04 - Editorial:

   Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

14 - Opinião

     D. Manuel Linda

16 - A semana de...

     Henrique Matos

    Eleições Europeias

 

40 - Internacional

46 - Cinema

48 - Multimédia

50 - Estante

52 - Vaticano II

54-  Agenda

56 - Por estes dias

58 - Programação Religiosa

59  - Minuto YouCat

60 - Liturgia

62 - Fundação AIS

64 - Lusofonias

Foto da capa: Agência ECCLESIA

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 

 

 

AGÊNCIA ECCLESIA 
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Opinião

 

 

 

 

Falecimento de D. Eurico Dias Nogueira

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Eleições Europeias

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Francisco na Terra Santa

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Cardeal Reinhard Marx |Padre Tony Neves | D. Manuel Linda

 

Absentismo, uma arma perigosa

Paulo Rocha, Agência Ecclesia

 

É uma história com alguns anos... Aconteceu no dia seguinte a umas eleições, legislativas creio, e nas primeiras conversas da manhã. Com o café, comentavam-se as margens das sondagens à boca das urnas, os resultados, os discursos de vencedores e vencidos e festejos ou arriar das bandeiras. Ao grupo chega uma voz e pergunta sobre o que acontecera de tão importante assim… “Eleições, claro!”. “Eleições, onde?”, questiona ainda com mais insistência. “Aqui, em Portugal”, respondemos, com espanto e perguntando se não tinha votado…. “Votar, nem penses…”

O discurso aconteceu na capital portuguesa em ambiente de trabalho. O que revela em relação à política? Distância, revolta, divórcio, rebeldismo, descrédito?

Precisamente um mês depois de comemorar os 40 anos do 25 de abril, de Portugal ter festejado a liberdade e a possibilidade de participar ativamente nos processos democráticos, a renúncia ao direito do voto é paradoxal, mesmo admitindo que metade da população portuguesa não tenha memória das décadas de tensão social e política, de perseguições por causa da justa liberdade de expressão e ainda menos da existência de vozes de comando únicas!

A participação de todos os cidadãos na construção das comunidades nacionais, 

 

 

 

 

a convivência pacífica entre os países da Europa e a cooperação entre eles foi o sonho dos “pais da Europa”, agora cada vez mais ameaçada por extremismos que resultam não não de revoluções armadas mas das urnas... Está, por isso, no voto de cada cidadão europeu o futuro do Continente.

A Europa não pode desistir da democracia! E não votar, mesmo por não acreditar nos possíveis 

 
eleitos, é desistir da democracia. “O absentismo é uma arma perigosa que facilmente acaba por penalizar quem a usa”. A afirmação está no documento publicado pela Conferência Episcopal Portuguesa no contexto das eleições europeias. Uma certeza que está longe de chegar aos ouvidos de quem se abstém. O melhor mesmo é não usar essa arma!
 

 

 

“Terreiro” de outros “reinados”

Praça do Comércio, Lisboa, 21 de maio de 2014

(EPA/Mário Cruz)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Somos nascidos e criados aqui na freguesia. Vimos sempre aqui à Igreja e temos sempre um carinho muito particular aos cónegos todos que aqui passam, ao senhor Arcebispo e também ao senhor D. Eurico” (Testemunho registado em www.diocese-braga.pt)

 

“…considero que a melhor forma de resumir o apostolado de D. Eurico é defini-lo como o ‘Advogado do Homem’: não somente por ser um doutorado em Direito Canónico, mas por ser um cristão que conseguiu rebater o legalismo ocasional, tão frequente entre nós, contrapondo-lhe um humanismo intemporal.” (D. Jorge Ortiga, 22 de maio de 2014)

 

"... nos retirou do nosso isolamento, nos ajudou a progredir, nos tornou a todos mais cosmopolitas e integrados. Não se abdica de tudo isso à primeira dificuldade que aparece pela frente, por maior que seja. A Europa tem de mudar. Mas connosco lá dentro. Nunca fora." (João Miguel Tavares, Público, 22 de maio de 2014)

 
“Personalidade marcante da vida da Igreja portuguesa no século XX, D. Eurico Dias Nogueira era um homem de fé, de convicções e de princípios. (…)

O seu exemplo e o seu testemunho de vida marcaram gerações inteiras, de crentes e não-crentes, que admiravam profundamente a coragem e a frontalidade com que D. Eurico Dias Nogueira defendia os princípios em que acreditava.” (Aníbal Cavaco Silva, 21 de maio de 2014)

 

"Mas o mais importante ficará para dia 25: saber o nível da abstenção. Em 2009 foi de 63%. Se em 2014 ultrapassar esse limite, então o caso será sério. Um sistema partidário que sobrevive, mas sem uma massa crítica de eleitores, viola o princípio de que a natureza tem horror ao vazio. Seria uma sobrevivência com um inquietante presságio de morte." (Viriato Soromenho Marques, DN 22 de maio de 2014)

 

“Como os homens, se eu não tiver bons resultados, serei demitida como qualquer treinador.” (Helena Costa, treinadora do Clermont-Foot, França, 22 de maio de 2014)

 

 

 

 

 

 

 

D. Eurico Dias Nogueira (1923-2014)

D. Eurico Dias Nogueira, arcebispo emérito de Braga, morreu esta segunda-feira aos 91 anos de idade, e foi sepultado na quarta-feira, após o funeral presidido pelo seu sucessor, na Sé bracarense. D. Jorge Ortiga enalteceu a forma “ousada, inteligente e audaciosa” como o seu antecessor “denunciava os ataques feitos à dignidade humana, de modo especial, à família”.

“A melhor forma de resumir o apostolado de D. Eurico é defini-lo como o ‘Advogado do Homem’: não somente por ser um doutorado em Direito Canónico, mas por ser um cristão que conseguiu rebater o legalismo ocasional, tão frequente entre nós, contrapondo-lhe um humanismo intemporal”, referiu.

Durante a celebração na Sé de Braga, o arcebispo bracarense recordou ainda a forma como D. Eurico Dias Nogueira, “serviu o país e a Igreja”, sobretudo a seguir ao Concílio Vaticano II e ao 25 de Abril.

O modo como o arcebispo emérito

 

se empenhou em transportar  para Portugal “toda a novidade do Concílio” (1962-1965) acarreta para a Igreja Católica “uma maior responsabilidade na concretização desse sonho”, frisou D. Jorge Ortiga.

Por outro lado, prosseguiu o arcebispo, a intervenção de D. Eurico Dias Nogueira na sequência da "Revolução dos Cravos" em 1974, num “tempo difícil, de indefinição, após a queda dos paradigmas sociorreligiosos antecedente”, mostrou que “o maior poder de um bispo não é a autoridade mas a caridade”.

“Somos portadores dessa semente que ele nos deixou”, concluiu.

D. Eurico Dias Nogueira nasceu a 6 de março de 1923 em Dornelas do Zêzere, Concelho de Pampilhosa da Serra e Diocese de Coimbra. Frequentou o Seminário de Coimbra de 1934 a 1944, ano em que se tornou prefeito e professor no Seminário da Figueira da Foz.

Foi ordenado padre a 22 de dezembro de 1945 e no final do mesmo mês passou a frequentar o Colégio Pontifício Português, 

 

 

 

em Roma. Em 1948 reiniciou a atividade docente e pastoral em Coimbra e dez anos depois tornou-se membro do Cabido da Sé.

A 10 de julho de 1964 o Papa Paulo VI nomeou-o bispo de Vila Cabral, atual Lichinga, em Moçambique, e a partir de setembro participou na terceira sessão do Concílio Vaticano II, assembleia que decorreu de 1962 a 1965. Recebeu a ordenação episcopal no dia 6 de dezembro de 1964 e em 1972 foi transferido para Sá da Bandeira, hoje Lubango, em Angola.

 

Pediu a resignação da diocese angolana, aceite por Paulo VI a 3 de fevereiro de 1977, e a 5 de novembro do mesmo ano o Papa nomeou-o arcebispo de Braga, missão que manteria durante mais de duas décadas.

A reconstrução dos seminários e a realização de um sínodo constituem algumas das marcas da sua ação à frente da arquidiocese, ministério que a 18 de julho de 1999 foi confiado ao atual arcebispo, D. Jorge Ortiga.

 

 

Uma referência de Portugal

O presidente da República lamentou o falecimento de D. Eurico Dias Nogueira, que recorda como uma “personalidade marcante”. “O seu exemplo e o seu testemunho de vida marcaram gerações inteiras, de crentes e não-crentes, que admiravam profundamente a coragem e a frontalidade com que D. Eurico Dias Nogueira defendia os princípios em que acreditava”, refere a mensagem de condolências enviada por Cavaco Silva à família do falecido prelado e à Conferência Episcopal Portuguesa.

O presidente da República fala num “um homem de fé, de convicções e de princípios” que foi “personalidade marcante da vida da Igreja portuguesa no século XX”. “O seu magistério, profundamente influenciado pela renovação eclesial iniciada pelo Concílio Vaticano II, em que participou, pautou-se pela defesa dos valores essenciais da dignidade da pessoa humana”, sublinha a mensagem.

Aníbal Cavaco Silva acrescenta que D. Eurico Dias Nogueira defendeu

 

esses valores “ao longo da sua trajetória de vida”, em Moçambique e em Angola e, mais tarde, na Arquidiocese de Braga.

D. Manuel Clemente, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, disse à Agência ECCLESIA que D. Eurico Dias Nogueira é indispensável para “aprofundar o conhecimento” do catolicismo português e de Portugal nas “décadas centrais do século XX”.

“Ele tinha uma memória muito aguda daquilo que tinha acontecido com ele ao longo das décadas e tem trechos absolutamente preciosos para compreendermos a história do catolicismo português, como a história do nosso país, nas décadas centrais do século XX, quer aqui quer em África”, considerou o patriarca de Lisboa.

 

 

 

Bispo das Forças Armadas
assinalou Dia da Marinha

D. Manuel Linda, bispo das Forças Armadas e de Segurança, disse este domingo na celebração do Dia da Marinha Portuguesa que os marinheiros dão um “inestimável contributo” para que nas sociedades a “hostilidade” dê lugar à “hospitalidade”. “Herdeira e continuadora do melhor espírito aventureiro e globalizador dos marinheiros de todos os tempos, [a Marinha Portuguesa, ndr] tem plena consciência do seu inestimável contributo para a edificação de um mundo que se conheça e reconheça como habitado pela mesma humanidade, portadora dos mesmos direitos e deveres, não obstante as diferenças que a constituem”, referiu, na homilia da Missa que assinalou o Dia da Marinha.

Para D. Manuel Linda, esta “nova cultura” “fará esquecer a hostilidade e a substituirá” pela hospitalidade”. “É a grande complementaridade que torna rico e belo este nosso mundo que aspira a uma nova alma, uma nova sensibilidade ética, a tornar-se a casa comum em que 

 

todos caibam e possam coabitar em paz e em segurança, ultrapassando as estreitas fronteiras dos nacionalismos políticos e económicos”, afirmou.

Para o bispo responsável pelo Ordinariato Castrense, a “grande complementaridade” que carateriza o mundo revela que “aspira a uma nova alma, uma nova sensibilidade ética, a tornar-se a casa comum em que todos caibam e possam coabitar em paz e em segurança, ultrapassando as estreitas fronteiras dos nacionalismos políticos e económicos”.

D. Manuel Linda recordou que “as grandes ações humanas” implicam “investimento, sacrifício e dor”, traduzidos em “renúncia a tanta coisa e até uma certa imolação”.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Advogado do Homem

Henrique Matos,

Agência ECCLESIA

 

Esta semana partiu D. Eurico Dias Nogueira. Aos 91 anos, o Arcebispo Primaz Emérito terminou a sua peregrinação terrestre. Um itinerário pelo mundo, tão rico quanto diverso, onde não faltaram desafios e dificuldades que soube gerir e ultrapassar com a mestria e inteligência que o caracterizavam. Nessa sucessão de acontecimentos que preencheram a sua existência, ganha relevo a sua participação no Concílio Vaticano II. D. Eurico era a última memória viva desse acontecimento que continua hoje a interpelar o agir da igreja no mundo contemporâneo. Nele, participou enquanto bispo nomeado para a diocese moçambicana de Vila Cabral e, como referiu, percebeu ali que a Igreja em Portugal não estava preparada para tal acontecimento, mas reconheceu também a grandeza de uma iniciativa que, 50 anos depois, ainda tem muito para dar. D. Eurico dizia ter acolhido a notícia da convocação do Concílio com uma grande alegria e com o sentimento de que se cumpria na Igreja um desejo que há muito acalentava no seu íntimo. Era a vontade de uma Igreja mais autêntica porque mais próxima da humanidade, mais atenta às questões e aos problemas que tocam homens e mulheres em diversas situações e latitudes.

Essa preocupação já tinha condicionado o agir de D. Eurico quando a Igreja lhe confiou o governo espiritual da diocese de Vila Cabral.

 

 

 À época, Moçambique era ainda uma colónia portuguesa e D. Eurico mostrou ali que a Igreja tinha de assumir o lado dos mais fracos. Manifestou-se contra a censura, despertou a indignação da PIDE e assumiu a defesa de missionários que defendiam a justiça para as populações que serviam.   

“A melhor forma de resumir o apostolado de D. Eurico é defini-lo como o ‘Advogado do Homem’: não somente por ser um doutorado em Direito Canónico, mas por ser um cristão que conseguiu rebater o legalismo ocasional, tão frequente entre nós, contrapondo-lhe um humanismo intemporal”,

 

referiu D. Jorge Ortiga na despedida ao seu predecessor.

À Agência Ecclesia, em 2012, D. Eurico reconhecia, a propósito do Concílio. "No início, parecia que o Vaticano, a Santa Sé, quis dominar e orientar as coisas só por ela, mas houve uma reação forte da periferia. (…)". Hoje, Francisco envia-nos para a periferia, prefere uma Igreja que sofra um acidente por se aventurar em caminhos difíceis do que permanecer no conforto da inércia... D. Eurico Dias Nogueira percebeu isto muito antes do Papa o dizer, e a sua vida foi um programa de entrega à causa da Igreja que se cumpre na fidelidade à cauda dos homens e das mulheres de cada tempo.

 

 

O sonho da Europa em dias difíceis

Secretário-geral da Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE), padre Patrick Daly, projeta desafios que se colocam ao projeto comunitária, antecipando as próximas eleições.

 

Agência ECCLESIA (AE) - O sonho da União Europeia ainda existe ou está em perigo?

Padre Patrick Daly (PD) - O sonho continua, mas eu diria que o projeto enfrenta graves problemas, porque a crise que começou em 2008 foi muito dura e há uma perceção generalizada de que a liderança europeia não conduziu este processo e não promoveu soluções.

Há menor convicção de que uma rede europeia seja o remédio e muitos dos Estados-membros estão a regressar a uma abordagem mais nacionalista. É uma grande pena, mas o projeto continua, o sonho está lá - apesar de, é a minha convicção, as gerações mais novas, principalmente porque dão a paz como garantida, estarem habituados a níveis altos de prosperidade dentro da família europeia, sem entender os motivos por detrás da visão dos pais fundadores.

 

 

 

AE - Há uma cidadania europeia ou há mais nações e menos Europa?

PD - No ano passado, a Comissão elegeu para o seu principal tema ao longo do ano a cidadania e o significado de ser um cidadão da Europa. É um conceito recente e, na minha perspetiva, não se afirmou.

O retorno a nacionalismos é um caminho possível, mas eu penso que não coloca em risco o projeto europeu. Um desafio que vai sempre colocar-se na União Europeia é o facto de ser constituída por 28 Estados soberanos, com diversas tradições, leis e culinária, religião assim como tradições intelectuais. Sempre teremos este contraste entre unidade e diversidade. É isso que torna o desafio europeu particularmente assustador (tremendo?).

 

 

 

 

 

AE - Qual o contributo dos católicos e dos seus valores neste processo?

PD - Os católicos têm uma visão da sociedade humana e justa, a doutrina social da Igreja é muito rica. Mas o que é importante no contexto europeu, e no projeto europeu, são os dois valores fundadores, e que fazem com que funcione, copiados na doutrina social da Igreja: solidariedade e subsidiariedade. Aí se reconhece a diferença e percebemos que a diferença tem de continuar a ser proposta, mas também vai em sentido contrário ao da frase do Antigo Testamento, porque 

 

eu sou o guardião do meu irmão.

Penso que isso está enraizado na tradição cristã e é hoje partilhado por pessoas que não professam nenhuma convicção religiosa. Os valores católicos e cristãos estão na base da visão social do projeto europeu.

 

AE – Que conselho deixa aos católicos portugueses?

PD - No domingo vão à Missa e depois vão votar. Examinem criticamente os candidatos e usem a consciência quando fizerem a escolha. 

 

 

Temos um sonho!

 

As eleições europeias estão à porta. Tendo bem presente o sonho que inspirou os fundadores da Comunidade Europeia, o padre Patrick H. Daly, secretário-geral da COMECE, e Jorge Nuño Mayer, secretário-geral da Càritas Europa,  pensam que é uma boa ideia conversar sobre o projeto europeu. A convicção que partilham é que para lhe dar um novo impulso é preciso um empenhamento renovado por parte de todos os Cristãos responsáveis.

 

Padre Patrick H. Daly: O projeto europeu foi o resultado de um sonho. Depois do pesadelo da guerra surgiu um sonho de que a guerra podia ser banida para sempre do nosso continente e que se podia criar uma sociedade em que as pessoas pudessem viver em liberdade e em paz. Setenta anos depois o sonho dos pais fundadores da UE – a maioria dos quais cristãos empenhados que trabalharam incansavelmente para transpor a sua visão para a esfera política e social – transformou-se numa realidade que ultrapassa aquilo que poderiam imaginar. Há cerca de quarenta anos, quando eu, jovem estudante universitário irlandês, vim prosseguir os meus estudos na Bélgica, também estava muito inspirado por

 

este ideal europeu. Atualmente, em 2014, a UE está na sua terceira geração: a crise económica/da banca está, infelizmente, a lançar uma sombra sobre o projeto europeu.

 

Jorge Nuño Mayer: É verdade. Muitos europeus foram fortemente atingidos pela crise. Do nosso posto de observação europeu na Caritas Europa vemos o sofrimento de muitos dos nossos concidadãos. Em Espanha, o meu país natal, 50% dos jovens estão desempregados. Há mais desigualdade e mais pobreza na Europa. Ao mesmo tempo, um número infindável de pobres batem à porta da Europa, procurando atravessar as nossas fronteiras. Um quinto da população mundial passa fome. 

 

 

 

 

 

 

E apesar disso, para os que estão no poder só conta a economia. O PIB e o crescimento não são tudo! Os seres humanos e a sociedade estão a ser esquecidos. As previsões económicas indicam

 

 

 que há milhões que nunca encontrarão emprego nas próximas décadas. A UE vive numa situação de emergência: os pobres não podem esperar!

 

 

 

Padre Patrick H. Daly: Esta situação dramática deve-se ao facto de termos ido demasiado longe na integração europeia ou de não termos ido suficientemente longe? Pode ser que nos tenhamos afastado demasiado do plano inicial dos pais fundadores.  Robert Schuman, Alcide de Gasperi e Konrad Adenauer tinham em mente um projeto centrado na paz e na solidariedade. Era um projeto assente nos valores cristãos. No relatório da COMECE intitulado Uma Europa de Valores [A Europe of Values] (2007) fizemos um inventário desses valores. A reconciliação era uma condição sine qua non do projeto nos seus primeiros tempos. O aumento atual do populismo em diferentes partes da Europa mostra que nunca podemos dar como garantida a reconciliação. A nossa geração e as próximas gerações de Cristãos precisam de trabalhar afincadamente e dar testemunho dos valores fundamentais do Evangelho, começando nas nossas paróquias, em todo o continente.

 

Jorge Nuño Mayer: Certamente! Se nós, Cristãos, incitados pela nossa devoção por esses valores cristãos fundamentais (e não apenas aos domingos!), pudéssemos assumir mais responsabilidades na sociedade a nível europeu e fazer ouvir a nossa voz na política, nos negócios e no setor financeiro, como fazemos nos círculos eclesiais e nas nossas famílias (a Igreja doméstica de S. João Paulo II), poderíamos dar uma nova face à Europa. Na verdade, uma face mais humana. Temos de voltar a colocar a pessoa humana no centro da economia e das políticas europeias. Os negócios e o crescimento devem servir esta missão. O objetivo último de qualquer decisão deve ser servir cada pessoa e o povo como um todo.

 

Padre Patrick H. Daly: Na verdade, a pobreza é uma das muitas agressões à dignidade humana. A vida humana devia gozar de proteção desde o momento da conceção até à morte natural. Não se trata apenas de um direito

 

 

 

 

 

 

 

 passivo, algo que toleramos. Qualquer ser humano, seja cidadão europeu ou migrante, devia ter oportunidade de atingir o seu desenvolvimento integral. Temos o direito de determinar as nossas próprias vidas! A educação, saúde, trabalho   

(e não apenas o emprego) e cultura são dimensões essenciais do nosso desenvolvimento pessoal e um respeito rigoroso do princípio da subsidiariedade implica que eles obterão o respeito que merecem na UE e nos seus Estados-Membros.

 

 

 

 

 

 

 

 

Jorge Nuño Mayer: A UE devia concentrar-se na procura e na defesa do bem comum, deixando os seus cidadãos participarem o mais possível na construção da comunidade de valores única que é a UE. O bem comum da comunidade da minha aldeia está ligado ao bem comum mais vasto de todos os europeus. Se uma decisão criar mais pobreza

 

 ou sofrimento em qualquer parte do mundo, é uma má decisão. Montesquieu disse-o de forma admirável: “Se soubesse de alguma coisa útil para a minha pátria e que fosse prejudicial para a Europa, ou que fosse útil à Europa e prejudicial para o género humano, consideraria isso um crime.”

 

 

 

 

 

 

 

Padre Patrick H. Daly: De facto, somos membros da família humana, todos irmãos e irmãs. E partilhamos a responsabilidade de guardiães da criação. Para nós, Cristãos, as alterações climáticas são uma questão fundamental e uma política da UE harmonizada, partilhada e apoiada por todos permitir-nos-á agir eficazmente e evitar potenciais desastres. Em 2008 a COMECE publicou um relatório sobre o clima e o modo de vida cristão. A mensagem era que devíamos aspirar a viver de modo mais simples.

 

 

 

É preciso que as nossas sociedades sejam mais compassivas. Não podemos fechar os olhos ao sofrimento dos outros, sejam pobres, desempregados ou sem-abrigo. 
 

Jorge Nuño Mayer: Justamente. A longo prazo, a temperança e a vida simples são o único caminho realista e justo a seguir. Devíamos falar sobre estas coisas  entre nós: nas nossas famílias, na nossa vizinhança, no trabalho. Devíamos velar para que os nossos princípios informem as decisões económicas e políticas. É preciso que as nossas sociedades sejam mais compassivas. Não podemos fechar os olhos ao sofrimento dos outros, sejam pobres, desempregados ou sem-abrigo. Devíamos estender uma mão hospitaleira aos estranhos que vivem na miséria – não apenas aos migrantes ou refugiados, mas também aos nossos vizinhos que enfrentam dificuldades em tempo de crise. Algo tão simples como dar a outra pessoa oportunidade de falar pode fazer uma grande diferença, mesmo que não possa transformar uma vida.

 

 

 

Padre Patrick H. Daly: A busca de uma identidade europeia que corresponda aos nossos sonhos estabelece padrões elevados para um cristão. Temos de nos abrir aos estranhos, àquilo que inicialmente nos pode parecer desconhecido, e ao mesmo tempo renovar constantemente o nosso comprometimento com as nossas raízes cristãs. Devemos permanecer tão abertos ao diálogo como esteve Cristo terreno durante o seu ministério público. O Papa Francisco convida-nos a desenvolver uma nova atitude: “Os outros têm sempre algo para nos dar se soubermos aproximar-nos deles num espírito de abertura e sem preconceitos. Defino esta atitude aberta, disponível e sem 

 

preconceitos como humildade social e é isto que favorece o diálogo.”

 

Jorge Nuño Mayer: Foi exatamente este espírito que esteve na origem do projeto europeu e que o movimento de integração lançou em 1950. Este espírito permitirá que abandonemos os nossos modos de vida individualistas, muitas vezes centrados no consumo, e mostremos abertura aos estranhos. Eu sou o guardião do meu irmão. Devo promover ativamente o bem-estar do meu próximo. A ideia de próximo tem de ser entendida de maneira diferente numa sociedade pluralista e multicultural. Como nos lembrou S. João Paulo II: “Europa significa abertura.”

 

 

 
Apelamos a todos os Cristãos que têm uma responsabilidade política, social ou económica para reanimarem o sonho europeu. Se os Cristãos se empenharem nos valores que estão no cerne do projeto europeu e da doutrina social da Igreja, contribuirão para dar forma a um mundo melhor. Há um sonho europeu inabalável – cabe-nos a nós torná-lo realidade!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A verdadeira reunificação da Europa

Cardeal Reinhard Marx,

Presidente da COMECE

 

Assim que o alargamento a Leste da União Europeia aconteceu, em maio de 2004, evocou-se muitas vezes uma “reunificação da Europa”. Efetivamente, esse alargamento constituiu um precedente pela sua dimensão – nunca no passado tantos países tinham aderido de uma só vez à União – bem como pela sua dimensão histórica.

Em certo sentido, esta adesão de países da Europa central e oriental à União Europeia terá sido a consequência da revolução pacífica levada a cabo nos antigos países comunistas em 1989. Este acontecimento não é importante só para a Europa mas também para a história mundial, porque vamos celebrar este outono o 25.º aniversário desta revolução pacífica de 1989. Os acontecimentos de 1989 e o alargamento da União Europeia encerraram, por assim dizer, a história do século XX, marcado pelas consequências da I e da II Guerras Mundiais.

Quando, há 10 anos, os primeiros Estados da Europa central e oriental se juntaram à União Europeia, isso não derivava de um mero pedido de adesão formulado por povos livres, como foi o caso dos alargamentos precedentes. Bem pelo contrário, esses países tiveram de lutar para ganhar a liberdade de se tornarem membros da comunidade política dos povos europeus. As nações da Europa ocidental tinham sempre prometido aos povos por detrás da cortinha de ferro que os acolheriam de bom grado na 

 

 

 

 

sua comunidade. Após a revolução pacífica de 1989, essa promessa representou um desafio muito concreto, tanto para o oeste como para o leste do nosso continente. A Europa tinha de reformar-se após décadas de divisão: eis porque o alargamento de 2004 representou uma verdadeira reunificação europeia.

O desafio de aprofundar a comunhão entre Leste e Ocidente, no entanto, continua a ser atual na União Europeia. 

 

Certamente que as diferenças nas nossas experiências continuam a moldar o nosso pensamento e as nossas opiniões, mas a reconciliação e a reunificação são a razão de ser e o principal motor histórico da integração europeia. É por isso que temos sempre, dez anos depois do alargamento, o dever de continuar a trabalhar numa reaproximação na Europa. As Igrejas de todas as confissões, em particular, estão perante a obrigação particular de contribuir para a comunidade dos povos.

 

 

 

A canonização do Papa João Paulo II convida-nos a centrar a nossa atenção para o contributo do grande Papa polaco para a queda do comunismo, o fim da divisão da Europa e a adesão dos países da Europa central e oriental à União Europeia. João Paulo II falava de dois pulmões na Europa, o Leste e o Ocidente.

A Europa oriental e ocidental 

 

 

 

são, portanto, duas partes diferentes que não são idênticas e que têm as suas caraterísticas próprias, mas fazem parte integrante do mesmo órgão vital e dependem uma da outra. A herança de São João Paulo II exorta a Igreja e o mundo político a prosseguir, no Leste e no Ocidente, o caminho necessário para chegar a uma verdadeira unidade da Europa.

 

 

 

 

 

 

 

 

Dizer «Europa» deve querer dizer «abertura». Apesar de experiências e sinais contrários que também não faltaram, é a sua própria história que o exige (…). Por isso, deve ser um continente aberto e acolhedor, continuando a realizar, na globalização atual, formas de cooperação não só económica mas também social e cultural. Para que o seu rosto seja verdadeiramente novo, o continente deve corresponder positivamente a esta exigência: A Europa não pode fechar-se sobre si mesma. Não pode nem deve desinteressar-se do resto do mundo; pelo contrário, deve ter plena consciência do facto que outros países, outros continentes esperam dela iniciativas corajosas capazes de oferecer aos povos mais pobres os meios para o seu desenvolvimento e a sua organização social, e de edificar um mundo mais justo e fraterno.

S. João Paulo II, exortação apostólica ‘Ecclesia in Europa’ (2003)

 

 

Exercer o direito e o dever de votar

A Conferência Episcopal Portuguesa publicou uma nota a respeito das próximas eleições europeias, alertando para os perigos de uma abstenção generalizada: “O absentismo é uma arma perigosa que facilmente acaba por penalizar quem a usa”.

“No próximo dia 25 de maio, somos chamados a cumprir o direito e o dever de votar nos candidatos que se apresentam para fazer parte do Parlamento Europeu, representando o povo português nesta grande comunidade de povos e nações”, assinala o documento, saído da última assembleia plenária da CEP.

Os bispos admitem que existe uma “onda de descrédito” que atinge alguns setores, mas sublinham que estas eleições, “que marcarão o futuro da União Europeia nos próximos anos, devem ser encaradas como um momento privilegiado para colaborar na construção de uma Europa melhor”.

“A Europa é muito mais do que um espaço geográfico. É uma comunidade de ideais e valores, 

 

para a qual muito tem contribuído a fé cristã ao longo dos séculos. O ressurgir do ideal europeu, no rescaldo de duas guerras mundiais que tiveram origem no nosso Continente, em boa parte foi obra de líderes políticos cristãos”, recordam.

A CEP realça que votar não é um “ato burocrático”, mas “afirmar valores e exigir responsabilidades a quem deve servir os povos de uma Europa justa e solidária”.

“Numa visão realista do nosso Continente, dinamiza nos a esperança de uma Europa melhor, em que seja salvaguardada a vida humana desde conceção até morte natural, em que o desemprego não pareça um mal inevitável mas um desafio a responder sem adiamentos, em que as fronteiras não se fechem à solidariedade com os povos maltratados política e economicamente, em que o diálogo inter-religioso e intercultural seja o caminho de sentido único para uma paz justa e duradoura, em que o capital não se arvore em governo autocrático mas sirva a pessoa humana e o bem comum”, pode ler-se.

 

 

 

 

 

 

 

 

No ato de votar, o eleitor cristão tem o dever de não trair a sua consciência, iluminada pelos critérios e valores do evangelho de Jesus. Importa, também agora, exercer a virtude da cidadania participativa, assumida como uma obrigação moral. Uma Europa melhor, que justamente desejamos, também depende de cada um de nós.

 

 

Em defesa da Europa

A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) publicou uma declaração para as próximas eleições europeias, pedindo a participação dos cidadãos e a defesa do “projeto” comunitário. “Nós, bispos católicos, apelamos a que o projeto europeu não seja posto em risco ou abandonado na presente situação de dificuldades. É essencial que todos nós – políticos, candidatos, todos os interessados – contribuamos de forma construtiva para moldar o futuro da Europa”, refere o documento, enviado à Agência ECCLESIA.

As eleições para o Parlamento Europeu vão decorrer em Portugal no próximo domingo. “Temos demasiado a perder se o projeto europeu descarrilar. É essencial que todos nós, cidadãos europeus, compareçamos nas urnas de 22 a 25 de maio”, alerta a COMECE.

Os responsáveis católicos pedem que os candidatos a eurodeputados “estejam cientes dos danos colaterais da crise económica e bancária iniciada em 2008”.

 
A COMECE convida ao debate sobre as “questões socioeconómicas centrais” que irão moldar a União nos próximos anos e lembra os milhões de jovens cidadãos que vão votar pela primeira vez, “estudantes, no mercado de trabalho ou, muitos, infelizmente, desempregados”. Segundo os bispos, o voto deve seguir os “ditames de uma consciência informada” numa eleição que vai “configurar” o Parlamento Europeu para os próximos cinco anos e “terá grandes implicações para aqueles que vão conduzir a União”.

“É essencial que os cidadãos da UE participem no processo democrático, por meio do seu voto no dia das eleições. Quanto mais forte a participação eleitoral, mais forte sairá o novo Parlamento”, sublinham os prelados.

A mensagem recorda o aumento de "novos pobres" e defende a promoção de uma “cultura de moderação” que deve “inspirar a economia social de mercado e a política ambiental”. “Temos de aprender a viver com menos e procurar que as pessoas 

 

 


 

em situação de pobreza real participem de uma forma mais equitativa na distribuição dos bens”, pode ler-se.

A COMECE retoma algumas das convicções fundamentais da Igreja Católica, frisando que “a vida humana deve ser protegida desde o momento da conceção até à morte natural” e que a família “deve gozar também da proteção de que necessita”.

A declaração elenca temas como o drama dos imigrantes, a 

 

necessidade de proteger o meio ambiente, a defesa da liberdade religiosa e do descanso dominical, as alterações demográficas e a crise económica.

Esta crise, referem os bispos, provocou “a pobreza crescente de um grande número de cidadãos e a frustração das perspetivas de futuro” de muitos jovens. “A situação é dramática, para muitos até mesmo trágica”, alertam.

 


 

Por uma Europa com alma

As eleições europeias deste domingo são um teste às lideranças comunitárias, num momento de crise económica e financeira que abalou o projeto de unidade entre países pobres e ricos dentro das fronteiras do Velho Continente. Uma União que vai para lá do dinheiro, fundando-se em valores comuns e numa visão espiritual da vida e do mundo que tem as suas raízes no Cristianismo.

Rui Câmara Pestana, membro do Movimento de Schoensttat, fala à Agência ECCLESIA da sua experiência no ‘Juntos pela Europa’, iniciativa com a qual 240 movimentos e comunidades  cristãs espalhados pelo continente europeu  têm vindo a pôr em comum os seus carismas e colaboram para unir as suas riquezas e suscitar mais solidariedade, justiça, paz, liberdade e coragem para construir o futuro.

“Somos cidadãos Europeus, representante de numerosos movimentos e comunidades cristãs que querem viver o evangelho de Jesus Cristo. Juntos constatámos que a unidade é 

 

possível; uma unidade que não anula a identidade mas que, pelo contrário, a reforça. Foi assim que os fundadores da Europa a imaginaram. Eles foram cristãos que tiveram coragem de ter um grande sonho, uma visão de unidade, após a tragédia dos totalitarismos e horrores da guerra”, refere.

“Nós somos pessoas de esperança. Uma das coisas em que acreditamos é que justamente essa esperança que os cristãos têm na sua origem cromossomática pode trazer uma nova alma para a Europa, onde vemos pessoas e países muito deprimidos e pessimistas”, prossegue.

Pedro Vaz Patto, do Movimento dos Focolares, admite que o ideal da unidade europeia está hoje em crise, por se falar sobretudo nas questões económicas.

“A questão espiritual da unidade europeia é esquecida. A consciência de que é preciso pôr em relevo essa dimensão é aquilo que levou à criação desta iniciativa e que nos move”, assinala, a respeito do ‘Juntos pela Europa’.

 

 

 

 

 

“Apesar do passado de divisão, agora acreditamos que agora é mais forte o que nos une do que o que nos separa”, acrescenta.

Elsa França, da Comunidade Emanuel, alude às dificuldades de levar informação aos outros e de fazer como que se identifiquem com o projeto.

 
“Mas através dos movimentos que estão em cidades vão acrescentando outros movimentos, não só da Igreja católica mas também de outras igrejas cristãs, anglicanos, evangélicos e ortodoxas. Isso faz com que não seja assim tão difícil”, observa.

 

 

 

 

Pedro Valente da Silva, representante do Gabinete de informação do Parlamento Europeu em Portugal, falou à Agência ECCLESIA do atual momento do Velho Continente.

“Uma das virtudes, consequências positivas, do programa do ajustamento, da troika, FMI, que na ausência de mecanismos europeus teve de liderar, foi que as questões europeias voltaram à agenda mediática”, refere, embora lamenta que a emergência do programa de ajustamento tenha criado uma visão “redutora” da União Europeia, no debate político e mediático.

“Há problemas de comunicação a nível europeu, mas os media e os atores políticos não contribuem para sublinhar a importância destas eleições”, realça, a respeito das eleições de domingo.

Pedro Valente da Silva elogia o papel da União como “um grande estabilizador político”, o que faz com que “continue a haver pedidos de adesão à União Europeia”, um “caso de sucesso” apesar das suas vicissitudes

 

 e dificuldades”.

O responsável elogia a possibilidade de um cidadão europeu que resida noutro país poder votar nas eleições locais desse Estado, ser candidato nas eleições locais e nas eleições europeias: “É uma grande vantagem não tem paralelo que noutras áreas de integração”.

Luíz Sá Pessoa, chefe interino da representação da Comissão Europeia em Portugal, destaca por sua vez o elevando nível da abstenção e o “aumento de eurocéticos”.

“Há um desconhecimento e a nossa abordagem é fazer com que as pessoas se interessem, explica.

Segundo este responsável, “as pessoas ainda não absorveram o facto de serem europeus em Portugal”. Pensamos na Europa como sendo Bruxelas, os eurodeputados… A Europa somos nós e nas estruturas europeias que fazemos parte temos representantes nos vários níveis”, precisa.

O responsável pela representação da Comissão Europeia em Portugal afirma que os eurocéticos não

 

 


 

 

 

 

 

 dizem como seria a vida sem a União Europeia: “O próprio Reino Unido que apresenta algumas tendências de saída, e em que parte da população se exprime 

 

nesse sentido, não deu nenhum passo para sair e vemos muitos países à porta a querer entrar. É um projeto que se mantem válido e que atrai muita gente”.

 

 

Papa enfrenta teste da Terra Santa

A jornalista argentina Elisabetta Piqué, autora do livro ‘Francisco - Vida e Revolução’, considera que a primeira viagem do Papa à Terra Santa vai ser um teste numa região em que os seus gestos estão sujeitos a instrumentalizações políticas e religiosas. “O Papa tem a consciência de ir a um lugar do mundo que é um barril de pólvora, onde as partes vão procurar instrumentalizar qualquer gesto que faça. Nesse sentido, ele mostra que não quer ser usado, desde logo com o formato da viagem”, explica à Agência ECCLESIA a antiga correspondente de guerra no Médio Oriente.

Na Terra Santa, o Papa vai visitar, entre outros locais, o Santo Sepulcro, o memorial do Holocausto ‘Yad Vashem’, o Muro das Lamentações e a Esplanada das Mesquitas.

Francisco leva na sua comitiva rabino Abraham Skorka, de Buenos Aires, e um dignatário muçulmano, Omar Ahmed Abboud, secretário-geral do Instituto de Diálogo Inter-religioso da República da Argentina. 

 

Elisabetta Piqué recorda que já como arcebispo eram famosas “as amizades, as cerimónias que realizou, os encontros inter-religiosos” do então cardeal Bergoglio, que agora leva essa experiência para a Jordânia, Palestina e Israel.

“[O Papa] vai procurar exportar para uma terra – onde estive várias vezes – em que há muito ódio, exportar esse modelo argentino de convivência entre diversas religiões monoteístas. Penso que, nesse sentido, essa vai ser uma mensagem muito forte”, precisa a jornalista.

O itinerário sublinha a posição favorável à solução de dois Estados, Israel e Palestina, defendida pela Santa Sé e apresenta uma novidade histórica: pela primeira vez, um Papa vai entrar em território palestino sem ter passado previamente por solo israelita. “Apesar de ser uma viagem, uma peregrinação eminentemente religiosa, vai ser uma visita com grande conteúdo político e na qual o Papa vai deixar de novo uma mensagem muito forte de paz”, conclui.

 

 

 

 

 

 

Francisco disse na audiência geral desta quarta-feira que a visita à Terra Santa será uma viagem “estreitamente religiosa”, para “rezar pela paz naquela terra que tanto sofre”.

A peregrinação evoca oficialmente o encontro entre o Papa Paulo VI e o patriarca ecuménico Atenágoras, 

 

de Constantinopla (Igreja Ortodoxa), que teve lugar a 5 e 6 de janeiro de 1964 no Monte das Oliveiras em Jerusalém.

Este foi o primeiro encontro em mais de 500 anos entre os máximos representantes da Igreja Católica e da Igreja Ortodoxa, divididas há mais de nove séculos.

 

 

Mundial 2014:
Vaticano contra tráfico de pessoas

O Vaticano apresentou a campanha contra o tráfico de pessoas que vai ser promovida por vários institutos religiosos durante a próxima edição do Campeonato de Mundo de Futebol, no Brasil. A campanha da rede internacional ‘Talitha Kum’ tem como título ‘Jogue a favor da vida – denuncie o tráfico de pessoas’.

A conferência de imprensa desta terça-feira foi aberta pelo cardeal brasileiro D. João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. "Os religiosos e religiosas encontram-se empenhados com a sua missão em todo mundo, no meio de todas as formas de pobreza, e tocam com as próprias mãos a humilhação, o sofrimento, o tratamento desumano e degradante provocado a mulheres, homens e crianças por esta escravidão moderna", declarou o responsável, após evocar vários pronunciamentos do Papa Francisco contra o tráfico de pessoas.

 

 

Responsáveis religiosos e políticos falaram da rede que no Brasil é constituída por aproximadamente 150 religiosos de diversas congregações. A Conferência dos Religiosos do Brasil lançou esta iniciativa procurando “sensibilizar e informar a sociedade civil, em especial os grupos mais vulneráveis, sobre o tráfico de pessoas e a exploração sexual”, além de alertar sobre risco do crescimento do crime e outras formas de violações dos Direitos Humanos durante “megaeventos” como o Campeonato do Mundo de Futebol. Todas as ações são divulgadas através do Facebook.

 

 

 

 

Vaticano:
202 «transações suspeitas» em 2013

A Autoridade de Informação Financeira (AIF) do Vaticano apresentou o seu relatório de atividades de 2013, ano em que sinalizou 202 “transações suspeitas”, um aumento de mais de 3 mil por cento face a 2012.

O documento foi revelado aos jornalistas pelo diretor da AIF, René Brülhart, que destacou os “progressos significativos” realizados no campo da regulação financeira na Santa Sé e no Estado do Vaticano, incluindo no Instituto para as Obras de Religião (IOR, conhecido popularmente como Banco do Vaticano).

O responsável disse que este foi um ano “desafiante” que trouxe “desenvolvimentos positivos” no que diz respeito à informação financeira e de vigilância para a prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

A AIF passou de seis informações sobre transações suspeitas em 2012 para 202 em 2013, fruto do “desenvolvimento do quadro legal” e das melhorias no “desempenho operacional” das entidades supervisionadas

 

no que diz respeito à prevenção dos crimes financeiros.

Segundo o documento apresentado na sala de imprensa da Santa Sé, cinco relatórios passaram para o promotor de Justiça do Vaticano, para investigação posterior das autoridades judiciais. O número de pedidos da AIF a autoridades estrangeiras também aumentou, passando de um em 2012 para 28 em 2013; os pedidos recebidos, por sua vez, passou de três para 53.

“Este aumento deve-se também à cooperação internacional promovida por uma série de acordos bilaterais que concluímos”, assinala Brülhart.

O diretor da AIF destacou a avaliação levada a cabo em dezembro de 2013 pelo Moneyval, organismo especializado do Conselho da Europa.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Mãe e o Mar

Prestes a chegar ao circuito comercial nacional, ‘A Mãe e o Mar’ é o mais recente filme do português Gonçalo Tocha. Apresentado pela primeira vez em Fevereiro de 2013 no prestigiado Festival Internacional de Cinema de Roma, o documentário passaria em Julho pelo Festival de Curtas de Vila do Conde, seguindo em fevereiro deste ano para o MOMA, Nova Iorque, integrado no Festival Internacional de Cinema e Media de não Ficção.

Um percurso do exterior para Portugal, semelhante ao seguido pelas anteriores obras do realizador: ‘Balaou’ (2007), uma primeira incursão às suas origens, revisitação da Mãe que acabara de perder e cujo diário proporciona um reencontro, em registo poético, pelo mar e a costa açoriana. E ‘É Na Terra não é na Lua’ (2011), um diálogo cinematográfico e identitário intemporal que nos revela uma extraordinária ilha do Corvo, primeiramente destacado em Locarno, 2011, com uma 

 

Menção Honrosa na categoria Realizadores da Atualidade, seguindo-se, com dois prémios, os prestigiados festivais internacionais de Cinema Independente de Buenos Aires (BAFICI) e de São Francisco (EUA) em Abril de 2012.

Entre estes e o filme que agora estreia, Gonçalo Tocha cria ainda, ‘Torres e Cometas’ (2013), uma encomenda de Guimarães Capital da Cultura onde, sem se demarcar da condição de sujeito ativo nem abdicar quer da incessante busca da identidade dos espaços quer da sua representação no tempo, se distancia da harmoniosa poesia dos seus outros filmes, preterida pela emergência de uma crítica ao modo de olhar e viver a cultura: que não se constrói por decreto, não se edifica em eventos nem se estabelece em discursos. ‘Torres e Cometas’, mostrando um outro lado do olhar desperto do realizador para a vida, resulta numa crítica mordaz à descaracterização da nossa 

 

 

 

nacionalidade imposta por conveniências tantas vezes alheias ao registo ou intenção de uma significativa relação entre as pessoas e os espaços/tempos que habitam.

Já ‘A Mãe e o Mar’ retoma a delicadeza do realizador no diálogo que estabelece com uma  realidade, no caso única 

 

na costa portuguesa – a das mulheres ‘pescadeiras’, algumas com carta de arrais (mestres de embarcação) e da sua relação com o mar. Na praia de Vila Chã, Vila do Conde, uma forma de vida e uma paixão evocada e ainda assumida por Glória, a única pescadeira da atualidade. Um encontro íntimo, desvendado com o espanto e o encanto com que se descobre um tesouro, filmado e montado com a sensibilidade capaz de nos transportar para um universo desconhecido com tal proximidade que nos impregna, sem quase darmos por isso, do mesmo sentimento de pertença que uniu e une, anos a fio, aquelas mulheres e aquelas famílias aquele mar.

Com a habitual capacidade de revelar a extraordinária beleza das coisas mais simples, Gonçalo Tocha é certamente um criador do cinema marcante do nosso tempo. Empenhado na forma como procura o outro, gentil na forma como o recria cinematograficamente, atento à história e ao seu contexto, humilde na forma como olha o seu trabalho e extremamente generoso no modo como oferece a sua arte ao sujeito das suas obras e ao espetador. Transformando-nos, da forma mais cordial.

Margarida Ataíde

 

 

Uma Janela virtual para o Altar do Mundo

http://www.santuario-fatima.pt/

 

A poucos dias do fim do mês de Maio, não poderíamos deixar de sugerir uma visita a um sítio que estivesse relacionado com a mãe de Jesus e mãe da Igreja. Assim, esta semana, propomos uma visita ao sítio oficial de um dos maiores santuários marianos do mundo, o Santuário de Fátima.

Ao digitarmos o endereço www.santuario-fatima.pt, acedemos, como é hábito em qualquer portal, às principais notícias e aos destaques mais atualizados. Paralelamente nos menus laterais, dispomos de um conjunto de recursos que proporcionam ao visitante uma vasta e alargada experiência de conhecimento e interiorização do enorme trabalho que se vai realizando naquele extraordinário santuário. Pois bem, iremos então percorrer algumas dessas opções que estão disponíveis.

Na primeira opção, “História”, podemos conhecer um pouco sobre a história dos videntes de Fátima, desde as aparições até às memórias da irmã Lúcia, 

 

passando naturalmente pelo processo de beatificação e demais registos históricos.

De seguida, acedemos a um dos mais importantes itens - o da “Mensagem de Fátima”. Consideramos que é dos mais relevantes porque, certamente muitos de nós vamos a Fátima mas poucos conhecemos na realidade qual é a sua mensagem - “A Mensagem de Fátima é um convite e uma escola de salvação”.

Na opção “Locais e Monumentos”, acedemos aos monumentos que estão presentes no santuário (capelinha, capela lausperene, basílica, órgão, azinheira, etc.) bem como aos locais à volta do mesmo.

Em “Peregrinos a pé”, obtemos informações importantes acerca de como se deve peregrinar em segurança, desde a sua preparação passando pelas etapas necessárias para que esta jornada de fé ocorra sem nenhum percalço e com a verdadeira devoção e espíritualidade.

Por último, destacamos somente as opções relacionadas com os conteúdos multimédia. 

 

 

 

Nomeadamente podemos aceder a uma quantidade enorme de fotografias dos diversos acontecimentos que vão ocorrendo ao longo dos tempos, ouvir os registos áudio das principais canções marianas e ainda a uma quantidade 

 

considerável de vídeos. É ainda possível assistir em direto, através da internet, a todas as celebrações realizadas no santuário, para isso basta clicar em “transmissões”.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Cristãos Exemplares na Diocese do Funchal durante os séculos XIX e XX

É da maior importância para qualquer comunidade cristã conhecer as suas raízes espirituais, a sua identidade. [...] A Igreja funchalense, com cinco séculos de existência, sente-se honrada pelo testemunho de fé de inúmeros filhos seus, ilustres pela sua santidade.

Queira Deus que estes testemunhos luminosos nos orientem nos caminhos de uma verdadeira fé cristã, de uma vida de santidade. Este é, aliás, o apelo que ressalta nesta hora, quer da diocese do Funchal, nos 500 anos da sua criação, quer da Igreja Universal, na era de uma nova evangelização.

 

Excerto da obra:

O Dr. Romano Santa Clara Gomes foi um madeirense ilustre que assinalou, de forma inconfundível, a vida desta ilha nos finais do século XIX e na primeira metade do século XX. Diversas foram as facetas que caracterizaram a sua personalidade, como pai de família, como cidadão, 

 

 

político e profissional. Há, porém, um aspeto que merece ser relevado: a sua condição de católico leigo. Toda a sua existência teve a inspirá-la e a orientá-la uma profunda e sólida fé em Jesus Cristo e a consciência da sua pertença à Igreja Católica. Cidadão e cristão formavam nele uma harmoniosa e exemplar síntese.

Já havia morrido já uns anos (1949) quando o Concílio Vaticano II (1961-1965) apresentou uma doutrina clara a integral da vocação e da missão do leigo. [....]

Quando se consulta a imprensa madeirense, dos vários quadrantes políticos e ideológicos daquele longo período, ficamos admirados com a crítica elogiosa que sempre acompanhou a atividade do ilustre homem público. Assim, na edição de 18.03.1896, o Diário de Notícias escrevia:

«É zelosíssimo procurador dos interesses gerais da nossa terra, empregando todos os esforços e diligências para conseguir os melhoramentos reclamados pelo nosso estado económico, 

 

 

 

 desenvolvendo uma iniciativa e trabalho constante nas secretarias, já tratando com os ministros respetivos, já com os diretores gerias e chefes de repartição sobre negócios 

 

da Madeira». E segue-se uma lista significativa de empreendimentos sociais em que se empenhou

Autor: D. Maurílio de Gouveia, arcebispo emérito de Évora

Editora: Lucerna

 

 

II Concílio do Vaticano: O pilar histórico
da mensagem de Belém de Paulo VI

 

Na visita que o Papa Paulo VI fez à Terra Santa (janeiro de 1964), o discurso proferido em Belém foi um dos pilares centrais do seu pontificado. Esta visita, anunciada na alocução de encerramento da segunda sessão do II Concílio do Vaticano, iluminou e tornou “mais firme a fé dos homens”.

Na célebre mensagem de Belém, o sucessor de João XXIII faz apelos fortes e realça que os ensinamentos conciliares devem assegurar à vida da Igreja “uma nova maneira de sentir, de querer e de se comportar”. (IN: Boletim de Informação Pastoral (BIP) Ano VI, 1964, Março-Abril, Nº 30). Neste caminho vai ser necessário “um esforço unânime a que todos os grupos devem juntar a sua colaboração”, disse o Papa Paulo VI em Belém. No trajeto conjunto, a beleza espiritual deve ser reencontrada sob todos os aspectos: “no domínio do pensamento e da palavra, na oração e nos métodos de educação, na arte e na legislação canónica”.

Como o problema da unidade não pode ser iludido, Paulo VI sublinhou que o convite não é apenas para os católicos que já pertencem ao rebanho de Cristo, mas não se pode “deixar de dirigir o mesmo convite aos irmãos cristãos que não estão em comunhão perfeita connosco. A partir de agora, todos vêem claramente que o problema da unidade não pode ser iludido” (IN: Boletim de Informação Pastoral (BIP) Ano VI, 1964, Março-Abril, Nº 30, Pág 6). O Papa que deu 

 

 

 

 

 

 

 

seguimento à convocatória e ao início do II Concílio do Vaticano (1962-65) disse, na peregrinação à Terra Santa, que mesmo nas “circunstâncias particulares” daquele tempo, os resultados não podem ser obtidos com prejuízo para as verdades da fé.

O Papa Montini afirma também na sua peregrinação á Terra Santa que os cristãos olham o mundo “com imensa simpatia” e acrescenta: “Se o mundo se sente estrangeiro ao cristianismo, o cristianismo não se sente estrangeiro ao mundo, seja qual for o aspecto sob o qual este último se apresente e qualquer que seja a atitude que adopte a seu respeito”.

A missão do cristianismo passa pela amizade entre os homens da terra, “uma missão de compreensão, de encorajamento, de promoção e de elevação”. Apesar do homem moderno ter o brio “em fazer as coisas, por si próprio; inventar coisas novas” e realizar o que é admirável. (In: BIP -Ano VI, 1964, março-abril, Nº 30, Pág 7). Mas todas estas 

 

realizações “não o tornam nem melhor nem mais feliz; não proporcionam aos problemas do homem uma solução radical, definitiva e universal. O homem, sabemo-lo ainda, luta contra si próprio; conhece dúvidas atrozes”.

Paulo VI não esquece também de deixar um apelo aos governantes na hora de deixar Belém, lugar onde nasceu, há cerca de vinte séculos, o “Príncipe paz”. “Que os governantes escutem este grito” do coração e que realizem esforços “generosos para assegurar à humanidade a paz a que ela aspira com tanto ardor”. E completa o seu discurso: “Que encontrem junto do Altíssimo e no mais íntimo da sua consciência de homens, uma inteligência mais clara, uma vontade mais ardente e um espírito renovado de concórdia e de generosidade, a fim de a todo custo evitarem ao mundo as angústias e os horrores de uma nova guerra mundial, cujas consequências seriam incalculáveis”. 

 

 

Maio

Dia 23

* Fátima - XIV Interescolas nacional do 1º ciclo com o tema «Jesus, um tesouro a descobrir».
* Lisboa - Conselho Superior da UCP.
* Beja - Moura (Igreja do Espírito Santo) - Conferência sobre «A técnica do fresco»
* Guarda - São Romão (Salão Paroquial da Igreja Nova) (21h00m) -Conferência sobre «A ação missionária da Igreja à luz da Gaudium et Spes» por Frei Bento Domingues
* Braga - 8ª edição da «Noite UPS, uma direta com Deus».
* Braga - Soutelo (Casa da Torre) - Actividade «Rezar com os Ícones». (23 a 25)
* Açores - Ilha de São Miguel (Ponta Delgada) - Festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres presididas por D. António Francisco Santos, bispo de Aveiro. (23 a 29)

 

Dia 24

* Évora - Igreja de São Francisco - Apresentação do oitavo número da revista «Invenire» do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja (SNBCI).

 

* Vaticano - Encerramento da oitava edição do torneio de futebol para seminaristas e padres de todo o mundo, Clericus Cup
* Fátima - Encontro nacional dos Centros Maristas.
* Beja - Moura - Encerramento da Semana do Património.
* Guarda - Covilhã - Benção dos finalistas da UBI por D. Manuel Felício.
* Lisboa - Seminário dos Olivais - Assembleia Diocesana de Movimentos e Obras.
* Viana do Castelo - XIV Viana Jovem.
* Braga - Famalicão (Centro Pastoral de Santo Adrião) - Dia arquidiocesano da família com o tema «Solidariedade familiar».
* Coimbra - Seminário Maior - Reunião do Conselho Pastoral.
* Lisboa - Portela - Feira Gastronómica cujos fundos revertem para o projeto «Ponte 2014 - Guiné Bissau» promovido pelos Jovens Sem Fronteiras.
* Coimbra - Sé Nova - Bênção dos finalistas dos Institutos politécnicos e das universidades privados

 

 

 

 

* Lisboa - UCP - Encerramento (início a 01 de fevereiro) do primeiro semestre do curso «Espiritualidade  Cristã» promovido pela Faculdade de Teologia da UCP.
* Fátima - Casa São Nuno - Conselho Nacional Plenário do Corpo Nacional de Escutas. (24 e 25)
* Fátima - Encontro nacional do Movimento Encontro Matrimonial. (24 e 25)
* Santiago de Compostela - Peregrinação dos Missionários da Consolata a Santiago de Compostela. (24 e 25)
* Setúbal - Cabo Espichel - Peregrinação dos jovens da diocese de Setúbal ao Cabo Espichel. (24 e 25)
* Terra Santa - Visita do Papa Francisco à Terra Santa. (24 e 26)

 

Dia 25

* Portugal - Eleições Europeias - Nota da Conferência Episcopal Portuguesa - Declaração dos bispos da COMECE.
* Lisboa - Mafra - Festa das famílias da diocese de Lisboa eMensagem do Patriarca de Lisboa às famílias.
* Porto - Conselho diocesano da Pastoral Juvenil. 

 

* Lisboa - Paróquia de São Tomás de Aquino - 1º Encontro de Coros Infantis.
* Fátima - Peregrinação de militares ao Santuário de Fátima.
* Coimbra - Sé Nova - Bênção dos finalistas da Universidade de Coimbra.
* Fátima - Peregrinação da Diocese de Portalegre-Castelo Branco ao Santuário de Fátima. 
* Braga - São Pedro de Rates (Igreja Românica) - Concerto «Sons da Espiritualidade Cristã na História da Música Europeia» pelo Coral “Ensaio” da Escola de Música da Póvoa de Varzim e participação do quarteto Verazin e integrado no IX Ciclo de Música Sacra da Igreja Românica de S. Pedro de Rates
* Évora - Semana da Fé.  (25 a 31)

 

Dia 26

* Porto - Igreja dos Grilos (16h00m) - Sessão de apresentação dos roteiros turísticos, dedicados aos Caminhos Marianos e aos Caminhos de Santiago, e um «Guia de Boas Práticas de Interpretação do Património Religioso», uma parceria do Turismo de Portugal e o Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja

 

 

 

 

 

Entre os dias 23 e 29 a ilha de São Miguel (Açores) acolhe a festa do Senhor Santo Cristo dos Milagres, este ano presidida por D. António Francisco Santos, bispo do Porto. Um ponto alto da religiosidade popular e da vida da Igreja Católica na região.

 

O Papa Francisco faz entre 24 e 26 de maio a primeira visita à Terra Santa, com passagens por Amã, Belém, Telavive e Jerusalém. A agenda prevê 14 intervenções, entre homilias e discursos, e a assinatura de uma declaração conjunta com o patriarca ecuménico (Igreja Ortodoxa) de Constantinopla, Bartolomeu, assinalando os 50 anos do encontro entre o Papa Paulo VI e o patriarca Atenágoras, em Jerusalém.

 

O Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja apresenta este sábado, em Évora, o oitavo número da revista ‘Invenire’, que “retoma” no seu caderno central o tema do “Inventário”.

 

A Arquidiocese de Évora vai promover uma “Semana da Fé” entre 25 e 31 de maio, dia da Festa da Visitação de Maria. Numa nota enviada à Agência ECCLESIA, o arcebispo eborense, D. José Alves realça que o principal objetivo é que “todas as comunidades paroquiais se mobilizem para intensificar a vivência e o testemunho da fé”.

 

A Igreja Católica organiza a 29 de maio, em Lisboa, um encontro de apresentação da mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2014, “Comunicação ao serviço de uma autêntica cultura do encontro”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h22

Domingo, dia 25 - Europa: um projeto de paz e de cooperação.

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 26 - Entrevista ao superior regional dos Paulistas, padre José Carlos Nunes;

Terça-feira, dia 27 - Informação e entrevista ao padre Abel Ferreira;

Quarta-feira, dia 28 - Informação e entrevista à irmã Eliete Duarte;

Quinta-feira, dia 29 - Informação e entrevista ao padre João Aguiar;

Sexta-feira, dia 30 - Análise das leituras bíblicas de domingo.

 

Antena 1

Domingo, dia 25 de maio,  06h00 - Projeto europeu e raízes cristãs. Comentário á atualidade com o padre José Luís Borga.

 

Segunda a sexta-feira, 22h45 - 26 a 30 de maio - Comunicação: cultura do encontro - a nova versão do site do Vaticano por Fernando Cassola Marques, i-Vangelho por Padre Abel Ferreira, nova versão site Ecclesia por Paulo Rocha, Editora Paulus por Ir. Darlei Zanon e i-Breviary por Padre Tiago Freitas 

 

 

 

Podemos adorar Maria?

 

 

 

 

 

 

 

 

Ano A - 6º Domingo da Páscoa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Não vos deixarei órfãos”
 

Esta promessa de Jesus pode ser uma boa síntese do tema da liturgia da Palavra deste 6.º Domingo da Páscoa. Tal diz respeito a cada um de nós e à comunidade, sempre transformados pelo Espírito.

O Evangelho apresenta-nos parte do testamento de Jesus aos discípulos, inquietos e assustados. Promete o Paráclito, o Espírito, que conduzirá a comunidade cristã em direção à verdade, a uma comunhão cada vez mais íntima com Jesus e com o Pai.

A segunda leitura exorta os crentes, confrontados com a hostilidade do mundo, a terem confiança, a darem um testemunho sereno da sua fé, a mostrarem o seu amor a todos os homens, mesmo aos perseguidores. Sempre ao modo de Cristo.

A primeira leitura mostra a comunidade cristã a dar testemunho da Boa Nova de Jesus e a ser uma presença libertadora e salvadora na vida dos homens. A ação evangelizadora de Filipe diante das contrariedades só pode ser pela força do Espírito. Apesar dos riscos corridos em Jerusalém, Filipe não desistiu, não sentiu que já tinha feito o possível, não se acomodou. Partiu para outras paragens a dar testemunho de Jesus.

É o mesmo entusiasmo que nos anima, quando temos de dar testemunho do Evangelho de Jesus? Mesmo nas perseguições, dificuldades, propostas contrárias aos valores cristãos que há em nós, na nossa Igreja, no mundo que habitamos?

O caminho que Jesus propõe aos seus discípulos, o caminho do amor, do serviço e do dom da vida, parece, à luz dos critérios com que a maior parte

 

 

 

 

 das pessoas avaliam estas coisas, um caminho de fracasso, que não conduz nem à riqueza, nem ao poder, nem ao êxito social, nem ao bem estar material; afinal, tudo o que parece dar verdadeiro sabor à vida das pessoas do nosso tempo.

Jesus garante-nos que é no caminho do amor que encontramos a vida nova e definitiva. Na minha leitura da vida e dos seus valores, o que é que prevalece: o pessimismo de alguém que se sente fraco, indefeso, e que vai passar ao lado das grandes experiências que fazem felizes os grandes do mundo, ou a esperança de alguém que se identifica com Jesus e sabe que é n'Ele que se 

 

encontra a felicidade plena e a vida definitiva?

«Não vos deixarei órfãos. Eu estou no Pai, vós estais em Mim e Eu em vós. Quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei e manifestar-Me-ei a ele». Palavras do Evangelho sem meias-tintas, aliás como é sempre a Palavra de Deus.

Ou nos deixamos levar pelo Espírito de Cristo, ou partimos para outras ondas, órfãos da sua presença. Se somos em Cristo, não temos alternativa. Sempre com profundo sentido de liberdade, que nos vem do Espírito do amor de Deus derramado nos nossos corações.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Síria: recomeçar tudo de novo em Homs

Viver entre ruínas

Mais de 30 mil pessoas, em Homs e no “Vale dos Cristãos”, precisam desesperadamente de ajuda. Mesmo com a saída das forças rebeldes que estavam sitiadas na cidade, ninguém está a salvo.

 

Desde há duas semanas que não se escutam tiros em Homs. Com a saída das forças rebeldes há um estranho silêncio no ar. Porém, não há rua que não tenha sido destruída, as casas estão esburacadas, os carros esventrados, os prédios desfeitos. Não há água nem electricidade. A cidade é, toda ela, uma ruína. Milhares de pessoas fugiram, em pânico, quando os combates começaram. A cidade ficou literalmente sequestrada. Cercada por todos os lados. A morrer da violência e de fome.

Agora, com a saída das forças rebeldes e o regresso dos soldados do regime, Homs pode começar a viver uma nova etapa da sua vida. Quem gostaria de assistir a este recomeço seria

 

 o Padre Frans Van der Lugt, jesuíta holandês, assassinado no início do mês passado com dois tiros na cabeça depois de ter sido espancado, no jardim do convento, precisamente em Homs. Tinha 75 anos. Recusou-se sempre a deixar a sua casa, o bairro, a cidade. Foi sempre fiel ao povo que serviu durante dois anos. A sua missão em prol da comunidade - que é apoiada pela Fundação AIS -, é prosseguida agora pelo Padre Ziad Hillal, também ele da Companhia de Jesus.

 

“Vale dos Cristãos”

Na região de Homs há muitas famílias refugiadas num lugar conhecido como o "Vale dos Cristãos". Aí, quase todos dependem do que lhes é oferecido. Quer sejam alimentos ou roupa. Ou medicamentos. Não têm nada. Nem trabalho. A Fundação AIS está a apoiar 2 mil famílias no "Vale dos Cristãos" e mais 2 mil em Homs. O Padre Ziad, que conhece como poucos 

 

 

 

 

 

 

o mapa desta tragédia, pede ainda mais apoio. Ele fala em mais de 30 mil pessoas que precisam de ajuda desesperadamente.

Depois de três anos de terror, os cristãos de Homs estão a descobrir como é viver sem o barulho dos tiros, o medo permanente. Os cristãos de Homs precisam da nossa ajuda para recomeçarem de novo. Homs é só um dos palcos desta trágica guerra que começou em Março de 2011. Em muitos outros lugares,

 

vivem-se dias aterradores, como em Raqqa, de onde chegaram notícias de cristãos crucificados por se terem recusado a converter ao Islão ou a pagar “um imposto de protecção”. O mesmo já aconteceu em Maalula e em Abra. Na Síria, especialmente para os cristãos, ninguém está a salvo. E nós, não podemos fingir que ignoramos o que está a acontecer.

 

Paulo Aido 

www.fundacao-ais.pt

 

 

África com futuro

Tony Neves

 
 

O continente verde, a África, transpira futuro por todos os poros. É rico, é plural, está a crescer em número e em progresso. Esperança é valor que não falta no coração de grande parte dos africanos, habituados a superar obstáculos e a olhar com confiança para os dias que hão-de vir.

Claro que eu quando falo em África, vem-me à memória e ao coração a África que conheço, onde vivi, onde acompanho missões e projetos. Refiro-me á África lusófona, felizmente a melhorar, mesmo em países com dificuldades como a Guiné-Bissau, cujas eleições podem ter aberto caminhos de mais estabilidade rumo ao bem-estar das populações.

Mas a verdade é que a África vai muito para além da lusofonia. Tem toda a parte norte, de maioria muçulmana, onde os problemas são muitos, a liberdade é pouca e a instabilidade política e social tem marcado a vida das populações civis. A ‘primavera árabe’ tornou-se, em alguns casos, ‘inverno’ ou mesmo ‘inferno’ para o povo. A instabilidade que se vive em países como a República Centro Africana é preocupante. A entrada a matar dos guerrilheiros Seleka, uma milícia multinacional fundamentalista islâmica, semeou o pânico entre os civis cristãos e pôs o país a ferro e fogo. O rapto recente de largas dezenas de meninas cristãs na Nigéria para serem ‘vendidas como esposas’ tem 

 

 

 

Luso Fonias

 

consternado a comunidade internacional e suscitado reações de repúdio á escala do mundo. Também continua a apertar o coração ver as barcaças a abarrotar de imigrantes clandestinos que tentam, empurrados e explorados por traficantes mafiosos, chegar á Europa, através de Lampedusa e outros acessos.

Mas, tudo somado, a África tem futuro à sua frente. A visita que o Papa Bento XVI fez a este Continente permitiu ao mundo inteiro ver a alegria, a festa e a juventude que caracteriza o estilo africano de estar na vida. A existência de países em franco progresso económico (Angola, por exemplo) mostra ao mundo que este continente outrora colonizado tem condições para ser senhor do seu destino 

 

e porta aberta à colaboração com os restantes continentes.

Não consigo falar de África sem uma certa emoção. Ali vivi os anos mais intensos da minha vida missionária, ali deixei uma parte significativa do meu coração, ali vou regressando sempre que tenho bons pretextos para o fazer.  É sempre uma festa reencontrar as pessoas, celebrar com elas, partilhar histórias, acompanhar projetos solidários.

O mundo inteiro tem de ajudar África a ultrapassar os seus problemas, beneficiando também das suas enormes riquezas (e não falo só, nem sobretudo, de riquezas materiais!). O futuro mora do outro lado do Mediterrâneo e África vai ocupar um lugar cada vez mais decisivo no concerto dos povos.

 

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

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