|
|||||
|
|
|
|||
Foto da capa: D.R. Foto da contracapa: Agência Ecclesia
|
|
|
D. José Policarpo (1936-2014)[ver+]
Pontificado em Revista
Francisco, um ano depois
José Tolentino Mendonça Roberto Carneiro Tony Neves
|
D. José Policarpo: uma marca inapagável |
||
José Tolentino Mendonça |
O tempo histórico em que viveu o Cardeal José da Cruz Policarpo poderá ajudar-nos a compreender a originalidade e a sabedoria com que soube desenvolver a sua missão. Ao patriarca anterior, D. António Ribeiro, coube a tarefa de conduzir a Igreja de Lisboa, e em grande medida a Igreja portuguesa, no período de transição para o regime democrático. Hoje, a 40 anos do 25 de Abril, compreendemos o impacto altamente positivo da sua prudência, contenção e diálogo num momento particularmente sensível. Quando D. José Policarpo o sucedeu, a democracia já era uma realidade estabelecida e tanto o país como a Igreja viviam outra estação. Contudo, os desafios não eram menores. A modernidade traz consigo uma grande mutação cultural e antropológica que o cristianismo precisa primeiro de entender e depois de acompanhar. Os paradigmas de felicidade mudaram; os valores sobem e descem numa reconfiguração nem sempre previsível; o modo como a pertença religiosa é vivida transforma-se; a espiritual regressa como horizonte, mas não da mesma forma; percebe-se que a crise cultural profunda que o ocidente atravessa pode constituir uma oportunidade, mas esta emerge de forma pouco clara. Em tempos assim, que perfil de pastor a Igreja precisa? Diríamos assim: a Igreja precisa de quem compreenda a fundo o que está em jogo na modernidade; |
|
|
||
de quem pense o presente e o futuro do cristianismo partindo dessas coordenadas, mas solidamente enraizado na riqueza do fundamento cristão; de quem seja capaz de perscrutar os sinais dos tempos, dentro e fora do território eclesial, e de interpretá-los significativamente. Nesse sentido, a Igreja portuguesa encontrou em D. José |
Policarpo um servidor à altura desta complexa e urgente missão. Ele deixa uma marca inapagável no encontro entre a fé e a cultura, entre o pensamento e a ação pastoral, traçando uma ponte profética entre a Igreja e o mundo. A melhor homenagem que lhe podemos fazer é continuar o tracejado da sua inspiração.
|
|
|
||
|
|
|
. |
|
||
.
“Mantém-se viva a feliz memória do seu trabalho e do muito que a Igreja de Lisboa e a Igreja em Portugal deve à sua generosidade e à sua lucidez, à sua grande bondade com que exerceu o seu Ministério.” D. Manuel Clemente, Rádio Renascença, 12.03.2014
“Todos os Portugueses, crentes e não crentes, lamentam a perda de uma personalidade ímpar, que pela lucidez serena e pela luminosa inteligência da sua palavra constituiu, ao longo de décadas, uma das mais importantes referências éticas e espirituais da nossa sociedade”, Mensagem de Aníbal Cavaco Silva, Presidência da República, 12.03.2014
|
.
"A Igreja e o País sentirão a sua falta na defesa dos valores cristãos, do auxílio aos mais desprotegidos e do diálogo inter-religioso." Pedro Passos Coelho, Agência Lusa, 12.03.2014
"Confio à misericórdia de Deus o amado cardeal, recordando-me da sua preciosa colaboração nos diferentes organismos da Santa Sé e dos meus encontros com este pastor apaixonado pela busca da verdade” Mensagem de condolências do Papa Francisco, Vaticano, 13.03.2014 |
O Papa que «quer mudar o mundo» através da proximidade |
||
Octávio Carmo jornalista da Agência Ecclesia, considera que o Papa Francisco mostrou neste primeiro ano de pontificado que “quer mudar o mundo” e ajudar a Igreja a recuperar "o seu papel regenerador da humanidade”, algo que vincou, por exemplo, nos locais que visitou na Itália. “Cada destino foi escolhido a dedo para mostrar problemas de imigração, problemas económicos, a pobreza: cada gesto que fez nesses momentos foram para mostrar e incitar a algo”, declarou. A também vaticanista Aura Miguel disse por sua vez, durante a conferência ‘Francisco: Um Papa do fim do Mundo’, promovida esta terça-feira pela Agência Ecclesia, Rádio Renascença e Universidade Católica Portuguesa (UCP) para assinalar o primeiro aniversário do pontificado, que “o Papa tem um estilo muito peculiar, é espontâneo, muito terra-a-terra, não tem papas na língua, vê-se que tem muita experiência e dá conselhos muito uteis e usa metáforas como Jesus para |
explicar algumas coisas”. Octávio Carmo contou que muitas vezes, enquanto jornalista, tem de fazer um esforço para “travar a febre mediática à volta de pequenos acontecimentos para não deixar perder a mensagem que o Papa quer transmitir”. “O estado de graça do Papa Francisco tem representado para algumas pessoas um estado de choque, porque para alguns católicos um Papa não se comporta assim e para outras pessoas, que nunca vão gostar de nenhum Papa, o entusiasmo à volta dele é incómodo”, disse. O jornalista acredita que o Papa “é completamente genuíno no que faz e diz e que quer marcar o seu pontificado pela mudança”. Para o chefe da redação da Agência Ecclesia a figura de Francisco “responde a uma necessidade de ter uma referência ética, mesmo para quem a não procura”, de tal forma forte que se torna "um Papa incontornável", sendo que este último ano veio impor uma “simplificação do papado” |
|
|
|
||
algo que “é importante numa liderança espiritual”. “Francisco mostra uma coerência total naquilo que é, faz e diz e essa é a maior lição do Papa”, concluiu. Já Aura Miguel, vaticanista da Rádio Renascença, enfatizou o facto de Francisco “estar a arrumar a casa, nas áreas económicas e administrativas” |
algo que mostra que “ele é alguém que sabe o que quer”. Para a jornalista, a onda de entusiasmo à volta de Francisco vê-se por exemplo “todas as quartas-feiras quando milhares e milhares de pessoas se juntam para assistir às suas audiências”. |
|
Papa «contundente»
|
||
O presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Alfredo Bruto da Costa, destacou a forma “forte e contundente” como o Papa Francisco tem analisado as atuais políticas económicas e financeiras, sobretudo na exortação apostólica “A alegria do Evangelho”, onde fala de uma “economia que mata”. Para aquele responsável, as palavras de Jorge Mario Bergoglio, reforçadas no texto da mensagem para a Quaresma, são um convite a uma verdadeira mudança de paradigma, que deve interpelar todas as pessoas, a começar pelos cristãos. Ao músico Manuel Fúria coube analisar a mensagem do Papa aos jovens, sobretudo no que diz respeito ao desafio que Francisco tem feito às novas gerações para que “se rebelem” perante as situações que atentam contra os valores cristãos e contra a vida. Num mundo “tão secularizado” e afastado de Deus, “dá-me um gozo sentir-me contra cultura, do outro lado da barricada, quase |
em guerrilha”, confessou Manuel Fúria, para quem a mensagem do Papa deve fazer os cristãos sentirem-se “desconfortáveis”. Margarida Neto destacou o modo como o Papa tem procurado “sentir a Igreja”, expressa no contacto próximo que tem mantido com as pessoas, com os casais. Para a psiquiatra, o Sínodo dos Bispos dedicado às famílias, que vai decorrer no próximo mês de outubro, é um bom exemplo desta caraterística que tem marcado o ministério de Jorge Mario Bergolgio, pois a preparação daquele evento foi ao pormenor de envolver todas as famílias do mundo, com a promoção de um questionário que abordou as problemáticas mais prementes da relação entre a Igreja Católica e as comunidades. |
|
Forma simples e próxima de comunicar |
||
O jornalista Henrique Monteiro e o crítico literário Pedro Mexia consideram que a atenção da imprensa mundial à volta do Papa se explica pelos seus “gestos simples”. “O facto da imprensa achar que o Papa Francisco é cool não mostra nada, apenas revela que através dos seus gestos simples agradou a muita gente fora da Igreja”, disse Henrique Monteiro durante a conferência ‘Francisco: Um Papa do fim do Mundo’. “Este último ano serviu para reorientar o foco da Igreja na questão da justiça social o que é muito importante nomeadamente neste momento que se vive, em tempos de crise, e isso toca as pessoas que vivem o desemprego, esta mensagem toca muito as pessoas”, acrescentou o cronista Pedro Mexia que lembrou o facto de que o “mensageiro conta tanto como a mensagem e este ano mediático tem servido para muita gente conhecer e redescobrir algo que a Igreja sempre defendeu mas que não tinha tanta atenção.” Para o jornalista e comentador |
Henrique Monteiro o segredo do Papa Francisco é “a sua linguagem afetiva e próxima, é um homem que fala a cada um e chega a toda a gente, é muito intimista, muito pessoal que fala por parábolas”. Já Pedro Mexia, cronista e crítico literário disse que “o momento-chave e de longe o mais importante deste ano de papado foi o momento em que Francisco foi à ilha de Lampedusa, em Itália”. “Tem sido um ano bastante paradoxal porque raramente algum dos meus amigos gostava do Papa, dantes quando ele aparecia na televisão mudavam de canal, agora quando Francisco aparece aumentam o volume do som e isso é muito estranho”, gracejou. |
|
«Poder da palavra» face à «palavra dos poderes» |
||
O professor universitário Adriano Moreira disse em Lisboa que o primeiro ano de pontificado de Francisco tem sido marcado pelo uso do “poder da palavra” contra a “palavra dos poderes”, num mundo em fragmentação. “O exemplo é uma das formas mais convincentes dessa palavra, uma lição de São Francisco”, declarou. Adriano Moreira observou que, “embora curto”, o ministério de Francisco gerou uma “comprovada emoção”, a começar pela escolha do nome do Papa. O bispo de Roma, que os cardeais “foram buscar ao fim do mundo”, foi apresentado como uma referência para um “século sem bússola”, representando a “ética cristã” que ao longo da história tem inspirado o respeito pela “dignidade humana”. O antigo líder do CDS afirmou que Francisco se insere numa “série da Papas humanistas” e enfrenta hoje o desafio de um “cisne negro chamado globalismo”. “O credo do mercado substituiu o credo dos valores”, ameaçando o |
Adriano Moreira recordou que a afirmação feita pelo Papa de que “esta economia mata” provocou “alvoroço”, frisando que Francisco “lembrou a doutrina conciliar, que afirmava o privilégio dos pobres”. Face a uma “tormenta financeira global” e à “transformação do Mediterrâneo num cemitério”, o Papa argentino tem apelado a “não substituir o valor das coisas pelo preço das coisas”. O professor universitário sustentou que as “fragmentações” provocadas pelo “globalismo”, também dentro da própria União Europeia, começam a “exigir grande atenção”. |
|
Visita a Lampedusa marca primeiro ano de pontificado |
||
O diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados em Portugal, André Costa Jorge, considera que a visita do Papa Francisco à ilha italiana de Lampedusa, a 8 de julho de 2013, foi um ato que transportou “a palavra” em “ação”. “Desde o início do pontificado que Francisco torna real a opção da Igreja pelos pobres e a sua ida a Lampedusa marca um sentido mais do que propriamente uma palavra, é uma palavra feita ação. Ele ter ido lá despertou atenções porque depois de ele lá ter estado, Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, foi lá e outros chefes de estado olharam para Lampedusa”, disse à Agência ECCLESIA. O economista e professor universitário Joaquim Cadete acredita por sua vez que a experiência de Jorge Bergoglio em Buenos Aires onde “lidou com assimetrias muito grandes dentro da sociedade” o leva a ser “um Papa qualificado e com um olhar diferente sobre a crise atual e a forma de se lidar com ela”. Comentando a frase do Papa que disse ‘Esta economia mata’, |
Joaquim Cadete confessa “alguma dificuldade em comentá-la por ser uma frase forte” mas entende que “o Papa quer alertar para o facto desta economia atual poder relegar a equidade para um segundo plano”, para a necessidade do capitalismo “ter alguns valores morais como base para não quebrar”. “O que o Papa quer dizer é que a economia deve estar ao serviço dos homens e não o contrário” e ao dizer que queria uma Igreja pobre para os pobres Francisco lançou um desafio à Igreja e todas as suas instituições para “se abrir para os que estão na rua e precisam”, acrescentou André Costa Jorge. |
|
Semana de contrastes |
||
Octávio Carmo Agência ECCLESIA |
Um ano depois da festa da eleição do Papa Francisco, o tempo é de balanços e de celebração, mas esta semana ficou também marcada pela morte repentina do cardeal D. José Policarpo, patriarca emérito de Lisboa, que a 12 de março de 2013 acompanhava lado a lado Jorge Mario Bergoglio. O primeiro ano de pontificado esteve em destaque na conferência promovida, em Lisboa, pela Agência ECCLESIA, Rádio Renascença e Universidade Católica. Foi um prazer ver o impacto da iniciativa e perceber que muitos entendem que Francisco quer levar a Igreja para uma nova etapa, marcada pela Misericórdia, a partir da proposta espiritual, social e ética que nasce da mensagem de Jesus: cativar pelo testemunho, pelo entusiasmo, pela capacidade de mudar o mundo e de ir ao encontro do outro. 12 meses depois de ter sido eleito como sucessor de Bento XVI, Francisco mostra o que entende ser necessário para uma renovação e “conversão”, que se estende ao próprio papado, em chave missionária e evangelizadora. “Abrir as portas” é a palavra de ordem, não só para deixar entrar quem se aproxima da Igreja mas também para lançar os católicos pelas estradas do mundo, as já famosas “periferias” que são, afinal, um verdadeiro centro nesta comunidade “descentralizada” que o documento propõe. O Papa deixa claro que as mudanças |
|
||
acontecem a partir de dentro e não passam por questões ‘fraturantes’, como o aborto ou a ordenação sacerdotal de mulheres, ou mais mediatizadas, antes pelo fulcro da existência individual e comunitária: o anúncio de um sentido para a vida, a recuperação do transcendente e a redescoberta do rosto do outro como ponto de referência. Francisco parte da sua experiência de pastoral urbana numa metrópole como Buenos Aires e mostra-se sensível aos desafios colocados pela mudança de época: a Igreja terá de saber deixar de lado uma pastoral |
autorreferencial, de ‘manutenção’, para enfrentar uma reforma “inadiável”. Disse, em Lisboa, que há hoje um Papa em estado de graça, que deixa alguns em estado de choque, e quer promover um verdadeiro tratamento de choque na Igreja, para mudar o mundo. Uma nota final para o falecimento de D. José Policarpo e para o reconhecimento público que foi prestado à sua figura e ao seu percurso de vida, ao serviço da Igreja e da sociedade portuguesas, com um legado que não se esgota no final desta etapa terrena. |
|
|
||
|
|
|
D. José Policarpo (1936-2014) |
||
O cardeal D. José Policarpo, patriarca emérito de Lisboa, faleceu esta quarta-feira na capital portuguesa, aos 78 anos, vítima de aneurisma na aorta, informou a diocese. O patriarca emérito "encontrava-se em retiro em Fátima quando por uma indisposição foi levado para o Hospital do SAMS, onde veio a falecer vítima de um aneurisma na aorta", adianta a nota oficial do patriarcado. As exéquias presididas pelo patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, vão ser celebradas na sexta-feira, às 16 horas na Sé Patriarcal, seguindo depois o corpo para o Panteão dos Patriarcas, em São Vicente de Fora. D. José Policarpo tinha apresentado a sua renúncia ao cargo em 2011, por limite de idade, resignação aceite por Bento XVI e confirmada pelo Papa Francisco quando, a 18 de maio de 2013, nomeou como novo patriarca de Lisboa o até então bispo do Porto, D. Manuel Clemente. O 16.º patriarca de Lisboa assumiu esta missão a 24 de |
março de 1998, após a morte de D. António Ribeiro, de quem era coadjutor desde março de 1997. D. José da Cruz Policarpo nasceu a 26 de fevereiro de 1936 em Alvorninha, Caldas da Rainha, território do Distrito de Leiria e do Patriarcado de Lisboa. Padre desde 15 de agosto de 1961, foi ordenado bispo em 1978 (auxiliar de Lisboa), criado cardeal por João Paulo II em 2001 e participou em dois Conclaves: no de abril de 2005 que elegeu Bento XVI, e no de março deste ano, que acabou com a escolha do Papa Francisco. O patriarca emérito era licenciado em Teologia Dogmática, em 1968, pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, com a tese ‘Teologia das Religiões não cristãs’; posteriormente, defendeu na mesma instituição académica uma tese subordinada ao título "Sinais dos Tempos". Docente da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa desde 1970, na categoria de professor auxiliar (1971), de professor extraordinário (1977) e de professor ordinário (1986), D. José Policarpo foi |
|
|
||
diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (1974/1980; 1985/1988), antes de ser nomeado reitor da Universidade Católica Portuguesa para o quadriénio de 1988/1992, por Decreto da Santa Sé, tendo sido reconduzido nessa função por um segundo quadriénio (1992/1996). Após a sua nomeação como patriarca de Lisboa, assumiu o título de magno chanceler da Universidade Católica. D. José Policarpo foi eleito presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) em abril de 1999 e reeleito em 2002 para um novo triénio; voltaria a ocupar o cargo após uma terceira eleição, em maio de 2011.
No Vaticano, o patriarca emérito foi membro do Conselho Pontifício da Cultura e desempenhou essas funções na Congregação de Educação Cristã e no Conselho Pontifício para os Leigos.Enquanto líder da Diocese de Lisboa, D. José Policarpo apostou na nova evangelização, tendo mesmo dinamizado um congresso internacional (ICNE) com várias outras cidades europeias
|
(Viena, Paris, Bruxelas e Budapeste) que passou pela capital portuguesa em 2005, e na implementação das orientações do Concílio Vaticano II.
A preocupação com a “indiferença” da sociedade face a Deus e os apelos ao diálogo perante o atual momento de crise socioeconómica em Portugal marcaram os últimos anos à frente da CEP e do Patriarcado de Lisboa. Desde 1997, como arcebispo coadjutor e depois como cardeal-patriarca, D. José Policarpo ordenou 92 novos padres para a Igreja, em celebrações de âmbito diocesano.
|
|
|
||
|
|
|
Papa evoca pastor apaixonado
|
||
O Papa Francisco publicou hoje uma mensagem de condolências pela morte de D. José Policarpo, patriarca emérito de Lisboa, que recorda como “pastor apaixonado pela busca da verdade”, lamentando a sua “morte inesperada”. “Confio à misericórdia de Deus o amado cardeal, recordando-me da sua preciosa colaboração nos diferentes organismos da Santa Sé e dos meus encontros com este pastor apaixonado pela busca da verdade”, refere o texto endereçado a D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcoraopal Portuguesa. D. José Policarpo foi criado cardeal em 2001, no mesmo consistório do então arcebispo D. Jorge Mario Bergoglio, hoje o Papa Francisco, com quem participou em dois conclaves. “Com pesar recebi a notícia do falecimento do cardeal José da Cruz Policarpo e desejo expressar a minha união de oração com o Patriarcado de Lisboa, a família do defunto e quantos choram a sua morte inesperada”, escreve. |
![]() Francisco recorda o falecido patriarca emérito como alguém “solícito em colocar os dons recebidos do Senhor ao serviço do Povo de Deus e dos seus irmãos bispos, sobretudo nos anos que o viram presidente da Conferência Episcopal”. A mensagem de condolências destaca ainda a “generosidade” com que D. José Policarpo desempenhou o seu ministério episcopal, “conduzindo pelos caminhos do Evangelho o povo que lhe fora confiado, com o mesmo zelo com que realizara os seus serviços precedentes, nomeadamente na Universidade Católica Portuguesa”. |
|
Patriarca elogia «grande profundidade»
|
||
O patriarca de Lisboa disse hoje que o seu predecessor, D. José Policarpo, foi um homem de “grande profundidade” que deixou um “critério positivo” para olhar a realidade. “Era um homem de grande profundidade na abordagem das coisas”, declarou D. Manuel Clemente aos jornalistas, à entrada da Sé Patriarcal. O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa evocou uma amizade de “meio século” com uma referência “muito próxima” e “entusiasmante”, desde o seu tempo de seminarista. “D. José Policarpo fazia uma síntese muito bonita entre aquilo a que o Concílio chama os sinais dos tempos e a sua leitura, como pessoa muito lúcida, muito atenta aos acontecimentos. Ainda estávamos antes da mudança de regime, mas ele já tinha os critérios evangélicos para nos fazer perceber as coisas”, declarou. O patriarca de Lisboa sublinha o “critério positivo” do seu predecessor na maneira de |
“observar os acontecimentos e tirar deles a melhor lição para o futuro”. D. Manuel Clemente foi bispo auxiliar de D. José Policarpo, entre 1999 e 2007, sucedendo-lhe em maio de 2013. “Foi marcante a sua perspetiva das coisas, a sua visão otimista e esperançosa, a sua capacidade de afirmar valores evangélicos e estar atento ao que sucede numa sociedade pluralista, em que nem toda a gente concorda com aquilo que a Igreja propõe”, declarou, falando neste “grande legado”. O patriarca de Lisboa lembrou o humor e as “saídas repentistas” do falecido cardeal, que “se abria a qualquer interpelação” e tinha um “grande à vontade na expressão das suas opiniões”. |
|
Condolências do Presidente da República |
||
Portugal foi tristemente surpreendido pela notícia da morte do Cardeal-Patriarca Emérito de Lisboa, D. José da Cruz Policarpo. Todos os Portugueses, crentes e não crentes, lamentam a perda de uma personalidade ímpar, que pela lucidez serena e pela luminosa inteligência da sua palavra constituiu, ao longo de décadas, uma das mais importantes referências éticas e espirituais da nossa sociedade. Dedicou a sua vida à causa da Igreja, sendo um dos principais responsáveis pela concretização, no nosso País, da renovação eclesial iniciada pelo Concílio Ecuménico do Vaticano II. Dotado de uma profunda cultura |
humanística, autor de uma vastíssima obra, teve papel determinante na afirmação e consolidação da Universidade Católica Portuguesa, onde foi professor e, mais tarde, reitor. Norteou a sua presença na vida pública pelos ideais da tolerância, da autenticidade e da fidelidade aos valores em que acreditava, assumindo o serviço aos outros, em especial aos mais carenciados, com exemplar generosidade e admirável espírito de entrega. À Família enlutada, e a toda a Igreja Católica de Portugal, apresento as minhas mais sentidas condolências. Aníbal Cavaco Silva |
|
![]() |
Figura marcante na renovação da Igreja |
||
Os Bispos reunidos em Fátima, para fazer o seu Retiro anual, receberam a dura notícia do falecimento de D. José da Cruz Policarpo, Cardeal Patriarca Emérito de Lisboa, ao fim desta tarde, provocado por um aneurisma. De manhã, tinha deixado Fátima, numa ambulância, para ser tratado em Lisboa. Com profunda dor, mas também com grande esperança, os Bispos agradecem a Deus a sua vida rica de boas obras, intensamente dedicada ao serviço da Igreja e do mundo, intervindo no campo pastoral, cultural e social |
com sabedoria e coragem evangélicas. Todos reconhecemos nele uma figura marcante na renovação da Igreja em Portugal, com o seu sábio discernimento dos sinais dos tempos para responder aos desafios dos tempos presentes. A Missa exequial terá lugar na Sé Catedral de Lisboa às 16 horas de sexta?feira, dia 14. Que descanse na Paz de Deus e interceda por todos nós. Fátima, 12.03.2014
Padre Manuel Morujão, Porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa |
|
|
Primeiro-ministro destaca personalidade extraordinária de D. José Policarpo |
||
O primeiro-ministro de Portugal evocou hoje em Lisboa a “personalidade extraordinária” de D. José Policarpo, patriarca emérito falecido esta quarta-feira, aos 78 anos, de uma forma “totalmente inesperada”. “Trata-se de uma figura extraordinária, na Igreja portuguesa, com uma carreira distintíssima, uma personalidade também muito apreciada fora de Portugal, um homem de grande fé, da Igreja, que transcendeu em muito as nossas fronteiras”, disse Pedro Passos Coelho aos jornalistas, na Sé de Lisboa, onde se encontra o corpo do falecido cardeal. O líder do executivo destaca a personalidade “muito ligada” à Universidade, “à vida e ao mundo intelectual, sem com isso deixar de ser um homem bom, de grande bondade”. Passos Coelho recordou o falecido cardeal como um “conversador, com grande sentido de humor”. “O seu desaparecimento deixa-nos a todos muito mais pobres. Trata-se de alguém que se |
distinguiu no exercício das suas funções, que como pessoa foi sempre tolerante, um homem do seu tempo”, acrescentou. O Governo aprovou hoje em Conselho de Ministros um dia de luto nacional pela morte do cardeal D. José Policarpo, que será cumprido na sexta-feira. "O Governo declarou luto nacional no dia 14 de março como expressão de pesar pelo falecimento de sua excelência o cardeal D. José Policarpo, patriarca emérito de lisboa", refere o comunicado emitido no final da reunião do Conselho de Ministros. Segundo o primeiro-ministro, esta é uma maneira de “prestar homenagem”, expressando a “grande consideração e sentido de perda que a sociedade portuguesa hoje sente com o seu desaparecimento”. |
|
|
Condolências do presidente da CML |
||
D. José Policarpo foi uma grande personalidade da Igreja e uma figura incontornável da sociedade portuguesa das últimas décadas. Foi um notável cardeal-patriarca de Lisboa, sempre na linha da frente da defesa do diálogo entre religiões e da aceitação da diferença. O seu desaparecimento é uma perda imensa para Lisboa e para Portugal. Perdemos o Cardeal da democracia e da tolerância e apresento à sua família, à Igreja Portuguesa e a todos os católicos os meus mais profundos sentimentos por uma perda tão relevante. António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa 13.03.2014
As bandeiras dos edifícios municipais encontram-se, hoje e amanhã, a meia haste por indicação do presidente da Câmara. |
|
|
Cardeal Saraiva Martins figura extraordinária |
||
O cardeal português D. José Saraiva Martins lamentou hoje a morte “inesperada” de D. José Policarpo, uma “figura extraordinária”, sublinhando a “impressão positiva” que o falecido patriarca emérito sempre lhe causou. “Foi certamente uma figura extraordinária, com muitas qualidades, um homem de Cultura, de diálogo, muito consciente do seu dever de pastor”, disse à Agência ECCLESIA o prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos (Santa Sé). D. José Saraiva Martins lembra um “ilustre professor” e “magnífico reitor” da Universidade Católica Portuguesa, destacando ainda o percurso feito como "pastor modelo" no Patriarcado de Lisboa. “Foi um pastor segundo o estilo do Papa Francisco: embora pudesse parecer que não, estava sempre muito perto das suas ovelhas”, refere. O responsável da Cúria Romana assinala ainda a imagem “muito boa, muito positiva” que o |
falecido cardeal deixou no Vaticano, onde era membro da Congregação para a Educação Católica, após ter tido essas funções no Conselho Pontifício da Cultura e no Conselho Pontifício para os Leigos.
O cardeal Saraiva Martins tinha estado com D. José Policarpo no último consistório extraordinário, convocado pelo Papa em fevereiro, tendo ambos conversado sobre “vários temas da Igreja”. “Foi uma conversa entre dois amigos, muito simpática, e fiquei com uma impressão muito boa”, recorda. Os dois destacaram a “nova época na história” aberta pelo Papa Francisco. |
|
|
Marca de intelectualidade e acutilância |
||
O arcebispo de Braga disse que D. José Policarpo deixa um legado “à Igreja e ao país” de profundidade intelectual” e “acutilância” na análise dos “acontecimentos eclesiais e da sociedade civil”. “Creio que fica a atenção, não apenas à história mas na conjugação da memória dos sinais dos tempos. Enquanto colegas em Roma, e numa perspetiva pessoal, é isso que essencialmente me marcou”, afirmou D. Jorge Ortiga à Agência ECCLESIA. Depois de ter sido presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), entre 1999 e 2005, D. José Policarpo sucedeu em 2011 a D. Jorge Ortiga na presidência da CEP, organismo marcado pela sua “profundidade intelectual” e “acutilância” na análise dos “acontecimentos eclesiais e da sociedade civil”. Nas reuniões “nem sempre estivemos de acordo, mas a colaboração e o sentido eclesial sempre estiveram presentes”, afirma D. Jorge Ortiga. |
“Tive oportunidade de presenciar a sua capacidade de intuir «os sinais dos tempos», uma frase sua”. O arcebispo de Braga recorda “o tempo de estudo em Roma”, enquanto colegas, e a proximidade na relação: “Sempre nos tratamos por tu. Perdi um amigo”. Foi por isso com “surpresa e tristeza” que D. Jorge Ortiga recebeu a notícia do falecimento. |
|
Diretor da Faculdade de Teologia sublinha elevada craveira intelectual |
||
O diretor da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), padre João Lourenço, considerava o patriarca emérito de Lisboa, falecido esta quarta-feira, uma pessoa de “elevada categoria não apenas intelectual, mas também de delicadeza e saber estar”. O padre João Lourenço, que fez uma peregrinação à Terra Santa, durante 21 dias, com D. José Policarpo e um grupo de estudantes, referiu hoje à Agência ECCLESIA que o Patriarca Emérito de Lisboa “deu um grande contributo à Universidade Católica Portuguesa (UCP)”. Ao recordar os préstimos de D. José Policarpo à UCP, o diretor da Faculdade de Teologia sublinha o “contributo institucional como fundador e membro da primeira geração de professores” daquele estabelecimento de ensino. O padre João Lourenço recorda também que foi D. José Policarpo que o chamou para ser secretário da Faculdade de Teologia e teve “o privilégio de partilhar os |
destinos da faculdade durante vários anos”. Para além de “um ilustre teólogo”, o patriarca emérito de Lisboa deu “grande prestígio à instituição”, frisou o padre João Lourenço e acrescenta: “uma figura única”. D. José Policarpo é uma “daquelas figuras” que “está na primeira linha do diálogo entre a cultura e a fé e uma atenção permanente à sociedade”. |
|
D. José Policarpo deixa legado
|
||
O diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, cónego João Aguiar Campos, lamenta a morte de D. José Policarpo e enfatiza o legado que o patriarca emérito deixa à Igreja e à sociedade. “É uma perda muito grande, o D. José Policarpo deixa-nos muitos anos de vida, de intervenção na Igreja e na sociedade e fica connosco o seu exemplo de padre, de bispo, de pastor”, disse hoje à Agência ECCLESIA. “Deixa o exemplo de um homem da cultura, de um homem capaz de fazer pontes porque às vezes as margens afastavam-se um pouco e o D. José conseguia juntar novamente essas margens”, acrescentou. O cónego João Aguiar Campos destaca também o “amor pela comunicação social ligada à Igreja” que D. José Policarpo sempre “demonstrou preocupação pelo desenvolvimento em torno da Rádio Renascença como também da Agência Ecclesia”. “Nas conversas que tivemos tinha sempre uma palavra, nunca de |
intromissão, mas sim de incentivo à fidelidade e à identidade”, conta. O sacerdote lembra ainda uma conversa em que D. José Policarpo lhe confidenciou o desejo de depois de deixar o cargo de patriarca de Lisboa “abrir uma escola de oração” e também na vontade que tinha “em contribuir para a formação cívica dos mais jovens”. “D. José acreditava que a partir da juventude era possível criar pessoas mais interventivas e até políticos que soubessem fazer da política uma nobre arte”, conclui. |
|
Um pioneiro na valorização do património |
||
D. José Policarpo, que faleceu esta quarta-feira, foi “pioneiro” na valorização dos bens culturais e do património da Igreja Católica, em Portugal, assinalou hoje a diretora deste setor, Sandra Costa Saldanha. “D. José Policarpo está na origem de um secretariado para a área dos bens culturais da Igreja Católica, revelando, numa visão pioneira mesmo em relação a outros países, a necessidade de se criar uma área específica dentro da Igreja vocacionada para esta matéria”, explica Sandra Costa Saldanha em declarações à Agência ECCLESIA. O cardeal, patriarca emérito de Lisboa, foi o primeiro presidente da Comissão Episcopal dos Bens Culturais, em 1997 e, |
desde 1998, foi membro do Conselho Pontifício para a Cultura.
“D. José Policarpo foi sem dúvida a figura que, desde sempre, procurou destacar o papel e a importância que a própria Igreja tinha de dar aos bens culturais”, assinala a diretora. Sandra Costa Saldanha recorda o “papel relevante” que D. José Policarpo teve quando o Patriarcado se mudou para São Vicente de Fora, também da criação do Museu dos Patriarcas no local e, mais recentemente do nascimento do centro cultural do patriarcado de Lisboa. “Tive o privilégio de durante quatro anos ter colaborado e testemunhado o empenho e o amor que D. José Policarpo por estas matérias”, assinala. |
|
![]() |
Janela de esperança
|
||
Foi com grande tristeza e dor que a Cáritas Portuguesa recebeu a notícia do falecimento de Sua Eminência D. José Policarpo. Pela sua inteligência, sabedoria e cultura, deixou aberta uma janela de esperança para a Igreja e o mundo, fundamentalmente, no diálogo entre religiões. Exemplo disso foi o seu envolvimento no Congresso Internacional da Nova Evangelização. Pela sua ação e com o seu incentivo, este Congresso foi promotor de diversas iniciativas que |
desafiaram os cristãos a saírem para a rua transmitindo ao mundo a alegria do Evangelho. Expressamos o nosso louvor ao Deus da vida pelo Dom que foi para nós este insigne Bispo e os nossos sentimentos de esperança e a certeza de que, pela comunhão dos santos, continuará a acompanhar a nossa missão apostólica e nós unidos a ele pela oração.
Cáritas Portuguesa |
|
![]() |
Motorista do patriarca emérito diz que perdeu mais do que um amigo |
||
O motorista do patriarca emérito de Lisboa, Francisco Tavares, disse hoje que perdeu “mais do que um amigo” após o falecimento, esta quarta-feira, de D. José Policarpo. Durante 16 anos, Francisco Tavares acompanhou D. José Policarpo e sublinha à Agência ECCLESIA que apesar de “parecer distante para algumas pessoas, o patriarca era muito afável”. “Era uma pessoa extremamente amiga de ouvir e dar conselhos”, adiantou Francisco Tavares, que recorda “grandes conversas” tidas ao longo das viagens. Quando “andava preocupado com alguma coisa”, o motorista ficava “mais leve e aliviado” depois de conversar com o patriarca emérito de Lisboa. Com a voz embargada, Francisco Tavares recorda que depois da morte do seu pai, considerava D. José Policarpo “como um pai”. Quando o falecido cardeal ia para a casa de campo, no Pego (Caldas da Rainha), era Francisco Tavares que o transportava e chegou a pernoitar na habitação. |
O motorista lembra os jantares simples que os dois faziam: “Frango no churrasco, esparguete e salada”.
A última vez que estiveram juntos foi na segunda-feira, em Fátima, e Francisco Tavares recorda as últimas palavras: “Então até sexta-feira pela hora do almoço”.
|
|
D. José Policarpo marcou
|
||
O antigo motorista de D. José Policarpo, Aníbal Brito, recorda a forma como o patriarca emérito o “tratava como um filho” e sente a perda de uma pessoa que marcou a sua vida. “Foi um pai para mim, protegia-me, se sentisse necessidade de alguma coisa, ele estava sempre pronto a ouvir-me, tratava-me como um filho”, disse hoje Aníbal Brito em declarações à Agência ECCLESIA. O antigo motorista trabalhou com o cardeal enquanto este era reitor da Universidade Católica, em 1994, e depois continuou aos fins-de-semana. “D. José Policarpo era uma pessoa reservada para a comunicação social, mas muito leal e para quem privava com ele era de um coração enorme, muito bem-disposto e sempre com uma palavra amiga”, lembra. |
![]()
Aníbal Brito afirma que a morte do cardeal foi uma “perda muito grande” e lembra a sua “sabedoria enorme”.
“D. José foi uma pessoa que me marcou e que ficará guardado sempre no meu coração, porque mudou a minha vida espiritualmente”, acrescenta. |
|
Secretário de Estado do Vaticano mostra-se profundamente entristecido |
||
O secretário de Estado do Vaticano mostrou-se hoje “profundamente entristecido” pela morte de D. José Policarpo, patriarca emérito de Lisboa. “Apresento as minhas sentidas condolências a vossa excelência reverendíssima, tornando-as extensivas aos bispos auxiliares, sacerdotes, religiosos e leigos do Patriarcado de Lisboa, bem como aos bispos e aos fiéis de todas as Igrejas particulares de Portugal”, escreve D. Pietro Parolin, numa mensagem endereçada a D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e presidente da |
Conferência Episcopal Portuguesa. O cardeal italiano recorda D. José Policarpo como “zeloso pastor que, com grande sabedoria e generosidade, serviu tanto o seu próprio povo como a Igreja Universal. “Rezo para que o seu exemplo de ministério fiel ao Evangelho inspire todos os cristãos a renovarem a própria dedicação à edificação do Reino de Deus, na verdade e na caridade”, conclui a mensagem, enviada à Agência ECCLESIA. |
|
Mensagem do Patriarca de Lisboa ao Clero |
||
Dirijo-me agora muito especialmente ao clero do Patriarcado de Lisboa, já em oração com todos os diocesanos pela paz eterna e feliz recompensa do Senhor D. José da Cruz Policarpo, nosso Patriarca emérito. Também assim lhe quero prestar a justíssima homenagem que a tantos títulos merece: pela entrega total aos sucessivos ministérios que lhe foram confiados na Igreja particular e na Igreja universal; pela grande lucidez com que sempre leu os sinais dos tempos que viveu e nos ajudou a viver, na melhor lição do Concílio Vaticano II; pela grande |
bondade com que acompanhou o clero e os fiéis, constantemente pai, irmão e amigo. - Todos manteremos viva a sua herança pastoral! Amanhã, sexta-feira 14, será celebrada a Santa Missa exequial às 16 horas, na sé patriarcal. A essa hora poderão os sinos dos templos da Diocese de Lisboa dar os habituais toques de defuntos, reforçando a unidade da oração que todos elevaremos a Deus pelo nosso tão estimado Cardeal Patriarca. Estamos certos de que, em Deus, sempre olhará pela sua Igreja de Lisboa. Convosco, 13 de março de 2014 D. Manuel Clemente |
|
Uma vida que se confunde com a Universidade Católica |
||
A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Maria Glória Garcia, afirmou hoje que a vida da instituição académica a que preside se confunde com a vida do falecido cardeal D. José Policarpo. “Todos acentuam a tristeza mas eu tenho de acentuar a alegria porque a UCP foi privilegiada com a sua presença de uma pessoa tão inspiradora dentro da universidade com foi D. José”, disse à Agência ECCLESIA. Para a reitora da UCP D. José Policarpo “morreu em palco, na força da sua capacidade”. “Ele consolidou num momento de primeiros passos a universidade e granjeou-lhe prestígio, deu-lhe sonho, deu-lhe ousadia, mas também incutiu-lhe prudência”, recorda Maria da Glória Garcia. Segundo a responsável José Policarpo realizou uma “pastoral de futuro”, sendo disso sinal o tema para doutoramento «Sinais dos tempos». “A (sua) pastoral era de futuro, de abrir caminhos, estar próximos das pessoas, |
com o contacto com os mais novos. Ser professor era tocar o futuro e ele tocava o futuro através dos seus alunos. Fê-lo aqui na nossa universidade”, sublinha. Maria da Glória Garcia sublinha ainda o homem de fé, de “grandes convicções” e “segurança nos seus valores”. “Essa é a marca que eu gostaria que a UCP mantivesse, porque considero ser essa a marca essencial de uma universidade católica”. |
|
D. José Policarpo afirmou a Igreja e inspirou a sociedade |
||
O padre e poeta José Tolentino Mendonça assinalou hoje a capacidade de D. José Policarpo afirmar a Igreja “por dentro”, “não apenas como instituição, mas como inspiração da própria sociedade”, percebendo que o cristianismo “joga-se no diálogo”. “O lema das suas armas como cardeal é «por obediência à liberdade»: a de espírito, a de pensamento, a espiritual – é um traço que marca o seu percurso onde o intelecto, a razão a cultura estão muito aliadas ao serviço pastoral da Igreja”, afirmou o padre Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), à Agência ECCLESIA. O vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa afirma que D. José Policarpo “sondar novos caminhos para o cristianismo do futuro”. “Ele não ficou apenas como um teólogo a pensar a herança do passado, mas tentou ligar a tradição ao presente e ao futuro”. |
![]() O patriarca emérito de Lisboa foi “dos primeiros bispos portugueses a governar de portas abertas”. “Lembro-me dos primeiros tempos do seu episcopado, quando reuniu com intelectuais, artistas, gente do mundo editorial, gente da comunicação social – havia um esforço grande de construir um caminho escutando a voz dos interlocutores que estão para lá das fronteiras eclesiais”. Enquanto teólogo, D. José Policarpo deixa uma capacidade de síntese com um olhar “original” sobre a realidade. |
|
Um homem que concretizou o Vaticano II |
||
O cónego António Rego, jornalista e sacerdote em Lisboa, afirmou hoje que se deve a D. José Policarpo a prática do Concílio Vaticano II no patriarcado. “A grande originalidade como pastor foi ter trazido um Concílio para a prática da sua diocese. Um concilio que ele viveu e que estudou profundamente”, afirmou o sacerdote e antigo diretor do Secretariado nacional das Comunicações Socais. O sacerdote sublinha “o esforço de traduzir no campo dos leigos, no ecumenismo, na liturgia o Concílio para a pastoral do nosso tempo”, acrescentando ainda “a movimentação que deu aos leigos e aos padres”. “São sinais que tinham luz, clarividência, discernimento e esperança para a diocese”. D. José Policarpo, que faleceu esta quarta-feira, aos 78 anos, vítima de aneurisma na aorta, designou o cónego António Rego na diretoria da informação da TVI, em 1992. “Do ponto de vista pessoal tenho isto como importante: ele explicou-me muito bem a minha missão de jornalista e de |
padre sem nunca ter havido qualquer conflito. Eu era padre jornalista e essa foi uma missão em que ele apostou, não fazendo disso um luxo ou um gosto pessoal”. O sacerdote recorda a “grande aproximação” que manteve com D. José Policarpo quando este foi “proclamador do Concilio”. “Quando ele levava a parte teórica da conferência e eu levava os audiovisuais que ilustravam a sua palavra. Foi isso que nos aproximou”. |
|
D. José Policarpo lembrado em Fátima |
||
Em nome do Santuário de Fátima, o Reitor, padre Carlos Cabecinhas, dá graças a Deus pela vida e pelo ministério do cardeal D. José da Cruz Policarpo, cuja morte inesperada aconteceu ao final da tarde de ontem, e envia condolências à sua família e ao Patriarcado de Lisboa. O Santuário de Fátima evoca desta forma a grande ligação de D. José Policarpo ao Santuário e à Mensagem de Fátima. Além das várias peregrinações internacionais a que presidiu, em Fátima, enquanto cardeal patriarca de Lisboa, foi também sob a sua presidência que a assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, celebrada nos dias 24 a 27 de abril de 2006, aprovou o texto dos Estatutos do Santuário de Fátima, os quais viriam a ser homologados pela Sagrada Congregação do Clero, no dia 13 de setembro desse mesmo ano. A partir de então, D. José Policarpo foi membro do Conselho Nacional para o Santuário de Fátima, assumindo a sua presidência, enquanto presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, nos anos de 2011 a 2013. |
![]()
Ainda na manhã de hoje, 13 de março, no Santuário de Fátima, D. José da Cruz Policarpo foi lembrado, durante as celebrações da peregrinação mensal. No início da Eucaristia, celebrada às 11:00, na Basílica da Santíssima Trindade, o Vice-Reitor do Santuário de Fátima, padre Emanuel Matos Silva, afirmou: “damos graças a Deus pelo que foi o seu ministério pastoral, damos graças pelo que foi o dom da sua vida à Igreja e pedimos para ele a luz eterna, a contemplação do rosto do Pai”.
|
|
D. José, um bispo invulgar |
||
Sua Eminência o Cardeal Patriarca Emérito, Senhor D. José Policarpo, inesperadamente levado para a realização da sua experiência pascal definitiva, foi um bispo incomum, absolutamente invulgar, a diversos títulos.
Um bispo “stretch”Nas minhas aulas de Gestão ensinei ad nauseam as duas tipologias fundamentais de pessoas – líderes - e de organizações. As primeiras, são as pessoas e organizações “fit” que se adaptam a cada contexto particular, que se “encaixam” flexivelmente aos estímulos do ambiente que as rodeia. Por seu turno, as lideranças e organizações “stretch” distinguem-se pela capacidade de se excederem perante cada novo desafio, de encontrarem formas inovadoras de se reinventarem para criativamente responder a situações diferentes das anteriormente conhecidas. D. José foi claramente um bispo “stretch” na sua admirável intuição de defrontar cada repto – da universidade aos meios |
de comunicação social, da cultura cristã ao diálogo aberto com os não crentes – de maneira inesperada e mobilizadora, augurando em cada gesto, ou sentença dita, o renascer de uma nova eclesiologia. O Senhor Patriarca José era, manifestamente, um inconformado “by design”!
Um bispo urbanoApaixonadamente enraízado na trepidação da urbe moderna, o 16º Patriarca de Lisboa foi um líder da Nova Evangelização (ICNE) que com os seus pares de Paris, Bruxelas, Viena e Budapeste, “esticou”, até às fronteiras do inverosímil, a pastoral urbana. D. José, um académico provindo da Teologia Dogmática, soube como ninguém estabelecer a ponte entre as duas cidades agustinianas – a de Deus e a dos homens – com manifesto espírito de abertura e “desdogmatizado”, isto é, infatigavelmente atento aos “sinais dos tempos”. O Senhor Patriarca José era, amorosa e autenticamente, um “homem da cidade”. |
|
|
||
Um bispo proféticoEle fomentou, com raro sentido do devir histórico, uma cultura de antecipação, em missão de serviço a uma Igreja que, para se cumprir, terá de ser necessariamente profética. Soube como ninguém encontrar no caldo de múltiplas culturas, em contacto, uma fonte inesgotável de futuríveis. Sem ser um |
tecnólogo consumado adquiriu, cedo, a noção do seu impacto incontornável na conformação de novos comportamentos pessoais e sociais, buscando ver longe, antes dos demais, um futuro novo e fascinante. O Senhor Patriarca José era, reconhecidamente, um “homem culto e sábio”.
|
|
|
||
Um pastor de almasSedutor na palavra oportuna, atento na ancoragem individualizada que fazia a cada situação concreta, arrebatador pela convicção com que falava, mobilizador na (re)invenção que incutia nas intervenções socioculturais, o Senhor D. José foi um verdadeiro pastor de almas. Nas suas constantes deambulações pelos meandros intersticiais entre fé e ciência, buscou sempre pontes onde outros adivinhavam confrontos, procurou sempre unir o que outros separavam e conseguiu sempre incutir uma perspectiva transcendental onde outros encontravam apenas razão. Como académico, nunca descurou a metodologia científica sem nunca renegar o fascínio do mistério. Pastoreou mentes e almas no Seminário e na Universidade, deixando em quantos tiveram o privilégio de com ele conviver a marca indelével do mestre. O Senhor Patriarca José era, por vocação e instinto, um “educador consumado”.
|
|
|
|
||
|
***
Senhor D. José: Peço-lhe que aceite a homenagem sentida e saudosa deste seu humilde admirador e discípulo. Mas, igualmente lhe peço que não se esqueça da solene promessa feita à nossa família. Lembra-se do que nos disse quando o convidámos para presidir ao sacramento do matrimónio do primeiro Carneirinho a enveredar pela constituição de um novo lar, há cerca de 12 anos? “Com certeza e ... hei-de casar toda a tribo!” – proclamou, enfaticamente, com a sua proverbial generosidade. Pois, cá ficamos à sua espera nas cinco bodas que ainda nos falta celebrar.
Até breve, Querido Senhor D. José!
Roberto Carneiro Linda-a-Velha, aos 14 de março de 2014 |
|
Quaresma…a doer! |
||
O Papa Francisco aparece sempre com ideias novas. E agora, quer que a esmola seja a doer! A mensagem da Quaresma tem uma série de elementos que fazem refletir e propõem caminhos de mudanças. A primeira nota está no rodapé, ou melhor, na data da publicação: Santo Estevão, Diácono e primeiro mártir. Francisco quer dizer-nos que a vida só ganha sentido pelo serviço aos mais pobres (era essa a missão do diácono) e na entrega radical da vida (martírio). A Mensagem assenta na ideia de que, quanto mais pobres nos aceitarmos, melhores condições temos para partilhar…essa pobreza. Habitualmente, achamos que só os ricos podem partilhar e os pobres passam a vida de braços estendidos. Mas não, porque bem diz o provérbio que ninguém é tão pobre que não tenha nada para dar nem tão rico que não tenha nada para receber. Por isso, a partilha ganha terreno nos corações de quem ama. Aliás, o amor abate muros e constroi pontes.
|
No seu jeito prático de simplificar para ajudar á compreensão, o Papa Francisco cataloga as misérias em três séries: material, moral e espiritual. Assim, a pobreza material é vivida por quem não tem um mínimo de coisas para viver com dignidade. Esta miséria tem de ser combatida por todos, através da instauração de leis justas e da uma solidariedade efetiva. É uma questão de direitos humanos que assenta na vontade de Deus de ver todos os filhos a viver em condições dignas. A miséria moral prende-se com comportamentos. E são muitas as atitudes de vida que atentam contra os valores humanos e cristãos, estragando a vida e o bom nome das pessoas. A miséria espiritual vive-se quando se arruma Deus da vida, não percebendo que Ele é a única fonte de sentido, o único Salvador. A última palavra do Papa é um convite forte e insistente à partilha. Trata-se de uma obrigação e não uma opção. E mais: tem de doer! Não podemos dar apenas o que nos sobra |
|
|
||
ou até está a atrapalhar a arrumação de nossa casa. Temos de dar algo que nos custa, sabendo que vamos ajudar outros a ser mais felizes. Francisco desconfia das esmolas que não doem. Nesta Quaresma partilhemos a doer com quem mais precisa, dando-lhe o que eles merecem, o que lhes pertence.
Tony Neves |
|
|
Renovação da Igreja
|
||
O Papa completa hoje um ano de pontificado, marcado pelas intervenções em favor da renovação da Igreja Católica e pela preocupação com as situações de pobreza e violência no mundo. Francisco tem apelado a uma Igreja “em saída” e atenta às “periferias”, centrando o seu discurso, teologicamente, na “misericórdia” de Deus. “A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho”, escreveu no seu ‘programa’ de pontificado, a exortação apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, na qual rejeita o que denomina de “economia da exclusão”, que “mata”, ao mesmo tempo que pede soluções para as “causas estruturais da pobreza” e todos os tráficos e novas formas de escravatura. A mesma abordagem têm merecido os temas ligados à defesa da vida e do matrimónio, reafirmando a doutrina da Igreja Católica ao mesmo tempo |
que se pede atenção a cada particular. Francisco encontrou-se por várias vezes com Bento XVI, seu predecessor, valorizando a figura do Papa emérito, ao qual reconheceu um papel fundamental da redação da encíclica ‘Luz da Fé’, a única publicada durante o pontificado, esperando-se que o próximo documento do género (os mais importantes assinados por um pontífice) seja dedicado ao tema específico da pobreza. Ao longo do último ano, o Papa concedeu entrevistas à Globo, às revistas dos Jesuítas e aos jornais italianos ‘La Stampa’ e ‘Corriere della Sera’, além de ter conversado durante mais de uma hora com jornalistas na viagem de regresso do Brasil. O país lusófono foi o único destino internacional de viagens (22-29 de julho de 2013), com passagens pelo Rio de Janeiro, onde chegou a ficar preso no trânsito, para a Jornada Mundial da Juventude, e pelo Santuário de Aparecida. |
|
|
|
||
O Papa, de 77 anos, fez ainda três viagens na Itália, com destinos simbólicos: em Lampedusa (8 de julho de 2013) lembrou a “globalização da indiferença”; na Sardenha (22 de setembro de 2013) encontrou-se com desempregados e trabalhadores afetados pela crise económica; em Assis (4 de outubro de 2013) evocou São Francisco, que o inspirou na escolha do nome e na
|
intenção de uma “Igreja pobre para os pobres”. Milhões de pessoas passaram pela Praça de São Pedro, para as audiências semanais e os encontros dominicais do ângelus, para além de iniciativas como o encontro com noivos, no último dia de São Valentim, a jornada de oração pela Síria (7 de setembro de 2013) ou as várias iniciativas ligadas ao Ano da Fé, que se concluiu em novembro do último ano. |
|
Reforma da Cúria e regulação |
||
O Papa tem promovido uma reforma dos organismos centrais da Igreja Católica, em particular a estrutura de coordenação para as atividades económicas e administrativas. Várias comissões de inquéritos e empresas internacionais de auditoria estão a analisar a atividade financeira da Santa Sé e o Instituto para as Obras de Religião (o chamado ‘Banco do Vaticano), tendo Francisco decidido criar uma nova Secretaria para a Economia, liderada pelo cardeal australiano D. Georg Pell. O Papa criou criado um Conselho de Cardeais, para o aconselhar no governo da Igreja e na revisão da Constituição Apostólica ‘Pastor Bonus’, sobre a Cúria Romana; o grupo de oito cardeais dos cinco continentes propôs a criação de uma comissão específica para os casos de abusos sexuais, à qual Francisco deu luz verde. A legislação sobre prevenção e combate à lavagem de dinheiro e sobre a jurisdição dos órgãos judiciários do Estado da Cidade do Vaticano em matéria penal foi atualizada, tomando em |
consideração o que é definido na Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU (1989), com uma “ampla definição da categoria dos delitos contra os menores”. Francisco escolheu também um novo secretário de Estado do Vaticano, D. Pietro Parolin, diplomata que era núncio [embaixador da Santa Sé] na Venezuela, o qual assumiu funções a 15 de outubro do último ano, substituindo o cardeal Tarcisio Bertone. Ainda na Cúria Romana, o Papa escolheu o cardeal Beniamino Stella, antigo núncio em Cuba e na Colômbia que presidia à Academia Eclesiástica, como prefeito da Congregação para o Clero, liderada pelo cardeal Mauro Piacenza. Este assumiu funções de penitenciário-mor, cargo deixado vago pela renúncia do cardeal português D. Manuel Monteiro de Castro, por motivos de idade. O Papa nomeou também um novo secretário-geral do Sínodo dos Bispos,D. Lorenzo Baldisseri, secretário da Congregação para os Bispos e antigo núncio |
|
|
||
no Brasil. O Papa criou em fevereiro os primeiros cardeais do seu pontificado, com prelados das “periferias” a que se tem referido várias vezes, como o Haiti, o Burquina Faso, a Nicarágua ou a Costa do Marfim. Durante o atual pontificado foi convocado um Sínodo dos Bispos |
sobre a família, que vai decorrer em duas assembleias, neste ano e no próximo, que começou a ser preparado através de um inquérito enviado às dioceses de todo o mundo e que esteve no centro do consistório [reunião de cardeais] extraordinário que decorreu em fevereiro. |
|
Um pontificado de exemplo |
||
O Papa Francisco completa hoje um ano de pontificado, tempo no qual se afirmou na Igreja e na sociedade através do seu “exemplo” e dos seus gestos e palavras simples. “É um homem que tem o conhecimento do que é a pobreza e mostra algo muito importante que é o facto de muitas vezes o exemplo ser a melhor maneira de intervir”, refere à Agência ECCLESIA Adriano Moreira, professor universitário. Francisco passa este dia no retiro quaresmal da Cúria Romana, que decorre desde domingo em Ariccia, localidade a cerca de 30 km a sudeste de Roma, para a qual o Papa e os seus colaboradores seguiram de autocarro. Adriano Moreira elogia a “autenticidade” de um Papa que “sabe que o gesto é uma forma de comunicar por vezes mais forte do que a palavra”. “Francisco tem a perfeita consciência das dificuldades e perigos que vai enfrentar e tem experiência nisso, porque viveu toda a vida numa área do mundo onde estiveram em vigor regimes totalitários duríssimos”, sustenta. |
![]() D. António Francisco dos Santos, bispo eleito do Porto, elogia as “atitudes proféticas" de um Papa cujos gestos “fazem escola de serviço à Igreja, na sua forma simples de estar”. O cardeal Braz de Avis, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada (Santa Sé), convive de perto com Francisco e entende que “as pessoas amam o Papa porque ele está próximo, não tem duas caras”. “O Papa não inventa um papel, ele é o que ele diz”, refere à Agência ECCLESIA. O cardeal Jorge Mario Bergoglio, arcebispo de Buenos Aires, foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013, após a renúncia do agora Papa emérito; escolheu o inédito nome de Francisco, tornando-se o primeiro Papa jesuíta na história da Igreja e o primeiro pontífice sul-americano. |
|
Pontificado de misericórdia e proximidade |
||
O vaticano Andrea Tornielli, do jornal italiano ‘La Stampa’, considera que o primeiro ano de pontificado de Francisco pode ser resumido nas palavras “misericórdia” e “proximidade”, destacando a dinâmica de “reforma” do Papa argentino. “O aspeto mais importante do pontificado resume-se nas palavras misericórdia e proximidade: com o seu testemunho, o seu magistério e os seus gestos, Francisco fez que muitíssimas pessoas, mesmo longe da Igreja, percebessem a proximidade de um Deus que abraça e ama antes de julgar”, refere à Agência ECCLESIA, que em dezembro entrevistou o Papa, na Casa de Santa Marta, Vaticano. Nesta mensagem de “misericórdia e perdão de Deus”, acrescenta, ganham importância gestos como “os abraços a pessoas doentes” e o “exemplo” dado por Francisco, que “fala dos pobres e da necessidade de ir ao seu encontro para tocar a carne de Cristo”. Além desta dimensão, o primeiro Papa sul-americano colocou em andamento “uma dinâmica de reforma”, que começa pelo “coração, não diz respeito a |
estruturas, mas às pessoas”. “É pedido à Igreja, a todo o povo de Deus, um novo dinamismo missionário, para sair, ir ao encontro de quem sofre nas periferias geográficas e existenciais”, precisa. O Papa concedeu uma entrevista ao jornal italiano ‘La Stampa’, publicada a 15 de dezembro, em que falava do seu primeiro Natal no Vaticano e respondia, entre outras questões, às acusações de “marxismo” de que foi alvo. Andrea Tornielli fala num “grande dom” e diz ter encontrado o “Bergoglio de sempre, simples, cordial, que não coloca qualquer distância com o interlocutor”. “Pareceu-me que se sentia perfeitamente à vontade na sua nova missão, na sua nova diocese”, conclui. |
|
MEL |
||
Irene vive uma vida solitária e agitada entre a sua casa à beira mar e a casa dos outros: doentes terminais que visita para, clandestinamente e conforme o que acredita ser sua missão, conceder-lhes um final de vida digno. Por determinação dos próprios e com a sua ajuda, ‘Mel’, nome de código pelo qual é conhecida, organiza um ritual de passagem onde cabem a música e uma declaração de termo à vida, concretizado com a administração de um barbitúrico em dose letal, de uso veterinário. Certo dia, chamada a casa de um velho arquiteto igualmente solitário para a mesma função, descobre que aquilo que fundamenta a vontade do sr. Grimaldi em pôr termo à vida não é uma doença terminal sem prespetiva médica de recuperação, mas uma visão terminal e sardónica sobre a utilidade da sua vida. O fino limite que separa este dos outros casos que até então não questionava, agora tornado evidente, e a inquietude provocada pela explícita ausência do sentido da vida, algo |
camuflado e latente em si própria, transformam a missão de morte de ‘Mel’ numa missão de vida: decididamente, tem que salvar Grimaldi. Interessante e corajosa opção de uma realizadora estreante italiana, Valeria Golino, ‘Mel’ coloca-nos perante o tema do suicídio assistido sem qualquer propósito evidente de subscrição, nem favorável nem desfavorável a tal prática. Antes que a mera premissa de isenção sobre a prática possa incomodar qualquer convicção de um espetador, a abordagem é pertinente e apela à nossa atenção. Primeiro, por evidenciar a sua existência, dizendo-nos que enquanto acompanhamos em estado de alerta os movimentos pró e contra legalização discutidos em sede ética, política e religiosa, o suicídio assistido de facto acontece. Deixando-nos assim não mais próximos mas menos alheados de uma prática cujo caráter clandestino não nos permite sequer aperceber da possível extensão. É este o primeiro apelo do filme, a que nos podemos considerar |
|
|
||
chamados, passando de espetadores a atores, na atenção a estas personagens que poderão ser espelho de alguém mais próximo do que sequer imaginamos. Depois, porque mesmo sem atribuição de juízo de valor e sem explorar exaustivamente os limites éticos da ação de Irene, o filme não banaliza a prática com um registo suave que tente não beliscar o conforto com que nos sentamos ante o ecrã, ou o tema. Pelo contrário, a opção da realizadora é a de escavar mais fundo, colocando no sentido da vida e na íntima construção desse sentido pela implicação humana - a relação, o princípio de transformação, de alívio do sofrimento e de passagem, no caso, da morte para a vida. É esta a transformação que verdadeiramente se opera em Irene, através de Grimaldi e é esta a transformação que nele ela procura operar, restituindo-lhe valor, amor próprio e esperança. Ausente de uma referência explícita a Deus e independentemente do desfecho do filme, é quase impossível não sentir o sopro que impele uma |
ex-modelo, atriz, nascida no seio de uma família de pintores e músicos onde se combinam sangue e cultura germânica, grega, italiana, francesa e egípcia, a realizar a sua primeira longa metragem sobre temas tão delicado e atuais. Que antes do suicídio assistido são o da solidão, o da débil implicação humana, uns com e para os outros, a ausência de significado e sentido da vida e o estado terminal de sofrimento em que tantos esses colocam.
Margarida Ataíde |
|
Secretariado Nacional de Liturgia online |
||
Porque estamos em pleno tempo de preparação para a Páscoa e dada a necessidade de cada vez mais precisarmos de saber o porquê das coisas, o seu significado e sentido, apresentamos como sugestão, o sítio do Secretariado Nacional da Liturgia (SNL), que é o órgão executivo da Comissão Episcopal de Liturgia. Sabemos, é certo, que não é a primeira vez que trazemos a este espaço esta sugestão, mas como temos ao nosso dispor um dos melhores, senão o melhor, sítio da internet sobre a temática da liturgia, escrita em português, achamos conveniente e acima de tudo, pedagógico, olharmos de novo para este sítio. Na página inicial temos todo o conjunto de informações, que vão para além das habituais notícias, que nos permitem descobrir este grande espaço litúrgico virtual. A agenda é uma ferramenta que nos possibilita aceder à liturgia diária com a indicação das leituras próprias para cada dia, |
bem como o próprio ofício da celebração da missa. Em “Santo do dia”, temos a lista completa dos santos para cada dia, e ainda um breve resumo da sua história e algumas orações. Em “livros”, encontramos quase todos os textos litúrgicos proferidos nas nossas celebrações acessíveis para consulta (disponibilização integral em formato pdf). Desde o texto completo da Instrução Geral sobre a Liturgia das Horas, onde, dividido por tempos litúrgicos podemos consultar, ler, rezar e meditar o ano todo. Passando pelos lecionários (leituras próprias usadas na missa), as intenções da Oração dos Fiéis para o Ano Sacerdotal, os rituais (das celebrações do Baptismo, Matrimónio, Penitência e bênçãos; de iniciação Cristã dos adultos; da Sagrada Comunhão e culto do mistério Eucarístico), entre outros. No item “música”, temos a possibilidade de aceder às diversas publicações que vão sendo editadas pelo secretariado na área musical e ainda, |
|
|
||
a um enorme conjunto de ficheiros em formato áudio (mp3) de variadíssimas músicas para animação da liturgia. Duas opções que contribuem para a elevada qualidade deste sítio, são as “questões” e “consultório”, dado que procuram de uma maneira séria e com a ortodoxia exigida aos responsáveis por este secretariado, responder a questões, informar e explicar tudo o que diz respeito no âmbito da liturgia. Desde temas que se prendem com a celebração, e os diáconos, passando pelos ministros extraordinários da |
comunhão, as músicas e outros de carácter mais diverso. Informa ainda sobre uma quantidade enorme de temas litúrgicos que de uma maneira ou de outra passam ao lado da maioria dos cristãos. Fica aqui lançada a sugestão, usem e abusem deste espaço, adicionando-o aos favoritos pois este é certamente uma página a consultar várias vezes.
Fernando Cassola Marques |
|
D. José Policarpo, o autor |
||
A Universidade Católica Editora publicou a partir de 2003 as “Obras Escolhidas” de D. José Policarpo, começando por seis volumes que reuniam 235 textos, entre livros, artigos, conferências, catequeses quaresmais e homilias. O 15.º volume chegou ao público em 2013, dedicado ao Concílio Vaticano II. D. José Policarpo sempre se definiu como um teólogo falante. Mesmo a respeito da publicação das ‘Obras Escolhidas’, referia que “escrever é um diálogo, porque a gente relê-se na maneira como os outros nos leem”. O leitor irá encontrar, nestas obras, a tese de doutoramento do Patriarca e outros textos relacionados com as funções exercidas por D. José, “desde os cargos académicos ao ministério episcopal, com a minha maneira de ver, com fé, o mundo e a história”. Os volumes revelam uma Teologia marcara pela relação entre Evangelho e História, o diálogo com a cultura e o lugar da Igreja na sociedade contemporânea. |
O falecido cardeal seguiu “sinais dos tempos”, uma opção que ele próprio justifica: “A Igreja pode identificar nos dinamismos mais profundos dessa história sinais do Reino a crescer e sugestões para a realização da sua missão evangelizadora”. Neste sentido, o estudo sobre a leitura dos Sinais dos Tempos, tese de doutoramento publicada no I volume desta coleção, contou com um novo capítulo, onde o Patriarca procurava “fazer a leitura dos efeitos que essa perspetiva teve na vida da Igreja, inspirando a sua ação pastoral”. “A possibilidade de a Igreja ler, na realidade da história contemporânea, sinais que lhe inspirem os caminhos da missão, define e dá densidade à perspetiva mais vasta do Concílio”, escreve. “A sociedade moderna, que a Igreja deve penetrar pelo Evangelho de Jesus Cristo, está profundamente marcada por um novo poder, o da ciência, da cultura. Investir na Escola e na investigação é uma
|
|
|
||
condicionante de qualquer projeto”, acrescentava. Os problemas reais da sociedade, a política, a cultura, a luta pela justiça, a família, a mutação cultural, o processo de diálogo intercultural e a evolução do sentido ético da existência são outros dos temas que podemos encontrar.
|
|
|
“O Bispo só consegue ser Pastor desta porção da Igreja de Cristo com a ajuda dos sacerdotes que, com ele, fazem a comunhão sacramental do presbitério. A minha comunhão com este Presbitério de Lisboa acompanhou a caminhada da minha vida e a minha busca de fidelidade: ensinei-os, formei-os, ordenei-os, partilhei com eles, quase sempre na alegria, mas por vezes também na preocupação e na dor, esta aventura de amor pela Igreja de Lisboa. Amai os nossos sacerdotes como me amastes a mim, perdoai aos nossos sacerdotes as suas fragilidades, como espero que me perdoeis a mim”. D. José Policarpo, ‘Obras Escolhidas’, volume n.º 15 |
II Concílio do Vaticano: D. José Policarpo fez a opção de ser «teólogo falante» |
||
|
O II Concílio do Vaticano foi objecto de estudo permanente do patriarca emérito de Lisboa, falecido esta quarta-feira, na capital portuguesa. Para D. José Policarpo, este acontecimento magno da Igreja foi expressão de uma nova atitude em relação ao mundo. Quando fez a introdução geral ao volume I das «Obras escolhidas – O evangelho e a História – Ler os sinais dos Tempos», D. José Policarpo referiu que num determinado momento da “carreira académica”, como professor de Teologia, optou por ser “«teólogo falante»” sem a preocupação de se afirmar pela publicação periódica “de grandes textos científicos”. Fazer uma tese sobre os «Sinais dos tempos» foi – segundo o próprio – uma tarefa “atraente, mas difícil”. Por detrás da escolha deste tema estava toda a ânsia de encontrar, “à luz da fé”, uma resposta ou uma “pista de inteligibilidade para as grandes transformações e convulsões” daquele tempo. Para D. José Policarpo, a transformação progressiva do mundo “é um desafio à Igreja” e as sessões conciliares serviram para responder a esse desafio. A interrogação, levantada por muitos contemporâneos, se neste mundo em transformação a Igreja terá ainda um lugar, o patriarca emérito de Lisboa responde – citando a assembleia dos cardeais e arcebispos franceses – que uma das razões, pelas quais a Igreja se reuniu em concílio, foi “para enfrentar
|
|
||
corajosamente e estudar com clareza todos os problemas postos pela evolução de um mundo, cuja fisionomia nos aparece profundamente mudada”. Ao observar o mundo na perspectiva do II Concílio do Vaticano é “impossível não notar nele este desconcertante quão preocupante fenómeno do ateísmo actual”, escreveu D. José Policarpo na sua dissertação sobre «Os sinais dos tempos». Frente ao mundo de hoje – sublinhou o patriarca emérito de Lisboa – espera-se que a Igreja tenha “a coragem de ser realista e partir dos factos, tais quais eles se apresentam, e da significação que envolvem, para daí deduzir decididamente novas perspectivas”. O concílio convocado por João XXIII e continuado pelo sucessor, Paulo VI, não deveria “ser só um espectáculo, ou só uma novidade”. O cardeal Policarpo acreditava que este acontecimento magno (1962-65) |
podia decidir “toda uma orientação” da época e uma das “mais interessantes e complicadas reviravoltas da história”. Os textos conciliares não pretendiam limitar-se “a repetir verdades adquiridas e invioláveis”. Os documentos nascidos do II Concílio do Vaticano pretendiam “uma nova penetração e aprofundamento dessas verdades, encontrando para elas enunciados capazes de serem compreendidos pelo mundo de hoje e adaptados a uma encarnação da mensagem evangélica nas novas condições de vida humana, criadas pela nova civilização técnica e científica”. “É necessário que esta doutrina certa e imutável, a que se deve prestar fiel obséquio, seja aprofundada e exposta segundo as exigências do nosso tempo”, escreveu o patriarca emérito de Lisboa. |
|
Março 2014 |
||
Dia 14
* Bragança - Conferência sobre «As boas práticas sociais das empresas» por Silva Peneda integrada na iniciativa «conferências do Paço». |
* Fátima - Encontro de formação da Associação de Servitas de Nossa Senhora. (14 a 16)
Dia 15
* Algarve - Loulé (Arquivo municipal) (15h00m) - Conferência «O Rei, a Igreja e o Concelho: Loulé entre poderes na Idade Média» apresentada por Hermínia Vilar. |
|
|
||
|
- O Convento de São Domingos, de Lisboa, inaugura um ciclo de conferências sobre o tema «O Cristianismo no espaço e o espaço do Cristianismo». Amílcar Coelho e o frei Francolino Gonçalves, juntam-se, no dia 15, para abordar o tema «Introdução metodológica: a questão do espaço» e «O imaginário bíblico e o mundo rural».
- O livro «A noite do confessor», do sacerdote e escritor checo Tomás Halík, lançado no dia 17 de março, é dedicado à “fé cristã numa era de incerteza”. Da responsabilidade da Paulinas editora “este apaixonante livro” sublinha que “as crises interiores não se resolvem escondendo-as debaixo do tapete, se atravessadas e vividas elas podem constituir janelas de oportunidade para Deus e para a própria pessoa que as vive”.
- A Igreja Católica em Aveiro vai promover um conjunto de iniciativas de agradecimento a D. António Francisco dos Santos, na diocese desde 2006, que em abril vai assumir a missão de bispo do Porto. A 19 de março, pelas 21h00, vai decorrer a sessão pública de agradecimento com apresentação do livro ‘Diocese de Aveiro - Subsídios para a sua história’, da autoria de Monsenhor João Gaspar, no Auditório da reitoria da Universidade de Aveiro.
- O padre José Frazão Correia vai tomar posse para o mandato, de três anos, como provincial dos jesuítas em Portugal, sucedendo ao padre Alberto Brito. A cerimónia está marcada para 19 de março, em Lisboa. |
|
|
|
||
|
|
|
Programação religiosa nos media |
||
Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h22
RTP2, 18h00
Terça-feira, dia 18 - Informação e entrevistJúlio Martins sobre a Semana Cáritas; Quarta-feira, dia 19 - Informação e entrevista a Lúcia Saraiva sobre a Semana Cáritas; Quinta-feira, dia 20 - Informação e entrevista a Andreia Andrade sobre a Semana Cáritas; Sexta-feira, dia 21 - Apresentação da liturgia dominical pela irmã Luísa Almendra e cónego António Rego
Antena 1 Domingo, dia 16 de março, 06h00 - Procura espiritual. Segunda a sexta-feira, 22h45 - 17 a 21 de março - Semana Cáritas.
|
O que é o pecado?
|
||
|
|
|
Ano A - 2º Domingo da Quaresma |
||
Partir transfigurados |
Neste segundo Domingo da Quaresma, o Evangelho da Transfiguração põe diante dos nossos olhos a glória de Cristo, que antecipa a ressurreição e anuncia a divinização do homem. A comunidade cristã toma consciência de ser conduzida, como os apóstolos Pedro, Tiago e João, «em particular, a um alto monte», para acolher de novo em Cristo, como filhos no Filho, o dom da Graça de Deus: «Este é o Meu Filho muito amado: n’Ele pus todo o Meu enlevo. Escutai-O». É o convite a distanciarmo-nos dos boatos da vida quotidiana para nos imergirmos na presença de Deus: Ele quer transmitir-nos, todos os dias, uma Palavra que penetra nas profundezas do nosso espírito, onde discerne o bem e o mal, e reforça a vontade de seguir o Senhor. Aos discípulos, desanimados e assustados, e a cada um de nós hoje, desalentados e mergulhados em enormes dificuldades de vária ordem, Jesus diz: «o caminho do dom da vida não conduz ao fracasso, mas à vida plena e definitiva. Segui-o, vós também». Os três discípulos, testemunhas da transfiguração, parecem não ter muita vontade de descer à terra e enfrentar o mundo e os problemas das pessoas. Representam todos aqueles que vivem de olhos postos no céu, alheados da realidade concreta do mundo, sem vontade de intervir para o renovar e transformar. No entanto, ser seguidor de Jesus obriga a regressar ao mundo para testemunhar, mesmo contra a corrente, que a realização autêntica está
|
|
|
||
no dom da vida; obriga a atolarmo-nos no mundo, nos seus problemas e dramas, a fim de dar o nosso contributo, em compromisso de amor com Deus, com o mundo e com os homens, para o aparecimento de um mundo mais justo e mais feliz. A primeira leitura apresenta-nos a figura de Abraão: homem de fé, que vive numa constante escuta de Deus, que sabe ler os seus sinais, que aceita os apelos de Deus e que lhes responde com a obediência total e com a entrega confiada. A segunda leitura inclui renovado apelo aos seguidores de Jesus, no sentido de que sejam, de forma verdadeira, empenhada e coerente, as testemunhas |
do projeto de Deus no mundo. Nada, muito menos o medo, o comodismo e a instalação, pode distrair o discípulo dessa responsabilidade. Ora aí está a Palavra de Deus a orientar os nossos caminhos, feitos de escuta atenta de Deus e dos seus projetos, de obediência total e radical aos planos do Pai. Que isso aconteça nesta semana, no encontro contemplativo e transfigurado com o Senhor Jesus e nos encontros acolhedores e transformadores que procurarmos com os próximos que estão bem junto de nós.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
|
Síria: Extremistas islâmicos impõem severas condições aos CristãosEntre a espada e a parede |
||
Os cristãos que ainda vivem na cidade de Raqqa têm de pagar um imposto, em ouro, aos radicais islâmicos que controlam a cidade, não podem exibir quaisquer símbolos religiosos ou rezar em público. Nem os sinos se podem voltar a fazer ouvir. Quem não o fizer é considerado um “alvo legítimo”.
Em Raqqa, os Cristãos são já cidadãos de segunda. Num comunicado recente, o grupo jihadista que controla a cidade, no nordeste da Síria, ameaça os Cristãos com a morte se não se submeterem às suas regras. Entre estas medidas, que colocam os Cristãos “entre a espada e a parede”, está o pagamento de um imposto de 17 gramas de ouro puro por adulto, assim como a proibição de exibição em público de qualquer símbolo religioso. Destituídos de quaisquer direitos, os Cristãos passam a estar proibidos, até, de fazerem soar os sinos das suas igrejas ou de realizarem quaisquer obras de recuperação dos templos. |
Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS) – assim se denomina o grupo radical que controla esta cidade síria – afirma que os cristãos têm a possibilidade de se converteram ao islamismo ou de aceitarem as novas regras. Caso contrário, tornam-se “alvos legítimos” e correm risco de vida.
Bíblias para a fogueira
Decididos a implantar um “califado islâmico” nas regiões “libertadas”, os combatentes do ISIS organizaram já uma fogueira, em Outubro do ano passado, onde queimaram, diante da igreja greco-católica de Nossa Senhora da Anunciação de Raqqa, todos os exemplares da Bíblia e outros livros cristãos que conseguiram encontrar. Além disso, as populações têm vindo a ser sujeitas a campanhas de “doutrinação” e é cada vez mais claro que os Cristãos se tornaram num dos alvos preferenciais dos ataques destes radicais islâmicos. |
|
|
||
o Padre jesuíta Paolo Dall’Oglio e, até agora, desconhece-se o seu paradeiro. |
pura arbitrariedade. Em Raqqa reina o medo. Sob a força das armas, foi imposta a “sharia”, a lei islâmica. Raqqa é só o começo. O objectivo é fazê-lo em todo o país. Depois seguir-se-á o Iraque, Líbia, Egipto, Sudão, Mali, Tanzânia, Nigéria… Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
|
|
Francisco, sempre em saída |
||
Tony Neves |
Foi e é uma lufada de ar fresco na Igreja e no mundo. Apareceu simples á janela do Vaticano, pediu que o povo o abençoasse e viveu um ano de simplicidade e total dedicação ao anúncio do Evangelho. Tem dito que a imagem de marca dos cristãos é a alegria: não a das hospedeiras de bordo, mas a que resulta de quem está possuído pelo Espírito de Deus. Não quer cristãos de pastelaria, só agarrados ás coisas doces da vida e sem capacidade de enfrentar e superar os momentos de sofrimento. Exige mais compromisso com as periferias e margens onde estão todos os excluídos da história. É lá que os cristãos devem investir para que todas as pessoas se sintam amadas e dignificadas, com vez e voz na sociedade e na Igreja. Vive e pede um estilo de vida simples, a começar pelos hierarcas da Igreja que não são cortesãos mas servos do Povo de Deus. Francisco lança os cristãos pelos caminhos do mundo, apostando num diálogo com quantos querem construir uma humanidade marcada pelos valores do Reino de Deus. A a justiça, a paz, o amor e a alegria. A ‘Alegria do Evangelho’ é um hino a uma Igreja sempre de saída, de portas abertas, acolhedora, fraterna, solidária, iluminada e empurrada pelo Espírito Santo. Aponta para uma Igreja Missionária. É um convite á arte de ‘primeirear’, ou seja, de inovar, de andar á frente. |
|
|
||
‘Conversão’ é uma das palavras-chave do Papa Francisco. Ele quer que a Igreja se renove, se reforme, a começar pelas cúpulas. Quer que se entregue de alma e coração aos mais pobres.
A Mensagem da Quaresma provoca um grande desassossego. Faz bem ouvir o papa dizer que a conversão dos corações é a chave do futuro da Igreja e das sociedades. Lembra-nos que dar esmola dói, pois Não devemos dar sobras aos outros. Pede mais combate ás misérias materiais, |
morais e espirituais. Sugere que demos a vida pelo Evangelho e pela causa dos pobres, como S. Estevão (foi no dia deste santo que o Papa assinou a Mensagem). Um ano de pois, com o Sínodo sobre a família à porta, o Papa Francisco continua a desafiar o mundo e a ser por ele provocado. Saibam os católicos dar as mãos e o coração a este Papa que quer uma Igreja de regresso às origens, á coragem e simplicidade de Cristo.
|
|
“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
|
APLICAÇÕES PASTORAISPapa Francesco news |
||
Celebra-se hoje o primeiro aniversário do pontificado do Bispo de Roma: Francisco. Um papa que se define como “um homem que ri, chora, ressona e tem amigos como qualquer outro. Uma pessoa normal.” Tendo presente esta acontecimento, a aplicação que propomos hoje intitula-se como “a maneira mais fácil de se manter atualizado”: Papa Francesco News. |
No passado dia 16 de janeiro de 2014, na edição nº 51 do Semanário Ecclesia, propusemos a aplicação The Pope App.
A agência de notícias italiana ANSA lançou no passado dia 5 de outubro de 2013 a aplicação Papa Francesco News totalmente dedicada ao Papa Francisco. Aplicação em 4 línguas: inglês, espanhol, português e italiano. Este dispositivo permite-nos
|
|
![]() |
|
||
ter notícias, reportagens especiais, com atualizações diárias, em tempo quase real, sobre os principais eventos que envolvem o Santo padre. A aplicação possui fotografias do pontificado, curiosidades e momentos solenes. Esta aplicação permite acompanhar as peregrinações apostólicas do Papa nas suas viagens, receber os documentos pontifícios, os discursos, as celebrações, encontros, assim como a vida das instituições do vaticano. Quem consultar hoje este aplicativo encontrará sobre o Papa Francisco a sua biografia, a eleição, as palavras-chave, estilo Bergoglio e uma foto galeria com |
imagens do Papa. Estamos perante uma aplicação de fácil consulta e com muitas notícias em primeira mão. Foi a vaticanista da ANSA Giovanna Chirri a primeira jornalista do mundo a noticiar a renúncia do Papa emérito Bento XVI. Para esta aplicação, contrariamente à The Pope App, não há versão gratuita: nas várias lojas tem o custo de 0,89€. A aplicação vale bem o preço que custa. Boas partilhas
Links iPhone | iPad | Androide | Kindle
Bento Oliveira http://www.imissio.net |
|
Confiar na sociedade civil |
||
Manuel de Lemos Presidente da União das Misericórdias Portuguesas |
Inspiradas pelos valores cristãos, as Misericórdias têm, ao longo de séculos, procurado cumprir a sua missão de apoiar os mais carenciados da nossa sociedade. Com lucidez e determinação, temos optado sempre por estar ao lado das soluções e não dos problemas. Os provedores de Portugal, que diariamente dedicam suas vidas a esta causa, têm sido verdadeiros heróis ou, para utilizar uma expressão “da moda”, verdadeiros empreendedores sociais.
A expressão “empreendedorismo social” é relativamente recente. Ainda mais recente é o impulso que o poder político, nacional e europeu, está a dar ao setor a que agora nos habituamos a chamar de “setor da economia social”. São variados os diplomas e os instrumentos de apoio financeiro que o Estado tem criado para apoiar este setor e concretizar em ações uma outra palavra muito presente no léxico atual de quem conhece a economia social: parceria. Este modelo de cooperação agora tão presente assenta em duas ideias fundamentais. A primeira prende-se com o facto de que são os agentes locais que conhecem a realidade das populações, sendo por isso capazes de responder, com eficiência, aos variados problemas. Mas num quadro de grande dificuldade do Estado providência, esta parceria surge também como um importante instrumento de manutenção dos apoios sociais, mas sem que isto implique um |
|
|
||
aumento de encargos para o orçamento público. Como tenho dito vezes sem conta, as Misericórdias, com a coordenação da UMP e em parceria com o Estado, podem fazer mais, melhor e com menos custos, isto é, fazer mais com menos. A estratégia Europa 2020 estabelece três prioridades que se reforçam mutuamente. Crescimento inteligente, que passa por desenvolver uma economia baseada no conhecimento e na inovação; crescimento sustentável, consubstanciado numa economia mais eficiente em termos de utilização dos recursos, mais ecológica e mais competitiva; e por fim, crescimento inclusivo, através do qual o objetivo é fomentar uma economia com níveis elevados de emprego que assegura a coesão social e territorial. É neste contexto que o nosso país se deve preparar para receber um importante envelope financeiro no âmbito do próximo quadro comunitário (2014-2020); e também aqui a noção de parceria deve estar presente. As entidades de economia social têm certamente competências, recursos e capacidade de |
potenciar a utilização dos fundos de coesão e poderão dar um contributo decisivo para que estas importantes verbas sejam bem aproveitadas em prol de um país mais coeso e mais justo. Por isso, deixo aqui um duplo apelo. Por um lado, é necessário que a estrutura de governo saiba confiar nas instituições da sociedade civil, mas também é o momento para começarmos, em sede de fundos europeus, a privilegiar exploração (leia-se, a bondade da resposta social), em detrimento de investimento (leia-se o betão). As Misericórdias têm, ao longo de séculos, adquirido experiência e conhecimento no que respeita às três grandes prioridades da Europa 2020. Fomos sempre capazes de inovar (decorre deste facto a nossa sobrevivência ao longo de séculos) porque soubemos gerir com eficácia os nossos recursos, com vista a assegurar coesão social e territorial. É por causa desta “tripla preocupação” que temos conseguido, ao longo de séculos, assegurar o cumprimento da nossa missão: cuidar de quem mais precisa.
|
|
«Enviada ao mundo, nada do que é humano pode ser indiferente à Igreja: a política, a cultura, a reorganização da sociedade, a luta pela justiça, a família, a mutação cultural e a evolução do sentido ética da existência». D. José Policarpo
|
||
|
|
|
|