04 - Editorial: Octávio Carmo

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14 - Espaço Ecclesia:

Entrevista à reitora da UCP

20 - A semana de...

         José Carlos Patrício

22 - Internacional

26 - JMJ Rio 2013

27  - Por estes dias

28-41 - Dossier:

Diocese de Portalegre-Castelo Branco

34- Entrevista:

         D. Antonino Dias

 

42 - Cinema

44 - Multimédia

46 - Estante

48 - 50 Anos do Vaticano II

48 - Agenda

52 - Liturgia

54 - Ecclesia nos Media

56 - Fundação AIS

58 - Intenção de Oração

60 - Opinião:

José Rbeiro e Castro

62 - Dia da Vida Consagrada

 

Foto da capa:

Sé de Portalegre (LFS/AE)
Foto da contra-capa:

Cartaz do Dia Nacional da UCP 2013
 

AGÊNCIA ECCLESIA | Nº registo 109665
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Diocese de Portalegre-Castelo Branco

 

 

 

 

 

Dia Nacional da UCP: As pessoas em primeiro lugar

Entrevista a Maria da Glória Garcia, reitora da instituição [ver+]

 

 

 

Vaticano: Novas linguagens juvenis

Tema em análise pelo Conselho Pontifício da Cultura
[ver+]

 

 

 

 

Religiosos celebram o seu dia

Abílio Pina Ribeiro comenta desafios da Vida Consagrada em Portugal [ver+]

 

O valor do que não se vê

Octávio Carmo

Agência ECCLESIA

 

O quotidiano cada vez mais mediatizado em que vivemos no Ocidente tem gerado uma tendência quase imparável de quantificação, metrificação da vida e do mundo, criando a necessidade de ver e ser visto, de ser, parecer e aparecer. Cada vez importa menos o conteúdo, face à forma, e a velha máxima ‘o que os olhos não veem, o coração não sente’ parece ganhar um sentido redobrado a cada dia que passa.

Este fundo cultural/comunicacional coloca uma questão séria à Igreja Católica, dado o mandato explícito de Jesus Cristo para que o bem feito aos outros fique no segredo do coração de cada um, sem publicidade nem procura de reconhecimento público. Perante uma sociedade incapaz de valorizar o que não se vê, as comunidades crentes ficam sujeitas à exposição mediática das suas falhas, que serão sempre muitas, mas também de fenómenos menores, pseudoescândalos, difamação, mentira – e o aproveitamento mediático dos seus “segredos” e “lados ocultos”.

Centenas de milhares de portugueses que sofrem na pele as consequências da crise que se abateu sobre a sua economia agradecem este compromisso desprendido de quem não procura ganhos políticos ou se abeira de ‘histórias de vida’


 

apenas para vencer guerras de audiências. A Igreja, pelo seu notável trabalho junto daqueles que mais sofrem, conhece-os melhor do que aqueles que têm da pobreza apenas a imagem que lhes chega pela televisão ou nas fotos dos jornais. Conhece-os também pelo que não se vê e acompanha todas as pessoas, mesmo aquelas que parecem (e se sentem muitas vezes) invisíveis.

A verdade é que a ilusão de autossuficiência da nova humanidade digital, com explicações para tudo,  esbarra nos limites de cada pessoa: a doença, a morte. Tragédias como a do IC8, na Sertã,

 

são sempre um doloroso alerta - situações como estas, aliás, são noticiáveis apenas até certo ponto, porque o drama individual, a perda de um filho ou o milagre da sobrevivência, mesmo que queiramos, não se quantificam nem se explicam.
De certa forma, perante toda a informação que nos chega, só a noção de que estamos unidos nesta busca de respostas, na fragilidade do quotidiano, permite estar efetivamente junto das pessoas. Sem palavras, muitas vezes, recordando que, no fim de contas, o mais importante é sempre O que não se vê.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

  Despiste no IC8, Concelho da Sertã © Lusa   

 

 

 

 

A vida e a morte são dois momentos correlativos. Encontrar-nos-emos um dia, todos

D. Antonino Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco, após visitar feridos e familiares das vítimas do despiste no IC8, 28.01.2013

 

 

 

Somos todos chamados a lutar por esta construção de uma humanidade justa. Isso tem de ser feito com esperança, fortalecidos pela coragem e atraídos pela plenitude prometida, mas só com Deus, no seu Filho Jesus Cristo, ganharemos esta batalha

D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, na missa de abertura do Ano Judicial, 30.01.2013

 

 

 

 


[A Educação Moral e Religiosa é] um serviço da Igreja ao Estado e à sociedade que deve zelar pela formação religiosa dos seus cidadãos

João Duque, presidente do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa, no Fórum de EMRC em Fátima, 25-27.01.2013

 

 

Tenho vindo a defender
a tese que cada órgão de
comunicação social deve
refrescar os seus estatutos
editoriais e deve fazer do
estatuto editorial a sua
declaração de princípio
e o seu compromisso com
o público

Carlos Magno, presidente
da Entidade Reguladora para
a Comunicação Social (ERC),
na Comissão para a Ética,
a Cidadania e Comunicação,

29.01.2013

 

 

 

 

Desacomodar e criar sentido de pertença

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A gestão crente de um espaço tem de ser “criativa”, “desacomodada” e de as portas abertas para “acolher, envolver e espicaçar as consciências”, considera o padre Tolentino Mendonça, responsável pela Capela do Rato, em Lisboa. “As igrejas são autênticos tesouros mas às vezes parecem arrecadações porque estão cheias de símbolos com as quais a comunidade hoje não tem a capacidade de dialogar”, afirmou o também diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) em entrevista à ECCLESIA.

Para o sacerdote os espaços eclesiais são “lugares de fronteira”, pois convocam o mundo a aproximar-se de Deus.

A programação da Capela do Rato procura fazer uma ponte entre ritos litúrgicos e propostas culturais através de representações artísticas “temporárias ou mais longas”, conversas entre crentes e não crentes “para debater questões comuns da nossa humanidade”, leituras bíblicas, transmissão de cinema de cariz espiritual, num conjunto de iniciativas que “dão vida às paredes” do espaço.

O diretor do SNPC aponta uma “linguagem em circuito fechado” dentro da Igreja, que se diz “pastoral” mas que, indica o responsável “nem o nosso rebanho às vezes a entende”.

No trabalho de “fronteira” que compreende o diálogo entre crentes e não crentes há ainda “preconceitos de parte a parte” que sustentam uma “crise de pertença” à Igreja.

 

 

 

 

“Hoje a crise maior não é a crise do ser (cristão, ndr), mas sim a do pertencer: ou porque há experiências negativas na vida de cada um ou porque se tem uma imagem construída das comunidades de pertença que são paróquias cristãs onde as pessoas não se sentem acolhidas”, precisa.

Para o responsável, a Igreja tem de abrir-se a outros “percursos” e trabalhar de “forma mais evangélica” se quiser construir comunidades de “autêntica pertença”.

O diretor do SNPC acompanha uma “mudança” em curso no “interior da Igreja” que corresponde a uma “sensibilidade diferente para a

 

problemática cultural”, mostrando que “para o anúncio de Jesus Cristo ter relevância no coração dos homens e mulheres contemporâneos” as propostas têm de ser feitas “através da cultura, do pensamento, das artes, da música, de dialogar com as questões mais íntimas que o nosso tempo transporta”.

O padre e poeta afirma que a cultura é chamada a dar o seu contributo nesta altura de “desânimo” mas de grandes possibilidades “criativas” abrindo espaço para um debate sobre a “humanização” e a “descoberta de um sentido”.

 

 


A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

   

 


 

Igreja acompanhou vítimas
de despiste de autocarro

O bispo de Portalegre-Castelo Branco encontrou-se na segunda-feira com famílias das 11 vítimas mortais do acidente de autocarro que ocorreu no domingo, próximo da Sertã, bem como com alguns dos feridos.

“Estive no Hospital de Castelo Branco para visitar os feridos internados, incluindo o motorista, e também estive com familiares dos falecidos”, revelou D. Antonino Dias à Agência ECCLESIA.

“Aos familiares manifestei-lhes a minha comunhão na dor, no sofrimento e na fé. Os feridos estavam razoavelmente bem”, relatou.

“A Igreja tem estado sempre presente, inclusivamente na pessoa dos dois párocos da cidade, responsáveis pelas paróquias da Sé e de S. Lourenço”, sublinhou.

 

O prelado presidiu na terça-feira, na sé portalegrense, à missa de corpo presente da maior parte das vítimas do acidente, num ambiente que segundo o capelão do hospital local foi de “consternação mas também de grande serenidade”.

“Independentemente dos sentimentos que passavam pelos seus corações, as pessoas conseguiram manter uma certa estabilidade emocional” apesar “da dimensão da tragédia”, referiu o padre José Lourenço.

O autocarro, de matrícula espanhola, transportava um grupo com mais de 40 pessoas que se dirigia de Portalegre a São Paio de Oleiros, Santa Maria da Feira, para visitar o denominado “maior presépio do mundo em movimento”, tendo-se despistado e caído numa ravina.

 

 

 

 

© Diocese de Aveiro

 

 

 

© Lusa

 

 

 

© Educris

 

 

 

O bispo de Aveiro desafiou os católicos a serem “presença de Deus” junto dos mais necessitados, no seguimento de recente acidentes e catástrofes naturais que “desfizeram bens” e “ceifaram” vidas em Portugal e outras partes do mundo. D. António Francisco dos Santos lembrou as “intempéries” do último dia 19, colocando várias famílias “a braços com despesas inesperadas”.

 

O cardeal-patriarca de Lisboa apelou quarta-feira à construção de uma “humanidade justa”, durante a homilia da missa a que presidiu na Sé da capital portuguesa, por ocasião da abertura do Ano Judicial. “A justiça, esta busca da dignidade do homem, tem de inspirar e estar na base de todas as estruturas da comunidade", referiu D. José Policarpo.

 

O teólogo João Duque defendeu que a disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) tem de ser definitivamente legitimada. Numa conferência incluída no Fórum de EMRC, que decorreu entre sexta e domingo em Fátima, o presidente do Centro Regional de Braga da UCP salientou que chegou a “altura de discutir com o Estado e a sociedade o papel da dimensão religiosa”.

 

A Pastoral Penitenciária Igreja Católica qualificou de “muito boa opção” a aplicação de “medidas alternativas” à pena de prisão, como a “prestação de trabalho a favor da comunidade” e a “vigilância eletrónica”. 

 

 

© DR

 

 

 


© Diocese de Évora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

A Hemeroteca Municipal de Lisboa apresenta até 16 de março uma mostra bibliográfica dedicada aos 50 anos da fundação da revista ‘O Tempo e Modo’, resultante de um projeto assumido por cinco católicos “inquietos, inconformados, dispostos a intervir, a transformar, a contestar”: António Alçada Batista, João Bénard da Costa, Pedro Tamen, Nuno de Bragança, Alberto Vaz da Silva e Mário Murteira.

 

O arcebispo de Évora pediu que as comunidades católicas estejam atentas às pessoas que são afetadas pela “profunda crise económica e social” em Portugal. “Quero exprimir a minha solicitude pastoral por todos aqueles que estão a ser afetados pela profunda crise económica e social em que está mergulhado o nosso país. Todos estão quotidianamente presentes na minha oração”, refere D. José Alves, na mensagem em que anuncia a intenção de realizar visita pastoral às paróquias da Vigararia de Arraiolos em 2013.

 

A Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos (CNAL), que reúne 42 organismos da Igreja Católica, deu início público às suas atividades e inaugurou a sua página na internet.

 

 

A formação laical, a criação de equipas de ação social e a redução de arciprestados são algumas das orientações que marcam o primeiro ano de D. António Couto à frente da Diocese de Lamego, assinalado esta terça-feira.

 

 

Uma Universidade
que tem uma marca no nome


 

Maria da Glória Garcia, reitora da Universidade Católica Portuguesa desde outubro de 2012, aborda os desafios que a instituição tem de enfrentar na atual situação do país sem perder a sua identidade

 

 

 

 

 

 


 

 

Maria da Glória Garcia vai viver pela primeira vez o dia da Universidade Católica Portuguesa (UCP) como reitora da instituição. A mensagem que escreveu para a celebração de 3 de fevereiro expressa o seu compromisso com os valores do humanismo cristão e assume como tema central a necessidade de ‘Formar para a confiança’.

 

Agência ECCLESIA (AE) – “Formar para a confiança” é o tema do Dia da UCP. Porque razão o escolheu?

Maria da Glória Garcia (MGG) – Porque a confiança é fundamental nos tempos que correm. Começa na família, percorre todas as relações humanas e, dentro da sociedade, marca as relações entre o Estado e as pessoas. A um nível global, remete-nos para as relações entre os diferentes Estados e instituições.

 

AE – No discurso de tomada de posse falou da cultura de desânimo instaurada. Percebeu que a Universidade poderia deixar-se afetar por essa cultura?

 

MGG – A UCP tem uma cultura de esperança e confiança. E tem de ser motor de confiança na sociedade para tornar os laços da sociedade mais fortes enquanto motor de mudança.

Se a UCP acentuar a sua dimensão de esperança na confiança que coloca em cada pessoa, nos alunos que nos procuram e que nós formamos para que confiem em si próprios e sejam capazes de ser motores de mudança na sociedade. Esse é que é o nosso objetivo.

Na cultura católica não há desânimo. Há confiança porque há lugar para a esperança.

 

AE – Nesse mesmo discurso referiu que a UCP “não tem tido a vida facilitada” na inserção no sistema do ensino superior em Portugal. Porquê?

MGG – No momento em que os nossos alunos têm de pagar propinas reais, quando se confrontam como outras universidades, a sua vida não está facilitada, porque não há verdadeira liberdade.

 

 

AE – A Universidade será chamada também a adiantar soluções técnicas para o que provoca o desânimo, a crise económico-financeira que se vive?

MGG – A Universidade tem de formar os seus alunos. O que significa dar-lhes instrumentos, argumentos, força interior para afrontarem obstáculos que a vida coloca.

Entendo que um dos grandes objetivos da Universidade não é tanto resolver os problemas, mas apresentar as alternativas para que possam ser resolvidos de acordo com essas alternativas.

 

AE – Esse é, no entanto, o contexto em que a UCP enfrenta possíveis denúncias, por exemplo, no ensino da Economia. Que realidades têm considerações que defendem que muitos dos males do presente estão nos sistemas económico-financeiros? Prendem-se nas universidades, também na Católica?

MGG – A UCP tem-se vindo a internacionalizar. A economia é uma ciência global, não nacional. E aí temos de ter ambição para competir com o que de melhor se faz a nível europeu e a nível global.

 

AE – Sem olhar a meios?

MGG – Ora aí é que está! Nós temos valores a defender. A cultura católica é uma cultura de valores: as pessoas estão em primeiro lugar. É isso que nós procuramos incutir nessa ciência global que é a economia: os valores humanos.

Acredito que a nossa ambição de competição com as universidades estrangeiras não nos deve fazer perder essa característica que é nossa, que é cultural. Porque as pessoas estão em primeiro lugar.

 

AE – São valores que incluem, por exemplo, o bem-comum, o desenvolvimento integral da pessoa, mesmo quando possam colidir com algumas fórmulas dos sistemas económico-financeiros?

MGG – Não há nenhum sistema económico-financeiro que nós possamos defender sem que com ele se defenda também a dignidade da pessoa humana!

Estou a ler um livro de Ronald Dworkin, com o sugestivo título de “Justiça para ouriços”, que retoma uma frase dos clássicos onde se afirma “a raposa sabe muito, mas os ouriços sabem o mais importante”. Ou seja,

 

 

defendem a vida pela forma como estão dispostos os seus picos à volta do seu corpo.

Espero que dentro da Universidade desperte a cultura do dom e da gratuidade.

 

AE – Vai promover alterações nos cursos que a Universidade Católica oferece?

MGG – Temos de aumentar a nossa qualidade, a nossa excelência e racionalizar o mais possível os nossos cursos. Temos de ter em conta os problemas ao nível do contexto económico-financeiro que o país atravessa, mas também problemas relativos aos nossos potenciais

 

destinatários, os problemas demográficos. Por isso, é tempo para racionalizar.

 

AE – A sustentabilidade económico-financeira está garantida na UCP?

MGG – Nós temos problemas como todas as instituições têm neste País. Seria estultícia da minha parte dizer que não há problemas. O que não coloca em causa a nossa sustentabilidade. Temos de racionalizar e estar muito atentos aos nossos gastos. Por outro lado, estamos no momento da cultura do dom e da gratuidade. E é nessa cultura que procuramos a racionalização e a sustentabilidade da nossa casa.

 

 

Transversalidade
da Teologia

 

AE – Que relevo tem o curso de Teologia em toda a Universidade?

MGG – Uma UCP tem de começar por aí. É por isso, aliás, que no primeiro domingo de fevereiro, em cada ano, no dia da Universidade, se repensa e reassumem os valores e o projeto da Católica. Nesse dia, o ofertório das missas é integralmente destinado ao apoio da Faculdade de Teologia.

 

AE – Os estudos teológicos deveriam estar mais presentes noutros cursos?

MGG – Estamos a fazer um estudo de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade não só a propósito da Teologia, mas também de outros cursos. Ou seja, os cursos devem falar mais entre si do que têm falado até agora. Na UCP, é claro que a Teologia corresponde a uma área cuja transversalidade deveria ser maior do que a que existe.

 

AE – A identidade católica desta casa foi afirmada com acento no discurso

 

de tomada de posse, reclamando um “regresso às origens”. O que entretanto foi sendo esquecido?

MGG – A questão não é tanto do esquecimento. Acentuei o facto de voltarmos às origens, mas “para

fazermos o que ainda não foi feito”! Temos de olhar para o sonho, para o momento inicial em que era preciso fazer tudo, continuando que ainda não foi feito…

 

AE – Fazendo da Universidade um projeto de Igreja?

MGG – Sim! Já na altura havia duas alternativas: uma universidade católica ou os católicos dentro da universidade.

A alternativa formulou-se assim, no início. E para concluir que as duas eram necessárias: existir uma universidade católica e católicos dentro das universidades.

Havendo uma universidade católica, esse projeto deveria perpassar a cultura católica. E é o que nós procuramos fazer no nosso dia a dia, repensando o nosso estar na sociedade portuguesa.

 

 

 

 

AE – E esse será o contexto em que possam existir tensões, entre a afirmação de um critério de excelência nos cursos que proporciona e a identidade católica, por exemplo na admissão de docentes, na definição de estratégias, etc. Essa tensão acontece?

MGG – Quando temos ambição e procuramos os melhores, estamos a procurar também os que melhor servem a cultura católica. É dentro deste quadro que procuramos os nossos docentes: a Universidade tem uma marca no nome. E agrada-me referenciar que em dezembro foi feito um inquérito da “marca que marca” em Portugal. Na área dos estabelecimentos de ensino superior, a marca de notoriedade espontânea que obteve o primeiro lugar foi a UCP.

A Católica, aquilo que é a cultura da universidade, é que marca a “marca que marca”…

 

AE – Foi pela defesa dessa marca que a UCP suspendeu recentemente uma pós-graduação na área da saúde mental?

MGG – Essa suspensão está relacionada com um processo
 


que correu mal, desde o início, e que não tínhamos conhecimento dele nem o acompanhámos. Quando nos demos conta do que estava a acontecer e verificamos que havia procedimentos que não estavam a ser cumpridos.

 

AE – Porque é que os católicos de Portugal se devem interessar por esta casa de ensino?

MGG – Porque ela deve ser uma luz que ilumina a cultura portuguesa. E se os católicos acreditam na luz da sua própria cultura, devem acreditar na Universidade Católica Portuguesa.

 

 

Investir no futuro da família
e das novas gerações

José Carlos Patrício

Agência ECCLESIA

 

Portugal regressou nos últimos dias ao mercado externo, com uma operação bem-sucedida de venda de títulos de dívida pública a investidores estrangeiros que, segundo o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, permite ter esperança numa “viragem no ciclo de retração económica que um ajustamento profundo e doloroso invariavelmente acarreta”.

A iniciativa, que serviu para começar a recuperar a credibilidade portuguesa aos olhos da economia externa ao fim de 21 meses de resgate financeiro, ajudou também o país a cumprir o objetivo do défice acordado com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional para 2012.

No entanto, de acordo com Almeida Henriques, secretário de Estado Adjunto da Economia e Desenvolvimento Regional, este sucesso “não significa que Portugal chegou à meta”.

O Ministério das Finanças já admitiu a aplicação de mais austeridade em 2013 e 2014, se as receitas resultantes do aumento de impostos e das mexidas nos subsídios, nos salários e nas prestações sociais não renderem o esperado.

 

Entretanto, fruto da crise e do apertar do cinto imposto pelo Estado, são cada vez mais as famílias que caem em situação complicada


 

 

 

porque não têm meios para corresponder ao esforço pedido pelo Governo, porque os salários não esticam mais, porque caíram no desemprego e na pobreza. Sepultado neste mar de dúvidas e incertezas, está a ficar o futuro de muitas crianças, que por causa da tirania dos números e das imposições da troika, veem a harmonia familiar escapar entre os dedos, o pai que parte em busca de um futuro melhor, a mãe que ficou mas que já não aguenta lidar sozinha com a situação, os avós que não têm hipóteses de ajudar.

 

Esta semana, o Instituto de Apoio à Criança revelou que em 2012 o seu departamento jurídico recebeu um número recorde de pedidos de ajuda, cerca de 600 novos casos, relacionados com situações de pobreza, de desagregação familiar, de violência doméstica e de maus tratos. Manuel Matias, presidente de uma instituição que se dedica a apoiar casos de crianças e jovens em risco, lamentou que muitas crianças tenham atualmente o seu futuro em risco devido a “problemas de adultos que poderiam ser resolvidos” com um acompanhamento mais eficaz.

 

Sobre esta questão, o Nobel da Paz Nelson Mandela, antigo presidente da África do Sul e herói da luta contra a segregação e o racismo naquela região, defendeu que “a segurança e a proteção” dos cidadãos “não surgem do nada, mas resultam de um consenso coletivo e de um investimento público”.

“Nós devemos às nossas crianças, aos membros mais vulneráveis na nossa sociedade, uma vida livre do medo e da violência”, salientou aquele responsável em 2002, na introdução do Relatório Mundial sobre Violência e Saúde, da Organização Mundial de Saúde.

 

O Governo de Portugal rejubilou com a reentrada do país nos mercados: para quando é que está previsto o regresso à aposta na criação de condições para a estabilidade das famílias e das novas gerações?

“As visões que nós proporcionamos às nossas crianças moldam o futuro”, afirmou o cientista e escritor norte-americano Carl Sagan, na sua obra “O ponto azul-claro – uma visão do futuro do Homem no espaço”, em 1994.

 

 

Nativos Digitais são desafio
para a Igreja Católica

 

 

 

 

 

 

A diferença dos jovens não é apenas negativa, mas contém sementes surpreendentes de fecundidade e autenticidade

Cardeal Gianfranco Ravasi

 

O Conselho Pontifício da Cultura (CPC), da Santa Sé, apresentou hoje a sua assembleia plenária anual, destacando a importância de compreender os jovens como “nativos digitais” na sua comunicação.

“A sua [dos jovens] língua é diferente da minha, e não é só porque usam um décimo do meu vocabulário: os nossos jovens são nativos digitais e a sua comunicação adotou a simplificação do Twitter, a imagem dos sinais gráficos dos telemóveis”, disse o presidente do CPC, cardeal Gianfranco Ravasi, em conferência de imprensa.

A reunião anual do organismo da Cúria Romana vai decorrer de 6 a 9 de fevereiro e tem como tema ‘Culturas juvenis emergentes’.

O cardeal Ravasi falou num “salto geracional” e destacou que esta mudança se registou “sobretudo a nível da comunicação”.

“A lógica informática binária do ‘save’ (guardar) ou ‘delete’ (apagar) regula também a moral, que é apressada: a emoção imediata domina a vontade, a impressão determina a regra, o individualismo pragmático é condicionado apenas por eventuais modas de massa”, prosseguiu.

O colaborador do Papa aludiu à imagem dos jovens que caminham com os seus auscultadores, como se estivessem “‘desligados’ da insuportável complexidade social, política, religiosa” criada pelos adultos.

 

 

 

 

O bispo português D. Carlos Azevedo, delegado do CPC, apresentou o programa do evento aos jornalistas, frisando a importância de atender a fenómenos como o desemprego, a cultura digital e o “alfabeto emotivo” das novas gerações.

Estas questões, defendeu, “exigem um discernimento por parte da Igreja e uma profunda mudança de linguagem”.

“As culturas juvenis emergentes mostram a vulnerabilidade, a insegurança, a fragilidade de fórmulas repetitivas”, alertou o prelado.

À Igreja, acrescentou D. Carlos Azevedo, compete “abrir uma brecha no pessimismo, no medo do futuro, mesmo que as condições económicas

 

e o desemprego tendam a piorar nos próximos anos”.

Os trabalhos da assembleia plenária do CPC vão abordar questões como ‘Do universo ao «multiverso», análise das culturas juvenis’, ‘Nativos digitais: linguagem e rituais’ ou a ‘Fé na juventude’.

O acesso à reunião anual é limitado aos membros do CPC e seus consultores, entre os quais se conta o padre Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura da Igreja Católica em Portugal.

Os participantes vão ser recebidos em audiência por Bento XVI no dia 7 de fevereiro.

 

 D. Gianfranco Ravasi e jovens membros
de uma banda de rock
© Cultura.va

 

Novidades na Cúria Romana

Bento XVI passou a competência sobre os seminários, na estrutura da Cúria Romana, à Congregação para o Clero, mudança definida no documento ‘Ministrorum institutio’. A medida tinha sido anunciada pelo Papa no último Sínodo dos Bispos (outubro de 2012, Vaticano) e é agora confirmada para centrar no referido órgão do governo central da Igreja Católica tudo o que está relacionado “com a formação, a vida e o ministério” dos padres e diáconos, desde a seleção dos candidatos a estes ministérios.

“É de particular importância perceber e respeitar a ligação intrínseca que existe entre a formação que precede a ordenação e a que se lhe segue”, escreve o Papa. Os seminários deixam assim de estar sob a jurisdição da Congregação para a Educação Católica. Outra mudança confirmada refere-se ao setor da Catequese, que deixa de ser competência da Congregação para o Clero e passa agora para o Conselho Pontifício para a Nova Evangelização. 

 

 

A decisão do Papa é explicada no documento “Fides per doctrinam”, assinado por Bento XVI, no qual se refere a necessidade de uma “doutrina capaz de iluminar as mentes e os corações dos crentes”.

“O momento histórico particular em que vivemos, marcado entre outras coisas por uma dramática crise de fé, requer uma tomada de consciência para responder às grandes expectativas que surgem nos corações dos crentes”, observa.

O presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização,  D. Rino Fisichella, defendeu a importância de promover uma “nova relação” entre catequese e anúncio da fé cristã, comentando as mudanças determinadas pelo Papa para este setor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Bento XVI enviou uma mensagem de condolências ao arcebispo da arquidiocese brasileira de Santa Maria, cidade onde este domingo morreram pelo menos 230 pessoas devido ao incêndio numa discoteca, mostrando-se “consternado” pelo acidente.

 

O Vaticano anunciou que Bento XVI confiou ao cardeal Bechara Boutros Raï, patriarca maronita do Líbano, a redação das meditações da Via-Sacra de sexta-feira santa deste ano, a 29 de março, no Coliseu de Roma.

 

O jornal do Vaticano respondeu com duras críticas à reportagem do periódico britânico ‘The Guardian’ que acusava a Santa Sé de ter criado um império imobiliário com dinheiro oferecido pelo ditador italiano Benito Mussolini. O ‘Osservatore Romano’ apresenta uma investigação com documentos do Arquivo Nacional britânico, os quais confirmam que através de "investimentos legítimos em tempos de guerra realizados especialmente nos EUA, a Santa Sé ajudou os Aliados contra o nazismo".

 

Bento XVI assinalou este domingo no Vaticano o ‘Dia da Memória’ das vítimas do Holocausto nazi da II Guerra Mundial (1939-1945), pedindo que se superem quaisquer manifestações de racismo. “A memória desta terrível tragédia, que atingiu tão duramente sobretudo o povo judaico, deve representar para todos um alerta constante”, disse.

 

Obras-primas do Vaticano no Rio

 

 
A exposição, que fica patente de 11 de junho a 15 de setembro, obedece ao lema do encontro – ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’ - e divide-se em quatro secções
 

O Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro vai inaugurar em junho uma exposição de obras-primas do Vaticano, no âmbito da próxima Jornada Mundial da Juventude que decorre na ‘Cidade Maravilhosa’.

A mostra de arte religiosa, intitulada ‘Nas Pegadas do Senhor’, é, segundo especialistas, a mais importante já realizada na América Latina, refere o site das Jornadas, evento que decorre de 23 a 28 de julho com a presença, esperada, do Papa Bento XVI.

Os organizadores acreditam que os visitantes vão encontrar uma “catequese” feita por pintores e escultores que vivenciaram a história da arte religiosa.

DNPJ

 


 

 

 

O Vaticano vai publicar esta sexta-feira a mensagem de Bento XVI para a Quaresma 2013, sobre o tema ‘Crer na caridade suscita caridade’. A Quaresma, que começa este ano a 13 de fevereiro, com a celebração das cinzas, é um período de preparação para a Páscoa.

 

No dia 2 de fevereiro, sábado, a Igreja celebra o Dia do Consagrado, convidando todos os católicos a unirem-se em oração pelas vocações religiosas.

 

  ‘Formar para a Confiança’ é o lema escolhido para o Dia Nacional da Universidade Católica Portuguesa que se comemora no domingo, dia 3 de fevereiro. A sessão solene relativa ao Dia Nacional da UCP decorre amanhã, dia 1 de fevereiro, às 18h00, nas instalações da Foz do Centro Regional do Porto, sob a presidência do magno chanceler, D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa.

 

A 4 de fevereiro, segunda-feira,  assinala-se o Dia Mundial de Luta Contra o Cancro. Um dia que pretende alertar para a importância da prevenção e tratamento do cancro, doença que se estima ser uma das principais causas de morte no Mundo.

 

Começa no dia 6 de fevereiro, quarta-feira, a assembleia plenária anual do Conselho Pontifício da Cultura dedicada este ano ao tema ‘Culturas juvenis emergentes’. A página oficial do CPC adianta que a reunião vai analisar os “temas juvenis” nos vários continentes, numa análise a “esta realidade em evolução e mudança”.

 

 

Uma diocese de fronteira(s)

 

 

 

 

 

 

 

Na sua toada sobre a cidade do alto Alentejo, o poeta José Régio caracterizou Portalegre de forma simbólica mas certeira: “Em Portalegre, cidade / Do Alto Alentejo, cercada/ De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros, / Morei numa casa velha / Velha, grande, tosca e bela, / À qual quis como se fora / Feita para eu morar nela…

Hoje, a paisagem daquela cidade próxima da fronteira com Espanha não alterou muito a sua geografia cénica, todavia perdeu os rostos que a identificavam. A sua realidade social está diferente.

Para o presidente da Cáritas da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, a região “está desertificada” visto que os jovens procuraram outras paragens para trabalhar. “A taxa de envelhecimento da região é muito elevada”, disse à Agência ECCLESIA Elicídio Bilé.

O desemprego é uma chaga social: “Quase todas as actividades económicas foram afectadas”.

Mais a norte na diocese, na cidade de Castelo Branco, a Cáritas interparoquial acode a muitas situações onde reina a pobreza. Com o encerramento, recente, de “duas grandes empresas, muitas pessoas foram para o desemprego”, confessou Fátima Santos, presidente da direcção daquele organismo.

Segundo a dirigente, o grande problema daquela população beirã é “as contas para pagar” e “as pessoas não conseguirem”. O número de pedidos de ajuda “aumentou” consideravelmente.

 

 

A constituição de grupos organizados de apoio social é uma aposta da Cáritas da Diocese de Portalegre–Castelo Branco. Mesmo sendo constituído por idosos, Elicídio Bilé realça que a visita das pessoas é essencial. “O problema da solidão é terrível”, alertou. As pessoas que vivem na solidão “precisam de alguém que as apoie”, mesmo que sejam “outros idosos”, apelou.

Na sede da cáritas portalegrense, as pessoas solicitam ajuda pelas mais diversas razões: “rendimentos baixos, desemprego, desestruturação das famílias”. Segundo Elicídio Bilé, a crise que se vive, trouxe ao de cima “valores que estavam perdidos e que se manifestam das mais variadas formas”. Esta instituição consegue “dar muitos apoios, graça à partilha fraterna que as pessoas vão fazendo”.

 

Em ritmo sinodal
Apesar das contingências sociais, a Diocese de Portalegre–Castelo Branco não desanima e vive uma caminhada sinodal. “A nova compreensão da Igreja exige que o sínodo empenhe todos os cristãos (padres, religiosos/as e leigos)”, afirmou à Agência ECCLESIA o cónego Bonifácio Bernardo, presidente da
 

Cónego Bonifácio Bernardo © LFS/AE

 

Comissão Coordenadora do Sínodo que tem como lema «Igreja diocesana o que dizes de ti mesma?».

Os leigos “têm consciência que a Igreja deve ter outro rosto”, realçou. Se até ao II Concílio do Vaticano a Igreja “tinha um rosto marcadamente clerical”, este acontecimento, realizado na década de 60 do século anterior, alterou o panorama e os leigos “foram crescendo na consciência que também são membros da Igreja”.

“Já decorreu o primeiro ano de grupos paroquiais, um trabalho fundamental, porque é aí que a Igreja vai adquirindo um rosto diferente”, sublinhou.
 


 

Rosto jovem sacerdotal em Castelo Branco

Na paróquia da Sé, também conhecida como Igreja de São Miguel Arcanjo, em Castelo Branco, dois padres jovens (têm 33 anos) animam a comunidade. O padre Nuno Folgado e o padre Nuno Silva com a sua juventude dão uma alma nova à pastoral juvenil. É notória a sua proximidade aos jovens. 

Para além da pastoral da “manutenção”, o padre Nuno Folgado realça que é fundamental “uma postura missionária, junto daqueles que estão afastados e também dos jovens”.

A estratégia do “ser genuíno” é a base para uma pastoral que dê frutos, adianta o pároco da Sé.

O diálogo com todos, “aqueles que pensam como nós e com aqueles que pensam de maneira diferente” é um dos objectivos.

Para o padre Nuno Folgado “é impossível visitar Castelo Branco sem visitar a Sé” porque “este monumento é o ex-líbris da cidade”. E acrescenta: “este local é um ponto de encontro”.

 

Padre Nuno Folgado © LFS/AE

 

Cativar os jovens “não é difícil” e até considera que “é muito fácil”, no entanto o padre Nuno Silva reconhece que, às vezes não estão preparados para “dar respostas aos desafios que eles propõem”. As novas tecnologias não são esquecidas e “até são fundamentais” para dialogar com a juventude contemporânea. O padre Nuno Silva sublinha que “as redes sociais” são essenciais para o encontro.

 

 

 

A Sé de Portalegre vai ter um rosto novo?

Com um “valor inestimável” que “está em perigo”, a Sé de Portalegre precisa de um novo rosto, apela o cónego Bonifácio Bernardo. As entidades responsáveis, “a começar pela

        própria diocese,
          têm consciência disso”, 

            confessa.

          

  Com altares “únicos” que “muita gente desconhece” e “um conjunto de retábulos maneiristas, como não háem parte nenhuma”, o membro do cabido portalegrense disse que as “infiltrações de água (a partir das coberturas, mas também lateralmente) colocam em perigo” este património.

O exterior desta Igreja, sede da diocese, “não dignifica a Sé, como também não dignifica a cidade”, denuncia o cónego Bonifácio Bernardo. Com muitos visitantes, a Sé de Portalegre “merecia outra dignidade” porque “é um edifício imponente”.

 

Sínodo diocesano:
Acontecimento marcante e feliz

Cónego Bonifácio Bernardo

Secretário diocesano da Pastoral

 

A Diocese de Portalegre-Castelo Branco está em Sínodo desde janeiro de 2009, sob o lema inspirado em 2 Tim. 1,6: O Dom está em ti.

Foi há quatro anos que se iniciaram as primeiras ações de informação e mobilização junto dos padres, gradualmente alargadas aos outros cristãos integrados na vida das paróquias (movimentos eclesiais, associações e obras da Igreja) e também aos que vivem mais ou menos afastados da vida da fé.

O processo avança progressivamente. Umas ações desencadeiam outras, conforme as fases estreitamente ligadas e complementares: informação e mobilização gerais, reflexão por grupos e celebração em sessões. É este o dinamismo próprio da caminhada sinodal. Em novembro (dia 17) e dezembro (dias 1 e 29) de 2012 realizámos as três sessões da primeira assembleia sinodal, sobre o tema: Evangelização e Igreja no mundo, tendo em conta a reflexão e propostas dos grupos paroquiais sinodais.

Na terceira sessão foram votadas 156 propostas e recomendações relativas a cinco áreas, elaboradas no “Instrumento de Trabalho” distribuído aos membros sinodais: Igreja diocesana, que dizes de ti mesma?; o mesmo Jesus Cristo e nova evangelização; estruturas de participação; formação cristã: adultos, jovens, adolescentes e crianças; a celebração da fé.

 

 

 

Quem aceita envolver-se na caminhada sinodal experimenta a alegria da participação, a grandeza da missão que a todos desafia e, muito especialmente, a força da comunhão que une. A comunhão entre todos, revestindo várias formas e expressões, é uma nota distintiva fundamental que o Sínodo favorece e promove. Por isso o Sínodo é um desafio que reclama ousadia e compromisso da parte de todos os intervenientes.

O Sínodo é importante pela natureza do processo (corresponsabilidade partilhada), pelos milhares de cristãos envolvidos nos grupos paroquiais sinodais e pelos membros sinodais representativos (89) que participam nas sessões da Assembleia Sinodal. Com o seu bispo, padres, leigos (a maioria), diáconos e religiosas participam nas ações próprias de cada fase e nas várias comissões.
O Sínodo é marcante pelos objetivos que se propõe: a renovação pessoal e

 

da Igreja diocesana, o incremento da ação apostólica e missionária dos seus membros, a corresponsabilidade

partilhada com alegria, a redescoberta da fé e da vida em Cristo celebradas comunitariamente.

O Sínodo é ainda relevante pela análise das dificuldades que a Igreja diocesana enfrenta no presente e futuro imediatos, pelas propostas e recomendações que aprova em assembleia, pelos caminhos novos que abre e pelo empenhamento que desperta.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

FOTOS © AE/LFS

 

Pelo interior
da Igreja

 

D. Antonino Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco, fala à Agência ECCLESIA de uma diocese em sínodo perante o desafio da desertificação, que tem a particularidade de englobar territórios do Alentejo, Beira Baixa e Ribatejo

 

 

 

 

 

 

 

 

O Semanário ECCLESIA prossegue o seu ciclo de análise à vida das comunidades católicas em Portugal com um especial dedicado à Diocese de Portalegre-Castelo Branco, uma região com cerca de 220 mil habitantes, na sua maior parte católicos.
Em entrevista, D. Antonino Dias, bispo diocesano desde 2008, destaca a unidade deste território eclesial e a importância do sínodo, cujas sessões inaugurais decorreram no final de 2012.

 

Agência ECCLESIA (AE) – Está na diocese de Portalegre – Castelo Branco há cerca de 4 anos, já existe uma marca pessoal neste território eclesial?

D. Antonino Dias (AD) – Penso que sim. As pessoas já me conhecem, visto que já fiz a visita pastoral à diocese e já estou na segunda volta das visitas pastorais. Já não passo despercebido nos lugares da diocese. Há uma empatia e familiaridade que se vai criando nesta proximidade das visitas que são muito importantes na dinâmica da pastoral. Atendendo que a sede da diocese [Portalegre] está numa ponta e se não saímos daqui então… Já existe um conhecimento mútuo.

 

AE – O que encontrou nessas suas visitas pastorais feitas aos vários arciprestados?

AD – Encontrei boa gente e com fé. Pessoas abertas à formação e amigas da Igreja. Pessoas disponíveis para o voluntariado e para se comprometerem numa dinâmica de crescimento. É uma cultura que se vai fazendo e as pessoas estão alertadas para isso. Gostaríamos de mais gente, mas tenho encontrado uma abertura e aceitação muito grande. Noto nas pessoas uma fé expressiva.

 

AE – Ouve-se com frequência que a descristianização é notória no Alentejo. Tem encontrado essa caracterização?

AD – Não posso falar no Alentejo apenas. Esta diocese implica parte do Alto Alentejo, parte da Beira Baixa e parte do Ribatejo. É uma diocese que tem territórios de três distritos (Portalegre, Castelo Branco e Santarém). A maneira de ser das pessoas é diferente, mas no fundo existe uma tradição cristã e uma fé enraizada. Nota-se que as pessoas estão abertas ao dom da fé, isso anima os próprios agentes da pastoral e o próprio bispo.

 

 

 

AE – Situada em três regiões distintas, a diocese de Portalegre-Castelo Branco é difícil de caracterizar? Tem mais afinidades com alguma região especial?

AD – (Risos). O alentejano é muito bom e delicado. Nunca encontrei uma razão de queixa da gente alentejana, antes pelo contrário. Gosto imenso de estar no meio deles, mas também gosto de estar no meio dos beirões. São pessoas com uma fé, talvez, mais formada porque tiveram mais oportunidade. Têm tradições mais enraizadas e diversificadas.

 

AE – E os ribatejanos?

AD – Esta diocese tem 450 anos e tudo se vai globalizando dentro dela. Há um espírito comum que anima todas as pessoas. Torna é difícil a mobilidade das pessoas, mas há uma interacção constante.

 

AE – Nunca pensou na divisão da diocese?

AD – Esta diocese já não é a original. A diocese de Portalegre foi criada, por desmembramento
 

 

 

 

 

 

da Diocese da Guarda, assumiu em 1881, a diocese de Castelo Branco. A diocese de Castelo Branco só durou cem anos e foi unificada a esta. A diocese passou a chamar-se, só, de Portalegre, mas, a meados do século passado, um bispo daqui pediu à Santa Sé que se acrescentasse ao nome também Castelo Branco.

Em relação à divisão, não vejo que tenha cabimento nesta altura. Até porque a diocese, no seu todo, tem cerca de 220 mil pessoas. É muito dispersa e com gente muito envelhecida e pouca juventude. Com as escolas e jardins-de-infância a fecharem e a abrirem lares da terceira idade. Há um conjunto de circunstâncias que não aconselham. Podem, num certo espírito de bairrismo, algumas pessoas pensarem nisso, mas as mais sensatas e que olham para a realidade local acabam por concordar como está.

 

 

 

AE – Com estas regiões específicas a pastoral é diferente de zona para zona?

AD – Os padres que salpicam a diocese, devido aos encargos que lhe estão atribuídos, procuram ler os sinais dos tempos e as tradições locais. Não têm dificuldade em anunciar a Palavra de Deus.

 

AE – A diocese está em sínodo: já existem resultados desta caminhada?

AD – Sim. Foi uma graça para a diocese a iniciativa do sínodo. Uma decisão tomada colegialmente houve muito entusiasmo e motivação desde o início. É um processo de sensibilização grande. Lançámos cerca de 70 mil inquéritos para ver quais os temas necessários a abordar.

 

AE – E depois da recolha desses inquéritos?

AD – Fez-se o estudo e a análise factorial. Depois, concluímos optar por três temas: evangelização, fé e vocações e família. O lema geral do sínodo é: «Igreja diocesana o que dizes de ti mesma?». Queremos uma dinâmica de crescimento e com a consciência de que o mais importante do sínodo não são 
 

 

as conclusões – que serão importantes para traçar linhas de ação -, mas as pessoas que queremos envolver neste processo de caminhada sinodal. Estão milhares de pessoas a refletir.

 

AE – O II Concílio do Vaticano apela a essa dinâmica sinodal.

AD – Nesta diocese já se realizaram três sínodos. O último foi há cerca de 300 anos. Às vezes, brinco com as pessoas e digo: “não esperem para participar no próximo sínodo porque não sei quando será o próximo” (risos…) A diocese sabe que está em sínodo e vamos tendo ecos.

 

 

AE – A desertificação humana e o encerramento de empresas nesta região são dados notórios. Como analisa a realidade social na diocese?

AD – É uma região do interior… Está a desertificar-se e a ficar sem indústria. Isto faz com que os jovens fujam para outras paragens. Se não se deita olhos a isto, esta região vai desaparecendo aos poucos. A diocese tem vinte e tal concelhos, mas nove têm menos de quatro mil pessoas, sendo a maioria delas idosas. A maior parte das escolas fecharam. É uma situação que nos devia incomodar. Quando desaparecerem algumas estruturas autárquicas, as pessoas vão sentir-se menos seguras. Mas vamos procurar que a Igreja permaneça presente.

 

AE – O que é que a Igreja local tem feito para estancar esta desertificação humana?

AD – A Igreja não tem muitos campos para agir nesse sentido. Agora, as pessoas que estão fixadas no âmbito da diocese, a maior parte delas estão na área dos serviços. A Igreja ainda tem um campo vasto de iniciativas e

 

 

estruturas que ocupam muita gente: as IPSS, misericórdias, lares… A Igreja não pode fundar fábricas, mas sente pena da região. Se não estivéssemos ligados a Espanha, com tanta gente do lado do mar já tínhamos virado para o outro lado.

 

AE – Acha que este «barco» está desequilibrado?

AD – Acho que está um bocadinho…

 

AE – Os políticos esqueceram o interior do país?

AD – Não sei se esqueceram ou se é de propósito que não querem fazer nada ou então não podem fazer nada. Dá pena ver o interior do país a ficar despovoado. Ficam apenas os idosos e os filhos destes vêm cá, de vez em vez, para animar as festas da aldeia e assistir às associações que dão vida às comunidades.

 

AE – Contacta com frequência com as forças civis e autárquicas da diocese?

AD – Tenho um relacionamento bom. Vamos dialogando.

 

AE – Sendo natural do Minho, com outra vivência da fé, veio encontrar nesta diocese outro tipo de vivências. Adaptou-se com facilidade?

AD – Sou de fácil adaptação. No Minho há mais gente… Pessoas que dinamizam e que participam muito nas peregrinações e procissões. Aqui é diferente. Não há tanta gente, nem tantas peregrinações.

 

AE – Os padres também não abundam…

AD – Não estou muito preocupado com a falta de padres. Às vezes, preocupo-me com o espírito dos padres e da presença dos padres. Acho que é bom, mas fomento para que seja cada vez melhor. Tenho cerca de 70 padres a trabalhar na diocese e cerca de 25 comunidades religiosas.

 

Temos também umas dezenas largas de ministros extraordinários da palavra.

 

AE – E a aposta nos novos púlpitos como a comunicação social?

AD – Temos vários jornais espalhados pela diocese. Gostaríamos que os nossos jornais tivessem mais qualidade evangelizadora. O jornal «Distrito de Portalegre» acabou. Era o jornal diocesano. O bispo que me antecedeu disse-me, logo, que tinha de acabar com o jornal. Ainda fiz uma experiência… mas a solução foi essa. Para além da razão económica, o título não servia muito a diocese. Tinha de ser um título neutro. No sínodo sugeriram o lançamento de qualquer coisa que nos unisse. Estamos a pensar…

 

Portalegre-Castelo Branco,
História e Património

Ruy Ventura

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O território atualmente incluído na Diocese de Portalegre-Castelo Branco provém várias entidades distintas que o tempo e as autoridades eclesiásticas se encarregaram de aglomerar. Sem recuarmos além da Baixa Idade Média, ou seja, a tempos anteriores à reconquista cristã do Portugal a sul do rio Mondego, no século XII, reconheceremos a herança da grande e antiquíssima Diocese de Egitânia (Idanha a Velha), mais tarde sediada na Guarda, e, a rodeá-la, a das zonas administradas pelo Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra (Arronches), pelos Templários e pelos Hospitalários (Priorado do Crato). Só em meados do século XVI, após a longa fixação a sul do Tejo do bispo da Guarda, D. Jorge de Melo, agastado por ter perdido para um filho do rei a rica abadia de Alcobaça, as influências de D. João III e de sua mulher D. Catarina levaram à separação dos territórios transtaganos, criando-se o pequeno Bispado de Portalegre em 1549, pela bula do papa Paulo III “Pro Excellenti Apostolicae Sedis”. O território albicastrense permaneceu, então, na dependência egitaniense. Na segunda metade do século XVIII (1771), por instâncias do Marquês de Pombal, é criada a Diocese de Castelo Branco, com os arcediagados sediados na nova cidade, em Abrantes e em Monsanto. Esta nova entidade

 

 

 

viria a ser extinta em 1881, integrando-se no território portalegrense. A igual dignidade das duas cidades e dos dois territórios terá levado o Vaticano a alterar, em 1956, a designação do bispado, que passou a denominar-se “Diocese de Portalegre–Castelo Branco”.

Com base nesta estrutura dinâmica, que foi variando ao longo dos séculos, até chegar à realidade que hoje podemos vivenciar, a comunidade dos crentes foi edificando um conjunto de edifícios e criando um património material e imaterial que é expressão de uma fé com matizes variados. Resulta de uma herança que cruza o cristianismo gregoriano dos reconquistadores com o moçárabe das populações autóctones, que entrança expressões católicas com outras que provieram do islamismo popular, do judaísmo e do “novo cristianismo” dos convertidos – sincera ou forçadamente – depois do final do século XV. É ainda manifestação da influência de diversas ordens monásticas, militares ou mendicantes,

 

Catedral de Idanha-a-Velha

© monumentos.pt

 

 

pregadoras ou de clausura, como os Templários e a Ordem de Cristo, os Hospitalários ou Malteses, os Franciscanos, os Dominicanos ou os Jesuítas, os eremitas com diversas orientações.

São múltiplas as expressões materiais que foram geradas ao longo de tão longa e diversificada história. Da mesquita-catedral de Idanha-a-Velha à bela igreja de Santo António dos Assentos, em Portalegre, há muito que ver, contemplar e viver no território da diocese.

 

(Texto na íntegra em

www.agencia.ecclesia.pt)

 

Lincoln

Com mais de uma centena de títulos associados à sua carreira de produtor (51 dirigidos por si), Steven Spielberg tem dado um portentoso contributo à história do cinema, com obras que se debruçam sobre as questões que consubstanciaram a evolução e o estado do mundo (sobretudo) no último século.

Atravessando temas que vão da conquista do espaço (‘Encontros Imediatos do 3º Grau’, ‘E.T. – O Extra-terrestre’, ‘Guerra dos Mundos’), às Guerras Mundiais (‘O Império do Sol’, ‘O Resgate do Soldado Ryan’, ‘A Lista de Schindler’, ‘Cavalo de Guerra’),

 

 

 

 

passando pelo período Jurássico (toda a série ‘Parque Jurássico’) e outros períodos marcantes da nossa história, como os conflitos com o Médio Oriente refletidos nos Jogos Olímpicos em ‘Munique’. Independentemente do género, são bem patentes as questões que Spielberg levanta e os valores subjacentes que defende: o respeito pela vida, a tolerância ou respeito mútuo, para lá da diferença de espécie, raça ou credo; a relação humana com o desconhecido; a possibilidade de entendimento e cooperação nas circunstâncias mais adversas ou ‘improváveis’.     

Depois de ‘A Cor Púrpura’ e ‘Amistad’, ‘Lincoln’ é, mais que o olhar biográfico sobre um presidente dos Estados Unidos, uma nova proposta de reflexão sobre a questão dos direitos humanos, especificamente centrado na abolição da escravatura – igualdade racial, ou étnica.

Entre 1861 e 1865, a Guerra da Secessão nos Estados Unidos (precisamente pouco unidos, à época), opõe onze estados do Sul aristocrático e latifundiário, portentosamente assente na mão de obra escrava, a um Norte industrializado e ansiando pelo desenvolvimento do mercado interno,

 

devidamente protegido.

Em 1865, com uma população exausta

e um país dividido, o presidente Abraham Lincoln, republicano manifesto opositor da escravatura, procura conciliar os esforços que, do seu lado e do lado dos democratas, se desenvolvem a favor da paz com o desejo, longe de consensual, de abolir de vez a escravatura – fazendo aprovar a 13ª Emenda da Constituição.

Uma tarefa árdua a contrarrelógio que implica sobretudo um trabalho de ‘bastidores’ políticos, mas que o filme pertinentemente abre à capacidade de auscultação de um líder nato: ouvindo a palavra que todos os envolvidos têm a dizer sobre a matéria – desde os soldados brancos e negros da frente de batalha, à família, passando por correlegionários e opositores políticos, negros livres ou ainda escravos.

Uma obra clara e bem gerida que pretere os efeitos emocionais e visuais da guerra em favor da discussão, atual, de interesses, fundamentos e garantias da igualdade dos homens, não entre si, mas perante a lei. E nesta discussão, o papel preponderante, inevitavelmente solitário, de um líder.

Margarida Ataíde

 

 

 

 

Redes Sociais Virtuais - o que são?

 

 

 

 

Redes sociais: portais de verdade e de fé
Novos espaços de evangelização

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No passado dia 24 de janeiro, dia da festa de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, Bento XVI publicou a sua mensagem para o 47.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, sob o título “Redes Sociais: portais de verdade e de fé; novos espaços de evangelização”. Apesar de ser um tema bastante em voga, esta semana vamos refletir um pouco sobre o que são as redes sociais.

Todo o ser humano é por natureza em ser social que necessita de estar em contacto com o outro. A relação com o outro é uma característica intrínseca a toda a pessoa. No espaço virtual o cenário não é diferente, dado que estamos a falar de pessoas, mudando somente o campo de interacção. Uma enorme vantagem prende-se com o facto de a comunicação ser imediata, ultrapassando barreiras inimagináveis.

As redes sociais são, portanto, um reflexo dessa necessidade de comunicação, feita através da internet. A pessoa apresenta-se ao mundo virtual, através de páginas pessoais, blogues ou serviços específicos para esse efeito (facebook, twitter, tumblr, etc.), tudo isto, utilizando as mais recentes tecnologias ao nível de som, texto e imagem.

O grande objetivo da existência de uma rede social passa por permitir ao utilizador apresentar-se de um modo pessoal, expressando-se com outros indíviduos que partilhem interesses comuns. Portanto, os sítios na internet criados especificamente para o efeito foram

 

 

concebidos para que os utilizadores partilhem informações acerca de si (dados pessoais, opiniões e gostos pessoais – livros, músicas, filmes), existindo normalmente a possibilidade de outros efetuarem comentários aos diversos assuntos colocados nesse espaço virtual, criando assim a tal rede.

A maioria destes serviços é fornecida de forma gratuita, sendo apenas necessário que o utilizador se registe num sítio web. Os dados pessoais são pedidos logo no ato da inscrição, no entanto podemos escolher aqueles que pretendemos que fiquem visíveis para a comunidade. Através dos dados partilhados, procuram-se afinidades, denominadores 

 

comuns, criando assim a tal “rede de amig@s”. Essa rede vai sendo alargada na medida em que os nossos amigos ficam visíveis aos amigos dos outros -  o conceito “traz outro amigo também”, no estado mais puro!

Como facilmente podemos depreender, o conceito de amizade nas redes sociais, é usado de uma forma bastante alargada, sendo que qualquer semelhança com a realidade “física” não passa disso mesmo.

Assim, consideramos que conforme refere Bento XVI “as redes sociais, para além de instrumento de evangelização, podem ser um fator de desenvolvimento humano”.

Fernando Cassola Marques

 

 

La Construction Administrative d'un Royaume

Registres de bénéfices ecclésiastiques portugais (XIII-XIVe siècles)

É com gosto que o Centro de Estudos de História Religiosa (CEHR) acolhe na coleção «História Religiosa: Fontes e Subsídios» o presente trabalho de Stéphane Boissellier. Conforme o próprio refere na introdução, este livro corresponde a uma versão revista de uma memória académica por si defendida em 2002.

A publicação de fontes, particularmente daquelas datadas de tempos medievos, é permanentemente reclamada pelos investigadores e demais interessados em conhecer o nosso passado. Muitas destas fontes chegam a ser transcritas e editadas no âmbito de investigações académicas, não se conseguindo, no entanto, que esse trabalho seja justamente divulgado por via da sua publicação. Uma das razões para tal é, naturalmente, o custo de tal empreendimento.

“Outra das direções em que o poder monárquico se foi afirmando, revela-se num tipo de documentos cuja importância os medievalistas

 

 

portugueses não souberam valorizar. É aquela que agora se manifesta em todo o seu significado na obra de Stéphane Boissellier, que tenho o prazer e a honra de prefaciar. Trata-se de um conjunto de simples listas de igrejas. Umas enumeram apenas topónimos; outras registam os rendimentos de cada uma delas em dinheiro; outras, ainda, referem as quantias cobradas pela fiscalidade pontifícia”

(Prefácio, José Mattoso)

 

 


 

 

Evangelho e Mundo

A revista “Theologica”, da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (Braga) dedica o seu número mais recente ao tema “Evangelho e Mundo”, estudos em homenagem a D. Pio Alves, bispo auxiliar do Porto, professor da instituição académica e antigo presidente do Centro Regional de Braga da UCP.

“Como temática de fundo desta edição foi definida uma que, além de ser de atualidade e suficientemente ampla para nela caberem temas de variados campos do saber teológico e

 

filosófico, tem a ver com o autor que constituiu objeto da dissertação do

então licenciado Pio Alves de Sousa: «Evangelho e mundo». O autor referido foi São João Crisóstomo. Teve-se em conta  que aquele ilustre Padre da Igreja nos séculos IV-V foi evangelizador do paganismo,

catequizador, pregador, exegeta bíblico e lutador pela justiça, com cuidado especial pelos pobres. A relação entre Evangelho e mundo está aí bem patente”, refere o editorial do volume.

 

 


 

Poesia e verdade do documento
mais bonito e difícil do Vaticano II

 

 

 

Refletir sobre a Dei Verbum equivale efetivamente a repercorrer toda a história do concílio Vaticano II. A constituição dogmática foi objeto do debate dos Padres conciliares desde os primeiros meses do concílio, acompanhando os seus trabalhos nos três anos seguintes, e foi aprovada quase por unanimidade no final da assembleia de 18 de novembro de 1965. Certamente, não receio afirmar que estamos perante o documento mais bonito e difícil do concílio. Mais bonito, porque soube conjugar a verdade dogmática, caracterizada por uma linguagem específica e frequentemente pouco propensa a deixar-se traduzir na plasticidade das imagens, com expressões de alta poesia. Mais difícil porque os seus diversos conteúdos conseguem, depois de séculos de debate teológico, uma clara elaboração que evidencia o progresso dogmático realizado.

A revelação, que constitui o fundamento e o coração da fé cristã, encontrou finalmente o seu lugar central na vida da Igreja. As primeiras palavras com as quais se abre o documento, citando o texto da primeira carta de João, fazem perceber imediatamente que se trata de uma experiência constitutiva e viva. Ou seja, a exigência de comunicar o encontro real com Jesus

 

 

Cristo o Filho de Deus que chama à comunhão de vida com a Trindade, centro e fundamento da fé. A Dei Verbum apresenta num instante a novidade extraordinária que se realizou gradualmente na história dos homens. Com a frase «Palavra de Deus» não se tenciona indicar um falar genérico do Pai, mas certifica o evento

 

definitivo da sua intervenção na história: o mistério da encarnação do Filho. Ele é a Palavra que desde sempre é pronunciada e que agora se torna ainda mais visível.

D. Rino Fisichella,

presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização,

in ‘L’Osservatore Romano’, 31.01.2013

 

Dei Verbum

Constituição dogmática do Concílio Vaticano II sobre a divina Revelação e sua transmissão (18.11. 1965). Nos seis capítulos deste documento, um dos mais importantes do Concílio, esclarece-se a natureza da Revelação que Deus faz de Si mesmo e dos seus desígnios de salvação; reconhecem-se ao Magistério da Igreja as funções de guardião e intérprete autêntico da Tradição e da Sagrada Escritura; e aprofunda-se o sentido da inspiração divina do Antigo e Novo Testamento e a importância que têm na vida da Igreja.

(Cf. Enciclopédia Católica Popular)

 

«Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a Si mesmo e dar a conhecer o mistério da sua vontade (cf. Ef. 1,9), segundo o qual os homens, por meio de Cristo, Verbo encarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e se tornam participantes da natureza divina (cf. Ef. 2,18; 2 Ped. 1,4). Em virtude desta revelação, Deus invisível (cf. Col. 1,15; 1 Tim. 1,17), na riqueza do seu amor fala aos homens como amigos (cf. Ex. 33, 11; Jo. 15,1415) e convive com eles (cf. Bar. 3,38), para os convidar e admitir à comunhão com Ele».  (Dei Verbum, n.º 2 )

 

 

fevereiro 2013

 

Dia 01

* Vaticano - Apresentação da Mensagem de Bento XVI para a Quaresma.  
* Porto - Instalações da Foz do Centro Regional do Porto da UCP (18h00m) - Sessão solene relativa ao Dia Nacional da UCP
* Lisboa - Igreja do Sagrado Coração de Jesus - Vigília de oração pelos consagrados presidida por D. Joaquim Mendes.
* Fátima - Reunião da Cáritas Portuguesa.
* Porto - UCP - Duas sessões do programa «Aprender a Educar», uma dedicada a professores e educadores e uma destinada a pais. 
 

 

 

 

* Lisboa - Óbidos - Encontro dos presidentes de junta de freguesia e de empresários com D. Nuno Brás integrada na visita pastoral.
* Lisboa - Caneças (21h00m) - O Coro dos Alunos da Escola Diocesana de Música Sacra de Lisboa (EDMS) apresenta a «Cantata sobre o Ano da Fé"»  
* Açores - Ilha do Pico - Festa de Nossa Senhora das Candeias.  (01 e 02)
* Porto - Maia - Fórum das Vocações sobre «Fé, vocação e evangelização» promovido pelos Missionários Combonianos.  (01 a 03)
* Fátima - Encontro nacional dos neocatecumenais. (01 a 03)

 

 

Dia 02

* Dia do consagrado
* Vaticano - Basílica de São Pedro - Eucaristia dedicada à Festa da Apresentação do Senhor presidida por Bento XVI

 

 

 

* Lamego - Sé - Vigília de oração pelas vocações consagradas presidida por D. António Couto.
* Lisboa - Sé (19h00m) - Celebração do consagrado presidida por D. José Policarpo.
* Beja - Cáritas de Beja - Celebração do Dia do Consagrado com conferência sobre «Testemunhar a beleza da vocação recebida» pela irmã Núria Frau.
* Évora - Sala dos actos do Seminário (10h00m) - Conferência sobre «O Sínodo dos bispos nos caminhos da pastoral da Igreja em Portugal» por D. António Couto e integrada na Festa da Padroeira do Seminário..
* Santarém - Entroncamento (Auditório da Junta de Freguesia) -Colóquio «Voluntariado - Conceitos e Princípios» promovido pelo Banco de Voluntariado do Entroncamento
* Lisboa - Cacém (Quinta do Castelo) - workshop educativo sobre «Agricultura em família com a consolata» promovido pelos Missionários da Consolata.

* Algarve -. Loulé (Centro Paroquial e Social de Loulé) (15h30m) -Festa dos avós e dos netos promovida pelas Paróquias de Loulé.

 

 

* Guarda - Seminário - Encontro sobre o dia dos consagrados.
* Porto - Casa de Vilar - Jornada diocesana da família sobre «Fé e caridade na família».
* Guarda - Sé - Bênção dos finalistas da Escola Superior de Saúde por D. Manuel Felício.
* Santarém - Seminário - Apresentação do projeto «YOUthTRAVEL» pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.
* Leiria - Fátima - Iniciativa «Um dia com a vida consagrada» promovida pelo Serviço de Animação Vocacional da diocese de Leiria-Fátima
* Porto - Sé (15h30m) - Dia da «Voz Portucalense» com celebração presidida por D. Manuel Clemente.
* Funchal - Sé (18h00m) - Celebração presidida por D. António Carrilho dedicada aos consagrados.
* Funchal - O Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil promove «A Hora do Filho», uma proposta de oração em cadeia entre os jovens ligados a movimentos apostólicos.


 

 

Ano C – 4.º domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

Que somos nós, sem caridade? Sem Cristo, nada somos!
 

A Palavra de Deus neste domingo convida-nos a refletir sobre o caminho do profeta: caminho de sofrimento, solidão e risco, mas também caminho de paz e esperança, porque é um caminho onde Deus está. Na peregrinação da vida cristã, que só pode ser na fé, vale para nós a mesma presença de Deus em relação a Jeremias: «não temas, porque Eu estou contigo para te salvar». No Evangelho, Jesus aparece como o grande profeta, desprezado pelos seus, mas que «passou pelo meio deles e seguiu o seu caminho». É o mesmo caminho do Pai, que nos ama e quer salvar.

A segunda leitura parece desenquadrada desta temática: fala da caridade ou do amor, desinteressado e gratuito, apresentando-o como a essência da vida cristã. Parece, mas não é, porque o profeta só pode ser guiado pelo amor e nunca pelo próprio interesse. Só assim a sua missão fará sentido. Fiquemos um instante neste belíssimo texto de Paulo, tão conhecido como hino ao amor ou à caridade. É uma das suas páginas mais célebres, em que o apóstolo nos indica «um caminho superior a todos os outros»: não o caminho do amor-paixão nem do amor-amizade, mas o caminho do amor-caridade, da agapè. Para falar deste amor, em vez de dar definições, Paulo utiliza 15 verbos de ação: ter paciência, servir, não invejar, não se vangloriar, não se orgulhar, etc. Este hino só pode elevar-nos, até inflamar-nos. Mas são 15 dinamismos ou atitudes de vida no amor.

Procuremos ler todo o texto proposto, isto é, a forma longa proposta na liturgia.

 

São Paulo (c. 1615), de Claude Vignon

 

Muitas vezes, na proclamação das leituras, ficamo-nos pelas formas breves. Se calhar para ganhar tempo. Mas depois estica-se o tempo em extensas homilias, por vezes ao lado, e em exaustivos avisos paroquiais. E corta-se o tempo da Palavra. Oxalá que isso não aconteça, sobretudo na leitura de hoje. Se ficarmos pela forma breve, acolhemos o essencial, é certo: se não tiver amor, nada sou! Mas perdemos o desenvolvimento da mesma essência: como não deve ser e como deve ser a caridade, que é o

  máximo de tudo, mesmo acima da fé e da esperança. É o que diz o Papa na mensagem para a Quaresma: prioridade da Fé, primazia da Caridade. Afinal, sem amor, que somos nós? Sem caridade, nada somos!

Uma sugestão final: reler o texto de São Paulo, substituindo «caridade» por «Cristo». E ver como anda em concreto o nosso caminho profético enquanto peregrinos da fé em Cristo. Que somos nós, sem caridade? Mas sem Cristo, que somos nós?

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

 RTP1, 10h00

Transmissão da missa

 

 

11h00 - Transmissão da missa da paróquia do Divino Salvador de Tebosa (Braga)

12h15 - 8º Dia

 

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h30

Domingo, dia 03 - Entrevista à reitora da Universidade Católica Portuguesa.

 

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 04 - Entrevista ao padre Eduardo Novo, diretor do DNPJ.
Terça-feira, dia 05 - Informação e rubrica sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II com o padre António Vaz Pinto
Quarta-feira, dia 06 - Informação e rubrica sobre Doutrina Social da Igreja com padre José Manuel Pereira de Almeida
Quinta-feira, dia 07 - Informação e rubrica "O Passado do Presente", com D. Manuel Clemente
Sexta-feira, dia 08 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre Robson Cruz e Juan Ambrosio

 

Antena 1

Domingo, dia 03, 06h00 - Dia do Consagrado.

Segunda a sexta-feira, 22h45 - Propostas de Espiritualidade para os dias do Carnaval

 


XXI Dia Mundial
do Doente
11 de fevereiro de 2013
O Bom Samaritano
- "Vai e faz tu o mesmo"

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Peru: O trabalho extraordinário
da Igreja na América do Sul

A missionária do sorriso bondoso

Nas montanhas do Peru há centenas de pessoas que vivem em absoluta pobreza, perdidas em recantos inóspitos onde não vai praticamente ninguém. Estas pessoas estariam em total isolamento se não fosse um punhado de mulheres que lhes levam roupas, medicamentos, amor. Elas são missionárias, mas também enfermeiras, parteiras… Uma delas é a Irmã Maria Imaculada.

A Irmã Maria Imaculada tinha 18 anos quando decidiu entregar a sua vida a Deus. Nunca se arrependeu dessa decisão e também nunca se queixou sequer

 

 do cansaço quando se tem de pôr a caminho montanhas acima, em caminhos de cabras, sem ninguém por perto. Essa é a sua missão: levar a Palavra de Deus a populações perdidas no meio das serras, às vezes mesmo a casas isoladas onde apenas vivem uma ou duas pessoas, especialmente idosos. Estas irmãs são normalmente as únicas pessoas que se atrevem a ir até lá acima, onde a serra se esconde nas nuvens às vezes acima dos 5 mil metros. Mas a Irmã Maria não se cansa. Ela leva consigo o seu sorriso terno e meigo, mas também roupa para distribuir e, principalmente,

 

 

 

medicamentos. São quase 400 as Irmãs Missionários de Jesus, Verbo e Vítima, congregação fundada há meio século pelo bispo de Caraveli, Fredrich Kaiser, e pela irmã Wilibrordis -  profeticamente, porque na América do Sul, havia a necessidade deste trabalho específico: levar Deus e ajudar os mais pobres e necessitados da sociedade. Tão pobres que estavam esquecidos nas barracas onde viviam, abrigados na montanha ou no meio da selva. Era preciso reunir gente de coragem que aceitasse uma vida dura de missão que amenizasse a vida rude de quem nada possui.

 

Missionária, enfermeira, parteira

A Irmã Maria Imaculada percorre estes caminhos há 32 anos. Quando se faz à estrada ela é missionária mas também enfermeira, parteira, juíza em
 

pequenas disputas que é preciso ultrapassar, voz amiga, esperança. O que é mais desarmante na simplicidade desta Irmã é o seu sorriso. Ela conhece toda a gente pelo seu nome, conhece as suas histórias, os dramas que se escondem nas suas palavras e nos silêncios. Ela conhece até as suas lágrimas. “São os meus amigos”, diz. A Irmã Maria Imaculada diz que não precisa de nada. Apenas de medicamentos e roupa que leva montanhas acima, como se fosse ela própria uma farmácia ambulante. É isso que a Fundação AIS lhe dá, sempre que algum benfeitor decide ajudar este projeto tão especial das Irmãs Missionários de Jesus, Verbo e Vítima, que trabalham no Peru mas também na Argentina, Bolívia, Chile e Paraguai. Poucas vezes tanto carinho é oferecido com tanto amor. www.fundacao-ais.pt

 

 

A Igreja e os emigrantes

 

 

 

Para que as famílias dos emigrantes sejam apoiadas e acompanhadas nas suas dificuldades, de modo particular as mães.
Intenção geral do de Bento XVI para fevereiro
 

Na Mensagem para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado (2013), Bento XVI afirma o empenho da Igreja no apoio aos emigrantes: «a sua [da Igreja] solicitude contempla as migrações sob o perfil dominante da pobreza e do sofrimento que muitas vezes produz dramas e tragédias, intervindo lá com ações concretas de socorro que visam resolver as numerosas emergências». Por outro lado, continua o Papa, «a Igreja não deixa de evidenciar também os aspetos positivos, as potencialidades de bem e os recursos de que as migrações são portadoras; e, nesta direção, ganham corpo as intervenções de acolhimento que favorecem e acompanham uma inserção integral dos migrantes, requerentes de asilo e refugiados no novo contexto sociocultural, sem descuidar a dimensão religiosa, essencial para a vida de cada pessoa».

 

Um dos aspetos que torna as migrações um fenómeno cada vez mais complexo é o facto de, ao contrário do que acontecia noutros tempos, ser agora muito comum a migração de famílias inteiras ou, então, apenas da mãe e dos filhos, quando os migrantes provêm de zonas onde existem conflitos armados. Nestes casos, a fragilidade de quem emigra é muito mais preocupante e a necessidade de acompanhamento e apoio muito mais premente.

Infelizmente, os países de acolhimento, com frequência a braços com problemas económicos graves, nem sempre se encontram preparados para enfrentar situações tão

 

 


© Cáritas Itália
 

complexas. Daí ao aparecimento de fenómenos marginais e criminosos, como o tráfico de pessoas ou a exploração de mulheres e crianças na prostituição vai um passo curto. Em casos assim, recorda Bento XVI, «emigrar, em vez de uma peregrinação animada pela confiança, pela fé e a esperança, torna-se um “calvário” de sobrevivência, onde homens e mulheres resultam mais vítimas do que autores e responsáveis das suas vicissitudes de migrante».

 

Uma atenção particular às famílias migrantes torna-se, portanto, imperiosa, em especial quando aquelas se veem privadas da presença do pai. Como lembra Bento XVI, as comunidades católicas (paróquias e outras) não podem alhear-se destas situações, de modo que também os emigrantes possam alegrar-se por reconhecer a presença do Senhor nos gestos de bondade daqueles que os acolhem (cf. Mensagem citada).

 

Elias Couto

 

 

A nossa televisão


José Ribeiro e Castro

Deputado do CDS-PP

 

 

A decisão de não avançar com a “privatização” da RTP não surpreendeu. Foi, todavia, uma boa decisão e merece ser saudada. Integrei um amplo movimento cívico em defesa do serviço público de rádio e televisão e fiquei satisfeito com o virar de página.

A verdade é que era muito limitada a legitimidade quanto a este dossier, restrita à alienação eventual para o setor  privado de um dos canais de televisão públicos, remanescendo tudo o resto no quadro do serviço público – é isto que consta do programa do Governo, tendo como fonte direta  o programa eleitoral do PSD. Ora, cedo se viu que a venda de um dos canais deparava com fortes adversidades: por um lado, provocaria cataclismo generalizado no mundo dos media pelo aperto em que se encontra o mercado da publicidade; por outro lado, o ambiente económico desfavorável tornava o negócio desinteressante para qualquer investidor consistente no mundo da comunicação social.

As notícias que foram correndo de laboriosas reengenharias do eventual negócio eram evidência disto mesmo: além de desaconselhável, a alienação não tinha comprador à altura. Por isso, o Governo estacou. Ainda bem.

Depois de ano e meio perdido em estudos e variações, crises e hesitações, este é o tempo de reestruturar. Desejo que tenha

 

 

 

sucesso pleno e que a RTP, na rádio e na televisão, saia deste processo mais sólida e escorreita, capaz de viver com sobriedade e rigor financeiro apenas com a taxa e a publicidade – os tempos de austeridade são para todos – e prestando serviço público de qualidade com os excelentes profissionais que tem e a cultura de serviço social que guarda.

Na montagem da operação, alguns perguntavam: “Mas o que é o serviço público?” – uma amnésia repentina que obviamente só se explica por esconder outros interesses. Todos sabemos o que são uma programação e uma informação de rádio e televisão guiadas pelo interesse público e como estas se distinguem tipicamente de outras submetidas ao império dos ditames comerciais e interesses particulares. Certamente existem ideias e modelos diferentes

a respeito dos conteúdos do serviço público, que todos discutimos permanentemente, influindo na empresa que a todos presta contas e diante de todos responde. É que se trata justamente de “a nossa televisão” e “a nossa rádio”,

 

 

como é função da televisão pública, a partir da âncora fundamental dos dois canais generalistas complementares, e da rádio pública, a partir das suas duas principais antenas históricas e da inesquecível onda curta.

Garantamos pluralismo, boa cobertura territorial (na origem e na distribuição), vasta representação social, rigor, qualidade, formação, exigência, elevação – e a rádio e televisão públicas continuarão a prestar um serviço de preciosa utilidade social e a constituir um inestimável paradigma referencial.

 

 

Igreja e religiosos têm falta de ousadia
na sua missão

 
 
 
 
 
O Dia do Consagrado coincide com a festa litúrgica da Apresentação do Senhor, a 2 de fevereiro
 

Falta “ousadia” e missão em terrenos de vanguarda onde os religiosos e a “Igreja em geral” possam realizar o seu trabalho num testemunho “silencioso” mas “inteligível e claro”, afirma o missionário claretiano Abílio Pina Ribeiro.

“Hoje a renovação da vida consagrada vai nessa direção, mas estamos ainda muito longe”, afirma o religioso em entrevista à ECCLESIA no âmbito do dia do Consagrado que a Igreja Católica assinala este sábado.

 “Os consagrados foram aqueles que a Igreja enviou para os lugares onde não havia ninguém”, recorda o sacerdote, sublinhando que os religiosos não devem estar no centro do poder ou de decisão mas nos lugares onde há pobreza e fraqueza, os lugares de “periferia” e “vanguarda”.

Na opinião do religioso, que professou os votos de pobreza, castidade e obediência em 1959, tem faltado esta ousadia, daí a necessidade de se convocar um Sínodo para a Nova Evangelização.

“Os conteúdos são os mesmos, é o Evangelho de sempre, mas tem de ser nova a difusão do Evangelho com ardor, zelo, e novas metodologias e linguagens que nos tem faltado”.

Segundo o missionário claretiano os religiosos serão chamados “cada vez mais” a serem assistentes espirituais, concretizando a sua vocação de “buscadores de Deus”.

 

 

“Se a sua vida os conduz para aí, naturalmente que daí também decorre a sua missão”, concretiza o religioso. Questionado sobre a falta de vocações em alguns institutos religiosos e o aumento de vocações numa opção pela vida contemplativa noutras congregações, o padre Abílio Pina Ribeiro recorda um estudo realizado nos Estados Unidos da América, que aponta três condições para que um instituto religioso tenha vocações: “intensidade espiritual, densidade fraterna, visível na simplicidade e na alegria, e dinamismo apostólico que impele as pessoas a servir, especialmente, os mais pobres”.

“O mundo é sensível à miséria do ser humano e talvez por isso, o 

 

impacto das obras de Abbé Pierre ou da Madre Teresa de Calcutá” que o missionário claretiano aponta como uma “luzinha no meio da massa” que foi capaz de “converter o olhar do povo indiano sobre o valor do homem”.

O padre Abílio foca ainda o trabalho pastoral com os jovens como essencial para o despertar vocacional.

“A semente hoje chega por contacto e pela presença”, explica, dando como exemplo o trabalho realizado pelos Jesuítas, que “talvez estejam a apontar caminho”.

Para o missionário claretiano as vocações vão nascer onde existirem “famílias empenhadas e comunidades cristãs que vivam e saboreiem o cristianismo”.
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

   
 

 

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