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Tema do dossier da próxima edição: Ano da Fé
Foto da capa: D.R
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Opinião |
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Conferência Episcopal Portuguesa
CNJP: primeiro as pessoas depois os números
Combater o desemprego
Padre Tony Neves |
DSI: mais do que uma sigla |
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Paulo Rocha Agência Ecclesia |
A Doutrina Social da Igreja (DSI) tem hoje vozes ativas, atentas ao que acontece, com análises claras e intervenções pertinentes. Recordo três dessas vozes, destes dias, para dizer que a DSI não é só da revolução industrial, mas também da digital, e passa pela palavra e pela ação de muitos cidadãos do nosso quotidiano. A Cáritas Portuguesa num documento onde faz uma “leitura da realidade face à atual conjuntura do país”, divulgado no dia 8 de novembro, afirma: “Não basta termos soluções técnicas com efeitos a prazo. Impõe-se que haja sensibilidade e sentido de justiça para minorar drasticamente os sacrifícios de quantos são afetados pelas medidas geradas pela crise”. Na mesma linha, a Comissão Nacional Justiça e Paz afirma que “os governos existem, não para cumprir metas orçamentais, mas para promover o bem-estar das pessoas e das famílias, de forma sustentável” e que, “com os recursos existentes no país, na União Europeia e nas instituições internacionais envolvidas, não é aceitável que sobre o povo português se faça desabar um tipo de austeridade objetivamente desumano, em resultado de objetivos financeiros transformados em finalidade última e única das políticas públicas”.
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A Conferência Episcopal Portuguesa, por seu lado, diz numa mensagem sobre “Os desafios éticos do trabalho” que na raiz da crise, que é também ética, espiritual e humana, “existe uma traição ao bem comum, quer da parte do indivíduo, quer da parte de certos grupos de poder” por não darem “prioridade à pessoa e ao bem comum”. Mais à frente, o documento do episcopado recorda “situações mais graves”, “a dos desempregados que não têm direito a qualquer forma de subsídio de desemprego”, para afirmar que “essa forma de apoio está ligada ao direito à vida e à subsistência, e decorre não só da dignidade humana mas também do princípio do uso comum dos bens”. O documento, aprovado na Assembleia Plenária da CEP e divulgado esta quinta-feira, sublinha que “compatibilizar esta obrigação de solidariedade social com a diminuição efetiva da riqueza |
pessoal e do próprio País é um enorme desafio que se coloca a todos os cidadãos”.
Estas, entre muitas outras, são afirmações da Doutrina Social da Igreja, ditas por protagonistas da atualidade e sobre situações muito concretas. Não se dizem nomes de pessoas ou de instituições. Nem é preciso. O primeiro é o próprio, o nome próprio de cada cidadão que não pode demitir-se do seu compromisso na construção do bem comum. Sem nunca se afirmar como um partido político, a DSI inspira mudanças na sociedade que resultariam em felicidade para todos. Também para quem vive obstinado pela acumulação de riquezas. Não seguir essa via não é por falta de ser lembrada, em diferentes contextos. Hoje há muitas vozes que proclamam a Doutrina Social da Igreja. Falta a escuta... E a coerência… |
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Destruição provocada pelo tufão Haiyan, Filipinas |
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Teremos de ser nós a decidir os nossos destinos e eu peço ao Governo que seja mais firme do que tem sido face ao FMI e à ‘troika’ em geral Eugénio Fonseca, 14.11.2013, declarações à Renascença
O meu receio é este, com esta austeridade atrás de austeridade, a economia portuguesa não estar suficientemente recuperada, porque os mercados não vão funcionar só pelo facto cronológico de haver o fim do ajustamento financeiro. Alberto João Jardim, 13.11.2013, entrevista à RTP Informação
Se não há modificação na Europa com o [Martin] Schulz vamos para uma nova guerra Mário Soares, 13.11.2013, homenagem na Câmara Municipal de Paris
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Não há nenhum número mágico de juros na nossa opinião, mas a maneira que vemos do que tem de ser o financiamento nos mercados é: o juro tem de ser considerado sustentável, e tem de ser considerado um acesso sustentável ao mercado durante um período duradouro
Subir Lall, chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Portugal, 13.11.1013, teleconferência com jornalistas a partir de Washington
O respeito incondicional pela dignidade da pessoa humana e a promoção do bem comum são os ideais que estão na matriz identitária desta associação e, nesta medida, aqueles que norteiam toda a sua ação ao nível das atividades e ações promovidas. O objetivo é chegar às pessoas e é por isso que nós vamos trabalhar Tiago Abalroado, presidente da UNITATE - Associação de Desenvolvimento da Economia Social, Vila Viçosa, 14.11.2013, declarações à Renascença |
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CNJP pede que Governo
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A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP) emitiu a declaração 'Pessoas antes dos números, sempre', na qual afirma que “não é aceitável” que as “metas financeiras e orçamentais” do Memorando de Entendimento “se transformem em objetivos finais da governação”. “Os governos existem, não para cumprir metas orçamentais, mas para promover o bem-estar das pessoas e das famílias, de forma sustentável”, indica a CNJP sobre as “condicionantes relevantes da política nacional” originadas pelo Memorando de Entendimento. No comunicado enviado à Agência ECCLESIA, a CNJP explica que com os recursos que existem em Portugal, na União Europeia e nas instituições internacionais envolvidas, “não é aceitável que se faça desabar um tipo de austeridade objetivamente desumano, em resultado de objetivos financeiros transformados em finalidade última e única das políticas públicas”. |
Para organização da Igreja Católica, a preocupação que “alguns governantes” demonstram com a igualdade na distribuição dos sacrifícios segundo os elementos disponíveis “revelam que se trata de uma preocupação inconsequente”: “Embora os dados disponíveis sejam escassos, sabe-se que os multimilionários portugueses são mais e estão mais ricos. De 785 em 2012, passaram para 870 em 2013”. "Não há sociedade que resista à supressão dos pilares em que assenta a coesão social” uma vez que em Portugal tem-se verificado “a pura e simples eliminação das regras básicas de convivência e confiança entre as pessoas e as instituições como se o país fosse uma folha em branco, onde caberia ao poder político começar a escrever a história nacional”, acrescenta o documento. Para a CNJP a situação de Portugal seria grave em qualquer caso pela “natureza e extensão dos sacrifícios” mas torna-se ainda mais “injustificável” quando |
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os “principais objetivos do Memorando de Entendimento não têm sido atingidos”, como o défice público de 3% do PIB em 2013 e a “trajetória descendente do rácio da dívida pública/PIB”. A Comissão considera que a “altíssima taxa de desemprego”, onde metade dos desempregados não tem direito a subsídios e mais de metade dos desempregados estar nesta |
situação há mais de um ano, bem com a taxa de desemprego jovem, de cerca de 36%, “indicadores preocupantes”. O organismo laical da Conferência Episcopal Portuguesa recorda ainda o comunicado 'Os números e as Pessoas', de setembro de 2012 que “dava conta das preocupações relativas à economia e às condições de vida dos portugueses”. |
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Cáritas condena cegueira perante crise |
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A Cáritas Portuguesa publicou uma nota sobre a situação do país em que critica a “perigosa cegueira” dos governantes e responsáveis públicos face aos efeitos da austeridade e às consequências da crise económica. “Não basta termos soluções técnicas com efeitos a prazo. Impõe-se que haja sensibilidade e sentido de justiça para minorar drasticamente os sacrifícios de quantos são afetados pelas medidas geradas pela crise”, refere o documento, enviado à Agência ECCLESIA. A Cáritas deixa apelos à União Europeia, para que coordene esforços no sentido de “pôr a riqueza e o desenvolvimento ao serviço de todos”, sem colocar em causa o rigor das contas públicas. “Os compromissos internacionais devem ser cumpridos, as dívidas têm de ser pagas sem imposições intoleráveis, mas impõe-se que haja justiça para todos”, observa a organização da Igreja Católica. A nota defende a necessidade de “pôr em prática ações concretas, |
na sociedade e nas políticas públicas" que contrariem a "cegueira" relativamente aos que são vítimas de uma crise "gerada pela especulação financeira, pela avidez da riqueza fácil e imediata, pelo consumismo desenfreado e pela irresponsabilidade social”. A Cáritas Portuguesa apresenta a sua posição num momento em que o país debate o próximo Orçamento e o guião da ‘Reforma do Estado’, manifestando-se contra o “agravamento das desigualdades e das injustiças”. |
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Presidente da CNIS quer menos cortes |
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O presidente da Confederação Nacional das Instituições (CNIS) afirmou que os governantes portugueses têm de abandonar a política centrada nos “cortes” e dar prioridade aos problemas das pessoas. “É importante que comecemos, de uma vez por todas, a pensar que os cortes não resolvem tudo”, disse à Agência ECCLESIA o padre Lino Maia, em Fátima, à margem de um encontro com a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Segundo este responsável, uma visão “meramente financeirista, economicista” dos problemas do país não ajuda a população. “As pessoas são superiores, são mais importantes do que os números”, sublinhou. O presidente da CNIS manifesta-se contra a “psicose, esta tentação de tudo resolver com cortes”. Para o padre Lino Maia, dado o atual momento de crise económica, as Instituições de Solidariedade enfrentam “imensas dificuldades” e “não podem fazer mais”. “Todas as instituições precisam de meios para continuarem a responder |
às muitas solicitações”, acrescentou. O setor social vai beneficiar de um fundo de 30 milhões de euros para reestruturar as Instituições Particulares de Solidariedade Social, para o qual também contribui. “Esse fundo pode ser importante, porque as instituições estão com imensas dificuldades, mas não resolve tudo”, adiantou o sacerdote. O padre Lino Maia acompanhou a visita realizada pelos membros da CEP à Unidade de Cuidados Continuados Bento XVI, da União das Misericórdias Portuguesas, que acolhe pessoas com demências, em Fátima. |
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Deixem-nos lá ganhar desta vez… |
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Margarida Duarte Agência ECCLESIA |
Dentro da União Europeia a Suécia é um dos países comparáveis a Portugal em termos de população e de tamanho.
Suécia e Portugal são dois países que se localizam em periferias da Europa, 3700 quilómetros separam as capitais Lisboa e Estocolmo, sendo que historicamente os laços de intercâmbio comercial e cultural, entre estes dois países, duram já desde o século XVI.
Semelhanças e entendimentos que começam a desvanecer-se quando olhamos para a realidade atual de cada um…
Na Suécia a taxa de desemprego em outubro estava nos 7,3 por cento, em Portugal temos mais do dobro: 16,3 por cento. Portugal vive uma crise económica e social que teima em não nos abandonar, na Suécia a economia vive dias de estabilidade e crescimento. No inicio dos anos 90 os escandinavos depararam-se com a maior recessão da sua história que culminou numa elevada taxa de desemprego (quase de 9 por cento!), algo sem precedentes na Suécia que se deparou ainda com um aumento significativo do défice orçamental. Para reverter a situação, de imediato, os governantes suecos adotaram medidas para restaurar a economia promovendo reduções austeras da despesa pública o que resultou, consequentemente, num impacto significativo na política social da Suécia. Em Portugal o combate à crise trouxe-nos a |
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Troika, cortes nos ordenados, nas pensões, um aumento na carga fiscal e uma alta taxa de emigração, estatísticas dizem-nos que mais de 300 portugueses abandonam Portugal diariamente.
O Estado Social português está cada vez mais em risco com estas medidas e com a deteorização do bem estar dos portugueses, os empresários não pagam a horas, não se entendem entre si nem com o governo. Na Suécia o Estado Social carateriza-se por um nível elevado de proteção social, baseada na cobertura universal e na solidariedade, por um sector público vasto, uma taxa de desemprego baixa, uma regulamentação do mercado de trabalho baseada em grande medida em acordos coletivos e taxas de crescimento da economia relativamente elevadas. Em Portugal todos os dias |
ouvimos falar em greves nos mais variados setores. Na Suécia desde 1938 que governo, organizações patronais e sindicatos acordaram legislações extensas criando um entendimento sólido que resulta em poucas greves.
Tudo isto e muito mais nos separa da Suécia, um país aparentemente tão parecido connosco mas tão distante quando comparados os níveis de vida.
Há no entanto outra semelhança que por estes dias salta á vista: o gosto pelo futebol e o facto de haver apenas uma vaga para que uma destas duas seleções esteja presente, em 2014, no mundial de futebol a decorrer no Brasil. Bem e aqui, muda tudo… desculpem lá caros suecos, bem sei que vocês são muito organizados, muito sérios e honestos mas a bola é redonda e nisto, pelo menos nisto, tenho a certeza que não nos vão levar a melhor! |
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Discurso de abertura da 183ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa |
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Caríssimos irmãos no Episcopado e demais participantes nesta Assembleia Plenária
1. Saudando cordialmente a todos vós, iniciarei os nossos trabalhos com o apontamento temático do que principalmente nos ocupará estes dias. Sem esquecer o falecimento de D. João Alves, Bispo Emérito de Coimbra, que foi Presidente da nossa Conferência Episcopal e serviu por muitos anos a Igreja em Portugal, com grande dedicação e acerto. E que perdemos entretanto a grata convivência de D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, que sempre nos trouxe o apoio e o estímulo da sua grande alma pastoral. A ambos lembraremos em oração confiante. No passado mês, o Papa Francisco nomeou D. Manuel Linda para suceder a D. Januário Torgal Ferreira como Bispo das Forças Armadas e de Segurança. Assim como desejamos ao primeiro as maiores felicidades na sua |
nova missão pastoral, também sublinhamos e agradecemos a muita dedicação e entrega com que o Senhor D. Januário desempenhou, por tantos anos, o relevante cargo que lhe foi cometido.
2. A Conferência Episcopal Portuguesa é, por excelência, ocasião de encontro e partilha dos Bispos que servem a Igreja em Portugal, na correlacionada autonomia das suas Dioceses, em permanente comunhão com o Sucessor de Pedro. Encontro e partilha que redundam depois em ações conjugadas, mútuo apoio e serviços de suporte, como são o Conselho Permanente, o Secretariado Geral e as Comissões Episcopais. Por isso mesmo, cada Assembleia Plenária reserva tempos preciosos para a oração comum e o convívio fraterno. Por isso também, relevam na agenda as informações dos Presidentes das Comissões sobre o sector pastoral que acompanham. |
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Mesmo sem ter grande eco externo, este ponto da agenda, substancial e recorrente, é certamente dos mais conformes com a finalidade específica da Conferência Episcopal e devemos prestar-lhe uma redobrada atenção, tendo em vista o serviço direto às nossas Igrejas particulares e apoiando-as o mais competentemente possível.
3. Não esqueceremos também que, no passado mês de abril, |
aprovámos uma Nota intitulada Promover a renovação da pastoral da Igreja em Portugal, que dará certamente o tom a quanto fizermos, Diocese a Diocese. Fruto duma reflexão alargada e até inédita nas nossas Igrejas e Institutos, indicou-nos sete “rumos” que vamos seguindo e havemos de incrementar, não sendo demais recordá-los: a) Primado da graça e nova mentalidade [intensificando consequentemente a oração, |
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a vida sacramental e a escuta e partilha da Palavra de Deus]; b) Comunhão para a missão; c) Missão de todos para todos; d) Testemunhar a fé revitalizada; e) Fomentar iniciativas de iniciação cristã e de formação; f) Comprometidos com as iniciativas pastorais em curso; g) A ter sempre diante dos olhos e no coração [a centralidade de Jesus Cristo e do seu Evangelho, iniciando e formando com renovado empenho todos e cada um dos membros do Povo de Deus, nas respetivas concretizações vocacionais e existenciais]. Este articulado pode condensar-se nos temas maiores do reencontro de Cristo e do mundo, para o serviço deste a partir d’Aquele. Foi essa também a intenção do Concílio Vaticano II, em cujo cinquentenário estamos, como nas palavras reiteradas de João XXIII e Paulo VI. E assim prosseguiremos agora, com o Papa Francisco, que tão quotidianamente nos estimula a todos, ilustrando superlativamente o que escrevemos na referida Nota Pastoral, visando «formar comunidades que sejam |
autênticas escolas de vivência da fé e da comunhão, gerando entre todos os seus membros laços de fidelidade, de proximidade e de confiança, que se traduzam no serviço humilde da caridade fraterna».
4. Dedicaremos ainda uma particular atenção a dois pontos da agenda que o momento social que vivemos com os nossos diocesanos e concidadãos particularmente requer: a visão cristã da sexualidade, a propósito da ideologia do género; e os desafios éticos do trabalho humano. O cristianismo que professamos retira da revelação bíblica e da experiência geral da humanidade um conjunto de noções e práticas que sempre o definem como vivência e proposta. Vê na complementaridade homem – mulher a base imprescindível do que a humanidade há de ser, como alteridade em comunhão. Tempos recentes permitiram vivências mais individualistas e desvinculadas em relação àqueles padrões básicos da humanidade herdada, passando da “natureza” fixa para a “cultura” |
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mais a gosto a determinação exclusiva do que cada qual queira ser... Servidores por missão das convicções que mantemos – e neste ponto compartilhamos com tantos outros, crentes e não crentes – não podemos deixar de contribuir para o debate cultural em curso com a exposição clara e sucinta das razões que nos movem. E nisto mesmo concretizamos o que Bento XVI disse no Porto, a 14 de maio de 2010: «Nada impomos, mas sempre propomos». Tratando-se da verdade, enquanto adequação racional à realidade, cremos que ela fará o seu curso nas consciências e nas atitudes dos nossos concidadãos, quer nos costumes quer na própria legislação, mais ou menos cedo, mas certamente. Outro ponto que não poderíamos esquecer prende-se com a grave problemática que envolve o trabalho e a sua necessidade para o sustento e a realização da humanidade de todos e de cada um. Vivemos e sofremos tempos difíceis a este respeito. Teremos até a consciência de que se trata dum autêntico desafio civilizacional, rumo àquela sociedade que urge construir, com menos ganhos e dispêndios de |
alguns em contraste com a imerecida penúria de muitos; com outra organização do trabalho face às profundas mudanças tecnológicas, que tantas vezes o reduzem ou dispensam; face ainda às exigências irrecusáveis de populações inteiras que, na Europa ou batendo à sua porta, pretendem basicamente trabalhar e viver, senão mesmo sobreviver… Sabemos como tudo isto pesa na reflexão e na responsabilidade de governantes e políticos, organizações profissionais e laborais, investigadores económicos e sociais, bem como de todos nós em cidadania comprometida e atenta. Enquanto responsáveis eclesiais que somos, cabe-nos uma palavra, mesmo que sucinta, para iluminar evangelicamente esta nova “questão social”, que tão arduamente nos desafia a todos. 5. Entre outros, estes serão tópicos maiores da nossa presente Assembleia Plenária. – Que Deus nos ilumine e a Mãe de Cristo nos acompanhe, no serviço apostólico à Igreja e ao mundo!
+ Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa e Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa Fátima, 11 de novembro de 2013 |
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Bispos visitaram Centro especializado no acompanhamento de doentes de Alzheimer |
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Os bispos portugueses acederam ao convite da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e visitaram esta terça-feira em Fátima o Centro Bento XVI, especializada em demências e acompanhamento de doentes de Alzheimer. Em declarações à Agencia ECCLESIA, o presidente da UMP, Manuel Lemos disse que o convite foi formulado para que os bispos se “inteirassem” da maneira como a instituição está a “olhar para o problema” e o que está a fazer com este edifício, cuja primeira pedra foi benzida pelo Papa emérito. O novo equipamento quer ser resposta ao crescimento significativo que este tipo de doenças regista em função do aumento da esperança de vida. Manuel Lemos referiu ainda que a casa tem dois objetivos: acolher os doentes e fazer formação para que as boas práticas se possam replicar, ensinando as pessoas nos lares das Misericórdias, de Instituições Particulares |
de Solidariedade Social e outras que ali queiram vir aprender para que o problema da demência possa ser minorado. Presente nesta ocasião esteve Manuel Caldas de Almeida, o responsável pela área da saúde na UMP, que revelou o projeto imediato que vai avançar com a entrada em funcionamento desta unidade de saúde. "Vamos começar já um plano com 20 lares em que vamos adaptar o ambiente desses lares seja ao nível da arquitetura ou da decoração, e vamos fazer formação. Quando terminarmos, vamos avançar para outros vinte e assim sucessivamente para prepararmos os nossos lares no trabalho com as pessoas com demência que lá estão", precisou D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), disse ter visitado este equipamento, com o maior interesse. “A União das Misericórdias é uma instituição da Igreja e daí que, com todos os que nos referimos
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a Jesus Cristo, que é isso a Igreja, queremos estar presentes nos diversos setores onde a sociedade nos espera, e a sociedade somos nós, estar à espera implica-nos”, referiu. O Centro Bento XVI, para apoiar doentes de Alzheimer e pessoas
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com demência tem capacidade para 60 utentes, sendo 50 comparticipados pelo Estado na Rede Nacional de Cuidados Continuados. A obra custou 4 milhões de euros, dos quais 700 mil pagos pelo Estado. |
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Assembleia Plenária Da Conferência Episcopal PortuguesaFátima, 11-14 De Novembro De 2013Comunicado Final |
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1. De 11 a 14 de novembro de 2013 esteve reunida, na Casa de Nossa Senhora das Dores do Santuário de Fátima, a 183.ª Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), com a presença do Núncio Apostólico, Arcebispo D. Rino Passigato. Participaram também a Presidente e o Vice-presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP).
2. Aberto à comunicação social, o início da primeira sessão constou do discurso de abertura do Presidente da CEP, D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa. Sublinhou a natureza da Conferência Episcopal como órgão de encontro e partilha, de mútuo apoio e interajuda, no respeito da autonomia das Dioceses que a ela pertencem. Aludindo à Nota Pastoral aprovada na penúltima Assembleia, «Promover a renovação da pastoral da Igreja em Portugal», recordou a importância de se ir pondo em
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prática as diretivas aí apontadas, com vista a melhorar o serviço que a Igreja deseja oferecer a todos. Referiu dois pontos da agenda, «A propósito da ideologia do género» e «Desafios éticos do trabalho humano», que propõem a visão da Igreja sobre temas de relevante atualidade.
3. A Assembleia aprovou uma Mensagem sobre os «Desafios éticos do trabalho humano». Um dos mais graves problemas da atual crise por que passa o nosso País diz respeito ao mundo do trabalho. Trabalho que, sendo um dever, é também um direito a ser exercido em condições dignas da pessoa humana. O Papa Francisco, recentemente, chamou a atenção para que se volte a «colocar no centro a pessoa e o trabalho. A crise económica tem uma dimensão europeia global; no entanto, a crise não é apenas económica, mas também ética, espiritual e humana. Na raiz existe uma traição ao bem |
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comum… É necessário tirar a centralidade à lei do lucro e do rendimento e voltar a dar prioridade à pessoa e ao bem comum». Entre as situações mais graves estão os que, não tendo trabalho, se encontram sem acesso a qualquer forma de subsídio, correndo os riscos da luta pela subsistência. São de evitar as políticas de criação de emprego pelo corte dos justos direitos dos trabalhadores. A Conferência Episcopal apela à criatividade para que se implementem políticas |
favoráveis a um modelo de crescimento económico criador de emprego, a todos apelando a «contribuir para a resolução dos problemas do desemprego e do emprego precário, com partilha de responsabilidades entre os poderes públicos, centrais e autárquicos, as empresas, os parceiros sociais, as organizações não lucrativas, as famílias e as pessoas individualmente consideradas». Os Bispos mostram a sua solidariedade efetiva com os que estão a passar mal, sobretudo |
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como consequência do desemprego, e testemunham o seu agradecimento aos que lutam para não fechar as portas das suas empresas e aos criadores de emprego.
4. «A propósito da ideologia do género» é o título de uma Carta Pastoral aprovada pela Assembleia Plenária. Aqui se aborda o tema atual da ideologia do género, que pretende provocar uma revolução antropológica, secundarizando a identidade sexual como condição natural e biológica que nos faz ser mulheres ou homens, dando a primazia à construção de uma identidade, que cada um cria para si mesmo, independentemente do sexo com que nasceu e cresceu. Assim ficaria aberta a porta para a legitimação das uniões homossexuais e para o aparecimento de diversas alternativas à família de sempre, já não constituída por uma mãe, um pai e filhos, com raízes na sexualidade, matriz da nossa identidade. São estes os principais campos em que se tem feito notar a ideologia do género, provocando |
uma rutura civilizacional: – promoção de alternativas à linguagem comum: em vez de sexo (algo de básico, identificador da pessoa) fala-se em género (construção cultural e psicológica de uma identidade); em vez de igualdade entre homem e mulher, referem a igualdade de género; a família é substituída por famílias; – redefinição do casamento, podendo ser entre pessoas do mesmo sexo, com a respetiva legalização da adoção de filhos por casais homossexuais e o recurso de pessoas sós à procriação artificial; – doutrinação da ideologia do género através do ensino. Importa ter presente o primado do direito dos pais e mães quanto à educação dos seus filhos, que não pertence ao Estado, como recorda a Constituição Portuguesa: «O Estado não pode atribuir-se o direito de programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas» (art. 43º, n. 2). É recordado que as alterações legislativas introduzidas no nosso sistema jurídico, reflexo |
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da ideologia do género, não são irreversíveis. Todo o documento é uma afirmação de princípios sobre a verdade do amor humano. Alertando para os perigos da ideologia do género e inspirada pela visão cristã da sexualidade, esta carta pastoral recorda princípios baseados no realismo inalienável da nossa matriz antropológica, como homens e mulheres.
5. Resposta ao questionário do «Documento Preparatório» da III Assembleia Geral extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre os «Desafios pastorais da família, no contexto da evangelização». O Papa Francisco decidiu convocar uma sessão extraordinária do Sínodo dos Bispos, de 5 a 19 de outubro de 2014 em Roma, centrado no tema da família. Será a primeira etapa para se ter o conhecimento da realidade familiar no mundo de hoje, havendo uma segunda parte no ano seguinte, com a realização de uma sessão ordinária do Sínodo dos Bispos. Como em situações anteriores, trata-se de recolher dados sobre as 39 perguntas do questionário, cuja síntese final será enviada |
ao Secretariado do Sínodo, como contributo para que os participantes no Sínodo possam abordar, com realismo e frontalidade, todas as questões referentes à família.
6. Reflexão sobre o Serviço da Caridade, a partir do Motu Proprio «Intima Eclesiae Natura» do Papa Bento XVI, publicado há um ano (2012.11.11). Este documento apresenta um «quadro normativo orgânico que sirva melhor, para ordenar, nos seus aspetos gerais, as diversas formas eclesiais organizadas do serviço da caridade, que está estreitamente relacionada com a natureza diaconal da Igreja e do ministério episcopal». Tem presente todas as organizações que são a manifestação da natureza íntima da Igreja, que é a caridade, garantindo a própria identidade católica e a clara comunhão com o Bispo diocesano e a Conferência Episcopal. Acentua-se a função pedagógica das organizações sociais e caritativas da Igreja, que devem dinamizar as comunidades cristãs na pastoral da caridade. Importante é também ter especial atenção à seleção e formação dos dirigentes e membros destas |
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instituições para que mantenham e promovam a sua identidade original.
7. Informação sobre o Observatório Social da Igreja, cuja criação foi aprovada pelos Bispos em abril de 2012. Este consiste num sistema de informação permanente, a desenvolver gradualmente, permitindo um diagnóstico sobre a oferta e a procura de serviços sociais por parte das organizações ligadas à Igreja Católica em Portugal. Está a dar os primeiros passos, liderado pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), em colaboração com a União das Misericórdias Portuguesas (UMP), a Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) e o Núcleo de Observação Social (NOS) da Cáritas Portuguesa em parceria com a Sociedade de S. Vicente de Paulo. Estas entidades já se reuniram com representantes das dioceses que constituem o grupo piloto do projeto: Algarve, Aveiro, Braga, Bragança-Miranda, Portalegre-Castelo Branco e Setúbal. No período de um ano, criar-se-á uma plataforma que seja o suporte informático do |
Observatório, disponibilizando a informação básica, dando a possibilidade para a realização regular de inquéritos sobre a situação social nas várias dioceses e facilitando a melhoria dos sistemas de informação já instalados em organizações de ação social ligadas à Igreja.
8. Operação «10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz». Pelo décimo primeiro ano consecutivo, a Cáritas Portuguesa leva a efeito a Operação «10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz» que, progressivamente, tem vindo a merecer o acolhimento da sociedade portuguesa. Propõe um gesto simples mas muito simbólico: acender uma pequena vela na noite de Natal, como sinal de Paz. Um gesto de comunhão e fraternidade que promove a partilha, a justiça e a solidariedade. Os Bispos continuam a apoiar esta campanha, sobretudo nas presentes condições de carestia e pobreza de tantas pessoas e famílias, que a Cáritas deseja ajudar.
9. O Coordenador Nacional da Pastoral Penitenciária, P. João Gonçalves, |
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apresentou à Assembleia as bases para uma pastoral penitenciária da Igreja, quanto aos seus fundamentos (fé em Deus e no ser humano, fé numa justiça restaurativa), setores de atividade (prisão, prevenção e reinserção) e áreas de atuação (religiosa, social e jurídica). Abordou ainda a situação atual das nossas prisões e o apelo a uma presença pastoral mais efetiva da Igreja. Finalmente, salientou a próxima realização do I Congresso Ibérico de Pastoral |
Penitenciária, que vai decorrer no Porto de 1 a 4 de maio de 2014, sob o tema «dignificar a pessoa presa».
10. Reconhecimento mútuo do Sacramento do Batismo. Tem havido conversações entre a Igreja Católica e as confissões cristãs Igreja Lusitana, Igreja Evangélica Metodista, Igreja Evangélica Presbiteriana de Portugal e Igreja Ortodoxa do Patriarcado de Constantinopola, com vista ao reconhecimento mútuo do
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sacramento do batismo administrado nestas igrejas. Foi aprovado um texto de acordo, que será assinado durante a próxima Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
11. Os Presidentes das Comissões Episcopais apresentaram alguns assuntos no âmbito das suas áreas de ação. A este respeito, destacamos:
– O Presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, D. António Francisco dos Santos, apresentou as múltiplas atividades realizadas no âmbito dos departamentos de Catequese, de Educação Religiosa e Moral Católica (EMRC), das Escolas Católicas, das Publicações e de Comunicação. Destacou a realização da Semana Nacional de Educação Cristã, as Jornadas Nacionais de Catequistas, o Encontro dos Secretariados Nacionais de Catequese dos países do sul da Europa, os Inter-Escolas de EMRC. Sublinhou a importância que teve e a bênção que constituiu o Congresso Internacional de Catequese, em Roma, e a |
Peregrinação dos Catequistas, integrada na celebração do Ano da Fé, presidida pelo Papa Francisco e em que participaram representantes das dioceses de Portugal. Indicou as mais recentes publicações: Catequese Familiar - Guia do Animador Familiar e Guia dos Pais, Textos para o Despertar Religioso e as várias iniciativas do Departamento da Comunicação. Realçou a importância da nova legislação sobre EMRC e referiu as exigências que daí advêm no processo de colocação dos professores, no desempenho da docência da disciplina e no pleno envolvimento na vida da Escola. Anunciou as diversas iniciativas e atividades já programadas como sejam, entre outras, o Fórum EMRC, em Fátima, e o Encontro Nacional dos Secretariados de Catequese, em Lisboa.
– O Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. Jorge Ortiga, destacou a situação social em que vivemos e à qual foi dado especial relevo na Nota Pastoral sobre o trabalho e o emprego. Contudo, é |
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oportuno sublinhar a importância que, no terreno, têm os grupos de ação social das paróquias das nossas dioceses, para enfrentar as dificuldades do tempo presente; e, de forma mais geral, a reflexão oportuna, quer da Cáritas Portuguesa, quer da Comissão Nacional Justiça e Paz, nas tomadas de posição tornadas públicas recentemente. Observou-se que, apesar das dificuldades que conhecemos na realidade nacional, não nos podemos fechar na nossa situação, insensíveis ou indiferentes aos males de outros. Assim, o produto obtido na operação «10 milhões de estrelas», realizada pela Cáritas Nacional, será destinado aos desempregados do nosso País e à ajuda da população da Síria. E, surpreendidos pela violência do tufão que atingiu as Filipinas e pelo número elevadíssimo das suas vítimas, recordados das palavras do Santo Padre Francisco no passado domingo, os Bispos de Portugal manifestam a sua solidariedade fraterna, expressa no envio imediato, efetuado pela Cáritas, de vinte e cinco mil euros para a ajuda da população |
afetada pelo tufão Haiyan. Os agentes de pastoral das migrações no terreno, quer em Portugal, quer os que trabalham nas Comunidades Portuguesas no estrangeiro sentem a urgência da publicação de um documento da Conferência Episcopal que vá ao encontro da problemática da emigração atual, que tenha também orientações práticas para enfrentar as permanentes dificuldades pastorais que se apresentam devido ao movimento emigratório atual e, em particular, devido às orientações das Igrejas de acolhimento, para a pastoral dos migrantes nos seus países. Os Bispos consideram muito positivo o trabalho que tem sido desenvolvido na reestruturação e dinamização da pastoral dos ciganos, incentivando a continuidade do mesmo para que a Igreja dê maior visibilidade e melhores respostas pastorais às realidades humanas que estão à margem da sociedade e da Igreja em Portugal.
– O Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Antonino Dias, destacou a homologação dos Órgãos diretivos nacionais da |
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Ação Católica Rural (ACR); da Equipa Coordenadora Nacional da LOC/MTC – Movimento de Trabalhadores Cristãos; da Federação Portuguesa do Centro de Preparação para o Matrimónio (CPM); da Conferência Nacional do Renovamento Carismático Católico (RCC); do Comité Executivo do Organismo Mundial dos Cursilhos de Cristandade (OMCC), no contexto da eleição de Portugal para sede do referido Organismo nos próximos quatro anos. Sobre as atividades do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil referiu, entre outras, a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, bem como as iniciativas do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior. Tornou presente o Congresso que o Corpo Nacional de Escutas (CNE) levou a cabo no fim-de-semana passado, 9-10 de novembro, no Palácio dos Congressos em Lisboa, sob o tema “Escutismo: educar para a vida no século XXI” e em que participaram algumas centenas de escuteiros com a intenção de refletir sobre a situação atual do Corpo Nacional de Escutas, sobre a sua |
identidade, valores e missão, e para identificar eixos estratégicos de ação. Sobre o Encontro Nacional de Leigos promovido pela Conferência Nacional de Associações de Apostolado dos Leigos (CNAL) e subordinado ao tema “Cultura do Encontro na Igreja e no Mundo contemporâneo”, a ter lugar neste fim-de-semana, 16 de novembro, no Conservatório de Música da cidade de Coimbra, apresentou o respetivo programa e objetivos do Encontro que pretende também assinalar o 50.º aniversário do Concílio Vaticano II e o Ano da Fé. Na área da Família, destacou a Semana da Vida (12-19 de maio) sob o tema “Dá mais vida à tua vida”, as Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar (18-19 de outubro), a Peregrinação das Famílias a Roma (26-27 de outubro), a Jornada de Formação e Assembleia de Outono do CPM (9-10 de novembro). Apresentou ainda, à Assembleia, o relatório de atividades de Movimentos e Obras.
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– O Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, D. Virgílio Antunes, informou acerca das atividades realizadas, concretamente a Semana dos Formadores dos Seminários, a Semana dos Seminários e a Jornada do Diaconado Permanente.
Referiu a necessidade de refazer o Serviço Nacional das Vocações e de incentivar a um trabalho de desenvolvimento de maior comunhão entre todas as dioceses, os institutos religiosos e outras entidades com implicações na pastoral das vocações. |
Registou ainda a existência de grandes dinamismos relativamente à pastoral das vocações sacerdotais nas dioceses portuguesas, que se traduziu na produção de materiais de apoio, largamente partilhados.
– O Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. Pio Alves de Sousa, depois de referir a sua participação em Barcelona, de 8 a 10 de novembro, no Encontro dos Presidentes das Comissões Episcopais de Comunicação Social do CCEE, salientou as seguintes iniciativas:
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Na Cultura: Manteve vivas as frentes de atuação abertas nos últimos anos: Cinema, Diálogo com criadores, Prémio Árvore da Vida, Jornada Nacional da Pastoral da Cultura, Observatório da Cultura. Foi iniciada uma parceria com a RR. O Diretor do Secretariado, P. José Tolentino Mendonça, foi reconfirmado como representante da Igreja no Conselho Nacional da Cultura. Merece especial referência o site da Pastoral da Cultura, que teve um acréscimo de visitas de mais 37% e de mais 22% de visualizações.
Nos Bens Culturais: Continuam o seu processo de crescimento e consolidação o Projeto Cesareia (bibliotecas) e o Projeto Thesaurus (inventário). Estão ativas as Parcerias com o IHRU, Turismo de Portugal e Correios de Portugal e também com a Universidade de Évora (Centro de História da Arte e Investigação Artística). Empreenderam-se ações de formação na Área da Conservação e Restauro. Foi retomado o diálogo com a Secretaria de Estado da Cultura no âmbito da Rota das Catedrais. Nas Comunicações Sociais: Foram melhoradas as condições de |
trabalho da Agência Ecclesia. Merece particular relevância a assunção da produção dos programas de televisão. Estas novas responsabilidades deverão ter desenvolvimentos no próximo ano. Destaca-se ainda a passagem do Semanário Ecclesia de suporte em papel para edição digital.
– O Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade, D. Anacleto Oliveira, das informações prestadas, destacou as seguintes: Realizou-se o 39.º Encontro Nacional da Pastoral Litúrgica (Fátima, 22-26/7/2013) em que estiveram inscritos cerca de 1.100 participantes. Está em preparação o 40.º Encontro (Fátima, 28/7 - 01/08/2014) que terá como tema: «Creio na Comunhão dos Santos: o Culto dos Santos na Igreja», em ligação com a recente publicação da tradução portuguesa do Martirológio Romano. Foi iniciado em agosto de 2013 o 5.º Curso de Música Sacra para Organistas, Diretores de Coro e Salmistas. Estão inscritos cerca de 90 participantes, a maioria de uma idade bastante juvenil. |
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Estão a ser preparados um Cantoral Nacional em que são recolhidos cânticos de reconhecida qualidade musical e litúrgica, para melhorar o nível musical das celebrações litúrgicas, e um Missal dos Fiéis (em 3 volumes), destinado especialmente a Leitores das celebrações litúrgicas.
– D. Manuel Felício, membro da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, referiu as iniciativas do curso sobre Missiologia e das Jornadas Missionárias nacionais levadas a cabo nos meses de agosto e setembro, respetivamente. Esta última foi em colaboração com as II Jornadas nacionais da Pastoral Juvenil. Salientou também a realização do Fórum Ecuménico Juvenil, em Lamego, e que teve a participação de quatro centenas de jovens. Apresentou o texto de apoio à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos em 2014, intitulado “Estará Cristo dividido?”, e o projeto de um dia sobre o Hebraísmo, pensado para janeiro de 2015. Pediu ainda à Assembleia um pronunciamento sobre o projeto de aceitação mútua do sacramento do Batismo |
entre a Igreja Católica, as comunidades cristãs ligadas ao Copic e a Igreja Ortodoxa dependente do Patriarcado de Constantinopla.
12. A Presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), Ir. Lucília Gaspar, informou ter-se realizado em Fátima, a 29 e 30 de abril de 2013, a XVI Assembleia Geral da CIRP. Teve como tema geral «Peregrinos na Fé, testemunhas e apóstolos, hoje». Refletiu-se sobre as dimensões do acolher, confraternizar e transmitir a fé. Em clima de peregrinação, houve lugar para a oração e a partilha sobre os valores fundamentais da Vida Consagrada hoje. Os participantes no painel formativo interpelaram os consagrados a permanecerem atentos à realidade que habitam enquanto local privilegiado para a missão da Vida Consagrada. Na próxima XVII Assembleia Geral, que terá lugar de 18 a 20 de novembro, será abordado o tema «Formação da Juventude e Família. Acolhimento das novas gerações nas comunidades religiosas». Apresentou ainda a realização da XXIX Semana de Estudos sobre |
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a Vida Consagrada (Fátima, 1-4 de março de 2014), sob o tema «A arte de cuidar na Vida Consagrada», e que contará com a presença do Cardeal João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
13. O Delegado da CEP para a Relação Bispos / Vida Consagrada, D. Manuel Quintas, referiu a informação enviada pela Presidente da Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNISP), Maria do Rosário Cruz Virgílio, ausente nesta Assembleia. Destacou as iniciativas programadas, nomeadamente a assembleia geral de 23 de novembro, que vai refletir sobre novos caminhos a percorrer pela CNISP.
14. A Assembleia fez as seguintes nomeações: – P. Luís Gonzaga Marinho Teixeira da Silva, da Arquidiocese de Braga, como Assistente Nacional do Corpo Nacional de Escutas (CNE). – P. José Manuel Pereira de Almeida, do Patriarcado de Lisboa, como Coordenador da Comissão |
Nacional da Pastoral da Saúde. – P. Fernando Almeida Leite Sampaio, do Patriarcado de Lisboa, como Coordenador Nacional das Capelanias Hospitalares. – P. Francisco Sales Diniz, OFM, para um novo mandato como Diretor da Obra Católica das Migrações (OCPM). – P. Querubim José Pereira da Silva, da Diocese de Aveiro, para um novo mandato como Assistente Nacional da Ação Católica Rural (ACR). – P. José Alberto Vieira de Magalhães, da Diocese do Porto, como Assistente Nacional do Renovamento Carismático Católico (RCC). – P. António Ribeiro Gonçalves Belo, da Diocese de Viana do Castelo, para um novo mandato como Assistente Nacional da Federação Portuguesa dos Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM). – P. Álvaro da Cruz Santos da Silva, OFM, como Assistente Nacional do Movimento Esperança e Vida (MEV). – P. Gonçalo Corrêa Mendes Teixeira Diniz, da Diocese de Leiria-Fátima, como Assistente Nacional do Movimento Católico de Estudantes (MCE).
15. Foram apresentadas as Jornadas Nacionais da Pastoral |
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do Turismo, que decorrerão em Fátima, nos dias 10 e 11 de janeiro de 2014, e cujos objetivos são os seguintes: refletir sobre a Pastoral do Turismo como uma oportunidade singular de evangelização, atendendo ao fenómeno do turismo e sua tendência de crescimento; aprofundar algumas das áreas privilegiadas de intervenção da Pastoral do Turismo, a exigir da Igreja uma especial atenção; apresentar algumas práticas pastorais já em curso, em Portugal e Espanha, como incentivo à |
dinamização da Pastoral do Turismo em cada uma das nossas Dioceses.
16. O Reitor do Santuário de Fátima, P. Carlos Cabecinhas, interveio na Assembleia para dar algumas informações sobre a preparação do Centenário das Aparições em 2017. Nos anos 2014 e 2015, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima visitará as 37 comunidades de vida contemplativa do País. Nos anos 2015 e 2016 terá lugar a visita da imagem peregrina a todas as dioceses de Portugal. Apresentou |
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ainda o tema do Santuário de Fátima para este ano pastoral: «Envolvidos no amor de Deus pelo mundo», baseado na aparição de julho de 1917, «Ó Jesus, é por vosso amor».
17. D. António Carrilho, Bispo do Funchal, informou a Assembleia sobre as celebrações dos 500 anos da Diocese do Funchal, criada, pela bula assinada pelo Papa Leão X, a 12 de junho de 2014. Entre os eventos celebrativos, salientou a celebração de uma Semana Jubilar, de 8 a 15 de junho, a realização de um congresso internacional, de 18 a 20 de setembro de 2014, e uma exposição de Arte Sacra, que refletirá a significativa identidade da Diocese, nos seus dinamismos de vivência de fé e de missionação.
18. Igualmente, D. António Francisco, Bispo de Aveiro, referiu a celebração dos 75 anos da Diocese de Aveiro e a realização da Missão Jubilar iniciada em outubro de 2012, que mobilizou ao longo deste tempo a Diocese e vai concluir-se festivamente nos dias 8 e 11 de dezembro, data da
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execução da bula do Papa Pio XI.
19. A Assembleia congratulou-se com a beatificação do mártir da guerra civil espanhola Mário Félix, Irmão das Escolas Cristãs (Irmãos de La Salle), em 13 de outubro de 2013 em Tarragona (Espanha), nascido na paróquia de Santa Marta de Bouro, arquidiocese de Braga, e martirizado em Griñon (Madrid), em 28 de julho de 1936.
20. A Conferência Episcopal reafirmou o apreço por todo o trabalho que se está a realizar em favor das vocações sacerdotais, que tem o seu ponto alto na Semana dos Seminários, a decorrer atualmente de 10 a 17 de novembro, sob o tema «Para que Cristo se forme em nós». Manifestou ainda a gratidão aos formadores dos Seminários que, com ânimo, se dedicam a esta causa central da vida da Igreja. Aos Seminaristas, deixa uma palavra de estímulo para que progridam no aprofundamento da vocação a que o Senhor os chama, particularmente nestes últimos dias de vivência do Ano da Fé.
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21. A Assembleia aprovou o orçamento para 2014 do Secretariado Geral da CEP, apresentado pelo seu Diretor, P. Manuel Barbosa.
22. Data da próxima Assembleia Plenária da CEP. Dado que no dia 27 de abril de 2014 terá lugar, em Roma, a celebração da canonização dos Papas João XXIII e João Paulo II, e havendo |
um número significativo de Bispos de Portugal que desejam participar, foi decidido adiar por um dia o início da próxima Assembleia Plenária da CEP, começando no dia 29 de abril, terça-feira, e terminando a 1 de maio, quinta-feira.
Fátima, 14 de novembro de 2013 |
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Mensagem da Conferência Episcopal Portuguesa«Desafios éticos do trabalho humano» |
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1. Um dos problemas mais graves que hoje atingem o nosso País diz respeito à situação do mundo do trabalho. Para muitos, o problema consiste no desemprego; para outros, no trabalho precário ou mal remunerado; para outros ainda, tem sido a necessidade de cargas suplementares de esforço na procura da sobrevivência das suas empresas. Sobressai a elevada taxa de desemprego dos jovens, muitos dos quais escolheram a emigração como forma de obterem o que não encontram no seu País. Também muitas pessoas de meia-idade vivem situações complicadas de adaptação laboral num período repleto de encargos económicos, devendo merecer uma solicitude particular por parte da sociedade e do Estado. Muitos outros têm também sido duramente atingidos pela crise e pelas medidas tomadas para a combater. Neste contexto, entendemos ser particularmente oportuno afirmar a mensagem nuclear da Igreja sobre o trabalho humano. |
Direito e dever do trabalho 2. Como afirmou o Papa João Paulo II, na sua encíclica sobre o trabalho humano: «A Igreja está convencida de que o trabalho constitui uma dimensão fundamental da existência do homem sobre a terra»[1], não apenas enquanto meio de sustento, mas também enquanto atividade inerente ao processo de desenvolvimento de cada pessoa e da sociedade. De acordo com esta visão humanista, o trabalho constitui um direito e um dever, decorrentes da natureza humana e da sua inviolável dignidade; para os cristãos decorre também do facto de todo o ser humano, homem ou mulher, ser «imagem de Deus»[2], um Deus ativo e criador. Quando a Igreja fala em dignidade humana refere-se, antes de mais, a uma qualidade inerente à própria natureza humana, que implica a consideração do homem e da mulher como seres livres, dotados de subjetividade, inteligência, vontade e criatividade; bem como de capacidade para decidir |
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e assumir responsabilidades e relacionar-se com os outros, realizando-se a si próprios. Deste modo, o trabalho deverá permitir a todos o exercício efetivo daquelas qualidades e potencialidades. Neste entendimento, não é qualquer trabalho que satisfaz as exigências da dignidade humana. Daí, também, nas palavras do Papa João Paulo II, a «obrigação moral de unir a laboriosidade como virtude com a ordem social do trabalho, o que há de permitir ao homem tornar-se mais homem no trabalho, e não já degradar-se por causa do trabalho»[3]. |
O Papa Francisco sublinhou, recentemente, que importa «voltar a colocar no centro a pessoa e o trabalho. A crise económica tem uma dimensão europeia global; no entanto, a crise não é apenas económica, mas também ética, espiritual e humana. Na raiz existe uma traição ao bem comum, quer da parte do indivíduo, quer da parte de certos grupos de poder. Por conseguinte, é necessário tirar a centralidade à lei do lucro e do rendimento, e voltar a dar a prioridade à pessoa e ao bem comum»[4].
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O drama do desemprego3. A situação do país em matéria laboral é, em muitos aspetos, grave e de difícil solução. Vêm a propósito as palavras do Papa Bento XVI: «Em muitos casos os pobres são o resultado da violação da dignidade do trabalho humano seja porque as suas possibilidades são limitadas (desemprego e subemprego), seja porque são desvalorizados os direitos que dele brotam, especialmente o direito ao justo salário, à segurança da pessoa do trabalhador e da sua família»[5]. Entre as situações mais graves está a dos desempregados que não têm direito a qualquer forma de subsídio de desemprego. Importa recordar que essa forma de apoio está ligada ao direito à vida e à subsistência, e decorre não só da dignidade humana mas também do princípio do uso comum dos bens, tanto mais imperativo quanto mais grave seja a situação geral do País. Conseguir compatibilizar esta obrigação de solidariedade social com a diminuição efetiva da riqueza pessoal e do próprio País é um enorme desafio que se |
coloca a todos os cidadãos. Pese embora o imenso esforço de muitas empresas de se reinventarem e de procurarem novos mercados para os seus produtos capazes de assegurarem o seu futuro e dos seus colaboradores, não pode passar despercebida a tendência para promover o emprego através do cerceamento dos direitos dos trabalhadores. Sem querer entrar no domínio das medidas concretas, não podemos deixar de sublinhar, uma vez mais, que «o trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho»[6]. Seria contraditória, em si mesma, qualquer medida que procurasse promover o emprego à custa de outras dimensões da dignidade humana. Assim, recordou o Papa Francisco num encontro com os trabalhadores: «No centro deve estar o homem e a mulher, como Deus deseja, e não o dinheiro»[7]. A dignidade do capital está no serviço das pessoas e na promoção do seu progresso.
Potenciar as empresas para promover o trabalho 4. Constatamos que a “empresa” é um dos elementos fundamentais |
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da problemática do trabalho e um eixo central na luta contra a pobreza e o desemprego. As empresas são feitas de pessoas e há empresas onde o único valor parece ser o lucro, desprezando os valores humanos e sociais, e há empresas onde o valor da pessoa humana é central, contribuindo para o crescimento integral de cada um dos seus colaboradores. São as pessoas que colaboram numa empresa, e a sua equipa dirigente e acionistas em particular, que determinam o comportamento da empresa, os seus valores e as suas práticas.
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Importante é promover uma cultura de justiça que dignifique empregadores e trabalhadores, que se concretiza pagando atempadamente a quem trabalha, o que contribui também para promover o emprego. É essencial desafiar cada cristão a viver com sentido de missão o seu trabalho profissional, a procurar assumir os critérios de Cristo na sua empresa, traduzindo-os na realidade das tarefas, na promoção de boas-práticas que potenciem o desenvolvimento da empresa, a procura da qualidade e a dignidade de cada colaborador.
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Criatividade nas soluções 5. É sabido que os problemas de emprego requerem soluções difíceis. As soluções necessárias têm dimensões que ultrapassam as características deste documento. Todavia, sempre dentro de preocupações fundamentalmente éticas, não queremos deixar de propor algumas orientações no âmbito de um breve quadro de referência básico. Recordemos, antes do mais, que todos somos chamados a contribuir para a resolução dos problemas do desemprego e do emprego precário, com partilha de responsabilidades entre os poderes públicos, centrais e autárquicos, as empresas, os parceiros sociais, as organizações não lucrativas, as famílias e as pessoas individualmente consideradas. Estão em causa um direito humano e um aspeto fundamental do bem comum, que requerem uma maior sensibilidade social e mais fortes laços de solidariedade, que levam à corresponsabilização pelos que estão em piores condições. Impõe-se que a aproximação da oferta e da procura de emprego |
não fique totalmente dependente dos mecanismos do mercado. A nível global, são necessárias e urgentes políticas favoráveis a um modelo de crescimento económico que potencie a ação das empresas (com ou sem fins lucrativos) e instituições para que estas possam criar empregos de qualidade. Nisto está o verdadeiro motor do aumento de empregos. Neste âmbito, colocam-se exigências particularmente relevantes às políticas europeias relacionadas com o emprego. No mundo globalizado em que vivemos, tal esforço implica também uma dimensão internacional. Para fazer face ao desemprego, os países europeus, entre os quais o nosso, têm também lançado mão das chamadas «políticas ativas de emprego», com resultados insatisfatórios. Todavia, sobretudo quando incluem uma adequada componente formativa e qualificante, podem ser importantes num contexto geral de baixas qualificações dos trabalhadores e dos empresários.
Realismo e esperança 6. Recordamos as palavras do Papa Bento XVI, chamando a atenção para a necessidade de |
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«um mercado, no qual possam operar, livremente e em condições de igual oportunidade, empresas que persigam fins institucionais diversos». Por outras palavras: «Ao lado da empresa privada orientada para o lucro e dos vários tipos de empresa pública, devem poder-se radicar e exprimir as organizações produtivas que perseguem fins mutualistas e sociais»[8]. Queremos manifestar a nossa profunda solidariedade e proximidade com os que não encontram trabalho e vivem situações de angústia. Louvamos e agradecemos os que investem |
em tempos de crise para criar postos de trabalho e manter as portas da sua empresa abertas, por vezes com grande sacrifício. A gravidade do problema é um urgente apelo à criatividade e à excelência profissional de trabalhadores e empresários, de governantes e forças sociais e políticas, na procura de novas propostas e paradigmas que se tornem progressivas soluções para os variadíssimos problemas que emergem no campo do trabalho humano. Com realismo e esperança.
Fátima, 14 de novembro de 2013 |
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[1] Encíclica Laborem Exercens, 1981, nº 4. [2] Génesis, 1, 27. [3] Encíclica Laborem Exercens, nº 9. [4] Discurso aos Trabalhadores em Cagliari, 2013.09.22. [5] Encíclica Caritas in Veritate, n.º 63. [6] Encíclica Laborem Exercens, n.º 6. [7] Discurso aos Trabalhadores em Cagliari, 2013.09.22. [8] Encíclica Caritas in Veritate, n.º 38. |
Bispos contestam
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A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou hoje em Fátima uma carta pastoral “a propósito da ideologia do género” na qual se manifesta contra a “redefinição do casamento”, alargado a uniões entre pessoas do mesmo sexo, e a coadoção. “As alterações legislativas que refletem a mentalidade da ideologia do género -concretamente, a lei que, entre nós, redefiniu o casamento - não são irreversíveis. E os cidadãos e legisladores que partilhem uma visão mais consentânea com o ser e a dignidade da pessoa e da família são chamados a fazer o que está ao seu alcance para as revogar”, pedem os bispos, no final dos trabalhos da assembleia plenária que decorreu desde segunda-feira. A carta pastoral sustenta que ideologia do género pretende provocar uma “revolução antropológica”, secundarizando a identidade sexual como “condição natural e biológica”. |
“Assim ficaria aberta a porta para a legitimação das uniões homossexuais e para o aparecimento de diversas alternativas à família de sempre, já não constituída por uma mãe, um pai e filhos, com raízes na sexualidade, matriz da nossa identidade”, alertam.
O documento identifica um conjunto de “campos” em que esta ideologia tem vindo a promover o que se denomina por “rutura civilizacional”, que passa, entre outros, por uma “promoção de alternativas à linguagem comum”. “Em vez de sexo (algo de básico, identificador da pessoa) fala se em género (construção cultural e psicológica de uma identidade); em vez de igualdade entre homem e mulher, referem a igualdade de género; a família é substituída por famílias”, pode ler-se. Os bispos insurgem-se contra a “doutrinação” da ideologia do género através do ensino, considerada contrária à “colaboração entre as dimensões |
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masculina e feminina”. “Trata-se da defesa de um modelo de sexualidade e de família que a sabedoria e a história, não obstante as mutações culturais, nos diferentes contextos sociais e geográficos, consideram apto para exprimir a natureza humana”, refere a CEP. Os bispos defendem que a família é “quem garante a renovação da sociedade através da geração de novas vidas e assegura o equilíbrio harmonioso e complexo da educação das novas gerações”. “Por isso, nunca um ou mais pais podem substituir uma mãe, e nunca uma ou mais mães podem |
substituir um pai”, acrescentam. Segundo a CEP, a maternidade “não é um peso de que a mulher necessite de se libertar” e “não é supérfluo sublinhar a importância dos papéis da mãe e do pai na educação das crianças e dos jovens”. “De qualquer modo, a resposta mais eficaz às afirmações e difusão da ideologia do género há de resultar de uma nova evangelização. Trata-se de anunciar o Evangelho como este é: boa nova da vida, do amor humano, do matrimónio e da família, o que corresponde às exigências mais profundas e autênticas de toda a pessoa”, conclui a mensagem. |
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Papa pede maior esforço
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O Papa Francisco visitou hoje o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, perante o qual manifestou preocupação com o arrastar da crise económica, com efeitos “dolorosos” nas famílias e nos desempregados. “O momento atual está marcado pela crise económica que tarda em ser superada e que, entre os seus efeitos mais dolorosos, traz uma insuficiente disponibilidade de trabalho. É necessário multiplicar os esforços para aliviar as suas consequências”, disse, na sua primeira visita ao Palácio do Quirinal, em Roma. O Papa apelou à valorização de qualquer “sinal de retoma” e sustentou que “no centro das esperanças e das dificuldades sociais está a família”. “A Igreja continua a promover o compromisso de todos, indivíduos e instituições, para o apoio à família, que é o lugar primário onde se forma e cresce o ser humano”, precisou. Francisco deixou votos de que a família seja “apreciada, valorizada e tutelada” pelos responsáveis políticos. |
“A família tem necessidade da estabilidade e de que sejam reconhecíveis as ligações recíprocas, para desempenhar plenamente o seu papel insubstituível e realizar a sua missão”, acrescentou. O discurso papal aludiu às viagens realizadas em território italiano, à ilha de Lampedusa, a Cagliari e a Assis, onde disse ter tocado “as feridas que afligem hoje tantas pessoas”. Em particular, o Papa evocou a situação em Lampedusa, com o sofrimento dos que “por causa da guerra ou da miséria se lançam para a emigração, em condições muitas vezes desesperadas”. “A primeira missão que se espera da Igreja é a de testemunhar a misericórdia de Deus e encorajar respostas generosas de solidariedade que abram para um futuro de esperança, porque onde cresce a esperança multiplicam-se também as energias e o compromisso para a construção de uma ordem social e civil mais humana e mais justa”, observou. Francisco destacou, por outro |
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lado, o “excelente estado” das relações entre a Santa Sé e a Itália, falando da sua visita como um “sinal de amizade” e evocando as ligações familiares que o unem ao país, terra natal do seu pai e avós. O Papa deixou votos de que a Itália consiga “encontrar a criatividade e a concórdia necessárias para o seu desenvolvimento harmonioso” |
e para oferecer o seu contributo para a “paz e a justiça” no cenário internacional. Giorgio Napolitano aludiu à necessidade de um combate conjunto a fenómenos de “regressão” na sociedade da Itália e também na Europa, elogiando o papel assumido por Francisco na superação dos “males mais graves” que afligem o mundo. |
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Papa condena atentado na Síria |
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O Papa Francisco condenou esta quarta-feira no Vaticano o atentado que atingiu um autocarro escolar, na Síria, e pediu que estes ataques não se repitam “nunca”. “Tomei conhecimento, com grande dor, que há dois dias, em Damasco, tiros de morteiro mataram algumas crianças que regressavam da escola e o condutor do autocarro”, referiu, no final da audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro, recordando também as crianças que ficaram feridas. Pelo menos quatro estudantes morreram quando um morteiro caiu sobre o autocarro de |
transporte escolar, no distrito de Bab Sharqi, centro da capital, indicou a agência de notícias oficial Sana, acrescentando que seis passageiros desse veículo ficaram feridos. “Por favor, que estas tragédias não voltem a acontecer nunca. Rezemos com força”, pediu, perante dezenas de milhares de pessoas, deixando também uma palavra às centenas de milhares de pessoas atingidas pelo Tufão Haiyan. Segundo Francisco, “estas são as verdadeiras batalhas a travar”. “Pela vida, nunca pela morte”, prosseguiu. |
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Papa envia donativo para as Filipinas |
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O Papa Francisco enviou um “primeiro contributo” de 150 mil dólares (mais de 110 mil euros) para “socorrer” a população atingida pelo tufão Haiyan nas Filipinas, anunciou o Vaticano. O donativo seguiu através do Conselho Pontifício ‘Cor Unum’, da Santa Sé, que dá conta da “extraordinária veemência” com que a tempestade atingiu o país asiático, causando mais de 10 mil mortos. O dinheiro vai ser distribuído através da Igreja local nas regiões “mais atingidas pela calamidade” e quer ser “uma primeira e imediata expressão concreta dos sentimentos de proximidade espiritual e encorajamento paterno” de Francisco, refere o organismo, em comunicado divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé. “Recordemos as Filipinas, o Vietname e toda a região atingida pelo tufão Haiyan. Sede generosos na oração e com a ajuda concreta”, escreveu o Papa na sua conta ‘@pontifex’, da rede social Twitter, que tem mais de 10 milhões de seguidores. A confederação internacional da Cáritas anunciou que já está |
no terreno, através da “Cáritas Filipinas e das redes locais da Igreja” para “chegar às pessoas com necessidade desesperada de comida e outras ajudas”. A ONU estima que mais de 10 mil pessoas tenham morrido nas Filipinas na sequência da passagem do Haiyan, acrescentando que 660 mil pessoas foram obrigadas a sair das suas casas por causa das condições meteorológicas. A Cáritas fala em mais de 9,5 milhões de pessoas que precisam de ajuda perante a “catástrofe” sem precedentes. |
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O quinto poder |
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Criada em 2007 pelo ativista informático Julian Assange, a controversa WikiLeaks veio abanar o mundo ao encetar a divulgação de dados informáticos e documentos confidenciais de interesse público. Assumindo-se como organização mediática sem fins lucrativos, define como principal objetivo o de fornecer informação relevante ao público, mais concretamente denunciando ilegalidades e imoralidades praticadas por governos, na sua maioria totalitários, empresas e instituições religiosas, de modo inovador e garantindo a segurança e confidencialidade das suas fontes, com a apresentação de provas fidedignas da verdade. Não tardaria por isso que o cinema lhe dedicasse atenção e eis que chega às salas portuguesas ‘O Quinto Poder’, primeira longa metragem de grande porte sobre o mais retubante derrame de informação da história da internet. Dirigido por Bill Condon, o realizador e argumentista que teve o seu primeiro grande exito com ‘Deuses e Monstros’ (Oscar para melhor argumento |
adaptado), seguindo-se ‘Relatório Kinsey’, ‘Dreamgirls’ e dois episódios da saga ‘Twilight’, ‘O Quinto Poder’ centra-se na relação entre o fundador, redator e editor-chefe Assange e Daniel Domscheit-Berg, cérebro informático da operação WikiLeaks. Uma relação que progride, ou antes regride, da estreita amizade para a conhecida hostilidade que, naturalmente, veio tão agilmente a público quanto a informação que ambos até então divulgaram, acabando na demissão do informático alemão e porta-voz da organização em 2010. Em causa, a divergência entre ambos sobre as consequências nefastas da divulgação integral dos ‘Diários de Guerra do Afeganistão’ e dos Registos da Guerra do Iraque, representando o livre acesso a cerca de quinhentos mil documentos confidenciais sediados no Pentágono. Sob pena de ser consumido com a mesma voracidade com que público e meios de comunicação acederam aos documentos divulgados, o estilo inicial da narrativa segue um ritmo lento |
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e ligeiramente entediante, sobretudo pelo excesso de terminologia informática. Na progressão, com o adensar das relações ora consonantes ora dissonantes entre as duas personagens centrais, o filme arrecadará então um crescente interesse, transformando-se num quase thriller empolgante. A tensão entre ambos evidencia a premissa essencial do filme: a de consolidar a liberdade de expressão como princípio, fiel ou não, que preside à empreitada de cada um dos fundadores do WikiLeaks. É neste princípio, ou na discussão
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da sua aplicação, que reside a grande mais-valia de ‘O Quinto Poder’, oferecendo-se como bom ponto de partida para a eterna, difícil e sempre essencial reflexão sobre os limites dessa mesma liberdade, no dever de ponderação, inerente a qualquer comunicador, sobre o impacto e os efeitos colaterais da informação divulgada. Uma questão que é sempre e antes do mais de natureza ética, particularmente exigente quando vários valores entram em choque...
Margarida Ataíde |
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EsseJota renovado |
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Foi recentemente renovado um dos melhores espaços virtuais inteiramente dedicado à reflexão, meditação e espiritualidade cristã. Estamos a falar de “um site para ajudar a olhar e a estar no mundo de uma forma diferente, a partir da espiritualidade inaciana (Santo Inácio de Loyola)”. Desenvolvido por uma equipa de jovens jesuítas e amigos, pretende “tocar” preferencialmente um público em idade universitária. Oferece reflexões, sugestões de músicas e filmes, humor e divulgação de atividades com bastante interesse. Pode ser considerado como a revista virtual da pastoral universitária dos jesuítas. Ao digitarmos o endereço www.essejota.net, encontramos um sítio completamente renovado, sendo que a imagem gráfica que anteriormente lhe estava associada, foi inteiramente alterada. Poderíamos portanto estar a falar de um novo sítio, dado que apenas a qualidade dos conteúdos é que permaneceu |
inalterável. Assim sendo, concluímos que todo o ambiente se encontra perfeitamente enquadrado e graficamente muito bem conseguido. Inclusive a disposição do sítio foge ao tradicional, pois encontramos o espaço dividido em quatro grandes áreas e o habitual menu está no fundo. Na opção “últimos artigos”, recuperamos as mais recentes publicações que foram inseridas. É uma forma muito simples de estarmos sempre a par das notícias mais frescas. Em o “mundo à nossa volta”, podemos ler um conjunto interessante de crónicas de longe, rirmo-nos com um cartoon e ainda aceder a magníficas entrevistas muito bem conduzidas. No espaço “arte”, dispomos de uma variedade de conteúdos. Podemos ler um poema seguido da respetiva linha de leitura. Podemos olhar para uma imagem também ela acompanhada de uma explicação. Podemos consultar uma sugestão de um livro, uma música, um filme ou um museu. E ainda podemo-nos deliciar com uma belíssima |
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história. Em “aprofundar”, somos convidados a percorrer com os nossos olhos um conjunto de artigos eminentemente de teor reflexivo, de aprofundamento teológico e de espiritualidade inaciana. Como verificamos, esta plataforma, além de promover a reflexão e o aprofundamento |
da fé cristã, é uma excelente ferramenta de trabalho para quem se dedica à formação e orientação de jovens e adultos. Como dizem os seus criadores e que nós subscrevemos plenamente, o essejota.net é um espaço onde se pode “encontrar uma nova forma de falar do mundo, do mistério humano e da fé”. Fernando Cassola Marques |
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Um biblista confessa-se |
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O livro “O coração da Igreja tem de bater - Um biblista confessa-se” é a publicação da entrevista do jornalista António Marujo ao padre Joaquim Carreira das Neves (Paulinas Editora). “O padre Joaquim Carreira das Neves é um dos nomes mais importantes nos estudos bíblicos em Portugal. Apesar dos seus profundos conhecimentos e erudição acerca da Bíblia, ele consegue também aproximar-se do grande público pela acessibilidade e clareza com que fala dos assuntos”, explica um comunicado enviado à Agência ECCLESIA. O livro-entrevista apresenta a biografia e o pensamento do padre franciscano, complementado com algumas fotografias das principais etapas da sua vida, em 288 páginas. A leitura e interpretação da Bíblia, a atualidade da Igreja e questões transversais à sociedade portuguesa e europeia são temas que o professor jubilado da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa aborda “com a vivacidade, a frontalidade e o |
despojamento que lhe são conhecidos”, informa a editora. A entrevista conduzida pelo jornalista António Marujo, especialista em temáticas religiosas, é complementada com “um dicionário bíblico” inédito do padre Joaquim Carreira das Neves sobre questões relacionadas com a Bíblia. O livro inserido na Coleção Grandes Diálogos, que pretende revisitar percursos e histórias de vida teve a direção e coordenação do padre José Tolentino Mendonça. O novo livro "O coração da Igreja tem de bater - Um biblista confessa-se" reúne uma entrevista do padre José Carreira das Neves e um «dicionário bíblico em 10 temas», com textos inéditos do professor jubilado da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
Autor: António Marujo; Carreira das Neves ISBN: 978-989-673-327-8 Nº Páginas: 288 |
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As crianças a caminho do Natal
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Uma sms faz o aviso: "Venham ajudar-nos, porque vamos ficar sem luz!" Em pleno Inverno e a um mês do Natal uma aldeia fica sem luz! Ficou tudo às escuras! Sem conseguir contactar as autoridades, o problema tem de ser resolvido...com a tua ajuda! É este o cenário do livro "Crianças a caminho do Natal (Ano A) - Uma grande viagem”. Partindo da mensagem do Evangelho de cada Domingo,
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as crianças são desafiadas a construir as ferramentas necessárias a esta importante missão: encontrar a luz! Este subsídio inteiramente a cores é enriquecido com textos simples e orações. Uma proposta indispensável na preparação do Natal!
Edições Salesianas
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II Concílio do Vaticano: A luz de Trento ainda ilumina a Igreja contemporânea |
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Para se ter uma noção mais profunda e fazer uma avaliação do II Concílio do Vaticano é fundamental ter presente os dois que o precederam: O I Concílio do Vaticano e o Concílio de Trento. Hoje, a reflexão irá recair no Concílio de Trento (1545 a 1563). Considerado como um dos três concílios fundamentais na Igreja Católica, foi convocado pelo Papa Paulo III para garantir “a unidade da fé e a disciplina eclesiástica. O seu objetivo era incrementar a reforma da Igreja e responder à divisão que então se vivia na Europa devido à reforma protestante, pelo que é conhecido também como o Concílio da Contrarreforma” (Manuel Augusto Rodrigues; In: Correio de Coimbra, 26 de abril de 2012). O Concílio de Trento, o mais longo da história da Igreja, foi também o concílio que aprovou “o maior número de decretos dogmáticos e reformas e produziu os resultados mais benéficos”, duradouros e profundos “sobre a fé e a disciplina da Igreja”, lê-se no referido artigo. Para se opor ao protestantismo, o Concílio de Trento emitiu numerosos decretos disciplinares e especificou claramente a doutrina católica sobre determinados assuntos. Com o intuito de celebrar os 450 anos do encerramento desta assembleia magna do século XVI realizou-se, em Braga, recentemente, um congresso internacional sobre «Concílio de Trento: Restaurar ou inovar». Investigadores |
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de todos os quadrantes deslocaram-se à cidade dos arcebispos para mostrar a relevância deste magno acontecimento. Imporá destacar a participação neste concílio de bispos e teólogos portugueses que participaram em Trento (Itália), sendo o mais destacado frei Bartolomeu dos Mártires ao lado de outros como frei Jerónimo de Azambuja, frei Luis de Soto Maior, João Pais, entre outros, nas suas diferentes fases (1ª 1545/1548; 2ª 1551/1552; 3ª 1562/1563). O Concílio despertou a Igreja para “a necessidade de se mobilizar para os novos desafios da evangelização universal suscitados pelas viagens marítimas promovidas pelos reinos da Península Ibérica, Portugal e Espanha” (José Eduardo Franco; In: Folha dos Valentes, março de 2012). Com os descobrimentos de terras e povos, onde Portugal assumiu papel de protagonista, ficou aberto um novo campo de missão que permitia levar o Evangelho a todos os cantos e colocar em práticas o mandato de Cristo: |
“Ide por todo o mundo e anunciai a Boa Nova”. Para além deste campo aberto, o Concílio de Trento fez revisão e reafirmação de doutrinas fundamentais para a Igreja, promoveu uma formação mais sólida do clero através de seminários diocesanos e de currículos mais exigentes e profundos, reviu, reforçou e refundou a missão dos bispos na Igreja à frente das igrejas locais, dioceses. Estabeleceu orientações para combater a função episcopal como lugar de promoção e prestígio social, como cargo mais honorífico e menos vocacional, impondo a obrigatoriedade da fixação de residência dos bispos nas suas dioceses, da prática de visitas pastorais às paróquias, do acompanhamento da ação dos padres, do cuidado com a formação do clero. Revisitar a história “é também construir as bases para o futuro”, disse, em Braga, o cónego José Paulo Abreu, no congresso sobre o Concílio de Trento. Águas conciliares… LFS |
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novembro 2013 |
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Dia 15* Lisboa - UCP - Celebração conclusiva de encerramento do Ano da Fé presidida por D. Nuno Brás e lançamento da obra «Sim, cremos» da autoria de Isidro Lamelas.
* Braga - Seminário Conciliar - Vigília de oração pelos seminários.
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Dia 16
* Bragança - Freixo de Espada à Cinta - Comemorações dos 500 anos da chegada de Jorge Álvares à China com a presença de D. José Cordeiro. |
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* Coimbra - Conservatório de Música de Coimbra - Encontro Nacional de Leigos com o mote "Cultura do Encontro na Igreja e no Mundo Contemporâneo" e promovido Conferência Nacional de Associações de Apostolado dos Leigos.
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Dia 17
* Lisboa - Monumental (Sala 4) - Leitura das «Confissões de Santo Agostinho» por Gérard Depardieu. |
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Ano C - 33.º Domingo do Tempo Comum
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Retomar a fé com entusiasmo |
O Evangelho deste trigésimo terceiro domingo do tempo comum oferece-nos uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. No meio de dificuldades e perseguições, mas sempre com a ajuda e a força de Deus, os discípulos em caminhada na história são chamados a comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino de Deus. Jesus apresenta sinais do fim do mundo. “Há de erguer-se povo e reino contra reino. Haverá grandes terramotos e, em diversos lugares, fomes e epidemias”. No nosso tempo, descobrirmos também sinais semelhantes a estes. Há epidemias como a sida e graves atentados à vida e à dignidade humana. Muitas coisas podem servir para manipular o medo e a angústia das pessoas. Há toda uma panóplia de seitas. Até no cristianismo vemos surgir regularmente aparições de várias espécies, somente poucas delas reconhecidas pela Igreja. O “regresso do religioso” toma muitas vezes a forma de procura de sinais milagrosos, de predições sobre tudo e sobre nada. Hoje não faltam magos, adivinhos, cartomantes, astrólogos e gurus de toda a espécie. Quem nunca leu um horóscopo? O esoterismo está na moda. |
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E, para tranquilizar a consciência, até se procura apoio para isso nas palavras de Jesus.
Mas Jesus adverte-nos: “Tende cuidado; não vos deixeis enganar, pois muitos virão em meu nome e dirão: ‘sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não os sigais”.
Em São Mateus, precisa mesmo: “surgirão falsos Cristos e falsos profetas, que produzirão grandes sinais e prodígios, a ponto de abusar, mesmo os eleitos”. São Paulo diz também que Satanás se disfarça em anjo de luz.
Somos convidados a resistir a estas tentações de andar atrás de sinais estranhos e mirabolantes. O nosso futuro não está inscrito nem nos astros, nem nas cartas, nem nas linhas da mão. O nosso futuro, já assumido no presente, está em Jesus. Queremos sinais? Só temos um: a |
morte e a ressurreição de Jesus, que nos são dadas em cada Eucaristia e que são a prova última e definitiva do amor de Deus por nós. É verdade que este sinal só se pode reconhecer na fé. O próprio Jesus se questionou: “O Filho do Homem, quando vier, encontrará a fé sobre a terra?” A nossa primeira preocupação deve ser vivificar a nossa fé, reencontrar a intimidade com Jesus: “Jesus, eu creio, mas aumenta a minha fé!” Que assim seja nesta última semana do Ano da Fé. Procuremos retomar o dom da fé com entusiasmo e com toda a coragem de a testemunhar nos lugares e espaços que habitamos.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h22Domingo, dia 17 - Pelos caminhos da fé: peregrinar à Terra Santa
RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 18 - Entrevista ao cónego Senra Coelho e e Francisco Manuel Salvador sobre os Cursilhos de Cristandade, próximo coordenador mundial do Movimento. Terça-feira, dia 19 - Informação e apresentação das publicações da Paulus no Ano da Fé
Quarta-feira, dia 20 - Informação e apresentação das publicações da Principia no Ano da Fé
Quinta-feira, dia 21 - Informação e apresentação das publicações das Paulinas no Ano da Fé
Sexta-feira, dia 22 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes
Antena 1 Domingo, dia 17 de novembro, 06h00 - Peregrinação à Terra Santa: uma proposta do Comissariado da Terra Santa em Portugal.
Segunda a sexta-feira, dias 18 a 22 de novembro - Iniciativas que assinalaram o Ano da Fé. |
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No dia 15 de novembro, a Universidade Católica de Lisboa acolhe a celebração conclusiva do encerramento do ano da fé, presidida por D. Nuno Brás, uma oportunidade para refletir a possível continuidade de reflexão sobre este tema após o término do ano proposto pelo Vaticano. No mesmo dia, a UCP recebe também o lançamento da obra “Sim, cremos”, da autoria de Isidro Lamelas.
Nos dias 16 e 17, a Cáritas Portuguesa vai reunir o Conselho Geral, em Fátima, para aprovar a sua estratégia para o triénio 2014-2016. A organização convida os católicos e a sociedade em geral a contrariar “quaisquer manifestações” de desigualdade e de exclusão, num momento em que é imprescindível a solidariedade para minorar os efeitos da crise.
De 19 a 22 de novembro, o Vaticano vai promover uma Assembleia Plenária do Conselho Pontifício para as igrejas Orientais, subordinado ao tema: “As Igrejas Orientais católicas 50 anos depois do concílio ecuménico Vaticano II”, com a participação do Papa Francisco. Esta assembleia surgirá como oportunidade para discutir as reais possibilidades de paz a Síria, Terra Santa e Médio Oriente.
Para a conclusão do Ano da Fé, o Papa Francisco irá visitar, no próximo dia 21 de novembro, o mosteiro de clausura das monjas camáldulas, onde terá momentos de oração. |
Moçambique teme o regresso da guerra civilDias de medo |
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Os tambores da guerra voltaram a fazer-se escutar. Escaramuças militares entre forças governamentais e membros da Renamo fazem temer o pior. A isso soma-se uma onda de raptos nas principais cidades. A Igreja pode ser a única entidade capaz de fazer as pontes necessárias para a paz. Mas debate-se com a falta de sacerdotes. Vamos ajudar?
Moçambique é um dos mais pobres países do mundo. Vinte e um anos depois dos acordos de paz que puseram fim a quase duas décadas de guerra civil, notícias de ataques e escaramuças militares entre forças governamentais e elementos ligados à Renamo fazem antever o pior. |
elevadas percentagens de infecção pelo vírus da Sida.
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Falta de padresAcusada de ter colaborado com o regime colonial, a Igreja Católica foi alvo de ataque generalizado desde a independência. Sacerdotes e missionários tiveram apenas 48 horas para abandonar o país. Muitas comunidades cristãs ficaram sem pastor. Os ataques contra a Igreja foram generalizados. Mas a Igreja, apesar de perseguida, continuou o seu trabalho em favor das comunidades mais |
desfavorecidas. Hoje, todos olham para a Igreja como sendo, talvez, a única entidade capaz de fazer pontes, de ter palavras de esperança, de ser agente de paz.
Um dos problemas com que se depara a Igreja Católica em Moçambique é a enorme falta de sacerdotes. D. Lúcio Muandula, presidente da Conferência Episcopal de Moçambique, reconhece que este é o maior desafio que se coloca ao seu país: “A nível nacional, o número de sacerdotes diocesanos locais ronda entre os 200 e os 250. Conseguimos cobrir razoavelmente a parte do litoral, mas o interior está desprovido da presença de sacerdotes e de religiosos”.
PA | Departamento de Informação | www.fundacao-ais.pt |
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LUSOFONIAS
Não podes multiplicar o pão,
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Tony Neves |
Dizem os relatórios que os bens alimentares produzidos na terra são mais que suficientes para que todos os habitantes do mundo tenham o seu ‘pão nosso de cada dia’. Mas os mesmos documentos mostram que são milhões os que passam fome ou sofrem de desnutrição grave. Como pode acontecer isto? A resposta é simples, ou, pelo menos, podemos simplifica-la: o problema do mundo não é a produção de alimentos; o problema do mundo está na sua desigual e injusta distribuição. Por isso, encontrada a chave da questão, há que ser coerente e resolver este drama que afecta milhões e milhões de pessoas por esse mundo além. Como diz o slogan de promoção do Banco Alimentar contra Fome, não é preciso fazer o milagre da multiplicação dos pães, mas o milagre da sua justa divisão. É isso mesmo e é por aí que temos de investir. Para pôr fim à tragédia da fome e subnutrição, há muitas propostas de solução, que vão das políticas de extrema direita às da extrema esquerda. O ponto de partida é o memo: há fome! Os meios de combate apontados é que são divergentes: uns acham que é preciso fazer um combate estrutural, mudando as políticas de distribuição de riqueza e as formas de governar, retirando aos ricos para dar aos pobres; outros acham que há medidas sociais a implementar para reduzir o fosso entre ricos e pobres; outros consideram suficiente |
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corrigir as assimetrias através de entidades como os Bancos Alimentares e como os movimentos sociais que querem aproveitar o que sobra dos restaurantes. Verdade seja dita, um problema desta dimensão exige que se cruzem todas as formas de criar mais igualdade social, mais justiça e mais fraternidade. Como cristão, estou convencido de que a Doutrina Social da Igreja é a proposta mais eficaz para combater todos os problemas que resultam das relações injustas |
entre as pessoas e os povos. Por um lado, há a afirmação de que a propriedade privada está sujeita á destinação universal dos bens. Por outro lado, há a convicção de que, enquanto não tomarmos a sério o facto de que somos todos irmãos, não vamos a lado nenhum. A fraternidade será sempre decisiva para a resolução dos problemas ligados à injustiça social. Com amor, não há montanha que não caia, não há problemas sem solução. E temos a garantia de que o Amor não acaba nunca! |
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«A sociedade edifica-se a partir desta colaboração entre as dimensões masculina e feminina. Em primeiro lugar, na sua célula básica, a família. É esta quem garante a renovação da sociedade através da geração de novas vidas e assegura o equilíbrio harmonioso e complexo da educação das novas gerações. Por isso, nunca um ou mais pais podem substituir uma mãe, e nunca uma ou mais mães podem substituir um pai». (Conferência Episcopal Portuguesa, 14 de Novembro de 2013) |