04 - Editorial:

    Octávio Carmo

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

12 - Opinião

       D. Manuel LInda

14 - A semana de...

       Henrique Matos

16- Entrevista

       D. António Francisco dos Santos
28- Dossier

       Missão Jubilar em Aveiro

 

40- Internacional

46 - Cinema

48 - Multimédia

50 - Estante

52 - Vaticano II

54 -  Agenda

56 - Por estes dias

58 - Programação Religiosa

59 - Minuto YouCat

60 - Liturgia

62 - Fundação AIS

64 - Intenção de oração

66 - LusoFonias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tema do dossier da próxima edição:

Esperança e o pós-troika

Foto da capa: D.R
Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves, Carlos Borges, Catarina Pereira
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Opinião 

 

 

 

A Alegria da Fé segundo Francisco

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Ano da Fé chegou ao fim

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Missão Jubilar na Diocese de Aveiro

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D. Manuel Linda |Padre Tony Neves

Elias Couto

 

Uma Igreja fora da sua «zona de conforto»

Octávio Carmo

Agência ECCLESIA

 
 

A expressão começa a ficar gasta e corre o risco de não fazer justiça ao primeiro grande documento escrito exclusivamente por Francisco, a exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho), mas é talvez a forma mais direta de sintetizar mais de 150 páginas e várias horas de leitura: o Papa quer uma Igreja fora da sua «zona de conforto».

A “alegria” proposta pelo documento (em 89 referências) quer levar a uma nova etapa no caminho da vida das comunidades católicas, ao longo da história, e é a chave que guia a proposta espiritual, social e ética que nasce da mensagem de Jesus: cativar pelo testemunho, pelo entusiasmo, pela capacidade de mudar o mundo e de ir ao encontro do outro.

Mais de oito meses depois de ter sido eleito como sucessor de Bento XVI, Francisco deixa claro neste documento – onde aborda um número significativo de temas – o que entende ser necessário para uma renovação e “conversão”, que se estende ao próprio papado, em chave missionária e evangelizadora.

“Abrir as portas” é a palavra de ordem, não só para deixar entrar quem se aproxima da Igreja mas também para lançar os católicos pelas estradas do mundo, as já famosas “periferias” que são, afinal, um verdadeiro centro nesta comunidade “descentralizada” 

 

 

que o documento propõe.

O Papa deixa claro que as mudanças acontecem a partir de dentro e não passam por questões ‘fraturantes’, como o aborto ou a ordenação sacerdotal de mulheres, ou mais mediatizadas, antes pelo fulcro da existência individual e comunitária: o anúncio de um sentido para a vida, a recuperação do transcendente e a redescoberta do rosto do outro como ponto de referência.

A exortação apostólica exprime a convicção de que a defesa da vida, uma opção não negociável para os católicos, passa por todas as fases da vida e implica também a recusa de uma economia que “mata”, bem como de todos os tráficos e

 

novas formas de escravatura.

Francisco parte da sua experiência de pastoral urbana numa metrópole como Buenos Aires e mostra-se sensível aos desafios colocados pela mudança de época: a Igreja terá de saber deixar de lado uma pastoral autorreferencial, de ‘manutenção’, para enfrentar uma reforma “inadiável”.

Fazendo eco dos reparos que o próprio Papa, no seu estilo coloquial, vai deixando ao longo do texto, cabe agora aos leitores não se fixarem em aspetos secundários e ler a fundo a sua exortação de apresentar a fé como antídoto para a “tristeza individualista” do mundo contemporâneo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

© LUSA

 

 

 

 

 

«O que ontem sucedeu é uma exceção, não voltará a repetir-se»

ministro da Administração Interna Miguel Macedo, em conferência de imprensa, referindo-se à manifestação das Forças de Segurança que, no dia 21, derrubaram uma barreira policial e conseguiram chegar à entrada principal da Assembleia da República

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

«Tenho de dizer que este orçamento e todas estas medidas que estão a ser tomadas são medidas de pessoas que, de facto, não conhecem a realidade, que não estão a viver no mesmo país onde há pessoas a sofrer tanto»

António Correia Saraiva, presidente da Sociedade de São Vicente de Paulo, sobre o Orçamento de Estado 2014, in Agência Ecclesia, 26.11.2013

 

 

 

«A fé dói, como o ateísmo dói»

padre José Tolentino Mendonça, in Diário do Minho, 28.11.2013

 
 

«Esta economia mata»

papa Francisco, in Exortação apostólica Evangelii Gaudium, 26.11.2013

 

 

Bispos assinalaram final do Ano da Fé

As dioceses portuguesas uniram-se à Igreja Católica em todo o mundo para a celebração conclusiva do Ano da Fé, este domingo, que no Vaticano foi presidida pelo Papa Francisco, contando com a primeira exposição das relíquias de São Pedro.

D. Pio Alves, administrador apostólico da Diocese do Porto, afirmou que os cristãos têm “razões e meios para estar na primeira linha da reconstrução da Sociedade”.

O arcebispo de Évora disse que o Ano da Fé foi vivido com “intensidade” e que todos estão dispostos a anunciar “a alegria do Evangelho”. “Viver e transmitir

 

 

aos outros a alegria do Evangelho será, sem dúvida, uma excelente forma de dar continuidade ao Ano da Fé e de orientar a vida pessoal e comunitária pelos critérios do Reino de Cristo”, disse D. José Alves na homilia da celebração da Solenidade de Cristo-Rei.

D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra, explicou que o “fruto maior do Ano da Fé cresceu dentro de cada pessoa” e convidou a diocese a estar disponível para “a nova evangelização”.

O bispo de Setúbal, D. Gilberto Reis acredita que o trabalho desenvolvido ao longo do Ano da Fé, que terminou este domingo, perdurará no tempo levando todos a “continuar a crescer”. “O Ano da Fé é uma espécie de exercitação, um grande retiro de um ano para crescer na fé” e por isso terá certamente continuação no tempo porque “quando uma pessoa vai em retiro é para dar dinamismos para o futuro”, disse à Agência ECCLESIA.

O bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. Antonino Dias, dirigiu-se aos pais na celebração de 

 

 

  

encerramento do Ano da Fé e pediu que situem “Deus no centro da vida” dos filhos: “Encerramos esse tempo de graça, na esperança de que continuaremos a abrir a ‘Porta da Fé’ em busca de caminhos novos e novos desafios”.

D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, disse na peregrinação diocesana a Peniche que há muitas “ocasiões para crescer na fé, atuando a caridade”, pedindo atenção às necessidades do próximo.

 
D. António Marto encerrou, em Leiria, o Ano da Fé com apelos a um “prolongar no tempo” os efeitos positivos que as iniciativas desencadearam na diocese e saudando a ordenação diaconal num tempo “árido” de vocações sacerdotais.

Já o bispo da Guarda, D. Manuel Felício, alertou para os “valores de fundo” que balizam a sociedade e exortou os fiéis a exporem-se pelo “bem comum”, pelo “bem das pessoas”.

 

 

Situação dramática no Médio Oriente

O bispo auxiliar de Bagdade (Iraque), D. Shlemon Warduni, esteve em Portugal para falar na “dramática” situação no Médio Oriente e desafia os políticos de todo o mundo a colocar o interesse desses países à frente dos “próprios”.

“Podemos dizer que a situação não é boa. Em alguns casos é dramática. É o que acontece na Síria, no Iraque, no Egipto. Não é fácil”, afirmou o bispo auxiliar do Patriarcado dos Caldeus da Babilónia, Bagdade à Agência ECCLESIA.

D. Shlemon Warduni disse que o Médio Oriente “quer a paz” e se o que aconteceu nos últimos anos foi uma primavera antes viesse o “inverno” e desafiou as populações a “rezar pela paz” e “fazer propaganda contra as armas”. “Primeiro rezar pela paz, depois fazer propaganda contra as armas, falar aos nossos políticos para fazerem tudo o possível pela paz, pelo bem daquelas nações, não por interesses próprios”, sublinhou.

 

 

O bispo do Iraque esteve em Portugal a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre com o objetivo de relatar a situação dos iraquianos, nomeadamente dos cristãos, para quem pede ajuda material e sobretudo espiritual, pedindo “ao mudo inteiro” que reze pela paz.

“Digo em todas as nações: chega de fabricar armas! Chega de vender armas porque não podemos viver das armas! As armas são um obstáculo para que as pessoas vivam bem”, afirmou D. Shlemon Warduni.

 

 

 

 

Igreja atenta à Pastoral dos Ciganos

Os responsáveis católicos pela Pastoral dos Ciganos apelaram a um maior envolvimento desta população na “construção da cidadania” e destacaram o trabalho desenvolvido pela Igreja, que nem sempre é reconhecido.

“A participação dos ciganos nas estruturas, iniciativas e programas de inclusão é absolutamente indispensável, tal como o é o seu envolvimento ativo e visível na construção da cidadania, incluindo a sua representatividade política”, assinala o documento conclusivo do 40.º Encontro Nacional promovido pela Igreja Católica, que foi enviado à Agência ECCLESIA.

Durante o encontro que decorreu entre sexta-feira e domingo, no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide (arredores de Lisboa), os participantes deixaram uma palavra de reconhecimento pelo “muito trabalho realizado pela Igreja com os ciganos, através da Pastoral que existe e que é

 
 

 muito minoritária no âmbito das estruturas” eclesiais. “A amizade com eles e o longo e árduo caminho percorrido no meio deles é uma competência considerável que é pouco conhecida pela comunicação social e pouco aproveitada pelas instâncias responsáveis”, destacam as conclusões do evento, divulgadas pela Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos (ONPC).

Segundo os responsáveis por este setor, faltam “mais iniciativas de atos litúrgicos que envolvam as pessoas de etnia cigana e que se adaptem à sua cultura”.

 

 

Em louvor dos sacerdotes

D. Manuel Linda

Bispo das Forças Armadas e de Segurança

 

 

A crónica de hoje é estranha. Até porque, na prática, o texto não é meu. Mas não é por preguiça. Não me seria muito difícil conseguir um arrazoado de ideias. Só que, perante a força expressiva da carta que se segue, todas as minhas palavras seriam ocas.

Há dias, comemoramos a “Semana dos Seminários”. Para que o povo de Deus se dê conta da importância do sacerdócio. Porque sem eles… o mundo seria bem mais prosaico.

Para o mostrar, exponho o caso deste sacerdote, referido na carta do Vasile. É meu conhecido: estive com ele num encontro internacional. Mas, aqui, é apenas um italiano anónimo, na casa dos quarenta, que trabalha como missionário na Moldávia, a região mais pobre da Europa. Foi ele mesmo quem me deu esta carta que traduzo do italiano, respeitando a pontuação e a maneira infantil de se exprimir. Ei-la:

 

Caro papá Francisco,

a minha irmã disse-me que devo chamar-te Papa, porque tu és uma pessoa importante, mas eu não sei o que é Papa e então chamo-te papá.

A minha mãe era para mim e para a minha irmã uma pessoa importante como tu, mesmo se éramos uma família pobre aqui na Moldávia. Mas agora a minha mãe não mais está aqui porque pessoas más fizeram-lhe mal.

 

 

 

 

 

Mas eu quero dizer-te que todos os dias venho comer a uma cozinha que tem o teu nome “Papa Francisco” e mando-te também uma foto minha na cozinha, porque um homem padre recolheu-nos na estrada onde vivíamos aqui em Chisinau, deu-nos uma casa para dormirmos e comemos aquilo que ele cozinha na tua casa porque onde comemos está escrito “Papa Francisco”, por isso a casa é tua.

Estou contente, mesmo se me roubaram a mãe. Encontrei uma casa, a tua cozinha e tantos amigos. Este homem padre e todos nós vivemos bem, vamos à escola, andamos limpinhos e eu até tenho uma bicicleta.

 Papá Francisco por favor manda-me uma fotografia tua, assim eu colo-a onde durmo e também eu posso dizer que tenho um papá. Prometo que se me mandares uma foto tua eu cumpro o que prometo.

Este homem padre aos sábados fala-nos de Deus e a mim agrada-me ouvi-lo, depois cantamos, jogamos e 

 
comemos a pizza da tua cozinha. Papá Francisco quero fazer-te uma oferta: fiz uma pequena cruz para ti. Vê-la? Sobre a cruz está um menino que ri porque o homem padre diz-nos sempre que é preciso sorrir mesmo quando se sofre.

Adeus Papá Francisco.

Vasile

 

Falta dizer três coisas, quase a jeito de reportagem: Vasile acabou por se encontrar com o “papá” Francisco na Praça de São Pedro e colocou-lhe, pessoalmente, a cruz ao peito, ainda que, para isso, quase lhe tenha feito cair o solidéu; essa “audiência” do Papa a Vasile constituiu a notícia de abertura das televisões locais e todos os diários chamaram o acontecimento à primeira página; Vasile, de religião ortodoxa, pelo menos oficialmente, continua ortodoxo…

Quando os sacerdotes o são a sério, a coisa também é séria…

 

 

25 de novembro: De 75 a 2013

Henrique Matos 

Agência ECCLESIA

 

Por estes dias o país acolheu um novo Orçamento de Estado que, sendo novo, não traz novidade nenhuma. A honra da nação passa pelo pagamento da sua dívida externa e pelo acertar do passo com as imposições do "mercado". E até parece que somos bons alunos no cumprimento das metas... a meta de um copo que se vai enchendo com o sumo de um citrino que já nem se vê, escondido na mão poderosa que o esmaga. Esmaga o ânimo, a esperança e a liberdade. Sentimentos que neste mês de novembro, mas há 38 anos atrás eram restaurados no país com um movimento militar onde sobressaía o general Ramalho Eanes. Nesse novembro de 1975 o país estava à beira da ditadura e as conquistas democráticas de abril pareciam reféns de um totalitarismo que já conhecíamos de outras paragens. Foram alguns militares e um homem que não ria, que possibilitaram então, o sorriso que o país pode esboçar passado algum tempo.

Esta semana, em novembro de 2013, o homem que não ria, chorou. Eanes foi homenageado num clima estranho. A estranheza brota de coincidências sinistras que nos colocam hoje, 38 anos mais tarde, à mercê do totalitarismo financeiro e das leis do mercado, uma entidade não eleita e à qual ninguém viu a cara. Certo é que, em novembro de 2013, o país não sorri, não tem liberdade, não tem trabalho e passa fome.

Ramalho Eanes que em 1975 foi um guerreiro    

 

 da democracia, falou-nos agora do imperativo ético. Disse sem rodeios, que a economia deve ser gerida pelo Direito e a política pela ética. Mas que ética? Na mente do general não estaria certamente a ética que os tempos do "pronto a vestir" foram fabricando à medida da ocasião ou da conveniência. Significa que temos de restaurar a "Ética" que não verga nem se molda a interesses.

De Eanes, guardo a memória de infância que ainda o recorda a preto e branco e de camuflado, mas os anos revelaram-me alguém definitivamente a cores... as cores da cidadania, do serviço e da honra. São cores preocupantemente esbatidas nos dias que vivemos. Não as vislumbro nas lideranças 

 

dos países, e cada vez menos nos interesses que movem os cidadãos que, no desespero, podem sacrificar a liberdade na perspetiva de uma barriga vazia.

Eanes marcou a história, viveu o seu tempo, mas é hoje referência e inspiração para quem ouse restaurar a esperança e a seriedade. Missão que já não é para a geração de Eanes, mas que cabe às novas gerações. Os jovens foram infelizmente, os grandes ausentes desta homenagem, espero que o alheamento signifique apenas a distância histórica e não a diferença de convicções. No final, Eanes comoveu-se, chorou até. Será que os anos fragilizaram o militar de cara serena? Não creio, quem serve e ama é humano... quem só pensa em si... é frio porque perdeu a alma. 

 

 

Um ano em Missão Jubilar

D. António Francisco dos Santos,
bispo de Aveiro

 

 

 

 

 

 
 

 

 

 

A Diocese de Aveiro celebrou ao longo dos últimos 12 meses uma Missão Jubilar que assinalou os 75 anos da sua restauração. Uma dinâmica que movimento as comunidades paroquiais e que deixou satisfeito o bispo diocesano, D. António Francisco dos Santos, que evoca ainda o seu antecessor, D. António Marcelino, falecido neste período.

 

 

Agência ECCLESIA (AE) - Que preocupação teve e tem esta Missão Jubilar?

D. António Francisco dos Santos (AFS) - A Missão Jubilar é o desenvolvimento de um projeto pastoral que nasceu há cinco anos. Cheguei à diocese há sete anos e senti que, na perspetiva dos 75 anos da restauração da diocese, no contexto dos 50 anos do Concílio Vaticano II, e no espírito de uma Igreja jovem que se quer renovar cada vez mais, pudesse lançar um grande projeto envolvente e mobilizador de toda a Igreja.

Fomos no sentido da Nova Evangelização ao encontro de todos e de cada, nas suas casas e na sua vida concreta. Aqui chegámos e daqui partiremos, agora com renovado vigor, aumentado entusiasmo, e com um sentido de alegria dado à Missão

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Jubilar, para nos sentirmos uma Igreja feliz, porque somos discípulos de Jesus Cristo, porque vivemos nesta terra abençoada que Deus quis para nós e também porque temos um projeto de construção de um mundo melhor a que a Igreja tem de se lançar com alegria, com renovado entusiasmo e com sentido de um mundo novo, de encontro com todos para levar o anúncio do Evangelho de Jesus Cristo.

 

 

 

AE - O trabalho foi por isso transversal às paróquias, arciprestados, a toda a diocese.

AFS - Quisemos envolver toda a gente. Essa foi uma das caraterísticas muito belas da nossa Missão – todos envolvidos, todos necessários.

É um trabalho de uma Igreja comunhão que quis envolver leigos, consagrados, religiosos, diáconos, sacerdotes e bispo. Encontrámos pessoas disponíveis para serem mensageiros, missionários e coordenadores da Missão. Não foi apenas uma iniciativa do bispo, não foi um envolvimento de alguns mas um trabalho de todos.

O projeto, na sua intuição inicial, pretendia lançar a Igreja neste movimento, onde todos tivessem lugar, de abertura e ir, com uma alegria muito grande, ao encontro daqueles que vivem distantes da Igreja, ou estão esquecidos deste caminho de vida cristã. Ninguém ficou de fora, a ninguém esquecemos. Precisamos e contamos com todos.

Encontrar tanta gente que se mobilizou e trabalhou pela  

 

Missão, foi certamente um dos frutos mais abençoados desta iniciativa. A ação da Igreja, a Missão Jubilar, é um trabalho de todos. Este espírito de Isaías «O Senhor me ungiu e me enviou a anunciar o Evangelho», que no início me inspirou. Depois retomada esta palavra por Jesus Cristo na sinagoga de Nazaré onde ele disse «Esta palavra cumpriu-se hoje e aqui». Este «hoje e aqui» é este tempo dos 75 anos da diocese e o «aqui» é Aveiro, estas 101 paróquias, nestes 101 pedacinhos de barco que nós fizemos como símbolo da nossa Missão, que se reúne e se congrega para ser uma Igreja muito jovem, muito feliz, discípula de Jesus Cristo e sentindo que é enviada ao mundo que queremos servir. O nosso lema é «Amar a Deus é servir».

 

AE - Ganharam uma maior participação dos leigos?

AFS - Temos, graças a Deus, leigos muito bem formados em Aveiro. Houve um grande trabalho ao longo destes 75 anos e isso

 

 

 

 

 é certamente um dom com que contamos.

Realizámos catequeses nas paróquias ao mesmo tempo, com catequistas que nós chamamos missionários enviados nos caminhos cruzados da nossa diocese. Mas a formação não terminou, não se cumpriu. É 

 

necessário envolver todos os leigos e a Igreja de Aveiro é uma Igreja muito aberta e empenhada neste trabalho conjunto de todo o laicado.

Penso que os leigos de Aveiro sentiram que a missão é tanto sua, como dos sacerdotes, como do bispo.

 

 

 

AE - A Missão Jubilar foi uma missão muito cuidada – com uma meta, cada momento apresentava um slogan – foi muito pensado para chegar a todos?

AFS - A Missão foi preparada ao longo de muito tempo. O itinerário de planificação pastoral de cinco anos que culminou aqui e daqui quer partir para um novo quinquénio pastoral, diz-nos que tudo foi muito bem refletido.

O trabalho do coordenador da Missão Jubilar, o padre Francisco Melo, da equipa de coordenação e o que realizámos em todas as paróquias, arciprestados e as instâncias de participação e corresponsabilidade na diocese, permitiu que esta Missão fosse muito bem preparada. Por isso ela resultou nos seus frutos de organização.

Tivemos sempre presente e com muito cuidado a pedagogia e a metodologia nova que quisemos imprimir na missão. Isso foi um trabalho de muito esforço mas também muito gratificante, porque encontrámos pessoas sempre disponíveis e capazes de elaborar as iniciativas e de as tornar muito belas. Procurámos ter muito cuidado com os subsídios, 

 

com os contributos, com a elaboração os textos.

O gabinete de imagem e comunicação da diocese teve um trabalho preponderante na dinamização e divulgação de todos os materiais que foram concebidos para que Missão resultasse e o trabalho fosse sendo acolhido.

Estamos numa cidade e região muito valorizada a nível cultural. O trabalho com outras instituições, concretamente, com a Universidade, deu-nos essa mais-valia de podermos contar com pessoas de muita qualidade que nos deram um valioso contributo.

 

AE - Houve vários momentos em que reuniram milhares de pessoas. Que mensagem fica dessas reuniões numerosas?

AFS - Tivemos iniciativas voltadas para a paróquia, outras programadas a nível arciprestal e ainda iniciativas a nível diocesano que mobilizaram milhares de pessoas.  A mensagem era dirigida todos os meses, no dia 11 - dia em que foi executada a Bula da restauração da diocese, que celebraremos a 11 de dezembro como o dia da memória e da 

 

 

restauração - mas o envolvimento de multidões de pessoas permitiu-nos lançar esta bela mensagem de que a Igreja de Jesus Cristo está aberta a todos e temos de ser nós os protagonistas da missão e da evangelização.

 

Os milhares de pessoas não vieram como espetadores mas como participantes e protagonistas porque também eles são elementos determinantes da missão, também missionários em nome do Senhor.

 

 

 

 

AE - Que momento destacaria?

AFS - Penso que o grande momento de destaque foi o espírito e a alma nova que se conseguiu imprimir na Igreja de Aveiro. Sentirmo-nos discípulos felizes de Jesus Cristo, procurar viver as bem-aventuranças na sua plena aplicação e compromisso e ao mesmo tempo, sentirmo-nos uma Igreja feliz neste mundo e neste tempo em que os desafios são enormes.

Houve momentos de grande dimensão como aconteceu na 

 

peregrinação do dia 11 e 12 de maio ao túmulo de Santa Joana e a celebração no coração da cidade. Mas desde o início, no dia 21 de outubro de 2012, na abertura da Missão, eu senti que este era um caminho que Deus quer – muito bom, belo e necessário para a Igreja de Aveiro. E o Papa Francisco veio trazer uma forma e um sentido de proximidade, de bondade e de comunhão que eu gostaria de imprimir em cada paz que dou, em cada palavra que digo, em cada gesto que assumo

 

 

 

e em cada serviço da vida de Aveiro.

E gostaria de dar graças a Deus pelos sacerdotes, pelos diáconos, pelos consagrados, pelos leigos porque é com eles que esta Igreja se torna bela e feliz.

 

AE - A Missão juntou famílias, jovens, adultos. Todos se uniram. Foi uma forma de mostrar que os setores da Igreja não se devem fechar em si, mas devem trabalhar em conjunto?

AFS - Esse foi um dos aspetos fundamentais. Muitas vezes trabalhamos em Igreja de forma parcelar, setorizada, reduzindo-nos ao nosso canto, à nossa pequenina capelinha. Nós fizemos uma experiência e tivemos a alegria de encontrar acolhimento e disponibilidade.

Foi preciso trabalhar, ser paciente, ser mais demorado do que inicialmente gostaria, mas para fazer compreender a todos que só assim é que somos verdadeiro rosto missionário de uma Igreja que é uma só Igreja.

Percebemos, na peregrinação diocesana dos dias 11 e 12 de maio, uma Igreja una, unida e 

 

única, onde as crianças viam simultaneamente os seus catequistas e os professores de Educação Moral e Religiosa Católica, os animadores da sua comunidade cristã, viam párocos, a sua família inteira, e viam os seus vizinhos, percebendo a proximidade e a capacidade de vizinhança que os mensageiros nos ajudaram a traduzir mensalmente, levando a 93 mil famílias uma mensagem e um convite para que as iniciativas fossem assumidas, vividas e realizadas para todos; levou-nos a compreender que não podemos ser uma Igreja de setores mas temos de ser esse conjunto, que o símbolo do barco – sublinho esta imagem do barco porque somos uma terra de ria e de mar, entendemos bem esta linguagem – distribuído em todas as paróquias, que o guardaram durante o ano e agora se reuniram para dizer que somos o mesmo barco, com o mesmo timoneiro que é Cristo, todos a rumar no mesmo sentido neste tempo que é o nosso.

 

 

 

AE - Abriu-se um caminho?

AFS - Foi um pequeno passo, dado com muita firmeza, para um grande caminho que está aberto que é sempre de esperança, de renovação e de futuro. É essa a missão da Igreja e, hoje, Aveiro, tem a oportunidade de ter dado este passo e sentir a alegria para o caminho que queremos construir.

Hoje a porta do caminho de Evangelho, e permita-me referir o tema da Exortação Apostólica, «A alegria de evangelizar», esta doce e reconfortante alegria de evangelizar está presente nesta Igreja de Aveiro e é isso que queremos cumprir.

 

AE - Aconteceram várias atividades de âmbito cultural e debates que tocaram o quotidiano, assuntos que podem achar mais fraturantes. Que mensagens procuraram emitir estes diálogos sobre estes quatro temas fraturantes (Ação Social. Protagonistas; Economia e o mundo operário: Oportunidades; Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso: Rumos; Família, casamento e sexualidade: realidades)?

AFS - Quisemos viver a Missão Jubilar não apenas voltados 

 

 para o interior da Igreja. Fortalecendo este espírito das bem-aventuranças e vivendo como discípulos de Jesus Cristo, sentimo-nos enviados a todos, no abrir de braços e alargar horizontes no coração, para saber que só no diálogo e no mundo da cultura, da educação, do trabalho, da família, com os desafios do nosso tempo, das novas pobrezas, das dificuldades que a crise nos traz, vemos isso como uma oportunidade de diálogo e abertura.

Trouxemos pessoas dos mais variados lugares, conceções e perspetivas, mas todos nos ajudaram. Tivemos ainda a alegria de ver que esta iniciativa quer a nível cultural, nos debates e concertos de música, nos ajudaram a perceber que há muitas pessoas que estão atentas à voz da Igreja de outras formas e em outras áreas. Este utilizar de novas linguagens, o escutar outras pessoas que não são as que estão especificamente no interior da igreja, alargou o nosso horizonte de convívio, contacto e aprofundamento da nossa reflexão. Todos ajudaram a Igreja a perceber que a nossa missão

 

 

 

 

 

 

 é mais alargada e mais ampla do que julgávamos.

A participação foi enorme e isso mostra que este é o caminho a continuar. As sessões de debates, a exposição, os concertos, as iniciativas de diálogo e encontro com pessoas do mundo da cultura, do trabalho e outras áreas, leva-nos a dizer que temos de estar sempre com este olhar de abertura ao mundo e capacidade de nos ouvirmos e dialogarmos.

 

Estas são as novas periferias onde o papa Francisco nos convida a ir e estas são as novas linguagens que a Igreja há muito tem.

Temos de agradecer a todos os que aceitaram o convite e reconhecer que este foi um meio muito válido de viver a Missão Jubilar, aberta a outros meios que habitualmente a Igreja não se abre facilmente.

 

 

 

AE - Foi um ano que não teve apenas momentos alegres, nomeadamente na morte do bispo emérito, D. António Marcelino. A união notou-se também nesses momentos?

AFS - Nós sentimos que a Igreja é sempre lugar e escola de esperança e vida. O momento mais difícil que vivemos este ano foi a doença do D. António Marcelino. Procurámos acompanhá-lo com zelo e carinho em todos os dias. Teve uma homenagem de gratidão e comunhão aquando da morte e das exéquias solenes, com uma participação numerosa de pessoas, e após um mês da sua morte.

Sobretudo queremos guardar uma memória abençoada de tudo quanto ele foi, enquanto bispo tão generoso e dedicado para a Igreja de Aveiro, e de tudo o que nos deixou num ministério riquíssimo, numa abertura enorme. Ele próprio se envolveu nesta aventura da Missão Jubilar porque preparou as catequeses que se fizeram em todas as paróquias na diocese durante a Quaresma.

Ele junto de Deus continua hoje a ser bênção para nós. O dom de

 

 termos ao longo do tempo, quatro bispos que serviram a Igreja de Aveiro com dedicação confere-me um dever de grande gratidão para com eles, e ao mesmo tempo procurar merecer tudo o quanto eles foram e serviram nesta Igreja de Aveiro. Com extraordinária dedicação e um exemplo magnífico, todos vamos recordar.

 

AE - Para si, pessoalmente, o que significou esta Missão Jubilar?

AFS - Para mim foi uma graça e uma bênção muito grande. Significou que as palavras do profeta Isaías se fizeram minhas também. O bispo tem de ser profeta – na ousadia, na renovação, na capacidade de mudança, na criatividade de novos caminhos.

Esta é a terra é a minha terra e onde eu tenho de dizer, todos os dias, que a palavra do profeta Isaías se cumpriu. Porque também a mim o Senhor ungiu, me trouxe até estas terras abençoadas e amadas de Aveiro, e me envia a proclamar a boa nova. Por isso fiz das bem-aventuranças o programa desta missão e o lema da minha vida de bispo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Uma Igreja em estado de missão!

A Missão Jubilar na diocese de Aveiro

1. O plano pastoral que a Diocese de Aveiro viveu este ano chamou-se Missão Jubilar. Tratou-se de um programa preparado e discutido atempadamente, desde as bases, fato que se revelou fulcral para que todos sentissem esta "hora" como sendo a sua, este projeto como sendo seu e de toda a Igreja diocesana. “Vive este hora” foi lema congregador, grito audível em tantos locais da diocese, palavra visível, escrita e mostrada nas torres das igrejas, edifícios religiosos e nas casas de milhares de pessoas espalhadas entre o mar, a serra e a ria.

Foi intuito deste plano pastoral fazer de toda a ação missão. Disse-o o bispo diocesano: "Somos uma Igreja em estado de missão". Não só com iniciativas pontuais e mensais de anúncio e de evangelização, mas levando cada cristão a viver o seu "ser em Cristo", através de ações simples e concretas, experimentadas no dia a dia, dentro e fora do templo, assumindo as bem-aventuranças do Evangelho como caminho dos discípulos de Cristo.

 
Na mensagem inicial, D. António Francisco disse que este programa pastoral, mais do que pedagogia criativa, é a alma inspiradora do nosso ser igreja, vivendo o nosso ser em Cristo. Porque aquele que experimenta a doçura do amor de Deus, realidade fundante de toda a missão, não pode senão ser anunciador da alegria desse amor dado a todos sem exceção. Porque quem recebe de Deus tantos dons, não os pode enterrar e fechá-los a sete chaves, entre as pregas de um coração egoísta egocêntrico.

Bem a propósito as palavras do Papa Francisco, na sua mais recente exortação apostólica “A Alegria do Evangelho”: "Porque alguém acolheu este amor [de Deus] que lhe devolve o sentido da vida, como e? que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?" (n.º8).

O ano da Fé foi substrato de toda a missão pastoral vivendo e exprimindo a “força da fé e a alegria da confiança”, tal como rezamos na oração da Missão Jubilar.

 

 

 

 

 

 

 

2. Ao olhar para trás, em jeito de balanço possível (sim, eu acredito que o mais importante que a Missão Jubilar proporcionou é aquilo que fica no segredo do coração de cada um e que Deus bem conhece), sou levado a crer que se conseguiu iniciar o "choque operativo" pretendido, mesmo sabendo que não fica acabado.

Durante este ano fomos mais capazes de sair do templo para nos encontrarmos com o Homem de hoje na sua situação atual. 

 

Não quisemos esperar na sacristia, egoisticamente sós, mas ousamos ser mais Igreja fora da igreja. Fomos capazes de partir como missionários e mensageiros para levar a todos os recantos e a todas as casas a feliz notícia do Evangelho das bem-aventuranças.

Com a abertura das portas, que tanto nos fazem entrar como sair (ou nos fazem entrar para sair), buscamos ser uma Igreja casa de todos, mãe para todos. Com a incursão em “zonas desconhecidas”, em “periferias 

 

 

 

 

existenciais”, tantas vezes as nossas seguranças são (felizmente!) abaladas e corremos o risco de sofrer acidentes. Mas, diz o Papa Francisco, é preferível uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por sair do que uma Igreja doente por se fechar comodamente.

Durante a Missão Jubilar, foi possível desinstalar muitos, talvez adormecidos e anestesiados numa prática ritualista, fechada no templo, como “ovelhas gordas” e instaladas confortavelmente nos bancos da igreja. E chegou-se a tantos outros ociosos, tal como os trabalhadores da parábola do Evangelho sentados sem trabalho.

Foi possível chamar para a ação e para a missão, talvez daqueles que hoje, como Zaqueu, estão a espreitar, curiosos, ou daqueles  que estão ainda nos "átrios" e que ainda não conseguem ou não querem dar o passo de entrada.

A Missão Jubilar permitiu aproximarmos mais uns dos outros. Conhecemo-nos mais e 

 

melhor, somos mais família, cuidamos mais da fragilidade uns dos outros, sentimo-nos mais solidários e mais simpáticos com todos, gostamos mais de trabalhar juntos...

 

3. A Missão Jubilar teve a graça de não criar novas estruturas. Potenciamos as que temos (e já são tantas!) para que vivam com entusiasmo a missão. Creio que todos os que se dispuseram docilmente a viver cada pequena ação proposta tomaram consciência de que Deus conta com cada um para ser rosto de esperança, alegria e transparência do amor de Deus.

Creio que fomos capazes de nos mostrarmos como Igreja de Deus peregrina no meio da peregrinação dos homens deste tempo. Não causamos indiferença. Saímos à rua e às praças e às periferias. Mostramos alegria, mesmo entre as depressões de tristeza e desespero do tempo presente. Mostramos a luz da fé, que arde nos nossos corações, luz pequena, ténue e frágil, mas que

 

 

  

 

ilumina e alumia a escuridão da noite. Mostramos que a fé se exprime e experimenta em obras de caridade, de partilha e de atenção aos mais fracos.

 

4. Claro que nem tudo foi como sonhamos... Mas os sonhos de Deus para a Diocese de Aveiro

 
 atravessam os sonhos que persistimos e ainda acalentamos. A hora é de missão, agora, como sempre. Vive esta hora!

 

Pe. José António Carneiro

Vigário paroquial de Nossa Senhora da Glória-Sé de Aveiro

Comissão Coordenadora da Missão Jubilar

 

 

 

Diálogo cultural

“A beleza é a chave do Mistério e apelo ao Transcendente. É convite a saborear a vida, a valorizar a história e a sonhar o futuro” ( João Paulo II).

Toda a Missão Jubilar assenta num esforço de reprodução do ser e agir de Jesus.

Desde a primeira hora, foi vontade do nosso bispo D. António Francisco, assumir as Bem-aventuranças como caminho dos discípulos de Cristo neste ano de missão jubilar.

E assim partimos para o diálogo cultural, disponíveis e abertos a uma franca e sã vivência com todas as pessoas que preenchem este mundo que nos rodeia. De forma simples mas alegre, conseguimos tornar visível uma Igreja aberta e dialogante, uma Igreja mais fraterna que sabe ler os sinais dos tempos e afinal … ainda surpreende e cativa.

Através de concertos realizados em vários pontos da diocese, proporcionamos encontros musicais, criamos laços entre as pessoas, dialogamos com os artistas e criamos pontes.

Levamos ao público em geral uma encenação da “Paixão de Cristo”, que além de ter sido um 

 

momento de beleza e de fé, foi também um momento alto de testemunho cristão e de partilha de dons.

Marcamos presença em seções de debate, com temas atuais e oportunos atendendo sempre ao momento delicado que atravessamos: ausência de valores, crise social e financeira, mundo do trabalho, a família uma realidade a desaparecer.

Foram momentos fortes de diálogo, em que crentes e não crentes marcaram presença num sadio e salutar convívio. Reconhecemos que esta dinâmica descontraída e próxima, nos abre horizontes e ajuda-nos a aceitar com respeito a diversidade de opiniões e aprendemos a viver melhor neste mundo multicultural.

Por fim, a exposição de arte sacra “ Diocese de Aveiro – Presente e Memória. Foi um sonho desde a primeira hora. Ela era um acontecimento essencial na Missão jubilar. Foi possível graças ao trabalho de uma equipa fantástica que se manteve firme, decidida e unida em todas as situações e trabalhou sempre como se tudo dependesse 

 

 

 

 

 

 

de cada um, mas consciente e com a certeza de que tudo depende de Deus. Foi possível graças ao apoio dos sacerdotes da diocese que se empenharam pessoalmente, assim como a ajuda das nossas famílias e amigos.

Para celebrar os 75 anos da restauração da diocese de Aveiro,

 

 era exigência percorrer a história, iluminar a memória e fazer presente a contemplação de cada peça de arte como epifania do mistério.

Com a colaboração das 101paróquias da diocese, cada uma das paróquias esteve presente com uma peça identificativa e representativa.

 

 

 

 

A museografia foi concebida pelo Professor Doutor Francisco Providência que apresentou um trabalho simples, mas que nos permitiu contar a história do cristianismo que se funda em Deus revelado em trindade e que se prolonga para além de Cristo na representação da vida dos santos. Deste evento ficou o catálogo que pretende fazer memória consolidando a história.

Grupos de voluntários acompanharam-nos desde a inauguração e tiveram um papel importantíssimo em todo este processo. Uns acolhiam os visitantes com calor, outros, mais especializados, faziam as visitas guiadas.

O museu de portas abertas à cidade recebeu nesta exposição milhares de visitantes.

Preparamos uma noite cultural com o Diogo Alte da Veiga num momento musical inicial e a Emília Nadal que nos falou do Transcendente Presente. Foi um 

 

encontro de uma grande beleza e diálogo que decorreu no salão da exposição.

Tivemos todos a graça, neste ano de viver, de admirar e de dar a contemplar a beleza das peças de arte que possuímos. E reconhecemos com orgulho a renovada união diocesana, a alegria de ser cristão na Igreja de Aveiro com a consciência acrescida do ser cristão no mundo de hoje e a grande satisfação do nosso bispo, dos nossos padres, diáconos e de cada diocesano, por todo este ano de missão jubilar.

 

Maria Helena Pinho e Melo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Missão Jubilar – um projeto pastoral
para todos e com todos

Um projeto de Igreja, um projeto da Igreja de Aveiro que nos 75 anos da sua restauração, nasceu e se transformou numa envolvência de evangelização que ousou saltar “muros” que limitavam horizontes de alegria e de testemunho de vida de cada cristão.

Acreditamos que o Amor de Jesus vivido de uma forma aberta, partilhada, libertado de preconceitos, sem timidez e sem fronteiras nos moldou e consumou nesta missão de Igreja, em Aveiro. Quando se soube ouvir todos; quando todos se envolveram e partilharam o seu carisma; quando todo o projeto é da responsabilidade de todos, então aconteceu e acontece Igreja. Assim todos e cada um sentiram que se vive e se trabalha não num projeto vago de Igreja, mas sim no projeto concreto e encarnado da Igreja de Aveiro, onde cada um de nós é parte importante e integrante.

Traçar caminhos de mudança não é fácil e exige novas formas de pensar, de estar e de agir e estas foram as principais exigências 

 

a que os diferentes agentes de pastoral, serviços e movimentos diocesanos tiveram que responder, às vezes de forma bem diferente do que era habitual.

Um dos tempos fortes da Missão Jubilar (MJ) foi, o das catequeses quaresmais em que agentes de pastoral de toda a diocese receberam formação e foram enviados, em equipa, a paróquias de outros arciprestados que não o seu, a anunciar as bem-aventuranças. Foram 3 noites de verdadeira missão, que uniram fraternalmente todas as paróquias.

Foram também organizados três concursos (de ilustração “O ideal de uma princesa”; de fotografia do “dia do Anúncio”; de recriação da mascote “Dá vida ao teu VIVE”), onde se envolveram as famílias no espírito da MJ e com maior visibilidade para as comunidades locais.

Salientamos também os momentos em que a equipa coordenadora da MJ com os secretariados e principais movimentos mais trabalharam em conjunto, traduzindo-se numa 

 

 

 

 

 

 

experiência rica e concreta de comunhão e de caminho em Igreja: o Dia da Peregrinação e o Dia da Missão, no próximo dia 8 de dezembro. A preparação intensa destes dias sentou-nos à mesma mesa de trabalho, fez crescer ideias, organizar e construir os grandes encontros com os muitos milhares de diocesanos.

Todos sentimos fonteiras rasgadas e ultrapassadas, não por meros formalismos, 

 

mas porque é bom trabalharmos juntos. Quando estamos juntos em Missão, a alegria da comunhão conforta e anima mesmo os mais sépticos e entusiasma muito mais os que acreditam. Saber transportar toda esta dinâmica a cada movimento, a cada paróquia, a cada família, a cada pessoa, foi um trabalho de excelência na dedicação de todos os que foram chamados a viver, colaborar e partilhar a nossa Missão.

Aproximando-nos do final 

 

 

 

 

desta etapa, naturalmente surgem duas questões: O que mudou e que futuro nos sentimos enviados a construir? A MJ desinstalou-nos, fez-nos abrir aos outros e à comunidade em geral, quer a nível pessoal quer de secretariados, paróquias e movimentos. Ao sairmos de nós, crescemos, responsabilizamo-nos, ganhamos consciência de Igreja. Amamo-nos mais, somos mais rosto de Cristo para o mundo. A maior graça de Deus que recebemos foi esta experiência de nos sentirmos 

 

pertença, valorizados na diferença, verdadeiro povo de Deus em caminho. E o futuro a seguir aparece-nos agora mais leve, porque experimentamos as bem-aventuranças como verdadeiro caminho de felicidade.

Pela Missão Jubilar, hoje, em Jesus, na Sua Igreja, somos muito mais felizes!

 

Elisa Urbano (SDERE), Manuel Pina (SDCIA), Manuel Santos (Chefe Regional CNE), Ondina Matos (SDPJV

 

 

 

 

 

 

 

Alegria da Fé, guião para o pontificado

O Papa Francisco assinou a exortação apostólica, ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho), primeiro documento do género escrito por si na totalidade, em que apresenta o projeto de uma “nova etapa de evangelização”, nos próximos anos.

“Espero que todas as comunidades se esforcem por implementar os meios necessários para avançar no caminho de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão”, escreve, no documento divulgado pela Santa Sé.

O texto retoma as principais preocupações manifestadas pelo Papa desde o início do seu pontificado, após suceder a Bento XVI em março deste ano, e fala numa Igreja “em saída” e atenta às “periferias”, bem como a “novos âmbitos socioculturais”.

A exortação apostólica refere-se a uma “conversão do papado” e questiona uma “centralização excessiva” que complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária.

 
O texto desenvolve o tema do anúncio do Evangelho no mundo de hoje, recolhendo o contributo dos trabalhos do Sínodo que se realizou no Vaticano de 7 a 28 de outubro de 2012 com o tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé’.

Ao contrário do que é habitual, a exortação não se assume como ‘pós-sinodal’ por ultrapassar o âmbito específico tratado na última reunião de bispos católicos.

Francisco usa um “neologismo” para afirmar que os católicos “«primeireiam», tomam a iniciativa”, num "estado permanente de missão" para enfrentar os riscos da “tristeza individualista" no mundo de hoje.

Essa missão, acrescenta, origina "novas formas", "métodos criativos", uma "reforma das estruturas" e uma Igreja com “portas abertas”.

"A evangelização também implica um caminho de diálogo", que abre a Igreja à colaboração com todas as realidades políticas, sociais, religiosas e culturais.

 

 

 

 

 

O Papa repete o desejo de “uma Igreja pobre”, "ferida e suja” após sair à rua, porque “uma fé autêntica – que nunca é cómoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores”.
 
 
“Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, e que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos”, adverte.

Francisco deixa várias indicações para o interior das comunidades católicas, alertando para um 

 

 

 

"pessimismo estéril" e para os que ficam “inflexivelmente fiéis a um certo estilo católico próprio do passado".

A exortação sublinha a necessidade de fazer crescer a responsabilidade dos leigos, mantidos "à margem nas decisões" por um "excessivo clericalismo", bem como a de “ampliar o espaço para uma presença feminina mais incisiva”.

O Papa lamenta os "ataques à liberdade religiosa", em particular os casos de perseguição aos cristãos.

A exortação apostólica rejeita o que denomina de “economia da exclusão” e a confiança cega na “mão invisível do mercado”, ao mesmo tempo que pede soluções para as “causas estruturais da pobreza”. “Assim como o mandamento «não matar» põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer «não a uma economia da exclusão e da desigualdade social». Esta 

 
economia mata”, destaca a ‘Evangelii gaudium’. O texto papal sustenta que o “crescimento equitativo” exige mais do que o crescimento económico, para uma “promoção integral dos pobres que supere o mero assistencialismo”.
“Enquanto os lucros de poucos crescem exponencialmente, os da maioria situam-se cada vez mais longe do bem-estar daquela minoria feliz. Tal desequilíbrio provém de ideologias que defendem a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira”, adverte.
O texto percorre 288 pontos, divididos em cinco capítulos, e conclui-se com uma oração a Maria, ‘Mãe da Evangelização’.

“O entusiasmo na evangelização funda-se nesta convicção: temos à disposição um tesouro de vida e de amor que não pode enganar, a mensagem que não pode manipular nem desiludir”, escreve o Papa.

 

 

 

 

 

 

 

 

Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à autopreservação.

 

 

Texto na íntegra

 

Dossier AE

 

 

Fé, antídoto para «tristeza individualista»

O Papa apresenta a fé como antídoto para a “tristeza individualista” e o crescente “anonimato” numa sociedade cada vez mais mediatizada. “O grande risco do mundo atual, com sua múltipla e avassaladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota do coração comodista e mesquinho, da busca desordenada de prazeres superficiais, da consciência isolada”, refere Francisco, no texto divulgado pela Santa Sé.

O documento pontifício fala numa “civilização paradoxalmente ferida pelo anonimato” e, simultaneamente, “obcecada com os detalhes da vida alheia, descaradamente doente de morbosa curiosidade”.

“A Igreja tem necessidade de um olhar solidário para contemplar, comover-se e parar diante do outro, tantas vezes quantas forem necessárias”, contrapõe o Papa.

A mensagem alude em particular às redes sociais e outros instrumentos da comunicação humana que alcançaram “progressos inauditos”, 

 

desafiando os católicos a “descobrir e transmitir a «mística» de viver juntos”.

“Assim como alguns quiseram um Cristo puramente espiritual, sem carne nem cruz, também se pretendem relações interpessoais mediadas apenas por sofisticados aparelhos, por ecrãs e sistemas que se podem acender e apagar à vontade”, adverte.

Segundo o Papa, há cada vez mais pessoas com o coração “despedaçado em milhares de fragmentos”, frisando que assim “será difícil construir uma verdadeira paz social”. “O Evangelho convida-nos sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do outro, com a sua presença física que interpela, com o seu sofrimentos e suas reivindicações”, prossegue.

Francisco dá uma atenção específica aos problemas das cidades, onde “facilmente se desenvolve o tráfico de drogas e de pessoas, o abuso e a exploração de menores, o abandono de idosos e doentes, várias formas de corrupção e crime”.

 

 


 

O Papa descartou qualquer possibilidade de mudança na posição da Igreja contra o aborto, afirmando que este “não é um assunto sujeito a supostas reformas ou «modernizações»”. “Porque é uma questão que mexe com a coerência interna da nossa mensagem sobre o valor da pessoa humana, não se deve esperar que a Igreja altere a sua posição sobre esta questão”, 
 

escreve, na sua primeira exortação apostólica, ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho).

Francisco assume a intenção de ser “completamente honesto”, sobretudo com quem esperaria alterações neste campo, para declarar que “não é opção progressista pretender resolver os problemas, eliminando uma vida humana”.

 

 

Redemption e terra de ninguém
– duas obras nacionais em estreia

‘Redemption’, a curta metragem de Miguel Gomes, um dos mais aclamados realizadores portugueses da atualidade, estreia esta semana em complemento de ‘Terra de Ninguém’, longa metragem de Salomé Lamas. Duas obras nacionais que comportam profundas reflexões sobre a nossa identidade, nacional e europeia, com Miguel Gomes a pegar em pessoas reais e a transformá-las em personagens ficcionadas, com grandes interrogações para o nosso tempo.

Em ‘Redemption’, real e imaginário tocam-se a partir de material de arquivo que catapulta quatro histórias possíveis em diferentes tempos:

A 21 de Janeiro de 1975, de uma aldeia recôndita no norte da metrópole para Angola, uma criança escreve uma carta aos pais retratando um Portugal separado dos horrores  da guerra por uma infância ainda possível.

A 3 de Setembro de 1977, em 

 

Leipzig, República Democrática Alemã, uma noiva debela-se simultaneamente com o sentimento de felicidade que não lhe é óbvio naquele que deveria ser o dia mais feliz da sua vida e com a evocação de Parsifal, obra de Wagner que o próprio classificou de ‘festa de consagração do palco’ e em tudo aprofunda o tema da redenção.

A 13 de Julho de 2011, Milão, um idoso mergulha na sua memória, como a do primeiro amor, e emerge na contradição de ter tornado a sua vida pública sem que no entanto se lhe conheça a intimidade.

Finalmente, em Paris, a 6 de Maio de 2012, um pai interroga-se sobre o futuro da sua filha e sobre a vulnerabilidade do seu papel paternal.

Quatro grandes interrogações que ficam da hábil e extraordinariamente sensível combinação de imagens reais com a narração em voz-off, onde nos vemos e revemos como portugueses e europeus 

 

 

 

 

 

em história recente, com datas e lugares precisos capazes ainda de nos surpreender com um mistério: a quem reportam, concretamente aquelas personagens e de que redenção fala Miguel Gomes?...

Na longa metragem de Salomé Lamas, ‘Terra de Ninguém’, é Paulo quem conta a sua própria história: um homem sentado numa cadeira encarando a camara e habitando um espaço vazio que aos poucos se vai preenchendo com o reconto de si próprio. Importa menos a verdade dos factos que a forma como se lê a si mesmo, como busca e perde e torna a buscar a sua existência real e ficcionada. Uma história de vida e de morte, uma perpassando a outra, narrada e construída ao longo de quase oitenta minutos, em camadas que sobrepõem (e de onde às vezes caem) afirmações, interrogações, dúvidas, contradições. A vida de um mercenário português olhada por dentro, numa história humana e desumana cujo registo, documental, nem moraliza, nem condena, nem legitima e que certamente não interessará 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
a todo o espetador. No entanto, encerra em si a grande riqueza de perscrutar a ideia de um homicida sobre si mesmo, a consciência de si, e, ao fazê-lo, inevitavelmente verificar a possibilidade do próprio determinar ou escusar-se a uma ética dos seus atos.
Será por aqui que, com tudo de diferente uma da outra, duas obras de dois realizadores nacionais que escrevem o nosso tempo se encontram: na possibilidade de redenção humana, na consciência de si e da sua história.
 

 

Ano da Fé online

http://www.annusfidei.va

No passado domingo, dia 24 de novembro, último domingo do ano litúrgico, o papa Francisco presidiu no Vaticano à missa conclusiva do Ano da Fé. A iniciativa que decorreu de 11 de outubro de 2012 (data em que passam 50 anos da abertura do Concílio II do Vaticano e 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica) até à solenidade de Cristo Rei do Universo foi decretada por Bento XVI. Na carta apostólica Porta Fidei, o papa emérito decretava “um ano especialmente dedicado à profissão da verdadeira fé e à sua correta interpretação, através da leitura, ou da meditação piedosa dos Atos do Concílio e dos artigos do Catecismo da Igreja Católica".

Assim, esta semana, apresentamos como sugestão a visita ao sítio virtual inteiramente dedicado a este ano que tinha como grande objetivo ser um “momento de graça e de empenho para uma cada vez mais plena conversão a Deus, para reforçar a nossa fé e para anunciá-lo com alegria ao homem do nosso tempo”.

 
Ao digitarmos o endereço www.annusfidei.va  encontramos um espaço eminentemente informativo, com uma disposição gráfica e de conteúdos bastante interessante.

Logo na página inicial dispomos de várias opções que nos permitem perceber a riqueza e grandeza deste Ano da Fé. Seja através da consulta do registo fotográfico e dos vídeos captados ao longo deste ano, bem como da consulta dos vários textos que foram escritos.

Na opção “notícias”, temos ao dispor todas as notícias relativas a este momento da vida da Igreja, com todas as informações sobre os acontecimentos passados. Em “ano da fé” podemos ler a carta apostólica “porta fidei”, aceder às recomendações pastorais produzidas pela Congregação para a Doutrina da Fé sobre o Ano da Fé, consultar o espaço de ajuda pastoral, perceber o logotipo oficial e ainda consultar a pauta do hino.

Um espaço bastante interessante e com conteúdos relevantes encontra-se em “cremos”. Aí podemos aceder ao catecismo 

 

 

 

e compêndio da Igreja Católica, consultar inteiramente os documentos emanados do concílio II do Vaticano e assistir às catequeses realizadas por Bento XVI dedicadas aos apóstolos e discípulos, aos padres da Igreja, aos teólogos medievais, às grandes mulheres 

 

da Igreja e ainda à oração Cristã.

Apesar do Ano da Fé ter concluído, consideramos que os seus objetivos e graça proporcionada merecem ainda uma visita atenta e profunda a este espaço online.

 

 

Fernando Cassola Marques

 

 

O Evangelho e a Vida

Conversas da rádio no Dia do Senhor

«A primeira obrigação de um bispo é evangelizar!». Foi com estas palavras e esta convicção que D. Manuel Clemente aceitou em 2001, no rescaldo do Jubileu do Ano 2000, o convite para assumir um programa ao domingo, na Renascença. «Cristo, ontem, hoje e sempre» era o mote desse ano jubilar. Assim, foi fazendo seu o desejo de João Paulo II de reconduzir os homens a Cristo no início do terceiro milénio que D. Manuel Clemente se propôs incentivar os cristãos portugueses a redescobrirem o valor do Dia do Senhor, explicando-nos, domingo a domingo, na rádio, o Evangelho. Ao longo de 12 anos, sem falhar um único domingo, D. Manuel Clemente falou na Renascença para quem tinha sede de Deus, procurando avivar nas pessoas a fé e o amor a Cristo. Este livro, correspondente aos Evangelhos do Ano A, regista o muito que foi dito e partilhado por D. Manuel Clemente, hoje Patriarca de Lisboa, no «Dia do Senhor». Em boa hora chega, porque é sempre tempo de se deixar tocar 

 

 

 

por Deus e de se fazer à estrada, deixando-se conduzir por Jesus Cristo. É sempre tempo de mudar o coração e a vida, abrindo-se às suas palavras e ao seu amor – numa palavra, à Salvação!

 

 
 

 

 

Banda Jota com novo álbum

A Banda Jota, grupo de música de inspiração cristã da Diocese da Guarda, comemora dez anos com o lançamento de “Não Vou Parar”, o seu quarto álbum, a 8 de dezembro.

“As canções originais remetem para episódios do Novo Testamento ou para as atitudes do cristão do século XXI. Alternando entre uma sonoridade mais intimista e letras orantes e temas claramente mais pop-funk com letras de louvor, o álbum é indicado para os ambientes de pastoral juvenil”, explica a Banda Jota, num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA.

‘Não vou parar’ é o tema que dá o nome ao CD com treze temas de evangelização e oração e “sintetiza a atitude” com a Banda Jota encara a sua “missão de evangelizar através da música”, revela o padre Jorge Castela, membro do grupo.

No quarto trabalho da Banda Jota encontram-se canções de louvor, temas marianos, músicas sobre o poder da oração, sobre a graça e o perdão, “entre outras propostas de fé, como a fé na Ressurreição e no Amor infinito de Deus”,

 

 

acrescenta o responsável.

“Após várias centenas de concertos por todo o país e pela vizinha Espanha, depois dos álbuns "[A]braços", "Obrigatório Ser" e "Amen", e da criação do Festival Jota, pretendemos fazer mais e melhor com este instrumento de evangelização”, desenvolve.

Para além do concerto de apresentação do novo trabalho, no dia 8 de dezembro, às 17h30, no auditório da Câmara Municipal da Guarda, “a Banda promete várias surpresas”, adiantam no comunicado.

 

 

II Concílio do Vaticano:
Anatomia dos vasos comunicantes

 

Na segunda metade do século XV, Johannes Gutenberg consegue, finalmente, completar, o primeiro livro impresso: uma bíblia a duas colunas de 42 linhas em cada página, 1200 páginas na totalidade. Um passo de gigante e revolucionário no mundo da comunicação. Em poucos anos, multiplicam-se as tipografias e as letras circulam num universo mais alargado.

Convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI, a data de 04 de dezembro de 1963 fica na história devido ao nascimento dos primeiros filhos do II Concílio do Vaticano: «Sacrosanctum Concilium» e «Inter Mirifica». O decreto sobre os Meios de Comunicação Social teve 2131 votantes, destes responderam «sim» 1960 padres conciliares e «não» 164 e os restantes (7) votaram nulo.

O surgimento do Decreto «Inter Mirífica» (IM) foi como que uma necessidade para orientar os cristãos e convocá-los ao recto uso dos meios de comunicação. Uma forma de “reconhecer a importância da comunicação de massa como meio capaz de movimentar indivíduos e sociedades e o seu valioso auxílio para o desenvolvimento do ser humano e para a evangelização” (Cf. IM, números 1-3).

O texto deste decreto foi apresentado ao concílio na 25ª congregação geral e debatido durante três congregações. Contava com 114 parágrafos e ocupava 40 páginas, dividia-se em duas partes, 

 

 

 

 

e cada parte era formada de vários capítulos. Na 28ª congregação geral foi decidido por 2138 votos contra 15 que fosse confiado à comissão competente o encargo de formular “mais concisamente os princípios doutrinais e as directrizes pastorais” (Cf. II Concílio do Vaticano, Editorial A.O, página 43). Quase um ano depois, em 14 de novembro de 1963, durante a 67ª congregação geral, a comissão apresentou o novo texto, emendado e reduzido a 24 parágrafos e a 2 capítulos: “Normas para o recto uso dos meios de comunicação” e “Os meios de comunicação e o apostolado católico”.

Depois de consideradas as emendas propostas pelos padres conciliares, o texto foi sujeito à votação geral na 74ª congregação geral com o seguinte resultado: 2112 votantes; 1598 placet (sim) e 503 non placet (não). Não obstante o número elevado de padres a quem o texto não 

 
agradou, Paulo VI decidiu promulgar o decreto no dia 04 de dezembro. A votação final foi realizada na presença do Papa Montini.
A «Inter Mirifica» tem um “valor profundo” por ser o primeiro documento pontifício a tratar da comunicação social e também por apontar para várias iniciativas que ao longo dos anos se concretizaram: criação do secretariado pontifício e secretariados nacionais, do Dia Mundial da Comunicação Social, de instruções pastorais e de associações internacionais. Todos os anos, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no domingo da Ascensão, o papa publica uma mensagem para comemorar esta data. Uma forma de actualizar o II Concílio do Vaticano e de o adaptar “às novas descobertas e comportamentos humanos” (Cf. Darlei Zanon, «Para ler o Concílio Vaticano II», Paulus Editora.)
 

 

novembro 2013

Dia 29

* Lisboa - Faculdade de Direito de Lisboa - Seminário «Desafios da Cidadania Hoje» promovido pela Comissão para a Cidadania da Cáritas Portuguesa
* Açores - Ilha de São Miguel (Ponta Delgada) - Encerramento (início a 25) da Semana Bíblica Diocesana dos Açores sobre «Palavra, Fé e Vida»
* Lisboa - UCP - Encontro do director da Faculdade de Teologia da UCP, padre João Lourenço, com D. António Francisco Santos, bispo de Aveiro. 
* Leiria - Salão paroquial da Azoia - Encontro de catequistas sobre «A catequese e a família» desenvolvido por Jorge Cotovio.
* Guarda - Seminário maior - Conselho presbiteral. 
* Lisboa - Sé (21h30m) - Vigilia de oração pelas ordenações diaconais.

 

* Lisboa - Centro Cultural Franciscano (21h15m) - Debate sobre o pensamento de Teilhard de Chardin e Duns Escoto «Primado absoluto de Cristo e Cristocentrismo».  
* Lisboa - UCP (15h30) - Mesa redonda sobre «Fé e direitos humanos» com a presença do Patriarca de Lisboa e de D. Samir Nassar, Arcebispo Maronita de Damasco, Síria
* Porto - NorteShopping (FNAC) (19h00m) - Lançamento do livro «Somos pobres mas somos muitos» da autoria de Frei Fernando Ventura e Joaquim Franco. 
* Aveiro - Encerramento do concurso “Dá vida ao teu VIVE” promovido pela Comissão de coordenação da Missão Jubilar da Diocese de Aveiro
* Porto - UCP (Escolas das Artes) - IX Jornadas de Arte e Ciência. (29 e 30)
* Fátima - 10ª sessão de estudos de espiritualidade inaciana sobre «Entre medos e confiança, reacreditar na vida». (29 a 01 dezembro)

 

 

 

 

 

* Lisboa - Sintra (Telhal) - Encontro nacional de coordenadores e animadores dos Jovens Sem Fronteiras (JSF). (29 a 01 dezembro)
Visita a Portugal de D. Samir Nassar, arcebispo de Damasco, Síria. (29 a 01 dezembro)

 

Dia 30

* Aveiro - Seminário de Aveiro - Segunda sessão do curso livre de liturgia. 

* Aveiro - Sé (21h30m) - V concerto do ciclo inaugural do novo órgão de tubos. 
* Braga - Auditório Vita (21h00m) - Lançamento do livro «Humanizar a sociedade» do padre Georgino Rocha com apresentação do economista João Ferreira do Amaral. 
* Setúbal - Laranjeiro e Feijó - Iniciativa «Atrium» para responder às questões preparatórias para o Sínodo dos bispos de 2014. 
* Algarve - Faro (Igreja de São Francisco) - Oficina de oração e vida. 
* Setúbal - Centro Social São Francisco Xavier - A Cáritas Portuguesa  assinala o Dia Mundial Contra a SIDA

 

* Lisboa - Alfragide (Seminário de Nossa Senhora de Fátima) -Encontro de Advento sobre «Esperança cristã e sentido da vida humana» com o biblista Armindo Vaz e promovido pela Fundação Betânia
* Aveiro - Salão da junta de Freguesia de Aguada de Baixo (15h00m) - Lançamento do livro de poemas «A mão do homem nos acenos de Deus» do padre Manuel Armando Marques e com apresentação de monsenhor João Gaspar. 
* Lisboa - Mosteiro dos Jerónimos (16h30m) - Vigília de oração pela Paz na Síria com a presença e testemunho de D. Samir Nassar, arcebispo maronita de Damasco, Síria.
* Coimbra - Instituto Universitário Justiça e Paz - Acção de formação de animadores da Pastoral Juvenil da Diocese de Coimbra com o tema «Formar para Anunciar».
* Guarda - Outeiro (11h30m) - Celebração de acção de graças pela declaração das virtudes heróicas de D. João Oliveira de Matos presidida por D. Manuel Felício.

 

 

 

 

 

A Comissão para a Cidadania da Cáritas Portuguesa promove o Seminário «Desafios da Cidadania Hoje», onde instituições religiosas e civis vão partilhar projetos e boas práticas, esta sexta-feira, a partir das 9h00, no anfiteatro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

 

De 29 a 02 de dezembro, D. Samir Nassar, arcebispo de Damasco, Síria, está de visita a Portugal, a convite da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS): Na sexta-feira, a 15h00, na Universidade Católica Portuguesa, participa numa mesa redonda sobre «Fé e direitos humanos» com a presença do Patriarca de Lisboa; No sábado participa com o testemunho pessoal, numa vigília de oração pela Paz na Síria, a partir das 16h30, no Mosteiro dos Jerónimos.

 

Um momento cultural e de solidariedade é o programa que a Fundação AIS sugere no dia 2 de dezembro com um Concerto de Natal com a Banda Sinfónica da GNR, cujas receitas revertem para os refugiados da Síria, a partir das 21h00, no Teatro Tivoli, em Lisboa.

 

No dia 4 de dezembro, a história da Diocese e da Igreja de Lamego recebem o Prémio Prof. Doutor Pedro da Cunha e Serra - Estudos de Onomástica, Antroponímia ou Arabismo, da Academia Portuguesa da História em Lisboa, que vai ser entregue ao padre lamecense Joaquim Correia Duarte pela sua obra «História da Igreja de Lamego».

 

O Centro Europeu do Voluntariado anuncia a capital europeia do voluntariado em 2014 entre as candidatas Barcelona (ES), Guimarães (PT), Laval (FR) e Rennes (FR), a dia 5 de dezembro, Dia Internacional do Voluntariado.

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h22

Domingo, dia 01 - Celebrar a Fé: Capela Árvore da Vida no Seminário Maior de Braga

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 02 - Entrevista ao cónego Luís Manuel Pereira da Silva sobre os 50 anos da Sacrosanctum Concilium.

Terça-feira, dia 03 - Informação e apresentação de campanhas de advento

Quarta-feira, dia 04 -Informação e apresentação de campanhas de advento
Quinta-feira, dia 05 - Informação e apresentação de campanhas de advento
Sexta-feira, dia 06 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre Armindo Vaz e frei José Nunes
 

Antena 1

Domingo, dia 1 de dezembro,  06h00 - I Domingo do Advento - Encontramos na Esperança no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, com o padre António Pedro Monteiro.

 

Segunda a sexta-feira, dias 2 a 6 de dezembro - Campanhas e propostas de caminho para refletir no Advento.

 


MINUTO YOUCAT

 

o que é a fé

 

 

 

 

 

 

 

 

Ano A - 1.º Domingo do Advento

 

 

 

 

 

 

 

 

Caminhemos à luz do Senhor!
 

O Evangelho deste primeiro domingo do Advento é um apelo a estarmos vigilantes e preparados, para acolher o Senhor que vem, para responder aos seus desafios à vigilância, para nos empenharmos na construção do Reino. Um Reino que é para sempre e para todos, e tem a marca da justiça, do amor, da paz, da verdade, da vida, da graça e da santidade. Quem segue Cristo e a sua Boa Nova, não pode instalar-se no comodismo, na passividade, no desleixo, na rotina. Aí está a urgência da Palavra sempre tão exigente.

Para transmitir esta mensagem, Mateus usa três quadros: a humanidade na época de Noé, duas situações da vida quotidiana (o trabalho agrícola e a moagem do trigo), o dono de uma casa que adormece e deixa que a sua casa seja saqueada pelo ladrão. A questão fundamental é a mesma: o crente deve estar sempre vigilante, atento e preparado, para acolher o Senhor que vem; cumpre a presença fecunda de Deus com empenho e com sentido de responsabilidade.

«Caminhemos à luz do Senhor», assim termina a primeira leitura. «Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz», diz São Paulo na segunda leitura. Estar preparado e vigiar passa por este caminho de luz no Senhor. Um caminho de peregrinos na fé, que se abre à esperança: “o Senhor vem! A noite vai adiantada e o dia está próximo”. Deus não nos abandona; continua a vir ao nosso encontro e a construir connosco esse mundo novo de justiça e de paz… A presença de Deus garante-nos que a injustiça, a exploração, a morte não são o final inevitável: a última palavra que a história vai ouvir é a Palavra

 

 

 

 

 

 

de Deus, que nos liberta e enche de alegria, no dizer da recente exortação apostólica do Papa Francisco.

Estamos a iniciar o tempo de preparação para celebrar o nascimento de Jesus. Somos convidados a recentrar a nossa vida no essencial, a redescobrir aquilo que é o mais importante, a estar atentos às oportunidades que o Senhor, dia a dia, nos oferece, a acordar para os compromissos que assumimos para com Deus e para com os irmãos, a empenharmo-nos na construção do “Reino”… É essa a melhor forma – ou melhor, a única forma – de preparar a vinda do Senhor.

Vivamos o Advento levando o Evangelho ao coração das pessoas e situações que formos encontrando em tantos caminhos a percorrer. Sem distrações e sem perder tempo! Sempre com um olhar solidário para quem mais precisa do alimento que sacia e da Palavra que alimenta. Vigiai, estai atentos e preparados, caminhai à luz do Senhor! Que assim seja nestes primeiros dias de Advento!

Manuel Barbosa, scj

 

 

Tufão Haiyan deixa Filipinas em estado de choque

A vida num copo de água

Os sobreviventes não vão esquecer mais o dia 8 de Novembro. A passagem do mortífero tufão pelas Filipinas, arrastando tudo à sua passagem, causou destruição, morte e sofrimento.

Ainda hoje, não é possível fazer um balanço da tragédia que se abateu sobre as Filipinas. A devastação é quase inimaginável. Calcula-se que cerca de 11 milhões de pessoas foram afectadas pelo tufão Haiyan. Há zonas que ficaram totalmente destruídas. Mais de 670 mil pessoas perderam as suas casas.
Em muitos locais, as equipas de salvamento lutam ainda contra o tempo, levando consigo água, alimentos, roupa e medicamentos. Para milhares 

  de pessoas, a sobrevivência depende apenas disso: de água potável, comida e roupa. Perderam tudo. Muitos, perderam até a própria família.

Segundo as Nações Unidas, 3 milhões de crianças filipinas foram afectadas de alguma forma pelo tufão. Muitas destas crianças ficaram sem os pais e agora vivem em orfanatos. Milhares – talvez mesmo milhões - de pessoas perderam as casas, todos os seus haveres e estão agora sem meios de subsistência imediata.

Fundação AIS disponibiliza 100 mil euros

Salvar os vivos e enterrar os mortos foi a prioridade das equipas de salvamento e resgate nos primeiros dias depois 

 

 

 

 

 

da tragédia. A distribuição de água, arroz e biscoitos energéticos, roupa e abrigos tem sido prioritária. Mas é necessário muito mais. Há milhares de pessoas que ficaram sem nada.

A Fundação AIS assegurou já, a nível internacional, uma verba de 100 mil euros de “ajuda de emergência” para as Filipinas. Esta doação visa apoiar os esforços da Igreja local em operações de salvamento e de auxílio às populações mais atingidas pelo tufão.

A verba fica à responsabilidade da Caritas local, cujo secretário-executivo, padre Edwin Gariguez, está a coordenar toda esta operação.
Em declarações à Fundação AIS, o padre Edwin afirma que “as pessoas estão desesperadas e choram a pedir ajuda”. Há um sentimento de impotência face à dimensão da tragédia. “A maioria dos edifícios colapsou”, disse ainda o responsável da Caritas, que agradeceu “a pronta resposta da Fundação AIS”, manifestando assim a sua “generosidade para com o povo e a Igreja filipina nestes dias de dificuldade”.

 

Paulo Aido | Departamento de Informação www.fundacao-ais.pt

 

 

aPOSTOLADO DA ORAÇÃO

Cuidar das crianças, cuidar do futuro

 

 

 

 

 

 

 

Para que as crianças abandonadas ou vítimas de violência encontrem o amor e a proteção de que precisam. [Intenção Geral do Papa para o mês de dezembro]
 

1Síria, 2013. Dezenas de milhares de crianças enfrentam o inverno em campos de refugiados muito precários espalhados pela Jordânia, Iraque, Turquia. Muitas outras dezenas de milhar estão deslocadas das suas terras no interior do próprio país. Em geral, passam fome, não podem frequentar a escola, caem doentes por falta de condições de higiene. Algumas, não é possível saber quantas, são vendidas como forma de assegurar algum rendimento à família. A razão é uma guerra civil brutal, sem fim à vista, à qual, como sempre, as crianças são alheias, mas da qual, como sempre, são as maiores vítimas.

 

2. Internet, 2013. Milhares de pedófilos e outros predadores sexuais foram detetados operando na internet, à caça de crianças e adolescentes. O objetivo é, sempre, a exploração sexual das crianças que, desprevenidas, se deixam envolver em esquemas para os quais não têm defesas, ou são obrigadas por adultos a expor-se na rede como objetos para satisfazer a depravação moral de outros adultos. É uma variante mais sofisticada mas igualmente perversa da prostituição infantil, cada vez mais comum num número cada vez maior de países.

 

3. Dois exemplos, tão distantes e tão próximos, da mesma realidade: o imenso sofrimento das crianças, em tantas partes do mundo, provocado pelo egoísmo e pela maldade de tantos adultos. Não se trata, é certo, de nenhuma novidade: mudam os lugares, os tempos e as formas de exploração, mas as crianças nunca deixam de ser as principais vítimas dos desmandos dos adultos. 

 

 

 

No entanto, mesmo sabendo isso, pensar nestas situações deixa sempre um sentimento de perda irreparável. Perda pelo sofrimento sem sentido infligido a estas crianças; pelos danos físicos e psíquicos que as vão marcar durante toda a vida; porque, em muitos casos, ao crescer elas vão reproduzir os modelos de violência que lhes foram impostos...

 

4. O mundo é mesmo assim e não há nada a fazer, dirão alguns. Que o mundo está assim não se pode negar; que não haja nada a fazer é outra questão. Pelo menos, para os cristãos, se querem ser fiéis a Cristo e ao seu Evangelho. Deste não faz parte a desesperança indiferente ou o encolher de ombros passivo diante do mal, refugiando-se num qualquer “desde que não me atinja...”. Pelo contrário, Jesus é sempre muito ativo no confrontar os vários poderes do mal em ação naqueles que O rodeiam. Os seus discípulos, é certo, têm alguma dificuldade em perceber isto. Mesmo depois da Ressurreição, precisarão da força do Espírito Santo para assumir a mesma atitude de Jesus: não ceder ao desespero, não ficar passivo

 

 diante do mal, antes procurar socorrer os necessitados. Foi assim que nasceu a assistência social – não com este nome, como é evidente – e foi uma revolução no mundo antigo, o qual nunca se ocupara, de modo organizado, dos mais pobres e desprotegidos, nem sequer pensara que isso tivesse algum interesse, quanto mais algum valor.

 

5. Perante o sofrimento e abandono das crianças, a Intenção Geral do Santo Padre chama-nos a um realismo místicorealismo porque não nos convoca à lamentação inconsequente sobre as crianças que sofrem do outro lado do mundo, mas à ação concreta e possível relativamente às crianças sofredoras presentes na nossa aldeia, na nossa rua, na nossa cidade; místico porque, se não podemos chegar fisicamente a todo o lado, podemos colocar diante de Deus, na nossa oração, as crianças sofredoras em qualquer parte do mundo. E Deus, de modos só d’Ele conhecidos, saberá fazer essa oração dar frutos de boas obras, onde quer que se encontre alguém disponível para acolher a força do seu Espírito Santo.

Elias Couto

 

 

LUSOFONIAS

Advento, em nome da Esperança

Tony Neves

 

Os nossos dicionários dão origem a muitas confusões. Por exemplo, quando falam de espera e de esperança. A espera é um ato de paragem, no tempo e no espaço, na expectativa de alguém passar e nos tomar. Quantas vezes, durante a guerra civil de Angola, eu encontrei pessoas, cheias de embrulhos, sentadas nas bordas das estradas á espera que passasse um camião que aceitasse levar para um município do interior. E, muitas foram também as vezes, que, regressando ao fim da tarde, encontrei essas mesmas pessoas, já desesperadas, ainda sentadas no mesmo lugar, porque o camião não passou, ou se passou não levou. Esta espera conduz, muitas vezes, ao desespero. Na maioria das situações, esperar não resolve nada ou até agudiza os dramas que se estão a viver.

Mas a Esperança de que falam as Escrituras joga noutro campeonato. Fala-nos de promessas que vão ser cumpridas. Aponta-nos caminhos de salvação que todos podemos percorrer. Indica-nos projetos de felicidade que não custam muito a concretizar. Basta ter Fé, basta querer, basta comprometer-se.

O Natal vem aí, como já indicam as praças de Lisboa ou as luzes e cores das lojas comerciais. Sim, o advento dos negócios natalícios começa bem antes que o das Igrejas. A Esperança de que Cristo vai nascer no coração da Humanidade é uma certeza que Deus promete e vai cumprir. A bola 

 

 

 

Luso Fonias

 

 

está do nosso lado. Temos que abrir o coração para preparar o lugar ao Deus-Connosco, o Menino que se prepara para incarnar na história.

Os tempos que se vivem são de crise e, por isso, palavras como ‘Esperança’ cheiram a ousadia e a tábua de salvação. Não faz muito sentido querer só salvar o lado material da vida, pois este sem o espiritual fica com valor muito reduzido. É tempo de abrir de par em par as portas a Cristo para que Ele nasça e transforme 

 

os corações. E com Cristo, a história não terá lugar para crises que são sempre fruto do nosso egoísmo e do não reconhecimento dos outros como irmãos.

Se houver Advento a sério, a Esperança cumpre-se no Natal. Não nos podemos limitar a ficar á espera, temos que nos pôr a caminho de Belém. No presépio teremos o Menino para nos dar um abraço e, com ele, reganharmos o sentido da Vida e da Festa.

 


“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

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