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Foto da capa: D.R. Foto da contracapa: Agência Ecclesia
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Pastoral corajosa para a Família[ver+]
Combate à pobreza e exclusão
Desafios pastorais da família
Sandra Costa Saldanha|D. José Cordeiro|D. Antonino Dias| António Marujo| Margarida Corsino
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Uma inércia desastrosa |
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Sandra Costa Saldanha |
Motivo de indignação e opiniões diversas, tem-se dito de quase tudo sobre a intervenção na Última Ceia do Santuário de Nossa Senhora as Preces (Aldeia das Dez, Oliveira do Hospital). Do escárnio ao choque, a sociedade em geral manifesta-se com expressões de repúdio, classificando-a como uma “aberração” e “tragédia”, acção de “terrorismo” e desrespeito. Retrato de uma realidade que muitos conhecem, a intervenção levada a cabo está na ordem do dia, trazida a público pelas redes sociais. Tem a mais-valia de chamar a atenção para uma prática reiterada, como bem sabemos, de norte a sul do país. Acções que estão na base da perda de muito património, têm por alvo todo o tipo de objectos devocionais. Concretizadas por indivíduos sem competência técnica, reina o amadorismo. Todos - excepto os profissionais - parecem aptos a intervir no património cultural da Igreja, escudados num singular sentimento de posse e num espírito de autonomia altamente nocivo. Atropelando os mais elementares princípios de conservação e restauro, transformam-se obras de arte religiosa em verdadeiras caricaturas carnavalescas, sem critério nem rigor. Situações frequentemente irreversíveis (pelo emprego de técnicas e materiais inadequados), adulteram as obras e determinam, não raras vezes, a perda do seu valor patrimonial. Coloridas e brilhantes |
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(como “novas”), mais do que a descaracterização material, uma intervenção danosa perverte o mais profundo sentido da obra de arte religiosa, uma das mais notáveis heranças da igreja católica: a sua identidade, comprometendo todo o propósito pastoral para o qual foi concebida, como meio de evangelização e catequese. Não é, pois, por falta de informação que as situações se repetem. Ela é abundante e sistemática, em acções promovidas por várias entidades. Normas e toda a espécie de orientações existem, mas prosseguem os atropelos aos procedimentos. É aos serviços vocacionados para os Bens Culturais da Igreja (que existem em todas as dioceses) que compete aconselhar e promover a implementação de boas práticas. Por eles devem passar todos os processos de intervenção nos espaços religiosos.
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Os Bens Culturais da Igreja não podem, pois, continuar sujeitos à imprudência e à arbitrariedade dos gostos pessoais. Trabalho fácil e pouco oneroso, frequentemente do agrado das comunidades, é também a essas mesmas comunidades - tão solícitas na defesa e preservação do seu património - que compete promover uma acção escrupulosa, procurando orientação especializada, fiscalizando e denunciando semelhantes atrocidades.
Felizmente, aumentam os exemplos de boas práticas, em intervenções prudentes e responsáveis. Mais do que a crítica fácil, seria bom que a mediatização do caso de Aldeia das Dez tivesse um alcance pedagógico, alertando e motivando transformações nos modos de actuação de todos quantos que têm responsabilidade na salvaguarda e protecção do património cultural da Igreja. |
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Confrontos em Kiev, Ucrânia © Lusa
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“O Presidente da República devolveu à Assembleia da República a proposta de referendo sobre a possibilidade de coadoção pelo cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo e sobre a possibilidade de adoção por casais do mesmo sexo, casados ou unidos de facto” Presidência da República, Lisboa, 20.02.2014
"O FMI dá notícia de que está constituído um grupo de trabalho (como o PS tinha anunciado) que tem como objetivo cortes nas pensões e salários, reduzir a situação dos funcionários públicos enquanto rendimentos do trabalho. Esta situação é grave" Alberto Martins, no final a reunião semanal do Grupo Parlamentar do PS, Lisboa, 20.02.2014
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"Queremos aliviar a carga fiscal sobre o trabalho e sobre o consumo de modo permanente num prazo tão curto quanto possível" Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, Lisboa, 18.02.2014
“Baseado nos resultados da reunião, as partes anunciaram uma trégua e o início de negociações que visam acabar com o derramamento de sangue e estabilizar a situações do país em benefício da paz civil” Presidência da Ucrânia, Kiev, 19.02.2014
“Não podem conviver grupos armados ilegais com a paz em sociedade. Ao Governo cabe a responsabilidade de desarmar este grupo” Ramón Guillermo Aveledo, Mesa da Unidade Democrática, Venezuela, 19.02.2014 |
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Compromisso alargado
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A Cáritas Portuguesa e as suas congéneres europeias assinalam hoje o Dia Mundial da Justiça Social com um apelo “a todos os decisores políticos” para que reconheçam aquele princípio como “fundamental no combate à pobreza e exclusão”. Num comunicado conjunto enviado à Agência ECCLESIA, os organismos católicos realçam que a promoção da justiça social é uma das diretivas presentes no “Tratado da União Europeia” e um primado fundamental, “particularmente no atual ambiente social, profundamente alterado”. Segundo a mesma nota, “as estatísticas mais recentes mostram que, em 2012, mais de 124 milhões de pessoas dos 28 estados-membros viviam em risco de pobreza ou exclusão social”. “Em Portugal este número foi de 25,3 por cento da população, o que significa que mais de dois milhões e seiscentas mil pessoas estavam em risco de pobreza |
ou exclusão social”, pode ler-se ainda. A Cáritas Portuguesa lamenta que, “embora a Comissão Europeia e todos os estados-membros se tenham comprometido a tomar medidas sérias para reduzir significativamente estes números”, existam “mais pessoas nesta situação em Portugal e muitas não estão sequer na estatística oficial”. No n.º 201 do compêndio da Doutrina Social da Igreja Católica é referido que “a conquista da Justiça Social diz respeito aos aspetos sociais, políticos e económicos e, sobretudo, à dimensão estrutural dos problemas e às suas respetivas soluções”. “Isto significa que os governos devem desenvolver políticas e legislação que respeitem a interdependência e a interligação do desenvolvimento económico e social de forma sustentável”, realça a organização solidária, presidida por Eugénio Fonseca. |
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A mesma entidade sublinha que “a verdadeira Justiça Social requer um forte compromisso entre estes aspetos, porque sem crescimento económico não há recursos adequados para o desenvolvimento social e sem investimento num sistema de proteção social, inclusão social e serviços sociais não há desenvolvimento económico estável a longo prazo”.
O Dia Mundial da Justiça Social |
foi instituído pelas Nações Unidas em 2009, na sequência do reconhecimento da necessidade de enfrentar questões como a pobreza, a exclusão e o desemprego. A data pretende mobilizar os países para a implementação de atividades e iniciativas que permitam responder aos objetivos e metas traçadas na Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Social, realizada em Copenhaga, em 1995. |
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Bispo de Vila Real pede combate à apatia |
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O bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás, tornou hoje pública a sua mensagem quaresmal, na qual incita os diocesanos a viver a Quaresma “imitando Jesus”, para fugir à “apatia e desinteresse”. “A Quaresma prepara a Páscoa da Ressurreição, a nova criação e a vida gloriosa, com a ascese, a conversão e a passagem obrigatória pela morte e dom de si, imitando Jesus que veio, para dar a vida por nós, renunciando ao poder e à glória” por isso “a Quaresma deve levar à imitação de Cristo, à renúncia, ao êxodo, à partilha e ao amor fraterno”, começa por escrever D. Amândio Tomás. “O amor a Deus e ao próximo faz feliz quem vive e aposta, no dom da solidariedade, na empatia com o outro, no bem comum, compaixão e perdão”, porque “o remédio contra o mal e apatia é fazer bem, retirar o ódio, o desinteresse e a escravização do próximo”, acrescenta. O bispo de Vila Real sublinha que “há que anunciar Cristo, com coragem, alegria e convicção, sem medo, nem vergonha, e amar os |
pobres, com fraterna solicitude, pois Deus quer ser encontrado e servido neles”. D. Amândio Tomás lamenta que “a informação torne o mundo diversificado e plural, uma aldeia global, bombardeada por várias propostas e modos de viver e ver o mundo, que não ajudam, automaticamente, a gente a criar entendimento, amizade e reconciliação”. A mensagem adianta também que a renúncia quaresmal vai reverter, este ano, a favor das Conferências de São Vicente de Paulo. “O cristão ama, partilha e dá, com solicitude, para mitigar a dor e miséria dos outros”. |
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Realidade angustiante
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Lisandra Rodrigues é a nova coordenadora nacional da Juventude Operária Católica e vai iniciar funções no próximo dia 1 de abril. Em entrevista concedida à Agência ECCLESIA, a nova responsável traça como prioridade para o seu mandato envolver cada vez mais o movimento na procura de soluções que permitam contrariar a “realidade angustiante” do desemprego jovem. A partir do trabalho nas dioceses, com base na mensagem cristã e numa filosofia que assenta muito na dinâmica de grupo, é possível dar aos mais novos “esperança, confiança” e ao mesmo tempo ajudá-los a “perceber”, diante das dificuldades, onde estão “as respostas e o alento que precisam para continuarem o seu caminho”, realça Lisandra Rodrigues. Por outro lado, a nova coordenadora da JOC quer aprofundar a intervenção do movimento junto das entidades políticas e sociais que têm “um poder de decisão muito mais concreto e direto”. |
Aqui estão incluídas não só as instâncias governamentais mas também “os sindicatos” e plataformas como “o Conselho Nacional da Juventude e outros movimentos de jovens que se mobilizam face aos problemas”. “Não faz sentido a JOC estar fechada em si própria, ela não faz passar a sua mensagem, a sua proposta de vida se não a partilhar com outros”, sublinha Lisandra Rodrigues. A JOC lançou uma campanha nacional de combate ao desemprego que pretende levar a cabo ações por todo o país para ajudar a encontrar trabalho, em particular para os jovens. Esta campanha vai terminar em agosto de 2015. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Entrevista a Inês Leitão e Daniela Leitão |
O Bracarense, santo bispo conciliar |
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D. José Manuel Cordeiro Bispo de Bragança-Miranda |
O Beato D. Bartolomeu dos Mártires nasceu há 500 anos (03.05.1514) e foi dominicano e nomeado Arcebispo de Braga, sendo por isso também Pastor das actuais Dioceses de Viana do Castelo e Vila Real e ainda do presente Arciprestado de Moncorvo da Diocese de Bragança-Miranda, que pertenceu a Braga até 1881. Este insigne Pastor participou no Concílio de Trento, onde ficou conhecido pelo bracarense. Aquando do seu regresso do Concílio à Arquidiocese de Braga entrou no vasto território pela magnífica vila de Freixo de Espada à Cinta. Para assinalar esta data, precisamente há 450 anos (23.02.1564), celebraremos a memória com a Eucaristia na igreja matriz de Freixo de Espada à Cinta no domingo, exactamente o dia 23 de fevereiro de 2014. Este santo bispo conciliar, encarnou o perfil de bispo ideal por ele defendido em Trento e escreveu no seu livro Estímulo de Pastores: «três coisas se requerem no prelado: 1ª – pureza de intenção, que consiste nisto: desejar mais servir que presidir; procurar em tudo não a honra, não a própria comodidade, mas a pura vontade de Deus e a salvação das almas; 2ª – conversão santa e irrepreensível, para que de nenhum modo se possa objectar-lhe: médico, cura-te a ti mesmo; 3ª – humildade interior e sincera, para que não presuma interiormente ou se glorie da própria santidade, como usurpador e ladrão da glória que só a Deus é devida, em quem
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deve confiar e de quem deve depender». É um programa que abre à coragem da esperança e sublinha no coração do bispo: |
a caridade, a sabedora, a rectidão e a justiça. Santo Agostinho já havia recordado: «como quer que |
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sejamos, que a vossa esperança não esteja posta em nós: se formos bons, somos ministros; se formos maus, ministros somos. Mas só se formos ministros bons e fiéis, é que seremos verdadeiramente ministros». A Igreja coloca-se numa atitude de serviço, que não impõe a fé, mas solicita a coragem pela verdade. O Bispo torna-se “pai”, exactamente porque é plenamente “filho” da Igreja. A própria vida diz-nos que nem todos podemos ser pais, mas todos somos filhos na confiança, qual dom de Deus. Confiança, com efeito, é o nome infinitamente nobre que o amor assume neste mundo, quando a fé e a esperança se unem para permitir-lhe de nascer. A Visita Pastoral é um autêntico tempo de graça e momento especial, antes único, para o encontro e o diálogo do Bispo com os fiéis. O grande Bispo, Bartolomeu dos Mártires, entendia que a visita pastoral é quase a alma do governo episcopal, como uma expansão da presença espiritual do Bispo entre os seus fiéis. Com |
efeito, para o Bispo ou o Pastor, como o recordam tantos santos Mestres, «o mais importante é conhecer o povo do Senhor que lhe está confiado». O Papa João Paulo II beatificou o arcebispo no dia 4 de novembro de 2002, e referiu-se a ele ao falar da importância da visita pastoral na exortação apostólica Pastores Gregis sobre o bispo, |
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servidor do evangelho de Jesus Cristo para a esperança do mundo. A memória litúrgica celebra-se a 18 de julho. S. Carlos Borromeu era um grande amigo e admirador do bispo português tão influente no Concílio de Trento. O cardeal Carlo Martini também se referiu a Bartolomeu no seu livro O Bispo: «Tudo o que respeita à autoridade é reconduzido ao pastor supremo, do qual os responsáveis são colaboradores. As virtudes indicadas são: disponibilidade, desinteresse, humildade, tornar-se modelos do rebanho. Este é o ponto de partida para aqueles que serão os grandes tratados acerca do exercício da autoridade na Igreja, da Regula pastoralis de S. Gregório Magno aos vários escritos do século XVI, como o Stimulus pastorum de Bartolomeu dos Mártires, Arcebispo de Braga, muito estimado por S. Carlos Borromeu até ao |
documento Ecclesiae Imago, directório para o ministério pastoral dos bispos (1973) depois reapresentado sob o nome de Apostolorum sucessores em 2004». |
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A notícia silenciosa |
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Lígia Silveira Agência Ecclesia |
Há alguns anos fui desafiada por uma revista a dar a conhecer leigos que, em variadas geografias e vocações, se mostravam empenhados no serviço à Igreja e respondiam com um testemunho alegre e desinteressado. Do Minho ao Algarve encontrei pessoas de todas as idades e de múltiplos carismas: desde a presidência da Celebração da Palavra em terras inóspitas à promoção do encontro entre diferentes confissões religiosas, passando pela visita a doentes, dinamização de jovens e crianças e acompanhamento de estudo ou oração, entre outras atividades voluntárias. Muitas e boas histórias com um denominador comum: o profundo sentido de serviço espiritual. Encontrei muitos sorrisos e grande humildade em pessoas que disseram sim à vocação que foram discernindo na vida como apelos pessoais a que deram respostas comprometidas. Regresso a esses momentos porque os reencontrei há dias, quando andei por Setúbal à procura de retratos de uma diocese construída a várias mãos na procura cristã do ser e do fazer: cultura e património, ação social e educação, formação contínua e oração. É esta a Igreja que acontece todos os dias e que é uma notícia silenciosa que não procura manchetes, câmaras ou microfones. |
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O primeiro contentamento que encontra é a «alegria do Evangelho» que «enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus», como escreve o Papa Francisco na abertura da exortação «Evangelii Gaudium». |
Quando queremos sondar a ação da Igreja, batemos muitas vezes à porta de diretores, dirigentes e presidentes, esquecendo-nos de quem, no silêncio, testemunha que a vida é sempre maior quando se dá. |
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Concertação no horizonteAlfredo Teixeira, teólogo e antropólogo, analisa o alcance e as novidades da auscultação sobre a família no contexto do Sínodo dos Bispos. Mais do que a oportunidade de um sínodo, o professor da Universidade Católica considera que a Igreja deverá passar a um estado de sinodalidade. O “efeito” Papa Francisco pode ajudar a essa renovação, onde já não é possível contar com dispositivos como um Concílio e em contextos que personalizam lideranças. Para contar com a família, Alfredo Teixeira afirma que um discurso ideológico tem de ser substituído na Igreja por reais investimentos pastorais. |
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Agência ECCLESIA (AE) – Em todo o processo de auscultação para preparar o Sínodo dos Bispos sobre a Família, o que surge como novidade? Alfredo Teixeira (AT) – O que é verdadeiramente novo é a atenção que sociedade em geral e em particular os católicos mostraram face a esta inquirição. O processo de auscultação no contexto de sínodos não é algo novo. Noutros sínodos e noutras circunstâncias, em mobilizações em torno de determinados interesses pastorais, por exemplo, é frequente que se faça algum tipo de auscultação, tendo como objetivo a sensibilização do terreno eclesial para as questões que vão ser debatidas. E normalmente as pessoas que respondem são escolhidas pelas dioceses, como tendo particular interesse por aqueles assuntos. Esta auscultação ganhou uma dimensão que qualquer dispositivo deste género nunca teve, pelo interesse que as pessoas mostraram. Com uma marca: as pessoas perceberam que o Papa estava genuinamente interessado em ouvi-las.
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AE – E é essa a marca diferenciadora em relação a outros inquéritos? AT – Sim, é essencial. As pessoas não se mobilizam para responder se não perceberem que aquilo que vão dizer pode ser ouvido. O que gerou um problema: todo este processo foi um pouco caótico. A Igreja, nas suas estruturas locais, não terá pensado suficiente no modo de operacionalizar a auscultação. Nalguns países o processo de organização da auscultação foi entregue a institutos sociopastorais, que têm competências nessa área e procuraram recolher essa informação, como aconteceu na Suíça. Noutros houve metodologias diferentes, por dioceses ou |
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em iniciativas espontâneas fora dos quadros normalizados da vida eclesial. Há um problema relativo à gramática da participação que não está ainda pensado e operacionalizado, o que não deve esconder a extraordinária adesão e a perceção dos cristãos de que havia uma vontade genuína de os ouvir sobre os temas da família a partir de sensibilidades e experiências de vida próprias.
Da ficção à realidade
AE – Numa entrevista às revistas dos jesuítas, o Papa Francisco afirma: “Os Consistórios e os Sínodos são, por exemplo, lugares importantes para tornar verdadeira e ativa esta consulta. É necessário torná-los, no entanto, menos rígidos na forma. Quero consultas reais, não formais”. É isso que já está a acontecer? AT - Diria até que antes eram consultas fictícias. Se o dispositivo não se dirigia à realidade, o reflexo que tinha era de uma certa ficção sobre essa realidade. |
AE – Quer isso dizer que muitos sínodos partiram de pressupostos errados? AT – Muitos sínodos não tiveram os dispositivos necessários para fazer uma real auscultação e os problemas foram pensados a partir das experiências pastorais que os bispos conhecem. E eles não existem fora da realidade, presidem à comunhão das comunidades, estão em contacto com elas… É nova a possibilidade da comunidade, a partir da iniciativa pessoal dos cristãos, tomar a palavra desta forma. Os cristãos perceberam que o Papa tinha uma vontade diferente relativamente a este processo de auscultação.
AE – Trata-se de uma determinação do Papa ou de uma atitude que contagiou a estrutura do sínodo e a própria Igreja? AT – Acho que contagiou. Mas o sínodo é um dispositivo institucional. E requer canais e modos próprios para que a vida possa chegar até a esse dispositivo, existindo uma dificuldade em perceber |
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se essas vias estão suficientemente abertas e organizadas. Que existe um efeito Papa Francisco, quer na cena pública quer no terreno eclesial, isso parece-me evidente! Mesmo em relação a indicadores sociométricos muito simples. Por exemplo, um sociólogo italiano que tem estudado alguns aspetos da religiosidade em Itália, observando com detalhe as flutuações da prática dominical no país mostrava recentemente que em relação ao indicador da prática católica existe na Itália um efeito Francisco. Há também uma reflexão que temos de fazer: as dinâmicas sociais têm hoje condições |
para ser relativamente efémeras, por estarem associadas ao protagonismo de alguém, desaparecendo com esse protagonismo. Não me parece, por isso, que um discurso vazio e otimista seja aqui interessante. A Igreja Católica tem antes de encontrar novas formas de pensar as comunidades, a sua comunicação com o espaço público. E este Papa abriu claramente a Igreja para esse elã, sem dizer em muitos casos como é que isso se tem de fazer. Há, assim, uma grande responsabilidade das igrejas locais, enquanto estruturas animadoras e lugares de inscrição da vida cristã, que não estão em muitas das suas dimensões no |
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mesmo dinamismo. Não podemos ter a ilusão de que ao entusiasmo da identificação direta do católico com o Papa corresponde a mesma transformação em todas as outras estruturas eclesiais.
AE – Como enfrentar esse desafio, no Vaticano e nas igrejas locais? AT – O espaço comunicativo transformou-se muito nas últimas décadas, pelo menos desde João Paulo II. As novas plataformas de comunicação permitem que uma liderança religiosa possa ter |
um contacto quase direto com a sua base social. Mas temos de ter em conta que essa relação pode subsistir nesse plano comunicativo sem transformar o resto. No caso do Papa João Paulo II, o lugar de inscrição foi o espaço “massmediático”. Os católicos tinham uma relação com o Papa de muita proximidade, mas mediada pelos mass media, não pelas estruturas eclesiais. Bento XVI teve de lidar |
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também com essa transformação, com as dificuldades geradas pelo seu estilo e pelo percurso intelectual, que não se dá muito bem com a multidão, a “massa” que o espaço mediático convoca.
Com Francisco encontramos uma realidade nova: a comunicação já não é com a multidão, mas adquire uma dimensão personalizado.Quando observamos as caricaturas, o humor que se constrói em torno de uma pessoa, é possível perceber o que está em causa porque o humor é um acelerador da mensagem. No caso do Francisco, os humoristas têm explorado o Papa que é capaz de telefonar a alguém através do telemóvel, que é capaz de responder a um problema c
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oncreto que alguém lhe coloca.
Há uma imagem diferente, que privilegia a dimensão comunicativa, já não na grande praça de multidão, mas afirmando-se numa relação quase pessoal, que pode subsistir de uma forma um pouco paralela ao que são as estruturas eclesiais. O grande desafio deste pontificado será, assim fazer refluir uma coisa sobre outra: como é que uma relação nova, um estímulo novo que é dado por um Papa e pela relação que quer ter com os católicos e com o espaço público em geral pode refluir, pode transformar as estruturas eclesiais que, em todo o caso, são necessárias para dar corpo a esta vida. |
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Reformar com novos dispositivos: a concertação
AE – Por aí se irá avaliar a capacidade reformista deste pontificado? AT – Uma instituição como a Igreja transforma-se na medida em que incorpora dinâmicas reformistas. A ideia de reforma é interior à sua própria história. Neste momento é necessário perceber atá que ponto este elã tem uma dimensão reformista. E ainda é relativamente cedo para tirar conclusões, embora haja já sinais disso (como o interesse pela reforma da Cúria Romana), |
num contexto em que já não é possível contar com os mesmos meios que outros propósitos reformistas tinham. João XXIII tinha um Concílio que é um instrumento de reforma muito importante. Pensar hoje um Concílio requer uma análise da situação muito mais completa e efetivá-lo implica pensar a Igreja numa complexificação à escala mundial. Basta ter presente o simples facto de que há um número muito maior de bispos… Um dos desafios deste Papa é ter de pensar os dispositivos que podem organizar uma reforma. |
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Há no desígnio de Francisco um intuito reformista. Mas ele próprio terá algumas dificuldades em perceber que dispositivos podem agir sobre as estruturas eclesiais para os dinamizar nesse impulso reformista.
AE – A reforma do próprio sínodo será o meio para desencadear a reforma? AT – Sim, é possível. Sobretudo na medida em que seja expressão e desencadeie uma cultura sinodal mais alargada.
AE – Passar da existência de um sínodo a uma existência em sinodalidade…? AT – Exatamente. Os Sínodos diocesanos que têm acontecido, em particular no espaço europeu, tiveram impactos muito diferentes. Na França, por exemplo, os dinamismos sinodais introduziram alterações significativas na forma de organização das comunidades, nos dinamismos de evangelização. Em Portugal, pareceu-me que de uma forma geral os sínodos ficaram por uma certa |
celebração da identidade da própria Igreja local, uma espécie de encontro fraterno que alimenta a identidade, mas não estavam imbuídos de um espírito de transformação. Isso requer dispositivos concretos, meios para introduzir dinamismos novos nas comunidades. Não é o simples facto de juntarmos as pessoas que vai produzir efeitos. Há uma cultura de sinodalidade de participação que é necessário desenvolver, o que tem de ser feito em diferentes âmbitos. Um deles pode ser a do próprio Sínodo dos Bispos, na sua estruturação interna, na forma como as vozes das igrejas locais vão ser ouvidas e respeitadas pode conduzir a um alargamento do espírito de sinodalidade. |
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O termo sinodalidade transcreve o que, num ponto de vista mais neutro, chamaríamos a concertação. Quando falamos em concertação social, a tentativa chegar a lugares de encontro dos diferentes interesses e sensibilidades em relação a um determinado problema social, é algo semelhante ao que encontramos no espaço eclesial. Mas o espaço eclesial tem mais competências para o fazer, porque a partir de uma vocação comum, de uma missão. Assim, deveria ser mais fácil encontrar esses caminhos de sinodalidade. Seria muito interessante que do próprio sínodo saísse um dinamismo que pudesse contagiar as estruturas locais da Igreja sob este impulso da sinodalidade. |
AE – O processo de análise e da elaboração de conclusões, neste sínodo, poderá ser objeto também de mudanças? O Papa permanecerá como o único a propor conclusões de uma reflexão abrangente? AT – Não tenho conhecimento detalhado dos aspetos organizativos deste sínodo. Parece-me que as alterações que o Papa já fez à sua dinâmica visam superar o problema de chegarmos ao fim e termos uma espécie de um texto liso, ideal, distanciado da realidade e dos problemas que as pessoas vivem. A linguagem deste Papa não tem sido essa, antes a de procurar uma formulação muito simples, direta, dirigida à vida das pessoas nos seus problemas. Parece-me, por isso, legítimo esperar que a metodologia que o Papa quererá implementar no sínodo facilite a chegada de toda essa sensibilidade aos textos autorizados.
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AE – O Papa continuará a chamar si todo o processo de decisão, também nesta temática? AT – Se a sinodalidade envolver todas as dimensões do sínodo, não podemos ter uma dinâmica caraterizada por uma assembleia que discute diferentes sensibilidades e depois toda essa riqueza é como que esmagada por um qualquer processo de síntese global, feito por ator, mesmo o protagonista ou um dos atores privilegiados. Há um problema de metodologia. Algumas dos grandes desafios eclesiológicos hoje, relativos ao que é a compreensão da Igreja, passam essencialmente pelo saber fazer. E nesse ponto de vista a memória eclesial é tão rica! Basta pensar na História da Igreja desde as primeiras gerações, onde encontramos continuamente a recomposição dos modos |
de agir e de pensar em comum. A Igreja tem na sua própria tradição muitos contextos e oportunidades para pensar o que podem ser os modos de fazer. A questão essencial não seria tanto refletir de novo sobre os grandes sentidos da experiência eclesial, aprofundada com grande riqueza pelo Concílio Vaticano II e em sínodos sobre a sua receção, mas no como fazer. Se este sínodo pudesse ser um ponto de partida para uma grande reflexão sobre a gramática que organiza a vida das comunidades, nas suas múltiplas relações - deste a interparoquial, a interdiocesana, à relação das igrejas locais com Roma, com as outras igrejas - se encontrássemos um impulso neste sínodo para esse “como fazer”, seria um contributo muito interessante! |
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Um primado social
AE – O próprio conceito do Primado de Pedro pode ser reconsiderado? AT – Essa é uma questão bastante difícil. Mais uma vez, os contextos de transformação social têm muito mais impacto do que parece sobre uma realidade que poderíamos considerar apenas pelo carácter dogmático, disciplinar ou administrativo. Os textos do Concílio Vaticano II fornecem-nos uma grande dinâmica da afirmação das igrejas locais, contrastando muito com o que tinha sido com o Concílio Vaticano I, onde se afirma com uma intensidade muito grande o Primado de Pedro, do ministério Petrino. A figura do Papa como aquele que preside à comunhão católica não tem de todo a mesma preponderância no Vaticano II, afirmando-se antes as igrejas locais, a centralidade da autoridade episcopal. No entanto, acontece uma transformação social muito grande que conduz facilmente a um extraordinário protagonismo das diferentes lideranças. |
Qualquer dos padres conciliares estaria longe de pensar nesta transformação, que já é um pouco visível no pontificado de Paulo VI e sê-lo-á extraordinariamente no de João Paulo II, oferecendo-lhe a possibilidade de se singularizar e de poder estabelecer uma relação personalizada com o espaço católico. Se perguntar a um católico o nome de batismo de algum dos papas anteriores a João Paulo II, raros serão os que saberão o nome italiano de Paulo VI ou João XXIII. Mas muitos saberão o nome polaco de João Paulo II ou o nome alemão de Bento XVI, assim como o nome hispano-italiano do Papa Francisco. Isso significa que o Papa passou a transportar para o seu próprio ministério uma biografia, uma história que permite uma identificação pessoal com o Papa. Assim, o seu primado passou a ter uma outra mediação, que não é apenas a eclesiológica e canónica. Há um primado de outra ordem, que é de reconhecimento e moral, que se viu fortalecido. E não vejo como é que isso possa ser ultrapassado, como é |
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que a Igreja, com uma liderança universal numa pessoa que preside à comunhão (o que não acontece com as Igrejas protestantes) se vai poder dispensar desta centralidade comunicativa. Ainda não se refletiu convenientemente sobre as novas condições do exercício do Primado, que não só as estritamente canónicas e eclesiológicas, mas que são agora de índole social e que tem uma enorme eficácia.
AE – E é aí que a sociedade se revê? AT – É aí que podemos encontrar um espaço de comunhão, com
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caraterísticas novas. O próprio Papa pode também tornar-se num elo de ligação e dinamização com outras instituições, incluindo as eclesiais, de forma diferente. O primado tem hoje outros significados. A possibilidade de liderar uma certa consciência pública acerca dos efeitos perversos de um determinado modelo de organização económica e financeira é também uma forma nova do exercício do primado. Não é apenas eclesiástico, mas também moral, passando a ter uma extraordinária importância na nossa sociedade. |
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Família: de um discurso ideológico a investimentos pastorais
AE – Que aproximação é necessário acontecer para que o discurso normativo e moral sobre a Igreja se adeque à realidade familiar da atualidade, tornando-a também por essa via um espaço de transmissão da identidade crente? AT – Historicamente, a família foi o lugar da grande aliança que fez penetrar o cristianismo nas culturas. Nas sociedades do Atlântico-Norte, que fizeram história com o cristianismo e construíram um cristianismo
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histórico que chega até nós, a religião penetrou culturalmente a partir da centralidade que família ocupou nessas sociedades. Seria muito importante permitir que o que a Igreja diz sobre a família não se tornasse facilmente uma arma de luta ideológica. Penso que a Igreja se pode claramente refontalizar mais, pensar aquilo que na sua própria história foi o lugar da família nos processos de evangelização, sem se vincular a um determinado modelo, que chamaria ideológico de família. Deve haver um espaço mais alargado para a diversidade das famílias se poderem afirmar.
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Por outro lado, parece-me que há uma certa contradição nos processos pastorais. Apesar de a Igreja ter um discurso muito centrado sobre a família, muito presente na cena pública, quando chegamos ao terreno, à realidade paroquial, não é de todo claro que a família seja um lugar de investimento pastoral. Por exemplo, quando uma família chega a uma paróquia para pedir o Batismo para as suas crianças, se disser que o faz porque sente uma obrigação familiar, isso será imediatamente desvalorizado: do outro lado teremos alguém que chamará a atenção para aspetos importantes, como a responsabilidade individual, a consciência crente de adesão a Jesus Cristo mais do que uma tradição familiar.
Como é difícil a uma família com crianças pequenas encontrar um espaço dominical para a celebração da Eucaristia onde possa estar como família, onde as crianças não se tornem um estorvo e possam ter uma imagem da missa que não seja apenas a do horizonte do tronco dos adultos que encontram à frente…! Apesar de discurso muito |
moralizante sobre a família, não é evidente que nas comunidades elas sejam um interlocutor dos processos pastorais. A catequese, por exemplo, é dirigida às crianças sem a consciência de que ela só poderá produzir efeito se for dirigida às famílias. É necessário passar da ênfase excessiva acerca de uma norma moral para as condutas familiares para uma lógica pastoral em que a família, como ela existe, possa ser interlocutor das práticas pastorais, do que são as lógicas da ação pastoral nas comunidades.
AE – Só assim poderá realizar a experiência crente? AT – Só na medida em que se sentir interlocutor pode tornar-se sujeito eclesial. Enquanto a família se vir apenas como lugar precário face a um modelo moral que em muitas dimensões pode ser visto como inalcançável, exigente e deixando-as esmagadas com essa exigência, é difícil pensar o lugar da família como um contexto de experiência eclesial. |
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Pastoral para além das proibições |
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A propósito do Inquérito sobre a família, entreabriram-se janelas, ouviram-se zunzuns curiosos, gerou-se entusiasmo, leu-se, escreveu-se, debateu-se, sacudiu-se o pó e muitos esperam vê-lo assentar, sobretudo ver como é que ele vai assentar. Não ignoramos que a causa do afastamento e de muitas situações pastoralmente difíceis está no distanciamento que existe entre a moral católica e o sentimento comum em vários temas, sobretudo relacionados com a família, a afetividade e a sexualidade. Possivelmente por isso, a temática e o processo de a abordar provocaram mais interesse, sobretudo porque talvez se pensasse que o inquérito fosse uma espécie de referendo sobre a doutrina. O próprio Documento que nos foi enviado previne que não é a mensagem bíblica sobre a família que está em causa mas a necessidade de saber como é que a Igreja, dentro do espírito da Nova Evangelização, há de dar resposta aos novos desafios pastorais que lhe são colocados |
por tantas e novas problemáticas relacionadas com a mesma. Precisamos de perceber como é que a doutrina da fé sobre o matrimónio pode e deve ser apresentada de modo comunicativo e eficaz. Mesmo que não seja tarefa fácil, é sempre muito importante o esforço que se possa fazer para melhor evangelizar no meio de todo este processo de secularização que, se tem aspetos negativos, não lhe faltam também valores positivos. Propor a verdade sobre o matrimónio e a família continua a ser uma tarefa necessária e urgente. O que a Igreja defende e propõe, mesmo que nem todos a sigam, tem interesse no seio da comunidade humana porque o cristianismo é uma questão pública, é anunciado a todos sem se confinar a limites de qualquer espécie e sem andar ao som dos ventos, mesmo que incomode. Cristo foi incómodo, ninguém ficava indiferente perante o que Ele dizia e fazia, todos reagiam, negativa ou positivamente. A Evangelização é feita |
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numa sociedade aberta, livre e pluralista e, por isso, está sujeita às reações, positivas e negativas, bem como ao debate que as suas propostas provocam. Tudo faz parte da missão de evangelizar e dum processo de crescimento salutar que promove e liberta. Perceber o que pensa e sugere o corpo eclesial e a sociedade em geral é de importância capital para incrementar, de facto, uma |
pastoral que sirva melhor o Evangelho na cultura que nos envolve, com outra linguagem e outros métodos, uma pastoral que faça valer a mensagem que propomos e que está muito para além de proibições e regras.
D. Antonino Dias Bispo de Portalegre-Castelo Branco Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família |
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Uma experiência de reflexão participada |
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A preparação do Sínodo dos Bispos sobre a Família motivou o interesse dum número significativo de leigos na paróquia de Nª Srª da Conceição em Setúbal, certamente, pelo tema e algumas questões “sensíveis” e pelo facto de se sentirem valorizados. Decidida em Conselho pastoral paroquial a estratégia de levar ao conhecimento do Questionário e de preparar a suas respostas, o documento foi distribuído a todos os Movimentos e Grupos. O Questionário foi simplificado, reduzindo-se o número de perguntas em cada capítulo às que pareciam mais abrangentes ou suscetíveis de carecerem de mais aprofundamento, pela sua acuidade ou novidade. Foi elaborada uma Folha Paroquial que convidava os fiéis leigos a escreverem no intervalo das perguntas as suas respostas. Um outro patamar de reflexão foi a realização dum Debate numa tarde de domingo e que durou mais de quatro horas aberto a todos quantos aí quisessem conhecer melhor os ensinamentos da Fé cristã |
sobre a Família, dialogarem entre si e debaterem as várias questões. Da riqueza da reflexão produzida destaco, apenas, os aspetos que considero mais pertinentes. Assim, as pessoas, em geral, desconhecem os diversos documentos pós-conciliares no que se refere à família, confinando-se o seu conhecimento a leigos que têm mais preocupação com a formação da sua fé. Os cristãos praticantes concordam com a visão cristã da família, mas contestam fórmulas estereotipadas envoltas em roupagens culturais ultrapassadas. Dentro desta linha de pensamento sobressai o distanciamento da cultural juvenil, e as dificuldades que sentem para acompanharem os seus filhos na fé devido ao clima de secularização e a revolta em que estes vivem e incapacidade da Igreja em os cativar e atrair. Um dos pontos mais sensíveis do debate foi o tocante ao elevado número de “uniões de facto”, às relações pré-matrimoniais, ao casamento civil de pessoas |
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do mesmo sexo e ao recurso aos métodos artificiais para a regulação da natalidade no seio das suas próprias famílias. As pessoas não se sentem culpabilizadas, e, por isso, acedem normalmente à Eucaristia e acham que a Igreja deverá tornar-se mais compreensiva e mudar algumas das suas orientações com a ternura e compaixão de Jesus que não discriminava as pessoas. Pediu-se à Igreja que olhe pastoralmente de modo diferente para os divorciados, separados, em união de facto ou recasados no que se refere ao acesso aos sacramentos, particularmente à |
Eucaristia e à recusa de padres em batizarem os seus filhos. Não compreendem, também, se “estão em pecado” por que não podem abeirar-se do Sacramento da Reconciliação. O Encontro terminou com a reafirmação da família como ambiente de amor e de afetos, e espaço privilegiado para a descoberta de Jesus Cristo e a consciência da necessidade duma espiritualidade laical forte assente no Evangelho.
Constantino Alves (Pároco de Nª Srª da Conceição em Setúbal) |
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Inquérito preparatório
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Quando, a finais de Outubro passado, foi recebido o inquérito preparatório do Sínodo dos Bispos sobre o tema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”, o Sr. Patriarca encarregou o Sector Diocesano da Pastoral Familiar da sua divulgação nas vigararias e paróquias e posterior tratamento. A equipa reflectiu sobre o documento, e rapidamente verificou que o mesmo, tendo as perguntas formuladas para respostas abertas, iria resultar numa difícil sintetização. Por outro lado, o acesso às novas tecnologias iria permitir uma divulgação muito mais abrangente, permitindo não só respostas ao inquérito na sua forma original, como também um tratamento informatizado das respostas electrónicas. Procedeu-se portanto à reformulação do inquérito, deixando para cada pergunta espaço para permitir a expressão de opiniões, como alias era o esprírito do documento original. |
O Inquérito foi disponibilizado no site da Pastoral Familiar, de 18 de Novembro a 8 de Dezembro, tendo recebido um número de respostas que excedeu em muito as perspectivas iniciais. Para além de disponibilizados através do site da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa, ambos os questionários foram enviados por email em formato digital a todo o clero e responsáveis de movimentos do Patriarcado de Lisboa, permitindo o seu preenchimento através do site internet ou por resposta em papel. Até ao final do prazo, foram submetidas cerca de 14.000 respostas no questionário online, algumas de carácter individual, outras manifestamente resultantes da reflexão de grupos, movimentos ou comunidades paroquiais. Destas respostas cerca de 3.500 foram de outras dioceses. Embora o inquérito não tenha valor de sondagem, pois não foi elaborado neste intuito, o número significativo de respostas |
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permite evidenciar uma imagem da realidade da família de hoje, imagem essa reforçada pelos numerosos comentários livres que acompanharam as respostas de escolha multipla. Com efeito, as respostas foram de um universo muito diversificado, tanto á nível etario como de pratica religiosa (catolicos praticantes ou não , não catolicos, ateus). Os meios tecnólogicos utilizados permitiram verificar que a divulgação do inquerito chegou a cerca de 100 paises, |
abrangendo assim a comunidade portuguesa no estrangeiro. A equipa do Sector Diocesano da Pastoral Familiar procedeu a análise das respostas e dos comentários livres, e elaborou um documento de síntese com cerca de 70 páginas, o qual foi apresentado a conferência episcopal em início de Janeiro de 2014.
Setor da Pastoral Familiar do Patriarcado de Lisboa |
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Participação, pluralismo, sinodalidade |
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1. A primeira ideia foi a da participação. Sentimos, os responsáveis do blogue Religionline – Manuel Pinto, Joaquim Franco e eu próprio –, que estávamos perante uma oportunidade de abrir ao maior número possível de pessoas a participação num processo de reflexão importante para todos os crentes e desejado pelo Papa. O pretexto era o inquérito preparatório do Sínodo dos Bispos sobre a Família, que decorrerá em Outubro. A consciência pessoal do baptismo, que segundo a doutrina bíblica e do Concílio Vaticano II, nos dá a todos a mesma cidadania na Igreja, era o ponto de partida para essa participação o mais alargada possível. Recebemos 76 respostas o que, no contexto português, para um blogue que não é muito conhecido, nos parece muito positivo. E confirma a relevância da iniciativa, quando sabemos que algumas dioceses recolheram poucas respostas. Em vários países da Europa, o inquérito tinha já sido colocado na internet e, em Portugal, |
várias dioceses tinham anunciado a mesma intenção. Por isso, pareceu-nos estranha a decisão da CEP de remeter a dinamização das respostas apenas para as estruturas diocesanas e paroquiais. Isso foi entendido, mesmo se não era essa a intenção, como uma desvalorização das possibilidades que o inquérito oferecia, no sentido de dinamizar as comunidades cristãs para um debate alargado sobre a experiência familiar nas sociedades plurais de hoje. O número de respostas confirmou o acerto da decisão.
2. As respostas que recebemos traduzem uma grande diversidade de pontos de vista, quer no diagnóstico, quer nas soluções que apontam. Talvez as questões que mais concordância mereçam sejam as relativas à discordância com a doutrina tradicional da Igreja para as questões familiares, das quais o pensamento sobre o planeamento familiar e contracepção, naquilo que ficou consagrado na encíclica Humanae Vitae, |
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são exemplo. Parece ser esse, aliás, o tom de muitas respostas chegadas ao Vaticano. O que indicia que o cisma silencioso provocado por aquele documento, com o afastamento de tanta gente em relação à Igreja, é ainda maior neste aspecto, tendo em conta que muitos crentes não se revêem mais em muitos aspectos da doutrina familiar. A Igreja não pode continuar a insistir em aspectos mecanicistas (colocar uma carga moral em técnicas de contracepção, por exemplo), quando a verdadeira antropologia cristã remete para a centralidade da pessoa.
3. Finalmente, a sinodalidade. O conhecimento e o debate das respostas diocesanas e
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nacionais (como é o caso das conferências episcopais da Alemanha e do Japão, que divulgaram os seus contributos) permite encetar um verdadeiro caminho sinodal, de debate e reflexão eclesial sobre os assuntos que a todos dizem respeito. O próprio Papa já afirmou que o processo sinodal deve ser desenvolvido no catolicismo. Neste caso, ele pode ajudar a descobrir novas formas de presença das famílias cristãs nas sociedades actuais. Que é como quem diz, formas de dizer Deus e a fé em Jesus de modo a interpelar (e não afugentar) os nossos contemporâneos.
António Marujo |
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Este texto é escrito de acordo com a anterior norma ortográfica |
A hora das reformas |
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O Sínodo dos Bispos sobre a família, que está a ser preparado por estes dias no Vaticano com uma série de encontros de debate e consulta, será o primeiro teste à intenção mostrada pelo Papa Francisco de valorizar os espaços de colegialidade e sinodalidade no governo da Igreja. Um ano após o início do pontificado, pode dizer-se que começa a chegar a hora das reformas. “Quero consultas reais, não formais”, referia, em declarações às revistas do Jesuítas, divulgadas em Portugal pela ‘Brotéria’ no último mês de setembro. O Papa argentino tem procurado sublinhar que qualquer reforma começa sempre por iniciativas “espirituais e pastorais”, mais do que com “mudanças estruturais”. Essas mudanças, como o próprio assume, exigem tempo e discernimento para que qualquer transformação possa ser verdadeira e eficaz. No Brasil, Francisco afirmou que a “mudança de estruturas” não é fruto de um “estudo de organização do sistema |
funcional eclesiástico”, mas é “consequência da dinâmica da missão”. A primeira exortação apostólica do pontificado, ‘Evangelii Gaudium’ (a alegria do Evangelho), refere-se a uma “conversão do papado” e questiona uma “centralização excessiva” que complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária. Francisco diz sonhar com “uma opção missionária capaz de transformar tudo” e sublinha a necessidade de fazer crescer a responsabilidade dos leigos, mantidos "à margem nas decisões" por um "excessivo clericalismo", bem como a de “ampliar o espaço para uma presença feminina mais incisiva”. O pontificado tem sido marcado por sinais de valorização do diálogo e da colaboração entre os bispos e entre eles e o bispo de Roma. Na missa que assinalou a solenidade de São Pedro e São Paulo, a 29 de junho, o Papa deixava um elogio à “diversidade” na Igreja, na qual a comunhão |
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“não significa uniformidade”. A intervenção destacou a necessidade de “seguir o caminho da sinodalidade”, dentro da Igreja Católica. Pouco depois de ser eleito, o Papa criou um Conselho de Cardeais, o chamado ‘C8’, com membros dos cinco continentes para o aconselharem no governo da Igreja. Este sábado, o primeiro consistório para a criação de cardeais traz para o Colégio Cardinalício um conjunto de novos membros das “periferias”, geograficamente falando.
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O perfil dos conselheiros decorre
Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
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Família exige pastoral corajosa |
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O Papa Francisco iniciou hoje os trabalhos do consistório extraordinário que reúne cerca de 185 prelados no Vaticano, entre hoje e amanhã, com alertas para as dificuldades que a família enfrente na atualidade. “Hoje, a família é desprezada, é maltratada, pelo que nos é pedido para reconhecermos como é belo, verdadeiro e bom formar uma família, ser família hoje; reconhecermos como isso é indispensável para a vida do mundo, para o futuro da humanidade”, declarou. Segundo o Papa, os trabalhos destes dois dias devem colocar em evidência “o plano luminoso de Deus para a família” e delinear uma "pastoral inteligente, corajosa e cheia de amor". “Ajudemos os esposos a vivê-lo com alegria ao longo dos seus dias, acompanhando-os no meio de tantas dificuldades”, acrescentou. Francisco sublinhou que a família é “a célula fundamental da sociedade humana”, convidando os participantes nesta reunião |
a ter “sempre presente a beleza da família e do matrimónio, a grandeza desta realidade humana, tão simples e ao mesmo tempo tão rica, feita de alegrias e esperanças, de fadigas e sofrimentos, como o é toda a vida”. “Desde o início, o Criador colocou a sua bênção sobre o homem e a mulher, para que fossem fecundos e se multiplicassem sobre a terra; e assim a família torna presente, no mundo, como que o reflexo de Deus, Uno e Trino”, precisou. Em ano de assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada a este tema, o Papa defendeu a necessidade de “aprofundar a teologia da família e a pastoral que se deve implementar nas condições atuais”. “Façamo-lo com profundidade e sem cairmos na «casuística», porque decairia, inevitavelmente, o nível do nosso trabalho”, apelou. Os trabalhos da reunião extraordinária continuaram com uma intervenção do cardeal Walter Kasper, que abordou,
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entre outros assuntos, a questão dos católicos divorciados que voltaram a casar pelo civil. O Vaticano anunciou participação de 150 cardeais ou futuros cardeais no consistório extraordinário, uma iniciativa convocada pelo Papa para uma “reflexão sobre a família”. “Saúdo-vos cordialmente e, convosco, agradeço ao Senhor que nos proporciona estes dias de encontro e trabalho em comum. |
Damos as boas-vindas de forma particular aos irmãos que vão ser criados cardeais, no Sábado, e acompanhamo-los com a oração e a estima fraterna”, disse Francisco. A reunião conta com a presença dos três cardeais portugueses, D. José Policarpo, D. José Saraiva Martins e D. Manuel Monteiro de Castro. |
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Em defesa da vida humana |
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O Papa Francisco exigiu hoje um maior respeito por todos os idosos, renovando as suas críticas à economia que “mata”, numa mensagem dirigida à Academia Pontifícia da Vida (APV), da Santa Sé, que assinala o seu 20.º aniversário. “Nas nossas sociedades existe um domínio tirânico de uma lógica económica que exclui e por vezes mata, da qual hoje muitíssimos são vítimas, a começar pelos nossos idosos”, escreve. Francisco destaca que a “privação mais grave” de que os idosos sofrem não é a falta de forças físicas, mas “o abandono, a exclusão, a privação de amor”, que brotam de uma "cultura do descartável". O Papa sublinha que a saúde é “um valor importante”, mas que não esta não pode “determinar o valor da pessoa”. “A plenitude a que tende toda a vida humana não está em contradição com uma condição de doença e sofrimento. Portante, a falta de saúde e a deficiência não são nunca uma boa razão para excluir, ou pior, para eliminar uma pessoa”, sustenta. |
Neste contexto, Francisco apresenta a família como “mestra de acolhimento e solidariedade”, um espaço no qual se pode “aprender que a perda da saúde não é uma razão para discriminar qualquer vida humana”.
A assembleia geral da APV está a decorrer até sábado, sobre o tema ‘Envelhecimento e deficiência’, incluindo um Workshop destinado a investigadores, estudiosos, profissionais da área da saúde e estudantes. Segundo o Papa, este é um tema de “grande atualidade”, que a Igreja Católica tem no seu “coração”. “A situação sociodemográfica do envelhecimento revela-nos claramente esta exclusão da pessoa idosa”, alerta. |
Papa sublinha importância da Confissão |
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O Papa Francisco destacou esta quarta-feira no Vaticano a importância do Sacramento da Reconciliação e disse que é insuficiente pedir perdão “apenas a Deus” pelos pecados. “Alguém pode dizer: ‘Eu confesso-me apenas a Deus’. Sim, podes pedir perdão a Deus e dizer os teus pecados, mas os nossos pecados são também contra os irmãos, contra a Igreja, por isso é necessário pedir perdão à Igreja, aos irmãos, na pessoa do sacerdote”, declarou, na catequese que apresentou durante a audiência pública semanal. Perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, o Papa disse ser saudável “ter um pouco de vergonha” dos erros e dos pecados que se cometem. “Quando sentimos o perdão de Jesus, ficamos em paz”, acrescentou. Francisco abordou a evolução histórica do Sacramento da Reconciliação, na Igreja Católica, e frisou que “embora a forma ordinária da Confissão seja pessoal e secreta”, hoje em dia, “não se deve perder de vista a sua dimensão eclesial”. |
“Por isso não basta pedir perdão a Deus no interiormente, mas é necessário confessar os pecados com humildade ao sacerdote, que representa Deus e a Igreja”, destacou. Segundo o Papa, a comunidade católica reconhece-se “na fragilidade dos seus membros” e “constata comovida o seu arrependimento, reconcilia-se com eles e encoraja-os no caminho de conversão e amadurecimento humano e cristão”. “O perdão dos pecados não é fruto do nosso esforço pessoal, mas dom do Espírito Santo que nos purifica com a misericórdia e a graça do Pai”, prosseguiu. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial a nível internacional, nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Papa encontrou-se com 19 presos
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Apelo do Papa Francisco pela paz na Ucrânia
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A grande beleza |
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Jep, sessenta e cinco anos, escreveu um único livro na sua vida, ‘O Aparelho Humano’, que lhe granjeou o sucesso e reconhecimento de que vive até hoje. Premiado e com estatuto de figura pública, leva desde então uma vida financeiramente confortável, deambulando por uma certa burguesia que gravita à sua volta, perdendo-se e achando-se em discussões de alguma superficialidade intelectual em que participa com o seu ar quase sempre complacente. Do seu terraço, com a distância que mantém como misantropo que se assume, lança um olhar sobre Roma. Um olhar que varre a cidade abarcando esplendor e superficialidade, artifício e significância. E enquanto é a cidade que a seus olhos nos desvenda, feita de identidades nem sempre harmoniosas, é também Jep que se busca e se nos revela no seu vazio… na procura de um sentido para a existência. Aos sessenta e cinco anos, um ponto de chegada e uma |
promessa de partida com o seu quê de encanto e desencanto… Paolo Sorrentino, realizador italiano oriundo de Nápoles, desde cedo na sua carreira mereceu a atenção particular da crítica, dos profissionais e dos jurados internacionalmente firmados no mundo do cinema. A comprová-lo, as cinco nomeações para a Palma de Ouro de Cannes desde 2004, as quatro nomeações ao Prémio de Cinema Europeu, finalmente arrecadado com |
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‘Grande Beleza’, ou o Prémio do Júri Ecuménico (em Cannes) em 2011, atribuído a ‘Este é o meu lugar’. Longe de ser consensual, o que se estende ao público, a opinião sobre os seus filmes reflete bem a forma peculiar como os cria e nos quais, goste-se ou não da forma e resultado, explora as potencialidades do cinema com a mesma amplitude e destemor, por vezes quase ‘desaforo’ com que o faz na observação do humano. O mais belo e o mais ‘feio’, o mais vazio e o mais significativo, expondo fragilidades que mesmo quando o aparentam não são gratuitas. ‘A Grande Beleza’ bebe da fonte de
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Fellini no seu estilo barroco e imersivo, no seu humor particular e no fascínio com que olha o hedonismo, numa sociedade sôfrega de eterna juventude. Cinematograficamente complexo, cuidado na escolha dos planos e laboriosamente montado, o filme é um estudo de personagem bem assumido pelo ator Toni Servillo, na pele de um homem estranho ao mundo que habita, insatisfeito consigo e com os outros, capaz de identificar o que lhe falta mas incapaz de encontrar o sentimento de pertença. A si e aos demais.
Margarida Ataíde |
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Jornal do Vaticano online |
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No final do ano de 2013 o jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, renovou a sua presença na internet, quer ao nível do grafismo bem como dos próprios conteúdos disponibilizados. Este jornal teve a sua primeira edição em 1861, tendo sofrido “uma profunda transformação para responder às expectativas de Bento XVI”. “A dimensão universal, o encontro entre fé e razão, a amizade com as mulheres e os homens de hoje são as diretrizes que o jornal do vaticano exprime ao apresentar, com carácter documentário e ao mesmo tempo jornalístico, todos os textos pontifícios e os documentos da Santa Sé em italiano e na língua na qual foram pronunciados ou escritos, e acompanhando com uma informação completa e escrupulosa, a vida internacional, os debates culturais, as vicissitudes da Igreja em todos os continentes com particular atenção ao ecumenismo e ao diálogo com as religiões”. |
Ao digitarmos o endereço www.osservatoreromano.va/pt encontramos um espaço graficamente interessante, e com uma distribuição e organização de conteúdos muito bem conseguida. Através da página inicial temos acesso aos mais recentes conteúdos de cada uma das secções do jornal, bem como, podemos descarregar, em formato digital, a edição diária em papel redigida em Italiano ou as restantes edições semanais em diversos idiomas (Inglês, Polaco, Português, Francês, Italiano, Espanhol). Em secções podemos aceder a todas as notícias, agrupadas por temas (Vaticano, Internacional, Cultura, Religião, Editoriais, Entrevistas, Mulher Igreja..., Santa Marta) que são publicadas no jornal gerido pelo Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, em colaboração com os departamentos multimédia da Santa Sé que englobam: a Agência Fides, o L’Osservatore Romano, a Sala de Imprensa da Santa Sé, o Serviço de Informação Vaticano, |
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a Rádio Vaticano, o Centro Televisivo do Vaticano (CTV) e o setor de Internet da Santa Sé. Existe um serviço que está disponível em arquivo, que tem como objetivo disponibilizar um acervo completo desta publicação “a estudiosos, historiadores, jornalistas ou simples leitores”, permitindo percorrer “a história da Igreja e da sociedade, |
desde 1861 até hoje, através dos documentos, das reflexões, das tomadas de posição de «L'Osservatore Romano»”. Fica então lançada a sugestão de acompanharem, inteiramente grátis, este interessante sítio que nos apresenta os conteúdos do órgão noticioso oficial da Santa Sé.
Fernando Cassola Marques |
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Itinerário bíblico sobre Jesus |
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A Paulus Editora lançou este mês a coleção "O mestre e o discípulo", da autoria do presidente do Pontifício Conselho da Cultura, cardeal Gianfranco Ravasi. "Encontrar o Mestre - E vós, quem dizeis que Eu sou?", "Segui-lo no caminho - Nunca ninguém falou como este homem", "Procurar a verdade - João, o discípulo amado", "Comprometer-se - Paulo, arrebatado por Cristo", "Conhecer
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o próprio coração - Aprendei de mim", "Viver no amor - Amai-vos uns aos outros", "Gerar a vida - Homem e mulher os criou", "Suportar o peso da dor - A ti clamo, ó Senhor" e "Alcançar a meta - Hoje estarás comigo no paraíso" são os títulos do biblista italiano. A aquisição de toda a coleção tem o custo de 27 euros.
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Ao Lado dos Pobres |
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“Ao Lado dos Pobres. A Teologia da Libertação é uma Teologia da Igreja” (Paulinas Editora) reúne dois autores, teólogos católicos, oriundos de diferentes formações e experiências do mundo, que demonstram neste livro que existe a uni-los um património fundamental de convicções comuns. Gutiérrez é o lendário teólogo peruano da Teologia da Libertação e Gerhard Müller, teólogo alemão e antigo bispo de Ratisbona, é o atual prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. O que une autores de origens tão diversas pode ser percebido por estas palavras de D. Müller, numa recente entrevista: “Fui com muita frequência à América Latina, ao Peru e a outros países. Pude constatar que há que distinguir entre uma teologia da libertação equivocada e uma teologia da libertação correta. Considero que toda a boa teologia está relacionada com a liberdade e a glória dos filhos de Deus”. Este é um encontro que se diria improvável, ainda que exista uma amizade de décadas entre ambos.
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II Concílio do Vaticano: A Reforma Litúrgica e a inflação das imagens |
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O primeiro documento nascido do II Concílio do Vaticano foi a Constituição «Sacrosanctum Concilium», publicado a 04 de dezembro de 1963 no encerramento da segunda sessão do II Concílio do Vaticano (1962-65). O papa emérito Bento XVI, na altura o jovem Joseph Ratzinger, foi um dos peritos deste grande acontecimento do século XX. Um ano após a sua resignação, convém recordar alguns pensamentos de Bento XVI durante o seu pontificado (2005-2013) sobre o II Concílio do Vaticano. Em relação à «Sacrosanctum Concilium», Bento XVI escreveu, a 07 de Julho de 2007, que na história da liturgia, “há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura”. Num discurso proferido a 02 de março de 2006, o papa alemão disse em relação ao magno acontecimento convocado pelo Papa João XXIII que se deve “aceitar a novidade, mas também amar a continuidade” e ver o Concílio “nesta óptica da continuidade”. Esta linha de pensamento do papa emérito ajuda a perceber que é importante cuidar da liturgia, a qual, como ensina o II Concílio do Vaticano, “quotidianamente edifica os que estão dentro, fazendo deles um templo santo no senhor…”. Uma vida intensa de oração e a assídua participação na liturgia devem continuar “a ser o vosso primeiro compromisso como indivíduos e como associação”, sublinhou a 17 de junho de 2006.
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A Constituição «Sacrosanctum Concilium» refere o facto de que é na liturgia que “se manifesta o mistério da Igreja”, na sua grandeza e na sua simplicidade (cf. nº2). Por conseguinte, “é importante que os sacerdotes se esmerem nas celebrações litúrgicas, de maneira particular na Eucaristia”, pediu Bento XVI. É necessário que as celebrações se realizem no respeito pela tradição litúrgica da Igreja, “com uma participação ativa da parte dos fiéis, em conformidade com o papel que corresponde a cada um deles, unindo-se ao mistério pascal de Cristo”, afirmou a 08 de maio de 2010.
Ao falar do culto das imagens, o antecessor do Papa Francisco revela que “a nova etapa é que este Deus misterioso” liberta “da inflação as imagens, também de um tempo cheio de imagens de divindades, e dá-nos a liberdade da visão do essencial”, acentuou num discurso proferido a 07 de fevereiro de 2008. Para Bento XVI foi “excessivo
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o período iconoclástico do pós-concílio, que tinha contudo um sentido, porque talvez fosse necessário libertar-se de uma superficialidade das demasiadas imagens”, acrescentou no mesmo discurso. A reforma litúrgica atuada a partir do II Concílio do Vaticano teve um benéfico influxo na vida da Igreja e “inúmeros foram os elogios” (Exortação apostólica «Sacramentum Caritatis», nº 3). Apesar das dificuldades e “alguns abusos assinalados não podem ofuscar a excelência e a validade da referida renovação litúrgica”, escreveu no mesmo documento o Papa Bento XVI. A liturgia da Igreja vai além da “própria reforma conciliar” («Sacramentum Caritatis», nº 1), cuja finalidade “não era principalmente mudar os ritos e os textos, mas sim renovar a mentalidade e colocar no centro da vida cristã e da pastoral a celebração do mistério pascal de Cristo”. |
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fevereiro 2014 |
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Dia 21
* Vaticano - Encontro do Papa Francisco com a presidente da República do Brasil, Dilma Rousseff. |
* Aveiro - ISCRA - Acção de formação sobre «A disciplina de EMRC no 1º ciclo - desafios e materiais» (21 e 22)
Dia 22
* Vaticano - Consistório para a criação de novos cardeais. |
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* Açores - Ilha de São Miguel (Ribeira Grande) - Jornada cultural dedicada ao tema «Doar é comunicar, comunicar é evangelizar». |
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Decorre este sábado, dia 22 de fevereiro, no Vaticano o consistório para a criação de 19 novos cardeais, o primeiro no pontificado do Papa Francisco. O Colégio Cardinalício vai passar a ter 218 cardeais vindos de 68 países, entre eles Portugal, representado por D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, D. Manuel Monteiro de Castro e D. José Policarpo, patriarca emérito de Lisboa.
Também no dia 22 de fevereiro comemora-se o dia do aniversário do fundador do escutismo, Baden-Powell. Uma data que vai ser assinalada por todos os escuteiros em Portugal e no mundo.
Na segunda-feira, dia 24 de fevereiro tem lugar em Fátima, no Hotel Cinquentenário o encontro nacional da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) centrado no tema “Novos Desafios e Compromissos para uma Infância e Juventude Protegidas”.
Dia 25 de fevereiro, terça-feira inicia-se em Roma o congresso internacional da Associação Católica Mundial para a Comunicação (SIGNIS), que em 2014, pretende reforçar o compromisso da organização em trabalhar e inspirar os jovens na promoção da paz no mundo.
Na quarta-feira, dia 26 de fevereiro começam em Lisboa, na Universidade Católica Portuguesa, as Jornadas de estudos teológicos sobre "«Imaginar a Igreja» – Sinodalidade, Colegialidade, Ministério de Pedro".
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h22Domingo, dia 23 - Reforma da liturgia no Concílio Vaticano II.
RTP2, 18h00Segunda-feira, dia 24 - Entrevista a Elisabete Silva, presidente nacional da Juventude Operária Católica; Terça-feira, dia 25 - Informação e entrevista sobre a campanha de ajuda às vítimas do tufão nas Filipinas; Quarta-feira, dia 26 - Informação e entrevista de apresentação do grupo Simplus; Quinta-feira, dia 27 - Informação e entrevista de apresentação do inquérito preparatório do Sínodo dos Bispos sobre a Família; Sexta-feira, dia 28 - Apresentação da liturgia dominical pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.
Antena 1 Domingo, dia 23 de fevereiro, 06h00 - Apresentação das Jornadas de Teologia «Imaginar a Igreja», com o padre João Lourenço. Comentário com a jurista Paula Martinho da Silva.
Segunda a sexta-feira, dias 24 a 28 de fevereiro, 22h45 - Um ano de pontificado do Papa Francisco: análise com a antiga deputada Maria do Rosário Carneiro, desde a surpresa, às atitudes e aos desafios lançados pelo Papa.
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Por que razão a Igreja é Santa?
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Ano A - 7º Domingo do Tempo Comum |
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Ser santo
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A liturgia do sétimo domingo do tempo comum convida-nos à santidade. Sugere que o caminho cristão é um caminho nunca acabado, que exige de cada homem ou mulher, em cada dia, um compromisso sério e radical, feito de gestos concretos de amor e partilha com a dinâmica do Reino de Deus. A primeira leitura apresenta um apelo veemente à santidade: ser santo é viver na comunhão com Deus e no amor ao próximo. «Sede santos, porque Eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor». Na segunda leitura, Paulo convida-nos a sermos de Cristo, a sermos o lugar onde Deus reside e Se revela, a renunciar definitivamente à sabedoria do mundo e optar pela sabedoria de Deus, qual dom da vida, amor gratuito e total. «Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Tudo é vosso; mas vós sois de Cristo, e Cristo é de Deus». No Evangelho, Jesus propõe, de forma muito concreta, a sua Lei da santidade, no contexto do sermão da montanha. «Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus... Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito». O convite à santidade pode soar como algo de estranho para as pessoas de hoje. Uma certa mentalidade contemporânea vê os santos como extraterrestres, seres estranhos que pairam um pouco acima das nuvens sem se misturar com os seus irmãos e que passam ao lado dos prazeres da vida, ocupados em conquistar o céu a golpes |
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de renúncia, de sacrifício e de longos trabalhos ascéticos. A santidade não é uma anormalidade, mas uma exigência da comunhão com Deus. É o estado normal de quem se identifica com Cristo, assume a sua filiação divina e quer caminhar ao encontro da vida plena em Cristo. A santidade deve estar no horizonte diário que procuramos construir sem dramas nem exaltações, com simplicidade e naturalidade, na fidelidade aos compromissos. Ser santo não significa viver de olhos voltados para Deus esquecendo as pessoas. A santidade implica um real compromisso com o mundo, |
passa pela construção de uma vida de verdadeira relação com os irmãos, implica o banimento de qualquer tipo de agressividade, vingança e rancor, implica amar o outro como a si mesmo. Aí está a santidade que é caminho para todos. O Concílio Vaticano II veio repor este essencial dinamismo da vida cristã. A santidade é para todos, o que foi esquecido durante séculos na Igreja, e não apenas para o grupo de consagrados, religiosos e clero. Há que procurar no quotidiano da existência esse dom de Deus para cada um de nós.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Egipto. Comunidade cristã vive dias de perseguição e medo“Ninguém está a salvo” |
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No Egipto, os cristãos sentem-se abandonados. Homens, mulheres, crianças, todos podem ser alvo de sequestro ou tortura. Nem as meninas escapam. Cada vez há mais histórias de raptos e conversões forçadas ao Islão.
A comunidade cristã no Egipto continua a viver dias de terror após a deposição, em Agosto, pelos militares, do presidente Mursi, eleito pela Irmandade Muçulmana. Os seus partidários têm procurado vingar-se nos cristãos, acusando-os de terem incentivado a acção do exército. Desde então, 43 igrejas foram destruídas e mais de 200 propriedades de cristãos foram atacadas. |
os ajuda. A comunidade cristã vive encurralada nas suas casas, com medo de sair à rua. Até crianças já foram sequestradas. Muitas vezes, os raptores usam uma violência arrepiante para fazerem valer os seus intentos. Raptar cristãos tornou-se um dos negócios mais rentáveis neste país sem lei nem ordem. Conversões forçadas
Nos últimos anos, centenas de meninas e adolescentes cristãs têm desaparecido misteriosamente no Egipto. Quando as famílias conseguem localizá-las, já é tarde de mais. As suas filhas foram forçadas a converter-se ao Islão e é quase impossível voltar a recebê-las na família. Oficialmente tornaram-se muçulmanas. |
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O castigo mais grave por apostasia do Islamismo é a morte. |
é Nura Suleiman Aryan. “Havia um grupo de muçulmanos que tencionava raptar-me. É por essa razão que estou aqui. Tenho muito medo deles. Olham-me fixamente. Quando estou em casa, fico sempre dentro e nunca saio. Ninguém está a salvo”.
Texto: Paulo Aido Departamento de Informação da Fundação AIS www.fundacao-ais.pt | info@fundacao-ais.pt |
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Quentes, frios ou mornos? |
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Margarida Corsino da Silva
Professora/Comunidade Magis de Braga |
Há dias, numa homilia, marcaram-me as palavras que ouvi. Surgiram a propósito de David e de tudo quanto ele é capaz de fazer. Mas poderiam ter sido a propósito de tantos outros que povoam a Bíblia ou de tantos que, hoje, desejam construir a sua história com Deus. O melhor e o pior. O bem e o mal. O quente e o frio. Em luta. Até acolher Aquele que marca uma vida e dá sentido à existência. E fui convidada a olhar para este estado morno no qual, sem me aperceber, posso viver. Sem paixão. Sem intimidade com Deus. Sem permitir que a vida aconteça verdadeiramente e que Deus Se revele nela. Rapidamente, a minha memória se encheu de tantos que, quando marcados por Deus, se fizeram paixão. Se ajoelharam. Derramaram lágrimas. Se entregaram aos outros. Se entregaram a Deus. E, assim, falaram da Sua presença. E pensei na Igreja. Morna, fria ou quente nesta resposta a Deus que Se propõe - não Se impõe! -, variando na forma de apresentar a Sua proposta? Que resposta dão os movimentos de leigos, as comunidades religiosas, os sacerdotes, as comunidades paroquiais, as famílias cristãs? Faz diferença ter este Deus como Senhor? É Ele quem guia os nossos gestos, os nossos passos, as nossas palavras, o nosso olhar, a nossa presença? Individualmente e em comunidade? |
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Ou, pelo contrário, quem nos olha não consegue ver que Lhe confiamos a nossa vida e que acreditamos que é Ele quem nos conduz? Não será que a nossa vida cristã se tornou tão morna que já nada, ou apenas muito pouco, nos surpreende? Quando foi a última vez que nos deixámos tocar profundamente pela palavra de Deus? Quando foi que deixámos que ela nos transformasse? Quando lemos que Jesus falava com autoridade em que é que isto modifica a nossa vida? Com que autoridade vivemos nós? Tantas vezes ouvimos alguém que canta ou toca ou alguém que declama um poema, vemos alguém que dança, observamos um quadro e não conseguimos ficar indiferentes ao que nos transmite. Porque o fazem com autoridade. De tal forma que sujeito (aquele que faz) e objecto (aquilo que faz) se (con)fundem não nos permitindo ver onde acaba um e começa o outro. |
Questiono-me se a nossa vida revela esta intimidade com Deus. Se a nossa vontade e a Sua vontade são uma só. Se é Ele quem age através de nós. Se nos atrevemos a usar a palavra fé. E a dar-lhe sentido, numa maneira (inteira e confiada) de estar diante de Jesus. Pois a fé não serve apenas ao reconhecimento de Jesus. Serve para entabular com Ele uma relação de vida: tão essencial que dispensa mesmo as palavras, tão transformadora que não apenas modifica a existência, mas verdadeiramente a salva.[1] É desta relação com Jesus, no Espírito, que crescerá a relação com os outros e nelas nos encontraremos e reconheceremos.
[1] JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA, A construção de Jesus, Assírio e Alvim, 2004, 239, 209 |
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A família é a célula originária da vida social. É ela a sociedade natural em que o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida (Catecismo da Igreja Católica, 2207)
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