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Foto da capa: OC/Agência ECCLESIA Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
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Opinião |
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10 anos da Concordata[ver+]
Cristãos na Terra Santa
Cardeal Turkson desafiou empresários
José Tolentino Mendonça | José Veiga de Macedo | Manuel Lemos |
Uma cultura do encontro, fora e dentro |
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José Tolentino Mendonça |
Um dos temas mais recorrentes e inspiradores do magistério do Papa Francisco é o da "cultura do encontro". É uma questão mais árdua do que parece, mas também mais decisiva do que pensamos. Árdua porque o encontro não é infelizmente a tendência habitual gerada pela lógica competitiva e individualista hoje dominantes. Árdua porque parece mais fácil a muitos níveis (sejam eles culturais, ideológicos, psicológicos, organizacionais ou outros) reproduzir confortavelmente modelos isolacionistas do que dispor-se a uma abertura, a um acolhimento e valorização daquilo que o outro é, ao risco de um projeto comum centrado não apenas no bem individual, mas naquilo que é melhor para o todo. E há que reconhecer que o efeito de fragmentação que o desencontro produz, não é apenas um problema que afeta o mundo. O Papa Francisco não se tem cansado de repetir que essa é uma ferida que dilacera também o corpo eclesial. Tantas chamadas de atenção deveriam constituir um ponto de séria reflexão. É, de facto, um aspeto em que pensamos pouco: o da qualidade das relações intra-eclesiais. E é essencial que elas sejam avaliadas, cuidadas, reparadas... Neste como noutros assuntos a Igreja das origens é uma fonte de interpelação e inspiração. Desde o «vede como eles |
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se amam» (Act 4,32) - exclamação que a primeiríssima comunidade cristã de Jerusalém despertava aos que a olhavam de fora – à preocupação permanente do apóstolo Paulo para que a comunhão na Igreja fosse mais do que uma bela palavra. Podemos dizer que a "cultura do encontro" em que insiste o Papa Francisco corresponde ao ADN da própria Igreja. A sua vitalidade está realmente nessa sabedoria, |
que é competência humana desenvolvida a partir do dom do Espírito Santo, para congregar, para aprofundar criativamente os dinamismos de comunhão, para fazer cair os muros da inimizade, para colocar em prática a misericórdia, para instaurar uma cultura de diálogo, de corresponsabilidade e de cooperação. Precisamos de uma cultura do encontro, fora e dentro. |
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"Depois de uma profunda ponderação de todos os prós e contras, concluímos que (a saída limpa, ndr) é a escolha certa na altura certa. É a escolha que defende mais eficazmente os interesses de Portugal e dos portugueses e que melhor corresponde às suas justas expectativas”, Pedro Passos Coelho anunciando a saída limpa de Portugal do programa de assistência financeira da Troika, 04.05.2014
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“O que mais me vem à memória, no dia de hoje, são as afirmações perentórias de agentes políticos, comentadores e analistas, nacionais e estrangeiros ainda há menos de seis meses, de que Portugal não conseguiria evitar um segundo resgate. O que dizem agora?”, Cavaco Silva, 05.05.2014
“A carta de intenções, que de resto não está ainda finalizada, reflete aquilo que as pessoas já conhecem: o Documento de Estratégia Orçamental e compromissos atingidos na 12ª avaliação”, Paulo Portas à Rádio Renascença sobre a carta de intenções que o Governo tem de enviar ao FMI depois do resgate, 06.05.2014
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“Comigo não vai haver despedimentos na função pública nem aumento de impostos”, António José Seguro ao Expresso diário, 06.05.2014
“Unimo-nos aos inúmeros apelos pela sua libertação e a sua restituição a uma condição normal de vida”, padre Federico Lombardi condenando o rapto de 223 adolescentes na Nigéria, reivindicado pelo ‘Boko Haram’, ameaçando vendê-las como escravas, 08.05.2014 |
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10 anos de Concordata |
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O presidente da delegação da Santa Sé na Comissão Paritária da Concordata, D. António Montes, afirmou hoje que o registo das pessoas jurídicas canónicas vai ser regulamentado em breve. “Estamos a ultimar a regulamentação do artigo 10.º, que prevê o registo das pessoas jurídicas canónicas”, confirmou à Agência ECCLESIA, o bispo emérito de Bragança-Miranda, que preside há três anos à comissão de acompanhamento do tratado internacional assinado em 2004 pelo Estado português e a Santa Sé. A proposta de regulamentação foi “aprovada” pela comissão paritária, criada para “interpretar o texto da Concordata”, e encontra-se no Ministério da Justiça para “consulta pública”, assinala D. António Montes. “O projeto será depois enviado à Santa Sé e só depois aprovado em Conselho de Ministros”, esclarece o responsável, que adianta “setembro ou outubro” como possíveis meses em que “haverá novidades”. O Ministério dos Negócios |
Estrangeiros organizou hoje um colóquio para assinalar os 10 anos da assinatura da Concordata, tratado internacional que regula a relação entre o Estado português e a Santa Sé. D. António Montes destaca a “cooperação, cordialidade” e “bom ambiente” e desvaloriza a demora na regulamentação de questões como a fiscalidade e o património. “10 anos na vida das instituições não é um tempo excessivamente longo. Um dos princípios fundamentais da Concordata é o princípio da cooperação entre a Santa Sé e o Estado português. É natural que à medida que o tempo passe, seja necessário verificar melhor algum aspeto, além de haver artigos que, pela sua própria natureza, pedem uma regulamentação”, precisa. O ministro dos Negócios estrangeiros, Rui Machete, encerrou o colóquio, com palavras de reconhecimento pela atual Concordata, um tratado que “enquadra com grande virtude o relacionamento” bilateral e que apresentou como “um |
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documento moderno, um texto do século XXII, com grande significado cultural e reconhecido valor técnico”. Segundo o governante, a “proximidade” com a Santa Sé foi uma “constante” da história de Portugal. O tratado internacional sobre a situação da Igreja Católica em Portugal sublinha, no seu primeiro artigo, o princípio de cooperação entre as duas |
partes, uma dimensão realçada por D. Manuel Clemente. “Importa fazer coincidir a ação do Estado e a ação da Igreja naquilo que aos cidadãos crentes beneficie, crentes e não crentes, porque a ação da Igreja em Portugal beneficia a população em geral que lhe recorre”, refere o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa. |
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Igreja reforça atenção
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Os responsáveis católicos pela pastoral prisional em Andorra, Espanha, Gibraltar e Portugal promoveram em Fátima, de 1 a 4 de maio, o primeiro Congresso Ibérico deste setor, defendendo que “os Direitos Humanos dos Presos devem estar presentes em todos quantos estão envolvidos no sistema penitenciário”. O documento conclusivo do evento, acompanhado pela Agência ECCLESIA, sublinha que “os decisores políticos, as administrações penitenciárias, os guardas prisionais e a população em geral não devem encarar o recluso como um custo, mas como uma pessoa a quem se faculta a possibilidade de reinserção na sociedade”. “O trabalho de ressocialização é responsabilidade de todos os grupos e estratos da Sociedade – Dioceses, Paróquias, Associações, Escolas, Empresas – e não apenas tarefa dos serviços dos Estados”, referem os responsáveis. As conclusões dos trabalhos do congresso mostram-se contra |
a privatização da administração e da segurança das prisões, considerando que esta opção “tem demonstrado efeitos muito perniciosos nos países em que tem sido aplicada”, pelo que o sistema “deve continuar sob alçada do Estado, como tem sucedido até aqui”. “Da parte da Pastoral Penitenciária assumimos o compromisso de ser um despertador pedagógico das consciências e de fornecer material de reflexão, conducente a melhores práticas de atuação social”, assumem os participantes.
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Igreja quer jovens líderes na ação pastoral |
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O bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, encerrou este domingo o ‘Fátima Jovem’ 2014, promovido pelo Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), pedindo que as novas gerações se assumam como “líderes” na Igreja Católica. “Caríssimos jovens e todos vós, amados irmãos em Cristo, ouvi bem a Sua Palavra e acolhei o Seu amor! Deixai aquecer o coração com os propósitos que Ele sugerir! Vale mesmo a pena! Tornai-vos líderes e animadores de uma Pastoral que seja fermento, fomentadora e distribuidora de pão, de paz e de amor a todos”, declarou o vogal da Comissão Episcopal do Laicado e Família, na homilia da Missa conclusiva do evento, no Santuário de Fátima. O prelado afirmou que os jovens católicos não devem ser “colecionadores” de encontros, movimentos ou peregrinações, porque “se essas experiências não marcam a vida, dando-lhe sentido, profundidade e orientação, são quase inúteis”. A homilia destacou a importância de uma vida de fé marcada pela “autenticidade e profundidade”, |
em cada situação concreta, e deixou o convite aos jovens a “aprender de Maria o sentido da escuta, a verdade da resposta e a coerência e consistência da fidelidade”. A peregrinação juvenil incluiu momentos de oração, formação e debate, partilha e animação, congregando jovens de vários movimentos e grupos diocesanos em Portugal. O padre Eduardo Novo, diretor do DNPJ, disse à Agência ECCLESIA que a Igreja Católica espera das novas gerações a “ousadia de ser protagonista de mudança”, o que exige “uma memória, uma tradição e uma identidade”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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“Com três letrinhas apenas…” |
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Sónia Neves, Agência ECCLESIA |
Eis-me em frente à maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. No largo verde pela relva, um socalco calcário onde assenta uma estátua de bronze. Passam as pessoas nas suas ‘’corridas’’ diárias, passa o idoso de bengala ritmada, a criança que saltita no jardim, tratando-se de um espaço de liberdade. Todos passam sem ver… Pousam as pombas. Aproximo-me e vejo melhor. Fotografo. A estátua, à frente da maternidade que tantos lisboetas trouxe à vida, é uma mãe semi–deitada com o filho nos braços. A mãe surge numa atitude de alerta, segurando e protegendo a criança, impõe-se e presta tributo a esta vocação que, arrisco dizer, de todas as mulheres. Nada melhor do que reparar nesta estátua para, em pleno mês de maio, fazer tributo às mães, porque “com três letrinhas apenas se escreve a palavra Mãe, é das palavras pequenas, a maior que o Mundo tem”. Uma quadra popular que desde pequena aprendi e que, agora sendo mãe há uns meses, vou entendendo o seu significado tão grandioso. Entrei nesta “equipa” e cada dia se torna maior a aprendizagem e a responsabilidade mas também a felicidade de ver crescer um filho. As experiências de outras mães que se cruzavam comigo, em diversas circunstâncias, deram uma ajuda em momentos difíceis e agora compreendo o Amor com que falavam dos filhos, das tropelias e gracinhas de cada um.
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Homenagem às mães portuguesas (1988) - escultura de Rogério Machado
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O sorriso aberto quando me vê, o abracinho da chegada e, ao fim do dia, vê-lo a dormir sereno são momentos preciosos que uma mãe de “primeira viagem” quer manter e recordar para o resto da vida!
Nesta semana deparei-me nas redes sociais com um pequeno vídeo de uma mulher a falar sobre as dificuldades da maternidade, a invisibilidade da sua vida como mulher e de muitas tarefas que suportava nas suas costas. Terminava dizendo que uma mãe é como uma grande catedral… Trata-se de uma comparação, ao início incompreensível, mas depois com tanto sentido que apetece “rasgar” barreiras e “abrir janelas” de risos, ternura, sonhos |
e Amor em todos os segundos que se tem um filho nos braços.Imagino sempre uma catedral como um espaço grandioso, iluminado, fresco, belo e alto. Um local de pessoas reunidas, de alegrias e comunidade. Um espaço de fortaleza, porto seguro, como se olha tantas vezes para uma mãe. Um regaço, um colo, um abraço.
Este mês muitos são os filhos que colocam “pés ao caminho” para se encontrarem com a mãe, na Cova da Iria. Em momentos de dificuldade, física, económica e social, porque muitos passam, os dias de peregrinação são pontes para renovar a esperança e se encontrarem num colo que os acalma e fortalece. |
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Cristãos não podem ser «parte menor»
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Agência ECCLESIA (AE) – Esta problemática da perseguição aos cristãos tem de se relacionar com a primavera árabe, com todos os acontecimentos que estão a ocorrer no Médio Oriente. Está em curso uma limpeza étnica dos cristãos? Valença Pinto (VP) – Eu não diria que está em curso objetivamente uma limpeza étnica dos cristãos no Médio Oriente, o que está em curso, no meu entendimento, é uma completa negligência, um completo esquecimento em relação aos cristãos do Médio Oriente. Provavelmente porque o problema do Médio Oriente, que é um problema tão importante, pesado e complicado, como nós todos |
sabemos, se transformou de uma forma muito redutora, numa questão entre israelitas e palestinianos, entre judeus e muçulmanos. Evidentemente não pode ser isso, é isso mas tem de ser mais do que isso. Resumido a isso, os cristãos ficaram esquecidos, ficaram numa posição de subalternidade reforçada, árabes cristãos entre árabes muçulmanos, árabes entre judeus, e foram vítimas das oposições entre uns e outros. Foram vítimas também, em tempos mais recentes, das oposições entre sunitas e xiitas, em alguns casos com variantes, caso dos alauitas na Síria, |
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i mas não há objetivamente uma limpeza étnica nesse sentido. Há uma grande negligência, e particularmente pelo lado de Israel, verifica-se um grande somatório de práticas |
discriminatórias muitas vezes de pura natureza administrativa mas que são discriminatórias e que efetivamente convidam ao êxodo que se tem verificado e que é absolutamente deplorável. |
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AE – Como observa estes acontecimentos que têm como consequência a fuga de muitos cristãos do Médio Oriente? Gonçalo Figueiredo Barros (GFB) - Para responder a essa pergunta fazia uma citação do Papa Francisco por ocasião de uma receção que fez aos membros que integraram a Assembleia da Congregação para as Igrejas Orientais no final do ano passado. Ele referia que suscitam grande preocupação as condições de vida dos cristãos, que em muitas partes do Médio Oriente sofrem de maneira particularmente forte perante as consequências das tensões e dos conflitos em curso. Mencionou expressamente a Síria, o Iraque, o Egito e outras áreas da Terra Santa. E mais adiante faz um apelo a que se respeite o direito de todos a uma vida digna e a professarem livremente a própria fé. Não nos resignamos a pensar o Médio Oriente sem os cristãos, que desde há dois mil anos ali professam o nome de Jesus, inseridos como cidadãos de pleno titulo na vida social, |
cultural e religiosa das nações a que pertencem. É justamente este o ponto fulcral da preocupação que existe em apoiar os cristãos da Terra Santa. Os cristãos da Terra Santa estão instalados naquela região há dois mil anos, têm sido vítimas de vários conflitos que lhes são alheios, não só na Terra Santa como no Médio Oriente, em geral. Recrudesce os atentados e as perseguições aos cristãos no Médio Oriente, a questão da Síria tem sido dramática, há um milhão de refugiados sírios na Jordânia neste momento, só para se ter uma ideia. Uma das visitas que o Papa Francisco vai fazer proximamente, ainda este mês à Terra Santa, vai ser a visita a campos de refugiados do Médio Oriente, mas não só da Síria. O Iraque tem quinhentos mil refugiados em campos também na Jordânia, para não falar nos palestinianos. Os palestinianos desde há muitas décadas têm fugido para a Jordânia e têm sido abrigados na Jordânia e hoje constituem uma população maioritária no próprio país. |
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A posição da Igreja Católica tem sido muito clara nesse sentido de apoiar todas estas comunidades que estão a ser vítimas deste contexto muito complicado, em que há um sofrimento real, diário, obstáculos de toda a natureza.
Aquilo que nos parece mais elementar não é observado na Terra Santa nem no Médio Oriente, o simples facto da pessoa ter direito ao trabalho e poder ter um livre acesso ao |
trabalho é-lhes vedado, para além de todo o outro tipo de perseguições. É neste contexto, de facto, que a Igreja tem atuado, e particularmente a Ordem do Santo Sepulcro tem atuado no sentido de apoiar os projetos que o patriarca latino de Jerusalém. Noventa e seis por cento dos projetos do Patriarcado Latino são financiados pela Ordem. |
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AE –A promessa de uma consolidação democrática nalguns países acabou por nunca se atingir, provocando até que as partes em fratura se acentuassem… VP – Certamente que sim, e é em parte por isso que se verifica o êxodo que o doutor Gonçalo Barros acabou de referir, e que dificilmente será travado ou invertido este sentido de saída das pessoas se tudo nos parecer tratável na perspetiva de é preciso reconhecer em simultâneo o direito à existência livre, independente e segura de Israel e Palestina. Certamente que isso é indispensável, mas não pode acontecer que este Israel e esta Palestina, cuja existência livre, segura e independente nós desejamos, sejam percebidos como Estados homogéneos quer no sentido étnico como confessional. Um e outro são Estados de várias comunidades, e entre essas comunidades estão os cristãos, estão no fundo pessoas para as quais é completamente idêntico o plano de exigência em matéria de direitos, liberdades e garantias. |
Essa é a volta que tem de ser dada, certamente a procura de uma solução política, mas por mais que a política às vezes esteja distante disso, uma solução política que não pode subalternizar ninguém, e por isso tem de procurar assentar em princípios, valores e critérios de ordem ética e moral, em que ninguém seja discriminado.
E aí cabe necessariamente um papel potencialmente muito grande à Santa Sé, não apenas à Santa Sé mas certamente à Santa Sé, tanto no plano da pastoral como no plano da ação diplomática. Agora os cristãos não podem é ser parte não existente ou parte menor. Ninguém é menor, nenhuma pessoa é descartável.
AE – O conflito antes de ser religioso não é político? VP – É certamente, mas o que nós não podemos ignorar é que faz parte desse conflito político um grupo chamado cristãos, que existe de um lado e existe do outro, como há árabes em Israel e judeus na Palestina. |
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É isso que tem de ser alterado, essa oposição definitiva entre judeus e muçulmanos a qual faz desaparecer a presença cristã. Como foi muito bem referido, não pode ser negligenciada, como li numa frase muito interessante, a Terra Santa não pode ser um museu da história cristã, tem
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de ser um lugar de vivência cristã, os cristãos estão lá há dois mil anos. Mas nós estamos numa época em que a segurança dos indivíduos não poder ser subalternizada em relação à segurança dos Estados, e é isso que é preciso ter presente. |
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AE – E é o que está a acontecer naquele território? VP – Não só ali mas também ali e é isso que é preciso certamente inverter e alterar.
AE – No caso dos cristãos da Terra Santa, eles estarão a ser vítimas por parte da comunidade islâmica, sendo considerados infiéis, e por parte também da comunidade judaica, pelo sentimento anticristão que pode estar em crescimento. Duplamente vítimas? VP – A primeira vitimização é a negligência a que são sujeitos. |
Mas depois efetivamente assim é, no caso do direito ao trabalho, como foi referido, as dificuldades de vida quotidiana, marcando itinerários específicos que tornam muito difícil o viver quotidiano das pessoas, imaginando projetos urbanísticos em zonas tradicionalmente de residência cristã, o que só tem paralelo com a trágica política dos colonatos, tudo isso são formas de dificultar a vida das comunidades cristãs. Como é uma forma de dificultar a vida às comunidades cristãs a criação de alguns entraves |
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à ação de organizações de matriz cristã muito forte e muito importantes na região, as organizações diocesanas, as organizações afins, de que a Ordem do Santo Sepulcro é um exemplo. Ou outras organizações já mais da sociedade civil, lato senso, como sejam as escolas, e nelas sobreleva a Universidade de Belém ou como seja a Pontifícia Missão para a Palestina, basicamente orientada para o apoio humanitário, cultural, económico e social aos palestinianos. Tudo isso é tornado difícil e quando tudo é tornado difícil as pessoas, que ainda por cima têm de conviver com a violência trágica, saem da maneira como têm vindo a sair. É muito difícil dar valores exatos, porque a dinâmica é de tal maneira grande, no sentido negativo, que é muito difícil ter valores seguros acerca deste |
êxodo que se constata. Mas os números que com alguma segurança se encontram mostram reduções absolutamente aflitivas, com comunidades que representavam vinte por cento há quarenta anos e que hoje representam dois, três por cento. E a ideia que se tem, perfeitamente assumida, é que hoje há tantos cristãos residentes no Médio Oriente como há cristãos do Médio Oriente residentes em diáspora, sobretudo na América Latina, Brasil e Argentina, e também na América do Norte. Tem havido algum movimento de emigração cristã, em particular para Israel, vindos de outros países, Roménia, Índia, as Filipinas, Etiópia e vários outros, e isso de alguma maneira equilibra os contingentes quando se faz estatística mas não equilibra o problema em si mesmo, de modo algum. |
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AE – A Ordem do Santo Sepulcro tem sentido esta dificuldade em atuar, em fazer chegar as ajudas, por parte da comunidade internacional, à Terra Santa? GFB – Os donativos que a Ordem dá normalmente são canalizados para Roma e Roma, que aprova os projetos que são apresentados pelo patriarca latino, canaliza esses donativos para cada projeto que depois fiscaliza e acompanha. Nesse aspeto, dos movimentos da Ordem e do Vaticano para a Terra Santa, não há problemas. Os problemas são mais o que é que os cristãos do Médio Oriente esperam do Ocidente. E o problema põe-se aqui. Nós sabemos que os cristãos são hoje o grupo religioso mais perseguido, há duzentos milhões de cristãos em todo o mundo que são perseguidos ou que não exercem livremente o seu culto religioso. Mais de dois terços das nações no mundo não criam espaços de liberdade religiosa para os cristãos, são impressionantes estes números, e isto |
naturalmente tem reflexo na maneira como os países e o Ocidente que tem denegado muito os seus valores cristãos, como é que os países encaram a situação dos cristãos na Terra Santa e no Médio Oriente em geral.
AE – Nesse contexto o que é que de facto o Ocidente pode fazer pelos cristãos da Terra Santa? GFB – Não resisto a ler uma citação que é tão impressionante que eu não queria deixar de ler. O bispo maronita, monsenhor Bechara Rai, à pergunta de ‘que esperais do Ocidente’ respondeu só isto: Pouca coisa, os países ocidentais olham antes de tudo para os seus interesses económicos e políticos, enquanto a comunidade internacional afasta o seu olhar dos problemas dos cristãos do Médio Oriente. E isto representa um bocadinho do que se passa, se houvesse mais preocupação na salvaguarda e na preservação dos valores perenes, culturais e morais, o mundo certamente arranjaria soluções para que os problemas que existem no Médio Oriente fossem resolvidos.
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AE – O Ocidente não estará preocupado com os valores, com os cristãos e com as pessoas em geral na Terra Santa, mas terá permanentemente um papel de intervenção naqueles conflitos, nomeadamente pelo fornecimento de armas. Está agir na via contrária, precisamente?
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VP - Não são as armas que fazem a via contrária, o que faz a via contrária ou a via boa é a vontade das pessoas, e a boa ou pior leitura que fazem da situação, exatamente o que o doutor Gonçalo Barros acabou de referir.
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VP - Estamos distantes no Ocidente e estamos distantes em todo o mundo, mas a nossa cultura e civilização torna-nos mais culpados, nesse sentido estamos distantes de prestar atenção aos valores que são importantes de observar, e estamos à procura apenas de uma solução supostamente mágica e um pouco constituída pela via mecanicista, do litígio entre uns e outros. Por essa via não se vai porventura chegar a lado nenhum, e eu aliás costumo pensar e dizer que não há solução para a questão do Médio Oriente, no sentido de uma solução tranquilizadora e definitiva, tanto quanto a História nos permite a ideia de definitivo, e o que há é que encontrar o melhor modus vivendi possível. E esse ‘modus vivendi’ só pode assentar em acomodação, e não pode ser acomodação entre estes e aqueles, tem de ser entre todos. E eu vejo nessa acomodação correta entre todos uma base virtuosa para a procura de uma melhor solução política. Agora o Médio Oriente é uma zona em que é impossível aos grandes poderes do mundo deixar de estar presentes e ativos. |
Passam-se lá, ou entrecruzam-se lá linhas de tensão fundamentais para a afirmação da União Europeia, por exemplo, para o combate ao radicalismo islâmico, para a segurança energética, para a questão importantíssima da proliferação nuclear, tudo isso é importante mas nada disso é abordável de uma forma séria e sustentável se as pessoas, e em particular as pessoas locais, forem desconsideradas no quadro da busca de melhores soluções.
AE – O Papa Bento XVI em maio de 2009 defendeu em Israel o direito a Israel existir e também reconheça-se, afirmou, que o povo palestiniano tem direito a uma pátria independente. Resolver a questão dos Estados não bastará? VP – Eu acho que é um passo absolutamente indispensável, o que eu acho que não será satisfatório e suficiente é se disser assim ‘Israel é um Estado de judeus, contra estes e aqueles e a Palestina um Estado de muçulmanos, contra estes e aqueles. Não, Israel e Palestina não se podem perceber a eles próprios e |
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não podem ser percebidos pelo mundo, em particular pelo Ocidente que tem uma matriz que nós todos praticamos e devemos observar, como entes puros neste sentido, como entes homogéneos nem no sentido étnico nem no sentido religioso.
AE – Em cada um deles há diferentes grupos VP – Exatamente e esses grupostêm de poder viver em harmonia e sob a responsabilidade do mesmo Estado.
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AE - O que tornará mais difícil resolver a questão
VP – Certamente, mas julgo que só é essa a via, a outra via, o mais que pode, não vejo, e em particular no tema que aqui nos motiva hoje, na manutenção desta dicotomia e deste antagonismo fundamental entre israelitas e palestinianos, judeus e muçulmanos, e só visto a essa luz, eu acho que o máximo a que se pode aspirar é à preservação da presença cristã e isso não basta, com certeza. |
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Patriarca latino de Jerusalém vai presidir à peregrinação do 13 de maio |
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O patriarca latino de Jerusalém vai presidir em Fátima à peregrinação internacional do 13 de maio. Em entrevista à sala de imprensa do Santuário de Fátima, D. Fouad Twal adianta as principais intenções de oração que trará a um local onde "Maria continua a irradiar a sua luz, o seu amor de Mãe, os seus ensinamentos". “Virei apresentar a Nossa Senhora as súplicas dos seus filhos do Médio Oriente e as dos seus filhos de todo o mundo e, de um modo especial, pedir-lhe-ei pelas necessidades dos cristãos e de todos os habitantes da sua pátria: a Terra Santa. A todos vos peço para que rezem pela Terra de Jesus e de Maria”, refere. “Desejo também chamar todos os cristãos do mundo e todos os bispos a sentirem-se corresponsáveis pela comunidade cristã da Terra Santa e por todo o Médio Oriente, pela sua existência e pelo seu futuro. Os cristãos do Médio Oriente são uma riqueza para a Igreja |
Universal e, por isso, todos nós devemos procurar estar junto destes irmãos que, apesar de serem uma minoria absoluta, dão testemunho do amor de Jesus no meio de povos e de culturas muito diversas”, acrescenta. Nas mesmas declarações, o patriarca latino de Jerusalém fala na primeira viagem de Francisco à Terra Santa, de 24 a 26 de maio, afirmando que o Papa Francisco ali se deslocará "como peregrino da paz e da unidade", a uma terra "em chamas ", com muros visíveis e invisíveis, difíceis de ultrapassar. “São muito atuais os apelos deixados por Maria em Fátima. E o mundo, em perigo de perdição, não encontrará a paz nem a graça se não se esforçar por colocar em prática o que Nossa Senhora pediu: conversão, oração, sacrifício, reparação”, observa ainda. Como gestos concretos para assinalar a peregrinação pontifícia, D. Fouad Twal pede “liberdade total de acesso” |
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aos locais sagrados para todos os crentes e liberdade para que as famílias separadas pelo Muro se possam encontrar. “Rezemos pela justiça e trabalhemos, cada um no seu âmbito, para a obter, já que a |
justiça é o fundamento da paz; uma paz justa e duradoura. Sem justiça, ninguém, seja da religião ou da nação que for, poderá desfrutar de uma paz verdadeira”, adverte. |
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Terra Santa, Fátima e uma fé mariana |
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Frei Miguel Loureiro, comissário da Terra Santa em Portugal, explica à Agência ECCLESIA a ligação particular de Fátima aos locais da vida de Jesus, cujas comunidades católicas vivem hoje uma fé “mariana”. “Vemos imagens de Nossa Senhora de Fátima em muitos sítios, inclusivamente com altares importantes nalguns santuários”, refere o religioso franciscano. Entre os mais importantes testemunhos desta ligação está o painel de Portugal na Basílica da Anunciação, em Nazaré, que representa a Virgem, na Cova da Iria, com os três Pastorinhos. “No bairro cristão, vemos quase como uma pequenina Fátima, com várias imagens de Nossa Senhora iluminadas, em várias casas, como símbolo. No Médio Oriente há uma grande devoção a Nossa Senhora de Fátima”, sublinha o responsável. Uma devoção que pode ser aferida na forma como os católicos vivem as procissões dos dias 13 e pela iconografia da Virgem Maria, “muito espalhada” |
entre as famílias, e pelo “carinho” do povo por Fátima. Na igreja de Betânia, que evoca as figuras de Lázaro, Marta e Maria, há um altar lateral dedicado a Nossa Senhora de Fátima, com uma imagem “lindíssima” que sai em procissão a 13 de maio, num bairro pequeno e com poucas famílias cristãs. O número de cristãos tem vindo a diminuir na Terra Santa, ao longo das últimas décadas, com famílias inteiras a deixarem os seus lares em busca de uma vida melhor noutros países. A ajuda chega, para além dos peregrinos no local, através de donativos recolhidos pelas comunidades católicas de outros países, incluindo Portugal, presente na cidade de Belém através de um conjunto de edifícios dedicado aos Pastorinhos. Um dos pisos dos prédios de seis andares foi adquirido com ofertas dos portugueses e foi entregue aos seus proprietários em 2000, através da Custódia da Terra Santa, juntamente com um painel de azulejos com Nossa |
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Senhora de Fátima e os Pastorinhos. “O painel foi tão bem acolhido que passou a ser posto fora dos edifícios, dando nome aos três edifícios”, explica o frei Miguel Loureiro. O responsável sustenta a necessidade de falar da |
Igreja em Jerusalém e na Terra Santa como “mãe” das comunidades católicas. “É uma Igreja pobres, os cristãos são pobres, não são ricos. Por isso, é fundamental a nossa ajuda”, observa. |
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As perseguições aos cristãos
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“Eles perseguiram-Me e perseguir-vos-ão” preveniu o Senhor aos seus seguidores. O Santo Padre, na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2011, lembrou ao mundo que os “cristãos são, atualmente, o grupo religioso que padece o maior número de perseguições…” tendo na oportunidade salientado “… Não se pode aceitar nada disto, porque constitui uma ofensa a Deus e à dignidade humana; além disso, é uma ameaça à segurança e à paz e impede a realização de um desenvolvimento humano autêntico e integral”. No início do novo milénio os cristãos são atormentados em mais de dois terços de todas as nações e a 200 milhões não lhes é permitido viverem livremente a sua fé. Em números absolutos as perseguições religiosas e os seus mártires - no século XX e no início do atual - ultrapassaram largamente os de qualquer um dos séculos anteriores, sendo os católicos a sua maior parte. Este bárbaro espetáculo da história contemporânea, tão |
orgulhosa da sua modernidade, dos seus progressos científicos e tecnológicos e do seu empenhamento na causa dos direitos do homem, tem vindo habilidosamente a ser transmitido à opinião pública de forma ambígua, escamoteando as suas causas, ocultando parte dos seus responsáveis, menosprezando o seu alcance.
1. No plano das causas, valerá a pena precisar que não é correta a propagada identificação exclusiva das opressões anticristãs com o Islão. É verdade que o radicalismo islâmico vem incendiando perseguições. Em levantamento feito por um grupo protestante, para 2011, constata-se que entre os dez mais perigosos lugares para a cristandade, nove são estados islâmicos, neles se incluindo o Afeganistão, a Arábia Saudita, a Somália e o Irão. No entanto em múltiplas partes do mundo há exemplos convincentes de colaboração entre cristãos e muçulmanos. |
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Numerosas vítimas dos muçulmanos extremistas são, paradoxalmente, outros muçulmanos, como bem o demonstram os conflitos permanentes, as fratricidas guerras entre sunitas e xiitas.
Acresce que as desumanidades infligidas aos cristãos têm também, como sabemos, outras proveniências, outros autores: estados totalitários (China e Coreia do Norte), radicalismos hinduístas ou budistas (União Indiana e Sri Lanka), crime organizado e redes de |
narcotráficos (Colômbia e México), ultranacionalismos (Turquia) e discriminações (Israel).
2. No plano das responsabilidades pelas violências cometidas sobre os cristãos do Médio Oriente, seria igualmente enganador circunscrevê-las aos movimentos fundamentalistas islâmicos. Mais relevantes, pela sua contundência e pela autoridade política dos seus autores, são as ações de vários Estados muçulmanos e as vontades de outras influentes
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nações que os apoiam.
As forças e os poderes que vêm, consciente e deliberadamente, promovendo a desestabilização da Região também não poderão ser isentos da sua quota-parte de culpa pelo turbilhão de violência, aparentemente irrefreável, que originaram e pelas vítimas que causaram.
A entrevista dada esta semana a uma revista portuguesa pelo Monsenhor Fouad Twal, Patriarca Latino de Jerusalém, é a este propósito esclarecedora ao precisar que “Há demasiados “telecomandos” que do exterior agitam ou apaziguam os conflitos no Médio Oriente… . Os povos do Médio Oriente não têm já a liberdade de dispor do seu destino”.
Como exemplo paradigmático de instabilidade no Médio Oriente recordemos o Iraque. Os cristãos até então protegidos por uma doutrina laicizante passaram - após a queda de Saddam e com a eliminação de todas as personalidades iraquianas com uma visão nacionalista e não comunitarista - a ser acusados de “sequazes das cruzadas”; centenas, senão mesmo milhares em cada ano são mortos, vítimas de atentados contra as igrejas, |
de raptos, de assassínios. E esta “expulsão religiosa”, não se afigura como transitória ou passageira. O Islão, segundo a nova Constituição iraquiana, apadrinhada pelas autoproclamadas “forças de libertação”, tornou-se a única fonte de direito. E é hoje já conhecido o destino trágico reservado aos cristãos iraquianos, intimados que estão a fazerem as malas ou a escolherem o seu caixão. E a guerra na Síria com mais de 140.000 mortos é a expressão de uma política cega que não pondera adequadamente as consequências de uma intervenção militar. Neste plano desolador retomamos a voz autorizada do Monsenhor Fouad Twal que, na entrevista atrás citada, dizia: “ Temos que admitir que todo o Médio Oriente vive um período de violência…. Ao ocidente e á Comunidade internacional pedimos que suspendam o envio e a venda das armas….” As anunciadas “primaveras árabes” e as suas auroras “democráticas” vêm-se revelando também elas, no sectarismo que algumas já patenteiam, como |
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fator adicional de perturbação. Sobre este tema candente o Patriarca Maronita depois de recordar que toda “a teocracia exclui a democracia ”, foi bem mais longe, ao incriminar certos Estados do Golfo e influentes países de apoiarem, financiarem e armarem grupos fundamentalistas. Será que o advento das “democracias” no Iraque, na Líbia, na Tunísia, se traduzirá, na realidade dos factos, na intolerância islâmica e no fim dos cristãos no Oriente?
3. Mas qual o significado destas |
perseguições na história da salvação humana? Na sua encíclica Tertio Millennio Adveniente João Paulo II fez questão de nos relembrar a velha máxima segundo a qual “o sangue dos mártires é a semente dos cristãos”, recordatória tão mais atual quando, mesmo no interior das igrejas cristãs, se sente por vezes alguma resistência à noção de mártir, tida por alguns dos nossos contemporâneos como uma ideia com o seu quê de bizarro. É à luz daquele ensinamento que reconheceremos que o valor destas perseguições é grande |
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para todos nós já que, como bem assinalou Robert Royal, “se é feliz o tempo que não produz uma abundante colheita de mártires… ainda mais feliz é o tempo em que as pessoas se comprometem a ficar com Cristo, independentemente de isso significar o martírio, por que dessa disposição de ir até à morte nasce tudo aquilo por que vale a pena viver”. Ora ao longo dos séculos, até ao martirológio contemporâneo, as Igrejas Orientais Católicas e os nossos irmãos do Oriente têm-se distinguido por um amor inquestionável e inseparável pela sua própria fé, em testemunho de fidelidade pago com o seu sangue. É um testemunho exemplar e o seu valor é grande para todos nós. Aos que morreram para dar testemunho da verdade e do bem, temos a obrigação de garantir que o seu testemunho não será esquecido e de, sentida e profundamente, lhes agradecer invocando-os com uma singela oração “Requiem eternam dona eis, Domine, et lux perpetua lucea eis” (“Dai-lhes, Senhor o eterno descanso, entre os resplendores da luz perpétua”). E aos que, resistindo à tentação |
do exílio, permanecem como anónimos “soldados desconhecidos” a sofrer em nome do Senhor ultrajes, atrocidades, opressões e a aceitar, com serena esperança, o risco de uma provável morte violenta, que poderemos nós fazer? Que esperam eles de nós?
A esta última pergunta a resposta já nos foi dada por Monsenhor Béchara Raï. Ela é embaraçante e faz doer: à interpelação “Que esperais do Ocidente?” respondeu “Pouca coisa. Os países ocidentais olham antes de tudo para os seus interesses económicos e políticos, enquanto a comunidade internacional afasta o seu olhar dos problemas dos cristãos do Oriente”. Poderemos nós continuar, por muito mais tempo, a olhar para estas perseguições, executadas longe dos nossos guardados condomínios, como uma mera aberração histórica, a ignorar a sua dimensão espiritual e civilizacional e, assim, nos dispensarmos de as ter de reconhecer como realidades malignas deste Mundo? Não será chegada a hora |
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de denunciar e trazer para o debate público as ações de expulsão e de aniquilamento contra os nossos irmãos, consentidas ou programadas, por poderes por vezes designados e empossados com o decisivo apoio de nações europeias e ocidentais? Onde está a apregoada liberdade religiosa? Não teremos nós a fraterna obrigação de dizer aos nossos eleitos que é chegado o tempo de pôr fim aos hipócritas e ensurdecedores silêncios, em que servilmente muitos se abrigam, quando, como mudos, assistem a despudoradas absolvições |
públicas de ideologias e regimes que ferozmente perseguem o cristianismo, num brutal espetáculo de sofrimento e morticínio que ficará para a história como uma das mais negras épocas de martírios? Alimentemo-nos com a palavra do Cristo ressuscitado “Não tenhais medo”, afirmemos que o cristianismo é meio de salvação de cada um e caminho de libertação do mundo e, retomando as palavras do Santo Padre, proclamemos “Não se pode aceitar nada disto”. José Veiga de Macedo |
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A situação dos Cristãos na Terra Santa |
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A comunidade cristã na Terra Santa é cada vez mais pequena. Podemos dizer que em Jerusalém e na Cisjordânia são talvez uns 50 mil numa população global de 3,5 milhões. Ou seja, não mais de 2%. Em Israel, haverá 140 a 150 mil cristãos numa população de 7 milhões. A realidade é muito complicada. Muitas famílias abandonaram a região. Belém faz parte da Cisjordânia, território da Palestina, uma espécie de enclave no meio de Israel. Por causa dos conflitos que há na região, e por uma questão de segurança, Israel construiu à volta de toda esta região um muro gigantesco de cimento, com cerca de oito metros de altura. Este muro isola os palestinianos, mas também os cristãos que vivem ali. O sentimento de quem vive ali é o de se estar numa prisão. Ninguém consegue sair sem uma autorização. Além disso, as autoridades israelitas são muito restritivas, as autorizações são apenas válidas entre as 6 da manhã e as 7 da tarde. Quem chega mais tarde não pode voltar e arrisca mesmo ir parar à cadeia. |
Se isto é válido para todos, é particularmente duro para os Cristãos, porque são uma ínfima parte da comunidade. Estão sozinhos, quase desamparados, indefesos. Há vários casos de pessoas que nos pedem ajuda, à Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), pois por causa do muro ficaram até separadas de familiares. Há histórias de pessoas, agricultores cristãos, cujas casas ficaram de um dos lados do muro e os terrenos do outro lado. Mas os turistas podem circular livremente. A vida na Cisjordânia e em Belém é particularmente difícil para os Cristãos. Os Cristãos em Belém vivem do turismo e da manufactura de artigos religiosos. Grande parte dos rosários, por exemplo, que a Fundação AIS tem ao dispor dos benfeitores portugueses, são produzidos por famílias cristãs na Terra Santa. É preciso dizer que a maior parte destas famílias vivem numa grande pobreza. Não é possível imaginar a Terra Santa sem cristãos. Temos todos o dever de os ajudar a sobreviver e a não emigrar! |
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Em breve, o Papa Francisco fará uma viagem à Terra Santa e a acompanhá-lo irão o rabino de Buenos Aires e o líder muçulmano, também presidente do Instituto para o Diálogo Inter-religioso.
Esta visita é vista como um momento determinante para a aproximação entre Católicos, Muçulmanos e Judeus, a fim de |
se estabelecer um diálogo que permita a todos reconhecerem-se “filhos de Deus”, de forma que todos possam trabalhar em conjunto em favor da paz, da justiça, da reconciliação e do perdão. Catarina Martins Presidente do Conselho de administração da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre |
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Católicos na Terra Santa |
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Os católicos representam grande parte dos cristãos na Terra Santa. Em Israel, equivalem a dois terços, somados aos cristãos palestinos e mais diversas comunidades latinas de migrantes católicos, uma pequena comunidade católica latina hebraica e comunidades de migrantes do rito oriental (europeus orientais, indianos e africanos). Na Palestina, os católicos chegam a 50% dos cristãos. Na Jordânia, eles são aproximadamente 45% dos cristãos. Além disso, há grandes comunidades de trabalhadores imigrantes católicos romanos e outros grupos de católicos refugiados do Iraque e da Síria.
Em Israel, os católicos estão distribuídos da seguinte forma: - 48 000 do rito grego, somados, aproximadamente 2000 migrantes do leste da Europa; - 24 000 do rito latino, somados, aproximadamente 60 000 migrantes da Ásia e África e centenas de católicos do rito latino (rito romano) de língua hebraica; |
- 8400 de rito maronita, somados aos aproximadamente 3000 que vivem no Líbano.
Além disso, há algumas comunidades católicas do rito sírio e arménio e grandes grupos de católicos de rito eritreu e do rito oriental católico indiano.
Na Palestina os católicos estão distribuídos em: - 1850 latinos; - 4650 do rito grego. Há pequenas comunidades de católicos de rito sírio, maronita e arménio.
Na Jordânia, os católicos estão distribuídos em: - 80 000 do rito latino (rito romano), somados, aproximadamente 50 000 trabalhadores migrantes; - 32 000 católicos do rito grego. Há ainda pequenas comunidades do rito maronita, arménio e sírio, bem como milhares de caldeus do Iraque. |
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Os cristãos da Terra Santa formam um mosaico de comunidades. Em primeiro lugar, existe uma grande diversidade de confissões cristãs: bizantinos (ou grego), ortodoxos e católicos (que juntos formam a grande maioria dos cristãos na Terra Santa), romanos (ou latinos) católicos, maronitas, arménios, católicos sírios e ortodoxos, coptas, etíopes, anglicanos, luteranos e diversos grupos evangélicos. Em segundo lugar, não existe grande diversidade |
de origem e contexto sociocultural, como também diferenciação linguística. A emigração dos cristãos de hoje é uma das questões mais importantes para a Igreja na Terra Santa. Muitos homens, jovens e mulheres, acreditam que a emigração é a única maneira de realizar os sonhos e as ambições, porque se sentem sufocados pela dura realidade deste lugar. |
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Cardeal desafiou empresários |
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O presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), da Santa Sé, sublinhou em Lisboa a necessidade dos empresários cristãos colocarem todo o seu “empenho” na construção de uma economia ao serviço do “bem comum”. Num encontro com gestores das mais diversas áreas de atividade, no âmbito da apresentação em Portugal do documento “A vocação do líder empresarial”, o cardeal Peter Turkson exortou os participantes a “não separarem” no seu quotidiano, “a fé da atividade profissional”. “Trata-se de colocar a fé também no centro do mundo dos negócios, os cristãos têm todos de se consciencializar de que a fé não pode ser uma matéria guardada no íntimo de cada um, mas sim uma relação que inspira à ação, a um estilo de vida que corresponda a essa crença”, frisou o prelado ganês, em entrevista à Agência ECCLESIA, esta terça-feira. Concebido pelo CPJP, o texto “A vocação do líder empresarial”, disponível para já em 15 línguas incluindo o português, surge como um manual prático de conduta |
para os gestores de todo o mundo. Uma das principais interpelações presentes no documento, apresentado no nosso país com o apoio da Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), é que os agentes económicos sejam “continuadores”, na sociedade, da “força criadora de Deus”. Entre outros aspetos, o livro de 32 páginas destaca que a atividade empresarial deve ser um motor de “paz e prosperidade”, gerando não só riqueza material mas também “produzindo bens que são verdadeiramente bons e serviços que servem verdadeiramente; estando alerta para as oportunidades de servirem as populações carentes; promovendo a especial dignidade do trabalho humano”; sendo “justas na alocação dos recursos”. Para o cardeal Peter Turkson, é essencial que a mensagem passe para “as novas gerações de líderes”, e para isso é preciso “ir à fonte”, em ligação com as universidades e institutos educativos, e inculcar nos mais novos um novo tipo de “conduta social”, que tenha em |
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atenção princípios presentes na Doutrina Social da Igreja como “a solidariedade” e a "caridade". “Estes princípios não devem ser vistos como algo oposto às regras de gestão mas sim como algo que pode suportar e inspirar as pessoas a encararem a sua atividade de uma outra perspetiva”, salientou. Além de apelar ao combate de problemas como a injustiça, a fraude ou a concorrência |
desleal no mundo dos negócios, a Igreja Católica sublinha a importância de encarar a gestão como um “serviço” onde deve haver cada vez mais lugar para noções como a “gratuidade” e a “caridade”. Depois de ter lançado um documento especialmente dirigido ao mundo empresarial, o Conselho Pontifício Justiça e Paz está a trabalhar num outro dedicado aos líderes políticos. |
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Vaticano condena rapto
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O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, condenou hoje o rapto de mais de 200 adolescentes na Nigéria, reivindicado pelo ‘Boko Haram’, e disse que se trata de um ato de “terrorismo odioso”. “Unimo-nos aos inúmeros apelos pela sua libertação e a sua restituição a uma condição normal de vida”, disse aos jornalistas. O grupo islamita reivindicou na segunda-feira o sequestro das jovens, ocorrido a 14 de abril, e ameaçou vendê-las como escravas. Às 223 meninas que, segundo as autoridades, continuam sequestradas soma-se 11 menores raptadas pelo Boko Haram no último domingo, segundo um novo balanço comunicado nesta quarta-feira. O padre Lombardi afirmou que estas ações “soma-se a outras formas horríveis de violência que há muito tempo caraterizam a atividade deste grupo” no país africano. “A negação de qualquer respeito pela vida e pela dignidade das |
pessoas, mesmo as mais inocentes, vulneráveis e indefesas, exige a condenação mais firme e suscita a compaixão mais sentida pelas vítimas, o horror pelos sofrimentos físicos e espirituais e as humilhações inacreditáveis que lhes são infligidas”, afirmou o diretor da sala de imprensa da Santa Sé. Estados Unidos da América, Reino Unido e França ofereceram a sua ajuda à Nigéria, num momento em que decorre uma campanha internacional pela libertação das menores. “Esperamos e rezamos para que a Nigéria encontre o caminho para pôr ponto final a uma situação de conflito e terrorismo odioso", concluiu o porta-voz do Vaticano. |
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Ecumenismo de sangue |
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O Papa Francisco recebeu hoje no Vaticano o patriarca da Igreja Apostólica Arménia, Karekin II, e recordou os mártires cristãos deste país para elogiar o seu testemunho de fé. “O número de discípulos que derramaram o seu sangue por Cristo nos acontecimentos trágicos do século XX é certamente superior ao dos mártires dos primeiros séculos e neste martirológio, os filhos da nação arménia têm um lugar de honra”, disse, durante a audiência privada, a que se seguiu um momento de oração na capela ‘Redemptoris Mater’, do palácio apostólico. Sem nunca se referir diretamente ao genocídio arménio do século XX, negado pela Turquia, o Papa afirmou que o testemunho destes cristãos “não deve ser esquecido”. “O sofrimento suportado pelos cristãos nas últimas décadas trouxe um contributo único e inestimável também para a causa da unidade entre os discípulos de Cristo”, acrescentou. Karekin II, 132.º patriarca dos arménios foi eleito em 1999 e é líder espiritual de seis milhões de cristãos. O Papa destacou a |
consolidação das relações entre as duas Igrejas, nos últimos anos, destacando a visita de João Paulo II à Arménia, em 2001, e a presença do patriarca no Vaticano em várias ocasiões, incluindo uma visita oficial a Bento XVI, em 2008. “O ecumenismo do sofrimento e do martírio é um poderoso chamamento a caminhar pela estrada da reconciliação entre as Igrejas, com decisão e confiante abandono à ação do Espírito. Temos o dever de percorrer este caminho de fraternidade também pela dívida de gratidão que temos com os sofrimentos de tantos irmãos”, disse ainda. Karekin II, por sua vez, agradeceu a Francisco, que definiu como um “Papa corajoso” e condenou a guerra e a violência, “que são contrárias à vontade de Deus”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Prémios da Igreja Católica no IndieLisboa |
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O júri da Igreja católica no festival de cinema independente IndieLisboa distinguiu este sábado com os prémios “Árvore da Vida” os filmes “O Novo Testamento de Jesus Cristo segundo João” e “O coelho e o veado”. Os galardões foram entregues aos realizadores das obras premiadas pelo diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), padre José Tolentino Mendonça, na cerimónia que decorreu em Lisboa, na “Culturgest”. O prémio principal, no valor de dois mil euros, divididos em partes iguais pelo SNPC e o Secretariado Nacional das
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Comunicações Sociais, foi entregue aos cineastas portugueses Joaquim Pinto e Nuno Leonel, realizadores de “O Novo Testamento de Jesus Cristo segundo João”.
Tendo como protagonista o ator e encenador Luís Miguel Cintra, que lê o Evangelho joanino, o filme de 129 minutos, concluído em 2013, «recoloca a palavra e a imagem em campo aberto», assinala a declaração do júri, lida na cerimónia.
«Abre as palavras e as imagens à recusa de todo o supérfluo e desnecessário. Necessidade, urgência, a de hoje, em se construir um filme assim, |
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que se configura na essencialidade das imagens e das palavras», assinala o texto assinado pelos jurados, João Amaro Correia, Margarida Ataíde e Rui Martins. «Para além do despojamento com que nos chegam, estas imagens e estas palavras são em si o justo peso e a rigorosa medida de si próprias e da sua possibilidade nesse espaço aberto, vital, que se estende diante de cada um de nós», aponta a declaração.
«Necessidade, urgência, a de hoje, em vermos e acolhermos um filme assim. Dádiva que com este gesto agradecemos», conclui o texto, redigido após os jurados terem assistido a quatro longas-metragens e 16 curtas que integraram a secção “Competição Nacional”.
Pela primeira vez, a Igreja atribuiu o prémio Árvore da Vida a um filme que concorreu ao IndieJúnior, secção dedicada aos mais novos que visa contribuir para a sua formação através de uma experiência artística e lúdica.
A distinção, no valor de mil euros, integralmente subsidiados pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, foi atribuída ao cineasta húngaro Péter Vácz pela animação “O coelho e o veado”, de 16 minutos, terminada em 2013. |
O júri, constituído pelo professor Hugo Nave e quatro alunos, todos do Colégio São João de Brito, em Lisboa, considerou «a criatividade e originalidade como também o grafismo e estética, não esquecendo a mensagem transmitida». «Queremos agradecer o convite que nos foi dirigido para sermos júri neste festival. Foi com um enorme entusiasmo e sentido de responsabilidade que o aceitamos», refere a declaração do júri, salientando que a decisão «foi um desafio difícil mas bastante gratificante dada a elevada qualidade dos filmes a concurso». Os prémios Árvore da Vida destacam cinematografia que privilegia os valores espirituais e humanistas e colocam em evidência a ligação histórica da Igreja à Sétima Arte. A 11.ª edição do IndieLisboa termina este domingo Rui Jorge Martins, Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura |
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Get Inspirit |
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http://www.getinspirit.org/#/pt
Esta semana propomos um projeto voltado “para todos os povos sem distinção de raça ou de religião” que é da responsabilidade dos Missionários da Consolata, denominado “Inspirit”. Eles pretendem “estar perto de quem sofre, é marginalizado ou vê os seus direitos espezinhados”. Partilhando “a justiça e a paz como elementos centrais do seu ideário”. Ao digitarmos o endereço www.getinspirit.org encontramos um espaço graficamente muito bem concebido acompanhando as mais recentes inovações digitais na produção de conteúdos para a internet. Este é um facto relevante porque, apesar do aspeto gráfico não ser o mote principal deste sítio, demonstra claramente a atenção e o cuidado profissional colocado na produção deste projeto. Na página principal além da ligação para as opções do menu, encontramos os rostos de cinco |
raparigas e rapazes (Miriam Sanogo, Bakayoko Mepondo, Miriam Sibi, Timite Sali, Coulibali Adara) que ao clicarmos em cada um(a) nos aparece um vídeo excelentemente produzido que nos mostra a realidade em que habitam. É ainda nessa página que estão as ligações para as principais redes sociais (facebook, twitter, vimeo, tumblr) e ainda para um blogue, também ele muito bem produzido. No item “a nossa causa” podemos consultar a informação mais institucional, nomeadamente que os irmãos missionários atuam nos cinco continentes onde a pessoa sofre, porque eles querem “ser embaixadores da felicidade e da alegria. Agindo por amor ao próximo, querendo o desenvolvimento e o bem-estar de todos os homens e de todos os povos”. Em “projetos” ficamos a saber que este ano o esforço de atuação passa pela Costa do Marfim, onde mais de 80% das crianças não frequenta a escola. Estas crianças “têm de trabalhar nos campos |
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de cultivo, ajudar nas lides da casa ou guardar os rebanhos. Sem saberem ler nem escrever, muitas crianças têm à partida o seu futuro hipotecado”. O projeto Inspirit pretende construir “centros de alfabetização, fornecer material didático e destacar professores para ensinar os pequenos grandes de Marandallah”. Por último em “envolve-te” percebemos como podemos colaborar neste projeto, |
seja através de voluntariado, de partilha de ideias, de trabalhar a partir de casa ou mesmo contribuindo monetariamente. Fica então a sugestão de acompanharmos de perto este projeto porque “acreditamos que lhe deve apetecer meter-se num avião e pôr mãos à obra mas no caso de não poder ir, o Inspirit trabalha por si!”.
Fernando Cassola Marques |
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Novo livro de D. José Cordeiro |
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‘A Árvore do Pão’ é o título do mais recente livro de D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda, que será apresentado numa sessão aberta ao público, a realizar na próxima sexta-feira, pelas 20h30, no Salão da Casa Episcopal de Bragança. A apresentação do livro, que recolhe algumas conferências, homilias, lectio divina, e outros textos dos dois primeiros anos de ministério episcopal de Bragança-Miranda, está a
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cargo de Henrique Manuel Pereira, da Universidade Católica Portuguesa (UCP). A capa desta obra, metáfora do ouriço aberto como dom e profecia para a comunidade dos crentes que reparte sempre de Cristo nos caminhos sempre novos da missão evangelizadora, é da autoria da pintora transmontana Graça Morais.
Diocese de Bragança-Miranda |
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Fogo Posto |
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Num estilo inovador e original, três jovens cantam os 20 mistérios do Rosário. Todos os mistérios são acompanhados por uma meditação de Thereza Ameal. Uma excelente forma de meditar os mistérios da vida de Cristo e de rezar o terço, deixando-se envolver pela beleza da poesia, da música e dos ritmos variados. Nas 80 páginas do livro irá encontrar 20 meditações
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e ainda uma explicação de como rezar o terço. O CD inclui 20 músicas num estilo jovem e muito variado que vai do rock ao fado. Um projeto único que pretende aproximar os jovens do terço, pois chega até eles numa forma e com uma linguagem que lhes é próxima e com a qual se identificam. |
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II Concílio do Vaticano: Os pedidos do cardeal Bea aos peregrinos de Fátima |
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A Peregrinação Internacional Aniversária de maio (12 e 13) de 1964 foi presidida pelo cardeal alemão Agostinho Bea (Riedböhringen, 28 de maio de 1881 — Roma, 16 de novembro de 1968), pioneiro do ecumenismo e do diálogo entre Judaísmo e Catolicismo. A peregrinação, que contou com cerca de 500 mil pessoas, teve várias intenções: “Agradecer a Deus o êxito da peregrinação de Paulo VI à Terra Santa; Pedir a união dos cristãos e o pleno êxito do II Concílio do Vaticano; Pedir a santificação das famílias, o aumento das vocações e a paz no mundo e, particularmente, no ultramar português”. Na sua alocução do pontifical de 13 de maio, o presidente do Secretariado para a União dos Cristãos centrou-se na “segunda destas intenções” e foi também a ela que o Papa Paulo VI “fez referência no telegrama enviado”, (In: Boletim de Informação Pastoral (BIP), Ano VI – 1964 – Maio-Junho – nº 31; página 32). O cardeal Bea foi um dos pilares do II Concílio do Vaticano e, nas celebrações do centenário do seu nascimento, o Papa (canonizado recentemente) João Paulo II realça que “três documentos” foram especialmente caros ao Cardeal Bea e “não cessaram de inspirar numerosas iniciativas da Igreja”, graças à intervenção do Secretariado para a Unidade dos Cristãos e de outros organismos da Santa Sé: “decreto sobre o ecumenismo, da declaração «Nostra aetate» sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs — a começar
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pelo judaísmo —, e da declaração sobre a liberdade religiosa”. Os Papas Pio XII, João XXIII e Paulo VI apreciaram os seus “serviços qualificados” e manifestaram-lhe – “cada um à sua maneira” – uma confiança profunda. “Baste citar o facto de ter sido chamado ao cardinalato e ter sido nomeado primeiro presidente do novo Secretariado para a Unidade dos Cristãos”, disse o Papa polaco. Durante a sua estadia em Portugal, o cardeal alemão ficou no Seminário dos Olivais (Lisboa), foi recebido pelos chefes de Estado e do governo e visitou, no Carmelo de Coimbra, a Irmã Lúcia, sendo ainda homenageado em várias recepções. Na manhã do dia 12 de maio de 1964, o bispo de Leiria presidiu à cerimónia da bênção e inauguração do Calvário Húngaro em que tomaram parte numerosos peregrinos. O Calvário, com a capela de Santo Estêvão e as 14 estações da Via Sacra, obra de artistas portugueses e |
húngaros, foi oferecido pelos católicos húngaros exilados. Uns dias antes, dia 9 de maio de 1964, o cardeal patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, inaugurou a Casa de Retiros do Bom Pastor (Buraca-Lisboa) e “viu realizado um sonho” que remontava a 1932, (In: Boletim de Informação Pastoral (BIP), Ano VI – 1964 – Maio-Junho – nº 31; página 24). Um elemento da comissão realizadora, António Medeiros, disse que obra custou “mais de 9000 contos”, mas até à data da inauguração os católicos “só entregaram a Sua Eminência 4000”. A nova casa de retiros - projectada pelo arquitecto Sebastião Formosinho Sanches - tinha dois corpos com 50 quartos individuais em cada corpo e instalações para a realização simultânea de 2 retiros. O cónego Azevedo Pires foi um dos grandes dinamizadores na recolha de fundos para a construção desta obra. |
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* Vila Real - Encontro regional de Jovens do Alto Tâmega.
* Lamego - Meda (Igreja matriz de Meda) (21h30m) - Vigília de oração presidida por D. António Couto. |
* Porto - Centro de Estudos Franciscanos do Porto - Seminário «A música na Província Portuguesa da Ordem Franciscana» numa homenagem ao padre Manuel Valença (musicólogo, organista e compositor).
Dia 11
* Dia Mundial de Oração pelas Vocações. |
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A Igreja Católica celebra no domingo o 51.º Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Na sua mensagem para esta data, o Papa Francisco defende a necessidade de “ir contra a corrente”. O documento, intitulado ‘Vocações, testemunho de verdade’, destaca que a vivência de uma vocação pode significar, por vezes, “encontrar também obstáculos, fora e dentro” de cada um.
D. Fouad Twal, patriarca latino de Jerusalém, preside em Fátima à peregrinação internacional aniversária, sob o tema “Mãe do amor misericordioso”, nos dias 12 e 13 de maio.
O mesmo patriarca latino e o patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, participam numa conferência sobre a “Situação dos Cristãos no Médio Oriente”, a 14 de maio, na Universidade Católica Portuguesa (UCP), em Lisboa. A conferência, promovida pela UCP e pela Ordem de Cavalaria do Santo Sepulcro de Jerusalém (OCSSJ), vai decorrer Edifício da Biblioteca Universitária João Paulo II (2º piso, Sala de Exposições).
O Auditório Vita, em Braga, acolhe, entre os dias 14 e 16 deste mês as XXVI Jornadas Teológicas, subordinadas ao tema ‘Igreja: Do encontro do outro ao encontro de si’. A iniciativa inclui três conferências: "Uma Igreja que acolhe", proferida por Frei Fernando Ventura e por Joaquim Franco; "O Acolhimento na Igreja: a realidade das Igrejas Locais", por D. José Cordeiro; “O modo como a Igreja acolhe os desafios da cultura digital", por Johan Lijnch.
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h22
RTP2, 15h30
Terça-feira, dia 13 - Informação e entrevista a Francisco Noronha Andrade; Quarta-feira, dia 14 - Informação e entrevista a Alexandra Norberto, do Movimento dos Focolares; Quinta-feira, dia 15 - Informação e entrevista a Luís Reis Lopes, sobre a Semana da Vida; Sexta-feira, dia 16 - Análise das leituras bíblicas de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.
Antena 1 Domingo, dia 11 de maio, 06h00 - Devoção mariana na Terra Santa com o Frei Miguel Loureiro. Comentário à atualidade informativa com José Miguel Sardica.
Segunda a sexta-feira, 22h45 - 12 a 16 de maio - A devoção mariana - padre Eduardo Novo, Raquel Batista Leite, Salvador Morais Sarmento, Cristina Lança e Bernardo Villa-Lobos.
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Qual a missão da Igreja?
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Ano A - 4º Domingo da Páscoa |
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Escutar e seguir o Bom Pastor |
Os textos bíblicos deste quarto domingo pascal sintonizam com o “Domingo do Bom Pastor” que hoje celebramos. O Evangelho apresenta Cristo como o Pastor cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo à vida em plenitude. A segunda leitura apresenta-nos também Cristo como o Pastor que guarda e conduz as suas ovelhas. Os crentes devem seguir esse Pastor. A primeira leitura traça, de forma bastante completa, o percurso que Cristo, o Pastor, desafia os seus discípulos a percorrer: é preciso converter-se, ser baptizado e receber o Espírito Santo. Fiquemos uns instantes nas interpelações do Evangelho. Para os cristãos, o Pastor por excelência é Cristo. Não faz sentido seguir outros pastores ou outras vozes que nos arrastam e se tornam referências fundamentais à volta das quais construímos a nossa existência. Cristo desempenha a sua missão de Pastor com máxima atitude de proximidade: Ele conhece as ovelhas e chama-as pelo nome, mantendo com cada uma delas uma relação única, especial, pessoal. Dirige-lhes um convite a deixarem a escuridão, mas não força ninguém a segui-l’O: respeita absolutamente a liberdade de cada pessoa. É dessa forma humana, tolerante e amorosa que somos convidados a nos relacionamos mutuamente. Aqueles que receberam de Deus a missão de presidir a um grupo, de animar uma comunidade só podem exercer a sua missão no respeito absoluto |
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pela pessoa, pela sua dignidade, pela sua individualidade. As ovelhas do rebanho de Jesus têm de escutar a voz do Pastor e segui-l’O. Isso significa, concretamente, tornar-se discípulo, aderir a Jesus, percorrer o mesmo caminho que Ele percorreu, na entrega total aos projectos de Deus e na doação total aos irmãos. Para que distingamos a voz de Jesus de outros apelos, é preciso um permanente diálogo íntimo com o Pastor. Neste Dia Mundial de Oração pelas Vocações, aí está a mensagem do Papa a nos apelar a tudo isso: «Quanto mais soubermos unir-nos a Jesus pela oração, a Sagrada Escritura, a Eucaristia, os Sacramentos celebrados e vividos na Igreja, pela fraternidade vivida, tanto mais há de crescer em nós a alegria de colaborar com Deus no serviço do Reino de misericórdia e verdade, de justiça e paz». Tomemos tempo para caminhar ao ritmo do Pastor que nos conhece e que chama cada um de nós pelo próprio nome. Escutemos |
a sua voz, saboreando o magnífico Salmo 22: «O Senhor é meu pastor, nada me falta». Procuremos também rezar pela fidelidade à vocação a que o Senhor nos chama e por todas as outras vocações. Confiemos no Senhor, sejamos ser felizes e façamos os outros felizes. Que assim seja ao longo desta semana. Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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BRUNEI ADOPTA A “SHARIA” AO SEU CÓDIGO PENALLiberdade religiosa ameaçada? |
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É mais um país que confirma uma tendência ameaçadora em certas zonas do globo: a imposição da “sharia”, a lei islâmica, como modelo inspirador para o próprio código penal. Quando isso acontece, a liberdade religiosa fica quase sempre ameaçada e os cristãos são normalmente as primeiras vítimas.
No primeiro dia de Maio, o Brunei passou a adotar a ”sharia”, a lei islâmica, como o elemento inspirador do novo código penal do país. A decisão, que foi de imediato fortemente criticada pelas Nações Unidas, inclui a flagelação, amputação de membros, açoitamento e até a morte por apedrejamento como condenações possíveis para vários crimes. |
uma “obrigação pessoal”. O Sultão sublinhou ainda a necessidade de se estar “alerta” contra as perniciosas influências estrangeiras, como a “internet”, e defendeu que o país devia colocar uma maior ênfase no Islão.
Nações Unidas preocupadas
Numa primeira reação, as Nações Unidas já manifestaram a sua “preocupação” sublinhando que se está a abrir caminho para a legalização da “tortura ou de outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes”. E há cada vez mais exemplos disso. Recentemente, no noroeste da Síria, na cidade de Raqqa, ocupada pelas forças do grupo extremista Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIS), em que foi proclamada a “sharia”, os cristãos foram severamente advertidos: ou se convertiam ao islamismo ou aceitavam as regras por eles impostas. |
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ao pagamento de uma taxa de 17 gramas de ouro por adulto, estão terminantemente proibidos de exibirem em público quaisquer símbolos religiosos e não podem rezar fora dos seus templos nem sequer fazer soar os sinos das igrejas. Caso não cumpram estas regras são considerados “alvos legítimos”. A possibilidade de que esta visão extremista do Islão possa contagiar outros países está a preocupar também a minoritária população cristã do Brunei. Neste sultanato, encravado |
na Malásia, quase 70 % da população, calculada em cerca de 400 mil pessoas, são muçulmanos malaios, enquanto cerca de 15 % são não-muçulmanos, na sua maioria de etnia chinesa, sendo que os cristãos não deverão ultrapassar os 10 %. O Brunei está classificado como sendo um dos 25 países do mundo onde é mais acentuada a perseguição aos cristãos.
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Arte de dar-se |
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Tony Neves |
Em nome da saúde, ou melhor, em nome das pessoas, os enfermeiros dão-se. Trata-se de uma missão que acompanho há longos anos porque a minha única irmã é enfermeira. Mas deixem-me que fale de linhas da frente desta Missão de salvar vidas. Queria citar apenas três com quem me cruzei e diante das quais me vergo. A irmã Monique, francesa da Congregação do Santíssimo Salvador, estava na cidade do Kuito-Bié (ex- Silva Porto), quando lá cheguei em 1988. Eram tempos cruéis de guerra civil. Não havia medicamentos nem meios de tratamentos. As malárias eram muitas e mortais. Os feridos de guerra, incluindo as vítimas da minas e dos ataques nas estradas eram numerosos, chegando ao hospital provincial do Kuito em péssimo estado. A irmã Monique ali estava para fazer os milagres que a situação o permitia, mas sempre ia descobrindo mais uns comprimidos ou compressas, umas roupas para este ou para aquela. E, sobretudo, nunca faltava uma palavra de alento e ternura, um sorriso de mãe. Um AVC fulminante levou-a para junto de Deus e o Kuito parou para o seu funeral. Já no Huambo, no terrível ano de 1993, a Irmã Maria Joaquim, Espiritana de Tondela, foi morto durante a guerra que arrasou a cidade. Ela era enfermeira pediátrica e trabalhava na pediatria do hospital central do Huambo. Durante a guerra, debaixo de fogo, ia da sua casa até ao hospital para apoiar, medicar |
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e dar alguma alimentação ás crianças e mães ali internadas. Seria morto com estilhaços de um obus, dando a vida em Missão. A irmã Elisabeth, Espiritana francesa, enfermeira, dirigiu a pediatria do Hospital do Huambo durante a guerra civil. Eram tantas as crianças que ali chegavam já sem família ou a quem ela assistia á morte das mães, que decidiu tornar-se mãe dos órfãos. E toca de pedir apoios vários e de confiar a famílias estas crianças que ela apoiava, visitava e acompanhava para ter a certeza de que elas tinham encontrado verdadeiramente uma nova família. |
Contei estes três casos de enfermeiras com quem vivi em Angola. Mas podia acrescentar a enfermeira Nazaré Santos, da Chamusca, da AMI, que fez muitas missões humanitárias por esse mundo além e que viria a receber o prémio Mulher Activa 2002, galardão que premeia a mulher que mais se notabilizou no ano anterior. Os 25 mil euros foram distribuídas por organizações missionárias e humanitárias.
Servir as pessoas, garantir mais e melhor saúde para todos é lema da Enfermagem. Tudo em nome das gentes que merecem ser tratadas com carinho e competência. |
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.” |
Reencontro com a história |
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Manuel de Lemos, Presidente da União das Misericórdias Portuguesas |
Foi há poucos dias que a União das Misericórdias Portuguesas e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa assinaram um protocolo que representa um reencontro com a História. Na verdade, sendo a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa a primeira das Misericórdias que se fundou em Portugal, não fazia sentido que, sobretudo depois de 1834, esta fantástica instituição tivesse vivido quase sempre, salvo raros e episódicos momentos, de costas voltadas para as suas quatrocentas irmãs portuguesas criadas sempre sob a sua inspiração. Por isso, um protocolo que, em nome dos mais desfavorecidos da sociedade portuguesa, congrega e irmana a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) com todas as outras representa um marco histórico e a retoma da missão conjunta que sempre a seu modo cada um de nós foi desenvolvendo. Esta parceria, que somente foi possível graças ao empenho do provedor da SCML, Dr. Pedro Santana Lopes, a todos beneficia. As instituições, porque a mais forte pode apoiar as mais frágeis, mas sobretudo as pessoas que, à sombra da Senhora do Manto Largo, poderão encontrar em qualquer uma das Santas Casas do nosso País, o apoio e proteção a que têm direito. |
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Em causa estão duas formas de parceria entre a União das Misericórdias e a SCML.
Através da criação do Fundo Rainha D. Leonor, a Misericórdia de Lisboa vai ajudar as Misericórdias a desenvolverem respostas sociais prioritárias, nomeadamente ao nível dos cuidados continuados. Outra forma de parceria surge através do acordo “Nossa Senhora do Manto”. O objetivo desta iniciativa é aumentar a eficiência dos equipamentos das Santas Casas portuguesas, mas ao mesmo tempo responder às necessidades dos cidadãos de Lisboa. A ideia é promover a institucionalização de pessoas em situação e fragilidade (idosos e portadores de deficiência, por exemplo) que em Lisboa não tenham familiares ou redes de vizinhança e, ao mesmo tempo, mostrem interesse em retornar às suas terras de origem. Estas pessoas poderão assim ser acolhidas pelas Misericórdias espalhadas pelo país que, com isto, poderão tornar mais eficazes os seus recursos. |
Do ponto de vista da União das Misericórdias Portuguesas, registe-se a nossa disponibilidade comum de continuar a ajudar os portugueses, acolhendo-os nas nossas instituições, apoiando-os nas suas casas, dando-lhes de comer se tiverem fome e prestando-lhe cuidados de saúde se estiverem doentes. O esplendor da nossa missão ganha nestes momentos uma dimensão ainda maior. Este protocolo vem criar um suplemento de alma aos que quotidianamente, desde os órgãos sociais das Misericórdias, aos trabalhadores de cada uma das Santas Casas, vão muito para além do seu compromisso e procuram, como João Paulo II afirmou um dia, ultrapassar o limiar da esperança. |
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A Jordânia formulou uma Oração
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