do outro. Foram estes os condimentos que colocaram o país com uma taxa de pobreza que nos envergonha perante os nossos parceiros europeus. O Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza serviu para a Cáritas Portuguesa nos confirmar uma desconfiança... é que, entre nós os pobres são cada vez mais, ao passo que os ricos aumentam 

 

a sua margem de conforto.

A razão é a deficiente distribuição dos bens. A austeridade, o clima de crise e insegurança formam o ambiente adequado para que quem ainda trabalha se disponha a fazê-lo com menos condições e remuneração. Mais vale pouco do que nada... o lamento de muitos é a alegria de alguns, que já nem se apercebem que a sua performance económica não assenta em boas práticas de gestão mas na exploração e no aproveitamento da fragilidade do outro. Perante isto, os crentes não podem ceder à indiferença e porque está aí o Dia Mundial das Missões, recordo as palavras do Papa na sua Audiência Geral: "Façamos novamente a pergunta: Somos missionários com a nossa palavra, mas sobretudo com a nossa vida cristã? Com o nosso testemunho? Ou somos cristãos fechados no nosso coração e nas nossas igrejas? Cristãos de sacristia?" 

 

 

Uma crise com impacto
sobre todas as famílias

Manuel Braga da Cruz, antigo reitor da Universidade Católica Portuguesa, é o orador principal das XXV Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar que se vão realizar no Seminário do Verbo Divino, em Fátima.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Manuel Braga da Cruz recorda nesta entrevista que para a Igreja o trabalho é fundamental no desenvolvimento da personalidade e que uma das suas dimensões mais importantes é “a remuneração salarial”. O responsável entende que a crise na família não se restringe ao atual contexto de crise financeira, mas tem de ser observada num “sentido bastante mais lato”.

 

Agência ECCLESIA (AE): De que forma é que o contexto de crise financeira afeta ou pode afetar o ambiente familiar?

Manuel Braga da Cruz (MBC) - Eu creio que podemos falar de crise da família num sentido bastante mais lato. Nós temos vindo a assistir à transformação da família, das suas expressões concretas já há muito tempo, creio que a grande transformação da família se operou com o advento das sociedades industriais em que as famílias deixaram de ser unidades de produção para passarem a ser tão só unidades de consumo, ou seja, a revolução industrial separou o local de trabalho do local de habitação e essa foi a grande transformação

 

 que mudou e muito as famílias desde as sociedades do antigo regime para as sociedades industriais e para os industriais. É evidente que as famílias têm a sua vida económica própria também e uma crise económica e financeira com repercussões sociais tão fortes como aquela que nós estamos a viver é evidente que afeta e afeta profundamente a vida das famílias. Os orçamentos familiares são particularmente afetados por esta crise económica e social, desde logo porque uma das consequências mais graves da crise tem sido o desemprego e há portanto muitas famílias que estão a passar por momentos muito aflitivos porque têm ou um dos seus elementos ou às vezes até mais do que um elemento estão a passar pelo desemprego. Portanto, esta crise tem repercussões muito fortes sobre todas as famílias porque está a afetar o rendimento de todas as famílias, desde logo do ponto de vista fiscal mas também do ponto de vista das reduções salariais. Claro que há umas famílias mais afetadas do que outras mas eu ousaria dizer que a totalidade das famílias é atingida pela crise.

 

 

 

 

AE: Existe hoje uma definição única de família?

MBC: A família tem uma grande diversidade de manifestações mas há uma realidade que remete para um conceito de família. A família tal como nós a entendemos há muitos séculos baseia-se na consanguinidade, nós dizemos que uma pessoa é da nossa família quando tem o nosso sangue e, por isso, a família é composta por uma relação conjugal, entre um homem e uma mulher, e composta também por uma relação pais-filhos porque é da própria natureza e fins da família a procriação, ou seja, o garantir o desenvolvimento da espécie. Portanto, embora haja uma grande variedade e uma grande diversidade de famílias, a família é uma realidade que tem um significado muito próprio e que existe em todas as sociedades contemporâneas.

 

 
 
AE: Será que as famílias continuam a ser o refúgio e o suporte de situações de carência ou não há laços familiares que aguentem tanto desemprego e pobreza?

MBC: Estas crises sobretudo com altas taxas de desemprego normalmente põem em manifesto a importância da solidariedade familiar. A família é a grande estrutura que apoia estas situações de desemprego muito avultado, tem sido assim no estrangeiro, tem sido assim entre nós e o que verificamos é que o grande suporte para estas crises de emprego é a família. Claro que há também contributos relevantes das políticas sociais, nomeadamente dos subsídios de desemprego e outros apoios sociais mas sem o apoio familiar este fenómeno tinha uma gravidade que felizmente só não tem porque há famílias solidárias e há uma solidariedade no interior das famílias que esbate e muito os efeitos da crise económico-social e particularmente o desemprego.

 

 

 

 

 

AE: Normalmente as crises económicas e sociais geram situações precárias no trabalho. Será que essas situações de precariedade no trabalho não afetam a estabilidade da família?

MBC: A precariedade seguramente que tem repercussões sobre a vida familiar, desde logo porque a programação a longo prazo é afetada por laços ou vínculos laborais não tão estáveis como seria para desejar mas temos de pensar também que mais importante do que a perenidade 

 

dos vínculos laborais é a existência de uma relação laboral. E, portanto, entre o ter trabalho e não ter e a ter um trabalho que tem alguma instabilidade, claro que é preferível ter trabalho apesar da instabilidade. Muito embora, temos de reconhecer que esta ausência de um vínculo mais estável impede as famílias muitas vezes de fazer programações económicas e sociais que muitas vezes são muito importante para o desenvolvimento da família.

 

 

 

 AE: O que dizem os documentos da Igreja sobre esta relação família-trabalho?

MBC: A Igreja considera o trabalho como algo que é fundamental ao desenvolvimento da personalidade e uma das dimensões mais importantes do trabalho é a remuneração salarial. A Igreja sempre defendeu que o salário não deve ser apenas uma remuneração individual mas que deve ter em consideração a necessidade de o salário prover às necessidades familiares. Ou seja, quem trabalha nunca trabalha só, trabalha integrado numa família e portanto a remuneração salarial nunca é uma remuneração apenas pelo seu trabalho mas é uma remuneração social. Isto quer dizer que deve ter presente a dimensão familiar do trabalhador e deve ter presente as necessidades que estão para além da mera subsistência de quem trabalha.

 

 

 

AE: Como é que a Igreja Católica consegue dialogar com um conceito mais generalizado de família, muitas vezes plural e diversificado?

MBC: Disse há pouco que nós hoje confrontamo-nos com uma grande variedade de tipos familiares, alias a variedade de tipos familiares não é de hoje, sempre houve ao longo da história uma grande variedade de famílias. A forma de organização da família varia muito de sociedade para sociedade, a forma de organização social, de organização económica, as funções sociais e económicas atribuídas às famílias sempre variaram muito ao longo dos tempos. Nós hoje confrontamo-nos com famílias muito diversificadas, na sua composição, no seu papel social, na sua apresentação social, para a Igreja que tem ao ver na família uma célula base da sociedade e uma Igreja em miniatura é óbvio que a família tem que ser 

 

 

 

defendida, promovida. Tem que ser defendida de muitos riscos que afetam a sua estabilidade e afetam a sua existência e portanto apesar da diversidade há um como que denominador comum a todas as famílias que pede que as famílias sejam respeitadas, que a vida familiar 

 

seja promovida e que se deem condições às famílias para que elas desempenhem o papel insubstituível que têm na sociedade e portanto, não é a variedade que constitui um problema para a Igreja, é a instituição como tal que deve de ser acarinhada, protegida, incentivada e desenvolvida.

 

 

 

AE: Para conseguir desenvolver uma pastoral familiar não é preciso alterar ou mudar algumas atitudes da Igreja Católica?

MBC: Eu penso que há hoje novos 

 
desafios à pastoral da família que surgem das novas realidades familiares, desde logo os problemas que estão a afetar a estabilidade da família, os
 

 

 

 

 

problemas que estão a afetar o papel social da família, sobretudo o papel educativo, e os problemas que estão a impedir o papel nomeadamente educativo da família. O mundo tem evoluído muito intensamente, muito fortemente, as realidades familiares de hoje oferecem grandes novidades, muitos riscos, alguns perigos, algumas  situações que precisam de ser corrigidas e a Igreja tem de estar atenta e ajudar a família a retomar o seu papel e a sua função. Para além de que é na família que a fé melhor se transmite e portanto o grande desafio também à pastoral da família é saber ou ajudar a família a reencontrar aquelas condições para fazer aquela primeira catequese que é necessariamente uma catequese familiar.

 

AE: Em Portugal, a pastoral familiar está muito associada à defesa da vida. Será que não está a esquecer também outros problemas sociais que afetam gravemente a família como o desemprego e o isolamento das famílias em ambiente urbano?

MBC: Eu acho que o problema da vida é dos maiores problemas  

 

 

 

com que hoje se confronta a sociedade, se confrontam os católicos e se confrontam as famílias. Portanto o dar um lugar de grande destaque ao problema da vida é a meu ver uma posição correta e que releva de uma perceção aguda da importância da vida na sociedade. Agora, a pastoral da família não se esgota de maneira nenhuma na defesa da vida, a pastoral da família tem que prestar atenção e muita às condições de vida das famílias, ao papel que a família tem nas políticas públicas e também aos problemas económicos que afetam de uma forma muito forte as famílias e os seus orçamentos.

 

AE: Como entende a afirmação do Papa Francisco que diz que não se deve insistir somente em questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e ao uso do contracetivo.

MBC: Porque a vida não se reduz a isso, a vida é muito mais do que isso, claro que o Papa não disse para não prestarmos atenção a essas coisas, disse para não nos atermos apenas a esses problemas. O que significa que há uma atenção que tem de ser 

 

 

 

 

dada a aspetos pedagógicos, a aspetos de transmissão de valores, a aspetos de apoio e ajuda das pessoas nos seus múltiplos problemas que têm que ir de par e passo com a preocupação que temos pela defesa da vida, pela preocupação de defesa do matrimónio como base na constituição da família e que temos pela própria vida familiar naquilo que ela tem de mais importante.
 
AE: Que oportunidade constituirá o sínodo que o Papa convocou para outubro de 2014?

MBC: Eu acho que o sínodo é uma excelente oportunidade para a Igreja refletir sobre a importância da família na transmissão do Evangelho e para uma reorganização social com base em valores cristãos. A família está a ser objeto de uma, há fatores de instabilização da família, há fatores de empobrecimento da família, há até estratégias que tendem a destruir a família, nos 

 

 

vivemos em sociedades que são profundamente individualistas, e há estratégias de afirmação do individuo em detrimento da família e dos corpos intermédios da sociedade. É muito importante que a Igreja assuma as suas responsabilidades em defesa da família e assuma a sua responsabilidade em defesa do papel insubstituível que a família tem na reconstrução das sociedades de uma forma mais justa e equitativa.

 

AE: O sínodo tem como tema ‘os desafios pastorais da família no contexto da envangelização’. Qual a urgência de debater estes temas?

MBC: Julgo que estamos hoje a assistir à necessidade de reafirmação da família nas sociedades mais desenvolvidas, combatendo o individualismo, combatendo o relativismo, combatendo o hedonismo, e a Igreja tem um papel muito importante que é o de com a sua longa experiência, com .

 

 

 

 

 

 

 

a sua longa sabedoria chamar a atenção para o papel insubstituível da família. A Igreja pode fazê-lo até porque é a instituição, de todas as 

 

 

instituições sociais e mundiais, aquela que em melhores condições está para propor uma revalorização da família nas sociedades modernas

 

 

 

 

AE: Poderá o sínodo ser oportunidade de debater o acolhimento de pessoas divorciadas e recasadas na Igreja?

MBC: A Igreja nunca disse que aqueles que tiveram a infelicidades de verem as suas vidas familiares interrompidas e as suas relações conjugais interrompidas, nunca disse que essas pessoas deviam ser excluídas da comunidade. Uma coisa é a exclusão da comunhão outra é a exclusão da comunidade. A Igreja nunca defendeu a marginalização dessas pessoas, nós devemos ter uma grande preocupação pela inclusão e pela integração comunitária desses nossos irmãos que tiveram a infelicidade de verem a vida familiar afetadas por múltiplos problemas. A integração dessas pessoas numa vida espiritual e numa vida comunitária cristã é muito importante e penso que todos temos obrigação de pensar nas melhores formas de os integrar a todos comunitariamente.

 

 

 

AE: Que acolhimento interessa promover nestes casos se não podem ser excluídos da comunidade?

MBC: É isso mesmo, se não devem ser excluídos da comunidade devemos por todas as formas procurar que eles vivam connosco e trabalhem connosco pela difusão da mensagem evangélica e pela tradução dos valores do Evangelho muito embora sabendo que muitos deles têm problemas que merecem a nossa compreensão e merecem a nossa ajuda porque em muitos casos essas situações podem ter as suas evoluções e as suas evoluções. É para eles que temos de olhar com olhar atento, fraterno e integrador.

 

 

 

O Papa Francisco nomeou o relator geral e o secretário especial do próximo Sínodo dos Bispos, uma assembleia extraordinária que vai decorrer em outubro de 2014 para analisar questões ligadas à Família.

O cargo de relator foi confiado ao cardeal Péter Erdo, arcebispo de Budapeste (Hungria), pelo que será o presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE) a apresentar os relatórios inicial e conclusivo dos trabalhos, bem como os textos das propostas a apresentar ao Papa.

O relator vai ser auxiliado pelo secretário especial, D. Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto (Itália).

O Papa Francisco decidiu convocar uma assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos para debater “os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”. A terceira reunião extraordinária do organismo vai decorrer entre 5 e 19 de outubro de 2014.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

 

 

 

 

 

30 anos da Carta dos Direitos da Família

No dia 22 de outubro era publicada no Vaticano a Carta dos Direitos da Família (CDF). O articulado proposto pelo Conselho Pontifício para a Família resultava das conclusões do Sínodo dos Bispos que, em outubro de 1980, tinha refletido sobre a família.
Maria do Rosário Cardeiro, considera que esta Carta tem uma “total atualidade”, sobretudo porque “tarda em ser aplicada” nomeadamente em Portugal. A professora universitária considera que Portugal “nunca foi muito sensível à formulação de políticas amigáveis da família”, mesmo que o discurso político esteja “recheado” de preocupações e paixões pela Família. 
Ao contrário de tendências legislativas atuais, nomeadamente na Europa e nos países que se inspiram na matriz europeia, o modelo de família proposto nesta carta é monogâmico e heterossexual, o mesmo que a maioria dos países de todo o mundo.
“Não deixa de ser interessante 
 
 
que numa reunião sobre família nas Nações Unidas este paradigma Ocidental não logrou ser aceite porque a maior parte do resto do mundo, que é mais do que a Ocidental, não aceitou a alteração do paradigma monogâmico heterossexual”, recorda Maria do Rosário Carneiro.
 Esta Carta é um apelo que é feito em primeiro lugar a governantes para que “sejam inspirados por um conjunto de valores que, no entender dos bispos no Sínodo, são valores de toda a humanidade”, tando no processo legislativo em que participam como nas consequentes políticas públicas.
Rosário Carneiro, mãe de nove filhos, afirma também que a CDF compromete também as próprias famílias, desafiando-as a atuar como parceiros e intervenientes junto dos poderes públicos.
“A CDF é um apelo às famílias para tenham consciência daquilo que são, da importância que têm na sociedade e da importância que há em que elas se unam, para que
 

 

 

 

funcionem e atuem como parceiros sociais que reivindiquem e que inspirem a organização da sociedade e os governantes a legislarem melhor”, afirma. 
Para Maria Rosário Carneiro, o problema principal que afeta a vida familiar prende-se com a “formação” de cada pessoa na sociedade contemporânea, que não inclui a dimensão da relação e “não pode haver família se as pessoas não estão abertas à relação”.
A professora universitária 
 
defende a necessidade de debaterem os “modelos  educativos” em curso, propondo não apenas alterações para o “sistema educativo”, mas para toda a “sociedade educadora”, incluindo a dimensão da relação.
Para Rosário Carneiro é necessário “repensar o modelo que é proporcionado às crianças para que que elas cresçam incorporando esta dimensão fundamental da relação, porque ela é determinante na nossa vida comum”.
 

 

Divorciados, recasados

integrados na Igreja?

 

 

«Procuramos estar próximo, ajudar e escutar os casais em crise, separados, divorciados ou divorciados recasados?

 

Foi impelido por este desafio, colocado no tema de uma reunião de equipa de Nossa Senhora em fevereiro de 2012 que um grupo de leigos de Aveiro passou à ação.

Com o apoio do Bispo de Aveiro, D. António Francisco, alargou-se o grupo de reflexão com a entrada de um casal não pertencente ao movimento e de uma católica divorciada. 

Sob a orientação do então bispo emérito de Aveiro, D. António Marcelino, decidiu-se numa primeira fase promover o debate, organizando três sessões de esclarecimento, que abarcassem toda a área geográfica da diocese, com o objetivo de sensibilizar leigos e sacerdotes para a premência desta discussão.

A primeira sessão realizou-se em Aveiro em Setembro de 2012 subordinada ao tema: 

 

«Divorciados, recasados abandonados pela Igreja?». Esta primeira iniciativa, que contou com mais de uma centena de participantes, evidenciou a 

predisposição que existe na Igreja para discutir esta problemática.

Em maio de 2013, em Recardães (Águeda), teve lugar a segunda sessão, com a presença de cerca de oitenta pessoas, procurando responder à questão: «Divorciados, recasados acolhidos na Igreja?». O testemunho de caminhada em Igreja de um casal nesta situação e a experiência de acolhimento de um pároco da diocese contribuíram para um diálogo muito rico e construtivo. Infelizmente, já não vai ser possível concretizar o terceiro encontro em Avanca (Estarreja), na data que estava prevista - 25 de outubro - devido ao falecimento recente do D. António Marcelino. No entanto, a pergunta «Divorciados, recasados integrados na Igreja?» não ficará sem resposta, prevendo-se a divulgação de nova data.

 

 

 

 

 

O caminho percorrido até ao momento permite constatar que existe uma grande falta de informação, associada a ideias preconcebidas que importa desmistificar e esclarecer. 

Uma segunda fase desta iniciativa poderá passar por um contacto mais direto e pessoal com casais nesta situação, avaliando e discutindo a viabilidade da eventual criação de equipas, à semelhança do que acontece já noutros países como, por exemplo, as «Equipes Réliance» com génese em França.

As recentes declarações do Papa

 

Francisco no âmbito da pastoral familiar, amplamente comentadas na página do Facebook criada 

pelo grupo (www.facebook.com/recasados) indiciam que há ainda uma grande caminhada a fazer para a integração destes casais na Igreja, que não se pode focalizar na impossibilidade de comunhão sacramental.

Prosseguir o caminho iniciado com o D. António Marcelino é a melhor forma de honrar a sua memória.

 

Grupo de Leigos da 

Diocese de Aveiro

 

 

 

Vaticano vai receber peregrinação
de 150 mil famílias

 

Os responsáveis do Conselho Pontifício da Família apresentaram as jornadas ‘Família vive a tua alegria da fé’, no Ano da Fé, e um livro que reúne 35 textos do Papa, escritos entre 1999 e 2013. “Ser e construir uma família é lindo e é isso que queremos gritar ao mundo. A família tem de voltar a ser o centro da cultura, da política, da economia, a finalidade e a vida dos povos e das nações. Depois do Concílio, a família deve estar cada vez mais no centro da atenção e da preocupação da Igreja”, começou por explicar o arcebispo Vincenzo Paglia.

O presidente do Conselho Pontifício da Família (CPF) assinalou que o anúncio do Papa Francisco para a realização de um Sínodo dos Bispos sobre a família, de 5 a 19 de outubro 2014, é uma luz para as atividades do dicastério. Para o prelado, este anúncio “recorda a urgência” da 

 

família “antes que seja tarde” e todas as dioceses do mundo “estão convidadas a refletirem, repensarem e darem um novo impulso à pastoral da família”.

D. Vincenzo Paglia apresentou aos jornalistas as Jornadas da Família com o tema ‘Família vive a tua alegria da fé’, com duas iniciativas: a XII assembleia plenária do Conselho Pontifício da Família, de 23 a 25 de outubro, e a peregrinação das famílias a 26 e 27 de outubro.

Na sala de imprensa do Vaticano também estavam o bispo Jean Laffitte, D. Simon Vazquez e o padre franciscano Gianfranco Grieco, respetivamente secretário, vice-secretário e chefe do departamento do CPF.

O bispo Jean Laffitte apresentou o programa para da XII assembleia plenária: a 23 de outubro debatem as atividades e o programa de atividades do CPF; no dia 24 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

há um congresso aberto que vai analisar a Carta dos Direitos da Família, que celebra 30 anos.

No dia 25 os participantes da assembleia plenária analisam os direitos da família sob a perspetiva judaica e islâmica e são recebidos pelo Papa Francisco. Ainda na tarde desse dia será apresentado o VIII Encontro Mundial das Famílias que se realiza em Filadelfia (EUA), de 22 a 27 setembro 2015.

D. Simon Vazquez, vice-secretário do CPF, explicou a peregrinação das famílias ao túmulo de São Pedro onde esperam 150 mil agregados, a 26 e 27 de outubro.

No sábado à tarde, o Papa  encontra-se com as famílias originárias de 70 países, dos cinco continentes, na Praça de São Pedro, e estará com “centenas” de crianças e idosos. Uma novidade que pretende “dar 
 

 

 

visibilidade à relação geracional que carateriza e enriquece a vida familiar, dois assuntos dignos da maior atenção”.

 

 

Família no Algarve, acolhimento e inclusão

D. Manuel Quintas, bispo do Algarve, revelou que a diocese vai privilegiar a “pastoral de acolhimento” nas paróquias, ao longo do novo ano pastoral, dedicado à Família. “Em primeiro lugar nós queremos privilegiar na diocese a pastoral de acolhimento, esta solicitude pastoral da Igreja diocesana deve estar presente em todas as paróquias, em todas as comunidades cristãs, em todos os cristãos”, começa por explicar D. Manuel Quintas à Agência ECCLESIA.

A Diocese do Algarve dedica o novo ano ao lema ‘Chamados ao amor – Deus ama-vos!’ (cf Jo 3, 16), n um percurso programático que se estende até 2017.

D. Manuel Quintas considera que o ano pastoral será positivo se conseguirem crescer no acolhimento e conseguirem também “mudar um pouco a mentalidade seja daqueles que constituem as comunidades cristãs e que estão numa situação matrimonial regular, seja daqueles que não estão nessa 

 

situação mas trazem os filhos para serem batizados, para a catequese ou até frequentam a comunidade cristã”.

O bispo do Algarve recorda as palavras do Papa João Paulo II, na Exortação Apostólica ‘Familiaris Consortio’, de 22 novembro de 1981, sobre este assunto: “Saibam estes homens e estas mulheres que a Igreja os ama, não está longe deles e sofre por essa situação”. Da citação, o prelado conclui que o “primeiro fruto da solicitude pastoral deve fazer com que estas famílias não se sintam abandonadas ou excluídas da Igreja”.

O bispo diocesano recorda que o Papa Francisco revela a mesma “sensibilidade” pela pastoral familiar, um tema urgente como demonstrou com a convocação de uma assembleia extraordinária do sínodo dos bispos, de 5 a 19 de outubro de 2014. Outro aspeto “importante” do novo Ano Pastoral é continuar a “promover a missão da família na transmissão da fé aos filhos”, estruturando a catequese de “maneira a 

 

 

possibilitar o envolvimento dos pais em momentos de diálogo ou mesmo de encontros formativos”, revela D. Manuel Quintas.

Um dos objetivos é que os pais integrem grupos de “aprofundamento da fé” enquanto os filhos estão na catequese, uma fórmula que funciona afinal “alguns hoje são catequistas e começaram dessa maneira”, 

 

assinala o interveniente que pretende que este contributo seja uma mais-valia “para a própria comunidade”. “Eu espero que ao longo deste ano se crie um movimento gerador desta integração, deste acolhimento antes de mais, da valorização do contributo que estas famílias podem dar seja à comunidade cristã seja à comunidade local”, conclui o bispo do Algarve.

 
 

 

Igreja mãe para novas realidades
da família 

O assistente da pastoral familiar da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, destacou a importância deste tema para a caminhada sinodal e revela que os responsáveis locais atentos às novas realidades, perante as quais “a Igreja contínua a ser mãe”.
“Nós sentimos esta transformação da família que se verifica a nível nacional e mundial devido às mudanças da sociedade e às mudanças culturais e isso está a influenciar a mentalidade e a realidade das famílias nas novas configurações apesar de ser uma diocese do interior”, entre outras realidades há menos casais a “realizarem o sacramento do matrimónio”, declara o padre Ilídio Mendonça à Agência ECCLESIA.
Segundo o assistente, é preciso ir ao encontro destas novas realidades “sobretudo” através dos leigos, para que as pessoas possam sentir “a Igreja tem por eles um carinho, que contínua
 
 
 a ser para eles mãe e contínua a acolhê-los”, mesmo havendo “limitações a nível do direito canónico”.
“Não há famílias de primeira e de segunda, no entanto, se há muitas que são testemunhas visíveis da alegria e da esperança, outras há que vivem em situações difíceis, desfeitas e envolvidas em muito sofrimento”, destacou D. Antonino Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco, na assembleia que marcou o início do terceiro ano do Sínodo diocesano.
O padre Ilídio Mendonça assinala que o tema da família “tem uma importância muitíssimo grande porque, no inquérito que antecedeu a proclamação do sínodo, foi escolhido em primeiro lugar” e que o bispo da diocese e a sua equipa entenderam que seria apropriado.
Para o sacerdote é importante ter atenção a esta nova realidade que está a influenciar as famílias da diocese, “particularmente os casais mais jovens”, para 
 

 


 

 

 

além das condições económicas que também afetam as famílias.
Atualmente a crise económica é outra situação que não pode ser esquecida quando se pretende constituir família, um desafio a que a diocese também está atenta, com cantinas sociais e centros sociais nas paróquias, mesmo que “nem sempre”
 
 consiga “dar resposta total”.
Segundo o entrevistado, durante o sínodo existem grupos de leigos, padres e religiosos/as que refletem, duas vezes por mês, o tema proposto e subtemas a ela ligados, que são analisados por uma comissão e, depois, nas assembleias sinodais são apresentados e aproveitados para a diocese.
 

 

Uma nova porta de esperança
se abre para as Famílias

No momento em que tantas famílias passam por enormes dificuldades, que vemos, como em Lampedusa ou mesmo ao nosso lado, famílias a naufragarem, aparece no horizonte uma porta de esperança. Porta, talvez, estreita para tanto sofrimento vivido mas, uma vez mais, é a Igreja a perceber que os tempos estão a mudar e é urgente adequar a Pastoral Familiar às novas realidades.

A convocação de um Sínodo Extraordinário sobre a Pastoral Familiar, com esta orientação à Evangelização, em Outubro de 2014, constitui uma oportunidade para as igrejas diocesanas e os movimentos ligados à pastoral familiar não deixarem escapar. Somos todos convidados a repensar modos de organização e atuação. Neste todos devemos incluir outras organizações e os próprios governos. Que é feito das boas intenções proclamadas a quando do Ano Internacional da Família em 1994? Vinte anos depois as famílias estão melhores? Há mais saúde, 

 

educação e respeito pelos valores fundamentais da vida?

Somos todos chamados a refletir as consequências desta idolatria dos mercados, do consumismo desenfreado, do materialismo, do relativismo cego, que temos vivido.

Será possível neste ambiente tão hostil à família, com uma economia que favorece o descartável, a mobilidade constante, o lucro a qualquer preço, propor o modelo cristão da família, sobretudo como projeto de fidelidade e fecundidade? Acreditamos que sim e talvez nunca como agora a Igreja tem a obrigação de testemunhar as enormes vantagens, para a pessoa humana e para a sociedade, deste modelo.

Estamos todos ainda a tentar perceber este novo fenómeno em torno do Papa Francisco e como este clima social favorável à Igreja pode permitir mudanças mais profundas nas estruturas da própria Igreja e na sociedade.

Estamos a terminar o Ano da Fé e por isso a abrir novos Caminhos 

 

 

para testemunhar a trilogia da Fé, Esperança e Caridade junto das Famílias.

A Peregrinação das Famílias no Ano da Fé vai trazer novidades sobre os passos que iremos dar em direção ao Sínodo tendo já como horizonte o VII Encontro 

 

 Mundial das Famílias com o Santo Padre, em Filadélfia, em 2015.

Saibamos dar a verdadeira prioridade às famílias e à formação das futuras gerações.

Fátima e Luís Reis Lopes

Departamento Nacional

da Pastoral Familiar

 

 

Fátima levou multidão ao Vaticano

A Jornada Mariana do Ano da Fé, que a Santa Sé promoveu nos dias 12 e 13 de outubro, levou a imagem venerada na Capelinha das Aparições até ao Vaticano, pela terceira vez na história. Na presença de uma grande multidão, o Papa Francisco realizou o ato de entrega da humanidade à Virgem Maria, pedindo-lhe em particular que ensine aos homens o seu “amor de predileção pelos pequeninos e pelos pobres, pelos excluídos e sofredores, pelos pecadores e desorientados”.

O ato solene teve lugar no final da missa celebrada este domingo no adro da basílica de São Pedro, no mesmo dia da última aparição mariana aos três pastorinhos. O Papa despediu-se com um “ato de entrega”, no qual rezou à “bem-aventurada Maria, Virgem de Fátima, com renovada gratidão”, unindo a sua voz “à de todas as gerações”.

A oração encerrou dois dias de celebrações junto da imagem original de Fátima, que se deslocou ao Vaticano a pedido de Bento XVI, Papa emérito, e de Francisco, tendo sido recebida 

 

por ambos, após a sua chegada, este sábado.

O Papa acolheu solenemente a imagem original de Nossa Senhora de Fátima, na Praça de São Pedro, tendo depositado um rosário a seus pés, como oferta pessoal. Francisco declarou que a imagem vinda de Fátima ajuda os presentes a “sentir a sua presença” como “uma mulher de fé, uma verdadeira crente”.

Nesse sentido, a sua catequese centrou-se sobre a “fé de Maria”, capaz de desatar o “nó” da incredulidade, um problema que o Papa comparou ao que acontece “quando uma criança desobedece à mãe ou ao pai”.

Mais tarde, Francisco convidou a “olhar” para Maria, em particular nas situações de dificuldade, numa mensagem enviada a milhares de pessoas reunidas em Roma, numa noite de oração com a imagem da Capelinha das Aparições. “Quando estamos cansados, desanimados, oprimidos pelos problemas, olhemos para Maria, sintamos o seu olhar que diz ao nosso coração: «Coragem, 

 

 

 

 

 

filho, estou aqui Eu que te sustento!»”, declarou, na intervenção em vídeo, divulgada no Santuário do Divino Amor.

Na homilia de domingo, o Papa alertou para os riscos de uma cultura do “provisório” que incapacita as pessoas de assumirem ou manterem compromissos, numa homilia

 

 

 

proferida junto à imagem da Capelinha das Aparições. “Sou um cristão intermitente, ou sou cristão sempre? Infelizmente, a cultura do provisório, do relativo penetra também na vivência da fé”, alertou, na missa conclusiva da Jornada Mariana do Ano da Fé, na Praça de São Pedro, perante dezenas de milhares de pessoas.

 

 

Cardeal Bertone
deixou Secretaria de Estado

O Papa Francisco despediu-se esta terça-feira do secretário de Estado cessante do Vaticano, D. Tarcisio Bertone, destacando a “lealdade” e dedicação à Igreja do cardeal cessante.

“A atitude de fidelidade incondicional e de absoluta lealdade a Pedro [o Papa] é caraterística distintiva do seu mandato como secretário de Estado, tanto em relação a Bento XVI como em relação a mim, nestes meses”, disse, numa carta escrita por ocasião da cerimónia de despedida que decorreu na Biblioteca da Secretaria de Estado.

Francisco mostrou-se “profundamente grato” pelo serviço do cardeal Bertone, que desde setembro de 2006 assumia o cargo de secretário de Estado, o mais direto colaborador do Papa no governo da Igreja.

A intervenção, perante colaboradores e funcionários da Secretaria de Estado do Vaticano, deixou mais agradecimentos pela “coragem e paciência” com que o

 

 

 

cardeal italiano viveu “as contrariedades” que teve de enfrentar. “Foram muitas”, afirmou o Papa.

Francisco falou numa missão “delicada e desafiante”, que ficou explícita em “sete anos de trabalho intenso, vividos com grande generosidade e espírito de serviço”.

A tomada de posse do novo secretário de Estado do Vaticano, D. Pietro Parolin, que estava marcada para a mesma manhã, foi adiada por “algumas semanas” devido a um problema de saúde do arcebispo italiano, revelou o Papa.

 

 

 

Papa pede fim do escândalo da fome

O Papa Francisco alertou para o “escândalo” da fome no mundo atual, apesar do desperdício diário de toneladas de comida, numa mensagem por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, que se assinalou esta quarta-feira.

“É um escândalo que ainda haja fome e subnutrição no mundo. Não se trata apenas de responder às emergências imediatas, mas de enfrentar juntos, em todos os campos de ação, um problema que interpela a nossa consciência pessoal e social, para obter uma solução justa e duradoura”, refere o documento, endereçado a José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, a agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura.

Segundo o Papa, é preciso “repensar” os sistemas alimentares numa perspetiva solidário, para superar uma “exploração selvagem” da natureza, e mudar estilos de vida que levam ao “consumismo” e ao desperdício de comida.

“A fome e a desnutrição nunca

podem ser consideradas como um

 

 

facto normal, ao qual é preciso habituar-se, como se fizesse parte do sistema: algo tem de mudar em nós próprios, na nossa mentalidade, nas nossas sociedades”, escreve.

A mensagem fala da importância da solidariedade, uma "palavra tão incómoda", propondo que esta seja a "atitude de fundo nas decisões" políticas, económicas e financeiras.

"A solidariedade não se reduz às diversas formas de assistências, mas esforça-se por assegurar que um número cada vez maior de pessoas possa ser economicamente independente", precisou o Papa.

 

 

E Viveram Felizes Para Sempre...?

Aos vinte e quatro anos de idade, Laura espera vir a encontrar o seu príncipe encantado. A inquietude dos seus sonhos premonitórios ameniza-se quando conhece Sandro,  um jovem e bondoso músico cujo amor augura um futuro semelhante aos dos contos de fadas. No entanto, à medida que a relação progride e outras personagens entram nesta história as inquietações aumentam: será Maxime, sedutor empresário e ‘bon vivant’ , o anjo que Laura  anteviu nos seus sonhos? Será o pai de Sandro capaz de iludir a data da morte que uma vidente lhe anunciou? Poderá a tia de Laura vencer os seus medos e levar a bom porto o ensaio da peça que tem em mãos? Serão Laura e Maxime verdadeiramente donos das suas vidas e destinos?...

Desde que ‘O Gosto dos Outros’ chegou a Portugal, em 2001, ficámos a conhecer a extraordinária capacidade simultaneamente realista e encantatória do cinema de Agnès Jaoui. Ali, através de uma história simples e comum, próxima

 

 de qualquer espetador, Jaoui confeccionava um belíssimo conto de amor, envolvendo um introvertido empresário e tocando numa das ‘feridas’ do nosso tempo: a solidão e o ceticismo.

Os seus filmes seguintes, ‘Olhem para Mim’ e ‘Deixa Chover’ tornam a pegar em temas tão comuns e marcantes do nosso tempo como o da importância da imagem e a sua relação com a identidade, no primeiro caso, ou de classe, de género e imigração no segundo.

Aqui, em ‘E Viveram Felizes para Sempre...?’ e a partir de mais uma parceria na escrita do argumento com o seu marido Jean-Pierre Bacri (ambos atores neste filme), Jaoui tece uma deliciosa trama entre o romântico, o dramático e o onírico para representar os tempos de inquietude e interrogação que vivemos. Fá-lo distribuindo por várias gerações as grandes interrogações que cabem às respetivas fases de vida e a cada personagem no desenho social que lhe compete: o papel do sonho e do desejo, a busca do amor; a fidelidade, a entrega ao outro, a gestão do acaso 

 

 

 

 

 

 

e do poder de escolha sobre o destino; a proximidade da morte e a reflexão de vida; o desejo de eternidade e a cedência ao efémero, entre outras...

Um filme ‘sui generis’ servido por um bom elenco que combina,   

 

entre consonâncias e dissonâncias,  a narrativa tradicional dos contos de fadas com uma outra bem atual, dando-nos uma perspetiva curiosa da nossa própria humanidade.

 

Margarida Ataíde   

 

 

 

Exposição missionária online

www.exposicaomissionaria.org/

 

Decorreu entre maio e outubro do ano de 2012 uma exposição missionária que esteve aberta ao público em Fátima e que agora se encontra disponível na internet. Essa exposição intitulada “Alarga o espaço da tua tenda” extraído do livro bíblico atribuído ao profeta Isaías, quer suscitar nos visitantes uma atitude de acolhimento “ao outro”.

Conforme refere o padre Alberto Silva, presidente dos Institutos Missionários Ad Gentes: “Foram muitas as pessoas que, durante seis meses, passaram por Fátima, Portugal, e se deixaram encontrar pela exposição missionária. Foram experiências e missão a acontecer”, acrescentando que “há porém muita outra gente que não passou por Fátima”. Conclui dizendo que “é por isso que fazemos esta proposta: caminhar pelo virtual. Está aí para ti, para si, a possibilidade de entrar nesta exposição missionária e alargar a tua/sua tenda”.

O resultado da parceria entre os Institutos Missionários Ad 

 

Gentes, a Obra Pontifícia Missionária e o Santuário de Fátima está disponível em www.exposicaomissionaria.org.

Que melhor sugestão para este mês de Outubro que é por natureza um mês dedicado, pela Igreja Católica, ao mundo missionário? Porque a ideia presente nestes trinta e um dias é a de que se desenvolvam nas comunidades locais, uma série de atividades destinadas a promover a Missão como «urgência e prioridade». Uma forma concreta de aprofundarmos o nosso gosto missionário passa então pela realização da visita virtual a esta magnífica exposição.

Através de uma ferramenta que simula o nosso campo de visão, “o percurso convida o visitante a apreender, segundo ritmos diversificados, a realidade da Missão, partindo de uma consciência teológica que reflete acerca de como Deus se mostra missionário”. Para finalizar, referimos que este espaço se encontra dividido em quatro ambientes muito bem identificados (1. Deus missionário: a missão é comunicação; 2. Discípulos de Jesus Cristo: 

 

 

 

 

 

 

missionários ontem, hoje e sempre; 3. Missão: em todo o tempo e lugar; 4. Alarga o espaço da tua tenda: da fonte batismal para a missão).

Fica aqui a sugestão para que visitem esta exposição e sintam que "o mandato missionário 

 

continua a ser uma prioridade absoluta para todos os batizados, chamados a ser «servos e apóstolos de Cristo» neste início de milénio” e assim podermos viver a missão, transmitindo a fé.

Fernando Cassola Marques

fernandocassola@gmail.com

 

 

 

Os rostos de Jesus

«Os rostos de Jesus – Uma Revelação» (Círculo de Leitores) é uma viagem fotográfica pelas representações de Jesus crucificado que podemos contemplar no alto dos cruzeiros de pedra existentes sobretudo no Norte de Portugal. São mais de 100 fotografias de esculturas tendo por fundo o céu azul, que permitem apreciar a expressão facial e corporal do Jesus Cristo que cada artífice da pedra, em cada lugar, soube criar. A leitura do texto de José Tolentino Mendonça é indispensável para compreender estas imagens e o subtítulo Uma Revelação. O autor explica que a diversidade de interpretações que a arte faz do rosto de Jesus traduz a incerteza sobre o seu rosto histórico. Mas, para além disso, também demonstra a impossibilidade de uma imagem captar a verdade completa sobre Jesus, porque ele é ponto de interseção entre o divino e o humano.»

Percorrendo o país, Duarte Belo registou as esculturas em pedra de Jesus que encontrou, em viagem, pelos cruzeiros. 

 

 

Trabalhando as rochas em granito que a própria natureza talhou entre sítios altos, os homens esculpiram o rosto de Jesus em diferentes tempos e lugares. A recolha do fotógrafo dessas obras alia-se neste livro ao pensamento de José Tolentino Mendonça.

 

 

 

A Ilha do Arco-Íris

No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a ONGD Leigos para o Desenvolvimento apresentam o livro A Ilha do Arco-Íris.

O lançamento será às 19h00 na Casa Floresta, na zona de entrada livre do Jardim Zoológico de Lisboa e contará com a presença das autoras, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada

A apresentação do livro estará a cargo de Filipe Pinto, Presidente dos Leigos para o Desenvolvimento, que adianta: “Este livro surge como forma de apoiar o nosso trabalho em contexto de interculturalidade. Ao obtê-lo, está a contribuir para o trabalho de promoção de uma melhor compreensão e comunicação entre culturas, valorizando a interação social criadora de identidades e o sentido de pertença comum à humanidade”.

O desafio de criar uma história especialmente dirigida a crianças que refletisse os valores da interculturalidade, temática especialmente cara aos Leigos para o Desenvolvimento, foi lançado a estas autoras tão 

 

 

 

conhecidas do público infanto-juvenil. Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada corresponderam com entusiasmo, criando uma fábula em que, através da voz de diferentes animais, vão transmitindo a importância de percebermos e aceitarmos as diferenças uns dos outros, num diálogo intercultural constante que passa pela partilha, pela solidariedade, pela necessidade de encontro com o outro e pela riqueza da diversidade.

 

 

D. António Marcelino:
Uma vida cheia de pedaços conciliares

 

O esquecimento, por parte de muitos, do II Concílio do Vaticano foi uma preocupação ao longo do múnus pastoral de D. António Marcelino, falecido neste mês de outubro. Cinquenta anos depois do início dos trabalhos conciliares, o prelado observava “que muitas coisas estão em aberto e que já se sentem nostalgias e se vêem tentações de voltar ao pré-Concílio. Isso preocupa-me muito” (In: Correio do Vouga, 30 de novembro de 2011).

Na mesma entrevista, concedida a Jorge Pires Ferreira este provoca o, na altura, bispo emérito de Aveiro, deste modo: «Agora que está sem a responsabilidade de uma diocese está mais livre nas palavras que escreve e, logo, mais crítico, ou até mais profético». A resposta demonstra bem a visão eclesial de D. António Marcelino: “Tenho ouvido esse comentário que tem alguma razão de ser, porém, o que tenho dito e escrito, desde 1981, está publicado nos volumes «A vida também se lê». Aí, se pode ver, de modo muito claro, que nunca deixei de estar na praça pública com propostas, críticas e opiniões sobre assuntos e acontecimentos de interesse social e eclesial”.

Para D. António Marcelino, as lições da sua mãe, “como recados de Deus”, ficaram cunhadas na sua vida. O II Concílio do Vaticano disse-lhe “que o servo não é senhor. A minha mãe já mo tinha dito e ensinado de muitas maneiras, ainda antes de eu ser padre” (In: Marcelino,

 

 

 

 

 

António Baltasar - Pedaços de Vida que geram vida – Experiências e vivências em Missão, Lisboa, Paulinas, p. 19).

Os conselhos maternais caminharam sempre consigo. Talvez, por isso, o incomodava a palavra «dom» antes do seu nome próprio. “Não o posso evitar, infelizmente, mas decidi nunca assinar o meu nome com tal adereço”. Esse “é tratamento de fidalgos”. E o brasão episcopal? “Nunca o quis, nunca o tive. Se, por burocracia, o necessitasse alguma vez, a diocese teria, por certo, o seu selo próprio. E devo dizer que nunca me fez falta”, reconheceu na obra citada.

Das lições de sua mãe vinha também “o enjoo pelos títulos de adorno, que a Igreja teima em conceder a clérigos, como se o ser simplesmente padre ou bispo não chegasse”. Aprendeu cedo que a “honra está em ser fiel ao que Deus nos dá e nos pede, e que as honras que vêm de fora são, depressa, «flor que murcha e 

 
erva que seca»”, escreveu em Pedaços de Vida que geram vida – Experiências e vivências em Missão.

Aquando da sua estadia em Roma para estudar, ainda antes da convocação, por João XXIII, do II Concílio do Vaticano, o jovem padre António Marcelino recorda uma ida de D. Sebastião Soares de Resende, na altura bispo da Beira (Moçambique) ao Colégio Português, na capital italiana. O prelado da diocese moçambicana desafiou os “padres novos e doutores em perspectiva” a investigar e estudar a “sério a necessidade do catecumenato, da iniciação cristã”, que já era um problema da década de 60 do século passado e seria também nas décadas seguintes. O estudante levou a peito o desafio e aprofundou estas questões pastorais. No entanto confessou mais tarde: “A ousadia ficou-me cara”…

 

Luis Filipe Santos

 

 

outubro 2013

Dia 20

20 - Dia Mundial das Missões e Mensagem do Papa Francisco

20 - Aveiro - Sé - Ordenação de diáconos permanentes
20 - Lisboa - Estoril (Jardins do Casino) - Celebração presidida por D. Manuel Clemente no encerramento da visita da imagem peregrina de Fátima à vigararia de Cascais

20 - Lisboa - Cacém (Quinta do Castelo) - Festa Missionária promovida pelos Missionários da Consolata

 

Dia 21

21 - Porto - UCP - Sessão do seminário de História Religiosa sobre «As reformas da Igreja» com o tema «A restauração da vida beneditina em Portugal e o Movimento litúrgico (1926-1959)»

 

 

 

Dia 22

22 - Lisboa - Livraria Ferin (Chiado) - Lançamento do livro «Santa Beatriz da Silva - Estrela para novos rumos» coordenado por José Eduardo Franco e D. José Sanches Alves
22 e 23 - Fátima - Peregrinação de idosos ao Santuário de Fátima promovido pelo Secretariado da Mensagem de Fátima da diocese de Coimbra.

 

Dia 23

23 a 25 - Vaticano - XII assembleia plenária do Conselho Pontifício da Família

 

 

Dia 24

24 - Porto - Universidade do Porto (Faculdade de Letras) - Seminário sobre «Redenção e Escatologia no pensamento português - Idade Média».  
24 - Lisboa - Igreja do Sagrado Coração de Jesus - Missa das Universidades presidida por D. Manuel Clemente. 
24 - Braga - UCP (Auditório São Tomás de Aquino) - Conferência sobre «Juan de Ávila: sábio de ontem, saber de hoje» por Alexandre Duarte.

 

 

 

24 a 26 - Évora - Colégio do Espírito Santo - Colóquio «Sacrae Imagines: Ciclos de Iconografia Cristã na Azulejaria» promovido Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja com o Centro de História da Arte e Investigação Artística da Universidade de Évora

 

Dia 25

25 - Aveiro - Anadia (São Paio de Arcos) - Sessão sobre «Família, Casamento e Sexualidade»
25 - Lisboa - UCP - IV Jornada de Teologia Prática sobre «Quando me sinto forte é que sou fraco - para uma Teologia da Vulnerabilidade»
25 - Vaticano - Encerramento (início a 06 de setembro) da iniciativa da abertura nocturna dos Museus do Vaticano.  
25 a 27 - Santarém -  Peregrinação da pastoral juvenil da diocese de Santarém ao Santuário de Fátima

 

Dia 26

26 - Setúbal - Sé - Encontro diocesano de directores de Coros Litúrgicos.
26 - Porto - Carvalhos (Seminário dos Claretianos) (21h00m) - Iniciativa «Conversas com Vida...» com a presença dos jovens que realizaram, no último mês de Agosto, voluntariado missionário em São Tomé e Príncipe.

 


26 - Bragança - Mirandela (Centro Juvenil São João Bosco) - Encontro de catequistas com o tema «O/A catequista como animador/a»
26 - Lisboa - Campo Grande (Casa das irmãs Vicentinas) - I Jornada Diocesana das Capelanias Hospitalares e de Voluntariado Pastoral
26 - Vaticano - Entrega do prémio Ratzinger ( espécie de ‘Nobel’ da Teologia), ao biblista anglicano Richard Burridge e ao teólogo leigo alemão Christian Schaller
26 - Vaticano - Simpósio «Os Evangelhos: história e cristologia. A investigação de Joseph Ratzinger» promovido Fundação do Vaticano "Joseph Ratzinger-Bento XVI"
26 - Porto - Gondomar (Auditório da Biblioteca Municipal de Gondomar)(21h30m) - Conferência sobre «A caridade não acaba nunca - A Igreja no Mundo de hoje, à luz da Gaudium et Spes» por D. Manuel Linda e integrada no ciclo de conferências sobre o Ano da Fé
26 - Porto - Congresso «Empreendedores locais».  
26 - Coimbra - Seminário Maior de Coimbra - Acção de formação para o despertar religioso das crianças dos 0 aos 6 anos.

 

 

 

Ano C - 29.º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Proclama
a Palavra,
insiste!

 

 

A Palavra que a liturgia deste vigésimo nono domingo do tempo comum nos apresenta convida-nos a manter com Deus uma relação estreita, uma comunhão íntima, um diálogo insistente: só dessa forma será possível ao crente aceitar os projetos de Deus, compreender os seus silêncios, respeitar os seus ritmos, acreditar no seu amor.

O Evangelho sugere que Deus não está ausente nem fica insensível diante do sofrimento do seu Povo. Devemos descobrir que Deus nos ama e tem um projeto de salvação para todos; essa descoberta só se pode fazer através da oração, de um diálogo contínuo e perseverante com Deus. É esse também o sentido da primeira leitura.

Hoje, gostaria de realçar a leitura da Segunda Carta a Timóteo, que apresenta a Sagrada Escritura como fonte privilegiada de encontro entre Deus e o homem.

Dizer que a Escritura é inspirada por Deus significa que ela contém as palavras que Deus quer dirigir-nos, a fim de nos indicar o caminho para a vida plena. No dizer de Leão XIII, a Escritura é “uma carta outorgada pelo Pai celeste ao género humano viandante longe da sua pátria, e que os autores sagrados nos transmitiram”. A Escritura deve, pois, assumir um lugar preponderante na minha vida pessoal e na vida das comunidades cristãs. 

 

 

 

 

 

 

 

 

É isso que acontece? Que lugar ocupa a leitura,  a reflexão e a partilha da Palavra de Deus na minha vida e nas comunidades cristãs? O que é que assume um valor mais determinante na experiência cristã: as práticas rituais, as devoções particulares, as leis e os códigos, ou a Palavra de Deus?
A Palavra de Deus aparece envolta em roupagens e géneros literários típicos de uma época e de uma cultura determinada. Por isso, é preciso estudá-la, aprender a conhecer o mundo e a cultura bíblica, compreender o enquadramento e o ambiente em que o autor sagrado escreve. As nossas comunidades cristãs devem ter o cuidado de organizar iniciativas no campo da informação e do estudo bíblico, de forma a proporcionar uma informação adequada para 
 
cmelhor ompreender a Palavra de Deus. É preciso insistir  continuamente nisto, para que a Palavra seja levada no coração, meditada, vivida e proclamada! A segunda leitura chama também a atenção daqueles que estão ao serviço da Palavra: devem anunciá-la em todas as circunstâncias, sem respeito humano, sem jogos de conveniências, sem atenuar a radicalidade da Palavra; e devem também preparar-se convenientemente, a fim de que a Palavra se torne atraente e chegue ao coração dos que a escutam.

Que este Dia Mundial das Missões seja vivido na oração e no acolhimento da Palavra de Deus, que nos chama, convoca e envia em missão!

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 20  - Novos ambientes para a missão: fonteiras digitais.

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 21 - Entrevista a Fernando Reis e José Martins sobre a Sociedade de S. Vicente de Paulo, nos 200 anos de nascimento do seu fundador, Frederico Ozanam.

Terça-feira, dia 22 - Informação e entrevista a Maria do Rosário Carneiro sobre os 30 anos da Carta dos Direitos da Família.

Quarta-feira, dia 23 - Informação e entrevista a Maria Cruz Pinheiro e José Olimpio sobre as Equipas de Santa Isabel.
Quinta-feira, dia 24- Informação e entrevista a Luís e Fátima Lopes, do Departamento Nacional da Pastoral da Família
Sexta-feira, dia 25- Apresentação da liturgia dominical pelos padres Robson Cruz e Vitor Gonçalves.
 

Antena 1

Domingo, dia 20 de outubro,  06h00 - Dia Mundial das Missões. Entrevista ao diretor das Obras Missionárias Pontifícias, e Nuno Fonseca, dos Leigos para o Desenvolvimento.

 

Segunda a sexta-feira, dias 21 a 25 de outubro, 22h45 - A Família: análises no contexto das Jornadas de Pastoral Familiar (Fátima 18-20 de outubro) e da Peregrinação das Famílias ao Vaticano (Roma, 26 e 27 de outubro)

 

 

 

 

Esta sexta-feira, dia 18, celebra-se o Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, com um programa variado de conferências e cultura na Igreja de São Salvador e no Museu Nacional Machado Castro, em Coimbra.

 

As XXV Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar, com o tema «O trabalho e a família», realizam-se no Seminário do Verbo Divino, em Fátima, de 18 a 20 de outubro. Manuel Braga da Cruz, antigo reitor da Universidade Católica Portuguesa, participa nas jornadas com duas conferências.

 

O Corpo Nacional de Escutas (CNE), na Ilha de São Miguel, nos Açores, associa-se ao Jamboree On The Air (JOTA) e o Jamboree On The Internet (JOTI), do dia 18 ao dia 20 de outubro. Um jamborre é um encontro internacional de escuteiros.

 

Este domingo, celebramos o Dia Mundial das Missões e o Papa Francisco escreveu a sua primeira mensagem onde desafia a Igreja Católica a sair das suas fronteiras para anunciar o Evangelho às periferias: “O homem do nosso tempo precisa de uma luz forte que ilumine o seu caminho e que só o encontro com Cristo lhe pode dar”.

 

A XII assembleia plenária do Conselho Pontifício da Família realiza-se com o tema «Família vive a tua alegria da fé», de 23 a 25 de outubro, seguida da peregrinação das famílias ao túmulo do Apóstolo São Pedro, onde são esperados 150 mil agregados, na cidade do Vaticano.

 

Tragédia em Lampedusa
reacende debate sobre imigração ilegal

Dia de lágrimas

Centenas de mortos. Era apenas mais um barco apinhado de gente que vinha de África com o sonho de chegar à Europa. Foi apenas mais um barco que naufragou. Perante a notícia trágica, o Papa Francisco falou num “dia de lágrimas” O mar, agora, está mais salgado…

 

A história repete-se, vezes sem conta. Entre África e a Europa, entre a pobreza e o sonho de um mundo de abundância, fica o Mediterrâneo. Fica um mar que, por vezes, se torna madrasto, que se revela uma incógnita. As viagens fazem-se às escondidas, são pagas a peso de ouro e acontecem em barcos minúsculos para dezenas, centenas de pessoas. Só a miséria absoluta pode alimentar o sonho de uma viagem assim, aterradora, altamente improvável. É preciso imaginar a pobreza para se perceber a razão do quase suicídio. No dia 3 de Outubro, a Itália decretou luto nacional 

 

pela morte de centenas de pessoas num barco que transportava meio milhar de homens, mulheres e crianças que fugiam da pobreza. Morreram. Mal se soube da notícia e o Papa Francisco disse: "Hoje é um dia de lágrimas”.

 

Uma tragédia imensa

Nunca há coincidências. A sua primeira deslocação oficial como Sumo Pontífice foi a Lampedusa. Foi lá, logo no início do pontificado, a 8 de Julho, para assinalar esta tragédia imensa, para dar um sinal de que temos de nos preocupar mesmo com os que mais sofrem. Agora, este naufrágio veio reforçar as suas próprias palavras. Deu-lhes amplitude. Disse o Papa Francisco: "Ao mundo não importa se as pessoas devem fugir da escravidão, da fome, buscando a liberdade", e criticou "o espírito mundano" que chamou de "lepra, cancro da sociedade, que mata a Igreja".

 

 

 

Estatística manchada de sangue

Este naufrágio – apenas mais um, infelizmente – relançou o debate sobre a imigração ilegal e a Europa. Quando um barco assim se aproxima da Europa – e este naufragou a pouco mais de 500 metros da costa – deve ser visto como tendo a bordo imigrantes ilegais ou pessoas? É a diferença entre um olhar administrativo e um olhar humano. Os que morreram, na sua maioria eritreus e somalis, fazem agora parte de uma longa estatística. Longa e negra. Segundo a organização não-governamental Migreurop, com sede em Paris, nos últimos vinte anos, 17 mil imigrantes morreram ao tentar chegar à Europa.

 

Mundo sem fronteiras

Nós na Europa, mesmo nos países com economias mais débeis, como Portugal, somos vistos como privilegiados. E como é que nós, os privilegiados, olhamos para estes estrangeiros que dão tudo por tudo para conseguirem uma vida menos difícil? A geografia dos homens não chega ao Céu. Para Deus não há cidadãos ricos e pobres, não há primeiro, nem 

 

segundo, nem terceiro mundo. Há pessoas. No fim-de-semana passado, às portas de Itália, não morreram centenas de somalis e eritreus. Morreram homens, mulheres e crianças. Gente como nós. É por isso que as lágrimas de que fala o Papa Francisco nos dizem tanto…

 

Saiba mais em 

www.fundacao-ais.pt 

217 544 000

 

 

LUSOFONIAS

Contra a pobreza, pelos Pobres

Tony Neves

 

A pobreza é uma palavra com vários sentidos. Os Religiosos fazem voto de Pobreza para dizer ao mundo que os bens materiais pouco contam, em comparação com Deus e os valores que Ele aponta. Ora, ser Pobre, neste contexto, é algo de muito bom, pois escolhe-se um estilo de vida simples, onde as pessoas valham mais que as coisas.

Mas a pobreza que resulta da falta de condições para se viver com dignidade, essa é abominável e é urgente lutar contra ela com todas as forças disponíveis.

A celebração do dia mundial pela erradicação da pobreza acontece dias depois do da luta contra a fome. Os números apontados são arrasadores: a fome atinge cerca de 842 milhões de pessoas, no mundo inteiro. Ninguém devia dormir descansado depois de escutar esta estatística demolidora da nossa consciência de humanos. O Papa Francisco aproveitou a audiência de quarta-feira para dizer a Roma e ao Mundo que a fome é um escândalo. É preciso pôr fim a esta vergonha da humanidade.

A pobreza tem outros indicadores. É desumano que muitas pessoas não tenham acesso aos mais básicos cuidados de saúde. Não se pode admitir que crianças e jovens não andem na escola. Não abre caminhos de futuro a situação de milhões de desempregados. É vergonhosa a péssima habitação onde vive tanta gente, já para não falar da multidão dos sem abrigo. Isto para

 

 

 

Luso Fonias

 

 

 já não voltar a falar das guerras, conflitos e outros contextos onde há gritantes e aberrantes violações dos direitos humanos, uma das mais trágicas formas de pobreza.

As lutas pela erradicação da pobreza exigem corações abertos e disponíveis para mais e melhor solidariedade. Sem partilha, não há forma de pobreza que se combata a sério. Enquanto as outras pessoas não forem minhas irmãs de coração, a exclusão terá sempre lugar cativo nas nossas sociedades. A fraternidade tem 

 

de deixar de ser palavra de  dicionário para se transformar em atitude de dia a dia.

Assis provoca-nos, pois o Pobre Francisco decidiu dar tudo, libertar-se de tudo, para se dedicar integralmente aos pobres. A sua mensagem continua a ecoar nos Parlamentos e Palácios de Governos, nas sedes das Empresas e nas Organizações Internacionais, a gritar bem alto a ‘Paz e Bem’ geradora de fraternidade universal, o único valor capaz de erradicar a pobreza, uma vez por todas.

 


 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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