04 - Editorial:

   Cónego João Aguiar

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

     Paulo Rocha

    D. Manuel Clemente

30 - Dossier

   Sínodo da Família

 

46 - Internacional

52 - Multimédia

54 - Estante

56 -  Vaticano II

58 -  Agenda

60 - Por estes dias

62 - Programação Religiosa

64 - Liturgia

66 - Fundação AIS

68 - Lusofonias

 

 

Foto da capa: DR

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 


AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.
Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes
Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais 
Diretor: Cónego João Aguiar Campos
Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.
Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D
1885-076 MOSCAVIDE.
Tel.: 218855472; Fax: 218855473.
agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opinião

 

 

 

 

Olhos postos no Sínodo da Família

[ver+]

 

 

 

 

 

Pelo direito ao trabalho

[ver+]

 

 

 

 

 

 

Salário Mínimo e apoio às famílias

[ver+]

 

 

 

 

 

João Aguiar | D. Antonino Dias

Fernando Cassola Marques |Manuel Barbosa | Tony Neves

 

Coragem e ponderação

João Aguiar Campos

Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

 

Desde o próximo domingo até ao dia 19 deste mês de outubro decorre, no Vaticano, a primeira etapa do Sínodo dedicado à família. Trata-se, por agora, de “recolher testemunhos e propostas dos Bispos para anunciar e viver de maneira fidedigna o Evangelho para a família”; a segunda, destinada a “procurar linhas de acção para a pastoral da pessoa humana e da família”, cumprir-se-á no próximo ano (2015).

Quer isto dizer que a pressa de quem pretende respostas imediatas para diversos e exigentes desafios ou problemas não será tão cedo satisfeita – sem que isso signifique, porém, descuido da Igreja ou menor sentido da importância das questões. Nada disso; pois o interesse é grande, como o próprio documento preparatório confessa, ao considerar a reflexão “necessária”, “urgente” e “indispensável”…

O clima que se tem vivido desde que o sínodo foi convocado demonstra, entretanto, a necessidade de debates corajosos, profundos e serenos. Debates que, sem desprezo pelos media ou sensibilidades internas e externas à própria Igreja, vão mais além das suas agendas e prioridades – sendo que devem ser travados na caridade. Quero com isto dizer: caridade na verdade e na misericórdia!... Ou não é a caridade um caminho que “ultrapassa todos os outros”, como mostra Paulo na I Carta aos Coríntios?

Reduzir a importância destes dias à resposta a três ou quatro questões é empobrecedor. Porque significa menor interesse pela identidade e importância da família na Igreja e na sociedade, 

 

desvalorizando a sua dimensão de núcleo vital da sociedade e da comunidade eclesial. Os temas a discutir vão, de facto, mais longe – abrangendo as condicionantes socioeconómicas, as evoluções culturais e as dificuldades e complexidades que a família enfrenta em cada país ou região. Ora, um debate deste género não se faz sem tempo, sem coragem, sem ponderação e sem rigor. É que, as “problemáticas até há poucos anos inéditas” não são mera alergia que uma pomada vulgar possa tratar; simultaneamente, não podem arriscar o erro médico de quem, na pressa, opera o membro são…

Neste contexto, atrevo-me a desejar que o cuidadoso e carinhoso tratamento das feridas que afectam tantas famílias não descure a

 

prevenção: esclarecimento sério, preparação adequada, acompanhamento constante. O que, por certo, reivindica mais formação e menos folclore; e terá como frutos a coerência. A este propósito julgo útil citar palavras de Dom Orani João Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro: “A formação constante e minuciosa, seja bíblica teológica, espiritual, humana existencial para os católicos é fundamental. Sabemos que a maioria no máximo vai à missa. Poucos participam de grupos de reflexão. E muito poucos ainda vão a conferências ou cursos de teologia. (…) Temos de descobrir outras maneiras para disseminar o conhecimento. Além do conhecimento, sabemos também que é preciso testemunhar com a própria vida”.

Sabemos?... Já não é mau…

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

Manifestantes nas ruas de Hong Kong, multidões de manifestantes a favor da democracia CARLOS BARRIA / REUTERS

 

 

 

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Pedro Passos Coelho deve encarar os resultados no PS como um aviso sério e que, por isso, é necessário remodelar o Governo. «Agora também é um problema para Passos Coelho: acabou-se a papa doce em termos de líder da oposição.

TVI24


Por Portugal inteiro, amontoam-se processos judiciais pelo chão ou por qualquer espaço disponível, os tribunais transformaram-se em edifícios sem vivalma a perturbar a sua antiga solenidade, os julgamentos são adiados, a tramitação está bloqueada e apenas actos urgentes são realizados com gravação de prova em aparelhos pessoais de duvidosa qualidade, as novas acções são distribuídas electronicamente sem qualquer tipo de rasto na sua maioria, qual o fim deste pesadelo?
Honestamente, ninguém sabe.
PEDRO TENREIRO BISCAIA 02/10/2014 Público

 

 

 

 

 
 

Está por apurar o acidente de Odessa, onde morreram dezenas de pessoas. Moscovo apressou-se a acusar os “nazis” ucranianos, mas Piotr Poroshenko, Presidente da Ucrânia, diz que a investigação do crime está a ser feita, mas aponta o dedo ao lado contrário, acusando-o de dar refúgio aos alegados autores do crime.
Estamos pois perante mais uma página negra na história da Europa que deve ser esclarecida, para que a culpa não volte a morrer solteira e os princípios europeus não saiam comprometidos.
Por isso, parece ter chegado a hora da criação de um Tribunal Penal Internacional para a Ucrânia.
José Milhazes - in Observador - 1/10/2014


"O Estado Social não pode ser considerado uma variável dependente dos mercados financeiros ou monetários"
Papa Francisco - audiência com os participantes na assembleia plenária do Conselho Pontifício Justiça e Paz

 
 

 

Aumento do salário mínimo
e incentivos à família

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana alertou para a necessidade de políticas que protejam mais as famílias e considerou “uma boa medida” o aumento do salário mínimo nacional, apesar de ser “pouco”. “Perante a situação social que vivemos no nosso país, penso poder definir esta medida como boa, uma vez que vai ao encontro dos que trabalhando terão direito a poder usufruir um pouco mais do seu trabalho”, comentou D. Jorge Ortiga.

À Agência ECCLESIA, o arcebispo de Braga reforça que a atual situação social “é muito exigente”, com necessidades variadíssimas desde pessoais a familiares, e uma subida de 20 euros que “à partida é, de facto, muito pouco" acaba por ser "uma boa medida”.

O prelado reconhece também que este aumento, que abrange meio milhão de trabalhadores até ao fim de 2015, significa para as entidades patronais “muito, é um esforço” e deseja que as empresas não se ressintam com “hipotéticas falências”, 

 

mas que criem “dinamismo para aumentar um pouco mais” os salários em Portugal, para “uma maior igualdade salarial”.

D. Jorge Ortiga, que falou à Agência ECCLESIA no final da primeira reunião da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana no novo ano pastoral, sublinhou que gostaria que o Orçamento de Estado 2015 “não olhasse simplesmente para as estruturas materiais que se poderão construir ou restaurar” mas tivesse visão mais “personalista”, que reconheça “a pessoa, a sua dignidade”.

Mesmo “não” sendo “perito em economia nem em Orçamento de Estado”, o arcebispo minhoto pretende uma maior “dimensão social” na defesa dos mais pobres e carenciados, na educação, onde é “absolutamente necessária uma transformação de critérios”, e da família, em concreto nos dois extremos, “a natalidade que precisa de ser apoiada e a terceira idade”.

“É necessário propor o que é a família, que precisa de ser repensada e deve ser sublinhando o valor

 
 

 

 

 

 

 

 

 que tem. A Igreja Católica refere que é essencialmente uma comunidade de amor que se deve orientar para a procriação, quando os pais reconhecerem isso”, desenvolve o entrevistado, que defende “esta nova mentalidade onde todos são considerados”.

 

 
 

Nesse sentido, D. Jorge Ortiga frisa que a Igreja, na linha do Evangelho, vai continuar a “ter uma atitude de muita atenção” à vida concreta dos portugueses, e defende uma dupla atitude “fundamental” de caridade e denúncia.

 

 

 

Mês de outubro desafia
à paixão pela missão

As Obras Missionárias Pontifícias convidam as comunidades católicas em Portugal a fazerem deste mês uma oportunidade para reforçarem a sua presença e ação na sociedade. Inspirado na exortação apostólica “A alegria do Evangelho”, o guião deste ano recorda que “primeirar, ou seja, tomar a iniciativa, deve ser uma das imagens de marca dos missionários hoje”.

“Nós somos convidados por Francisco (e, antes dele, por Cristo) a sermos ‘Igreja em saída’, na rua, a partilhar a sorte a má sorte de todos, sobretudo dos pobres, mesmo sujando as mãos”, salienta o documento, enviado à Agência ECCLESIA.

O guião tem como tema “Missão: uma paixão por Jesus e por todos” e apresenta em destaque a mensagem do Papa para o 88.º Dia Mundial das Missões, que este ano vai ser assinalado a 19 de outubro.

Para o presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização, que também participou na elaboração do guião, Portugal e a Europa precisam de pessoas que, tal como nos primeiros tempos do cristianismo 

 

 

 

 

e da época dos Descobrimentos, saibam “abalançar-se” na propagação da Palavra de Deus e dos seus valores.

“Primeiro está a obra missionária e só depois é que vêm as estruturas de cristandade. Não o contrário. Se os Apóstolos se propusessem começar por criar as estruturas ‘indispensáveis’ em Jerusalém, ainda hoje não teriam de lá saído”, sublinha D. Manuel Linda.

O padre António Fernandes, presidente dos Institutos Missionários Ad Gentes, alerta que nenhum missionário “anuncia o seu projeto, a sua perspetiva ou os seus sonhos”. “Por mais belos e atraentes que possam ser, não possuem a riqueza e a profundidade do projeto de Deus”, aponta aquele responsável.

 

 

 

 

 

Media e cultura do encontro

As Jornadas Nacionais de Comunicação Social da Igreja Católica decorreram entre 25 e 26 de setembro, em Fátima, com apelos a uma vivência mais efetiva da “cultura do encontro” entre os diversos meios informativos do setor.

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. Pio Alves, salientou que atualmente “os recursos nas dioceses são mais do que muitos”, no entanto muitas vezes ainda subsiste a tendência do cada um por si, do “cada um à procura da sua peça”. Presente no evento anual, o diretor do Centro Televisivo do Vaticano (CTV) disse que a instituição tem o desafio de “construir relatos visíveis” segundo “a lógica do encontro, da proximidade” do Papa Francisco. “O diálogo é feito por pessoas diferentes, que interagem”, sublinhou monsenhor Dario Viganò, durante a conferência conclusiva das jornadas dedicadas ao tema ‘Uma Rede de pessoas’.

O responsável, especializado na área do Cinema, recordou que “contar através de imagens”, é muito diferente do que contar por palavras, 

 

 

um trabalho que no caso do CTV tem o desafio suplementar de ter no centro o Papa, “alguém que não está interessado, de todo”, nas lógicas mediáticas.

Carmo Rodeia, jornalista do sítio 'Igreja Açores', David Dinis, diretor do jornal digital Observador e Eduardo Cintra Torres, jornalista e professor universitário analisaram o primeiro tema em debate, 'Jornalismo descartável: consequências empresariais e profissionais'. A temática 'Media e cultura de encontro' foi apresentada por Felix Lungu, da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, pelo padre Tiago Freitas, diretor do Departamento de Comunicações Sociais da Arquidiocese de Braga, e o provincial dos Missionários Combonianos, padre José Vieira.

 

 

 

 

A Igreja Católica em Portugal celebra até domingo a Semana Nacional da Educação Cristã, com o tema ‘Educar na Alegria da Fé'. A ECCLESIA tem acompanhado a iniciativa com várias notícias, nos últimos dias, sempre atualizadas em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa envia mensagem e bênção aos participantes na Caminhada pela Vida 2014

 

 

 

Jornadas Nacionais de Comunicação Social

 

Semana de… ECCLESIA

Paulo Rocha

Agência ECCLESIA

 

Terei de pedir desculpa por falar de causas próprias. Mas os acontecimentos da última semana levam a essa opção.

Decorreram em Fátima as Jornadas de Comunicação Social, promovidas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais. A mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais inspirou o debate, que analisou os media como “uma rede de pessoas”, no que tem de precária por causa das circunstâncias empresariais da atualidade, e de desafio pelos relatos de lugares distantes que provocam ondas de solidariedade para povos e culturas do outro lado do mundo.

Este ano, as Jornadas incluíram uma Mostra Multimédia, um espaço M&M. Tratou-se de uma possibilidade de efetivar essa “rede de pessoas”, de partilhar o que se faz, as publicações que existem e os projetos que promovem a comunicação da dimensão religiosa na pessoa. Foi um espaço simples, de mostras e de diálogos

 

 

 

 

 que – acredito – contribuiu para aproximar pessoas e projetos e acentua o necessário trabalho em rede.

É nestas afirmações que o juízo produzido pode não ter a distância suficiente para manter níveis de imparcialidade necessários. Mas deixando a casa própria para o cartaz destas páginas, permitam que diga, de memória, o que por lá se viu: Apostolado de Oração, Itcode, Paulinas, Paulus, Renascença… Outros tantos poderiam estar, como Dupla Design, Peakit, Princípia, Salesianos, Terra das Ideias, e muitas mais editoras, gráficas, rádios ou iniciativas empresariais ligadas a paróquias, congregações religiosas ou movimentos que assumem a prioridade da comunicação em rede (esperamos que a M&M chegue a todos nas próximas edições das

 

Jornadas de Comunicação Social).

Acredito mais no que se pode acrescentar, por pouco que seja, ao que já se faz, do que na espera por planeamentos ideais, que permitam fazer tudo de uma só vez… Nunca será assim. Tudo acontece num processo, em etapas, em caminho que só se faz caminhando.

A Ecclesia quer dar passos nesse itinerário e – felizmente – os passos são cada vez mais dados em conjunto! 

 

 

Família: Consentimento matrimonial
tem de ser entendido na «complexidade
do ser humano»

 

D. Manuel Clemente analisa o alcance do Sínodo dos Bispos sobre a Família e rejeita a possibilidade de um “divórcio católico”

 

Agência Ecclesia – Que expectativas tem para esta primeira fase do Sínodo dos Bispos sobre a família, que decorre entre os dias 5 e 19 de outubro?

D. Manuel Clemente - Partilho das expetativas da Igreja e até de muita gente além da Igreja. Esta assembleia sinodal extraordinária vem na peugada de uma reflexão feita por muitíssima gente, centenas de milhares de pessoas, no âmbito do inquérito preparatório, traduzido em muitas respostas de pessoas de Igreja, algumas que não se manifestam como católicas, mas interessadas. Com todas as respostas fez-se uma enorme quantidade de questionamentos, perguntas, observações e sugestões que depois foram trabalhadas pela comissão do sínodo e se traduziram no Documento de Trabalho, sobre o qual nos vamos debruçar. Durante 15 dias, os representantes de todas as Conferências Episcopais, Institutos Religiosos, laicado e casais, de Vida

 

Religiosa vamos pronunciar-nos sobre esses temas, mas não de forma definitiva. Esta assembleia extraordinária é preparatória e introdutória de uma outra assembleia do sínodo, daqui a um ano, que vai elaborar um documento para deixar nas mãos do Papa.

É um processo em curso, envolve expetativas e reflexões de muita gente, sobretudo de Igreja, e sobre uma problemática que é completamente transversal: a questão familiar.

 

AE – Acontece 30 anos após o último pronunciamento da Igreja sobre a família, quando foi publicada a Exortação Apostólica Familiaris Consortio…

MC – Que também foi fruto de uma assembleia sinodal e que ainda hoje continua a ser um documento muito interessante porque é muito abrangente: vai desde a consideração do que é a realidade familiar, à luz 

 

 D. António Carrilho, bispo do Funchal

 

 

 

 

 

 

 

   
 

 

 

da tradição bíblica que é a nossa e que é coincidente com uma tradição humana muito lata, mas que depois começa na formação para o matrimónio, nas casas dos pais, escolas de filhos, nas igrejas, catequeses, adolescência, namoro, casamento, acompanhamento do matrimónio. A Familiaris Consortio em muitas das suas observações é um documento muito atual.

 

Sociedade em mudança

AE – O que é novo a exigir uma nova reflexão sobre estas questões?

MC - Creio que é a dimensão da problemática familiar, na atualidade. A família, nomeadamente na Europa, assentava numa base social, tradicional muito forte e até muito assegurada pelas instituições públicas. Em Portugal concretamente  a tradição católica tinha um peso muito forte na construção das famílias. Mesmo que algumas não fossem católicas, havia um conjunto de princípios acerca da família - marido, mulher, pais, filhos, estável - que a sociedade prezava e o Estado também, como sociedade estável. E a própria legislação acontecia em função desses princípios.

Hoje o quadro mudou muito. Em Portugal e noutros países europeus, já nem há um consenso tão absoluto

 
sobre o que é a família (ao falar em família estamos a falar de quê?), a lei inclui a muitas situações que, na nossa opinião, contradizem o que entendemos como família, as próprias instituições estatais, o direito e os tribunais que, quando há apelo a eles, não vão sempre na linha da manutenção do vínculo familiar (às vezes até parece bem pelo contrário), a própria educação, nas escolas, nos ambientes, nos media… Estamos diante de um conjunto de questões que dão uma grande acuidade e esta temática e eu só posso louvar o Papa por as ter encarado de frente e feito com que a Igreja, a este nível romano do Sínodo dos Bispos e envolvendo muitas pessoas com a consulta feita a tanta gente, leve o debate por diante!

 

AE – Estaremos diante de tendências que acentuam distâncias entre os valores propostos pela Igreja para a família e as tendências sociais e culturais para esse ambiente?

MC – Temos de alargar o horizonte. Nas respostas ao inquérito, encontramos as da Europa que posso resumir no que estava a dizer, incluindo também parte da América do Norte, mas se vamos para a América Latina já encontramos outras respostas e sensibilidades, 

 

 

 

 

 

 

como Em África ou na Ásia. Por vezes com uma diferença de 20 para 80%, num sentido ou noutro, na resposta á mesma questão. Não suponhamos que agora na assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos ou na do próximo ano vá preponderar a sensibilidade europeia, porque a Igreja é católica!

 

AE – É possível uma reflexão única para todos esses contextos?

MC – É possível e necessária, sabendo que o sujeito do sínodo é a Igreja Católica, radicando nela a proposta que temos a fazer, no pensamento da Igreja, a tradição bíblica e 

 

 

 

concretamente a proposta de Jesus Cristo sobre o matrimónio que mais clara não poderia ser.

 

AE – O documento de trabalho do Sínodo dos Bispos inclui referências ao positivismo jurídico ou à ética baseada no indivíduo. O que é possível propor tendo em conta estas tendências?

MC – Temos de retomar aquilo que está na Familiares Consortio, há 30 anos: entender a problemática conjugal dentro da familiar; e a familiar dentro de uma problemática da sociedade a refazer, no seu primeiro núcleo que é a família.

 

 

 

 

AE – A fazer ou a “desfazer”?

MC – A refazer porque ela é pouco sociedade. Nós já tivemos uma sociedade que o era “obrigatoriamente”. No contexto em que eu nasci, na primeira metade do século passado, a maior parte dos concidadãos deste país vivia em instâncias sociais asseguradas, onde as pessoas estavam muito interdependente, nas aldeias e as próprias cidades. A sociabilidade era quase imposta e impossível de contornar. Hoje em dia, sobretudo  nos núcleos urbanos, e em tempos de mais desafogo económico, não os de hoje, mas o que parecia vivermos ontem e anteontem,

 

 

Nós somos mediaticamente próximos, virtualmente próximos, mas muito pouco fraternos

 

houve muito mais possibilidade de viver se viver individualmente, sem uma vinculação tão óbvia e tão estrita. Assim, nas sociedade ditas desenvolvidas, muita gente passou a viver como se só o próprio indivíduo existisse. E aquilo fosse o seu gosto ou desgosto, individualmente tomados e nas diversas fases da vida ou ocasiões de existência. Isto levantou um problema

 

 

 

 

 

social tremendo que é aquilo que o Papa Francisco, com uma grande clareza na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho” apresenta como a crise da sociedade, da solidariedade. Nós somos mediaticamente próximos, virtualmente próximos, mas muito pouco irmãos, fraternos.

Há uma problemática que se revela negativamente na família, mas que é social. Por isso, noutras áreas da humanidade onde esta questão não é assim, onde a individualização não foi tão longe, as respostas são outras no sentido de manutenção e reforço dos vínculos familiares.

 

AE – Que consequências poderá ter as incursões na ideologia do género e as transformações que se querem operar?

MC - Trata exatamente de uma ideologia.

O que aconteceu foi que, há meio seculo para cá, o que se chama de ideologia do género e que a Conferência Episcopal dedicou um documento com clareza mediana, há uns meses, e que interessa retomar, substituiu-se o que era tido como natural. Espontaneamente as pessoas nasciam, no masculino ou no feminino, e isso definia-as como homens ou mulheres. De há uns 50 anos a esta parte, um outro tipo 

 

de reflexão e proposta, a da ideologia do género, diz que o masculino e feminino são sobretudo questões culturais: nós nascemos de uma maneira mais ou menos “alargada” e que depois assumimos ou escolhemos ser mais masculino ou feminino como uma escolha cultural e não como um dado de natureza que se tenha de respeitar.

A assunção plena da masculinidade ou feminilidade, começando por um dado espontâneo e natural - nascemos assim fisiologicamente - também envolve uma aprendizagem: viver a humanidade no masculino ou no feminino, o que depende também de fatores externos, culturais. Mas é o valor. E o valor é que sejamos a totalidade do que somos, masculino ou feminino, coincidindo afeto e fisiologia. O ideal é que tudo isto se conjugue numa humanidade no masculino e no feminino, que tem na complementaridade a raiz da sua fecundidade e criatividade. É um bem!

 

 
Eu comungo se estiver em comunhão para acrescentar a comunhão
 

 

 

AE – Estaremos diante de algo episódico ou tendências sociais?

MC – Em causa está o que já foi referido: a individualização da existência e dos percursos, onde as  pessoas sentem que a vida é uma escolha global onde cada um julga que pode ser o que quiser e o contrário também e muita coisa ao mesmo tempo e depois logo se vê conforme apetecer.

Isto como ideal para a humanidade levanta muitas questões…

 

Igreja Católica e família

AE – Fixemo-nos em questões mais pastorais, na relação da Igreja com a família. Que relação é necessário estabelecer entre matrimónio, reconciliação e eucaristia, três sacramentos?

MC – Trata-se do que São Paulo, um dos autores cristãos mais determinantes e a recuperar aqui, chama a vida em Cristo.

Poderíamos pensar que os sacramentos são atos religiosos que fazemos porque os nossos pais quiseram, no caso do Batismo, crescemos e nos inserimos num grupo onde todos fazem o Crisma, vamos 

 

à missa e porque não comungar ou quando sentimos que a graça tem de “estar em dia” reconciliamo-nos. Assim entendidos, os sacramentos são atos. E casar na Igreja é mais um ato sacramental!

Estes atos valem dentro da realidade que são Paulo refere como “vida em Cristo”. Trata-se de uma vida que na sua globalidade tem de coincidir com o que Cristo nos propõe. Não são atos desgarrados. Eu comungar Cristo significa não apenas o ato da Eucaristia, mas o que Ele também me traz de relacionamento com os irmãos na comunidade cristã que toda junta é o Corpo de Cristo e com os compromissos que assumi e da maneira como os levo. Eu comungo se estiver em comunhão para acrescentar a comunhão. Se eu tenho na minha vida uma rutura grave, concretamente no campo do matrimonio com outra pessoa que deixei ou em relação à qual não respeito um compromisso que assumi com ela, como posso comungar a Cristo se não comungo naquele outro sacramento do Matrimónio que deixei?

 

 

 

 

A Igreja pode verificar e cada vez verifica mais - ainda agora o Papa nomeou uma comissão para ver isso em mais detalhe - se efetivamente aquele ato sacramental aconteceu.

 

AE – O que espera do estudo da comissão nomeada pelo Papa para analisar o processo matrimonial canónico?

MC – Que vá nesse sentido… Temos considerar que a minha liberdade e responsabilidade têm vinculações 

 

sociais e culturais muito fortes. Temos de preencher mais o facto de um homem e uma mulher, em estado ideal e naquele momento, terem dito determinadas palavras que os comprometeram para toda a vida, com aquilo que foi e é a sua circunstância, a sua humanidade vivida, o seu percurso, as contingências socioculturais. Temos cada vez mais de ter em conta aquilo que é a complexidade do seu humano. 

 
 
 

 

 

AE – Também para a análise destes processos canónicos do matrimónio

MC – Também. E está-se a ir nesse sentido, tendo de se alargar.

Não está em causa o ideal que Cristo propõe, concretamente na passagem evangélica em alguns fariseus vêm ter com Cristo e perguntam “O homem pode abandonar a sua mulher?”, acrescentando depois que Moisés permitiu Moisés que se se passasse um certificado de divórcio. Cristo lembra-lhes que Moisés permitiu isso “por causa da dureza do vosso coração”, mas “ao princípio não era assim” (Mateus, 19 3-9).

O princípio não é tanto uma questão cronológica, mas a intenção divina como Jesus a toma e a revela. No princípio o homem e a mulher passam a formar como se fossem um só, na linguagem judaica “uma só carne”. Este é que é o princípio e não pode estar em causa. Mas dureza de coração é que se calhar continua. Nós somos assim tão fáceis e maleáveis para aderir sem mais a esse princípio. Há, por isso, um processo de crescimento para e no  matrimónio e temos de considerar todos estes fatores quando olhamos para o matrimónio cristão como base 

 

da família sacramental, que não pode estar desligada da “vida em Cristo”, uma globalidade em que cada ato sacramental tem de coincidir com os outros.

 

AE - Na última semana, falando com um auditor do Tribunal da Rota Romana, dizia que esta comissão pode levar à remoção de alguns “escolhos normativos”…

MC - Eu acentuo antes o que estava a afirmar. Ou seja, considerar a complexidade do ser humano, que hoje temos mais em conta do que noutras épocas, onde pela própria ordem social das coisas – não digo ordem natural - tudo era mais claro e não podia haver alternativas.

 

AE – O que pode tornar mais “fácil” a análise destes processos?

MC – Lembro um documento do Concílio Vaticano II, que foi dos mais importantes de há 50 anos: a declaração sobre a liberdade religiosa. Havia um problema para resolver e não se sabia como, desde o Século XI: a liberdade de consciência. Havia pronunciamentos muito claros do magistério e a problemática formulava-se assim: eu 

 
 

 

 

 

 

 

sou livre para aderir ou não à verdade, sendo a verdade uma coisa objetiva? Outros punham a questão nestes termos: Será que o erro tem direitos? Como posso ter liberdade de consciência diante da verdade, que é objetiva, não uma escolha minha, mas divinamente assegurada?

O Concílio Vaticano II resolveu a questão afirmando que os direitos e as liberdades conjugam-se na pessoa. É o próprio Deus o Criador de cada pessoa, com uma subjetividade, que a pouco e pouco vai assumindo a verdade que lhe é apresentada, num percurso que às vezes inclui erros, mas que tem de ser respeitado. A liberdade de consciência não põe 

 

em causa a objetividade da verdade, mas refere-se àquele percurso humano que todos nós, a pouco e pouco, nos vamos abeirando dessa verdade porque o próprio Deus nos queria assim. Também faz parte da verdade cada um de nós fazer um percurso para a verdade e não podemos ser forçados. Isto foi um enorme salto qualitativo do Concílio Vaticano II e permitiu desbloquear uma questão com 200 anos.

Creio que estas reflexões, que se conjugam naquilo que é o ser humano e na sua capacidade de aderir à verdade, no caso do matrimónio, também devem ser retomadas.

 

 

 

 

AE – Concretamente, qual a sua opinião sobre o acolhimento dos casais recasados, com a possibilidade de acesso aos sacramentos nas condições em que o Cardeal Kasper formula?

MC – O acolhimento sempre porque fazem parte da vida da Igreja. Agora se podem ou não voltar à Eucaristia após um processo penitencial, como diz o cardeal Kasper e lembra o documento preparatório do Sínodo lembrando algumas Igrejas católicas do Oriente, vamos considerar! O mais importante é considerar a complexidade humana que hoje em dia se vê mais como itinerário, como percurso, do que como ato decisivo que se resume no momento.

Vamos ver, vamos ver, com calma!

 

AE – As comunidades crentes podem estar recetivas a essas mudanças?

MC – É natural! Estas coisas não passam de um momento para o outro. O documento sobre a Liberdade Religiosa do Concílio Vaticano II foi dos mais difíceis de acertar, sempre empurrado para a última sessão para ver se convencia mais gente. Ainda assim teve muitos votos não.

Vamos ver. Com tempo e com calma!

 

 

 

 

 

AE – Acha que, até por comparação às expectativas que se tinham na altura para o Concílio Vaticano II, o Sínodo será normativo ou pastoral?

MC - Eu acho que é uma distinção excessiva. O atual Código de Direito Canónico, por exemplo, que verte muitas das orientações do Concílio Vaticano II, é pastoral e jurídico porque o jurídico é uma dimensão do ser humano e das sociedades. Em nenhuma sociedade há ausência de normatividade. Agora se é para o bem das pessoas já é pastoral!

 

AE – A realização deste Sínodo pode significar uma transformação da própria instituição sinodal: mais do a reunião da Assembleia Sinodal, considerar a Igreja em estado permanente de sinodalidade?

MC – É interessante essa nota. Temos de assumir a condição sinodal da Igreja. Estou muito grato ao papa Francisco por ter levado isto em diante.

 

AE – O que pode acontecer entre meados de outubro de 2014 e outubro de 2015?

MC – Eu creio que vai acontecendo.

O Sínodo dos Bispos foi um pedido do Concilio aos papas, concretamente ao Paulo VI, que ele levou por diante. O 

 

 

Sínodo dos Bispos é uma realidade contínua. Há, em determinado ano, uma Assembleia Sinodal, mas o sínodo é uma realidade permanente que tem sempre um secretariado permanente, que é eleito de sessão em sessão, como aconteceu na última, e que, junto do Papa, também ativa esta colegialidade episcopal. O Papa resolveu alargar com uma consulta mais forte às igrejas do mundo inteiro, sobre um tema para habilitar depois os padres sinodais na sua reflexão. Mas não é completamente inédito. Já nos sínodos anteriores as igrejas são chamadas a mandar sugestões sobre lineamenta a partir das quais se faz o documento que é a base dos trabalhos sinodais. Agora foi reforçado até pela força do tema, que é o tema familiar. 

 
“Divórcio católico”

AE – Que comentário lhe merece a expressão “divórcio católico”?

MC - Não faz sentido porque é isso que está em questão.

Não está em questão, julgo eu, à luz do princípio que Jesus Cristo lembra e que já referi (no princípio não era assim: criou-os Deus homem e mulher e serão os dois como um só), dividir esta afirmação no seu âmago. O que pode estar em questão - e eu julgo que está – é, com este aumento de compreensão do que é mistério humano e a humanidade de cada um, ver até que ponto esse sim pode ser dado, é dado, foi dado ou pode ser melhorado, retomado…

Não se trata de divórcio. Antes de perceber a natureza do consentimento!

 

 

 

AE – A família sólida tem ajudado a vencer as dificuldades provocadas pela situação de crise social e económica?

MC – Tem-se visto e nem preciso responder! O que seria de uma sociedade como a portuguesa se não fossem a solidariedades familiar…! Por outro lado, para todos nós, como sociedade e como políticos e  governantes, isto implica uma enorme responsabilidade. Se repararmos, até por estes fatores negativos presentes, que a família ainda é o grande respaldo da vida social, então temos de fazer da família o núcleo das medidas que se toma, quer na sua preparação, na sua possibilitação, no seu acompanhamento para que seja possível. Isso requer uma 

 
 

recomposição social à base da valorização da família.

 

AE – E não está a acontecer precisamente o contrário?

MC – Vamos lá ver se ganhamos juízo. Gostei particularmente do trabalho coordenado pelo professor Joaquim Azevedo sobre a demografia portuguesa, onde se afirma a necessidade de apoiar a família em ordem a uma outra demografia para que não “desapareçamos”… 

 

AE – É um indicador numericamente muito reduzido, mas o que pode significar a opção de jovens europeus, portugueses, por estados islâmicos radicais.

MC – Isso é muito minoritário. Pode 

 

 

 

 

significar um desespero juvenil, um aproveitamento muito enviesado da grande disponibilidade que se tem, quando se é novo, para mudar o mundo. Mas aí é da pior maneira! É da pior maneira!
Temos de dar razões de esperança e canalizar no sentido do bem, 
esse idealismo juvenil, como felizmente tanta coisa acontece que não é igualmente valorizada e devia ser muito mais valorizada. Por exemplo os milhares de jovens que entram em voluntariado de todo o tipo, mas positivos, missionários, humanitários, e aí sim canalizam em boas causas e no sentido mais compensador para eles e para outros, esse idealismo juvenil.

A corrosão do ótimo dá o péssimo e aí é péssimo!

 

AE – Que consequências pode ter na família o constante clima de suspeita e desconfiança sobre lideranças políticas e até no interior dos próprios partidos?

MC - Há uma nivelação por baixo do que é a vida social. Numa certa apresentação, mas eu não ponho só culpa dos media, porque os media fazem assim porque encontram auditório. Há uma questão de causa e consequência negativa. É muito melhor falar de coisas positivas. Como fui educado no escutismo aprendi que a melhor forma de corrigir alguém era puxar-lhe pela parte positiva, descobrir o positivo porque dissolvia o negativo. 

 

 
 
Realidade complexa

 

 

AE – Na sua intervenção no Sínodo o que deseja transmitir?

MC - Tem de ser muita curta, porque só temos 4 minutos para falar, duas páginas de texto. Temos de dar lugar a todos.

Vou pegar em duas ou três citações do documento preparatório e vou salientar a necessidade de termos em conta o que é a realidade humana do marido, da mulher, dos membros da família, com a complexidade que ela hoje apresenta e hoje sofre, no meio de tanta mediatização das coisas, para depois compreender o que é o vínculo familiar e a maneira de o apoiarmos, quer na celebração do matrimónio quer na sua manutenção. É efetivamente uma realidade muito complexa e nós temos de a encarar como tal. Uma sociologia fácil, uma antropologia simples já não é do nosso tempo. Isto hoje é muito complexo e nós temos de entender o casal na sua formação, no seu compromisso matrimonial, na sua manutenção, e até na sua reconstituição quando possível, à luz desta complexidade.

 

AE – E tem de radicar aí a possibilidade de um recomeço?

MC – Onde for possível.

 

 

Um Sínodo em marcha
em debate livre e aberto

Tem-nos sido repetido, com estas e outras palavras, que o próximo Sínodo dos Bispos, ritmado por duas etapas, não será um organismo estruturado, terá uma nova metodologia interna que tornará a sua realização mais dinâmica e participativa, com intervenções e testemunhos, como osmose entre o centro e a periferia e aberto a todos os temas para acolher as sugestões das Igrejas locais. Francisco disse que “será sobre a família, as riquezas, os problemas da família. Soluções, nulidade, tudo isso”. A questão da comunhão aos divorciados terá, segundo ele, o seu espaço, mas “no conjunto”.

Apesar de ser sobre “tudo isso”, entre todas as questões mais importantes e abertas ao debate, talvez que a dos divorciados-recasados seja, neste momento, a mais mediática, até porque está a assumir proporções elevadas, gera espectativas e esperanças, mexe com pessoas concretas e próximas, arrasta muito sofrimento e implica a receção de sacramentos. No pensar de alguns, a questão central do Sínodo será mesmo essa. O Cardeal Maradiaga, por exemplo, afirma que o ponto

 
 

 

 central à volta do qual se desenvolverá o Sínodo será a validade de muitos casamentos católicos, se estamos certos de que Deus uniu todos os casais, se existe ou não, em certos casos, um sacramento. A par, afirma que o Sínodo se ocupará sobre a necessidade de se mudarem as normas que regulam os procedimentos de nulidade. Que não é uma questão de Direito nem de atribuir mais poderes aos tribunais eclesiásticos, mas é um problema pastoral que deve ser resolvido.

Sabemos que o Papa Francisco aponta para aí quando diz que é preciso estudar os procedimentos de nulidade matrimonial; que é preciso estudar a fé com que uma pessoa vai para o matrimónio; que é preciso esclarecer que os divorciados não são excomungados. E diz mais: "O problema não pode ser reduzido apenas ao fato de os divorciados em segunda união poderem ou não aceder à comunhão, porque quem põe o problema apenas nesses termos não entende qual é o verdadeiro problema". Trata-se, ao invés, de um "problema grave, de responsabilidade da Igreja para com as famílias que

 

 

 

 

 vivem nessa situação". Se “o Senhor não se cansa de perdoar, nós não temos outra escolha a não ser esta: acima de tudo, cuidar dos feridos. A Igreja é mãe e deve ir por esse caminho da misericórdia". E no regresso das Jornadas Mundiais da Juventude no Rio de Janeiro, recordou aos jornalistas que o Cardeal Quarracino, seu antecessor, “dizia que, para ele, a metade dos matrimónios são nulos. Mas dizia isso por quê? Porque se casam sem maturidade, casam-se sem se dar 

 

 

 

conta de que é por toda a vida, ou se casam porque socialmente têm que se casar... E isso também se refere à pastoral matrimonial. E também ao problema judiciário da nulidade dos matrimónios, que deve ser revisto, porque os tribunais eclesiásticos não bastam para isso". Bento XVI falou muitas vezes desta problemática e chegou a afirmar que quando foi prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé convidou “diversas Conferências Episcopais e especialistas para estudar esse problema: um 

 

 

 

 

sacramento celebrado sem fé. (…) mas – continua Bento XVI -, a partir das discussões que tivemos, entendi que o problema é muito difícil e deve ser ainda mais aprofundado. Mas, dada a situação de sofrimento dessas pessoas, deve ser aprofundado".

A pedido do Papa Francisco, o Cardeal Kasper, em fidelidade à doutrina que nunca esteve em causa, em fidelidade a Deus e ao homem, apresentou algumas propostas para abrir o diálogo sobre estas problemáticas que se colocam à família, apontou uma alternativa à via jurídica e uma nova hermenêutica jurídica e pastoral, levantou questões importantes e tornou presente alguma práxis dos primeiros séculos da Igreja em que, Padres, queriam, por razões pastorais, para “evitar o pior”, tolerar aquilo que em si mesmo é impossível de aceitar. Por fim, Kasper, elencou cinco condições possíveis para dar uma solução pastoral ao problema, assim: “Se um divorciado recasado, se arrepende da falência do seu primeiro matrimónio; se tem esclarecidas as obrigações do primeiro matrimónio e está definitivamente excluída a possibilidade que volte atrás; se não pode abandonar, sem outras culpas, os compromissos assumidos com o

 

 

 

 matrimónio civil; se, no entanto, se esforça por viver no melhor das suas possibilidades o segundo matrimónio a partir da fé e de educar os próprios filhos na fé; se deseja os sacramentos, quais fontes de força na sua situação, devemos ou podemos negar-lhe, depois de um tempo de nova orientação (metanoia), o sacramento da penitência e depois a comunhão?”

Estas propostas têm feito correr muita tinta e aquecido muitos fusíveis de alta e de influente qualidade, mas são dados que não podemos desprezar, são importantes para o debate. Na verdade, há que aprofundar as questões, olhar para os casos concretos, ver que há situações muito diferentes e saber como agir pastoralmente. Mas tudo é, na verdade, demasiado sério e a discussão, ao mais alto nível, tem puxado por argumentos vários e diversos. E outra coisa não se poderia esperar, pois não se trata de razões meramente morais, disciplinares ou de tradição. A questão é muito mais profunda. Há um parentesco espiritual e teológico real profundo entre o sacramento da Eucaristia e o sacramento do Matrimónio e tem de ser ter em conta a própria natureza do que é a Eucaristia e do que implica

 

 

 

 

 a comunhão Eucarística, afirma Jean Laffitte. E recorda, que o matrimónio é um encontro de duas alianças: a aliança dos esposos entre si e a aliança de Deus com cada um deles e com os dois em conjunto. Então, “a questão poder-se-á traduzir assim: será que a Igreja tem possibilidade de deixar aceder à comunhão eucarística a totalidade das pessoas comprometidas em segunda, terceira ou quarta união e, ao mesmo tempo, dizer que o matrimónio é indissolúvel 

 

e que a sua indissolubilidade natural é consolidada pelo facto de que Cristo é parte dessa aliança? Como fazer que Cristo mantenha o valor e a validade de uma primeira união da qual Ele não se descomprometeu, quando ela foi válida, e, ao mesmo tempo, como é que este mesmo Cristo pode ser recebido na aliança Eucarística de forma íntegra?

Por outro lado, como afirma Walter Kasper, será que se excluirmos dos sacramentos os cristãos divorciados 

 

 

 

 

 

 

recasados não estaremos a colocar em discussão a estrutura fundamental sacramental da Igreja?

Outros que têm entrado na discussão vão lembrando que o aceder à comunhão não pode ser fruto de um simples desejo que se quer fazer valer como se de um direito se tratasse. Também não pode ser um modo de expressar o sentimento de pertença a uma comunidade com o medo de ser excluído, nem pode ser fruto de um sentimento social. Mas, como diz Francisco, também não se trata de um

 

 prémio para os “bons” nem de um castigo para os “maus”, é um remédio, Cristo veio para os que estavam doentes. E como entender, como receitar este remédio, com que dose, com que diagnóstico e com que especialistas?

 O debate continua e vão-se esgrimindo argumentos entre saberes e sensibilidades. Acompanhemos e aguardemos com esperança. 

D. Antonino Dias

Presidente da Comissão Episcopal

do Laicado e Família   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

O caminho para o Sínodo 2014

A próxima assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos foi convocada pelo Papa Francisco para debater os ‘desafios pastorais da família no contexto da evangelização’.

O caminho para o Sínodo 2014, um organismo consultivo, começou com a escolha do tema e da data do encontro, seguindo-se a publicação de um documento preparatório (‘lineamenta’), acompanhado por um questionário enviado pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos a cada Conferência Episcopal, que o distribuiu às dioceses.

Este documento foi então debatido por organismos episcopais e diversas instituições eclesiais, que enviaram as suas propostas à Santa Sé.

 

Após esta fase, foi redigido um instrumento de trabalho ('instrumentum laboris') para a assembleia sinodal propriamente dita, com a síntese das respostas aos ‘lineamenta’, vindas dos vários episcopados, da Cúria Romana e da União dos Superiores Gerais dos institutos de religiosos e religiosas.

Antes dos trabalhos da assembleia extraordinária, que dura duas semanas (5 a 19 de outubro de 2014), em vez das habituais três, vai ser ainda 

 

 

apresentado um relatório prévio (‘relatio ante disceptationem’).

Entre os participantes estarão os presidentes das Conferências Episcopais e dos dicastérios da Cúria Romana, bem como cardeais, bispos e padres selecionados pelo Papa, que aprovou ainda a escolha de peritos (‘adiutores secretarii specialis’) e ouvintes (‘auditores’), entre eles 14 casais de vários países.

 

 

 

 

 

 

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

A última assembleia do Sínodo, organismo criado por Paulo VI em 1965, teve como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé cristã’ 

 

e decorreu em outubro de 2012.

Até hoje houve 13 assembleias gerais ordinárias e duas extraordinárias: a primeira em outubro de 1969, para debater a cooperação entre a Santa Sé e as Conferências Episcopais, e a segunda em 1985, pelo 20.º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II.

 

 

Ler mais: 

www.ecclesia.pt/sinodofamilia/

 

 

Igreja assume urgência
de debater situação das famílias

Francisco convocou pela primeira vez em quase 30 anos uma assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos, com início marcado para domingo, para dar início ao debate sobre a situação das famílias, com atenção à crise “cultural, social e espiritual” que as atinge.

Mais de 250 participantes, incluindo D. Manuel Clemente, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, vão reunir-se nesta assembleia consultiva, até 19 de outubro, partindo de um documento de trabalho (instrumentum laboris) em que se realça o “crescente contraste” entre os valores propostos pela Igreja sobre matrimónio e família e a “situação social e cultural” em todo o planeta.

A relativização do conceito de ‘natureza’, pode ler-se, reflete-se também no “conceito de «duração» estável” em relação à união matrimonial, levando à “prática maciça do divórcio” e a dissolver “o vínculo entre amor, sexualidade e fertilidade”.

O documento de trabalho rejeita uma “mentalidade reivindicativa” em

 

 relação aos sacramentos, apelando à compreensão da “relação intrínseca entre matrimónio, Eucaristia e penitência”. "Parece cada vez mais necessária uma pastoral sensível, norteada pelo respeito destas situações irregulares, capaz de oferecer uma ajuda concreta para a educação dos filhos", pode ler-se.

Nas respostas que chegaram ao Vaticano recorda-se a prática de determinadas Igrejas ortodoxas que “abre o caminho para um segundo ou terceiro matrimónio, com caráter penitencial”, mas o documento de trabalho insiste, sobretudo, na importância de verificar a “eventual nulidade matrimonial”. “Muitos apresentam pedidos relativos à simplificação” dos processos canónicos, precisa-se.

Os bispos assumem ainda os desafios que decorrem da “contraceção” e da falta de “abertura à vida” em várias famílias, recordando as “objeções radicais” ao ensinamento da Igreja. Além da “mentalidade contracetiva”, o documento de trabalho critica também a “presença maciça da ideologia do género” e recorda 

 

 

 


 

 

 

 

 

a responsabilidade civil dos cristãos na defesa da “vida nascente”.

O documento refere-se às pessoas que vivem em uniões do mesmo sexo e assinala que as “reações extremas”, tanto de condescendência como de intransigência, “não facilitaram o desenvolvimento de uma pastoral eficaz”. A violência doméstica, as situações de crise, precariedade ou desemprego e o “impacto 

 

negativo” dos media sobre a família estão entre os temas propostos.

O texto alude a uma “distância preocupante” entre a família nas formas em que hoje é conhecida e o ensinamento da Igreja a este propósito, reforçando a importância da preparação para o matrimónio e a promoção de uma espiritualidade familiar.

 

 

 

Acolher e formar as famílias

A preocupação com o acolhimento das famílias como “ponto de partida” para uma pastoral de proximidade está no centro da ação proposta pelo cónego Carlos Paes, pároco de São João de Deus, em Lisboa, há mais de duas décadas.

“Digo sempre duas coisas: o pastor não é o administrador de cânones. Em pastoral a ultima resposta nunca pode ser um não”, refere o sacerdote à Agência ECCLESIA, numa entrevista que projeta alguns dos temas que vão ser abordados na próxima assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, com início marcado para domingo.

O responsável precisa que este acolhimento dá uma particular atenção à atitude dos pais que pedem o Batismo para os seus filhos, mesmo os que se encontram em situações irregulares segundo as normas da Igreja Católica, perguntando-lhes “que testemunho querem dar”.

“Há sempre um caminho a fazer”, sustenta.

O cónego Carlos Paes confronta-se com várias situações de convivência conjugal e afirma que é preciso “respeitar sempre” estas pessoas.

“O casamento é sempre uma realidade sagrada, é algo que brota da vontade do próprio Criador”, explica.

 
Uma das questões mais discutidas na preparação para o Sínodo deste ano tem sido a situação dos divorciados que voltaram a casar civilmente, algo que para o pároco de São João de Deus exige “criatividade pastoral”.

“Mal de nós se nos limitássemos a administrar cânones”, observa, para sublinhar que “para lá das balizas” que a doutrina propõe, há “muito caminho que se pode fazer”.

Em relação ao debate sobre o acesso dos divorciados que voltaram a casar à Comunhão, o membro do clero lisboeta entende que é uma questão a encarar no Sínodo, porque “permanece em aberto na reflexão de muitos episcopados e de alguns bispos em particular”.

“Há uma coisa que eu lembro sempre, no entanto: se essas pessoas se julgam psicologicamente excomungadas e como que castigadas e penalizadas pelo seu passado, na verdade não estão nem castigadas nem excomungadas, nem privadas da celebração da penitência”, acrescenta.

Para o cónego Carlos Paes, o essencial é valorizar a “mensagem tão extraordinária, tão rica, tão abrangente” que a Igreja propõe.

Margarida Cordo, especialista em Terapia Familiar, sublinha por 

 

 

 

 

 

sua vez a importância de “não alinhar nem cooperar” na construção daquilo a que chama as ‘famílias faz de conta’, “aparentemente funcionais”, mas nas quais se multiplicam televisões ou a “cultura do tabuleiro”.

“A família de fachada também estraga uma sociedade”, alerta a psicóloga, para quem a Igreja é responsável 

 

para “reforçar por dentro” as famílias, ensinando-as a “não trocar o essencial pelo acessório”.

“Não vale a pena alinhar, enquanto Igreja, na moda do que parece bem”, conclui.

O tema vai estar em destaque na próxima emissão do programa «70x7», na RTP2 (domingo, 11h30).

 

 

Propostas para divorciados em segunda união dividem cardeais

As propostas pastorais para os católicos divorciados que voltaram a casar foram um dos temas que geraram maior debate na preparação para a próxima assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, com divisões assumidas entre cardeais.

A discussão tem estado centrada nas propostas do cardeal Walter Kasper, que introduziu os trabalhos da reunião extraordinária de cardeais de 21 e 22 de fevereiro deste ano, a pedido do Papa Francisco. O cardeal alemão foi alvo de várias críticas, na sequência do debate sobre uma possível admissão de divorciados recasados à Comunhão, depois de um período de “nova orientação (metanoia)” e da Confissão.

A intervenção foi publicada em livro, com o título ‘O Evangelho da Família’, propondo “uma aplicação realista da doutrina à situação atual da grande maioria dos homens e para contribuir para a felicidade das pessoas”.

Após o consistório, o cardeal Gerhard Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, afirmou em entrevista que os que vivem num estado de vida contrário à

 

 “indissolubilidade” do Matrimónio estão impedidos de receber a Comunhão. O teólogo alemão assina juntamente com outros quatro cardeais (D. Raymond Leo Burke, D. Walter Brandumueller, D. Carlo Caffarra e D. Velasio De Paolis) o livro ‘Permanecendo na verdade de Cristo: Casamento e Comunhão na Igreja Católica’, no qual se questionam as propostas do cardeal Kasper.

O cardeal Raymond Leo Burke, prefeito do Tribunal da Assinatura Apostólica, da Santa Sé, considera que não só seria errado permitir a Comunhão aos divorciados recasados mas também contesta a simplificação do processo de reconhecimento da nulidade matrimonial, por entender que “encorajaria uma visão defeituosa do matrimónio e da família”.

O cardeal Walter Brandmüller, presidente emérito do Comité Pontifício das Ciências Históricas, escreveu no jornal italiano ‘Avvenire’ que “já a antiguidade pré-cristã tratava o divórcio e a segunda união de modo muito restritivo”.

 

 

 

 

Numa entrevista ao jornal ‘Il Foglio’, o cardeal-arcebispo de Bolonha, D. Carlo Caffarra, questiona “o que acontece ao primeiro casamento, ratificado e consumado”, no caso da admissão à Comunhão dos divorciados.

Já o cardeal Velasio de Paolis, presidente emérito da Prefeitura dos Assuntos Económicos da Santa Sé, disse diante do tribunal eclesiástico regional da Úmbria, na Itália, que “o acesso ao sacramento da Eucaristia está aberto somente a quem não está consciente de nenhum pecado grave”.

O secretário-geral do Sínodo dos Bispos, D. Lorenzo Baldisseri, 

 

afirmou à Agência ECCLESIA que a família vive atualmente “problemas e desafios novos” a que a Igreja tem de dar “respostas adequadas”. “Há posições diferentes, que parecem distantes mas não são, porque se acentua um ou outro aspeto. O importante é colocar os problemas com muita tranquilidade e serenidade”, referiu o cardeal italiano.

O cardeal português D. José Saraiva Martins disse à Agência ECCLESIA que a Igreja tem de saber “falar ao homem de hoje com a linguagem de hoje” e isto “torna necessário uma contínua revisão de certas normas”.

 

 

Peritos, casais e representantes de outras Igrejas unem-se a bispos

253 pessoas, incluindo 25 mulheres, vão marcar presença na terceira assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada às questões da família.

A lista integra 114 presidentes de conferências episcopais, entre eles D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, que participam por direito próprio, para além de 16 peritos, 14 casais de vários países, incluindo o Iraque, e representantes de outras Igrejas cristãs.

Entre os participantes estão os presidentes dos dicastérios da Cúria Romana, bem como cardeais, bispos ou padres selecionados pelo Papa, que aprova ainda a escolha de peritos (‘adiutores secretarii specialis’) e ouvintes (‘auditores’); nestes últimos grupos há 24 leigas e uma religiosa.

Na preparação para esta assembleia extraordinária, foi enviado às conferências episcopais de todo o mundo um questionário com 38 perguntas para promover uma consulta alargada às comunidades católicas sobre as principais questões ligadas à família e ao casamento.

O investigador Alfredo Teixeira, 

 

da Universidade Católica Portuguesa, considera que o inquérito feito às famílias, no âmbito da preparação do próximo Sínodo dos Bispos, reforça a postura próxima e inclusiva que tem caraterizado o pontificado do Papa Francisco.

“O que esta auscultação revelou é que as estruturas locais, as Igrejas locais, se calhar não estão preparadas para responderem a este tipo de relação com os católicos”, sustenta Alfredo Teixeira, em declarações à Agência ECCLESIA.

O docente entende ser necessário saber se a novidade que o questionário encerrou, de chamar à construção da vida da Igreja Católica, do caminho sinodal, as comunidades locais de base, “mesmo aquelas que estão nas periferias”, terá efeitos práticos em toda a “estrutura” eclesial.

Arturo e Hermelinda Zamperlini são o único casal lusófono desafiado para estar no Sínodo. Acreditam que o convite partiu do facto de serem os responsáveis, no Brasil, do movimento das Equipas de Nossa Senhora, que trabalha a espiritualidade dos casais.

 

 

 

 

 

 

 

"Somos 45 500 membros no total do Brasil, com 2250 religiosos, entre padres, diáconos e freiras. É muito expressivo no Brasil, muito forte. O nosso compromisso com a família, 
 

com o casal, também é muito visível. Acreditamos que tenha sido pelo movimento que fomos convidados", explica Arturo, em entrevista à Renascença.

 

 

 

Direito ao trabalho tem de se sobrepor
aos mercados, diz o Papa

O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que o “direito fundamental” ao trabalho tem de se sobrepor aos ditames dos mercados, criticando uma economia global que explora a mão-de-obra barata. “Um dos aspetos do atual sistema económico é a exploração dos desequilíbrios internacionais no custo do trabalho, que conta com milhares de milhões de pessoas que vivem com menos de dois dólares por dia”, advertiu, num encontro com os participantes na assembleia plenária do Conselho Pontifício Justiça e Paz, da Santa Sé.

O Papa sublinhou que este desequilíbrio não só “não respeita a dignidade daqueles que fornecem a mão-de-obra barata” mas também “destrói fontes de emprego nas regiões onde o trabalho é mais protegido”. Francisco deixou votos de que o Estado Social não seja “desmantelado” e sustentou que o trabalho “não pode ser considerado uma variável dependente dos mercados financeiros e monetários”.

“Coloca-se aqui o problema de criar mecanismos de tutela dos direitos do trabalho, bem como do ambiente,

 

 perante uma una crescente ideologia consumista”, advertiu.

A intervenção apelou ainda a “reformas profundas” que promovam a redistribuição da riqueza e a “universalização dos mercados livres” ao serviço das pessoas e das nações. “Se a globalização aumentou de forma notável a riqueza total do conjunto e de vários Estados individuais, ela exacerbou também as diferenças entre os vários grupos sociais, criando desigualdades e novas pobrezas, mesmo nos países considerados mais ricos”, observou.

O Papa considera que o crescimento destas desigualdades e da pobreza “ameaça a democracia inclusiva e participativa”, que pressupões “uma economia e um mercado que não excluam”.

O encontro com os membros do Conselho Pontifício Justiça e Paz foi dedicado ao quinto aniversário da encíclica ‘Caritas in veritate’, do Papa emérito Bento XVI, que o seu sucessor considerou de “extrema atualidade”. Segundo Francisco, esta encíclica é “um documento fundamental para a evangelização do social” e oferece 

 

 

 

 

 

 

“indicações preciosas para a presença dos católicos na sociedade, nas instituições, na economia, nas finanças e na política”.

A 28ª assembleia plenária do Conselho Pontifício Justiça e Paz 

 

começou esta quarta-feira no Vaticano e tem como temas o quinto aniversário da Encíclica ‘Caritas in veritate’, de Bento XVI, e os 10 anos do Compêndio da Doutrina Social da Igreja.

 

 

Papa reza pelos cristãos perseguidos
no Médio Oriente

O Papa recordou hoje no Vaticano as comunidades cristãs no Médio Oriente e rezou pelos que “estão a sofrer uma perseguição diária” na região. Francisco interveio durante um encontro com o patriarca da Igreja Assíria do Oriente, Mar Dinkha IV, evocando em especial a situação dos cristãos na Síria e no Iraque.

“Quando pensamos no seu sofrimento, vamos espontaneamente para lá das distinções de rito ou de confissão: neles está o corpo de Cristo que, ainda hoje, é ferido, atingido, humilhado”, observou.

O Papa sustentou que “não há razões” políticas, económicas ou religiosas que “possam justificar o que está a acontecer a centenas de milhares de homens, mulheres e crianças inocentes”. “Sentimo-nos profundamente unidos na oração de intercessão e na ação de caridade para com estes membros do corpo de Cristo que estão a sofrer”, prosseguiu.

Cumprimentando Mar Dinkha IV, Francisco elogiou a “crescente proximidade e comunhão espiritual” entre a Igreja Católica e a Igreja Assíria do Oriente, lembrando a declaração

 

 

cristológica que foi assinada entre o patriarca e São João Paulo II. Neste contexto, assegurou o seu empenho em “continuar a caminhar” no sentido da plena comunhão entre as comunidades cristãs, para que todos possam “viver como verdadeiros irmãos”.

Antes, num encontro com representantes diplomáticos, o Papa manifestou a sua preocupação com a “situação de guerra” que se vive em muitos lugares e pelo terrorismo. Segundo o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, Francisco aludiu ao “problema do tráfico de armas” e à tragédia humana que atinge milhares de pessoas obrigadas a deixar a sua própria casa.

 

 

 

 

Papa alerta para abandono de idosos

O Papa Francisco alertou este domingo no Vaticano para o “abandono” dos idosos, que classificou como uma “eutanásia escondida” que decorre da “cultura do descartável”. “Descartam-se as crianças, descartam-se os jovens porque não têm trabalho e descartam-se os idosos com a desculpa de manter equilibrado um sistema económico no centro do qual não está a pessoa humana, mas o dinheiro”, declarou, durante o Encontro Mundial de Avós que reuniu 40 mil pessoas de 20 países na Praça de São Pedro.

O Papa falava perante os participantes na iniciativa promovida pelo Conselho Pontifício para a Família e diante do Papa emérito Bento XVI, que aceitou o convite para se juntar ao encontro. "Agradecemos a presença do Papa emérito Bento XVI. Disse já muitas vezes que gostava que ele morasse no Vaticano, porque era como ter um avô sábio em casa".

Francisco sustentou que todos são chamados a “combater esta venenosa cultura do descartável”. “Nós cristãos, juntamente com todos os homens de boa vontade, somos chamados a construir com paciência uma sociedade diferente, mais

 

 

 acolhedora, mais humana, mais inclusiva, que não tem necessidade de descartar quem é fraco no corpo e na mente”, prosseguiu.

A intervenção lembrou os idosos que vivem em lares, deixando votos de que estas instituições sejam “pulmões” e “santuários” de humanidade, nos quais “quem é velho e fraco seja cuidado e guardado como um irmão ou uma irmã”.

Após o encontro, Francisco presidiu à celebração da Missa, na qual renovou o alerta de que “não há futuro para um povo sem este encontro entre as gerações, sem os filhos receberem, com gratidão, das mãos dos pais o testemunho da vida”.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Papa recebeu sobreviventes de naufrágio em Lampedusa

 

 

 

Papa recorda exemplo de Santa Teresa do Menino Jesus

 

Caminhada pela Vida

http://www.caminhadapelavida.org/

 

Vai decorrer, em Lisboa, no próximo sábado, dia 4 de outubro, a caminhada pela vida 2014. Esta ação promovida pela Federação Portuguesa pela Vida (FPV) vai ser subordinada ao tema “pelo direito a nascer”. Carmo Mendes, coordenador dos "voluntários na distribuição dos panfletos às populações, desafia por isso todas as pessoas que “acreditam” no ideal da Vida a “não ficarem” no dia 4 de outubro “presas ao sofá” e a participarem na caminhada a partir do Largo de Camões, em Lisboa".

Ao digitarmos o endereço www.caminhadapelavida.org encontramos um espaço iminentemente informativo, mas que naturalmente se percebe ser esse o intuito da sua existência.

Na página inicial além dos habituais destaques, temos a possibilidade de ajudar a organização fazendo um donativo através do sistema de pagamentos online paypal e ainda uma ligação para a página do facebook.

Caso pretenda conhecer ao pormenor os 2400 metros que ligarão, a partir das 15h00 de dia 4 de outubro, 

 

o Largo Camões ao Largo de São Bento basta que clique na opção “percurso”.

Se pretende ver a imagem gráfica que saiu para a rua desde o dia 16 de setembro através da distribuição dos cartazes da caminhada em vários locais de interesse da capital portuguesa, aceda ao item “cartaz”.

Quando se promovem ações com este cariz, onde se pretende mobilizar o maior número de pessoas, é óbvio que, para quem queira participar deverá consultar quais os objetivos desse evento, bem como, perceber qual o grande mote. Assim o clicar em “manifesto” torna-se obrigatório para as pessoas que entendam participar nesta caminhada que está aberta a todos.

Por último em “press-releases” poderá consultar todas as notícias que foram transmitidas pelos mais variados meios de comunicação social, referentes à Caminhada pela Vida que surgiu no contexto do “Não nos referendos ao aborto de 1998 e 2007”, e em 2012 voltou a ser realizada “pela necessidade de continuar publicamente a afirmar-se a importância do Direito à Vida”.

Fica aqui a sugestão para que 

 

 

visitem este sítio, mas e acima de tudo, se associem a esta “grande ocasião anual de afirmar de forma pública e com impacto a reivindicação do Direito a Nascer e da proteção 

 

da instituição familiar, bem como de mostrar a beleza desse ideal”.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Tiologias

‘Tiologias’ reúne crónicas escritas desde 2011 para os jornais Público, Jornal i, A Voz da Verdade e Observador. Polémico e acutilante, profundamente culto e preocupado com os assuntos da atualidade, o padre Gonçalo Portocarrero de Almada consegue comover e empolgar no mesmo texto.

Depois de ter publicado na Alêtheia ‘Histórias e Morais’, ‘Porque não’, ‘Auto-de-fé’ e ‘As palavras da Palavra’, volta agora com uma nova obra marcante pela capacidade de análise, qualidade da escrita e atualidade dos temas.

 

“Há católicos tão bem, tão bem, tão bem, que tratam a Deus por tio. De facto, chamá-Lo pai seria ficar automaticamente irmã, ou irmão, dessa gentinha pé-descalça e malcheirosa que vai à Cova da Iria de xaile e garrafão”

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada, «Os sobrinhos de Deus», in Tiologias

 

“No centro da questão sobre a adoção está a noção de família. Alguns entendem-na como uma realidade natural, irreformável na sua essência, mas outros acham que a família 

 

é um produto essencialmente cultural e, portanto, suscetível de adaptação às novas realidades sociais e políticas”

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada, «Famílias de plástico? Não, obrigado!», in Tiologias

 

“Numa imprensa quase maioritariamente laica e, por vezes, anticristã, são escassas as vozes que se elevam para recordar a doutrina do Evangelho, que alguns consideram um anacronismo insuportável ou, na melhor das hipóteses, uma irrealizável utopia. Sem a arrogância de quem condena, nem a prepotência de quem anatematiza, mas também sem cobardes transigências em matéria de fé ou de moral católicas, cada um destes textos nasce de um diálogo vivo com Deus – feito próximo em Cristo e presente na sua Igreja – mas também com o mundo, apaixonadamente amado”.

Introdução do livro Tiologias

 

A obra será apresentada a 15 de outubro, pelas 18h30, no Grémio Literário, Lisboa, por D. Nuno Brás, bispo auxiliar de Lisboa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sobre o autor

O Padre Gonçalo Nuno Ary Portocarrero de Almada nasceu em Haia, Holanda, a 1 de maio de 1958. Licenciou-se em Direito na Universidade de Madrid (Complutense) e, posteriormente, doutorou-se em Filosofia pela Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma. Ordenado sacerdote em 

 

1986, exerce desde então o respetivo ministério no âmbito da prelatura do Opus Dei. Além de escrever regularmente na imprensa periódica, é autor, entre outras obras, de Histórias e Morais (Alêtheia, 2011) e co-autor, com Zita Seabra, de Auto-de-Fé, a Igreja na inquisição da opinião pública (Alêtheia, 2012).

 

 

 

II Concílio do Vaticano: Canonizações entregues às Conferências Episcopais?

 

Com a data de 26 de setembro de 1964, a Sagrada Congregação dos Ritos (SCR) publicou a Instrução «Ad Exsecutionem Constitutionis de Sacra Liturgia Recte Ordinandam», um passo decisivo para a execução da reforma litúrgica, promulgada com a constituição conciliar «Sacrosanctum Concilium» (4 de dezembro de 1963).

Como claramente nela se diz (número 3 e parte final), a instrução foi elaborada pelo «Conselho» criado pelo Papa Paulo VI para executar a constituição conciliar sobre a liturgia. Com esta instrução, a Santa Sé pretendia apressar, “sem precipitações nem delongas” os princípios litúrgicos promulgados no II Concílio do Vaticano (1962-65).

Sem esperar pela revisão dos livros e ritos litúrgicos, dispõe o documento da SCR que entrasse em vigor, a 07 de março de 1965, primeiro domingo da Quaresma, várias inovações “todas elas tendentes à mais fácil e consciente participação activa dos fiéis nas celebrações litúrgicas”. (Boletim de Informação Pastoral; Ano VI; 1964; Outubro -Novembro – Nº 34).

Um documento essencial que para aqueles que, “levados de pessimismo, temiam que a renovação litúrgica se diluísse e até se esfumasse com retardamentos e hesitações nas medidas reformadoras”, a publicação da instrução constituiu “motivo seguro de esperança a desmentir os seus receios. Um espírito novo perpassa de facto na Igreja de forma sensível” (Obra citada anteriormente).

Nas discussões conciliares, Henri Fesquet na obra 

 

 

 

 

 

 

 

«O Diário do Concílio – Volume II» escreveu que o cardeal belga, Leo-Jozef Suenens, numa reunião da terceira etapa do II Concílio do Vaticano, atacou as “anomalias das canonizações”. O arcebispo de Malines-Bruxelas fez quatro censuras ao sistema que vigorava na altura. No seu diário e datado de 17 de setembro de 1964, Henri Fesquet escreveu que “era anormal”: “1 – Que 85% dos santos sejam membros do clero regular; 2 – Que 90% pertençam automaticamente a três países (Itália, França e Espanha); 3 – Que os processos sejam tão lentos (54 em oito anos); 4 – Que os inquéritos sejam tão custosos, o que tem por efeito impedir o acesso ao calendário litúrgico de uma multidão de sacerdotes do clero secular e de leigos, cujos processos são pouco afortunados”.

O cardeal Suenens propõe a “descentralização dos processos de beatificações e canonizações”. 

 

Para ele, as Conferências Episcopais poderiam assumir essa responsabilidade, conservando o Papa o privilégio da decisão final. A terceira etapa conciliar teve o seu início a 14 de setembro e decorreu até 21 de novembro de 1964. De 15 do mês nove a 20 de novembro, os padres conciliares – 44 eram prelados portugueses – discutiram os textos sobre escatologia e Virgem Maria, ofício pastoral dos bispos, liberdade religiosa, judeus e religiões não cristãs, revelação, apostolado dos leigos, sacerdotes, Igrejas orientais, Igreja e mundo actual, missões, religiosos, seminários, educação cristã e sacramentos. Uma panóplia de temas que foram reflectidos na terceira etapa do II Concílio do Vaticano que foi convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI. 

 

LFS

 

 

Outubro 2014

Dia 03

* Lisboa - auditório do Centro Pastoral de Torres Vedras - Sessão de abertura do IDFC (Instituto Diocesano da Formação Cristã) sobre «O sínodo na Igreja: perspetivas histórica e teológica», com o padre David Barbosa e o professor Borges de Pinhos, ambos da Universidade Católica Portuguesa.

 

* Braga – Seminário - Início do ano lectivo do Seminário Interdiocesano.

 

* Lisboa - Hotel Tivoli - A Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) promove almoço/debate com Durão Barroso

 

* Funchal - Igreja de Nossa Senhora do Monte - Celebração para recordar o décimo aniversário da beatificação do Imperador Carlos de Áustria cujo túmulo se encontra na Igreja de Nossa Senhora do Monte.

 

* Lisboa - Centro Cultural de Belém - III Encontro «Presente no Futuro» da Fundação Francisco Manuel dos Santos com o tema «À procura da liberdade» com oradores ligados à Igreja Católica: Padre José Manuel Pereira d´Almeida, padre João Seabra e frei Bento Domingues. (03 e 04)

 

 
* Grécia – Corinto - Assembleia geral das Comissões europeias da Conferência Justiça e Paz Europa e seminário internacional dedicado ao tema «Dignidade Humana e Crise Económica». (03 a 07)

 

* Fátima - Jornadas nacionais de catequistas subordinadas ao tema «A Alegria de anunciar Jesus Cristo» (03 a 05)

 

Dia 04 de Outubro

* Porto - As Edições Salesianos organizam o evento «E-vangelizar», atividade formativa destinada a animadores, catequistas, consagrados, professores e demais agentes evangelizadores que procuram melhorar as suas competências no anúncio da Boa Nova.

 

* Porto - Santa Maria da Feira - Encontro Nacional do Voluntariado em Saúde sobre «O Papel do Voluntariado na Saúde»

 

* Lisboa - Do Largo do Camões ao Largo de São Bento - A Federação Portuguesa pela Vida promove a «Caminhada pela Vida 2014» com o lema «Pelo direito a nascer».

 

 

 

 

 

 

 

 

 

* Évora - Pavilhão dos Salesianos - Dia da Igreja Diocesana e apresentação do Plano Pastoral

 

* Algarve - Reunião de animadores juvenis

 

* Braga - Abertura do Ano Social com assinatura de protocolo com o grupo Refood com a presença de D. Jorge Ortiga.

 

* Fátima - Cicloperegrinação de Aveiro

 

* Guarda - Centro Apostólico - Jornadas Marianas da Diocese da Guarda presididas por D. Manuel Felício

 

* Aveiro - Santuário de Schoenstatt - Serenata a Nossa Senhora no âmbito do centenário da fundação do Movimento de Schoenstatt

 

* Coimbra - Convento Sant´Anna - Mostra de doçaria conventual e regional de Coimbra (04 e 05).

 

* Fátima - Peregrinação Franciscana ao Santuário de Fátima (04 e 05)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
Dia 05 de Outubro

 

* Leiria – Sé - Lançamento do novo ano pastoral na Diocese de Leiria-Fátima, subordinado ao tema «Família, dom e missão» e encontro geral das comunidades católicas da região.

 

* Vaticano - Praça de São Pedro - Distribuição de 15 mil exemplares da Bíblia durante a recitação do ângelus

 

* Setúbal - Casa de Santana - Encontro diocesano de Consagrados

 

* Braga - Tomada de posse da equipa regional do Corpo Nacional de Escutas

 

* Coimbra - Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra - Abertura do Ano Pastoral com conferência do cónego António Janela, da diocese de Lisboa, sobre «Comunidade e Corresponsabilidade Pastoral»

 

* Lisboa – Tires - Missa de encerramento do encontro nacional dos Jovens Sem Fronteiras

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- A imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima está presente no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa durante todo o mês de outubro, numa iniciativa promovida por uma mãe que teve o filho a fazer tratamentos a uma leucemia nesse hospital.

 

- A Associação Cristã de Empresários e Gestores vai realizar esta sexta-feira em Lisboa um almoço/debate com José Manuel Durão Barroso, a partir das 13h00. Quase a deixar a presidência da Comissão Europeia, onde esteve nos últimos 10 anos, aquele responsável vai fazer um balanço do trabalho feito, “num tempo de desafios e transformações”, e ajudar a “olhar o futuro”.

 

- A edição deste ano da Caminhada pela Vida, uma iniciativa da Federação Portuguesa pela Vida, vai ter lugar este sábado às 15h00. O evento vai ligar o Largo de Camões (Chiado) ao Largo de São Bento, junto à Assembleia da República, e terminar com a apresentação aos participantes de um novo projeto-lei, sobre a “proteção da maternidade e paternidade e do direito a nascer”.

 

- A Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, vai receber segunda e terça-feira um seminário sobre “políticas públicas para Portugal”, intitulado “Afirmar o Futuro”. O debate vai ser dinamizado por figuras como o presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca, e os antigos ministros Miguel Cadilhe, António Bagão Félix e José António Ribeiro Pinto.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h22

Domingo, dia 05 de outubro: Famílias: Realidades em Portugal e debates em Roma

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 06 - Entrevista a Monsenhor Vitor Feytor Pinto e a Octávio Carmo, a propósito do livro-entrevista A Vida é Sempre um Valor;

Terça-feira, dia 07 - Informação e entrevista Octávio Carmo e  António Matos Ferreira obre o número especial do Semanário Ecclesia;

Quarta-feira, dia 08- Informação e entrevista ao padre Vitor Feytor Pinto sobre a Pastoral da Saúde;

Quinta-feira, dia 09 - Informação e entrevista ao padre Elísio Assunção sobre o Congresso da AIC;;

Sexta-feira, dia 10 - Apresentação da liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.

 

Antena 1

Domingo, dia  05 de outubro,  06h00 - Sínodo da Família: Entrevista ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel CLemente, e apresentação das Equipas de Santa Isabel

 

Segunda a sexta-feira, 22h45 - 06 a 10 de outubro de 2014 - Sínodo da família: Padre António Lopes, deputada Inês Teotónio Pereira, médica neurologista Sofia Reimão e casal missionário Rita e José Maria, Padre Eduardo Novo e apresentador Jorge Gabriel

 

 

 

Jornadas de Comunicação Social
Carmo Rodeia (Sítio Igreja Açores)

 

 

 

 

 

 

 

 

Ano A – 27º domingo do Tempo Comum

 
 
 
 
 
 
 
Colaborar com alegria na vinha do Senhor
 

A liturgia do 27.º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem da vinha de Deus.

Na primeira leitura de Isaías, a parábola da vinha é uma história de amor. Fala-nos do amor de um Deus que liberta o seu Povo da escravidão, que o conduz para a liberdade, que estabelece com ele laços de família, que lhe oferece indicações seguras para caminhar em direção à justiça, à harmonia, à felicidade, que o protege nos caminhos da história. É preciso termos consciência de que esta história de amor não terminou e que o mesmo Deus continua a derramar sobre nós, todos os dias, o seu amor, a sua bondade, a sua misericórdia. Para isso é preciso ter o coração aberto e disponível para Ele.

O encontro com o amor de Deus tem de significar uma efetiva transformação do nosso coração e levar-nos ao amor ao irmão. Quem trata os irmãos com arrogância, quem assume atitudes duras, agressivas e intolerantes, quem pratica a injustiça e espezinha os direitos dos mais débeis, quem é insensível aos dramas dos irmãos, certamente ainda não fez a experiência do amor de Deus. Isso pode acontecer também nas nossas comunidades cristãs e religiosas.

O texto de Isaías identifica os frutos bons que Deus espera da sua vinha com o direito e a justiça e afirma que Deus não tolera uma vinha que produza sangue derramado e gritos de horror.

Nos nossos dias, o sangue derramado das vítimas da violência, do terrorismo, das guerras religiosas, dos sistemas que geram morte e sofrimento continua a atingir a nossa história; os gritos de horror de tantos homens e mulheres privados dos direitos mais elementares, torturados, marginalizados, traficados, excluídos, impedidos de ter acesso a uma vida 

 

 

 

 

 

 

 

minimamente humana, continuam a escutar-se em todos os continentes. Não podemos ficar calados, num silêncio cúmplice e alienado, diante destas situações. Basta ver o que se está a passar atualmente no Iraque.

O Evangelho salienta a coerência com que vivemos o nosso compromisso com Deus e com o Reino. Deus não obriga ninguém a aceitar a sua proposta de salvação e a envolver-se com o Reino; mas uma vez que aceitamos trabalhar na sua vinha, temos de produzir frutos de amor, de serviço, de doação, de justiça, de paz, de tolerância, de partilha.

 

Ao longo desta semana, sejamos construtores da vinha do Senhor nos espaços que habitarmos, aderindo sempre ao único dono da vinha que é o Senhor Jesus. Em comunhão com o Sínodo dos Bispos sobre a família, pensemos e rezemos sobre a sua importância na construção da vinha do Senhor. E neste mês de outubro, mês missionário e mês do Rosário, renovemos a missão a que todos somos chamados, sempre na alegria do Evangelho.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Terra Santa: A vida na Paróquia da Sagrada Família

Rezar sem medo

São uma minoria os católicos que vivem na Faixa de Gaza, na Terra Santa. O Padre Jorge Hernández conhece as suas histórias. Até meados de Agosto, viveram-se dias de aflição, com a guerra entre Israel e o Hamas. Durante esses dias, estes cristãos conviveram, uma vez mais, com o cheiro da pólvora, com o medo da guerra. Agora querem reaprender a viver em paz.

 

Foram 52 dias de guerra. O conflito na Faixa de Gaza, que opôs palestinianos e israelitas, deixou um rasto de morte e destruição. Durante esses dias, o Padre Jorge Hernández, do Instituto do Verbo Incarnado, ia ao computador para ver se tinha recebido alguma mensagem. Durante esses dias, foram muitas as vezes que este missionário argentino sorriu ao perceber que Francisco lhe tinha escrito. Francisco, também ele argentino, nunca se esqueceu do seu compatriota e pedia ao Padre Jorge que lesse as suas mensagens a toda a comunidade. Foram momentos reconfortantes. Apesar das bombas, entre os 170 católicos corria 

 

sempre esse grito: O Papa Francisco voltou a escrever!

No final de Agosto, já com um acordo de paz celebrado entre palestinianos e israelitas, com os canhões sossegados, o Santo Padre recebeu o Padre Jorge Hernández no Vaticano. “É muito significativo, uma graça e uma bênção, que ele dê tanta atenção às pessoas”, disse, então, o Padre Jorge, após o 

 

 

 

 

 

 

encontro com o Papa Francisco. Que lhe disse ele? “Deu-nos o conselho de não perder a alegria. Animou-nos a continuar a ser o ‘sal da terra’, buscando não esquecer a dimensão sobrenatural da presença dos Cristãos” na Terra Santa.

 

Enfrentar o frio do Inverno

São muito poucos os cristãos que vivem na Faixa de Gaza e são ainda menos os católicos. O Padre Jorge conhece as lágrimas deles todos, 

 

o desespero de quem vive numa terra sitiada. “Há muito desconcerto em Gaza”, diz o Padre Jorge. “Os habitantes perderam tudo e muitos refugiaram-se em barracas. Existe gente que precisa de tudo porque teve que escapar, porque as suas casas foram bombardeadas.”

Esta pequena comunidade cristã tem sobrevivido com a ajuda de algumas instituições ligadas à Igreja, como é o caso da Caritas e da Fundação AIS. A trégua acordada em 26 de Agosto interrompeu os bombardeamentos, mas não pôs um ponto final no medo. “Na guerra somos todos iguais. Os mísseis não respeitam nem cor, nem religião, nem lugar, seja palestiniano ou israelita, cristão ou muçulmano.” Mesmo durante os dias de guerra, o Padre Jorge fazia questão de celebrar Missa. Mas a igreja permanecia praticamente vazia. “Mesmo ao domingo nunca havia mais de cinco pessoas. Era demasiado perigoso.” Agora, sem o barulho das bombas, há outra ‘guerra’ a travar: a da reconstrução. Na Faixa de Gaza falta quase tudo, até roupa, alimentos, medicamentos. E falta acreditar que a paz é duradoura.

 

Paulo Aido

www.fundacao-ais.pt

 

 

 

 

Mundo a sorrir

Tony Neves

 
 

Há dias engraçados e um deles é o Dia Mundial dos Dentistas, celebrado a 3 de Outubro. As Associações que se criam para incentivar a uma correta higiene oral são ainda mais curiosas nos seus nomes. Por exemplo, há a Associação ‘Mundo a Sorrir’. Sim, quando sorrimos, só não mostramos os dentes se os não tivermos. E se mostramos dentes mal cuidados, o sorriso fica prejudicado. Mas sobre dentistas e saúde oral fico-me por aqui porque, a 4 de Outubro celebramos S. Francisco, o santo feliz e vou mesmo agarrar-me a ele e à felicidade cristã que o possuía.

Quando o Papa Francisco, faz um ano, foi a Assis (sempre a sorrir!), disse que não queria cristãos de pastelaria. Todos sabemos que os açúcares são os maiores inimigos da saúde oral! Mas o Papa apenas quis dizer ao mundo que os cristãos não podem ser felizes apenas nas horas doces da vida. Há momentos de sofrimento que também têm de ser vividos, superados, ultrapassados. Sim, Francisco não quer uma Igreja de ‘cristãos-lambareiros’ só prontos para gozar das doçuras da vida. No melhor e no pior, temos de estar fortes e felizes. O Papa, nesse mesmo dia e lugar, disse às irmãs Clarissas que as queria ver sempre sorridentes. Mas acrescentou que não aceita olhar para sorrisos de hospedeiras de bordo. É claro que uma hospedeira, durante o voo, ri sempre, mesmo que o avião esteja prestes a cair. O seu sorriso é plástico, profissional, apenas para dar confiança aos passageiros. Quantas vezes lemos nos olhos sorridentes de uma hospedeira uma enorme 

 

 

 

 

 

Luso Fonias

 

 

 

vontade de atirar passageiros insuportáveis pela janela fora, mas mantêm uma postura profissional de riso aberto!

Estes tempos que vivemos exigem coerência. Há que encurtar distância entre o dizer e o fazer, entre as ideias e a prática, entre teorias e compromissos. A coerência combate sorrisos de hospedeiras de bordo e dá confiança a quem nos escuta. Nada pior que perder o crédito por dizer uma coisa e fazer outra, prometer e não cumprir.

 

 

 

 O Cristianismo é um projeto de felicidade. Não é por acaso que assenta nas bem-aventuranças que começam sempre por ‘felizes os… pobres, os puros, os pacíficos, os misericordiosos… Há que assentar as nossas vidas nesta prática de valores humanos que, estando gravados nas páginas dos Evangelhos, não podem ficar letra morta, mas devem transformar-se em atitudes de vida feliz.

 

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“A família cristã constitui uma revelação e uma realização específica da comunhão eclesial; por esse motivo (…) há-de ser designada como uma igreja doméstica”

(João Paulo II, Familiaris consortio, 21)

 

 

sair