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Tolentino Mendonça D. José Cordeiro Paulo Rocha D. António Moiteiro |
Manuel de Lemos |
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Foto da capa: D.R. Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira, Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Papa encontrou-se com vítimas de abusos [ver+]
Recorde de voluntários missionários
Novo bispo de Aveiro
D. José Cordeiro |Padre Tony Neves | Tolentino Mendonça | Sara Fonseca| Manuel de Lemos |
A sociedade do cansaço |
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José Tolentino Mendonça Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura |
Todas as épocas têm as suas patologias e estas funcionam como indicadores que vão além da superfície. As enfermidades dominantes mostram-nos o ponto de dor escondido, revelam comportamentos e compulsões, desocultam a vulnerabilidade que é a nossa, mas que raramente queremos ver. Ora, a acreditar em Byung-Chu Han, o alemão de origem coreana que é uma das vozes filosóficas mais originais da cena contemporânea, a doença representativa do nosso tempo é o cansaço. O grande combate dos séculos que nos precederam foi bacterial e viral. A invenção dos antibióticos e das vacinas, partindo do reforço imunológico, sem resolver tudo como sabemos, tornaram, no entanto, controlados esses problemas sanitários. É verdade que de vez em quando irrompe o pânico de uma pandemia viral, mas essa não é a questão que condiciona mais profundamente com os nossos quotidianos e práticas. O filósofo Byung-Chu Han defende que este começo do século XXI, do ponto de vista das patologias marcantes, é fundamentalmente neuronal. O sol negro da depressão, os transtornos de personalidade, as anomalias da atenção (seja por hiperatividade, seja por uma neurastenia paralisante), o síndrome galopante do desgaste ocupacional que faz-nos sentir consumidos e esvaziados por dentro, definem o difícil panorama destas décadas. E o pior é que todas as previsões |
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coincidem no agravamento das tendências. Estas enfermidades não são infeções, mas estados de alma, modalidades vulneráveis de existência, fragmentação da unidade interna, incapacidade de integrar e refazer a experiência do vivido. A verdade é que as nossas sociedades ocidentais estão a viver uma silenciosa mudança de paradigma: o excesso (de emoções, de informação, de ofertas, de solicitações…) está a atropelar |
a pessoa humana e a empurra-la para um estado de fadiga, de onde é cada vez mais difícil retornar. O risco é o aprisionamento permanente nessa armadilha como explicava profeticamente Fernando Pessoa: «Estou cansado, é claro,/ Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado./ De que estou cansado não sei:/ De nada me serviria sabê-lo/ Pois o cansaço fica na mesma». Valia a pena pensar nisto. |
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David Luiz, capitão da seleção brasileira, reza no fim do jogo contra |
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A deterioração da situação (em Gaza e arredores) está a conduzir a uma espiral” (de violência) Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas, em conferência de imprensa na sede da ONU, 09.07.2014
Em termos de floresta, de densidade, de combustível, [a carga] é tremenda e receio que possa haver muito descontrolo em termos de incêndios florestais. Enquanto presidente de Câmara, não posso dizer que o meu concelho está seguro, porque estaria a passar uma mensagem errada à população e aos portugueses Vasco Estrela, presidente da Câmara de Mação, em declarações à Renascença, 10.07.2014
Acabam por ser os cidadãos que vão pagar estas situações e os poluidores, aqueles que ganham fortunas, não respeitando o ambiente, o que lhes acontece Domingues Azevedo, bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas, em declarações à agência Lusa sobre medidas propostas na reforma da fiscalidade verde, 10.07.2014
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Acha normal que, com tudo o que se passa no Banco Espírito Santo, não haja um sinal da justiça de que está preocupada? Não estou a dizer para constituir alguém arguido, mas que haja um mínimo de preocupação com tantos milhões e tantos milhões Rui Rio, em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença, 08.07.2014
Considero ainda de maior importância que a próxima Comissão Europeia atribua a Portugal um pelouro, um dossier, um portefólio que seja bastante importante para a defesa dos nossos interesses António José Seguro, secretário-geral do PS, falando aos jornalistas no final da reunião da Comissão Política Nacional do partido, 08.07.2014 |
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Número recorde de voluntários em missão |
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Cerca de 550 jovens e adultos vão realizar este ano projetos de voluntariado missionário em países em desenvolvimento e 992 em Portugal, revelou a Fundação Fé e Cooperação (FEC), da Igreja Católica. Este é o maior número de voluntários em missão fora de Portugal desde que a FEC começou a publicar dados relativos a estas iniciativas, em 2003. Em declarações prestadas à Agência ECCLESIA, Catarina António, do Departamento de Educação para o Desenvolvimento da FEC, destaca o aumento significativo de voluntários que este ano participam em missões fora de Portugal, em comparação com os dados relativos a 2013 (405), registando um aumento de mais de uma centena de pessoas que “se dispuseram a partir”. Outra “grande diferença” diz respeito ao número de pessoas que “largaram o seu emprego” para poderem integrar este tipo de projetos. “Às vezes pensa-se que a maior parte das pessoas que vão são desempregados, são estudantes, e grande parte continua a ser estudantes que vão nas férias, mas muitos |
desses estudantes trabalham e estudam: ao irem numa missão ad gentes precisam de pedir uma licença sem vencimento ou desempregarem-se para partir”, explica Catarina António. Ao contrário do que acontece com o voluntariado mais comum, o voluntariado missionário, ligado à Igreja Católica, significa “abandonar tudo”, família, amigos, conforto, durante um período entre um mês e dois anos, e “ir para o desconhecido, às vezes para países onde as necessidades são enormes”. “Isso implica toda uma mudança na vida de quem parte e notou-se este ano uma evolução nesses números”, reforça a responsável da FEC, para quem as estatísticas deixam ainda uma outra mensagem muito significativa. “É uma forma de mostrar à sociedade, hoje em dia em que se fala tanto que se perderam valores, que o voluntariado missionário é uma forma muito presente no dia-a-dia e que o voluntariado nacional continua a existir de uma forma muito focada”, complementa. Um outro dado que reforça |
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esta ideia é que, em 2014, 127 voluntários vão repetir a experiência de missão. Os países lusófonos são os principais dos destinos de missão: 134 pessoas partem para Cabo Verde, 94 para Moçambique e 90 para a Guiné-Bissau; São Tomé e Príncipe acolhe 78 |
voluntários, Angola 74, o Brasil 45 e Timor-Leste 14. Quanto ao tipo de trabalho que irá ser desenvolvido pelos voluntários missionários, Catarina António realça áreas como a educação, a saúde e a pastoral social, e a atenção especial às populações mais jovens e aos idosos. |
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Criminalizar sem-abrigo
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Henrique Joaquim, presidente da Comunidade Vida e Paz, afirmou que a criminalização dos sem-abrigo “é um movimento incompreensível”, considerando que se deve antes apostar nas pessoas “como seres humanos”. “Eu acho que as pessoas ao serem sem-abrigo não estão a cometer crime absolutamente algum, é um profundo disparate, uma injustiça e provavelmente ir pela solução mais fácil que é erradicar estas pessoas”, disse à Agência ECCLESIA. “Criminalizar esta situação ou este estilo de vida é culpabilizar as pessoas e o crime exige que haja culpa na situação”, acrescenta. Henrique Joaquim caracteriza estas medidas, que já existiram em Portugal como “um retrocesso civilizacional”: “Nós avançamos. Eu espero a dimensão solidária e o bom senso não emigrem ou então estaria muito enganado em relação ao país que vivemos”. “A grande esmagadora maioria das pessoas que estão nestas situações não estão por opção de vida, estão por um conjunto |
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de fatores - desemprego, destruturação familiar, crise económica - circunstâncias que se foram conjugando”, desenvolve o responsável que reconhece que algumas “consequências” advém das “suas opções”. “Não há vidas que se transformem pela criminalização, até hoje não vi nenhuma”, alerta o presidente que destaca que na Comunidade Vida e Paz têm “situações muito difíceis” que demoram muito tempo a reverter mas também têm “situações de extraordinário sucesso”. Para Henrique Joaquim, estas soluções não comprometem verdadeiramente as pessoas com a pessoa sem-abrigo “como seres humanos que são”. |
Santa Sé eleva Santuário de Outeiro
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A Santa Sé decidiu elevar a basílica menor o Santuário de Santo Cristo de Outeiro, em Bragança, revelou hoje o secretariado diocesano das Comunicações Sociais em comunicado enviado à Agência ECCLESIA. O título é atribuído pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, num decreto que será lido este sábado pelas 14h30, numa Eucaristia presidida pelo bispo da Diocese de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, na nova basílica. A igreja de Santo Cristo de Outeiro, monumento nacional desde 1927, é datada do final do séc. XVII, sendo concluída na 1ª metade do século XVIII. Este edifício de planta cruciforme é composto por três naves, transepto, capela-mor, sacristia e casa de arrumações. O interior da igreja reflete o “gosto medieval tardio nas abóbadas graníticas de nervuras cruzadas” e o “transepto apresenta cobertura em abóbada de berço”, lê-se no site da Direção Regional de Cultura do Norte.
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A celebração solene da promulgação do título ocorrerá a 8 de novembro, durante as celebrações dos 500 anos do segundo foral de Outeiro, concedido pelo rei D. Manuel I, em 11 de novembro de 1514. A data de 8 de novembro passará por isso a ser o dia do aniversário da basílica, um título concedido pela Santa Sé a algumas igrejas pela sua antiguidade ou por serem centros de peregrinações. Há “basílicas maiores” e “basílicas menores”, de que são exemplo, em Portugal, a dos Mártires, em Lisboa, a Real, de Castro Verde, e as de Nossa Senhora do Rosário e da Santíssima Trindade de Fátima. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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‘Beijar o céu’As relíquias dos santos |
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D. José Manuel Cordeiro Bispo de Bragança-Miranda |
A propósito do 5º centenário do nascimento do Beato Bartolomeu dos Mártires, os 4 Bispos das actuais Dioceses, onde o Santo Arcebispo de Braga foi pastor, a saber: Braga, Bragança-Miranda, Viana do Castelo e Vila Real, decidiram abrir o túmulo e autorizar a justa e necessária veneração pública dos fiéis de alguns despojos ou relíquias do insigne Bispo Bracarense.
O que são as relíquias dos santos? Os princípios e orientações emanados pela Congregação para o Culto Divino e a disciplina dos Sacramentos, no directório sobre a piedade popular e a liturgia, dizem: «A expressão “relíquias dos Santos” indica, antes de tudo, os corpos – ou partes notáveis deles – de quantos, vivendo já na pátria celeste, foram nesta terra, pela santidade heróica da vida, membros insignes do Corpo místico de Cristo e templo vivo do Espírito (cf. 1 Cor 3, 16; 6, 19; 2 Cor 9, 16). No livro, história de uma alma, narra: «Foi um beijo de amor. Sentia-me amada e dizia por minha vez: «Eu amo-Vos! Dou-me a Vós para sempre!» Não houve pedidos, nem lutas, nem sacrifícios. Desde há muito, Jesus e a pobre Teresinha tinham-se olhado e tinham-se compreendido... Nesse dia já não era um olhar, mas uma fusão, já não eram dois: a Teresa desaparecera como a gota |
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de água que se perde no oceano. Só ficava Jesus, como dono, como Rei». Beijar uma relíquia, pode ser também a experiência de beijar o céu. De facto, na Liturgia, «a Igreja, segundo a tradição, presta culto aos Santos e venera as suas relíquias autênticas, bem como as suas imagens» (SC 111). O direito canónico recomenda: «Conserve-se a antiga tradição de guardar sob o altar fixo relíquias de mártires ou de outros santos, segundo as normas contidas nos livros litúrgicos» (Cân. 1237 §2). Postas debaixo do altar, as relíquias indicam que o sacrifício dos membros tem origem e significado no sacrifício da Cabeça e são a expressão simbólica da comunhão no único sacrifício de Cristo de toda a Igreja, chamada a testemunhar, até com o próprio sangue, a sua fidelidade ao seu Esposo e Senhor. Seja como for, evitar-se-á expor as relíquias dos Santos sobre a mesa do altar, porque esta é reservada ao Corpo e ao Sangue de Cristo, o santo dos santos e o Rei dos mártires. Com efeito, os fiéis gostam das relíquias. Mas uma pastoral litúrgica esclarecida sobre a |
veneração que lhes é devida, terá o cuidado de: assegurar-se da sua autenticidade; quando for duvidosa, as relíquias deverão, com a prudência requerida, ser retiradas da veneração dos fiéis; impedir o excessivo fraccionamento das relíquias que não está de acordo com a dignidade do corpo humano; na verdade, as normas litúrgicas advertem que as relíquias devem ser «de uma grandeza tal que se perceba que se trata de partes do corpo humano»; advertir os fiéis para que não se deixem levar pela mania de coleccionar relíquias; no passado, isto teve consequências, por vezes, lastimosas; velar para que se evitem todas as fraudes, todas as formas de comércio e todas as degenerescências supersticiosas. As várias formas de devoção popular às relíquias dos Santos como são: o beijo das relíquias, a sua ornamentação com luzes e flores, a bênção dada com elas ou o levá-las em procissão, sem excluir o costume de as levar aos enfermos para confortá-los e corroborar o pedido de cura, devem ser realizadas com grande dignidade e por um genuíno impulso de fé. |
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Lágrimas de todos e outras de ninguém |
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Paulo Rocha Agência ECCLESIA |
O alarme da solidariedade chega por muitos meios, sobretudo os de comunicação. Em redes de amigos ou no horizonte do anonimato existem felizmente muitas tentativas para ajudar quem precisa, quem passa fome. E com sucesso! Num ambiente que me é próximo, servem-se refeições todos os dias para dezenas de imigrantes e faz-se a distribuição de alimentos para outras tantas famílias. Elas vivem a a angústia de matar a fome dos filhos por causa do desemprego dos pais. Com a ameaça da distância e da dispersão provocada pelo início do Verão, chegou mais um desses alertas: a dispensa está vazia! E rapidamente aconteceu a mobilização necessária para que, também nestes meses, não falte o essencial a quem não procura férias, mas trabalho. Sem férias, sem trabalho e sem família é como vivem muitos imigrantes. Continuam a passar por centros onde encontram acolhimento, alimento e oportunidade de se ligarem a quem lhes presta atenção e se apercebe de vidas doridas, quase sempre escondidas atrás de uma cortina feita de lágrimas não derramadas. Há muito choro de mulheres e homens provocado pela ausência de dignidade de vida. O insucesso na conquista de um posto de trabalho, a dependência da solidariedade, a desintegração familiar podem estar na sua origem. E muitas outras causas são obstáculos à felicidade em |
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que todas as pessoas deveriam viver! Noutros ambientes, na “Copa” há também muitas lágrimas, por estes dias… Umas vezes por vitórias outras por derrotas. E não chegam os adjetivos para descrever o insucesso numa prova de desporto, que tem de ter sempre vencedores e vencidos! No Brasil, e sobretudo entre os brasileiros, o choro é emocional. As lágrimas que partem dos relvados (porque infelizmente também lá há muitas outras) preenchem o ambiente mediático que as transporta para todas as partes do mundo. E em qualquer Continente, elas contagiam |
apoiantes e adversários. Uma globalização da “solidariedade” que acontece instantaneamente e só por alguns instantes: Uns dias depois, há novos vencedores e outros vencidos. Razão suficiente para que quem é vencedor num dia não saboreie a derrota alheia, apenas a sua vitória! Não deixa de ser paradoxal a hipervalorização de lágrimas feitas de emoções e o esquecimento daquelas que dizem o realismo infeliz de tantas vidas Há lágrimas que são de todos e outras que não são de ninguém! |
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Bispo de Aveiro atento à desertificação
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O Papa Francisco nomeou como novo bispo de Aveiro D. António Moiteiro Ramos, de 58 anos, até agora auxiliar da Arquidiocese de Braga. O prelado sucede a D. António Francisco dos Santos, que em abril deste ano tomou posse como bispo do Porto. D. António Moiteiro Ramos tinha sido nomeado bispo auxiliar de Braga por Bento XVI, a 8 de junho de 2012, quando era pároco da Sé e São Vicente, na Diocese da Guarda, e foi ordenado a 12 de agosto do mesmo ano pelo cardeal português D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos.
Agência ECCLESIA (AE) – Como é que recebeu a notícia da sua nomeação para bispo da Diocese de Aveiro? D. António Moiteiro Ramos (AMR) – Recebi a notícia com alguma surpresa, apesar de alguns rumores dizerem que eu poderia também ser um dos indicados para Aveiro. Mas nunca nós esperamos, porque pensando um pouco nas nossas limitações
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e até deficiências sempre, da minha parte pelo menos, vemos outros com mais possibilidades e mais qualidades para a missão. Entretanto, o Papa Francisco escolheu-me e eu aceitei a missão para a qual fui convidado.
AE – Já teve inclusivamente oportunidade de falar com o Papa em Roma. O que é que ele lhe disse? AMR – Parece que a nomeação terá ocorrido no dia 23 de junho, quando o prefeito da Congregação do Bispo teve audiência com o Papa, porque ma comunicaram no dia 24. Eu estava em Roma para tratar de assuntos relacionados com o processo de beatificação do Servo de Deus D. João de Oliveira Matos e foi lá que me telefonaram dizendo que o Papa me tinha nomeado para bispo de Aveiro. Estava com o bispo da Guarda, D. Manuel Felício, e como tínhamos previsto um encontro com o Papa Francisco na audiência semanal, e foi aí que já pude falar com ele, |
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transmitir-lhe as minhas expetativas, os meus receios, também as minhas esperanças. O Papa encorajou-me, para que fosse com alegria, que trabalhasse pelo Reino de Deus, para que me dedicasse de alma |
e coração às pessoas, ao serviço do Evangelho. Foi um momento muito agradável de diálogo. O Papa disse que me preocupasse com as pessoas, com a formação. E isto é muito bonito. |
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AE – Vai tomar posse a 13 de setembro. Que prioridades ou projetos é que já tem em mente para o desempenho da sua nova missão? AMR - Na mensagem que enviei à Diocese de Aveiro, apontei dois dinamismos que gostaria de ter em conta. O primeiro é a Missão Jubilar que eles realizaram, que se realizou a propósito dos 75 anos da restauração da diocese, em que o anterior bispo de Aveiro, D. António Francisco, agora na Diocese do Porto, criou um dinamismo pastoral que importa continuar. Eu sei que há legislação para publicar, uma restruturação de serviços pastorais a fazer. Vou dar conta desse trabalho e depois ver com os sacerdotes, com os leigos, com os organismos responsáveis da diocese, qual será o melhor caminho a seguir. O outro dinamismo, como não podia deixar de ser, será a exortação sobre a “Alegria do Evangelho”. Se é programa para o pontificado do Papa Francisco, terá de ser também programa da diocese para a qual fui nomeado bispo.
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AE - Em termos da realidade social e económica da diocese, que preocupações ou desafios é que já conseguiu identificar? AMR – A atual conjuntura ultrapassa a própria Igreja Católica, diz respeito a toda a sociedade na qual a Igreja também está incluída. É evidente que são problemas que afetam o futuro da nossa comunidade humana em Portugal e por conseguinte de todas as comunidades cristãs. Mas penso que existem dois ou três problemas que são fundamentais. O da natalidade, a meu ver, parece-me o mais importante, porque ele traz implicitamente outros problemas. Por exemplo, se não for resolvido o problema económico, os jovens não podem ter filhos, porque hoje com a consciência da paternidade e da maternidade responsáveis, os pais não avançam para terem filhos se não tiverem condições para os poderem educar e criar com alguma dignidade. A Diocese de Aveiro, embora pequena, é muito populosa. Contudo, diziam-me num |
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encontro que tive já com alguns responsáveis pastorais, que há zonas que estão a ficar desertificadas, na zona de Sever do Vouga e outras. Isto também põe problemas a um outro nível, também relacionado com este, que é a preocupação pastoral com as famílias e os jovens. Claro que, sempre de base, está também a animação espiritual dos sacerdotes. São campos de ação da Igreja Católica, nos quais nós devemos trabalhar.
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AE – Num momento em que se está a despedir das comunidades católicas de Braga, que mensagem gostaria de deixar à Arquidiocese? AMR – Eu senti-me muito bem no meio do povo minhoto, muito bem. Particularmente, gostava de deixar uma palavra de muita amizade aos sacerdotes, pois nestes dois anos criámos laços e penso que também alguns dinamismos de trabalho
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e de pastoral. Queria ainda dizer que nós passamos mas o que importa é o Reino de Deus, o que importa é Jesus Cristo, anunciado, vivo e ressuscitado. Essa é que é a grande mensagem, a certeza de que nós não estamos sozinhos e que o espírito de Deus é que conduz a nossa vida e a história da humanidade. |
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Desertificação do interior |
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1. Inverno demográficoNas últimas semanas o governo começa a dizer que precisamos de atacar a crise de emprego e de natalidade e criou uma comissão para estudar políticas favoráveis. Como sabemos, nos últimos anos tem aumentado o número de desempregados, diminuído o número de nascimentos, subido o envelhecimento da população e o número de emigrantes. Em algumas zonas do país houve uma ligeira compensação com a entrada de imigrantes, sobretudo para setores menos procurados pelos nativos, como é a área da agricultura. Isto afetou mais o interior que o litoral e os grandes centros urbanos. Nos 17 concelhos da diocese de Beja houve um decréscimo de quase dez mil habitantes entre 2001 e 2011. Nos concelhos do litoral alentejano manteve-se a população, sobretudo devido aos imigrantes. Em algumas freguesias do litoral a população residente estrangeira é superior à autóctone, como, por exemplo, em S. Teotónio. Isto reflete-se também na pastoral |
das paróquias, onde o número de batismos, de crianças na catequese, de matrimónios e outras áreas tem vindo a diminuir. Quais serão as causas? Certamente que são muito complexas e múltiplas e não podemos atribuir tudo à crise económica, pois já houve épocas de grande pobreza e, apesar disso, havia uma grande natalidade. Consciente de que muitos fatores ficam por nomear, na brevidade deste apontamento vou atrever-me a mencionar algumas causas. Em primeiro lugar, o individualismo e a falta de confiança na vida e no futuro é transversal a todos os problemas demográficos. Podemos dizer que o inverno, o frio, o encolhimento das pessoas sobre si mesmas tem aí a primeira causa. Depois podemos também indicar o adiamento da constituição de família e da assunção da responsabilidade pela própria subsistência, a formação dilatada, as exigências do estilo de vida moderno e outras causas afins também contribuem para a crise demográfica. |
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Razões mais específicas e próximas para a desertificação do interior são a falta de investimento empresarial, social e cultural, concentrando tudo isso nos grandes centros do litoral. Mas isso torna-se um círculo vicioso. Um fator acarreta outro e quando se acorda já é tarde para romper esse círculo. Ultimamente fala-se do encerramento de muitas escolas do primerio ciclo com menos de 21 alunos, a maioria no interior, como antes
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se falou dos centros de saúde, de repartições públicas, de outros serviços importantes para a qualidade de vida das pessoas.
Com a crise financeira e económica temos de reestruturar o país, fazer o indispensável com menos recursos. E aqui voltamos à primeira causa. Com o crescente individualismo ninguém quer perder o seu estatuto, tornar o seu estilo de vida mais austero, partilhar tempo e recursos em ações de voluntariado, |
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para tornar a vida familiar e social mais atrativa no interior, dando-lhe a qualidade humana que não é possível no anonimato dos grandes centros urbanos.
2. Desafios às dioceses do interiorEsta situação coloca um grande desafio à Igreja e às dioceses do interior. Não havendo jovens, também dificilmente surgirão candidatos para futuros padres. No entanto, a proximidade às pessoas não se faz apenas através do clero. É necessário fazer das nossas pequenas comunidades centros de vida fraterna, de formação humana e espiritual, de partilha das alegrias e das tristezas, |
dos êxitos e dos fracassos, tornando os nossos ambientes mais transparentes, de pessoas próximas e atentas umas às outras. Isto faz-se com o envolvimento de todos, com muito voluntariado dos leigos e boa coordenação diocesana. Esta personalização comunitária do ambiente das nossas aldeias e vilas do interior deve necessáriamente começar pela família, fomentando a corresponsabilização de todas as gerações pelo bem de todos, cada um atento aos outros, sobretudo dos mais frágeis, comunicando-lhes o carinho de que carecem. As nossas paróquias, clero, colaboradores e amigos devem dar prioridade a este contacto |
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humano e descobrir com imaginação e criatividade os meios simples para o facilitar. Mesmo com meios pobres se consegue criar ambientes de confiança e alegria entre as pessoas. Aqui está um meio ao alcance de todos, para tornar as nossas terras do interior viveiros de alegria e fraternidade. Para não me alongar na sugestão de meios ao nosso alcance, deixando-os à criatividade das gentes da nossa terra, indico apenas um da área cultural e artística, muito próprio do povo alentejano. O nosso povo gosta de cantar e tem belas canções, narrando a história das nossas terras e das nossas gentes. As nossas igrejas são belas e temos um rico património, que |
queremos dar a conhecer ao país e ao mundo. Fazer o levantamento dessa história e cultura, dando-lhes vida nos nossos ambientes, contribuirá para levantar a nossa autoestima e despertar o interesse de turistas e de imigrantes para o segredo do nosso estilo de vida, alegre e fraterno, apesar da simplicidade de recursos. Também nisto todos podemos colaborar, para que não desertifique o interior e muito menos os seus habitantes fujam do ambiente triste e sem esperança para o qual nos deixamos empurrar. A alegria do Evangelho começa por aqui. Nisto reside a nossa esperança e a nossa força.
† António Vitalino, Bispo de Beja |
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O Interior em Viseu |
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O distrito de Viseu – e, nele, a Igreja que aqui vive – está mergulhado no centro do interior mais profundo de Portugal. Viseu, juntamente com Santarém, são, na realidade, os dois únicos distritos do interior, pois não têm fronteiras nem com a Espanha nem com o Mar. Quanto a dioceses, são estas duas, mais a de Lamego, que se situa no mesmo distrito de Viseu. São, assim, com toda a propriedade e com todas as consequências, o interior “profundo”. Esta geografia acarreta tudo aquilo que o nome “interior”, em Portugal, carrega: isolamento e solidão, esquecimento e abandono, pobreza e despovoamento, distância e afastamento. Aceites como regiões pobres e de não investimento pelas opções políticas e governamentais, suscitam em quem ali vive sentimentos contraditórios entre o infortúnio e a injustiça, o desprezo e a revolta, o conformismo e o lamento, a luta e o desânimo. Todos estes elementos característicos pesam na avaliação de um estilo de |
vida e suscitam a necessidade de sair para procurar quase tudo: emprego, saúde, escola, esperança, realização, soluções e meios de desenvolvimento. Poderiam e deveriam desejar-se – como sinais de boa vontade e de desigualdade ou descriminação positiva – atitudes de respeito na aplicação de normas e de leis. Sejam a fixação de institutos de serviço de proximidade – centros de saúde, policiamento, bancos, escolas, tribunais… - sejam outras medidas de ação solidária que, com intenção de ajuda positiva, trouxessem população, evitassem a sua saída ou criassem condições justas a quem não quer ou não pode sair… Porém – valha-nos alguma equidade – aqui e no que diz respeito a estes pontos, é feita justiça por igual e a esperança vai, porque não concretizada, morrendo dia a dia… O interior tem a consciência certa, verificada e confirmada nas consequências, de que está cada vez mais longe de tudo e de que as pessoas estão cada vez mais fora de tudo. Somente um exemplo ilustrativo e porque está mesmo na moda – |
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é para ajudar o interior, as famílias, as crianças, o desenvolvimento e o progresso que se fecham escolas do 1º ciclo com os critérios atuais? Fechar uma escola com cerca de uma dúzia de alunos, levando a que estes vão para distâncias grandes, provocando todas as sabidas consequências – alguém poderá justificar isto como um bem para as crianças, as famílias e as suas aldeias? E |
quanto à “união das freguesias”, sabendo-se que as distâncias no interior dificultam todas as relações e contactos de proximidade e sabendo-se que o isolamento e as idades das pessoas condicionam todos os bens e todos os acessos? Será que se tomam estas e outras medidas semelhantes para o bem das pessoas que, agora e desde sempre, são as mais abandonadas e desprotegidas?
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A Igreja no Interior de ViseuA Igreja em Viseu – que faz para anunciar a Boa Nova da libertação, da fraternidade e da comunhão a todas as pessoas que sofrem estas situações, anunciando e semeando esperança? Os fenómenos da desertificação, do envelhecimento e da solidão combatem-se, sobretudo, com medidas e atitudes. Palavras – e às vezes até estas faltam – só para apresentar e explicar aquelas. Umas, outras e todas concretizam-se na proximidade e na envolvência das próprias pessoas, tornando-as construtoras da sua própria realização e criadoras das razões da sua própria esperança. Assim, Viseu é a região nacional onde existem mais instituições sociais, de solidariedade efetiva e de construção de subsidiariedade, na proximidade e na vizinhança. Precisamente para ir ao encontro de quem está, mas, muitas vezes, sem poder deslocar-se e sem poder sair de casa. As Visitas Pastorais mostram casos, situações e realidades que são verdadeira |
Universidade para uma especialização da forma de tratar, respeitar e cuidar pessoas frágeis e que nada pedem ou exigem, além de atenção e respeito… Nesta aposta de respeito e de atenção, os sacerdotes e os leigos cristãos têm dado, nas suas comunidades, um testemunho de ação social cristã exemplar. As 103 Instituições Particulares de Solidariedade Social de matriz cristã e eclesial, tendo em conta Centros Sociais Paroquiais, Misericórdias e Instituições Cáritas, são esta expressão no terreno. Com uma colaboração muito válida de outros grupos – alguns informais – como grupos SSVP, grupos sócio caritativos, etc. As respostas que dão, acolhendo pessoas idosas e doentes, jovens com variadas deficiências, crianças e bebés em creches e jardins-de-infância, são preciosa ajuda às pessoas, às famílias e às comunidades. Porque são comunidades cristãs, é na solidariedade, muitas e tantas vezes silenciosa, que se expressa a caridade de Cristo e o amor evangélico. Não quero esquecer tantas |
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outras Instituições de Solidariedade Social que, com igual empenho e a mesma vontade de servir e de apoiar quem está mais carenciado, faz o seu melhor e realiza maravilhas. A Igreja – também nesta diocese de Viseu – não tem o monopólio do bem-servir e do bem-fazer na área do social… Está, vive, convive e dialoga com todas as pessoas e todas as Instituições, na Sociedade plural. Convivendo e solidarizando-se com todos, é chamada e desafiada a aprender, também, com quem, não vivendo a mesma profissão de fé, se especializa na mesma arte de amar e a exercita exemplarmente. Porém, quanto bem se faz, neste interior, sem a institucionalidade das organizações e sem a publicidade das iniciativas! A ação gratuita e silenciosa nas famílias, na vizinhança, nas comunidades, nos grupos e associações de voluntariado – é incalculável nos atos, nos méritos e nas respostas criativas. Pode dizer-se que esta é a “medida” que o Evangelho pede e exige aos cristãos. Por um lado, começando pelos que estão mais próximos e por outro lado, atuando sem |
publicidade, procurando que a esquerda não saiba o que faz a direita… Pode dizer-se que esta é, também, uma marca e uma riqueza do interior. Todos se conhecem e, apesar das diferenças e das fáceis guerrilhas por qualquer coisa, ninguém se fecha às necessidades dos vizinhos. O espírito de guerrilha e de concorrência acaba na necessidade do vizinho e, mesmo quando não se falam, surgem respostas à porta, no silêncio e no escondimento da mão direita e benfazeja.
Critérios na aplicação das medidas
Como ajudar, potenciar e subsidiar estas características naturais de viver e conviver na vizinhança e proximidade da natureza do interior? Com formas concretas de representatividade, de complementaridade e de subsidiariedade. Aqui, entram os poderes constituídos para, junto das pessoas, tornar a sociedade uma “pessoa” de bem e suprir pela justiça o que a |
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natureza não equilibra. A Igreja e as suas instituições não pedem algo para si próprias, mas exigem condições para poderem responder, de forma justa e qualificada, aos justos interesses e necessidades das pessoas. Aqui – e mais uma vez – que diferenças de meios entre o litoral e o interior! E como seria justa uma visão discriminatória positiva, em favor de quem, de tantas formas e sem o merecer, foi e tem sido tão injustamente avaliada, tratada e respeitada! Mas, perguntemos ainda: como sentir esta necessidade de justiça e de equilíbrio se fecham escolas, tribunais, centros de saúde, correios, forças de segurança, autarquias, etc. etc.? Que critérios para fechar se as pessoas que lá estão são as mais carenciadas destes meios e menos condições têm para os procurar? Estando mais sós e desprotegidas, com menos meios de transporte e de relações humanas, como justificar o número para implementar a rentabilidade? |
A Igreja não pode sair da proximidade das pessoas e das aldeias – não pode deixar mais só quem tem, como maior dor, a solidão! Deve renovar-se e organizar-se para, ali e com as pessoas mais idosas e mais isoladas, estar mais próxima e mais acolhedora.
Poder-se-á perguntar à Igreja: e como diminuir a presença de sacerdotes, levando a menos proximidade e a menos celebrações, deixando, também, as pessoas mais distantes e mais dispersas? Porque há menos sacerdotes, como agir perante o acumular de paróquias por sacerdotes que, cada vez mais,
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vivem mais longe e estão menos vezes?
Este é um dos grandes desafios às mudanças eclesiais necessárias que a Igreja, no interior de Viseu, está a refletir e a programar, no Sínodo Diocesano que está a realizar. A Igreja não pode sair da proximidade das pessoas e das aldeias – não pode deixar mais só quem tem, como maior dor, a solidão! Deve renovar-se e organizar-se para, ali e com as pessoas mais idosas e mais isoladas, estar mais próxima e mais acolhedora. Até porque são estas pessoas, nos dias de hoje, as que mais precisam da proximidade do amor eclesial e evangélico! São, estes e outros semelhantes, alguns dos desafios novos e grandes para a organização da Igreja no nosso interior diocesano! Desafios que importa ouvir, estudar e responder para a Igreja não se tornar, para os mais pobres, dispensável ou inútil. Porém, estes e outros são desafios feitos e a continuar a fazer à Igreja enquanto comunidade viva de batizados: leigos, religiosos e outros |
consagrados, diáconos permanentes e sacerdotes. Os sacerdotes são poucos e é preciso outro estilo e outras formas de acesso ao Sacramento da Ordem? A Igreja, movida pelo Espírito Santo, não esgotou a descoberta do Mandamento do Amor nem as capacidades de servir, através de Ministros próprios aos quais o Senhor chama para viver e anunciar o Evangelho. O Papa Francisco, os cristãos e as circunstâncias atuais saberão interpretar os desafios que o Espírito Santo está a fazer e quer fazer à sua Igreja. O sentido e a necessidade da escuta do Evangelho – Boa Nova de Jesus para o nosso tempo – desafia os cristãos de hoje, nestes e noutros campos e sectores. O Papa Francisco está atento e tem desafiado a que todos escutemos o Evangelho e que escutemos, também, os cristãos “de dentro” e as periferias que têm cristãos “de fora” e tantas e tantos outros… Não deixemos de escutar o que o Espírito, hoje, diz às Igrejas porque – não o esqueçamos – Ele é o mesmo: ontem, hoje e sempre.
Bispo Ilídio Leandro |
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Desemprego nas preocupações
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Responder à elevada taxa de desemprego na Diocese de Viseu é a principal preocupação da Cáritas local, que presta atualmente assistência a pessoas “de todas as faixas etárias e grupos sociais”. Em declarações à Agência ECCLESIA, António Ramalho, diretor técnico da organização católica, salienta que além do apoio a “grupos transversais, tipicamente carenciados”, o trabalho tem abrangido cada vez mais pessoas da chamada “classe média”. No plano imediato, a estratégia tem passado pelo fornecimento de “bens materiais” ou pelo “pagamento de rendas, de contas de luz e de água”. “Em muitos casos, isto tem evitado que as pessoas sejam despejadas das suas casas”, aponta António Ramalho. O sociólogo chama também a atenção para a importância de outro tipo de trabalho, o psicológico, pois “a perda do |
emprego não tem a ver só com a perda da condição económica”. “Tem sobretudo a ver com a perda de identidade social, a pessoa sem trabalho perde relações sociais, perde o seu status e a Cáritas Diocesana de Viseu tem trabalhado com muitos desses grupos, para evitar que as pessoas entrem em processos depressivos, que se vão abaixo”, complementa. A parte mental é fundamental, reforça António Ramalho, pois só assim as pessoas poderão ter forças para procurar novas alternativas de emprego e “quando surgir uma oportunidade”, estarem “aptas para a agarrar”. Paralelamente a esta missão, a Cáritas de Viseu tem continuado a aposta no apoio a bairros mais desfavorecidos, às minorias étnicas, a famílias desestruturadas, a crianças e jovens. A articulação com a Cáritas Portuguesa e também com a autarquia de Viseu, |
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tem tornado possível o desenvolvimento de projetos de prevenção e intervenção em problemas como o abandono escolar, a criminalidade, o alcoolismo e a toxicodependência. Em causa está o atendimento mensal de “milhares de pessoas”, numa assistência que a Cáritas |
diocesana sente que é “cada vez mais” necessária. António Ramalho considera que, em todas as dioceses, este tipo de estruturas católicas “têm sido fundamentais” para um processo de “equilíbrio e harmonização” que tem evitado “males maiores” para a sociedade portuguesa. |
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Preparar o futuro |
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A interioridade do Baixo Alentejo foi desde sempre uma questão crucial na definição das prioridades do trabalho do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, fundado por D. Manuel Franco Falcão em 1984. Contrariar essa realidade é impossível, mas aportar esperança é algo que tentamos construir todos os dias e, nesse sentido, pensamos que um projeto inovador que associa a música erudita ao património cultural e natural poderá dar um estímulo significativo para ajudar o território a “não morrer”. A esperança de poder contribuir, este âmbito, com verdadeira excelência artística, entusiasma e cria impacto na gente fantástica que vive no Alentejo. Não serão certamente números dignos de contrariar as estatísticas, mas aptos a gerar empatias e olhares distintos sobre estas realidades cruas: desertificação, interioridade, saída dos mais novos… Dizia Victor Hugo: "o espírito enriquece-se com aquilo que recebe e o coração com aquilo |
que dá". Este tem sido um dos fios condutores do Festival Terras sem Sombra de Música Sacra do Baixo Alentejo, em cada uma das já dez edições, cremos que podemos levar as pessoas a serem mais felizes e aqueles que saíram a poderem voltar, pelo menos uma vez em cada ano. A nossa missão é mostrar que a riqueza do interior se espelha não só nas gentes que ficam, mas também na gentileza de acolher os outros e de potenciar a vinda de novos habitantes. Sabemos que é um desafio a longo prazo, mas sabemos igualmente que a música molda o coração dos homens e que a associação com a natureza permite disfrutar de uma paz e de um silêncio que se traduz, tantas vezes, em paixão. Criar públicos tem sido outro dos objetivos do FTSS. Uma tarefa lenta, mas enriquecedora, pois os Alentejanos carregam no seu ADN a música e a beleza. Basta olhar para a diversidade do território, do interior ao litoral, para entendermos que estes vetores ajudarão, a médio e a longo prazo, a fixar novos habitantes.
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Quem visita o Alentejo apaixona-se e, na maioria dos casos, volta e ambiciona ficar, mais que não seja nos fins- de-semana dos concertos. O Festival mexe com a economia do território, cria ebulição, antes e depois, e desassossega as almas mais pacatas. Em suma, gera riqueza espiritual e material e leva-nos cada vez mais a quer fazer com que o projeto seja melhor. Combater as assimetrias é algo contra o qual batalhamos |
todos os dias, levando meios para reabilitar e divulgar patrimónios; alertar e sensibilizar para as questões ambientais representa uma das grandes missões que se colocam hoje também aos responsáveis culturais e religiosos. Este é um projeto emanado da sociedade civil e pensado para ela. Cada edição procura captar as mais-valias do território e mediatizá-las. Através do exemplo pode chegar-se mais longe |
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e ser o grão de areia que fará com que este paraíso na terra não pereça. Somos tentados a pensar que o Alentejo e os seus guardiães ficam mais belos quando o FTSS chega e a preparação de cada nova |
edição é um sinal de comunhão e esperança num futuro melhor.
Sara Fonseca Coordenadora do Festival Terras sem Sombra |
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Trazer o Interior à capital |
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O Palácio da Cidadela de Cascais acolhe até 7 de setembro a exposição «O Brilho da Fé – ourivesaria sacra em Bragança». Esta atividade - em parceria com a Diocese de Bragança-Miranda e o Museu do Abade de Baçal – pretende mostrar algumas peças de arte sacra e “contextualiza a função desempenhada por cada uma dessas peças na liturgia católica: cálices, turíbulos, navetas, custódias, píxides e outras”. A mostra reúne peças de ourivesaria e arte sacra provenientes da Diocese de Bragança-Miranda (Igreja da Antiga Sé; Igreja de São Vicente; Igreja de Santa Maria; Igreja de Santa Clara) e dos Museus do Abade de Baçal, de Arte Antiga e do Soares dos Reis, que detêm, nos seus acervos, um conjunto significativo de obras com origem no Paço Episcopal e Seminário da Diocese. Do conjunto dessas alfaias destacam-se a arca e ânforas dos Santos Óleos, um magnífico conjunto de sacras, as cruzes processionais do século XIX, |
fabricadas no Porto, e uma monumental custódia do século XVIII. Com uma primeira mostra no Museu do Abade de Baçal, em Bragança, a exposição «O Brilho da Fé – ourivesaria sacra em Bragança» desloca-se agora, ampliada, até Cascais, numa iniciativa do Museu da Presidência da República, proporcionando, a um “público mais alargado, um olhar sobre este importante património artístico e cultural”. Um acervo que reúne, pela primeira vez, “um impressionante conjunto de peças de ourivesaria sacra, portuguesa e estrangeira, dos séculos XVI a XX, refletindo a religiosidade e o contexto histórico subjacentes à sua produção e aquisição”.
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Papa pede perdão e diz que na Igreja
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O Papa condenou esta segunda-feira no Vaticano os “atos execráveis” de abusos sexuais perpetrados contra menores e pediu perdão às vítimas, afirmando que não há lugar na Igreja para membros do clero que pratiquem estes “crimes”. “Perante Deus e o seu povo, manifesto a minha dor pelos pecados e graves crimes de abusos sexuais cometidos pelo clero contra vós e humildemente peço perdão”, declarou Francisco, na homilia da Missa a que presidiu na capela da Casa de Santa Marta. A celebração contou pela primeira vez com a presença de um grupo de vítimas de abusos sexuais de sacerdotes, que o Papa recebeu depois pessoalmente em privado na sua residência, durante mais de três horas. “Não há lugar no ministério da Igreja para os que cometerem estes abusos e comprometo-me a não tolerar a ninguém os danos infligidos a um menor, independentemente do seu estado clerical”, adiantou
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Francisco, pedindo a colaboração de “todos os bispos” na proteção dos menores. O Papa quis ainda pedir perdão pelos “pecados de omissão” dos líderes da Igreja que não responderam de maneira adequada às “denúncias de abuso” apresentadas por familiares e pelas próprias vítimas. O grupo era formado por seis pessoas, três homens e três mulheres, oriundas da Alemanha, Irlanda e Grã-Bretanha. Francisco disse rezar para que a Igreja “chore” pelos que atraiçoaram a sua missão e “abusaram de pessoas inocentes”. “Há muito tempo sinto no coração a dor profunda, o sofrimento – oculto durante tanto tempo”, confessou o Papa, em relação às vítimas, falando numa “cumplicidade que não tem explicação”. “São mais do que atos reprováveis, é como um culto sacrílego, porque esses meninos e meninas foram confiados ao carisma sacerdotal |
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para os levaram a Deus e eles sacrificaram-nos ao ídolo da sua concupiscência”, declarou. Francisco realçou que estes atos deixaram “cicatrizes para toda a vida”, com muitos sofrimentos para as vítimas e suas famílias, chegando mesmo à “terrível tragédia do suicídio de um ser querido”. “As mortes destes filhos tão amados por Deus pesam no coração e na consciência, minha e de toda a Igreja”, assumiu |
o Papa. A intervenção qualificou a presença de vítimas para um encontro no Vaticano como sinal do “milagre da esperança” e da “coragem” com que estas pessoas souberam “expor a verdade”, iluminando uma “terrível escuridão na vida da Igreja”. Bento XVI, Papa emérito, encontrou-se com vítimas de abusos nas suas viagens aos Estados Unidos da América, Austrália, Malta, Reino Unido e Alemanha. |
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Renovação de fundo no Banco do Vaticano |
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A Santa Sé apresentou esta quarta-feira a nova configuração do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o ‘Banco do Vaticano’, presidido a partir de agora pelo francês Jean-Baptiste de Franssu, que assumiu a obrigação de “transparência”. O responsável disse em conferência de imprensa que assume o cargo como uma “missão” ao serviço da Igreja Católica, procurando ajudar o Papa a “aumentar o seu trabalho em favor dos pobres e da propagação da fé”. O cardeal australiano George Pell, prefeito da Secretaria para a Economia (‘ministro das Finanças’ do Vaticano), anunciou esta mudança aos jornalistas e declarou que o IOR “está num período de transcrição pacífica e natural”. Jean-Baptiste de Franssu sucede ao alemão Ernst von Freyberg, nomeado por Bento XVI depois da sua renúncia ao pontificado, em fevereiro de 2013, numa mudança que se estende a todos o quadro executivo que geria a instituição desde setembro de 2009. O francês integra o novo Conselho |
para a Economia, criado pelo Papa Francisco, e é visto no Vaticano como um homem da casa. A mudança inclui a criação de uma estrutura independente, nos próximos 24 meses, para a gestão de ativos do Vaticano, o ‘VAM - Vatican Asset Manager’. O IOR apresentou esta terça-feira as contas relativas a 2013, as quais mostram um lucro de 2,9 milhões de euros, uma diminuição face aos 86,6 milhões de euros em 2012) devido aos custos dos conselheiros externos e ao abate de investimentos de risco. O processo de verificação de clientes iniciado no último ano levou ao encerramento de 3 mil contas e ao bloqueamento de outras 2 mil. |
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Por uma nova economia mais humana |
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O Papa encerrou realizou este sábado uma visita de 11 horas à região italiana do Molise com apelos a uma nova economia, que respeite a dignidade das pessoas, reforçando a preocupação que mostrou com as consequências da atual crise. Perante milhares de pessoas reunidas na praça da Catedral de Isérnia, cerca de 180 quilómetros a sudeste de Roma, Francisco apresentou o “amor” como “força de purificação das consciências, força de renovação das relações sociais, força para a projeção de uma economia diferente, que coloca no centro a pessoa, o trabalho, a família, em vez do dinheiro e do lucro”. O último apontamento da viagem papal aconteceu depois de um encontro com doentes, na Catedral de Isérnia, e marcou a abertura do Ano Jubilar Celestiniano, no oitavo centenário do nascimento de São Celestino V, Pietro Angeleri da Morrone (1209-1296), monge que fundou a Ordem dos Celestinos e passou à história por renunciar voluntariamente ao papado após cinco meses de pontificado. A viagem tinha começado na Universidade do Molisse, na |
província de Campobasso, junto de centenas de alunos e profissionais do setor da indústria, diante dos quais o Papa apelou a um “pacto pelo trabalho”, em defesa da dignidade humana. “Podemos comer todos os dias – vamos à Cáritas, vamos a esta associação, ao clube, vamos lá e dão-nos de comer -, mas esse não é o problema, o problema é não levar o pão para casa. Isso é grave, fere a dignidade. O problema mais grave é a dignidade, por isso devemos trabalhar e defender a nossa dignidade, dada pelo trabalho”, declarou, de improviso. Francisco presidiu a uma Missa em Campobasso antes de almoçar com pobres, em instalações da Cáritas locais, de se encontrar com doentes e de visitar os detidos de uma prisão em Isérnia. |
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Fórum de Desenvolvimento Institucional da Cáritas Europa |
Contra tudo e contra todos |
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http://www.playagainstallodds.ca/
Já em pleno período de férias escolares para os mais novos, esta semana optamos por trazer para este espaço uma atividade virtual bastante lúdica. Against All Odds é um jogo online patrocionado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), tendo como objetivo primordial, o de sensibizar os utilizadores para o problema bastante actual dos refugiados no mundo. Destinado a crianças e jovens com idades superiores a sete anos, este jogo de acesso livre e gratuíto, convida o jogador a sentir o modo de vida de um cidadão refugiado. O jogo que actualmente ainda não conta com uma versão em português, dá a oportunidade do utilizador se poder colocar no papel de refugiado em três cenários completamente distintos e que tentam, mesmo de uma maneira virtual, aproximar ao máximo as vivências e os sentimentos pelos quais estas pessoas passam. O primeiro aponta para o típico cenário de “guerra e |
conflito” em que a personagem foge de uma perseguição. Neste espaço ficamos a perceber quais os direitos que todos devem ter (incluindo os refugiados). Temos acesso ainda a ligações com informações e números acerca deste tipo de conflitos, bem como maneiras de os evitar. Esta secção contém os perfis de pessoas que abandonaram as suas casas devido ao facto de enfrentarem perseguições políticas. O segundo cenário disponível revela as dificuldades do imigrante em conseguir asilo num país estrangeiro com uma língua e culturas completamente distintas da sua. Podemos aqui aprender o que é necessário para se ser considerado refugiado e ainda quais as diferentes opções que existem de refúgios seguros. Descobrimos pessoas famosas que também já viveram, em alguma fase da sua vida, como refugiados. O último cenário expõe a luta da personagem para se integrar numa nova sociedade, ao que normalmente designa: começar uma vida nova num novo país. Neste ambiente descobrimos |
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os métodos mais habituais que os refugiados aplicam para efectuarem a transição para a sua nova vida, no meio de novas pessoas e novos costumes. Contém ainda informações sobre a verdadeira origem da algumas coisas que utilizamos no nosso dia-a-dia para percebermos a diversidade cultural e étnica. Este jogo é uma ferramenta |
bastante educativa através da qual se aproxima o utilizador dos “desafios que diariamente milhões de pessoas no mundo, enfrentam”. Claramente um excelente recurso pedagógico e formativo dentro da temática abordada.
Fernando Cassola Marques |
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Raquel Dias fala em livro sobre a sua (re)conversão 20 anos depois |
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A igreja de São Julião da Barra, em Oeiras, vai acolher hoje a apresentação do livro “Renascer… do medo à confiança”, obra de Raquel Dias que fala do regresso à fé católica depois de um afastamento de 20 anos. Numa nota de imprensa enviada à Agência ECCLESIA pela Paulus Editora, responsável pela publicação do projeto, Raquel Dias sublinha que “este livro é um testemunho da sua caminhada desde que voltou à Igreja”. O ponto de viragem na sua vida deu-se “há dois anos e meio”, durante a “missa de profissão de fé de uma sobrinha”. A autora recorda sobretudo a homilia dessa eucaristia, que não fez “lembrar nada a imagem |
da Igreja” que tinha “de pequenina”, e que a fez afastar-se depois de fazer a “primeira comunhão”. Uma Igreja que era “muito centrada no pecado e não no amor”, realça Raquel Dias. Depois dessa experiência, a jovem começou a participar na eucaristia, depois inscreveu-se no “Curso Alpha”, um projeto de iniciação à fé cristã, e progressivamente abraçou mais “responsabilidades” na paróquia a que pertence, São Julião da Barra. Uma comunidade que a “acolheu de braços abertos”, a “ajudou a caminhar” na sua “conversão” e a descobrir “que nunca tinha deixado de acreditar, apenas tinha deixado |
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adormecer essa parte” de si. O livro foi também uma maneira de ultrapassar “a dificuldade” que Raquel tinha em rezar. “Como não sabia como falar” com Deus, começou “a escrever” e a obra começou a ganhar forma. Para o padre Nuno Westwood, pároco da comunidade local e que assina o prefácio da obra, o primeiro título de Raquel Dias mostra como Deus continua a desafiar as pessoas no mundo atual.
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Segundo o sacerdote, a autora percebeu o convite que lhe estava a ser feito e aceitou “escancarar as portas do coração a Cristo”, decidiu “arriscar”.
Durante a sua caminhada de (re)conversão, a jovem “pôde fazer a experiência do amor insondável de Deus na sua vida e foi constatando, lentamente, como, apesar dos seus medos, dúvidas e insucessos, Deus não deixou de a conduzir e amar”, conclui o padre Nuno Westwood. |
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II Concílio do Vaticano: Consagrado português acompanhou o fervilhar
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Depois de terminar o percurso no seminário e receber a ordenação presbiteral em 1960, o padre Américo M. Veiga, missionário redentorista, foi enviado para Roma dois anos depois. Chegou à capital italiana dois meses antes do início do II Concílio do Vaticano. Ao dar o seu testemunho na XXVII Semana de Estudos de Vida Consagrada, o padre Américo Veiga recordou que a “grande maioria ou a totalidade dos professores” da Academia de Moral dos Redentoristas, a funcionar na casa onde residia quando esteve em Roma, “eram consultores ou peritos do Concílio”. Em Roma, o fervilhar de debates, conferências, colóquios e testemunhos era constante. Para entender isto, basta recordar que a capital italiana acolheu cerca de 2500 bispos, “um significativo número de peritos do Concílio e ainda numerosos conselheiros ou consultores de cada bispo ou de grupos de bispos”, disse o padre redentorista e acrescenta: “Todos eles sentiam necessidade de desabafar e dizer qualquer coisa”. Na casa onde residia este missionário português, estavam hospedados uns “25 bispos redentoristas de todo o mundo”. Quando os estudantes redentoristas que ali viviam saiam para as diferentes universidades, os bispos conciliares diziam “com alguma graça: «Ide, que nós também vamos para a nossa |
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[referiam-se ao Concílio]»”. Segundo o testemunho deste missionário, esta assembleia magna “foi um autêntico, amplo e profundo curso de reciclagem”. Na sua comunicação aos participantes na Semana de Estudos de Vida Consagrada, o padre Américo Veiga recorda que “a grande maioria dos bispos conciliares estava à margem dos grandes debates que ali se realizavam e dos grandes voos teológicos que supunham”. A Igreja “teve a sorte e a graça” de possuir naquela época um número de teólogos “extraordinários” e um grupo de bispos, “reduzido é certo, mas muito bem preparado teologicamente, de grande abertura e experiência pastoral”. Para o padre Américo Veiga, o II Concílio do Vaticano foi “uma explosão de alegria” e o acontecimento mais marcante” da sua vida. E adianta: “Sempre inquieto e interrogativo, muito do que me tinham ensinado e aprendido não me convencia totalmente, nem me deixava tranquilo”. |
Passados 50 anos do início (11 de outubro de 1962) desta assembleia magna convocada pelo Papa João XXIII, o missionário português confessa: “Não me imagino sem o concílio nem quero imaginar o que seriam as relações da Igreja com o mundo sem o concílio”. Este acontecimento “foi a luz tão desejada e ardentemente procurada, a luz cheia de vida ao fundo do túnel para muitas interrogações que me dominavam”. Quando morre o Papa João XXIII (03 de junho de 1963) coloca-se o problema da sucessão e da continuação do concílio. O padre Américo Veiga recorda uma conversa entre o cardeal Cerejeira e o redentorista Bernhard Haring (especialista na área da Moral). Nesse diálogo, o cardeal português pergunta ao moralista quem eram os cardeais mais «papáveis». Na sua resposta, Bernhard Haring diz: “Os cardeais Lercaro, arcebispo de Bolonha, e Montini, arcebispo de Milão”. As previsões de Bernhard Haring estavam certas… LFS |
julho 2014 |
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2014-07-11* Coimbra - Reunião do Secretariado da Coordenação Pastoral
* Braga - Auditório Vita - Sessão do ciclo de cinema sobre «Visões Generativas do Humano».
* Braga - Famalicão - O projecto literário «Carmina» debate as interrogações de Deus na poesia com coordenação de Tolentino Mendonça e Pedro Mexia (11 e 12)
* Lisboa - Fundação Calouste Gulbenkian - Conferência sobre «Problemas Sociais Complexos - Desafios e Respostas» promovido pelo Instituto Padre António Vieira (11 e 12)
2014-07-12*Ilha d e São Miguel - Açores - Lançamento do livro «A Ilha e o Verbo – Dos Vulcões da Atlântida à Galáxia Digital» da autoria do cónego António Rego e Paulo Rocha
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* Braga - Sameiro - I Encontro de casais católicos da arquidiocese de Braga no Santuário do Sameiro promovida pelo CPMs
* Lamego - Tabuaço - Granjinha - Inauguração da Casa Daniel em honra ao poeta místico, Daniel Faria.
*Bragança - Igreja da Sé - Vigília de oração pelas vocações promovida pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil e Vocacional
* Braga - Auditório Vita - Sessão do ciclo «Música no claustro» * Porto - Igreja de Santo Ildefonso - Exposição de arte sacra na Igreja de Santo Ildefonso integrada nas comemorações dos 275 anos da igreja (12 a 20)
* Fátima - Museu de Arte Sacra e Etnologia - Exposição temporária «Rostos de Timor» composta por 24 fotografias da autoria de António Cotrim. (12 a 31 de agosto)
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* Fátima - O bispo auxiliar de Braga, D. Francisco Senra Coelho, preside à peregrinação de julho no Santuário de Fátima (12 e 13)
2014-07-13* Setúbal - Sé - Ordenações Sacerdotais
* Açores - Ordenações sacerdotais
* Coimbra - II BTT Solidário Cáritas Coimbra / Roda Pedaleira
* Braga - Póvoa do Varzim - Inauguração do restauro da Igreja de Beiriz (Póvoa do Varzim) pelo arcebispo de Braga.
* Açores - São Miguel (Igreja Matriz de Capelas) - Celebração dos 50 anos de sacerdócio do cónego António Rego e 50 anos de vida religiosa da irmã Alda Rego.
* Porto - Sé - Ordenações de quatro padres e cinco diáconos
* Santarém - Largo da Sé - Ordenações diaconais e sacerdotais |
* Leiria - Sé - Dedicação da Sé de Leiria e D. António Marto vai instituir no ministério de leitor e de acólito dois seminaristas de Leiria-Fátima.
* Fátima - Santuário de Fátima - Primeira sessão das Oficinas Musicais Criativas (OMC), um programa especial para meninos e meninas com idades entre os 10 e os 13 anos promovida pelo Santuário de Fátima.
2014-07-14
* Fátima - Seminário do Verbo Divino - A Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP) vai realizar, esta segunda-feira, em Fátima, a cerimónia de entrega dos Prémios Padre Nuno Burguete.
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- Vila Nova de Famalicão acolhe esta sexta e sábado (dias 11 e 12) o encontro «Carmina I – deus como interrogação na poesia portuguesa». Uma iniciativa coordenada pelo padre e poeta José Tolentino Mendonça e pelo escritor Pedro Mexia, a decorrer na Fundação Cupertino de Miranda com debates, mas também nas ruas da cidade onde vão ser lidos poemas. No final vai ser apresentada uma antologia poética «Verbo. Deus como interrogação na poesia portuguesa».
- A «Casa Daniel» vai ser inaugurada sábado, dia 12, em Granjinha, Tabuaço, na Diocese de Lamego. Um espaço de recolhimento e espiritualidade, baseado no monge e escritor Daniel Faria. Segundo a Associação Casa Daniel este será um local para promover a “cultura espiritual, fomentar a dimensão religiosa de poetas e artistas”, propondo ainda a reflexão sobre os “critérios de viver em sociedade”.
- Até ao dia 13 pode acompanhar as celebrações na cidade de Coimbra em honra da Rainha Santa Isabel, uma figura da história de Portugal associada à lenda da transformação do pão em rosas e destinatária de grande devoção. No último dia decorre a procissão Solene de Regresso, ou de louvor, quando a rainha Santa Isabel regressa ao Mosteiro de Santa Clara a Nova, um momento alto onde professores universitários e estudantes têm lugar de destaque.
- A Igreja em Portugal vai contar a partir de domingo com vários novos sacerdotes. Os candidatos vão ser ordenados nas dioceses de Bragança-Miranda, Porto, Santarém, Setúbal e Açores.
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h22
RTP2, 15h30
Terça-feira, dia 15 - Informação e apresentação da banda Missio; Quarta-feira, dia 16 - Informação e apresentação da Banda Jota; Quinta-feira, dia 17 - Informação e apresentação da banda Godstone; Sexta-feira, dia 18 - Apresentação da liturgia de domingo pela irmã Luísa Almendra e cónego António Rego.
Antena 1 Domingo, dia 13 de julho, 06h00 - Voluntariado Missionário: Catarina António apresenta os dados da Fundação Fé e Cooperação para 2014. Comentário à atualidade com Paula Martinho da Silva.
Segunda a sexta-feira, 22h45 - 14 a 18 de julho - Caminho vocacional: sacerdócio. Histórias de padres recem ordenados, P. Luis Miguel Taborda, arquidiocese de Évora, P. Jesus Ejocha, diocese do Algarve, P. Cláudio Silva, diocese do Porto, P. André Sequeira, diocese de Coimbra e P. Cristóvão Cunha, diocese de Viseu |
Por que motivo o domingo é importante?
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Ano A – 15.º domingo do Tempo Comum |
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Boa Terra Para A Semente Do Evangelho! |
O Evangelho deste 15.º Domingo do Tempo Comum apresenta-nos a bem conhecida parábola do semeador e da semente, sobre a importância e o significado da Palavra de Jesus. Temos consciência que a Palavra anunciada, proclamada, meditada, partilhada, celebrada, é a referência fundamental à volta da qual se constrói a vida da comunidade e dos crentes? Deixemo-nos interrogar pelas quatro situações apontadas. A semente que caiu em terrenos duros, de terra batida, faz-nos pensar em corações insensíveis, egoístas, orgulhosos, onde não há lugar para a Palavra de Jesus e para os valores do Reino. É a realidade de tantos homens e mulheres que veem no Evangelho um caminho para fracos e vencidos, e que preferem um caminho de independência e de autossuficiência, à margem de Deus e das suas propostas. A semente que caiu em sítios pedregosos, que brota nessa pequena camada de terra que aí há, mas que morre rapidamente por falta de raízes profundas, faz-nos pensar em corações inconstantes, capazes de se entusiasmarem com o Reino, mas incapazes de suportarem as contrariedades, as dificuldades, as perseguições. É a realidade de tantos homens e mulheres que veem em Jesus uma verdadeira proposta de salvação e que a ela aderem, mas que rapidamente perdem a coragem quando confrontados com a radicalidade do Evangelho. A semente que caiu entre os espinhos e que foi sufocada por eles faz-nos pensar em corações |
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materialistas, comodistas, instalados, para quem a proposta do Reino não é a prioridade fundamental. É a realidade de tantos homens e mulheres que, sem rejeitarem a proposta de Jesus (muitas vezes até são “muito religiosos” e têm “a sua fé”) fazem do dinheiro, do poder, da fama, do êxito profissional ou social o verdadeiro Deus a que tudo sacrificam. A semente que caiu em boa terra e que deu fruto abundante faz-nos pensar em corações sensíveis e bons, capazes de aderirem às propostas de Jesus e de embarcarem na aventura do Reino. É a realidade de tantos homens e mulheres que encontraram na proposta de Jesus um caminho de libertação |
e de vida plena e que, como Jesus, aceitam fazer da sua vida uma entrega a Deus e um dom aos homens.
Este último é o quadro ideal do verdadeiro discípulo. Nem sempre estamos situados neste último quadro. Mesmo navegando pelas quatro situações da parábola, procuremos sintonizar sobretudo com esta última.Que a Palavra, que germina e cresce no nosso coração, seja sempre o dinamismo que nos desafia a olhar a vida e os outros com entusiasmo solidário. Ou, no dizer do Papa Francisco, nunca nos cansemos de ser transformados pela alegria missionária do Evangelho.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Cristãos fogem de Mossul perante avanço de rebeldes jihadistasVidas sem futuro |
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A segunda maior cidade do Iraque já não tem cristãos. Fugiram perante a chegada de rebeldes jihadistas de um movimento radical que deseja impor a lei islâmica no país. Encurralados, estes cristãos precisam agora da nossa ajuda.
Desde que Mossul, a segunda cidade mais importante do país, caiu nas mãos dos homens de negro, os rebeldes jihadistas do ISIS, é em Al-Qosh que se concentram muitos dos cristãos que fugiram perante os primeiros tiros que ecoaram na cidade. Em menos de 48 horas, fugiram quase meio milhão de pessoas. Kalda Suleiman, tem 56 anos. É cristã, vivia em Mossul e também ela fugiu com a mãe e os três filhos. Agora estão abrigados num minúsculo quarto em Al-Qosh, aldeia que se transformou no último refúgio para a comunidade cristã. A aldeia está protegida por tropas curdas e isso transmite-lhes alguma sensação de segurança. Porém, nunca se sabe |
se também esta pequena aldeia vai ser atacada. Nunca se sabe como vai ser o futuro. Em muitos dos locais onde os Cristãos se têm abrigado, começa a faltar tudo: água, electricidade, alimentos, combustível, medicamentos, até roupa. Todos fugiram sem nada. “Ajuda de emergência” Em resposta a esta situação trágica, a Fundação AIS decidiu disponibilizar uma “ajuda de emergência” de 100 mil euros para os refugiados de Mossul. Em Al-Qosh e em aldeias próximas de Nínive, os Cristãos estão agora a viver em escolas, salas de catequese, casas abandonadas, em quartos que lhes são cedidos pela população local. Estes 100 mil euros são uma primeira ajuda para a sobrevivência imediata destes refugiados. E eles bem precisam de ajuda. Estão a ser expulsos das suas casas e querem submetê-los à força. Os Cristãos sabem o que os espera. Em Raqqa, na Síria, outra |
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cidade controlada pelos jihadistas, os Cristãos são agora cidadãos de segunda, obrigados a pagar um imposto para continuarem vivos, sem poderem exibir símbolos religiosos ou rezarem em público. Os que não o fizerem são considerados “alvos legítimos”. E todos sabem que eles não brincam com as palavras. Os Cristãos não têm milícias |
armadas que os defendam, nem pertencem a tribos, nem têm qualquer poder. Escorraçados, os Cristãos do Iraque precisam agora, mais do que nunca, da nossa ajuda, das nossas orações. O mundo não pode fazer de conta que não sabe o que está a acontecer. Paulo Aido | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt |
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Missão nas Ilhas Verdes |
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Tony Neves |
S. Tomé e Príncipe nasceu de muitas misturas: ali foram parar, ao longo dos séculos, pessoas idas de muitos lados, nem sempre pelas melhores razões. Foi terra de degredo para alguns, de castigo político para outros. São Ilhas Verdes, belíssimas, atravessadas pelo equador. Anos a fio, o povo viveu do muito que a terra e o mar oferecem, mas não houve um desenvolvimento tecnológico que atirasse as Ilhas para a linha da frente das economias modernas. Apostou-se no cacau, mas a pequena quantidade de produção não permitiu concorrência com países africanos continentais que podiam colocar o produto no mercado a preço bem mais baixo. E lá se foi o cacau… Outra aposta que parecia ter futuro é o Turismo. Sol com fartura, paisagens verdes de sonho, um mar quentinho e convidativo á praia a e desportos…que mais queria S. Tomé e Príncipe para se lançar no mercado do Turismo? Houve tentativas que falharam, há esforços em curso para colocar o país na rota do turismo do sol, mas a falta de concorrência nas viagens aéreas torna tudo caro demais… A nível de saúde, o ambiente equatorial é propício a doenças difíceis de combater e erradicar. Refiro-me, por exemplo, á malária. No início do milénio, eram arrasadoras as estatísticas sobre mortes e hospitalizações em S. Tomé provocadas pela picada do |
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mosquito que se tornara o animal mais feroz do país. Houve um esforço grande do combate ao mosquito e a malária quase que foi anulada. A Igreja é a instituição mais credível. D. Manuel António Santos, o Bispo, é uma figura respeitada. As Paróquias e instituições sociais prestam um grande apoio às populações pobres que sofrem na pele a falta de muitas coisas essenciais cujo abastecimento nos mercados locais é complicado, tornando tudo muito caro para os bolsos vazios do povo. Nos últimos anos, a situação política e social está mais calma. Mas, após um complicado período |
de marxismo-leninismo de partido único, houve tempos de bastante convulsão política que até incluíram golpes de estado. Num país pobre, este tipo de situações ainda agravam mais a vida do povo. A Igreja, sobretudo através do seu Bispo, primeiro D. Abílio Ribas e agora D. Manuel António, sempre foi a instituição mais credível, sempre chamada a intervir nas horas difíceis da vida das populações. A celebração da independência é sempre um excelente pretexto para avaliar o caminho feito e rasgar novos horizontes ao futuro. Desejo a S. Tomé e Príncipe e ao seu povo as melhores felicidades com votos de muita paz e progresso social. |
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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Tempo de verão nas Misericórdias |
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Manuel de Lemos Presidente da União das Misericórdias Portuguesas |
O verão é para muitos um sinónimo de férias, lazer e viagens. Viagens que são muitas vezes oportunidades únicas de visitarmos locais que sempre desejámos conhecer, seja pela sua história, pelas suas praias paradisíacas ou riqueza natural. O período estival convida muitas vezes a um regresso às origens e aos locais que marcaram a nossa infância. Nesse reencontro com a nossa própria história relembramos o conforto da família, que nem sempre está perto durante o ano. Para as Misericórdias as férias são também um sinónimo de desafios acrescidos. Contrariamente a outras áreas, que encerram ou reduzem a sua atividade neste período do ano, as Misericórdias dinamizam um maior número de iniciativas com os idosos, jovens, crianças e deficientes que encontram nestas instituições a sua primeira ou segunda casa. As férias são uma conquista civilizacional relativamente recente a que todos têm direito. Como tal, torna-se particularmente exigente para as Santas Casas conciliar as férias merecidas dos seus trabalhadores com as necessidades diárias dos seus utentes. Para além das rotinas que marcam o dia-a-dia destas instituições, as Misericórdias aproveitam os dias de verão para organizar idas à praia e passeios ao ar-livre, entre muitas outras atividades que tanta alegria trazem a pequenos e graúdos. |
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Tudo isto só é possível graças ao esforço dos profissionais que trabalham nas Misericórdias e se dedicam de corpo e alma à missão destas instituições. Acresce ainda que o turismo interno traz um crescente número de cidadãos a visitar as rotas turísticas nas quais as Misericórdias se integram com o seu vasto património. De norte a sul do país, as Misericórdias têm igrejas, museus, teatros e praças de touros, que são uma marca da sua identidade. Também por esta razão, é pedido um maior esforço aos colaboradores das Santas Casas, sempre disponíveis |
para responder aos desafios lançados. É nesta dualidade de férias/trabalho que as Misericórdias vivem esta altura do ano. Por um lado, dando aos seus colaboradores o merecido descanso pelo trabalho que desenvolveram durante o ano. Por outro lado, envolvendo os idosos, crianças, deficientes e jovens em momentos de lazer e descontração, a que o bom tempo convida. As Misericórdias fazem tudo isto, sem nunca desvirtuar a sua missão e o seu propósito de bem-servir quem mais precisa. |
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Assim como o mandamento «não matar» põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer «não a uma economia da exclusão e da desigualdade social». Esta economia mata. Não é possível que a morte por enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o facto de se lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade social. (Evangelii gaudium, 53) |
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