04 - Editorial:

      Tolentino Mendonça

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14- A semana de...

      Paulo Rocha

      Mons. Vítor Feytor Pinto

     Pastoral da Saúde

 

 

 

 

 

40 - Internacional

46 - Cinema

48 - Multimédia

50 - Estante

52 - Vaticano II

54-  Agenda

56 - Por estes dias

58 - Programação Religiosa

59 - Minuto YouCat

60 - Liturgia

62 - Fundação AIS

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto da capa: D.R.

Foto da contracapa:  Agência Ecclesia

 

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,
Luís Filipe Santos, Margarida Duarte, Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

 

 

JOC contra o desemprego

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A ação da Igreja no campo da Saúde

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Educar as novas gerações

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Tolentino Mendonça|Paulo Rocha|Jorge Vilaça| Paula Carneiro

 

 

 

 

Bom domingo e bom almoço

José Tolentino Mendonça

Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

 

É com esta frase que o Papa Francisco se despede dos fiéis reunidos para o Angelus em cada domingo. É uma expressão inabitual, há que reconhecer. O que os pontífices anteriores se concediam era, quanto muito, um aceno de mão a mais ou um sorriso que se abria. Naquela janela do Palácio Apostólico, tanto João Paulo II como Bento XVI, só para falar dos mais recentes, mostraram-se sem véus, é verdade. Basta lembrar o lento e dolente calvário do Papa Wojtyla que fazia alguns comentadores perguntarem se não seria demais a exposição de tamanho sofrimento. Ou os últimos Angelus do Papa Ratzinger, antes e depois da grande renúncia. Para quem quisesse ver estava tudo ali. E a forma de comunicação não era nem melhor nem pior: era simplesmente diferente. Mas o que toca tanta gente no estilo do Papa Francisco é esta capacidade, que parece fácil mas é muito rara, de avizinhar-se, de revelar-se familiar, de expressar uma atenção concreta pelos outros. Traduzida por ele, a pastoral deixa de ser uma ciência abstracta, feita de gráficos e organigramas. Deixa de reger-se por categorizações e manuais. É evangélica, instintiva e inclusiva; torna-se uma arte que o coração conhece (e reconhece). É um pacto de confiança que aceita  a necessidade permanente de refazer-se.  É um passar da soleira formal onde tantas vezes a evangelização, infelizmente, se detém. 

 

 

 

 

Jesus enviou os seus discípulos dizendo-lhes que entrassem nas casas, que se sentassem à mesa, que comessem e bebessem do que lhes fosse servido (Lc 10,8). Nessa comunhão de mesa e de destino realiza-se uma das viagens mais surpreendentes que se pode fazer, em qualquer tempo e em qualquer

 

civilização: o transcender daquele espaço que separa os outros dos nossos; o atravessar dos  obstáculos que dividem o mundo entre estranhos e familiares. Quando ouvimos o Papa Francisco desejar “bom domingo e bom almoço” não é apenas uma forma tipificada de cortesia.  É mais do que isso. É muito mais.

 

 

 

 

 

 

Uma associação de chocolateiros italianos fez uma representação do Papa em tamanho real e ofereceu-a a Francisco durante a habitual audiência pública de quarta-feira © Lusa - Ufficio Stamp

 

 

 

 

Numa altura em que na Europa, e até em Portugal, se começa a colocar em causa as virtudes da democracia, que nos trouxe nos últimos 40 anos (apesar da atual crise ter desacelerado ou invertido algum desse processo) o melhor nível de vida, a melhor Saúde, a melhor Educação, a melhor convivência, torna-se importante voltarmos ao fundamental. À necessidade da liberdade, da democracia, da igualdade de oportunidades e da solidariedade ou fraternidade entre os homens. Por muito que estejam em crise alguns destes valores, será com eles, e não contra eles, que superaremos as dificuldades”, Henrique Monteiro, Público, 08.02.2014

 

“O Governo considera que o ajustamento salarial, nomeadamente, no setor privado, já ocorreu e portanto nada justifica que se deem mais passos para fazer mais ajustamentos”, Pedro Mota Soares, ministro do Emprego e da Solidariedade Social, TVI24, 13.02.2014

 

 

“Temos um Governo que tem todo o poder: a polícia, a procuradoria-geral, os jornais. Está tudo nas mãos do presidente que levou a Ucrânia a esta desgraça económica e política em que agora vive o povo ucraniano (…) Na realidade, a Ucrânia até agora não saiu da influência de Moscovo, que continua a vê-la como uma das repúblicas do império russo ”, Paulo Sadokha, presidente da Associação dos Ucranianos em Portugal, Rádio Renascença, 09.02.2014

 

“Quando o Estado abandona comunidades onde tem símbolos que são respeitados, quando [os tribunais] são fechados, pura e simplesmente, ou mesmo quando são criadas as designadas secções de proximidade sem poder jurisdicional adequado, entendemos que isso é indefensável”, Manuel Machado, presidente da Associação Nacional de Municípios, Lusa, 11.02.2014

 

 

Juventude Operária Católica lança campanha nacional de combate ao desemprego

A Juventude Operária Católica (JOC) vai apresentar este sábado uma campanha nacional de combate ao desemprego que pretende levar a cabo ações por todo o país para ajudar a encontrar trabalho, em particular para os jovens.

Esta campanha vai terminar em agosto de 2015 e pretende que ao longo deste tempo, “por todo o país sejam levadas a cabo ações para ajudar a diminuir a desemprego e criar emprego digno”.

“Os objetivos desta campanha passam muito por se fazer com que se conheça melhor esta realidade, vamos estar nos centros de empregos, procurar pessoas que estão desempregadas e instituições que possam trabalhar com estas pessoas”, disse à Agência ECCLESIA, Elisabete Silva, presidente nacional da JOC.

Com esta campanha, a JOC pretende também “passar uma mensagem de esperança aos 

 

jovens, passando isso através do testemunho de Jesus Cristo e da vivência cristã” porque “é importante que os jovens não desistam do seu projeto de vida, que continuem a lutar com otimismo e perseverança”.

Procurar mecanismos junto da sociedade civil para “divulgar e promover o emprego” é outro dos objetivos desta campanha nacional sobre o desemprego, revela a presidente do Secretariado Nacional da JOC.

“Devido à conjuntura atual, a JOC depara-se com muitos jovens sem perspetivas de futuro, outros com perspetivas, mas sem possibilidades de as concretizar, outros ainda com muitas dúvidas a esclarecer” que por isso promove “um Encontro Nacional de Formação que tem como objetivo, ajudar os jovens a definir o seu projeto de vida, dando-lhes também algumas ferramentas para o concretizar”, adianta o movimento.

 

 

 


 

O encontro da JOC, que vai decorrer entre sábado e domingo, foi pensado em torno desta campanha e por isso vai ter como slogan ‘Andas à deriva? Agarra o leme e faz-te à vida’ e vai realizar-se na Gafanha da Nazaré, Aveiro.

O Encontro Nacional de Formação é uma atividade direcionada para os jovens entre os 13 e os 30 anos, e, segundo a JOC, surgem numa altura em que “tantos jovens se sentem sem perspetivas, de mãos e pés atados”.

 

 

No domingo à tarde vai decorrer a Assembleia Nacional Extraordinária que tem como ordem de trabalhos a eleição da nova presidente nacional da JOC, que vai iniciar funções a 1 de abril.

A JOC surgiu na Bélgica em 1925, através do padre Joseph Cardijn, e chegou a Portugal 10 anos depois, assumido como missão “a libertação dos jovens trabalhadores”.

 

 

 

 

Mudar a legislação
sobre o aborto em Portugal

A Federação Portuguesa pela Vida (FPV) sustenta a necessidade de rever a legislação ligada à interrupção voluntária da gravidez que, segundo a organização, mais do que despenalizar o aborto veio “liberalizá-lo” e “banalizar” a sua prática. A questão esteve em cima da mesa esta terça-feira, na Assembleia da República, durante um colóquio intitulado “7 anos sobre o referendo do Aborto: como estamos hoje?”.

Em declarações à Agência ECCLESIA, a presidente da FPV, Isilda Pegado, lamentou “as mais de 100 mil mulheres” que, durante este período, “se viram confrontadas com o drama do aborto e que não tiveram uma mão que lhe fosse dada e que lhe permitisse ficar com o seu filho”. “É também de lamentar que num país com uma taxa de natalidade tão baixa, haja uma política de promoção e incentivo ao aborto”, apontou a antiga deputada. Em causa estão sobretudo os apoios concedidos a quem recorre ao aborto,

 

como a possibilidade de “licenças de 14 a 30 dias pagas a 100 por cento”, ou a “isenção de taxas moderadoras”, quando na opinião da Federação esses apoios deviam ser canalizados para as famílias e para combater o défice de natalidade. “Se qualquer um de nós for à página oficial da Direção Geral de Saúde, e se puser a palavra IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez), tem todos os procedimentos para fazer o aborto, não tem uma referência às instituições que, no país, apoiam as grávidas em dificuldades”, criticou Isilda Pegado. 

Entre as alterações propostas, a responsável defendeu a implementação de uma “verdadeira política de promoção da maternidade”.

 

 

 

D. Gilberto Reis celebrou
25 anos de ordenação episcopal

O bispo de Setúbal, D. Gilberto Reis, disse esta quarta-feira, antes da celebração comemorativa dos seus 25 anos de ordenação episcopal, que o Governo “foi eleito para gerir o bem comum”. A celebração do jubileu episcopal decorreu na Sé diocesana, com a presença de dezenas de bispos de todo o país.

D. Gilberto Reis, bispo de Setúbal desde 1998, disse aos jornalistas que “nunca é demais que o Governo tenha uma grande paixão pelo bem comum”. Segundo este responsável, o Governo “sozinho não faz nada”, se “os vários partidos não partilharem deste desejo grande do bem comum”.

O bispo de Setúbal sublinhou ainda que a “crise grave” do país, revela outra que “é anterior: egoísmos profundos e do homem que vive apenas para si”. “A cultura de indiferença” é visível nos tempos atuais, lamentou.

Na homilia da Missa a que presidiu na catedral diocesana, o prelado realçou que “Deus confia o serviço do bem comum, sobretudo dos pobres”, às diversas autoridades. Embora 

 

ausentes, o bispo de Setúbal saudou também “os presos, os pobres e as vítimas do desemprego” e aplaude “todos os que se interessam por eles”.

Partindo das leituras da celebração, D. Gilberto Reis elogiou também os “homens, crentes ou não, que se gastam ao serviço dos outros, sobretudo dos pobres, para os integrar no coração da sociedade”.

No final da celebração, o núncio apostólico em Portugal, D. Rino Passigato, leu uma bula pontifícia, assinada pelo Papa Francisco, na qual se passavam em revista os principais “momentos de serviço” episcopal do bispo de Setúbal. O representante diplomático da Santa Sé elogiou “a solicitude” do homenageado.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Igreja atenta à situação dos pescadores

 

 

 

A renúncia de Bento XVI, um ano depois

 

Irmã chuva 

Paulo Rocha,

Agência ECCLESIA

 

S. Francisco de Assis não incluiu no seu Cântico das Criaturas a “irmã chuva”. Louva o Senhor pelo sol, a lua, as estrelas, a terra, as nuvens, o vento, o fogo… e pela água!

Os últimos dias (semanas e mesmo meses) talvez nos distanciem desse conceito de amizade em relação à água se pensarmos na que caiu à terra. A chuva foi mesmo muita… E mais do que “irmã”, terá sido incómoda, inoportuna, inconveniente… Inimiga até se pensarmos em tantos projetos que ficaram pelo caminho pela abundância de água e nos estragos que foi causando.

Cheias, árvores tombadas, casas inundadas, vidas transtornadas… É essa a montra possível de apresentar a “il poverello d'Assisi” quando diz da água: Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, útil e humilde, preciosa e casta.

Sabemos que é útil. Sim, mas tanta não! Humilde? Não parece… Preciosa e casta? Diante da abundância que aí vai, será necessário pensar pelo menos duas vezes!

Discurso meramente instrumental de um comodismo pessoal. Egoísta! 

É sempre a “nossa irmã água”, sobretudo nestes momentos em que o incómodo parece ser maior

 

 

 

 

do que o benefício. Não serão maiores os estragos quando ela falta, não só no pico do verão como no rigor do inverno, quando a geada queima árvores, flores e frutos? Há não muitos anos foi assim, no nosso “jardim”…

Não há outro critério para além do natural para acolher o ritmo das estações. Mesmo quando parecem atingidas por anormalidades. Digo parecem porque a maior anormalidade estará antes nas muitas intervenções humanas que tentam deter a Natureza. O que dizer de construções junto à orla marítima ou em níveis de água abaixo de qualquer margem? E de molhes artificiais que ousam impedir a força das ondas? Há outras palavras mais “caricatas” que o tentam traduzir: “quebra-mares”, “corta-mares”, “bate-mares”… O que significam essas palavras? Nem Moisés saberá responder, mesmo com a inspiração nos acontecimentos do Mar Vermelho…

 

Ser naturalmente com a natureza! Outro princípio dificilmente encontra um quadro normativo que o sustente em qualquer setor da sociedade e em qualquer época. Os ciclos da História demonstram-no em cada geração.

Assim acontece sempre. Sobretudo quando em causa está a vida, a vida humana.

Após 7 anos da realização do referendo ao aborto em Portugal, que levou à legislação que o despenaliza, o tema voltou a estar em debate, esta semana.

Claro que é necessário cuidar da salvaguarda da vida ao longo de todo percurso de qualquer pessoa, garantindo que tenha dignidade em todos os momentos da sua existência. Mas quando se impede a própria existência, impede-se tudo o resto. Não é, de certeza, a melhor lei para qualquer começo, sobretudo o da vida.

PS. Enquanto escrevia, o sol queria entrar pela vidraça..."Sol de pouca dura"!

 

 

Preocupação orçamental

não pode matar a pessoa

 

Monsenhor Vítor Feytor Pinto esteve 28 anos na Coordenação da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde. Em entrevista à Agência ECCLESIA recorda um caminho de humanização que importa continuar e não esconde a sua preocupação perante a política de cortes orçamentais que, no seu entender, não podem matar a pessoa.

 

Agência ECCLESIA (AE) -Na sua mensagem para o Dia Mundial do Doente, o Papa interpela à fé à caridade e à capacidade de dar a vida por aquele que sofre.

Monsenhor Vítor Feytor Pinto (VPF) - Essa é a grande temática que o Papa nos propõe, relacionar uma coisa com a outra. Recordo que já Bento XVI na sua Carta Apostólica "A Porta da Fé", afirmava que a fé sem a caridade seria um espiritualismo desencarnado. Mas acrescenta também, as obras sem fé, sem radicarem na experiência de Jesus Cristo, são agitação fútil e que cria imensas dúvidas. Ora, o Papa Francisco pega precisamente nesta perspetiva para consagrar 

 

 

o Dia Mundial do Doente à relação da fé com a caridade, de termos amor aos nossos doentes às pessoas que estão em sofrimento e oferecermos-lhes através da fé, a experiência de Jesus Cristo que é sempre uma experiência salvífica.

Os cuidadores saibam dar a vida por aqueles a quem assistem, e dar a vida é através de uma conversa pequenina que se tem, de uma visita que se faz, de uma palavra, de um olhar... há muitas maneiras de dar a vida.

Mas cuidar de quem sofre é uma tarefa muitas vezes exigente, a isso se chama em técnica médica a compaixão. Compaixão não é ter pena é levar o peso daquele que sofre.

 

 

 

AE - A grande evolução verificada nos sistemas de saúde e a facilidade de acesso aos cuidados médicos, terá provocado nas comunidades cristãs um enfraquecimento no zelo com que cuidavam dos seus doentes?

VFP - Eu diria mais, é uma das originalidades mais fortes da chamada pastoral da Saúde, instituída pelo Papa João Paulo II. Ele quis que o mundo da saúde não fosse apenas centrado no doente mas também na educação para estilos saudáveis de vida. E quando se está doente temos de facto de cuidar dessas pessoas que estão doentes ensinando-as a viver o próprio sofrimento ou a própria situação de ansiedade que a doença trás.

Isto não se realiza apenas no hospital, até porque o hospital é hoje um lugar de passagem, o doente rapidamente volta para casa. Então se temos muitos doentes em casa temos o dever sagrado de cuidar desses doentes que devem ser assistidos ao domicílio.

Mas importante também, é saber que tipo de doentes temos na nossa comunidade. Podem ser doentes crónicos, deficientes, 

 

pós operados, podem ser pessoas na proximidade da fase terminal da vida. É importante conhecer que tipo de doentes e onde eles se encontram. Podem estar na residência, mas também podem estar na rua... e depois a grande questão: Quem cuida destes doentes?

Já que queremos dar uma assistência completa porque é o homem todo que está em questão, temos que nos preocupar com a dimensão social, para prover a estas necessidades, a assistência médica, garantir que os acompanhamos à urgência, os acompanhamos ao centro de saúde, enfim lhe damos o apoio mais necessário quando o doente está mais só porque a família foi trabalhar...

 

AE - Quem assegura este trabalho? São técnicos, são voluntários?

VFP - É um trabalho que tem de ser assegurado por assistentes especializados nesta área, assistentes da pastoral da saúde e ao mesmo tempo por voluntários. Na minha comunidade paroquial temos umas dezenas de pessoas 

 

 

 

 

que se dedicam a este trabalho.

Temos de ter pessoas bem preparadas para realizar esta tarefa e aqui, os ministros extraordinários da comunhão têm um papel importante a desempenhar porque levam o melhor que a Igreja tem à pessoa que está em sofrimento. Levam Jesus Cristo presente no sacramento da Eucaristia. Mas a pastoral da saúde que tem uma carga espiritual muito forte, tem de estar ligada à pastoral social. Então é centro social e pastoral da saúde que na comunidade paroquial dão o apoio integral à pessoa que está doente.

Para mim é um grande desafio quando o Papa nos diz que devemos ser responsáveis pelos outros, que devemos dar a vida pelos outros e, dá-se a vida pela palavra, dá-se a vida pelo exemplo, dá-se a vida pelo exemplo, por uma visita que se faz num momento de grande sofrimento, há muita maneira de dar a vida e nós temos que dar a vida pelos nossos irmãos doentes.

 

 

 

 

AE - É também necessário trabalhar a dimensão cristã do sofrimento humano?

VFP - O sofrimento não é só dor física, atenção, nós temos que distinguir claramente entre dor e sofrimento. A dor é física e essa neutraliza-se com relativa facilidade, mas o sofrimento que é dor moral, é dor envolvente. O sofrimento, só realmente através de uma perspetiva espiritual é que se consegue compensar. 

 

 

Portanto, a pastoral da saúde face ao sofrimento, mais do que à dor, tem um papel importantíssimo. E quando se fala de sofrimento é sempre numa perspetiva de proximidade com o sofrimento de Jesus Cristo o que é uma dimensão complementar. De facto eu tenho de saber lidar com o sofrimento como elemento importantíssimo para a minha vida. Porque o sofrimento purifica, o sofrimento permite 

 

 

redimensionar a vida, o sofrimento abre perspetivas de esperança que eu vou cultivar.

Depois, num enquadramento religioso, se eu sou crente, eu sei que Jesus Cristo não sofreu apenas na cruz, a sua vida foi toda ele um caminho de grande sofrimento identificado com o sofrimento dos seus irmãos pobres, dos seus irmãos escorraçados e marginalizados. Ora, todo aquele que é cristão, para além da dor, vive o sofrimento numa união com o mistério da Paixão de Jesus mas também a todo o mistério de sofrimento que Jesus viveu e que Jesus converteu em serviço aos irmãos.

Mas há uma dimensão muito importante, é que aquele que está em sofrimento também é apóstolo, pode ajudar os outros que ao seu lado não entendem o que é sofrer.

 

AE - Na verdade quem enfrenta a dor e o sofrimento, e se encontra por vezes na iminência da morte .pode assumir para os outros um verdadeiro testemunho de vida…

VFP - O Senhor D. Manuel Falcão, que foi Bispo de Beja,e que nos deixou há uns anos, na última parte da sua vida durante dez anos fez hemodiálise. Um dia 

 

dizia-me assim: Ó Padre Vítor, já batizei quatro. Enquanto estava a receber apoio médico à sua deficiência renal, tinha ao seu lado outros doentes. Descobriu que alguns não eram batizados, despertou neles a ideia do encontro com Jesus Cristo na fé, ajudou-os depois a descobrir que o sacramento significava a sua fé e conseguiu batizar quatro pessoas adultas que efetivamente andavam muito longe do Evangelho.

Este é um caso de uma pessoa doente, em hemodiálise, que não está ali calada sem fazer nada, está a ajudar os outros. E não estava a rezar o terço estava a evangelizar. Sabemos que a oração do terço também é evangelização se é oração pelos outros, mas aqui era uma evangelização direta, concreta.

Quantos doentes podem fazer isto? Quantos santos numa fase difícil da sua vida, no sofrimento, não fizeram isto, é muito interessante. Lembro a celebérrima Beata Alexandrina de Balazar e a sua missão, durante 33 anos em grande sofrimento a ajudar todos os que sofriam. Não só os que tinham dor, mas os que tinham sofrimento no corpo e no espírito, no coração.

 

 

 

AE - Durante os muitos anos que este na Coordenação da Pastoral da Saúde assistiu a um grande desenvolvimento do Sistema Nacional de Saúde. Teme que todo este avanço qualitativo fique comprometido, e comprometa também o trabalho da Pastoral da Saúde?

VFP - Durante estes 28 anos a Pastoral da Saúde privilegiou três coisas: A humanização, a ética e a importância da espiritualidade com terapia. São três aspetos completamente inovadores a acompanhar a evolução técnica que efetivamente a medicina alcançou.

O progresso na medicina tem sido notório e é isso que permite que fiquemos muito pouco tempo nos hospitais, os exames, o diagnóstico e a terapia processam-se num curto espaço de tempo. Mas neste quadro de tecnicismo à o perigo de uma maior desumanização. A interação que tínhamos com a pessoa, temos agora com o computador, os técnicos têm que estar muito atentos a isto.

Os aparelhos não podem constituir uma cortina que dificulte o contacto pessoal. 

 

Mas a humanização também é para os técnicos, eles também têm de ser tratados humanamente. O doente pode perder a dignidade pela maneira como é tratado mas muita não são tratados com a dignidade que merecem. Por vezes os técnicos, os médicos, enfermeiros, os terapeutas não são tratados com a dignidade que merecem. Então aí há toda uma responsabilidade fundamental da sociedade de humanizar a saúde. E depois uma ética personalista, que não pode ser contratualizada, há valores que têm de ser sempre bem respeitados, bem promovidos. A chave está na dignidade humana, no respeito pela liberdade e pela dignidade humana.

 

AE - Então esta é uma área que não pode estar simplesmente à mercê da economia, das determinações orçamentais.

VFP - Claro que não, de forma nenhuma. A pessoa humana está à frente da economia, a economia é que serve a pessoa e não o contrário. Aliás o Papa, na Evangelii Gaudium, é nisto de uma clareza meridiana. 

 

 

 

 

A certa altura fala dos desafios feitos ao mundo contemporâneo e depois diz claramente, não à prioridade do dinheiro. Diz expressamente: não a um dinheiro que está centrado em si próprio e mata a pessoa. Diz isto textualmente. Eu peço muito que leiam o capítulo segundo da Exortação Pastoral Evangelii Gaudium, porque é de uma grande 

 

clareza. O Papa não se centra na análise dos sistemas, essa tem sido por vezes a tentação da Igreja, estudar as teorias dos sistemas... não, não, vamos à prática e a prioridade absoluta é a atenção à pessoa, o respeito pela sua dignidade e liberdade. Apoiar tudo isto numa relação de amor.

 

 

 

 

AE - É com preocupação que assiste às notícias do Sistema Nacional de Saúde que dão conta da escassez e do abandono de certos tratamentos em virtude dos elevados custos económicos?

VFP - Terá que haver a maior cautela. Eu admito e considero que os responsáveis pela saúde em Portugal têm esta preocupação e esta dificuldade orçamental, mas não podem de forma nenhuma, pela preocupação orçamental, sacrificar o essencial e o essencial é a pessoa. Que importante será, que todos aqueles que trabalham em saúde e todos nós Igreja com os voluntários que trabalhamos também em saúde, demos atenção à pessoa. Porque nós padres também podemos cair no mesmo. Em vez de nos relacionarmos com a pessoa damos-lhe um sacramento e vamos embora. Damos um sacramento e não nos relacionamos com a pessoa, eu não posso dar a comunhão e ir embora, não posso administrar a unção dos enfermos e ir embora, eu tenho que me relacionar e 

 

esta relação não permitirá nunca que o sacramento seja uma cortina entre mim e o doente. Tem de ser uma ponte que estabeleço com o doente e que permite que ele fique comigo e eu com ele, continuando toda a linha de ação redentora que o trabalho de Pastoral da Saúde deve promover.

 

AE - Durante estes 28 anos trabalhou muito para apagar aquela ideia que a proximidade do padre significa a eminência da morte, mas antes uma oportunidade de acolhimento e oportunidade de vida.

VFP - Essa é a dimensão da espiritualidade. Quando falo de espiritualidade estou a falar de cultura, e antes de falar de Jesus Cristo a uma pessoa que não acredita, eu tenho de estabelecer com ela uma relação cultural onde os valores desempenham um lugar fundamental, o valor da verdade, da justiça, da liberdade, do amor, da solidariedade, mas não basta. Depois é preciso dar a dimensão integral da relação, não uma relação de levar o alimento a casa ou de a levar ao hospital, é uma relação continuada num quadro de amizade

 

 

 

 e proximidade. Nisto o Papa Francisco está a ser um exemplo porque é um homem que se faz próximo e quem trabalha na Pastoral da Saúde tem de saber fazer-se próximo. 

 

E depois é a espiritualidade transcendental, é revelar a cada um o Deus que salva através de Jesus Cristo que deu um sentido completo à nossa vida.

 

 

Profissionais, porque não? E porque sim

Em Igreja (no mundo eclesiástico, que não eclesial) há palavras que soam mal ou pelo menos suscitam um mau presságio. Por exemplo: “profissional”. Palavra comum e tida em boa conta, é certo, mas só com roupas civis. “Profissional de saúde?” Certo. “Profissional do sagrado?” Errado. Mesmo que possamos fazer nas Eucaristias a “profissão de fé” (credo) ou a “profissão solene” (votos), querem, obviamente, dizer coisas diferentes. “Profissional do sagrado” é, portanto, mau presságio. Qual a razão substancial? Porque, sublimemente, há uma outra palavra mais consentânea com a natureza do trabalhador do sagrado: vocação, um chamamento divino (carisma). No entanto, também a palavra vocação parece sofrer hoje da erosão do tempo: boa vontade, voluntarismo, ter jeito para...

Afastando-nos das questões etimológica e sociológica, precisamos, em Igreja, de perder o medo à palavra “profissional”. Sobretudo porque, civilmente, a palavra coincide com brio, com competência, com identidade  

 

definida. E mesmo sublinhando a sua natureza vocacional, mesmo contagiados pelo “cheiro das ovelhas”, o ministério pastoral precisa, como nunca, de ser revestido de profissionalismo, de competência em todas as latitudes, recusando o amadorismo no sagrado.

A questão acima indicada vem a propósito do novo enquadramento jurídico-legal dos capelães hospitalares. Os capelães hospitalares acabaram. Aliás, acabaram já em 2009. Entendamo-nos: acabaram como nos habituámos a vê-los e como tradicionalmente foram entendidos fora e dentro do Hospital. Os capelães são chamados agora Assistentes Espirituais e Religiosos: padres ou leigos, homens ou mulheres. O que está em causa, mais do que uma questão de palavras, é uma mudança de paradigma de presença.

Não tenhamos medo das palavras: ao hospital moderno não serve tudo. Sobretudo não servem formas voluntaristas de estar e fazer. Não serve o modelo sacramentalista; não serve

 

 


 

 o modelo “extrema-unção”; não serve o modelo paternalista; não serve o modelo boa-vontade; não serve o modelo “é padre, pode ser capelão”. Não serve! Não serve aos doentes, não serve às equipas hospitalares, não serve aos familiares e cuidadores; não serve – e mais importante de tudo – ao modo cristão de estar nos tempos de hoje.

Não tenhamos medo das palavras: serve ao Hospital de hoje uma pessoa profissionalmente competente; serve alguém capaz de perceber os dinamismos bio-psico-sociais e espirituais da pessoa; serve alguém capaz de leitura e integração na cultura hospitalar; serve quem vá ao encontro das necessidades dos doentes e dos profissionais; serve um modelo 

 

de presença dialógica e acolhedora; serve quem faça pontes com as comunidades religiosas; serve quem respeita as “regras da casa”; serve quem conhece claramente as potencialidades e os limites da sua função. 

Continuemos, se o desejarmos, a chamar os “capelães” nos Hospitais, em qualquer momento. Não os ofendem pelo nome. Irão ter convosco de bom grado e cumprindo a sua missão com o máximo esmero. Mas por favor entendamo-nos: têm de ser profissionais. Do sagrado? Que seja do serviço competente. Em nome de Jesus e dos que servem.

 

Padre Jorge Vilaça,

Arquidiocese de Braga

 

 

 

Crise prejudica pobres no acesso à Saúde

O coordenador da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde (CNPS), padre José Manuel Pereira de Almeida, afirmou que a atual crise exige “uma determinação forte” para não “descurar o cuidar dos mais pobres”.

“O que não podemos deixar que aconteça em Portugal é que os ricos tenham médicos privados e os pobres fiquem privados de médicos: os dirigentes e responsáveis têm de ter uma determinação forte a esse propósito, não se pode descurar o cuidar de quem mais precisa”, refere, em entrevista à Agência ECCLESIA, a propósito do Dia Mundial do Doente que a Igreja Católica assinalou esta terça-feira.

O sacerdote e médico sustenta que o Serviço Nacional de Saúde “carece de uma simplificação, mas foram feitas coisas muito significativas em Portugal, como por exemplo a diminuição da mortalidade infantil”.

Em tempos de crise, “é necessário aprender com aqueles que, em situações piores, conseguem manter os cuidados de saúde mais de acordo com as necessidades de cada 

 

pessoa”, acrescenta.

“Saúde e salvação, pelo menos em latim têm a mesma raiz e quando Jesus se aproxima dos doentes aproxima-se do mesmo modo como se aproxima dos excluídos e pobres, para os incluir no seu coração e para os acolher”, explica o padre José Manuel Pereira de Almeida.

Tendo essa premissa como base, há “um desafio, que é perceber como a Pastoral da Saúde pode estar verdadeiramente inserida na paróquia, não complicando estruturas, mas dando uma dimensão àquelas que já existem”.

“A capelania hospitalar é uma estrutura insubstituível, particularmente relevante, que quando bem exercida funciona como plataforma de abertura”, aliando-se a “um serviço que desperta o que há de melhor, quer nos profissionais de saúde quer nos doentes”.

Quanto aos ministros da Comunhão e visitadores dos doentes, o novo coordenador da CNPS considera que estes podem “ter um papel ainda mais importante”, se obtiverem “mais formação, em ambiente 

 

 

 

 

 

 

 

 

de reflexão de Pastoral da Saúde, o que levaria toda a comunidade cristã a estar presente nessa visita ao doente”, estabelecendo “inter-relações e sendo antenas em termos de questões sociais e de saúde mais globais”.

A mensagem de Francisco para 

 

o Dia Mundial do Doente pretende mostrar que “quando se visita um doente” se socorre “quem necessita, de facto”, e “é o próprio Jesus que mora naquele coração atribulado”, conclui o coordenador da CNPS, organismo da Igreja Católica em Portugal.

 

 

 

Economia para as pessoas

Quando eu nasci, no princípio dos anos 50, vivíamos sob um regime político fechado ao exterior. O que produzíamos era o que havia para consumirmos nas nossas mesas, nas refeições quase sempre realizadas em família.

Na minha juventude, assisti a um tempo de revolução. Turbulento como em outras tantas revoluções.

Mas é sobre o período que se segue que gostaria de vos falar. Um período em que o país, já estabilizado, aderiu à União Europeia. Foi uma lufada de ar fresco que encheu-nos a todos de esperança. Esperança para as nossas vidas, para as nossas famílias, para as nossas comunidades e para o país em geral.

Passados quase trinta anos da nossa entrada na então CEE, é com pesar que observo a esperança a esvair-se e a ser substituída por uma espécie de “nuvem negra” que paira sobre a cabeça dos portugueses.

A Europa está a viver tempos de notória dificuldade. Embarcamos todos num sonho de 

 

desenvolvimento que não chegou a acontecer. Mas não podemos, portugueses e europeus em geral, baixar os braços. É necessário encontrar soluções que permitam continuarmos a acreditar naquilo a que chamamos modelo social europeu.

A solução parece já estar a ser desenhada e passa por compatibilizar inovação social com uma Europa histórica cuja força assenta nas pequenas comunidades. Sem essa força, poderá mesmo haver uma fratura no modelo social europeu. Quem percebeu isto já está a empurrar a Europa para modelos de economia social por causa da crise, mas não tanto da económica, mas sim da social.

O tema tem sido amplamente debatido nos organismos de representação europeus, mas também em Portugal temos dado alguns passos importantes. A aprovação, por unanimidade, da lei de bases da economia social no Parlamento é, entre outros, uma demonstração de todos os quadrantes (políticos, partidários, sociais etc) de que a 

 

 

 

 

economia social pode representar um importante instrumento para construirmos um país coeso e justo.

Em todas as comunidades, há entidades de economia social. Há cooperativas, há mutualidades, 

 

há Misericórdias, entre outros tantos agrupamentos de pessoas cujo objetivo é trabalhar em conjunto para o bem-estar, também ele, conjunto. Todas essas entidades geram riqueza e criam emprego. E mais 

 

 

 

importante que criar emprego, é criar postos de trabalho que não sejam deslocalizáveis. O setor social não encerra estruturas para voltar a abri-las em locais onde a mão-de-obra é mais barata. Nem, que nos conste, é passível de ser disperso em bolsa. Os fatores de produção são, sim, fundamentais na medida em que temos de ser rigorosos na gestão, mas não são determinantes. Determinantes, para o setor social, são as 

 

pessoas a quem servimos.

Num tempo de crise instalada e alarmantes taxas de desemprego, é importante lembrar os mais céticos de que há no país entidades que valorizam os seus colaboradores, que geram riqueza e cuidam dos elementos mais frágeis das suas comunidades. E na maior parte dos casos, são entidades que resistiram no tempo às turbulentas alterações de regimes políticos. 
 

 

 

 

E se resistiram é porque, como referi há pouco, a sua força assenta nas pessoas. Tudo em nome e ao serviço de um conjunto de valores que mergulha fundo nas nossas raízes e valores cristãos. Por isso e para terminar, gostaria de citar o papa Francisco, que na exortação apostólica EVANGELII GAUDIUM: “O dinheiro deve servir, e não governar! O Papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem a obrigação, 
 
em nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promovê-los. Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano”.

 

Manuel de Lemos

Presidente da União

das Misericórdias Portuguesas

 

 

Assistência religiosa aos doentes
tem de ser valorizada

O coordenador do Serviço Nacional das Capelanias Hospitalares, padre Fernando Sampaio, afirmou que há ainda algum trabalho a fazer para que “administrações e operacionais dos hospitais” percebam a importância da assistência religiosa para o tratamento dos doentes. “As administrações e os operacionais ainda não se deram conta da importância desta dimensão no bem-estar do doente e inclusivamente na recuperação do próprio doente”, lamenta o sacerdote, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Segundo este responsável, “os profissionais de saúde nem sempre valorizam essa dimensão” e muitas vezes “não é dado a conhecer ao doente que tem direito à assistência religiosa caso o pretenda”.

O coordenador destaca “a qualidade que a assistência religiosa dá aos cuidados, porque a doença e o sofrimento têm

 

 um impacto brutal na vida das pessoas e o cuidar da pessoa é melhor quando há essa assistência que é também psíquica e social”. “A assistência espiritual e religiosa concorre para o bem-estar e harmonia de todas essas dimensões da pessoa”, sublinha.

Analisando o decreto-lei 253/2009, o padre Fernando Sampaio revela que este traz “um enquadramento novo, porque tem já presente a Lei da Liberdade Religiosa e reconhece a assistência espiritual religiosa como um direito do próprio doente e não das Igrejas”, ou seja, “ as Igrejas não estão nos hospitais por direito próprio, mas é sim o doente que tem direito a ser assistido”.

“O novo regulamento que veio enquadrar a ação das capelanias proporciona, por parte do Estado e dos hospitais, uma melhor forma de organização, dá normas de organização e de abertura para que se possa exercer este 

 

 

bem para os próprios doentes”, acrescenta.

Nesta norma, “há duas coisas fundamentais: por um lado o direito dos doentes à assistência espiritual religiosa, que é um direito inalienável; por outro lado, o reconhecimento do bem que isso traz às pessoas que passam por perdas ou doenças”, observa o responsável.

O padre Fernando Sampaio lança o desafio para que se estude o impacto dos cuidados religiosos no doente, porque “se concorre para o bem-estar e a harmonia

 

 da pessoa quer dizer que concorre também para a saúde e para a sua recuperação”.

“Nos hospitais todos os dias é dia do doente por isso o Dia Mundial do Doente [11 de fevereiro] serve para chamar a atenção da comunidade para a importância da nossa atenção a quem sofre, àqueles que estão nos hospitais doentes, particularmente àqueles que estão abandonados algo que acontece cada vez mais hoje nos hospitais, nomeadamente a idosos que ficam sozinhos nos hospitais”, conclui.

 

A atenção pastoral em psiquiatria,
um desafio atual

A reflexão sobre as questões relacionadas com a saúde e a doença mental é complexa e situa-nos na essencialidade do ser pessoa, enquanto ser biopsicossocial e espiritual. A doença mental afeta as pessoas na sua integridade e individualidade, como também na sua relação com os outros e meio envolvente. Segundo a Organização Mundial de Saúde “a perturbação mental caracteriza-se por alterações do modo de pensar e das emoções, ou por desadequação ou deterioração do funcionamento psicológico e social. Resulta de um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais (Relatório Mundial da Saúde 2001).

Neste contexto, o desafio da atenção pastoral em psiquiatria emerge com a força evangelizadora do amor que se encarna na missão de cuidar e sanar, libertar e dignificar a pessoa com doença mental e sofrimento psíquico. Trata-se de partir para as fronteiras da vida humana e ajudar a fazer a 

 

experiencia do amor sanador de Deus, ali onde a doença afeta as dimensões nucleares do ser pessoal, áreas substanciais da sua saúde: a consciência, a liberdade e a autonomia. A atenção pastoral é pois, esse espaço de missão orientada para a pessoa que sofre, desde uma atitude interior de amor-compaixão - serviço. Esta mística da compaixão deve configurar um modo específico de acompanhamento pastoral, desde o acolhimento, a escuta e o ministério do serviço à pessoa em Igreja. O doente é o ‘lugar pastoral’ onde se fala de Deus e onde se escuta Deus no rosto dos pobres, suas ‘vivas imagens’.

A doença mental afeta a pessoa e o seu contexto vivencial e relacional, provocando niveis de sofrimento elevados. Ao longo das últimas décadas fomos assistindo a caminhos científicos inovadores de combate ao estigma e integração com maior ênfase nos direitos humanos, no empowerment, na autodeterminação 

 

 

 

 

 

e na participação dos utentes e familiares nos processos terapêuticos. Contudo, verificamos que a moldura socioeconómica e relacional atual tem provocado uma maior vulnerabilidade nas pessoas e até constituir fonte de sofrimento psíquico e emocional. Este é o contexto onde o anúncio da Boa Noticia de Jesus urge como mensagem de esperança e ternura de Deus, que vê o coração e acolhe a limitação e fragilidade. A ação pastoral procura ser expressão de continuidade da missão de Jesus, encarnando a Boa Noticia em forma de saúde, e tem uma 

 

dupla tarefa: por um lado, ajudar a fazer a experiencia do amor misericordioso de Deus em cada doente, e por outro, dispor do conhecimento e prática pastoral, para juntamente com outros profissionais (interdisciplinaridade) ajudar a pessoa a construir um projeto de vida a partir da experiência da fé.

Desde uma perspetiva integral de cuidar e uma visão unitária da pessoa assente no reconhecimento e promoção da sua dignidade inalienável, o acompanhamento pastoral integra-se num modelo interdisciplinar, diferenciado e especializado, que

 

 

 

se orienta para cada pessoa desde a sua situação existencial. 

Urge pois, desenvolver competências pessoais de escuta, humildade e serviço, aprendendo a descalçar as sandálias diante da terra sagrado do outro. Como Igreja somos chamados a ter um olhar solidário para contemplar, comover-nos e pararmos diante do outro…Parafraseando o Papa Francisco na sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium acreditamos que o desafio que nos é proposto pela Igreja no acompanhamento às pessoas com sofrimento psíquico 

 

é caminhar ao ritmo salutar da proximidade, com um olhar respeitoso e cheio de compaixão, mas que ao mesmo tempo cure, liberte e anime a amadurecer na vida cristã (EG, 169). Estamos comprometidos em ser o rosto de uma Igreja samaritana que suja os pés na terra dos mais pobres e doentes, manifestando a proximidade de um Deus que se inclina sobre a humanidade enferma curando-a e restituindo a vida, e vida em abundância.

Paula Carneiro, hsc

Irmã Hospitaleira do Sagrado Coração de Jesus

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Educação, prioridade para a Igreja

O Papa desafiou hoje no Vaticano as escolas católicas a apresentar Jesus como o “sentido” da vida, em diálogo com todos, num contexto histórico e cultural em “constante transformação”. “As instituições educativas católicas oferecem a todos uma proposta que procura o desenvolvimento integral da pessoa e que responde ao direito de todos em aceder ao saber e ao conhecimento, mas são chamadas a oferecer a todos, igualmente, com pleno respeito pela liberdade de cada um e pelos métodos próprios do ambiente escolástico, a proposta cristã, isto é, Jesus Cristo como sentido da vida, do cosmos e da história”, disse Francisco, numa audiência aos participantes na reunião plenária da Congregação para a Educação Católica, organismo da Santa Sé.

O Papa afirmou que as várias instituições educativas da Igreja têm a “responsabilidade” de manifestar uma “presença viva do Evangelho” nos campos da ciência e da cultura. “É preciso que as instituições académicas católicas não se isolem do mundo, mas 

 

saibam entrar com coragem no areópago das culturas atuais e colocar-se em diálogo, conscientes do dom que têm para oferecer a todos”, acrescentou.

Francisco recordou que Jesus anunciou a sua mensagem na Galileia, “cruzamento de pessoas diferentes, por causa da raça, cultura e religião”, um contexto que se assemelha ao do “mundo de hoje”.

Segundo o Papa, as mudanças em curso exigem que os educadores, com fidelidade corajosa e inovadora”, saibam promover o encontro entre a “identidade católica” e as “várias almas da sociedade multicultural”.

A intervenção aludiu, neste contexto, à necessidade de uma “preparação qualificada dos formadores”, uma matéria na qual “não se pode improvisar”, para que se possa “saber comunicar com os jovens que se têm à frente”. “Educar é um ato de amor, é dar vida, e o amor é exigente, pede que se empreguem os melhores recursos, que se desperte a paixão e pôr-se a caminho, com paciência, ao lado dos jovens”, prosseguiu o Papa.

 

 

 

 

 

 

 

Francisco quer que os educadores das escolas católicas sejam pessoas “competentes, qualificadas” e, ao mesmo tempo, “ricas de humanidade”. “Os jovens têm necessidade da qualidade de ensino e do conjunto de valores, não só enunciados, mas testemunhados”, precisou, porque a “coerência é um fator indispensável na educação”.

O Papa sustenta que a Educação

 

 

 é uma “grande área de trabalho aberta”, na qual a Igreja está presente, “desde sempre”, com instituições e projetos próprios. “Hoje é necessário incentivar mais este compromisso a todos os níveis e renovar a missão de todas as pessoas que nele estão empenhados, na perspetiva da nova evangelização”, sublinhou.

 

 

Papa elogiou Bento XVI

O Papa Francisco usou a rede social Twitter para assinalar o primeiro aniversário do anúncio da renúncia ao pontificado de Bento XVI, recordando o seu predecessor como alguém corajoso e humilde. “Hoje convido-vos a rezar juntos, comigo, por Sua Santidade Bento XVI, um homem de grande coragem e humildade”, refere a mensagem, publicada na conta ‘@pontifex’, que tem mais de 11 milhões de seguidores em nove línguas, incluindo o português.

Bento XVI apresentou a sua renúncia durante uma reunião com várias dezenas de cardeais, que tinha sido convocada para aprovar a canonização de três beatos: o agora Papa emérito afirmou, em latim, que as suas forças devido à idade avançada, já não eram “idóneas” para exercer adequadamente o seu ministério, que chegaria ao fim a 28 de fevereiro.

O secretário particular de Bento XVI e prefeito da Casa Pontifícia (Santa Sé), D. Georg Gaenswein, disse ao Centro Televisivo do Vaticano (CTV) que a renúncia do 

 

 

Papa alemão ao pontificado foi um ato “revolucionário”. “Foi um

ato de grande coragem, um ato também revolucionário, que abriu possibilidades que ninguém conseguia ver naquele momento”, declarou o arcebispo alemão, em entrevista, por ocasião do 1.º aniversário do anúncio da resignação de Bento XVI.

Para este responsável, o 11 de fevereiro de 2013 foi um “dia muito particular”, marcado por “tristeza mas também gratidão”.

Já o porta-voz do Vaticano afirmou esta segunda-feira que Bento XVI vive em recolhimento e de forma “discreta”, sem estar “isolado”.

 

 

Missa e atenção aos outros estão ligadas

O Papa Francisco questionou no Vaticano a atitude dos que vão à Missa, mas esquecem a exigência de ajudar necessitados, pedindo “coerência” entre a liturgia e a vida das comunidades católicas.

“Amamos, como Jesus quer que amemos, os irmãos e irmãs mais necessitados? Por exemplo, em Roma, nestes dias, vimos muitos problemas sociais, por causa da chuva que provocou tantos danos a bairros inteiros ou pela falta de trabalho, esta crise social em todo o mundo. Interrogo-me, que cada um de nós se interrogue: eu, que vou à Missa, como vivo isto?”, perguntou, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas para a audiência pública semanal, na Praça de São Pedro.

Falando de improviso, Francisco chamou todos a “ajudar, aproximar-se, rezar” pelos que têm este problema em vez de ficar “indiferente”. “Ou talvez me preocupe em maldizer: ‘Viste como ia vestida aquela, como estava vestido aquele’? Às vezes faz-se isto, não, depois da Missa. Ou não? Faz-se e isso não se deve fazer: temos de preocupar-nos com os nossos irmãos e irmãs 

 

 

que têm uma necessidade, uma doença, um problema”, acrescentou.

O Papa convidou a estar perto de todos os que vivem “problemas”, por causa da “tragédia das chuvas”, e “problemas sociais, de trabalho”. “Peçamos a Jesus, a este Jesus que recebemos na Eucaristia, que nos ajude a ajudá-los”, apelou.

A catequese sobre a Eucaristia apresentou uma reflexão sobre a necessidade de que este sacramento promova uma transformação “em profundidade” da vida pessoal e das “relações com os outros”.

“Como vivemos a Eucaristia, o que é para nós? É só um momento de festa, uma tradição consolidada, uma ocasião de encontro, de sentir-se integrado, ou é algo mais?”, perguntou o Papa.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial a nível internacional, nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

República Centro-Africana: Arcebispo de Bangui teme genocídio no país

 

 

 

Audiência Geral de 12 de fevereiro de 2014

 

 

Uma história de amor

Num futuro próximo, Ted é um homem que vive em Los Angeles e se debate por fazer o luto do seu casamento, dissolvido ao cabo de um penoso processo. Mergulhado na solidão, ganha a vida redigindo, na sombra e por conta da empresa onde trabalha, cartas de amor e carinho personalizadas para os clientes, fabricadas para celebração de ocasiões especiais.

Ao passar por um quiosque, cruza-se com Samantha, não uma bela e sedutora mulher mas um sistema operativo de ponta programado para entabular conversa através de inteligência artificial… sob uma sensual voz de mulher.

Entusiasmado com a novidade, torna-se cada vez mais ligado e dependente deste novo sistema que se transforma na sua companhia. A intuição, sensibilidade e sentido de humor de Samantha são cada vez mais cativantes e a conversa, cada vez mais elaborada e aparentemente mais profunda, cria aos poucos em Ted uma sensação de pertença, de intimidade e cumplicidade que até aqui não encontrara em mulher alguma. Em breve, crê-se apaixonado e 

 

assume uma insólita relação com esta personagem…

Quem hoje navegue com destreza e amplitude nas redes sociais, certamente já se apercebeu da possibilidade de início, sobrevivência, ou recuperação de relações que a virtualidade permite. Seja a conhecer novas pessoas, manter a conexão com amigos, a recuperar o contacto com antigos colegas de escola ou até mesmo um amor remoto, se não por experiência própria sabe por exemplo de alguém da sua rede que esse tipo de relacionamento, sendo virtual… tem hoje, de alguma forma, existência.

Não poderá por isso ser tão surpreendente um argumento deste género criado e trazido ao cinema, no caso por Spike Jonze, mesmo não deixando de nos parecer insólito. Em 2007, num filme que correu acanhadamente nos nossos ecrãs, ‘Lars e o Verdadeiro Amor’ (‘Lars and the Real Girl ‘) contava, pela mão do realizador Craig Gillespie, uma história semelhante, ternurenta e curiosa, protagonizada por um homem que, padecendo de 

 

 

 

 

 

um síndrome próximo do Asperger e por isso particularmente vulnerável ao imprevisto das relações reais, se apaixona por uma boneca insuflável encomendada na internet que passa a habitar a sua casa e de quem trata, dentro da sua zona de conforto, com todo o carinho respeito e devoção.

Aqui, além de um argumento em tudo mais elaborado, construído de forma inteligente e sob uma realização mais arrojada, outra das grandes diferenças jaz na proximidade do protagonista a um universo mais amplo, por exemplo o da solidão - hoje um síndrome que, se não mora em muitos de nós, mora mesmo ao nosso lado, afetando uma vasta percentagem de população no mundo inteiro. Samantha, como a tal boneca, responde simultaneamente a um desejo e a um temor profundo de relação, que existem numa dimensão não corpórea, para Ted como para Lars, como projeção inócua e quase asséptica de si próprios - do seu anseio, medo e (in)capacidade.

Neste ponto, mesmo sem chegar ao extremo do amor projetado por via virtual, o cruzamento, mais sereno ou conflituoso 

 
 
entre o imaginário e o real que vemos no outro, aquele que dá sentido à nossa própria existência, é comum a todos nós. E é pela atenção particular às fronteiras que estabelecemos ou atravessamos na relação, onde mesmo sem recurso a diminutos aparelhos ‘incrustados’ nos ouvidos como o que Ted utiliza não estamos por vezes muito longe de manter alojado uma espécie de ‘chip’ comandado por um controlo remoto, um ‘outro alguém’ que somos nós mesmos; pela atenção que o filme desperta sobre o sustentáculo da comunicação/relação virtual, ausente do risco mas também do fulgor que a relação materializada, tocada e olhada importa, que este filme, com mais uma belíssima prestação do ator Joaquin Phoenix, a todos pode interessar.

Margarida Ataíde

 

 

Internet Segura

http://www.internetsegura.pt/

 

Sob o lema “Juntos Vamos Criar uma Internet Melhor” celebramos, no passado dia 11 de fevereiro, o Dia Europeu da Internet Segura. Assim esta semana sugerimos uma visita ao espaço virtual da responsabilidade do consórcio coordenado pela UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento. O projecto Internet Segura tem como principais objetivos: combater os conteúdos ilegais; minimizar os efeitos de conteúdos ilegais e lesivos nos cidadãos; promover a utilização segura da Internet e consciencializar a sociedade para os riscos associados à utilização da Internet.

Quanto entramos no sítio www.internetsegura.pt, além das habituais notícias sobre estudos e programas em curso na área das novas tecnologias no âmbito do projeto internet segura, e os eventos mais próximos, o grande destaque é dado ao espaço “Linha Alerta”. Uma distinção que faz sentido pois este novo serviço tem por missão o “ bloqueio

 

 de conteúdos ilegais na Internet e na perseguição e acusação criminal de quem publica este tipo de conteúdos. Esta missão é cumprida mediante o fornecimento às autoridades policiais portuguesas de informação reunida de denúncias recebidas e da colaboração com os ISPs (Internet Service Providers) nacionais para a rápida remoção desses conteúdos”.

Na opção “perigos e prevenção”, são explicadas algumas ferramentas digitais usadas pela maioria das pessoas (redes sociais, blogues, telemóveis, chats, etc.), mas onde naturalmente, é necessário conhece-las e saber como as devemos usar para que a nossa segurança não esteja posta em causa.

Na secção “recursos”, temos acesso a vários conteúdos “que visam auxiliar os cidadãos e as entidades participantes no projeto, na obtenção de mais informação sobre a temática de uma navegação segura na Internet”, desde manuais e guias, a ligações a outros sítios de projetos nacionais e internacionais

 

 

 

 

além de um glossário de conceitos relacionados com a internet. Em “estudos e legislação”, encontramos por um lado a “regulamentação legal existente, relativa à utilização da Internet por parte das instituições e dos cidadãos. Por outro dispomos de “informação empírica sobre a temática da segurança online e da utilização das tecnologias da informação e da comunicação, produzida sobre a realidade portuguesa e sobre a realidade internacional”.

 
Para finalizar, aconselhamos vivamente que usem e abusem na leitura e estudo deste projecto, pois as actividades que são desenvolvidas por adultos, adolescentes e jovens, com o recurso da internet, são multiplas. No entanto, como a sua utilização pode envolver alguns riscos, a prevenção e a sensibilização para uma navegação mais segura e consciente, é a melhor forma de se evitarem eventuais problemas.

Fernando Cassola Marques

 

 

 

 

Liturgia Diária Júnior

A Paulus Editora lançou uma nova revista com o nome Liturgia Diária Júnior “dedicada às crianças dos 6 aos 10 anos” para que possam compreender melhor “a missa, a liturgia e o mistério da fé”.

Esta nova publicação segue os passos da tradicional revista Liturgia Diária, “que há 10 anos apresenta aos portugueses a missa de cada dia”, sendo que agora esta nova revista pretende ser um apoio “para as crianças dos 6 aos 10 anos, especialmente as que frequentam a catequese, para melhor viverem e compreenderem a missa, a liturgia e o mistério da fé”.

“No ano em que a Sociedade São Paulo completa 100 anos de existência, e motivada pela dinâmica pedida pela nova evangelização para a transmissão da fé, a Paulus Editora quer propor uma nova forma de evangelizar os pequenos cristãos, ao mesmo tempo dinâmica, divertida e profunda nos seus conteúdos”, refere um comunicado presente no portal da iniciativa.

 

 

A Liturgia Diária Júnior vai ter uma periodicidade mensal e apresenta “novidades de acordo com cada mês e tempo litúrgico”.

Os conteúdos passam por um pequeno missal “com o ritual da missa”, pela liturgia dominical com “todas as leituras e Evangelho com comentários e explicações”, por uma pequena escola da fé com “uma breve catequese sobre temas relevantes da liturgia, da fé e da vida cristã” e um suplemento para educadores com “breves indicações destinadas aos pais, catequistas e educadores com sugestões de aprofundamento e de como utilizar melhor o conteúdo da revista”.

A partir de abril a revista completa-se ainda com uma página da internet que vai ter “muitas atividades extra, rituais, orações e imagens estarão disponíveis para download na internet”, refere o portal da Paulus Editora.

O ‘número 0’ da Liturgia Diária Júnior é referente ao mês de abril e já está disponível nas livrarias portuguesas.

 

 

 

A Biografia do Silêncio

A Paulinas Editora vai lançar em Portugal esta segunda-feira a obra ‘A Biografia do Silêncio’, do sacerdote espanhol Pablo d’Ors, um breve ensaio sobre meditação.

Pablo d’Ors não apresenta uma teoria, mas sim a sua experiência pessoal com os espaços de silêncio, propícios a um encontro consigo mesmo”, refere a sinopse do livro.

Num mundo tão acelerado e ruidoso o autor encontra nos “tempos inúteis portas abertas para o desfrute gratuito e reconciliador, para o mergulho nas profundezas, para a reaprendizagem da arte de existir”.

O sacerdote relata a sua experiência pessoal, “única e intransmissível com os espaços de silêncio, de quietude, propícios a um encontro consigo mesmo, pela meditação”.

“Fala-nos do que experiência, de tudo o que não ganha, mas também de tudo do que desfruta, desse mergulho às profundezas de si próprio e do mundo novo que esse mergulho lhe permite observar, admirar, onde se encontra alguém que, há muito, se procura”,

 

adianta a Paulinas Editora, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

“A meditação concentra-nos, devolve-nos a casa, ensina-nos a conviver com o nosso ser e parece-me difícil, para não dizer impossível, uma vida que se possa qualificar de humana e digna sem essa convivência connosco mesmos”, escreve o autor espanhol na apresentação deste breve ensaio sobre meditação.

 

 

D. António Ferreira Gomes:
Um bispo conciliar no exílio IV

 

O padre e investigador português, Nuno Vieira, em entrevista à Agência ECCLESIA revela que durante o período de exílio de D. António Ferreira Gomes, na diocese de Valência (Espanha), “ninguém percebia como se podia exilar um bispo, só se fosse por prepotência do poder político”.

 

AE – O clero de Valência tinha conhecimento que D. António F. Gomes era um bispo exilado?

NV – Tinha conhecimento e comentavam. Os comentários, por norma, eram acolhedores. Ninguém percebia como se podia exilar um bispo, só se fosse por prepotência do poder político. Havia um profundo respeito por D. António Ferreira Gomes e, inclusivamente, chegou a ordenar um sacerdote. O bispo português sempre foi muito educado e carinhoso para com as pessoas.

 

AE – Nas cerca de 180 visitas pastorais que realizou na diocese e naquilo que escreveu dá para perceber que D. António Ferreira Gomes deu uma atenção especial aos mais desfavorecidos. 

NV – Era o momento pós-guerra e havia muita miséria. D. Marcelino Olaechea chegou a fundar 200 congregações religiosas que se dedicavam a apoiar os mais pobres e necessitados. Foi quando começou a instrução primária e havia um índice de analfabetismo tremendo. Encontravam-se casos dramáticos.

 

 

 

 

AE – Sendo D. António Ferreira Gomes um bispo intelectual e que falava para as elites, em Espanha mudou o seu estilo de linguagem?

NV – Era um homem mais simples porque tinha uma realidade diferente. Tinha um povo marcado e dividido. É conveniente não esquecer que na guerra espanhola houve confrontos entre pais e filhos. Famílias inteiras divididas. Uns no «bando» republicano e outros no «bando» nacional. Realizaram-se autênticos massacres e a Igreja contribuiu na restauração da paz social. Esta serviu-se continuamente do apelo ao perdão e ao esquecimento.

 

AE – O bispo do Porto soube compreender a realidade onde estava inserido e ajudou a apaziguar os ódios.

NV – Isso foi notório. Era a grande missão da Igreja, basta ver as cartas pastorais e as homilias dos bispos. Fazia, com frequência, um apelo à fraternidade e à unidade.

 

AE – Não era perigoso falar de pobreza naquela época? Ser-se conotado com os partidos políticos da esquerda?

NV – Quando D. António Ferreira Gomes esteve nas terras levantinas, já não era muito 

 

 

 

perigoso porque havia bispos que tinham essa sensibilidade social.

 

AE – Alguns bispos estavam na iminência de serem desterrados. O caso do bispo de Bilbau, D. António Añoveros, é disso um exemplo.

NV – Naqueles anos ainda não, mas poucos anos depois sim. Pretenderam expulsá-lo do país repetindo na íntegra o método de Salazar, por atrever-se a publicar, em 1973, uma homilia hostil ao governo com a ordem expressa de ser lida pelos sacerdotes em todas as igrejas da sua diocese. No entanto, Franco voltou atrás. Apesar da linha ideológica que tinha, Franco era um homem profundamente religioso e respeitador da Igreja.

 

AE – O silêncio de Franco em relação ao exílio de D. António Ferreira Gomes pode ser entendido com aprovação ao acto de Salazar?

NV – Não. O silêncio de Franco significa mais o respeito que ele tinha para com os bispos.

 

(Última parte da entrevista, pode lê-la na integra em 

http://www.ecclesia.pt/vaticano2/ 50anos.php)

LFS

 

 

fevereiro 2014

Dia 14

* Funchal - Igreja da Nazaré - Conferência «Amizade ou amor?» pelo padre Nuno Tovar de Lemos
* Vaticano - Praça de São Pedro -  Encontro do Papa Francisco com casais de noivos, uma iniciativa promovida pelo Pontifício Conselho para a Família
* Leiria - Seminário de Leiria - Jantar de namorados com o mote «Unidos por vocação» e promovido pelo Serviço de Animação Vocacional
* Guarda - Reunião de D. Manuel Felício com o Tribunal Eclesiástico.
* Aveiro - Reunião de D. António Francisco Santos com a Associação de Estudantes da Universidade de Aveiro.
* Lisboa - Azambuja - Encontro de D. Manuel Clemente com as forças autárquicas do concelho da Azambuja. 
* Fátima - Casa do Carmo - Assembleia geral da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC)
* Santarém - Sé - Celebração do Dia dos Namorados promovida pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Familiar. 

 
* Açores - Ponta Delgada (Nordela) (Casa do Escuteiro) -Actividade promovida pela Pastoral da Juventude «NamORAR: Uma vivência de namoro com Jesus Cristo»

* Aveiro - ISCRA - Acção de formação sobre «A disciplina de EMRC no 1º ciclo - desafios e materiais» (14 e 15)
* Viana do Castelo - Monção (Salão paroquial) - Jornadas Teotonianas sobre «25 anos em prol da Cultura». (14 a 16)
* Angola - Luanda (Hotel Alvalade) - Conferência comemorativo do seu 5º aniversário da Associação Cristã de Gestores e Dirigentes (ACGD), sob o tema “Verdade e Ética, Desafios para os Líderes Africanos”. (14 a 16)

 

Dia 15

* Porto - UCP (Auditório Carvalho Guerra) (15h30m) - Conferência sobre «D. Álvaro del Portillo» pelo padre Hugo de Azevedo.
* Braga - Reunião do conselho do Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior (SNEPS)
* Évora - Iniciativa «Rotas das Igrejas» visita o Convento dos Remédios.

 

 

 

 

* Açores - Ilha de São Miguel (Ponta Delgada) - Início das comemorações do tricentenário da Igreja de São José com concerto de música antiga
* Funchal - Cúria diocesana - Reunião dos secretariados diocesanos com D. António Carrilho.
* Braga - Barcelos (Areias de Vilar) - Conversas do claustro sobre «Têxteis: Conhecer e Preservar. Algumas Normas de Conservação Preventiva» por Manuela Pinto da Costa
* Porto - Vila Nova de Gaia (Seminário dos Carvalhos) (21h00m) -Iniciativa «Conversas com Vida» com a presença de Eugénio Fonseca que falará sobre «A Cáritas na Igreja e Sociedade Atuais»
* Lisboa - Auditório da Biblioteca Nacional de Portugal - Encerramento (início a 09 de janeiro) da exposição bibliográfica sobre Frei Manuel do Cenáculo (1724-1814)
* Portalegre - Alcains - Dia diocesano do Doente.  

 

* Funchal - Igreja da Nazaré - Conferência sobre «A Alegria do Evangelho: Desafios do ser cristão hoje...» pelo padre Nuno Tovar de Lemos.
* Setúbal - Sé - Encontro de formação para zeladores das Igrejas promovido pela Comissão Diocesana de Liturgia.
* Lisboa - Estoril (Auditório da Boa Nova) - Festival da Juventude da Vigararia de Cascais com o tema «Quando muitos se decidem ser+, então somos+». 
* Bragança - Balsamão - Jantar de namorados promovido pelos Marianos da Imaculada Conceição.
* Évora - Seminário de Nossa Senhora da Purificação - Conselho Pastoral Diocesano.
* Lamego - Reunião de preparação da Jornada Diocesana da Juventude.
* Setúbal - Moita - Inicio da visita pastoral de D. Gilberto Reis.
* Guarda - Reunião de D. Manuel Felício com o Departamento Diocesano dos Bens Culturais da Igreja.

 

 

 

 

 

A Juventude Operária Católica (JOC) vai apresentar este sábado, Aveiro, uma campanha nacional de combate ao desemprego que pretende levar a cabo ações por todo o país para ajudar a encontrar trabalho, em particular para os jovens. Esta campanha vai terminar em agosto de 2015 e pretende que ao longo deste tempo, “por todo o país sejam levadas a cabo ações para ajudar a diminuir a desemprego e criar emprego digno”.

 

A Fundação AIS promove, dia 16 deste mês, uma conferência no Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, com D. Athanasius Schneider, bispo auxiliar em Astana, Cazaquistão. O prelado irá falar sobre a situação dos Cristãos no passado, sob o regime comunista, e no presente. D. Athanasius coordenou a construção da nova Catedral de Karaganda, (arquidiocese da qual foi bispo auxiliar até ao ano passado), dedicada a Nossa Senhora de Fátima.

 

A próxima reunião do Papa Francisco com o conselho consultivo dos cardeais decorre no Vaticano, nos dias 17 e 18 deste mês. Precede o Consistório do Colégio Cardinalício, nos dias 20 e 21e o Consistório para a criação de novos cardeais, a 22, festa litúrgica da Cátedra de São Pedro.

 

A União das Associações dos Antigos Alunos dos Seminários Portugueses (UASP) está a ultimar a realização do projeto «Por mares dantes navegados» e vai, na segunda quinzena de fevereiro, a Cabo Verde. Esta iniciativa, inserida no espírito do Ano da Fé, pretende oferecer “a todos os participantes, oportunidades de encontro e partilha, mútuo conhecimento e enriquecimento espiritual e cultural, no espaço lusófono, revela o site da UASP.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h22

Domingo, dia 16 - Diocese de Setúbal: nos 25 anos de ordenação episcopal de D. Gilberto Reis.

 

RTP2, 18h00

Segunda-feira, dia 17 - Entrevista a Américo Ribeiro, nos 50 anos da Obra Diocesana de Promoção Social do Porto;

Terça-feira, dia 18 - Informação e entrevista a Daniela e Inês Leitão;

Quarta-feira, dia 19 - Informação e entrevista de apresentação das Jornadas de Estudos Teológicos "Imaginar a Igreja";

Quinta-feira, dia 20 - Informação e entrevista de apresentação das Jornadas de Estudos Teológicos "Imaginar a Igreja";

Sexta-feira, dia 21 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.

 

Antena 1

Domingo, dia 16 de fevereiro,  06h00 - 50 anos da entrada em vigor da Constituição do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia, Sacrosanctum Concilium. Análise da semana pela irmã Irene Guia.

 

Segunda a sexta-feira, dias 17 a 21 de fevereiro, 22h45 - Um ano de pontificado do Papa Francisco: análise de D. Manuel Clemente, Maria da Glória Garcia, Guilherme de Oliveira Martins e Sarsfield Cabral, Rita Figueiras e Francisco Louçã

 

 

Não é chocante chamar
"mãe de Deus" a Maria?

 

 

 

 

 

 

 

 

Ano A -  6º Domingo do Tempo Comum

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lei como caminho de encontro com Deus
 

Escutemos a Palavra de Deus neste 6.º Domingo do Tempo Comum. Que compromisso assumimos ao recebê-la?

Na segunda leitura, Paulo apresenta o projeto de Deus, que chama sabedoria de Deus ou o mistério que preparou desde sempre para aqueles que o amam, que esteve oculto aos olhos dos homens, mas que Jesus Cristo revelou com a sua pessoa, as suas palavras, os seus gestos e, sobretudo, com a sua morte na cruz. Como acolhemos este projeto do amor de Deus?

A primeira leitura recorda-nos que somos livres de escolher entre a proposta de Deus, que conduz à vida e à felicidade, e a nossa própria autossuficiência, que conduz quase sempre à morte e à desgraça. Para ajudar a pessoa que escolhe a vida, Deus propõe mandamentos: são os sinais com que Deus delimita o caminho que conduz à salvação. Que sentido damos às leis?

O Evangelho completa a reflexão, propondo a atitude de base com que a pessoa deve abordar esse caminho balizado pelos mandamentos: não se trata apenas de cumprir regras externas, no respeito estrito pela letra da lei, mas de assumir uma verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às suas propostas, que tenha correspondência em todos os passos da vida.

As interpelações dos vários exemplos apresentados por Jesus comprometem as nossas vidas com a Palavra de Deus. Somos convidados a viver na dinâmica do Reino, a acolher com alegria, entusiasmo e total adesão o projeto de vida plena que Deus nos quer oferecer.

 

 

Os nossos comportamentos externos têm de resultar, não do medo ou do calculismo, mas de uma verdadeira atitude interior de adesão a Deus e às suas propostas. Os mandamentos não são princípios sagrados que temos de cumprir mecanicamente, sob pena de receber castigos, o maior dos quais será o inferno, mas são indicações que nos ajudam a potenciar a nossa relação com Deus e a não nos desviarmos do caminho que conduz à vida. O cumprimento das leis, de Deus ou da Igreja, não é uma obrigação que resulta do medo, mas o resultado lógico da nossa opção por Deus e pelo Reino.
 
Não podemos deixar nunca que as leis, mesmo que sejam leis muito sagradas, se transformem num absoluto ou que contribuam para escravizar a pessoa. As leis ou os mandamentos devem ser apenas sinais indicadores desse caminho que conduz à vida plena

O que é verdadeiramente importante é que caminhemos na história, com as nossas alegrias e esperanças, tristezas e angústias, em direção à felicidade e à vida definitiva, que só acontece no encontro com Deus.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Paquistão: Um país sequestrado pela lei da blasfémia

Viver no meio do terror

A lei da blasfémia permite, lançando falsas acusações, incriminar qualquer pessoa condenando-a à prisão ou até à morte. Os Cristãos são, provavelmente, a minoria religiosa que mais tem sofrido com este sistema. Asia Bibi ou Shahbaz Bhatti são exemplo disso.

 

O Paquistão continua a estar sequestrado pela iníqua lei da blasfémia, que permite incriminar qualquer pessoa acusando-a de ter insultado o profeta Maomé ou de ter ofendido o Alcorão. Por trás da defesa da blasfémia estão os taliban que desejam instaurar no país a lei islâmica. Só no mês passado calcula-se que mais de uma centena de pessoas tenham perdido a vida em ataques terroristas.
Quando saiu de casa, dia 2 de Março de 2011, Shahbaz Bhatti, ministro paquistanês das Minorias Religiosas, sabia as ameaças de morte que recaiam sobre si. O único cristão do Governo dirigia-se para o gabinete, em Islamabad, quando o seu automóvel foi crivado de

 

balas. A lei da blasfémia fazia mais uma vítima. Meses antes, em Janeiro, o governador do Punjab, Salman Taseer, também fora assassinado por ter igualmente denunciado o carácter injusto desta lei.
Asia Bibi, que apenas bebeu um copo de água de um poço, foi acusada, em 2010, de ter tornado a água impura, e isso bastou para a sua condenação à morte por blasfémia. Tanto o governador Taseer, como o ministro Bhatti, revoltaram-se com a forma negligente como as autoridades condenam pessoas com base em acusações tão grosseiras.
Os seus argumentos foram inúteis. Asia Bibi continua presa, no corredor da morte, vivendo apavorada todos os dias. “Não sei se aguento muito mais. Se ainda estou viva é graças à força que as suas orações me dão”, escreveu, no Natal, ao Papa Francisco.

A história de Malala

A imposição da lei da blasfémia tem condenado o país a uma obscuridade cultural e religiosa terrível. A história da jovem 

 

 

 

 

Malala, atingida a tiro na cabeça pelos talibãs, em 2012, apenas porque queria ir para a escola, é sintomática.
Malala, que ganhou o Prémio Sakharov dos Direitos Humanos, reafirmou, numa sessão especial da ONU, no ano passado, a sua luta pela liberdade. A declaração desta adolescente de 16 anos é assombrosa. “Eles pensavam que as balas nos iam silenciar, mas enganaram-se. E desse silêncio nasceram milhares de vozes”. Malala combate o obscurantismo que permite perseguir e matar em nome da religião.

O combate à ignorância e ao fanatismo é uma das prioridades da Igreja Católica no Paquistão. Em certas regiões, grupos extremistas têm levado a cabo campanhas de destruição de escolas, especialmente as que se destinam ao ensino das raparigas. Só na Diocese de 

 

Faisalabad, há 82 escolas. Mas são imensas as dificuldades. As famílias são pobres e não conseguem pagar o transporte das crianças. A solução passa pelo regime de internato. As Irmãs da Sagrada Família dirigem um internato na vila de Chak, permitindo que 45 meninas possam estudar. Agora, querem abrir uma nova residência. Algumas destas raparigas têm até manifestado o desejo de seguir a vida religiosa. A Fundação AIS está a promover uma campanha de apoio a estas Irmãs da Sagrada Família, para poderem assim abrir mais escolas. Mas o importante é que o sofrimento e o martírio de Malala, de Taseer, de Bhatti e de Asia Bibi não tenham sido em vão. E isso pode depender apenas de si.

Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt

 

 

 

 

 

 

«Curai os enfermos!» (Mt 10,8). A Igreja recebeu este encargo do Senhor e procura cumpri-lo, tanto pelos cuidados que dispensa aos doentes, como pela oração de intercessão com que os acompanha

(CIC, 509)

 

 

 

 

 

 

 

 

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