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Tema do dossier da próxima edição: Ecumenismo
Foto da capa: D.R
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Audiência de festa no Vaticano[ver+]
Igreja ao lado dos emigrantes
Papa vai à Terra Santa
Rui Pedro|Rui Marques | |
O emigrante merece ser feliz |
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Paulo Rocha, Agência ECCLESIA |
Recordo a história de um amigo que emigrou. Penso no seu percurso de vida, sozinho, longe de todos os que com ele sonharam o futuro e olharam o horizonte e os projetos promissores da felicidade… Hoje está em França, num trabalho duro, faça chuva ou faça sol. Tem uma licenciatura, gosta da leitura e do diálogo em torno de muitos temas, também aqueles que preenchem tertúlias de ambiente eruditos. A pedra e o ferro consomem o seu dia-a-dia: Trabalha na manutenção das linhas de ferro em toda a França, com gentes de muitas latitudes, de dia ou de noite, durante o pico do verão e como no rigor do inverno. Esta, como todas as histórias de emigração, equacionam o problema da mobilidade humana como um direito da pessoa, como condição de cidadania global e de oportunidade de recomeço, capaz de transformar itinerários de vida e fazendo despontar virtudes e atitudes escondidas na rotina das origens. Mesmo nos casos em que os primeiros episódios da novela migrante são preenchidos por contradições e desventuras, a procura de soluções, a capacidade de descobrir novos engenhos conduz quase
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todas as aventuras a um final feliz. Exceto numa situação: quando o homem explora o seu semelhante. O ambiente da emigração tem hoje muitas situações de escravatura! Sim, ela não terminou e transforma o direito dos cidadãos a migrarem numa ameaça à exploração. De forma crescente nos dias de hoje, mesmo que sejam mais as vozes a sugerir o acolhimento, o conhecimento e a integração de quem é estrangeiro. Emigração nunca pode ser a outra face da moeda do mundo dos refugiados, seja por perseguição política, religiosa ou étnica. Emigração também não pode ser um refúgio das pessoas que não encontram outra via. Ela deveria ser sempre uma via de oportunidade na vida, procurada e desejava, porque só essa conduzirá à felicidade. Há dias, esse amigo partilhava
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nas redes sociais sentimentos que terão preenchido algumas horas de descanso, e que recordo com frequência. Também no contexto da celebração do Dia Mundial do Migrante e Refugiado, a 19 de janeiro:
Hoje aconteceu-me algo de extraordinário: Mais do que resposta a convites políticos, emigrar é afirmação por excelência da esperança. no maior realismo que a vida pode oferecer. Nos momentos bons e sobretudo nos maus. Mas sempre em busca da felicidade! |
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Funeral de Eusébio, 06.01.2014 © Publico |
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Temos um país [Irlanda] que até há pouco tempo não era capaz de se financiar e que agora, ao sair do seu programa, é capaz de o fazer em melhores condições do que países que não necessitaram de programas de assistência financeira Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, 08.01.2014, Atenas, início da presidência grega da União Europeia
A dimensão da caridade é o exemplo mais evidente e, porventura, mais convincente que uma comunidade pode dar ao mundo, pois é quando traduz a sua vida cristã em gestos de solidariedade para com aqueles que mais precisam D. José Alves, arcebispo de Évora, 08.01.2014, entrevista à Rádio Renascença
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Um país como a Irlanda ou tal como Portugal, se por acaso não tivesse um programa de ajustamento, não deixava de estar sujeito ao tratado orçamental e às regras de disciplina orçamental que ele impõe e à supervisão da políticas económicas Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, 07.01.2014, Palácio de Belém, receção de cumprimentos de Ano Novo dos embaixadores de Portugal acreditados junto de vários Estados e organizações internacionais
Eusébio foi para todos os adeptos do Desporto, bem como para todos os portugueses, um exemplo de profissionalismo, de determinação e de devoção às cores nacionais e do Sport Lisboa e Benfica Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro português, 05.01.2014, nota oficial sobre o falecimento de Eusébio da Silva Ferreira
Vou alterar a minha biografia: o pobre padre que hoje andou de papamóvel com o Papa Francisco Fabian Baez, padre de uma igreja em Buenos Aires, 08.01.2014, na sua conta da rede social Twitter |
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Calendário para um 2014 inter-religioso |
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Já está nas bancas a edição 2014 do calendário 'Celebração do Tempo', projeto inter-religioso a cargo da Editora Paulinas e que este ano tem como tema a “conciliação entre o trabalho e a vida familiar”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Rui Oliveira, um dos responsáveis pelo desenvolvimento deste trabalho, sublinha o objetivo de fornecer às comunidades, mais do que uma resenha das celebrações e práticas religiosas, um produto que permita refletir também sobre a “cidadania”. O calendário foi criado em 2003 com o apoio do Estado para tentar corresponder aos desafios de um “período de grande fluxo de emigrantes” e à necessidade de integrar membros das mais diversas comunidades religiosas. Uma problemática que já vinha de trás, desde o período da descolonização, nos anos 70, e que começou a ser colocada em Portugal “de forma mais premente” durante os anos 90. A dissolução dos territórios portugueses em África atraiu gradualmente para o país muitas |
comunidades hindus e muçulmanas, vindas da Guiné Bissau e de Moçambique, exemplifica Rui Oliveira. Durante todo esse período, verificaram-se “alguns casos esporádicos de incompreensão, na forma de tratar alguns membros dessas comunidades”. Numa dessas histórias, conta o colaborador da editora Paulinas, um homem muçulmano “foi preso no período do Ramadão, forçado a alimentar-se na hora dos outros presos e a comer inclusivamente coisas que estão interditas na sua religião”. A finalidade do calendário é favorecer a compreensão e integração das tradições de cada comunidade religiosa e combater a discriminação, algo que tem sido conseguido. “As comunidades veem-no com muito orgulho porque são convidadas a participar, é preciso ter a certeza que tudo o que é dito aqui corresponde e não fere nenhuns aspetos de cada religião e nesse sentido cada responsável religioso verifica o trabalho antes dele ser publicado”, salienta Rui Oliveira. |
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O tema deste ano do calendário vai ao encontro da reflexão proposta pela União Europeia para os próximos 12 meses, “a conciliação entre o trabalho e a vida familiar”.
Sem “fugir aos aspetos fundantes” que nortearam o projeto,
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a 12.ª edição da obra é preenchida também com textos sobre “as origens e destinos” do Velho Continente, elaborados pelo Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. |
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Jesuítas têm novo provincial |
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O padre José Frazão Correia, de 43 anos, foi nomeado pelo padre geral da Companhia de Jesus, Adolfo Nicolás, como novo provincial dos jesuítas em Portugal, sucedendo ao padre Alberto Brito. A tomada de posse para o mandato, de três anos, está marcada para 19 de março, em Lisboa. O novo responsável disse à Agência ECCLESIA que assume o cargo “com alegria e confiança, mesmo sabendo que se trata de uma missão exigente, que requer dedicação, gratuidade, tenacidade, firmeza, docilidade”. “Enfim, há tantas qualidades que nem sempre sentimos ter, mas é preciso avançar sabendo que se trata de algo que corresponderá à vontade de Deus”, salientou. Em termos de objetivos futuros, o padre José Frazão Correia destaca para já dois aspetos fundamentais: ajudar os membros da Província a “configurarem na realidade, o seguimento de Jesus”, e terem a capacidade de, “com um olhar convertido, reconhecerem Deus em todas as coisas”. O padre José Frazão Correia |
nasceu a 10 de fevereiro de 1970; licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Filosofia da UCP, em Braga, e em Teologia na Universidade Gregoriana, em Roma; fez o Mestrado em Teologia Fundamental no Centro Sèvres, em Paris, e doutorou-se em Teologia Fundamental na Universidade Gregoriana, em Roma, em 2010. O novo provincial era até agora superior da Comunidade Pedro Arrupe (casa de formação de estudantes jesuítas) e professor na Faculdade de Teologia da UCP, em Braga. A província portuguesa da Companhia de Jesus, que atualmente abrange Portugal e Moçambique, foi a primeira a ser criada a nível mundial, em 1546. |
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CNIS teme colapso |
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O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), alertou para a possibilidade destas instituições “colapsarem” com o aumento da pobreza e consequente procura de apoio social que se prevê para este ano. “O Estado tem de estar atento, porque havendo um colapso das Instituições de Solidariedade, que têm sido uma almofada social para os portugueses nos últimos anos, o país entra mesmo em rutura”, disse o padre Lino Maia à Agência ECCLESIA. Há muitas instituições “em apuros” e o aumento da procura de ajuda que “lamentavelmente se prevê” vai levar a que muitas instituições “vivam sérias dificuldades sem um reforço de apoio financeiro por parte do Estado”, insiste. Apesar do Orçamento de Estado para 2014 “não prejudicar diretamente o setor solidário, afeta-o de forma indireta” porque com a carga fiscal e os cortes nas pensões, “juntando-se ao desemprego que persiste, muitos utentes das instituições de solidariedade vão diminuir as suas comparticipações, que já |
são por si baixas, ficando assim ainda mais reduzidas” o que vai levar a que as instituições se “deparem com dificuldades acrescidas” de sustentabilidade. O cenário para o novo ano não é por isso “agradável” e na opinião do sacerdote “se não houver uma atenção acrescida a este setor da solidariedade” é de temer que “aconteça um abandono progressivo daquilo que é a matriz deste setor que é o apoio aos mais necessitados”. Os reformados são uma grande percentagem da população que frequenta as Instituições de Solidariedade Social e “com estes cortes nas pensões vão ter de recorrer cada vez mais” às mesmas, que “não podem deixar de responder aos pedidos de ajuda dos idosos mais carenciados”, explica. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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O poder das lendas |
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José Carlos, Agência Ecclesia |
Correndo o risco de tornar-me repetitivo, face à onda gigantesca de testemunhos, histórias, homenagens e curiosidades que surgiu nos últimos dias, não posso passar ao lado da morte de Eusébio. Sou de uma geração que aprendeu a olhar para figuras do desporto nacional como Carlos Lopes, Joaquim Agostinho, António Livramento e Eusébio como se fossem lendas, homens de uma categoria diferente, quase sobrenatural, por não ter acompanhado com plena consciência os seus feitos. Quando o “pantera negra” chegou ao ocaso da sua carreira e deixou o Benfica, em 1975, eu ainda não era nascido e foi primeiro a partir das memórias do meu pai, que me incutiu o gosto pelo futebol, e depois já mais velho, através de uma melhor perceção do fenómeno futebolístico e das suas referências, que o “conheci”. Monstro, força da natureza, goleador, herói, símbolo, rei, foram algumas das expressões que ouvi e li acerca de Eusébio, enquanto fui crescendo. Depois, com o progresso da tecnologia, da televisão, dos media, dos computadores, o aparecimento do youtube, tive oportunidade de construir uma imagem mais completa do atleta e do homem, o que é que ele significou. E a primeira ideia que surge na memória, acerca do que representou Eusébio, é que o símbolo do Benfica e de Portugal ajudou-me
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a mim e às gerações mais novas a consolidarem um sentimento de orgulho nacional, de orgulho pela pertença a um país pequeno em território, é certo, mas capaz de grandes feitos, em todas as áreas da vida. Esta é a grande conquista das lendas, são capazes de unir verdadeiramente uma nação, independentemente da condição económica e social, da cor política, do clube. Têm também o dom de despertar nas pessoas a vontade de serem cada vez melhores, em todas as áreas, de enfrentarem os obstáculos com sacrifício, dedicação e confiança. Na nossa sociedade, quantos golos permanecem por marcar, |
montanhas por escalar e metas por atingir, no meio da crise que ainda persiste? No meio das referências que vão desaparecendo, são precisos outros nomes, outras figuras, que deem sentido, força e esperança às pessoas, que as façam superar limitações e barreiras na perseguição dos seus sonhos, na construção de um mundo melhor. Que 2014 seja um ano marcado pelo nascimento de novas figuras, novos “heróis” que preencham o vazio de exemplos, de lideranças, que o ano de 2013 veio reforçar, e aqui aproveito para deixar a minha homenagem ao grande homem que foi Nelson Mandela. |
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Igreja atenta ao aumento da emigração
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O diretor da Obra Católica Portuguesa de Migrações, frei Francisco Sales Diniz, fala do aumento do número de pessoas que deixam o país e assume as preocupações da Igreja Católica no setor, antecipando o próximo encontro de formação de agentes sociopastorais.
Agência ECCLESIA (AE) –Entre 2000 e 2011 emigraram cerca de 44 mil pessoas, em 2012 o número ultrapassa os 140 mil. De que forma é que a Igreja acompanha esta realidade em que as pessoas procuram uma vida melhor fora de Portugal? Francisco Sales Diniz (FSD) – Esta nova realidade, esta nova situação da emigração portuguesa é uma grande interpelação à Igreja, penso que é um dos grandes sinais dos tempos como diz o Papa Francisco e como já dizia o Papa Bento XVI. É algo que nos deve questionar porque a realidade da mobilidade humana no mundo hoje é uma realidade tão complexa, tão grande, tão |
abrangente que se tornou como eu costumo dizer “verdadeira terra de missão”. A Igreja continua a preocupar-se porque faz parte da sua missão, do seu mandato missionário, de ir e anunciar o Evangelho, e hoje é uma obrigação moral do próprio carisma da Igreja acompanhar aqueles que saem das suas comunidades e vão para outros países, para outras zonas geográficas. Fazemos um acompanhamento porque é preciso um processo bastante longo no tempo, para que as pessoas depois se integrem nas Igrejas locais das zonas geográficas para onde emigram. Este é um grande desafio, que para além de ser um desafio missionário evangélico é um grande desafio humano, porque o drama das pessoas que estão a emigrar hoje deve-se a carências económicas com bastantes necessidades; emigram muita vez sem uma rede social de apoio, uma rede social que os acolha para os destinos para onde vão e sem terem a certeza de encontrar trabalho e por isso precisam
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de pontos de referência e é isso que nós procuramos fazer nos países de emigração. Sabem que têm um espaço de acolhimento, um espaço com pessoas que os vão escutar, que os vão ouvir e que os vão tentar ajudar a resolver os problemas e as situações. Passamos uma fase em que |
a emigração estagnou e tivemos a questão da imigração. Agora com este ‘boom’, é preciso que a Igreja tenha como prioridade a necessidade de uma pastoral da emigração: continuar a disponibilizar agentes pastorais, a dar orientações para este trabalho. |
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AE – Há pessoas disponíveis e preparadas para acolher os emigrantes nas comunidades missionárias, nas comunidades dos países de forma a acompanhar estas pessoas que se deparam com múltiplos desafios inerentes ao fato de terem de emigrar? FSD – Nos países tradicionalmente de emigração portuguesa temos as nossas missões católicas estruturadas. Na Europa estamos na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Inglaterra (Ilha de Jersey) e também no Canadá e nos Estados Unidos da América temos uma relação com as comunidades portuguesas lá mais de apoio, porque a emigração é mais antiga e está já integrada e não estão tão dependentes da Obra Católica como os que estão nos países da Europa. As comunidades vão ao encontro das necessidades que os emigrantes vão apresentando e na maioria dos países da Europa o suporte material, digamos, é dado pela Igreja local, através dos serviços nacionais da |
pastoral dos migrantes. Depois existem muitas parcerias que as missões fazem com as Cáritas e outras instituições civis, para promover o apoio aos nossos emigrantes, porque as situações são muito dramáticas. As pessoas apresentam muitas carências.
AG – Essas igrejas locais estão preparadas para fazer face a este aumento de emigrantes portugueses? FSD – Estão preparadas para os receber, não estão é preparadas para as situações dramáticas que às vezes lhes surgem. Muitas vezes quer-se dar resposta a muitas situações de carências que as próprias missões não têm meios para isso. O que procuram fazer é encaminhar, serem mediadores para instituições dos países de acolhimento que possam ajudar a suprir essas carências que muitas vezes são materiais mas também a nível legal, por exemplo de situações de trabalho de exploração laboral e outras tantas situações que os nossos emigrantes hoje estão a viver. |
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AG – Uma das missões da Obra Católica Portuguesa das Migrações passa pelo esclarecimento das pessoas que optam por emigrar para não irem nem desinformadas nem à espera de encontrar um “el dorado” que depois não corresponde à realidade. São constantes estes desafios de pessoas que não estão preparadas mas que mesmo assim optam por emigrar? FSD - Sim, são constantes mas eu penso que neste momento que a |
questão está um pouco mais debatida. O Governo, através da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas lançou uma campanha a que nós nos associamos com a Cáritas Portuguesa porque estávamos a começar uma campanha semelhante mas quando o governo tomou a iniciativa nós decidimos associar-nos a elas. |
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AE – A crise e os cortes sistemáticas nos ordenados das pessoas que estão a trabalhar já sem falar no número de desempregados que também pensa em emigrar. Estes fatores não levam a que as pessoas mesmo assim nesse desconhecimento se lancem na mesma no desconhecido? FSD - As pessoas vão continuar a emigrar e cada vez em maior número. Consoante nós vemos os dados e a situação real do nosso país, percebemos que as pessoas estão a viver realidades muito difíceis e que as pessoas vão procurar emigrar e muita gente vai continuar a emigrar. Mas estou confiante que a partir de agora e com aquilo que tem sido feito, com os alertas que têm sido feitas e com as situações dramáticas que têm vindo a público na comunicação social que as pessoas estão com os olhos mais abertos e não se deixam iludir particularmente por ofertas de trabalho e angariadores de mão-de-obra barata, por promessas do “el dorado” que depois se transformam em verdadeiros infernos onde as pessoas |
praticamente se tornam escravas e entram no mundo, que é um dos maiores crimes da humanidade de hoje, que é o tráfico de pessoas.
AE- Há gestos simbólicos que o Papa Francisco tem vindo a ter, como por exemplo o que aconteceu em Lampedusa, mas também palavras fortes que ele tem usado. Podem ajudar a uma mudança de atitude no tratamento dos migrantes e dos refugiados? FSD – Acho que sim e acho que no geral as pessoas começam a tomar uma consciência maior da própria dignidade humana, começam a tomar consciência que o sistema social que foi criado centrado exclusivamente na economia, onde a economia e a alta finança sobrepôs-se ao valor e a importância da dignidade humana. Eu penso que as pessoas estão a tomar consciência disso e isso vai levar a uma mudança. O Papa Francisco está a ser uma referência, o mundo estava a precisar de sinais, de referências e o Papa desde o início tornou-se num ponto de referência
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e eu penso que isso vai ajudar as mentalidades. É de facto importante e o Papa Francisco naquilo que tem dito através dos seus gestos aos emigrantes, ele próprio filho de emigrantes tem essa experiência de saber o que é ser emigrante, do que é ver as famílias desenraizadas por pertencerem a mais do que uma cultura. Tudo o que ele tem afirmado vai ajudar a mudar |
mentalidades. O problema da mudança de mentalidade não está na população em geral, tem a ver mais com os interesses económicos, com a classe política que dirige as sociedades no nosso tempo e que tentam defender a economia e a alta finança como um modelo “salvador da humanidade” mas que em vez de estar a salvar está se calhar a destruir mais. |
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AE – Na mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o Papa Francisco acusa mesmo a existência de uma defesa do medo que corresponde a um fechamento de fronteiras e apela a uma cooperação internacional, uma regulação que proteja mais do que propriamente limite. É isto que está em causa? Uma mudança de atitude? FSD – Sim, está em causa uma mudança de atitude. Eu penso que é justo que as sociedades de |
alguma forma defendam as suas fronteiras, os seus cidadãos porque nós vemos que há uma grande parte da humanidade que vive em situações tão dramáticas, nós vemos este movimento fuga de África em direção à Europa que se houvesse uma abertura total, um controlo África ficaria destruída e a Europa também cairia. Portanto o que é preciso, e eu penso que a mudança passa por aí, é que
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os políticos principalmente os da Europa e os dos Estados Unidos, aqueles que são chamados de primeiro mundo face aos países chamados de terceiro mundo, deixem de apoiar como o fazem governos, políticos e situações corruptas pura e simplesmente por interesses económicos portanto é preciso mudar, é preciso fazer um trabalho nestes países de origem para mudar as situações para que as populações possam ter as condições para se fixar nos seus territórios, nos seus países, construírem as suas sociedades com os meios necessários para viverem com dignidade. Eu penso que o caminho tem de ser feito por aí.
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AE – Essa é uma economia ao serviço das pessoas? FSD – A economia deve ser sempre ao serviço das pessoas. Eu penso que o que está em causa e esta tem de ser a base sempre defendida pela igreja, que o Papa Francisco e todos nós defendemos. O mundo foi criado por Deus e foi criado para todos, não só para alguns. Infelizmente o que nós vemos e este mundo ultra liberal em que vivemos está centrado no poder de alguns que açabarcaram a maior parte dos bens que deviam de ser de todos, porque se tudo fosse distribuído equitativamente não haveria a miséria, a fome que existe agora. Continuamos a ver as lutas de poder desses grandes interesses que provocam tantas guerras, tantos ódios, tanta violência, tanta morte no nosso mundo. |
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AE – O Papa Francisco foca também um triângulo que tem responsabilidade na forma como a atitude perante as migrações poderia mudar, nomeadamente a responsabilidade da comunicação social, da igreja e da comunidade internacional. Como é que estes três atores, neste jogo de migrações, mudando de atitude poderiam ajudar a tornar este fenómeno migratório mais pacífico e mais equilibrado? FSD – A nível da comunicação social particularmente no nosso país têm-se feito grandes progressos porque hoje os meios de comunicação social em geral tratam as migrações de uma forma muito positiva. Hoje me dia quem cria as visões culturais e outras é a comunicação social e em especial a televisão, portanto eu penso que a comunicação social tem este papel fundamental de mostrar o lado positivo das migrações e não o negativo ao não identificar os medos de que o Papa falava na mensagem e que são denunciados por tanta gente. Os medos com a criminalidade, |
com o roubo do trabalho aos autóctones às vezes transpareciam nas notícias que eram transmitidas, hoje em dia já não é assim e a comunicação social tem de dar uma imagem positiva do que é de facto a emigração porque para cada país é uma renovação, é um enriquecimento. Para a Igreja é um grande enriquecimento e particularmente para a nossa velha Europa onde a Igreja continua a manter-se como uma igreja de tradição, uma igreja de sacristia que deixou de ser missionária para ser quase uma igreja prestadora de serviços à qual as pessoas recorrem. Portanto os emigrantes que vão chegando à igreja na Europa, ao velho mundo, trazem uma nova forma de ser, uma cultura religiosa cristã diferente e de facto são uma lufada de ar fresco e que podem ajudar. Há um grande trabalho a ser feito, há que mudar as mentalidades porque as nossas comunidades continuam muito fechadas quer em Portugal, quer nos países |
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de acolhimento dos portugueses onde as comunidades se fecharam em si mesmas e não dão abertura a esta nova realidade, não se deixam transformar por este grande sinal dos tempos. A comunidade internacional é fundamental para a visão positiva da mobilidade humana. Tem de haver um trabalho se calhar a |
partir das Nações Unidas, a partir da União Europeia de uma maior abertura, de uma cooperação porque o que nós vemos por exemplo na União Europeia é que não se fala a uma só voz. Se queremos construir uma Europa unida, é preciso que os governos trabalhem em conjunto. |
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Igreja atenta a emigrantes
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A Igreja Católica em Portugal manifestou a sua preocupação com o aumento de emigrantes que deixam o país sem garantias e vai organizar um encontro dedicado às “aventuras e desencantos” de quem deixou o país. “Infelizmente, muitas destas pessoas partiram sem a segurança de um posto de trabalho e a garantia de um ambiente de acolhimento. Cresce, por isso, o número de cidadãos portugueses na diáspora que vivem sem dignidade”, alertam a Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) e a Cáritas, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA. A nota cita dados do Instituto Nacional de Estatística, segundo os quais a a emigração aumentou 85% em Portugal entre 2010 e 2011, ano em que saíram de Portugal 44 mil pessoas; em 2012, esse número subiu para 121 418, abrangendo sobretudo jovens com menos de 30 anos. “A emigração tem aumentado significativamente nos últimos anos. São muitos os cidadãos que |
procuram trabalho longe da pátria na tentativa de encontrar melhores condições de vida e de as oferecer aos seus familiares”, assinala o comunicado. O tema vai estar em destaque no 14.º Encontro de formação de agentes sociopastorais das migrações, que decorrerá em Albergaria-a-Velha (Diocese de Aveiro) nos dias 17, 18, 19 de janeiro de 2014. Durante três dias, os dados sociológicos e estatísticos serão apresentados por académicos que os estudam, nomeadamente Ana Paula Beja-Horta e João Peixoto, “para deixar pistas de atuação junto de quem dá atenção às problemáticas das pessoas migrantes”. O bispo de Aveiro, D. António Francisco dos Santos fará a conferência de abertura deste encontro, abordando a importância das migrações para a pastoral da Igreja Católica. No domingo pela manhã, numa conferência na cidade de Aveiro aberta a todo o público, |
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D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, fará a comunicação de encerramento deste encontro apresentando e analisando a mensagem que o Papa Francisco propõe para a celebração do Dia Mundial do Migrante e Refugiado, com o tema ‘Migrantes e Refugiados: Rumo a um Mundo Melhor’.
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O encontro de formação de agentes sociopastorais das migrações assinala em Portugal o Dia Mundial do Migrante e Refugiado, que a Igreja Católica comemora no domingo dia 19 de janeiro, e é organizado em parceria pela Obra Católica Portuguesa de Migrações, Cáritas Portuguesa e Agência ECCLESIA. |
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Os desafios que a emigração
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Os mais de 120 mil portugueses que deixaram Portugal em 2013 colocam desafios específicos à Igreja, em contexto rural e urbano, litoral e insular. Esta hemorragia demográfica, agravada pela baixa taxa de natalidade em Portugal, fere o país em todas as suas expressões e mutila o seu capital humano. Em Portugal, ocorre conhecer as características da nova e invisível vaga migratória; ocorre fazer-se próximo das pessoas para apoiar os familiares (idosos, doentes e crianças) que ficam para trás, às vezes dependentes dos escassos proventos de quem partiu, isolados, sem o apoio necessário por desconhecimento dos casos por parte da própria comunidade, paróquia ou Caritas. No estrangeiro, ocorre igualmente tornar-se próximo para que a escola deixe de ser discriminatória e seletiva (por causa da língua) para os filhos de emigrantes; para que o trabalho em excesso, às vezes tão desumano porque altamente competitivo, e a vontade de fazer |
face, no mais curto espaço de tempo a dívidas pendentes ou situações familiares complexas, não roube para sempre a alma às pessoas, não banalize ainda mais a dignidade humana e não dilua os valores cristãos: os únicos a poder garantir a transcendência da vida e alimentar o sonho que todo o emigrante e refugiado acalenta no seu coração: um mundo melhor, uma vida melhor. Os portugueses não estão ainda integrados nos países para onde emigraram e continuam a emigrar! Termino recordando à Igreja em Portugal portuguesa essa importante tarefa. Refiro-me ao diálogo solidário e periódico com as estruturas das Igrejas que acolhem as Comunidades portuguesas. Nós, missionários dos emigrantes, precisamos de mais apoio a nível do discernimento crítico para que a reestruturação interna no Luxemburgo e na Europa que compreende a redução de recursos humanos e financeiros não prive fatalmente as |
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Comunidades Católicas Portuguesas de meios adequados. As Missões Católicas de Língua Portuguesa, desde há uma década envolvidas num processo de renovação eclesiológica, inspirado no modelo da “Pastoral Intercomunitária”, esperam ser mais seguidas e acompanhadas pela Igreja em Portugal. Somos um modelo pastoral de acompanhamento espiritual e |
mediação cultural a reinventar. Com mais razão ainda, num momento epocal de viragem histórica em que o fluxo de Emigração deixou de ser tabu – como o foi nos últimos 25 anos - para voltar a ser uma preocupação nacional.
Padre Rui Pedro, missionário Scalabriniano no Luxemburgo (excerto de entrevista a publicar em www.agencia.eccleisa.pt) |
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Da Moldávia para Portugal
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Em 2005, Mariana Ceban trabalhava como empregada de mesa num hotel em Lisboa quando encontrou por acaso numa revista, um pequeno anúncio do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) sobre o programa de equivalências de habilitações académicas e profissionais de enfermeiros imigrantes. Depois desse momento a sua vida mudou, “candidatou-se ao programa”, foi aceite e “o sonho de exercer a profissão de enfermeira em Portugal” começou a concretizar-se, explica, em declarações à Agência ECCLESIA. Quando se dirigiu ao JRS, Mariana ficou impressionada com “o carinho das pessoas, donas de uma alma muito grande que ainda ficaram à espera dos documentos que tinham de vir da Moldávia para finalizar o processo de admissão ao curso”, que começaria a frequentar em maio de 2005. Para reunir na Moldávia os documentos necessários |
Mariana contou com a preciosa ajuda do irmão, que “entre muitas idas à escola de enfermagem, à embaixada e ao Ministério da Educação moldavo, conseguiu reunir tudo e enviar com urgência para Portugal”, conta. Apesar de ter sido um processo “dispendioso” Mariana nunca desistiu, porque tinha “um querer muito grande” de exercer enfermagem em Portugal. Durante 6 meses, Mariana integrou o curso de habilitações académicas e profissionais de enfermeiros imigrantes que consistiu em “3 meses de estágio prático divididos entre o Hospital Amadora-Sintra e o Centro de Saúde de Alfornelos, na Amadora e 3 meses de aprendizagem e aperfeiçoamento da língua portuguesa na Universidade de Letras em Lisboa”. A vontade de exercer a profissão fez de Mariana uma aluna exemplar e atualmente está a trabalhar num dos locais onde estagiou, o Amadora-Sintra. Casada e com um filho, que |
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em 2005 tinha 9 anos, Mariana garante que a ajuda do marido foi “determinante para chegar onde está hoje em dia, porque ao longo de todo o processo o apoio dele foi muito importante para conseguir fazer este curso muito exigente e desgastante”. Um ano depois de conseguir as equivalências, Mariana voltou aos estudos e fez a licenciatura em enfermagem numa universidade portuguesa para “aperfeiçoar a forma de trabalhar |
e aproximá-la ao que se faz em Portugal”.
O programa de equivalências de habilitações académicas e profissionais de enfermeiros imigrantes que a Mariana integrou foi um projeto levado a cabo pelo JRS, a Escola Superior de Enfermagem Francisco Gentil, pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), que decorreu entre 2005 e 2007 e que foi financiado pelo programa comunitário EQUAL.
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Por uma cultura de hospitalidade |
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Infelizmente o mundo é hoje um lugar mais perigoso e ameaçador. A causa está nos diversos conflitos e convulsões sociais, alguns deles às portas da Europa, que forçam milhões de pessoas a sair dos seus países, nalguns casos para salvar a vida, engrossando a fileira de deslocados e refugiados. Hoje na Síria, ontem no Afeganistão ou no Sudão, como noutras regiões do mundo, milhares de homens, mulheres e crianças procuram fugir do ódio sectário e da destruição da guerra sempre mais brutal para os mais indefesos. Perante o sofrimento dos refugiados somos chamados à acção. Não podemos ficar calados porque o nosso silêncio colabora com os opressores e os tiranos. Num tempo em que se fala de crise a tantos níveis, importa também dar sinais que contrariem a chamada crise de valores e contribuam para uma cultura de hospitalidade, uma cultura que oriente a política europeia. A Comunicação Social tem aqui |
um papel fundamental, quer na informação, quer na formação de uma cultura de hospitalidade. São vulgares as atitudes de discriminação sobretudo em virtude de uma informação superficial e assente em estereótipos que tendem a aumentar a tensão e o medo e a reduzir a nossa capacidade de acolher. Reflexo dessa percepção generalizada é o crescimento em muitos países europeus dos partidos cuja retórica assenta em discursos xenófobos e racistas. Ora, os países europeus são hoje, na sua larga maioria, países de destino de milhares de migrantes e de refugiados, que aguardam uma oportunidade para saírem da miséria ou mesmo de salvar a sua vida. Infelizmente também para a pequena minoria que consegue chegar à europa, o drama da sobrevivência não termina com a sua chegada. Para muitos, aqui começa um novo calvário de exploração e solidão. A cultura de hospitalidade revela-se de fato essencial para a promoção da justiça e tem uma |
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importância decisiva na integração dos migrantes. A hospitalidade como atitude deve ser entendida não só no seu aspecto mais afectivo, mas sobretudo como prática e a aprofundar em muitas dimensões. Acolher obriga a sair de si, ao respeito pelo outro, pela aceitação de que o outro seja o que é, passa pelo progressivo conhecimento de nós próprios e dos outros. Deus ensina-nos a sair de nós e a acolher o outro, ao ter começado por precisar de ser acolhido pelos homens desde a sua concepção, passando pelo seu nascimento e sobretudo, na sua palavra e vida. Nas sociedades em que vivemos urge tornar visível os sinais que nos ajudem a acolher o essencial, porque entre o consumo e a festa sem conteúdo, podemos ir ficando um pouco indiferentes e até adormecidos pelo ruído que se instala e que nos afasta de uma atitude de acolhimento.
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É por isso significativo que o Papa Francisco e a Igreja saiam em defesa dos migrantes e dos refugiados. É um sinal de esperança para um mundo marcado pelos egoísmos e medos que não deixam que se abram as portas aos mais frágeis e vulneráveis, deixando-os tantas vezes sujeitos à violência e à morte. Na sua visita a Lampedusa, fomos lembrados que é importante não ficarmos indiferentes ao sofrimento humano. Hoje creio que somos todos chamados a colaborar numa cultura de hospitalidade, em comunhão com os gestos e as palavras do Papa e como testemunhas do amor de Deus pela humanidade, acolhendo os refugiados e os migrantes vulneráveis.
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Papa defende mudança de atitude |
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O Papa apeloa a uma mudança de “atitude” em relação aos migrantes e refugiados, alertando para os “tráficos de exploração, de dor e de morte” de que estas populações são alvo. “Os migrantes e refugiados não são peões no tabuleiro de xadrez da humanidade. Trata-se de crianças, mulheres e homens que deixam ou são forçados a abandonar suas casas por vários motivos”, escreve Francisco numa mensagem intitulada ‘Migrantes e refugiados: rumo a um mundo melhor’. O texto projeta a próxima Jornada Mundial do Migrante e do Refugiado, que vai ser celebrada pela Igreja Católica a 19 de janeiro. Segundo o Papa, é necessário passar de “uma atitude de defesa e de medo, de desinteresse ou de marginalização - que, no final, corresponde precisamente à ‘cultura do descartável’ – para uma atitude que tem por base a ‘cultura do encontro’, a única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno”. “Os meios de comunicação também são chamados a entrar nesta ‘conversão de atitudes’
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e a incentivar esta mudança de comportamento em relação aos imigrantes e refugiados”, acrescenta. Francisco mostra a sua preocupação com a migração forçada e com as “várias modalidades de tráfico humano e de escravidão”. “O ‘trabalho escravo’ é hoje uma moeda corrente”, alerta. A mensagem adverte ainda para o “escândalo da pobreza” nas suas várias dimensões: Violência, exploração, discriminação, marginalização, abordagens restritivas às liberdades fundamentais. Neste sentido, Francisco propõe um desenvolvimento “autêntico e integral”, que promova “condições de vida digna para todos” e permita que se encontrem respostas às necessidades dos indivíduos e das famílias. “Não se pode reduzir o desenvolvimento a um mero crescimento económico, alcançado, muitas vezes, sem ter em conta os mais fracos e indefesos”, prossegue a reflexão. O Papa propõe maior cooperação internacional e um “espírito de profunda solidariedade |
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e compaixão” para abordar a realidade das migrações de uma maneira “nova, justa e eficaz”. “Nenhum país pode enfrentar sozinho as dificuldades associadas a esse fenómeno que, sendo tão amplo, já afeta todos os continentes com o seu duplo movimento de imigração e emigração”, precisa.
Uma das soluções propostas passa por “criar oportunidades
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de emprego nas economias locais”, impedindo assim a separação das famílias. O texto deixa também um apelo à “superação de preconceitos” perante migrantes e refugiados, convidando os meios de comunicação social a “desmascarar estereótipos e fornecer informações corretas”.
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Projeto de apoio a familiares de emigrantes |
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A Fundação São João de Deus começou 2014 com um novo projeto de solidariedade intitulado “Somos por si, somos por Portugal”, que pretende apoiar os familiares de emigrantes portugueses. Trata-se de um programa-piloto da Fundação São João de Deus, iniciado a 2 de janeiro, que visa “apoiar as famílias de pessoas que estão fora de Portugal e que têm uma fraca rede social de suporte nas zonas de Lisboa e da Guarda” revelou à Agência ECCLESIA Sandra Silva, coordenadora do projeto. O objetivo é chegar “às pessoas que vivem um isolamento muito grande, pais ou conjugues de pessoas que foram para fora do país, deixando quem cá fica sem qualquer suporte” sendo por isso “um serviço gratuito” que vai ser testado nos próximos dois anos e que vai alargar-se em breve à região do Porto e a Ponta Delgada nos Açores. Na prática este projeto da Fundação São João de Deus tem equipas de psicólogos, assistentes sociais e sociólogos que entram em contato “com as |
instituições que estão fora de Portugal que fazem a ponte com os familiares que estão emigrados e que mostram preocupação com quem ficou sozinho em Portugal” levando a que depois a equipa técnica no local possa acompanhar os familiares dos emigrantes portugueses. “Trata-se de um acompanhamento simples, muitas vezes passa apenas por fazer companhia à pessoa, ajudá-la a fazer compras ou levá-la a algum serviço, como por exemplo às finanças”, explica Sandra Silva. “A prestação de cuidados de saúde está fora do nosso âmbito de atuação tal como a movimentação de valores monetários, este projeto complementa sim muito aquilo que já é feito no apoio domiciliar que por vezes só dura uma hora e nós fazemos assim o prolongamento desse serviço”. Além das equipas técnicas presentes em Lisboa e na Guarda este projeto conta no local “com a ajuda preciosa de vários voluntários”, conclui a coordenadora do projeto, que conta com a parceria do |
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Observatório dos Luso-Descendentes. A fundação instituída pela Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira de São João de Deus em novembro de 2006 é uma Instituição Particular
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de Solidariedade Social vocacionada para o auxílio aos doentes e aos mais carenciados.
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Emigração: Uma Oportunidade
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Nós, portugueses, sempre gostámos de descobrir novos mundos. Somos, por natureza, um povo conquistador que não tem medo de aventuras. Demos o " salto " para Franca nos anos 60, partimos (obrigados) para África em defesa das ex-colónias, emigramos, agora, para países europeus ao abrigo dum estatuto de livre circulação. O pretexto, agora, é o da falta de trabalho no nosso torrão pátrio. Lá fora vamos dar mais valor a Portugal. Sentimos saudades do nosso País e constatamos, por vezes, afinal, que lá no nosso " cantinho" nem tudo é assim tão mau como dizíamos antes de partir. Passámos a dispor do dinheiro que não tínhamos, mas, ao mesmo tempo, nasceram " vazios existenciais " que só a nossa Fé pode preencher! No meu caso pessoal a deslocalização para o Luxemburgo tem vindo a revelar-se uma |
oportunidade gratificante de valorização espiritual. Como sublinhou o Papa Francisco na sua mensagem para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado "as migrações podem criar possibilidades para a nova evangelização". Mais importante do que ganhar dinheiro ressalta a oportunidade do encontro com outras culturas tão diferentes, o que nos confere a possibilidade de trocar experiências e vivências com as quais, à partida, não estávamos identificados. No caso do Luxemburgo há a oportunidade de conviver de perto com belgas, franceses, alemães, cabo-verdianos, marroquinos, italianos, espanhóis, sem esquecer os próprios luxemburgueses... o que, desde logo, representa uma mais valia para o conhecimento de outras lógicas de vida onde, por vezes, o profano se confunde com o divino .
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Como é evidente o caminho não se percorre sem obstáculos, os maiores dos quais têm a ver com a exploração a que são submetidos alguns dos portugueses que vivem e trabalham no Grão-Ducado. Alguns patrões portugueses aproveitam-se da fragilidade dos que chegam com uma mão à frente e outra atrás para impor regras de trabalho de verdadeira escravatura, sem contratos de trabalho e pagamentos a " negro". Nós, que somos Igreja, deveremos ter a coragem de denunciar estas (e outras) situações de discriminação que são visíveis nestas " periferias " da humanidade que se dizem católicas, cumprem rituais e consideram os sacerdotes como meros " funcionários do sagrado ". Por isso a nossa presença pode |
revelar - se importante para desmistificar conceitos e ajudar outros no seu peregrinar. Como escreveu o Papa Francisco " o mundo só pode melhorar se a atenção é dirigida em primeiro lugar à pessoa " Em jeito de síntese, dou graças a Deus por me facultar esta experiência no Luxemburgo, não tanto por razões de natureza económica, mas por imperativos de índole espiritual: deixei a minha paróquia em Lisboa para poder abraçar, agora, outros irmãos em Cristo, o que constitui uma oportunidade ímpar de evangelização, quiçá nem sempre possível de concretizar, de acordo com a nossa vontade...
Rui J. Marques, jornalista |
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Papa convida a guardar
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O Papa Francisco destacou no Vaticano a importância do Batismo, no início de um novo ciclo de catequeses sobre os Sacramentos, e pediu aos católicos que mantenham viva a “memória” da sua entrada na Igreja. “O Batismo é o Sacramento sobre o qual se fundamenta a nossa fé e que nos faz membros vivos de Cristo e da sua Igreja: não é um simples rito ou acontecimento formal, é um ato que afeta em profundidade a existência”, disse, na audiência pública semanal das quartas-feiras, que decorreu na Praça de São Pedro, perante dezenas de milhares de pessoas. O Papa sustentou que o Batismo não é uma “formalidade”, mas “um ato que toca em profundidade” a existência. “Pode surgir em nós uma questão: é realmente necessário o Batismo para viver como cristãos e seguir Jesus? Não é, no fundo, um simples rito, um ato formal da Igreja para dar o nome à criança? |
É uma pergunta que pode surgir”, admitiu. Francisco respondeu com um sublinhado da “vida nova” que surge com este Sacramento: “Não é o mesmo uma criança ser batizada ou não, não é o mesmo”. À imagem do que fizera noutras ocasiões, a respeito do mesmo tema, o Papa desafiou os presentes a descobrir a “data feliz” do seu dia de Batismo e disse que este era um “trabalho de casa” que deixava aos participantes, para que essa celebração não se limite a ser um facto do “passado” e possa levar os fiéis a “viver cada dia aspirando à vocação” que receberam nesse Sacramento. Segundo Francisco, ninguém se pode batizar a si próprio, porque este é um “ato de fraternidade, de filiação à Igreja”, que funciona como uma cadeia. “Pelo Batismo mergulhamos na fonte inesgotável da vida quem brota da morte de Jesus. Assim podemos viver uma vida nova, de |
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comunhão com Deus e com os irmãos”, declarou. O Papa explicou que nos Sacramentos, “centro da fé cristã”, Deus “comunica a sua graça, torna-se presente e atua” na vida de todos. “Os sete Sacramentos da Igreja prolongam na história a ação salvífica e vivificante de Cristo, com a força do Espírito Santo. Se seguimos Jesus e permanecemos na Igreja, com os nossos limites e fragilidades, é graças aos Sacramentos”, precisou. Francisco deixou uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa, encorajando-os a viver o Batismo como “realidade atual” |
da existência. “Não deixeis que vos roubem a vossa identidade cristã! Com estes votos, invoco sobre vós e vossas famílias a abundância das bênçãos do Céu”, disse. O Papa assistiu a uma atuação especial do ‘Golden Circus’ da italiana Liana Orfei, que este ano “privilegia o mundo latino-americano” e a quem deu os “parabéns”. No início da audiência, o Papa convidou o padre argentino Fabian Baez, que reconheceu no meio da multidão, a subir para o papamóvel e acompanhá-lo no resto do percurso pela Praça de São Pedro. |
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Papa encoraja Comunidades
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O Papa enviou uma mensagem ao encontro das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) que decorre no Brasil, pedindo que estas assumam cada vez mais o seu “importantíssimo papel na missão Evangelizadora da Igreja”. “Confiando os trabalhos e os participantes do 13.º Encontro Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base à proteção de Nossa Senhora Aparecida, convido a todos a vivê-lo como um encontro de fé e de missão, de discípulos missionários que caminham com Jesus, anunciando e testemunhando com os pobres a profecia dos ‘novos céus e da nova terra’”, refere Francisco. O encontro aborda o tema ‘Justiça e Profecia a serviço da vida’ e tem como lema ‘CEBs: romeiros do Reino no campo e na cidade’. Segundo o site da Conferência Nacional de Bispos do Brasil, esta é a primeira vez que um Intereclesial das CEBs recebe uma mensagem do Papa. Francisco afirma que estas instituições “trazem um novo |
ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo que renovam a Igreja”. “Todos devemos ser romeiros, no campo e na cidade, levando a alegria do Evangelho a cada homem e a cada mulher”, acrescenta. O Papa cita o “Documento de Aparecida” (2007), fruto da V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, em que participou como arcebispo de Buenos Aires, para afirmar que as CEBs são um instrumento que permite “chegar a um conhecimento maior da Palavra de Deus, ao compromisso social em nome do Evangelho”. |
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Papa anuncia viagem à Terra Santa |
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O Papa revelou este domingo que vai realizar a sua primeira visita à Terra Santa no próximo mês de maio, para assinalar o 50.º aniversário do “histórico” encontro entre Paulo VI e o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Atenágoras (representado na foto). “No clima de alegria típico deste tempo natalícia, desejo anunciar que de 24 a 26 de maio próximo, se Deus quiser, farei uma peregrinação à Terra Santa. O seu objetivo principal é comemorar o histórico encontro entre o Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras, que aconteceu precisamente a 5 de janeiro, há 50 anos”, disse, após a recitação da oração do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício sobre a Praça de São Pedro, no Vaticano. O encontro entre Paulo VI e o patriarca ecuménico de Constantinopla marcou uma nova etapa nas relações entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa, promovendo uma maior aproximação, mais de nove séculos depois do Grande Cisma do Oriente (1054).
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Francisco vai passar pela capital da Jordânia, Amã, por Belém, na Palestina, e Jerusalém. O Papa revelou também que se vai encontrar com “todos os representantes das Igrejas cristãs de Jerusalém” na Basílica do Santo Sepulcro, juntamente com o patriarca Bartolomeu, de Constantinopla. “Peço-vos desde já que rezem por esta peregrinação, que será uma peregrinação de oração”, acrescentou. Esta será a segunda viagem fora da Itália de Francisco, após a visita ao Brasil em julho de 2013, e a quarta visita de um Papa à Terra Santa, após Paulo VI (1964), João Paulo II (2000) e Bento XVI (2009).
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial a nível internacional, nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Audiência Geral de 08 de janeiro
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O lobo de Wall Street |
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Filho de contabilistas, de origem judia e nascido no Bronx, periferia de Nova Iorque, John Belford é um jovem ambicioso que parte para Nova Iorque em busca de sucesso. O seu sonho é vingar no mercado financeiro e o primeiro emprego será numa empresa cotada em bolsa, onde, como corretor, começa a revelar o seu espírito soberbo e pouco escrupuloso. Sofre o primeiro revés profissional com o ‘crash’ da famosa ‘segunda-feira negra’, a 17 de Outubro de 1987, que o coloca no desemprego. Belford não se deixa esmorecer e adota rapidamente novos planos: com um amigo, funda a Stratton Oakmont, empresa estrategicamente sediada em Long Island que, ainda no início dos anos noventa, é já o maior operador de OTC (mercado não regulamentado onde as transações ocorrem diretamente ajustadas entre duas partes, como a maioria dos swaps) dos Estados Unidos, responsável pela oferta pública inicial de trinta e cinco firmas. Aos vinte e seis anos de idade, Belford exibe um estilo de |
vida desmedido e faustoso, acumulando uma fortuna de quarenta e milhões de dólares num só ano. O sucesso é alcançado, mas os meios para o atingir são, praticamente todos, fraudulentos e questionáveis. Num contexto de capitalismo favorável a excessos e perversidades, Belford não olha a escrúpulos para atingir os seus objetivos. Acumulando inimigos, sobretudo entre os que foi enganando na sua escalada de ambição, e acicatando os defensores da lei, acabará em 1998 por ser indiciado de crime, acusado de fraude e lavagem de dinheiro. Segue-se a condenação, a colaboração com a justiça que permite uma oportuna caça a outras fortunas não idóneas e a publicação de dois livros, um dos quais a auto biografia que serve de inspiração a este filme. Aos setenta e um anos de idade, Martin Scorsese continua a revelar a sua vitalidade cinematográfica e a vontade de escrever a história da América, que vem olhando ao longo dos anos por múltiplos prismas. Em todos, raramente escusa o lado mais negro |
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daquela que, para uns tantos, foi considerada a ‘terra dos sonhos’ e, para tantos outros, ‘um exemplo’. Acusado por alguma crítica de ter construído um filme tão pouco idóneo como a vida do protagonista, que a mesma crítica entende sair engrandecida, maleabilizada e apetecível, ‘O Lobo de Wall Street’ é, para todos os efeitos, considerado um dos filmes do ano pela indústria e o mundo cinematográficos, já candidato aos Globos de Ouro para Melhor Filme (Musical ou Comédia) e Ator Principal. |
Realizado com grande fôlego, um olhar minimamente perspicaz poderá facilmente adivinhar a ironia com que a figura de Belford é retratada, com Di Caprio a desempenhá-la com o habitual brilhantismo. Na dúvida, debata-se forma e conteúdo com especialistas do cinema, da comunicação e do mundo financeiro, atentando a todas as questões e procedimentos financeiros que são comuns ao nosso contexto.
Margarida Ataíde |
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2014 – Ano Internacional
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http://www.fao.org/family-farming-2014/home/pt/
Sabia que na 66ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, 2014 foi formalmente declarado o “Ano Internacional da Agricultura Familiar”? O Ano Internacional da Agricultura Familiar (AIAF) pretende “aumentar a visibilidade da agricultura familiar e dos pequenos agricultores, focalizando a atenção mundial no seu papel importante na erradicação da fome e da pobreza, provisão da segurança alimentar e nutricional, melhorar os meios de subsistência, gestão dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e para o desenvolvimento sustentável, particularmente nas áreas rurais. O objetivo do AIAF 2014 passa por reposicionar a agricultura familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais e sociais das agendas nacionais, identificando lacunas e oportunidades para promover uma mudança rumo a um |
desenvolvimento mais equitativo e equilibrado. O AIAF 2014 vai promover uma ampla discussão e cooperação de âmbito nacional, regional e global para aumentar a conscientização e o entendimento dos desafios que os pequenos agricultores enfrentam e ajudar a identificar maneiras eficientes de apoiar os agricultores familiares”. Assim como forma de percebermos melhor este projeto, esta semana propomos uma visita ao sítio da AIAF 2014. Ao entrarmos neste espaço virtual, eminentemente informativo, encontramos os habituais destaques, uma resumida explicação da razão de ser deste e ainda ligações para as principais redes sociais. Na opção “Agricultura Familiar” podemos conhecer os objetivos e as linhas de ação do AIAF 2024, perceber quais são as mensagens principais a reter, quem é a estrutura e as parcerias que o sustentam e ainda descarregar o plano de todo este enorme projeto. |
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Em “sala de imprensa” podemos encontrar todas as notícias referentes a este ano, bem como todos os artigos que vão sendo publicados nos variados meios de comunicação social internacional.
Caso pretenda descobrir quais os eventos que vão decorrer durante todo este ano no mundo inteiro, basta clicar em “eventos”. Aí pode consultar a distribuição dos eventos num mapa-mundo, saber quais são os próximos acontecimentos, quais foram os eventos que passaram e por último um resumo dos eventos oficiais. Para terminar, em “recursos” podemos descarregar para o nosso computador as publicações relacionadas com o tema, perceber a conceção do logotipo oficial e sua explicação, e aceder aos mais recentes vídeos, arquivos de áudio e fotos que nos vão ajudar a aprender mais sobre a agricultura familiar.
Fernando Cassola Marques |
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Uma história da Igreja Africana |
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Já publicada nas línguas inglesa e francesa, esta obra constitui uma síntese histórica e cultural que torna percetível a riqueza e a diversidade das Igrejas em África, permitindo problematizar, no passado e no presente, os grandes espaços e linhas de fricção, destruições e reconstituições sincréticas entre diferentes interesses. É um livro para clérigos e leigos que queiram ter noções claras, de caráter geral, sobre a Igreja africana, ou tenham de ensinar em seminários, faculdades ou universidades; contém material útil tanto a professores como a estudantes.
Editora: Paulinas ISBN: 978-971-751-446-5 Código de barras: 5603658199109 Páginas: 632 |
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A Bíblia |
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A Bíblia está na base da nossa civilização, da nossa maneira de pensar e de viver. Descobrir estes textos tão antigos, é descobrir o mundo em que vivemos. Repleta de informações, documentos e comentários, esta obra dirige-se tanto aos jovens leitores como aos seus pais... 200 textos fundamentais, 700 gravuras explicativas, 25 dossiers temáticos. Os textos essenciais. As chaves para os compreender.
Título: A Bíblia Autor: Anne Bideault Coleção: Bíblica Secção: Ler a Bíblia Páginas: 453 Editora: Paulus Editora ISBN: 9789723012705 |
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II Concílio do Vaticano: O legado «sólido» de D. Joaquim Gonçalves |
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No último dia do ano transacto, o bispo emérito de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves, deixou a vida terrena, mas o seu legado reflexivo fica gravado na memória de muitos. Apesar dos seus 77 anos de idade, o prelado que esteve 20 anos à frente da diocese das terras do Marão, nunca colocou a pena na gaveta e oferecia aos leitores de vários jornais regionais textos ancorados no II Concílio do Vaticano. A missão da Igreja “não se esgota no culto, tem uma relação estreita com o mundo. De certo modo a Igreja só existe por causa do mundo”, escreveu D. Joaquim Gonçalves no Jornal Voz de Trás-os-Montes, de 06 de maio de 2010. Foi isso que o concílio convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI exprimiu em duas constituições: «Sacrosanctum Concilium» e «Gaudium et Spes». A da Liturgia foi a primeira a ser publicada e a da presença da Igreja no mundo contemporâneo a última: “A Igreja é um povo que reza e é igualmente um povo enviado ao mundo. Se a igreja olha para dentro de si mesma é para se robustecer a fim de melhor servir, e se é enviada ao mundo é para ajudar o mundo na sua vocação”, lê-se no mesmo artigo. Natural da freguesia de Revelhe (Fafe), D. Joaquim Gonçalves tinha uma atenção permanente ao mundo que o rodeava. Nem mesmo depois do transplante cardíaco, o prelado deixou de acompanhar, ler e reflectir sobre |
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ia sociedade actual. Era conhecida a sua paixão pelos escritos de Miguel Torga, mas os pensadores contemporâneos, como Zygmunt Bauman, também preenchiam os seus tempos de leitura, muitas vezes acompanhados com a música de Verdi e Rossini. Centrado na análise de Zygmunt Bauman que considera a mentalidade de hoje centrada na cultura «dos líquidos», D. Joaquim Gonçalves revelava que na ausência de princípios, “crescem a areia do relativismo e o fumo do subjectivismo” e multiplicam-se os contrastes: “fé e campanhas de ateísmo; superstição e terrorismo religioso; paixão política até à cegueira e cidadãos desinteressados da vida política; campanhas por melhores condições de saúde ao lado da matança organizada do aborto de modo que em cada hora um homem mata outro homem; esbanjamento de bens e pobreza extrema dentro do mesmo país”. No seu artigo «Ser cristão no tempo dos líquidos ou a |
necessidade de pensar», o prelado falecido recentemente vinca que o mundo “trocou as estruturas de reflexão por cursos feitos à base de informações desconexas colhidas na internet”. Para o antigo prelado de Vila Real, os tempos actuais abandonaram o “eixo da cultura clássica e da dimensão religiosa” e debate-se agora com um mundo “sem eixo, deprimido e desencantado”. “Trocou os «sólidos» pelos «líquidos» e, afinal, ainda se mantém de pé pelo apoio dos «sólidos» que rejeitou e que se manifestam na solidariedade dos povos e na entreajuda local”, escreveu D. Joaquim Gonçalves. No texto «A desordem cultural e pregação», publicado (Notícias de Beja, 02 de Janeiro de 2014) já depois da sua morte, o bispo sublinha: “Há, pois, uma necessidade imperiosa de evangelizar as culturas para inculturar o evangelho”. “A pregação poética que não chega ao raciocínio não cumpre a sua missão”, termina. |
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janeiro 2014 |
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Dia 10
* Porto - UCP - Nova edição da iniciativa «Aprender a Educar – programa para pais» da Universidade Católica Portuguesa. |
* Guarda - Figueira de Castelo Rodrigo (Câmara municipal) - Encerramento da exposição de presépios «Rm cada Natal há um presépio».
Dia 11
* Viseu - Tondela (Biblioteca Municipal Tomaz Ribeiro) (15h00m) -Lançamento do livro «Em busca da vida» da autoria do padre Alcides Vilarinho. |
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* Porto - Gaia (Auditório municipal) (21h30m) - Concerto de Ano Novo da responsabilidade da Academia de Música de Vilar do Paraíso.
Dia 12 * Algarve - Alvor - Encerramento (início a 05 de janeiro) da visita pastoral de D. Manuel Quintas à paróquia de Alvor. |
* Luxemburgo - Differdange - O arcebispo D. Jean Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo, celebra com a comunidade de língua portuguesa.
Dia 13 |
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A Pastoral do Turismo estreia as suas Jornadas nos dias 10 e 11, em Fátima, e propõe uma reflexão sobre a «Dimensão evangelizadora do Turismo». O presidente do Centro Nacional de Cultura Guilherme d’Oliveira Martins e o secretário de Estado do Turismo Adolfo Mesquita integram dois dos diferentes painéis que servirão também para analisar o trabalho que as dioceses estão a desenvolver nesta área.
Também entre sexta e sábado, em Fátima, decorre o Conselho Nacional da Pastoral Juvenil, congregando os responsáveis pelos movimentos e grupos de jovens em torno do tema «Não te conformes, transforma-te. Bem-aventurados - protagonistas da mudança».
As monjas dominicanas do Lumiar acolhem, na tarde de sábado, nova conferência do ciclo anual dedicado ao tema «A relação - Um modo quotidiano e profético de viver o Evangelho». O encontro começa às 15h30 com a reflexão do frei dominicano Mateus Peres sobre «Quando a fortaleza se vive na fragilidade». Está previsto um debate, seguido de chá e da celebração eucarística.
No dia 13 a Pontifícia Academia das Ciências, da Santa Sé, promove um encontro internacional «Síria, Como ficar indiferente?», com representantes do mundo da política, da diplomacia, da cultura e da economia, com o objetivo de analisar a “dramática situação” e a guerra que se estende há mais de dois anos. |
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h22Domingo, dia 12 - Combater o isolamento e promover o desenvolvimento no território transmontano. Iniciativas na diocese de Bragança-Miranda.
RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 13 - Entrevista a Norberto Correia, novo chefe nacional do Corpo Nacional de Escutas. Terça-feira, dia 14 - Informação e apresentação testemunho de jovens participantes no Encontro Europeu de Taizé, em Estrasburgo. Quarta-feira, dia 15 - Informação e apresentação testemunho de jovens participantes no Encontro Europeu de Taizé, em Estrasburgo.
Quinta-feira, dia 16 - Informação e apresentação do Encontro de Formação de Agentes Sociopastorais das Migrações.
Sexta-feira, dia 17 - Apresentação da liturgia dominical.
Antena 1 Domingo, dia 12 de janeiro, 06h00 - O valor material e simbólico do pão. Reportagem e análise do diretor da CAIS, Henrique Pinto.
Segunda a sexta-feira, dias 13 a 17 de janeiro, 22h45 - Testemunhos de jovens participantes no Encontro Europeu de Taizé, em Estrasburgo. |
O que significa dizer que Jesus Cristo é ao mesmo tempo verdadeiro Deus e verdadeiro homem?
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Ano A - Festa do Baptismo do Senhor |
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Batizados num sim radical a Cristo |
Com a Festa do Batismo do Senhor, termina hoje na liturgia o tempo de Natal e inicia-se o tempo comum. Esta história de um Deus que envia o próprio Filho ao mundo e às nossas vidas é sempre plena de atualidade. Jesus faz-Se um de nós, partilha a nossa fragilidade e humanidade, liberta-nos do egoísmo e do pecado e empenha-Se em promover-nos, para que possamos chegar à vida em plenitude. Celebrar o Batismo do Senhor Jesus é acolher e renovar em nós o plano salvador de Deus revelado no seu Filho amado. No dia do nosso Batismo, comprometemo-nos com esse projeto. Como renovar de modo concreto esse compromisso assumido? Celebrar o Batismo do Senhor Jesus coloca-nos frente a frente com um Deus solidário com a humanidade e que oferece ao homem um caminho de liberdade e de vida plena. Inseridos nessa dinâmica de vida nova como filhos de Deus pelo nosso Batismo em Cristo, só podemos ir ao encontro dos irmãos mais desfavorecidos e estender-lhes a mão, partilhar a sorte dos pobres, dos sofredores e dos injustiçados, identificar-nos com eles e participar dos seus sofrimentos, a fim de melhor os ajudar a conquistar a liberdade e a vida plena, contribuindo para os promover e para lhes dar mais dignidade e mais esperança. A segunda leitura dos Atos dos Apóstolos pode ajudar-nos a reavivar a fidelidade ao nosso Batismo em Cristo. Apenas duas dicas. Diz o texto que Jesus de Nazaré “passou pelo mundo fazendo o bem e curando todos os que
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eram oprimidos pelo demónio”. Bela expressão para caracterizar a vida de uma pessoa! Nos seus gestos de bondade e misericórdia, de perdão e solidariedade, de ternura e amor, as pessoas encontraram o projeto libertador de Deus em ação. Batizados em Cristo e comprometidos com a sua missão, não temos outro caminho senão continuar esses mesmos gestos hoje, empenhando-nos em libertar todos os que são oprimidos pelos demónios do individualismo e egoísmo, da injustiça e exploração, da solidão e doença, do analfabetismo e sofrimento.
Segunda dica: “Deus não faz aceção de pessoas”. E nós, que somos filhos deste Deus? Só podemos aceitar todos os irmãos da mesma forma, reconhecendo a igualdade fundamental de todas as pessoas em direitos e dignidade. Eis um imenso e constante desafio à nossa existência em Cristo! |
praticantes. Os batizados em Cristo só podem ser praticantes do amor de Deus e dos gestos de salvação de Deus, na existência quotidiana, celebrada e vivida! Que assim seja em mais uma semana que o Senhor nos concede! Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Índia. Cristãos continuam a ser vítimas de violênciaO fantasma de Orissa |
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Sempre que algum Cristão é atacado na Índia, o fantasma de Orissa regressa à memória. Foi em 2008, quando mais de cem pessoas perderam a vida e milhares tiveram de fugir de uma multidão em fúria. Desde então, o medo nunca mais largou a comunidade Cristã. Há semanas, uma manifestação pacífica em favor dos direitos dos “dalits” foi duramente reprimida… Agosto de 2008. Índia. Estado de Orissa. Uma multidão em fúria ataca aldeias e bairros onde vivem Cristãos. Mais de uma centena de pessoas perderam a vida, cerca de 50 mil foram obrigadas a fugir, deixando tudo para trás. Aldeias inteiras foram destruídas, cinco mil casas incendiadas, igrejas profanadas. Junho de 2012. Cerca de meia centena de extremistas hindus atacam uma aldeia e agridem violentamente 12 famílias. 11 de Dezembro de 2013. Uma manifestação de Cristãos em favor dos direitos dos “intocáveis”, ou “dalits”, é duramente reprimida pelas |
autoridades. Nesta manifestação, todos são atingidos pela brutalidade dos agentes da ordem. Padres, freiras, homens, mulheres e crianças… Ninguém escapa. Cerca de quatro centenas de manifestantes são detidos pelas autoridades. A questão é sensível. Cerca de 65 por cento dos 27 milhões de Cristãos na Índia pertencem ao mais baixo nível da complexa estrutura de castas de que é feita a sociedade indiana. São os “intocáveis” ou “dalits”. “A discriminação aos Cristãos – explica o Arcebispo de Dehli – resulta do medo de que, ao se concederem direitos aos ‘dalits’ cristãos, muitos dos ‘intocáveis’ hindus poderão converter-se ao cristianismo”. Há um traço comum entre todos estes ataques aos Cristãos: o fantasma do proselitismo. Apesar da liberdade religiosa estar consagrada na constituição do país, todas as conversões ao cristianismo tendem, nos sectores mais radicais da sociedade, a serem vistos como “conversões forçadas”. |
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Nunca perder a fé
E é neste clima de tensão que a Igreja tenta realizar o seu trabalho junto dos mais perseguidos e humilhados, dos que nada têm de seu, dos que são "intocáveis" por não valerem nada aos olhos da sociedade. Apesar de toda a humilhação, os Cristãos da Índia têm dado ao mundo uma lição de perdão. Em Outubro de 2012, a Fundação AIS convidou o Arcebispo da Diocese de Cuttack e Bhubaneswarm, D. John Barwa, a visitar o nosso país. “Apesar da terrível perseguição que sofremos, isso tornou-nos mais fortes. Somos |
pobres, mas somos a luz do mundo. Visitei pessoas que me dizem que perderam as suas casas e as suas famílias… mas que não perderam a fé. Por isso, sinto-me orgulhoso”, disse então D. Barwa num dos vários encontros em que participou. Da Índia chegam-nos lições de fé, de perdão, de coragem. Mas também de medo. Ninguém está a salvo e ninguém consegue esquecer a tragédia de Orissa. Ontem foram eles, amanhã ninguém sabe quem poderá estar na mira dos fundamentalistas.
Paulo Aido | Departamento de Informação da www.fundacao-ais.pt | info@fundacao-ais.pt |
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Tal Pai, tal Filho… o que uma profissão pode fazer a uma família |
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Tony Neves |
‘Tal Pai, tal Filho’ é um filme japonês, agora nas salas de cinema em Portugal, que fala das relações entre pais e filhos, cruzando duas famílias muito diferentes. Uma em que o pai é um arquiteto de sucesso que tem um emprego bem pago, um carro grande, uma casa e uma vida cheias de tudo. A outra família é pobre, vive de um pequeno comércio de periferia. O rico arquiteto dá uma educação rígida ao filho único, chega sempre tarde a casa, nunca tem gestos de ternura, nunca sai com ele a passear, nunca brinca. O senhor mais pobre tem três filhos, tem-nos sempre por perto, farta-se de brincar com eles, de os lançar na vida. O filho do rico é pobre de afetos e infeliz; os filhos do pobre são despachados e felizes. E mais não digo, para irem ver o filme… Quis falar de ‘tal Pai, tal Filho’ para abordar a questão complexa das relações familiares que, em muitos casos, são condicionadas pela atividade profissional dos pais. Quantas vezes ouvimos pais dizer que quase nunca estão com os filhos porque a profissão é absorvente e não deixa espaço para a família. Muitas vezes é a necessidade que provoca estas crises de afeto, mas também há ganâncias de ter e de poder que afastam pais de filhos, maridos de esposas, avós de filhos e netos.
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A reflexão sobre a importância da família continua a ser feita, mas as sociedades não são coerentes nas consequências a tirar e, por isso, assistimos ao contínuo desmoronar do edifício familiar, com resultados desastrosos na vida das pessoas que, em muitos casos, são votadas ao mais completo abandono. Muitos dos sem abrigo, das pessoas sós e das que decidem suicidar-se são vítimas desta erosão familiar que exclui de casa alguns dos seus membros.
O Papa Francisco quer que 2014 seja dedicado á família. É oportuna e urgente uma |
reflexão que avance com coragem para decisões de futuro. A atividade profissional, por mais importante e bem paga que seja, nunca deve matar a presença no seio da família. Talvez seja importante optar por um estilo de vida mais simples. Por isso, ver ‘tal Pai, tal Filho’ pode ajudar. Uma última palavra de homenagem a Eusébio, com condolências para a sua família a quem ele tanto amava. Referia com frequência a sua Mãe cuja educação cristã lhe apontou os valores com que marcou toda a sua vida.
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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«Os migrantes e refugiados não são peões no tabuleiro de xadrez da humanidade.
Trata-se de crianças, mulheres e homens que deixam ou são forçados a abandonar suas casas por vários motivos, que compartilham o mesmo desejo legítimo de conhecer, de ter, mas, acima de tudo, de ser mais.(…) No caminho, ao lado dos migrantes e refugiados, a Igreja se esforça para compreender as causas que estão na origem das migrações, mas também se esforça no trabalho para superar os efeitos negativos e aumentar os impactos positivos nas comunidades de origem, de trânsito e de destino dos fluxos migratórios».
(da Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado/2014)
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