04 - Editorial:

   Paulo Rocha

06 - Foto da semana

07 - Citações

08 - Nacional

     D. Manuel Linda

     Sónia Neves

    Centro Nacional de Cultura

28 - Dossier

   Peregrinos e peregrinação

 

40 - Internacional

46 - Multimédia

48 - Estante

50 -  Vaticano II

52 -  Agenda

54 - Por estes dias

56 - Programação Religiosa

57 - Minuto Youcat

58 - Aplicações Pastorais

60 - Pastoral da Saúde

62 - Liturgia

64 - Fundação AIS

66 - Lusofonias

     Manuel Lemos

 

 

Foto da capa: Miguel Cupido

Foto da contracapa:  Agência ECCLESIA

 

 


AGÊNCIA ECCLESIA 
Diretor: Paulo Rocha  | Chefe de Redação: Octávio Carmo
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Luís Filipe Santos,  Sónia Neves
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Opinião

 

 

 

 

Falar claro no Sínodo da Família

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Jornadas Nacionais de Catequistas

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Peregrinação

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Paulo Rocha | D. Manuel Linda

Fernando Cassola Marques |Manuel Barbosa | Tony Neves | João Duque | Ricardo Freire

 

Família com sentidos

Paulo Rocha

Agência Ecclesia

 

Outubro chegou com os dias de um Sínodo convocado para recolher propostas sobre a experiência crente, em coerência e felicidade, no ambiente familiar e com um novo livro de José Tolentino Mendonça, “A Mística do Instante”. Dois acontecimentos, entre muitos outros é certo, que oferecem convergências para um roteiro de vida, nomeadamente quando assumido como uma peregrinação, um caminho. Concretamente no ambiente familiar.

“A Mística do Instante” inaugura uma nova era na forma e nas fórmulas de dizer os itinerários do quotidiano, afastando ruturas entre alma e corpo, entre o divino e o mundano, porque “o dualismo é um equívoco muito grande e acaba por levar a visão cristã por caminhos que não encontramos sublinhados no Evangelho”.

No seu último livro, José Tolentino Mendonça sugere uma “reconciliação” com o tempo (para vivermos uma “mística de olhos abertos”) e com o corpo (porque “o corpo que somos é uma gramática de Deus”), encontrando nos cinco 

 

 

sentidos referências essenciais para transformar o instante de cada um numa experiência mística.

“A mística do instante reenvia-nos para o interior de uma existência autêntica, ensinando a tornarmo-nos realmente presentes: a ver em cada fragmento o infinito, a ouvir o muralhar da eternidade em cada som, a tocar o impalpável com gestos mais simples, a saborear o esplêndido banquete daquilo que é frugal e escasso, a inebriar-nos com o odor da flor sempre nova do instante”, escreve no livro editado pela Paulinas.

Numa longa entrevista à Agência ECCLESIA sobre “A Mística do Instante”, José Tolentino Mendonça defendeu que “é impossível pensar um caminho de fé que não tenha a ver com o que ouvimos, o que vemos, o que tateamos, o que nos chega através do odor, muitas vezes invisível, ou então do sabor de Deus”. E explicou: “a audição faz-se com os ouvidos, mas faz-se também com o 

 

coração”, numa tradição crente onde 

 as comunidades “são uma consequência da escuta”; o “ver do mundo e do homem” permite “a visão de Deus”; há um Evangelho que “só a pele apreende” e “a fraternidade exprime-se também pelo tato”; “o odor é um léxico da memória” e possibilita uma “uma aprendizagem do invisível”; as comunidades cristãs têm de “passar do saber ao sabor”, para não permanecer no “mero anúncio”, mas chegar à “experiência”.

No contexto do debate sinodal sobre a família, e parafraseando o autor de “A Mística do Instante",  parece necessário afirmar: é impossível pensar “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da Evangelização” sem atender ao “que ouvimos, o que vemos, o que tateamos, o que nos chega através do odor, muitas vezes invisível, ou então do sabor de Deus”.

A família tem de ser pensada e vivida com os sentidos. Os cinco, pelo menos!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

“No momento em que começamos o Sínodo sobre a família, peçamos ao Senhor que nos indique o caminho” Papa Francisco, em @Pontifex, na rede social Twitter (05 out 2014)

 

 

 

 

 

“Em tempos de angústia e infelicidade, as pessoas ainda se voltam instintivamente para a Igreja em busca de esperança, de consolo e inspiração. Não as podemos desiludir”  Cardeal D. Philip Tartaglia, arcebispo de Glasgow, no Sínodo dos Bispos sobre a “compaixão” por quem passa por situações de separação e dor na sua vida conjuga. (Agência Ecclesia 08 out 2014)

 

“A epidemia já afetou um total de 7.500 pessoas, é difícil fazer previsões, mas pensamos que nos próximos 90 dias possamos inverter a tendência da epidemia e, eventualmente, controlá-la” diretor regional da OMS para África no Porto, Luís Sambo (Observador 7 out 2014)

 

“Portugal está melhor do que há um ano e, se fizer as coisas certas, estará melhor daqui a um ano do que está agora” Paulo Portas, Vice-Primeiro Ministro de Portugal (Rádio Renascença 04 out 2014)

 

 

 

 

 

 
 

“Que reforma podemos dar às pessoas que por falta de emprego têm carreiras contributivas muito limitativas?”, Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa na conferência ‘Afirmar o Futuro - Políticas Públicas para Portugal’, da Fundação Calouste Gulbenkian (07 out 2014).

 

 

 

"Todas as minhas afirmações na altura têm de ser lidas com atenção e interpretadas dentro do quadro legal. Os professores mantêm-se, disse. Mantêm-se até às novas listas de colocação corrigidas, que tacitamente revogam a anterior.” Nuno Crato, ministro Educação e Ciência na Assembleia da República (Jornal Expresso 08 out 2014)

 

 

Uma catequese renovada
que apresente Jesus

Centenas de catequistas marcaram presença em Fátima, entre os dias 3 e 5 deste mês, para as suas jornadas anuais, nas quais D. Nuno Brás, bispo auxiliar de Lisboa, afirmou que a catequese “deve e pode ganhar” a outros propostas que os mais novos têm na escola e em casa, como “um sentido para a existência”.

“O grande desafio é ser capaz de acompanhar habitualmente uma criança, um adolescente, um jovem neste processo de encontro e descoberta de Jesus Cristo, porque a catequese perde em termos de técnicas, de manuseamento e de utilização de dispositivos eletrónicos em relação à escola e divertimentos que hoje têm em casa”, comentou o vogal da Comissão Episcopal de Educação Cristã e Doutrina da Fé à Agência ECCLESIA.

A coordenadora do Departamento da Catequese do Secretariado Nacional de Educação Cristã (SNEC) explicou por sua vez alguns projetos destinados a integrar e revitalizar as famílias no processo de transmissão da fé. “Já temos um processo de catequese familiar, no quarto ano 

 

de implementação, onde os pais têm oportunidade de fazer uma catequese de adultos com outras famílias e, depois, têm um papel muito importante na catequização dos filhos em casa”, revela Cristina Sá Carvalho.

Assim as crianças/adolescentes, para além do seu grupo de catequese, também “absorvem, trabalham e acompanham” o desenvolvimento religioso dos pais.

O padre Luís Miguel Figueiredo Rodrigues, da Arquidiocese de Braga, apresentou o tema ‘Oração e espiritualidade do catequista em missão’ e explicou que a formação destes agentes de pastoral é diferente da “profissional das empresas”. “Interessa-nos a que me ajuda ou torna disponível para que Deus se forme em mim, ou seja, um homem totalmente transformado por Deus”, sublinha o sacerdote, observando que “a fé acontece em homens e mulheres que vivem na carne, que vivem no mundo” e tem de assumir o “conceito de encarnação” na vida concreta.

O padre Luís Miguel Figueiredo Rodrigues comentou ainda a riqueza que é a diversidade de idades dos 

 
 

 

 

 

 

 

 

catequistas quando estes se reúnem em grupo paroquial porque os mais novos “têm entusiasmo mas não têm experiência” e o mais sénior, que pode não ter a força do jovem, “tem a sabedoria”. “A riqueza está num 

 

 
 

grupo de irmão ajudarmo-nos mutuamente. O grupo de catequistas deve fazer a experiência de se encontrar, rezar, e depois o que se ensina não é teoria, é uma experiência e naturalmente sai”, desenvolve.

 

 

 

Por um trabalho mais digno

A Liga Operária Católica e a sua congénere espanhola associaram-se à Jornada Mundial pelo Trabalho Digno, celebrada anualmente a 7 de outubro, propondo transformações na forma de “entender e organizar o trabalho humano”. “Estamos imersos numa realidade que sofreu e está a sofrer profundas transformações em todos os âmbitos da vida das pessoas. A forma como hoje se organiza o trabalho não é compatível com a vida digna à qual fomos chamados”, explica o comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) e a Hermandad Obrera Accion Católica (HOAC) acrescentam que  “ter trabalho, ter salários suficientes para

 

 

 

poder viver, realizar o trabalho em condições dignas” são situações que possibilitam “o crescimento e a construção da pessoa”. Nesse sentido, assinalam na Europa o desemprego, “também dos jovens”, que alcança níveis “alarmantes em muitos países do sul” ou a perda dos direitos laborais.

A nível mundial exemplificam que “mais de duzentos milhões de mulheres e homens estão desempregados” ou “quase mil milhões” trabalham mas vivem abaixo do “limiar da pobreza de 2 dólares por dia”. Por isso, a LOC/MTC e a HOAC convidam a refletir sobre o mundo laboral e a “descobrir e denunciar as causas” que originam o sofrimento dos trabalhadores, das famílias e dos povos.

 

 

Coimbra: Diocese atenta 

aos que «estão nas margens da fé»

 

O bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, deu este domingo início ao novo ano pastoral na diocese, que dará atenção especial à formação ou reintrodução de adultos na fé. Em declarações concedidas à Agência ECCLESIA, o prelado destacou a importância do projeto numa época em que “tantas pessoas perderam a fé, estão nas margens da fé, precisam de um reencontro”.

“A Igreja não pode ficar parada nem à espera que os acontecimentos se vão sucedendo”, salientou o responsável  católico, para quem o tempo de “falar” em “catequese de adultos” já passou, agora é preciso avançar de facto com uma “estratégia” que vá ao encontro 

 

dos desafios.

No caso da Diocese de Coimbra, a implementação do projeto está a cargo de “uma equipa integrada no Secretariado Diocesano de Evangelização e Catequese”, que está a preparar catequistas para que estejam aptos a acompanhar e ajudar adultos na sua “caminhada” de fé.

O ano pastoral 2014-2015 tem como tema “Comunidade de Discípulos Missionários” e vai ao encontro do convite que o Papa Francisco deixou na exortação apostólica “A alegria do Evangelho”, para que a Igreja Católica seja uma força evangelizadora permanentemente em “saída”, promotora do “encontro”, sobretudo com as periferias da sociedade.

 

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Caminhada pela Vida 

 

 

 

Assembleia Diocesana de Portalegre-Castelo Branco

 

Uma cultura retro?


D. Manuel Linda

Bispo das Forças Armadas e de Segurança

 

Creio bem que tudo começou por um certo interesse didáctico-pedagógico. O que é altamente louvável. Mas generalizou-se tanto que, hoje em dia, quase não há terra, terrinha ou terriola que se preze que não organize a sua feira medieval ou um mercado romano, um cortejo real ou uma «recriação histórica». Aquelas que, por diminuta população e consequente carência de figurantes não se podem aventurar nesses voos, ao menos recriam uma lagarada tradicional, uma desfolhada colectiva, um serão de aldeia, uma malhada à antiga, uma garraiada popular, etc. Consta-me até que uma Associação de Estudantes de uma Escola Básica ficou «danada» porque a Direcção não autorizou o espectáculo com o qual desejavam presentear os seus colegas crianças e adolescentes: a matança do porco pelos métodos bárbaros tradicionais.

Evidentemente, a Igreja, constituída por homens e mulheres que respiram este ambiente cultural, também não se consegue desprender da nostalgia do passado. E para alguns, hoje, dinamismo pastoral equivale a monumentais presépios com centenas de figurantes, vias-sacras ao vivo, recriações de cenas bíblica, etc. O que, numa sociedade de curiosos e mórbidos, mas analfabetos nos rudimentos da fé, não deixa de ser uma óptima sessão de catequese. Não obstante, confirma o princípio da atracção pelo regresso ao passado. Na moda, em geral, acontece o mesmo: o revivalismo da roupa e do cabelo; a recuperação dos minis, «carochas» e cinquecenti; as concentrações de «clássicos»; a música dos anos sessenta; os hotéis-museu, etc.

 

 

 

Fenómeno simplesmente passageiro? Temo que seja mais que isso. Temo que seja a afirmação de uma cultura passadista que recupera muito do que esta tinha de pior. Por exemplo: o dualismo corpo/espírito; o culto da deusa Gea, Gaia ou Mãe-natureza; o próprio paganismo, na Islândia elevado ao estatuto de igualdade com as outras religiões; o individualismo, que tanto se manifesta no desinteresse pelo semelhante como num gregarismo de conveniência e circunstância; o animismo e o sincretismo, sob a capa «new-age»; etc.

Perante este estado de coisas, é preciso afirmar que o tempo mental

 
 
 do cristianismo não é o regresso a uma qualquer idade do ouro passada, mas sim o futuro absoluto. Embora com uma história –História de Salvação- porque conjunto de momentos e eventos em que Deus irrompe na vida da humanidade, a fé cristã põe os olhos no horizonte da perusia porque espera de Deus novos céus e nova terra.

É isto que nos distingue da cultura mundana. Com grande vantagem nossa, estou em crer. De facto, não antevejo grande futuro para quem se fixa no passado e intenta uma civilização retro. Retro ou retrógrada, que é o mesmo. Esses, quando muito, entrarão no futuro às arrecuas.

 

 

Caminha, caminha…

Sónia Neves

Agência ECCLESIA

 

No sábado passado muitos caminharam por ruas do centro de Lisboa, com cartazes e tarjas, camisolas azuis e laranja, balões brancos. Havia uma razão que os unia, lutar pela vida, pelo direito a nascer... Anónimos, jovens e velhos, deputados e figuras públicas, alguns em família, juntaram-se num objetivo de gritar bem alto “Viva a vida”, não se conformando com a lei do aborto despenalizada em 2007. Passos que irão levar uma iniciativa legislativa de cidadãos com linhas de valorização da vida e proteção à maternidade.

Há 100 anos que três crianças caminhavam todos os dias desde o lugar de Aljustrel até à Cova da Iria... Guardavam um rebanho.

 Imagino-as crianças felizes, com a energia própria da idade nas brincadeiras com o gado. Imagino as meninas, Lúcia e Jacinta, com um lenço na cabeça e Francisco de chapéu. Será que contavam ovelhas? Que conversas teriam? Pensavam em namorado(a)s? Jogavam ao pião ou saltavam à corda? Saltitavam e corriam nos montes?

Crianças normais da época que foram escolhidas para guardarem um segredo e depois o "anunciar ao Mundo".

É assim que imagino que os peregrinos que se preparam para chegar a Fátima no próximo dia 13 também se sintam... Iguais a tantos outros, com o segredo que só a fé provoca em cada um e os leva a caminhar. Agradecer ou pedir. Cantar ou rezar. À chuva ou ao sol. Alegres ou em mais sofrimento.

Para os portugueses esta realidade é comum mas há pouco tempo, estava eu na capelinha das

 

 

 

 Aparições à noite, e observava um grande grupo de peregrinos estrangeiros, de velas na mão. Chamou-me a atenção os impermeáveis, os joelhos e tornozelos com ligaduras. Talvez uma peregrinação grande, talvez alguns quilómetros… Objetivos diferentes, a mesma fé.

Também é a fé que leva muitos portugueses espalhados pelo Mundo a verem as transmissões online da capelinha, a fazerem disparar as visualizações do site nos dias das peregrinações aniversárias 

 

e que o facebook tenha mais de 638 mil gostos.

Fátima, conhecido como altar do Mundo, caminha para o centenário das aparições a passos largos. Caminha através de exposições, música, bailado e até um musical que vai marcar esta celebração numa atitude de peregrinação até 2017.

Este ano o dia 13 de outubro é, pela primeira vez, dedicado ao peregrino… aquele que caminha com uma motivação. Eu sou peregrina! E assim quero continuar sempre a caminhar…

 

 

Peregrinação, cultura e fé

Entrevista de Lígia Silveira

 

Pela primeira vez Portugal celebra o Dia do Peregrino. A Assembleia da República aprovou, em junho passado, que o dia 13 de outubro assinale a forte tradição na sociedade de peregrinar a locais de culto. Serve esta efeméride para dignificar o papel do peregrino na sociedade portuguesa, sendo, simultaneamente dinamizador religioso, social, cultural e económico.

A Agência Ecclesia conversa com Lourenço de Almeida, diretor e responsável pelo projeto «Caminhos de Fátima» do Centro Nacional de Cultura (CNC), e com Isabel Blanco Ferreira, delegada e voluntária do CNC para o Caminho do Mar.

 

Agência Ecclesia (AE) - Como surge o projeto «Caminhos de Fátima», dentro da proposta que o CNC formula?

Lourenço de Almeida (LA) – Este projeto surge por uma proposta minha. Diversas vezes peregrinei a Fátima pela estrada nacional 1, e embora gostasse muito da peregrinação, penso que grande parte dos participantes estava mais preocupada com a salvação imediata para não ser atropelado, do que pelo caminho em si. Enquanto associado do CNC propus, à então presidente Helena Vaz da Silva, fazer a nível nacional uma rede de caminho pedonais onde se pudesse olhar mais para os pássaros, para os rios, para dentro e para o alto. Entusiasticamente foi aceite, e assim começámos.

 

 
AE – O importante na peregrinação é o próprio caminho, não só o destino?

LA – O importante é o partir e o caminhar. O chegar tem a sua importância mas não é o fundamental. No livro «Diário de um mago», o autor Paulo Coelho relata que o peregrino quando está a 30 ou 40 quilómetros de chegar a Santiago de Compostela, entra num autocarro. Quando li, achei estranho, mas é exemplificativo de que embora tenha um encanto enorme passar o Pórtico da Glória, na cidade, isso não é o essencial. O essencial é de facto partir e caminhar.

 

 

 

 

 

 

 

AE – Muitas pessoas que fazem o caminho, quando o iniciam, têm esta noção ou é o próprio caminho que as converte?

Isabel Blanco Ferreira (IBF) – Algumas iniciam o caminho com o propósito de descoberta. E essas terão um percurso mais contemplativo. Outros irão com o propósito mais físico ou turístico.

 

 

 
No entanto os desafios do caminho, a relação com os outros e as dificuldades que se apresentam transformam quem peregrina. Nunca mais somos os mesmos. Passamos a ter outra atitude, outro olhar e preocupação. Não quer dizer que passemos a ser melhores pessoas mas apercebemo-nos mais facilmente de muitas pedras no nosso caminho.
 

 

 

 

AE – Que importância assume a natureza no caminho que se traça? Porquê privilegiar troços naturais?

IBF – Um caminho de peregrinação tem o objetivo de ser contemplativo. É no contacto com a natureza que conseguimos escutar Deus e nós próprios. O Caminho do Mar, que parte do Estoril teve sempre a preocupação de se manter natural. Essa foi a orientação que demos às autarquias que o percurso atravessa, privilegiando caminhos fora de estrada ou com pouco trânsito. (O CNC apresenta quatro itinerários: Caminho do Tejo, Caminho do Norte, Caminho da Nazaré e Caminho do Mar, ndr.)

 

AE – Que importância tem a instituição do Dia do Peregrino?

IBF – É um olhar novo sobre o peregrino. Vejo alguma diferença na forma de peregrinar. Há uns anos confidenciavam-me que cumpriam promessas. Hoje vejo que vão à procura de algo, à procura de Deus.

A instituição deste dia faz-nos olhar para os peregrinos como pessoas que procuram algo de bom, para além de fatores económicos que não deixam de ser importantes. Percebemos 

 

essa dimensão quando identificámos e sinalizamos o Caminho do Mar, que atravessa muitas localidades desertificadas.

Socialmente é importante. As pessoas vêm à rua ver os peregrinos passar, uma mercearia no caminho vende mais alguma coisa. Mesmo com alguma bizarria vai ser bom para os peregrinos e para os que os rodeiam.

 

AE – O reconhecimento indicado no projeto de resolução aprovado pela Assembleia da República, 1050/XII, indica o carácter religioso do peregrino, mas também a dimensão social, cultural e económica. O peregrino é de facto esse dinamizador?

LA – Lembra-me uma fase do escritor alemão Goethe que dizia algo como «A Europa está-se fazendo a caminho de Santiago». Essa interligação entre os peregrinos que, durante o dia ou à noite, se reúnem nos albergues, com o mesmo objetivo, simples e profundo que é caminhar, se possível, chegando a um local sagrado.

Com os telemóveis, as autoestradas, há uma maior comunicação, mas todos os peregrinos têm essa experiência. E eu, como peregrino,

 

 

 


 

 lembro-me de, à noite, conversar e conhecer, trocando experiências. A partilha daquilo que temos no coração e, e continuará a ser, muito importante.

Todos os anos verifico, com agradável surpresa, quer no caminho para Fátima como para Santiago de Compostela, mais um albergue, outro hotel, mais um restaurante. Todas as atividades complementares – os albergues são importantes mas não esgotam a forma de alojamento dos peregrinos – contribuem para o bem-estar das pessoas e para a dinamização económica e cultural. Entendendo a cultura como o cultivar do que está à nossa volta.

 

 
AE - Peregrinar é também uma forma de cultura?

LA – Sem qualquer dúvida. Já os romanos diziam que o homem é um caminhante. Faz parte da natureza humana caminhar, conhecer. E a cultura é tudo isto: ver o que está à nossa volta. Hoje já ninguém duvida que cultura ultrapassa a informação e os conhecimentos e integra o cultivo das relações com a natureza, na qual nos inserimos. É o fruto dessa interação que o peregrinar nos proporciona.

 

 

 

 

AE – O português é um peregrino?

IBF – Quando se peregrina, leva-se a cultura e tradição próprias mas recebe-se muito do outro. Sem perder a sua identidade, o peregrino faz uma transformação abrindo-se às outras formas de viver. Quando se atravessa quilómetros de Portugal profundo, ou da Espanha profunda, enriquece-se muito, na conjugação do que se leva e se apreende. Ser peregrino é uma bênção.

 

AE – O Caminho do Mar foi o último a ser identificado e indicado como disponível para rumar a Fátima e depois a Santiago de Compostela (As setas azuis indicam o sentido de Fátima; as setas amarelas indicam o caminho para Santiago de Compostela, ndr.). Este é um trajeto que tem envolvido diferentes autarquias e associações, mostrando a importância do trabalho em rede.

IBF – Recuo ao dia 28 de novembro de 2012, cerca de seis meses depois de termos sido convidados pelo CNC para tornar este caminho público ao serviço dos peregrinos. Neste dia conseguimos sentar 11 autarquias e assinar um protocolo. Tínhamos 

 

 

 

 

 

 

um projeto: seis meses depois ter o trajeto sinalizado e identificado. No dia 27 de abril conseguimos, com equipas de voluntários, entre as 8 horas da manhã e as 20h da noite, sinalizar todo o caminho.

 

AE – Estas parcerias estabelecidas são exemplo para outras que se querem efetuar?

IBF – É o trabalho em rede a que queremos dar continuidade. Estamos neste momento a estabelecer protocolos com cerca de 30 Juntas de Freguesia que o Caminho do Mar atravessa, tendo como objetivo o compromisso de que, regularmente, estas entidades que melhor conhecem o terreno e os munícipes possam verificar as condições e a visibilidade das setas. Queremos ainda avançar para a marcação com marcos de pedra, tal como acontece no caminho do Tejo e em Espanha.

Temos contactado também empreendimentos hoteleiros que gostem de receber peregrinos e que ultrapassem a ideia de não querer receber peregrinos com mochila às costas e botas com lama.

O envolvimento de todos, seja por motivos religiosos ou económicos, são bem-vindos.

 

 

 

AE – E há espaço para sonho ainda.

IBF – Gostaríamos de fazer o caminho por mar. Temos eco de alguns peregrinos que rumavam a Santiago de Compostela de barco, num trajeto desde o Mediterrâneo passando por Lisboa. Sabemos que o rei D. Luís partiu de Cascais em direção a Santiago. Temos o sonho de em 2016 partir de Cascais. Estamos a trabalhar nesse projeto em colaboração com outros portugueses e espanhóis também, que já realizam uma peregrinação por mar.

Impulsionado pela instituição do dia do peregrino está em marcha um projeto para a criação de um albergue no Estoril, que possa ajudar a acolher as muitas pessoas que vêm do sul.

Os albergues têm uma mística pois proporcionam encontro, cultura, fraternidade. Não será suficiente, claro. Independentemente dos albergues que se criem, nunca será suficiente para a tamanha procura, mas é importante para o testemunho e fraternidade cristã que se proporciona.

O peregrino não é um «turigrino», mas obviamente, o peregrino vai também ver as belezas nas localidades, vai partilhar o que mais gostou e vai influenciar outras pessoas. 

 
 
 

 

 

 

LA – Os caminhos nunca estão completos. Há sempre manutenção e melhorias a fazer. Mesmo no caminho do mar, o mais recente, faltam coisas ainda. Mas quem inicia o percurso não se perde. Que mantenha o coração aberto e, tal como a vida, sabendo que vai avançar e recuar, mas faz parte do caminho.

 

 

 

AE – O CNC quer ser o centro não aglutinador mas impulsionador dos caminhos?

LA – O CNC não é dono dos caminhos de Fátima. Por exemplo, o caminho da Beira Baixa está a ser delineado e não foi nossa iniciativa. E valorizamos que assim seja. Por uma questão de parceria e trabalho em rede fomos contactados.

O que se fez não foi o CNC a realizar mas muita gente. Isso só nos alegra e só assim é que verdadeiramente se está a missionar.

 

 

 

 

 

 

 

AE – Peregrinar está na moda?

IBF – Está na moda e é uma boa moda. As pessoas tiveram uns anos de muita prosperidade económica, estávamos todos muito virados para fora de nós mesmos. Este novo desafio de menos prosperidade económica faz-nos procurar um olhar interior põe-nos em busca do essencial. Começaram a peregrinar para se encontrarem. Aquelas que dizem que não acreditam em Deus eu costumo dizer: «não te preocupes porque Deus acredita em ti».

 

LA – Não é um contexto apenas português mas mundial. O peregrinar teve altos e baixos. Quando fui a Santiago pela primeira vez - tenho 78 anos mas não foi assim há tanto tempo - as pessoas surpreendiam-se pelo facto de ver peregrinos a pé. Hoje é uma moda, mas é magnífica.

Para Fátima penso que se trata de um fenómeno um pouco diferente. Desde 1917 as peregrinações foram uma 

 

constante. Muitos iam a pé porque não tinham maneira de ir de outra forma. Penso que o que diferencia é que passou a ser muito procurada por muitos urbanos e não apenas por gente simples que ia a pé porque não podia de ir de outra maneira. Penso que nunca se registou uma quebra significativa.

Percebeu-se que peregrinar a Fátima é uma grande ferramenta que Deus colocou à nossa disposição, uma forma de missionação, e aproveitar os benefícios que nos traz uma peregrinação a pé.

Entendo que não é mais valiosa uma peregrinação a pé do que de outra forma, mas é talvez mais benéfica porque temos a sorte de aproveitar circunstâncias e a oportunidade de perceber que a obra de Deus é magnífica; quem vai com mochila tem a oportunidade de ver que leva sempre coisas a mais numa metáfora com a vida: levamos muita coisa que não precisamos e que pesam muito.

 

 

 

 

 

AE – A moda pode ajudar ou prejudicar essa descoberta que a peregrinação possibilita?

LA – A primeira vez que fui a Santiago – já antes tinha ido várias vezes a Fátima por motivos religiosos – integrava um casal de holandeses, que não eram católicos, e eu espantava-me porque não me pareciam peregrinos. Já em Santiago, na missa do peregrino, senti que estavam ali 20 peregrinos, quando no início saíram uns três ou quatro.

 

IBF – Quando se volta vem-se diferente. A peregrinação é um retiro. As pessoas vão a Fátima em grupo o que lhes confere proteção, contam já com uma organização oleada. Normalmente as peregrinações a Santiago, mesmo que em grupo, há mais desafios. Estamos noutra terra, com outro idioma, com outros costumes. O que se vive nas peregrinações são o caminho da vida – tanto o que se dá como o que se recebe.

Recentemente no caminho em Vigo encontramos cinco senhoras - a mais nova teria uns 80 anos - a conversar e nós, como cantamos muito e levamos instrumentos pelo caminho, cantámos para elas e foi uma emoção enorme. 

 

 

 

 

 

Durante cinco minutos partilhámos aquele momento que, tenho a certeza, vai ser transmitido e vai durar muito mais tempo do que aquele instante dividido na estrada.

O caminho de vida que se partilha durante os dias é um retiro do quotidiano. Somos muito urbanos, temos muitas manias, mandamos muito, temos a vida muito organizada e ali existe a oportunidade de nos confrontarmos com o tempo que é tempo e tem muitas horas.

Este ano, no caminho que fizemos da variante espiritual do Caminho português de Santiago de Compostela, passamos no de Santa Maria de Armenteira, da Ordem de Cister, na província de Pontevedra, onde as irmãs contemplativas recebem peregrinos. Impressionou-me que as suas 24 horas pareciam 48 porque rezam, trabalham e testemunharam esse tempo que se tem para cada um sem estarmos preocupados. Tudo flui e tudo é providenciado.

 

 

 

 

AE – O que é que mudou nas peregrinações?

LA – Um amigo espanhol disse-me que o caminho de Santiago, tal como o conhecemos, já morreu. Mas está a renascer e serão os nossos filhos e netos que, pegando no essencial lhe vão dar qualquer forma.

Sou tradicionalista procurando manter o que é bom. Noto mais gente, portugueses e estrangeiros de vários locais do mundo, mais restaurantes,

 

mais abrigos, lojas e casas. Tudo isso não causa dano. Deus preocupou-se com os pobres.

Os caminhos, todos eles, estão abertos a todos. A Santiago de Compostela, uma grande parte não irá, à partida, por motivos religiosos ou de fé. Mas não se esqueça quem se relaciona com os caminhos, que são trilhos de peregrinação. Se isso se perder, perde-se a alma do caminho. Aberto a todos sim, mas que se aceite fazer um caminho de peregrinação.

 

Peregrinar na Bíblia

Vários textos, tanto do Antigo como do Novo Testamento, oferecem-nos a possibilidade de traçar uma espécie de “perfil do peregrino”. A prática da peregrinação é bastante difundida no judaísmo, conforme se pode depreender da obrigação de cumprir este rito por ocasião das grandes festividades (cf. Dt 16,16).

Em primeiro lugar, pode destacar-se a alegria do peregrino, mal escuta o convite: “Vamos para a casa do Senhor!” (Sl 122,1). O caminho, que começa com alegria, tem origem no desejo de “se apresentar diante de Deus em Sião” e passa por uma espécie de decisão de se fazer peregrino, porque em Deus encontra a sua força, para se usar próprias do Sl 84. Aí se proclama a bem-aventurança dos que se decidem a ser peregrinos, ainda que este mesmo salmo destaque a aridez do caminho, “o vale seco” que, depois, “se transforma em oásis”. Última nota, ainda do Sl 84, é o entusiasmo crescente com que o peregrino vai realizando o seu caminho. E isto apesar das dificuldades.

Uma análise de relance dos “cânticos das subidas”, a pequena coleção 

 
 

de salmos dentro do próprio saltério (cf. Sl 120-134) talvez destinada a acompanhar as subidas a Jerusalém, faz ressaltar a confiança com que peregrino se dirige ao Senhor, esperando dele o auxílio, pois acredita que o mesmo Deus é quem o guarda a ele e a Israel (cf. Sl 121). De facto, muitos destes salmos são catalogados habitualmente como “salmos de confiança”. Mais tarde, a Carta aos Hebreus viria justamente a convidar a aproximar-se do trono da graça – um outro tipo de peregrinação – “com grande confiança, a fim de alcançar misericórdia e encontrar graça para uma ajuda oportuna” (Heb 4,16).

Além disso, já em chave cristã, tal como no caso dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35), a presença de Jesus traz nova luz a um caminhar errante, em que o peregrino tantas vezes se mostra desiludido por ver frustradas as suas esperanças. Desta vez o entusiasmo crescente é conferido pelo próprio Jesus que, com a sua ressurreição, traz novo alento ao caminhar, faz arder os corações a partir de dentro.

 

 

 

 

 

 

A Escritura permite, além disso, dizer que ser peregrino é mais que cumprir um tempo fugaz de caminho até um santuário. Adquire, antes, um sentido mais amplo e existencial, transversal a toda a vida humana. O peregrino está, afinal, consciente de aqui não ter morada permanente,

 

 uma vez que a sua pátria está nos céus (cf. Fil 3,20), sentindo-se também ele “estrangeiro e peregrino sobre a terra” e aspirando “à pátria celeste” (Heb 11,13-16).

 

Padre Ricardo Freire, scj

Biblista

 

 

Centenário De Fátima – Uma Ocasião Ímpar

Fátima dá que pensar.

Tenho vindo a convencer-me, cada vez mais, da perfeita adequação desta leitura. É claro que, enquanto fenómeno sui generis – rigorosamente não enquadrável facilmente em estruturas habituais – pode provocar o pensamento de formas muito variadas. E não me refiro apenas ao fenómeno específico das aparições, mas ao fenómeno Fátima, no seu conjunto.

Nestas breves linhas, e precisamente impulsionado pela programação em torno à celebração do primeiro centenário, pretendo apenas considerar o desafio de Fátima para o pensamento teológico. E posso considerá-lo em dois sentidos – como desafio temático para a teologia, na diversidade dos seus aspetos; ou então como promoção direta do pensamento teológico, por iniciativa dos responsáveis do santuário, normalmente em colaboração feliz com a Faculdade de Teologia (aliás, colaboração praticamente inédita em todo o mundo). A minha concentração neste tópico – deixando de lado todas as realizações artísticas, catequéticas, etc., que são muito significativas – não é inocente, e parece-me constituir um dos núcleos

 
 

 mais fortes do contributo de Fátima para o momento cultural e eclesial que atravessamos.

A Teologia pode realizar-se de modo simplesmente dedutivo, partindo de afirmações mais ou menos abstractas e desenvolvendo uma reflexão coerente sobre os seus conteúdos; ou pode elaborar-se de modo indutivo, a partir das manifestações concretas da fé do povo de Deus, incarnada em contextos e tempos diversos. Rigorosamente, nenhuma destas duas vertentes fundamentais do pensamento teológico pode ser ignorada. Para uma Teologia indutiva, os acontecimentos em que se envolvem os crentes são sempre o ponto de partida da reflexão, embora com critérios tipicamente teológicos. É nesse sentido que as realidades humanas permanentemente provocam o pensamento teológico. E este está sempre referido a essas realidades, nunca chegando a esgotar as suas possibilidades.

Fátima pode ser considerada uma dessas realidades. Seja quanto aos seus acontecimentos fundadores, seja quanto a tudo o que se lhe seguiu, seja quanto ao efeito que teve sobre a sociedade e a Igreja – não apenas em Portugal – seja quanto aos textos daí 

 

 

 

 

 

resultantes – tudo isso constitui um manancial a provocar permanentemente a leitura teológica. Esta será, por uma lado, uma leitura atenta, disposta a transformar-se a si mesma, provocada pelos acontecimentos e, por outro lado, uma leitura crítica, que ajuda a discernir a qualidade teológica dos mesmos acontecimentos. A programação da celebração do centenário, por parte do santuário, compreendeu perfeitamente este desafio ao pensamento teológico, estando a explorá-lo progressiva e pedagogicamente, rumo ao ano de 2017.

Mas, ao mesmo tempo, seguindo uma tradição que a reitoria do Santuário já tinha assumido antes, a preparação deste centenário está a ser uma provocação explícita do pensamento teológico, seja diretamente sobre o fenómeno de Fátima, seja sobre temas que lhe são afins. Assim sendo, o próprio espaço de Fátima e tudo o que nele se movimenta tem convidado teólogos de diversas nacionalidades a pensar. E esse pensamento teológico tem 

 

colocado ao serviço de toda a população, através de publicações, as conclusões a que tem chegado esses teólogos, ou pelo menos o próprio processo do pensamento. É já significativa a biblioteca resultante de todos os simpósios e congressos aí realizados.

Fátima manifesta-se, confirmando uma sua vocação já antiga, cada vez mais como desafio à Teologia, para que o modo popular de com ela se relacionar não seja pensado como alternativa a um modo teologicamente crítico. Há uma possível e sadia aliança entre a devoção popular e o esclarecimento crítico, que me parece ter em Fátima um dos seus exemplos cimeiros, no contexto do nosso mundo contemporâneo. Como cristão preocupado com o pensamento crítico da Teologia, agradeço o serviço que o Santuário tem prestado à reflexão sobre o nosso modo próprio de sermos Igreja. E não será essa uma das linhas fortes da sua missão?

 

João Duque

 

 

13 de outubro marcado por grandes acontecimentos da Igreja

O bispo de Leiria-Fátima destacou a especial “relevância” da peregrinação aniversária internacional de 13 de outubro, este ano marcada por iniciativas como o Sínodo dos Bispos sobre a Família e a beatificação do Papa Paulo VI.

“O 13 de outubro é muito significativo, por vários motivos”, frisou D. António Marto em declarações à Agência ECCLESIA, lembrando que no caso do encontro que está a decorrer em Roma, dedicado aos desafios pastorais da Igreja Católica junto das famílias, “o Papa pediu que ele seja acompanhado com oração”.

O prelado conta que os peregrinos adiram em força ao apelo de

 

 

 

 Francisco, até porque “Fátima nunca pode estar desligada dos grandes acontecimentos da Igreja”.

As cerimónias de 12 e 13 de outubro, subordinadas ao tema “Arrependei-vos porque Deus está perto”, vão acontecer uma semana antes de outro evento marcante para as comunidades católicas, a beatificação do Papa Paulo VI, no dia 19.

D. António Marto destaca o significado que aquela cerimónia terá para o Santuário, recordando que Paulo VI foi “o primeiro Papa a visitar Fátima”, a 13 de maio de 1967, no cinquentenário das aparições.

A beatificação de Paulo VI tem ainda a curiosidade de acontecer numa altura em que na Cova da Iria está em marcha a preparação do centenário

 

 

 

 

 das aparições de Nossa Senhora, a ter lugar em 2017.

Em paralelo a estes eventos, o bispo de Leiria-Fátima destaca três efemérides que dão outra envolvência à peregrinação aniversária de outubro.

“A comemoração do centenário da Primeira Grande Guerra, os 75 anos da Segunda Grande Guerra e os 25 anos da queda do muro de Berlim, acontecimentos históricos a que está associada a mensagem de Fátima”, frisa o prelado.

De acordo com o serviço de informação do Santuário de Fátima, já está confirmada a presença de cerca de 100 grupos organizados de peregrinos nas celebrações de 13 de outubro, vindos de 20 países.

 
“Com o maior número de peregrinos está um grupo português, o ‘Grupo da Imaculada’, com 300 peregrinos”, adianta aquele organismo.
A Itália encabeça a lista dos outros países participantes, com a inscrição de 25 grupos, seguida da Polónia (9), Espanha (8), Alemanha (7) e França (7).

Com início previsto para as 18h30 de dia 12, na Capelinha das Aparições, a última peregrinação aniversária deste ano vai ser presidida pelo arcebispo de Goa e Damão, D. Filipe Neri Ferrão.

O bispo de Leiria-Fátima saúda a presença daquele responsável católico, que acompanha na Índia comunidades que, apesar de já não serem colónias portuguesas, ainda hoje mantém “relações afetivas” com o nosso país.

 

 

 

 

Centenário das Aparições, celebração
da fé cristã com eventos culturais

O coordenador da Comissão Organizadora do Centenário das Aparições de Fátima (1917-2017), explicou que o Santuário optou por fazer “uma celebração mais do que uma comemoração” porque é um evento que “toca a fé cristã” e destacou alguns projetos culturais que estão a preparar.

O padre Vítor Coutinho destaca que os dois últimos anos do Centenário, até 2017, vão sendo enriquecidos progressivamente com um conjunto cultural porque “não há celebração se não existir este caráter festivo” e destaca que um programa que abrange áreas “muitos diferentes” desde a música clássica à popular; ao teatro, um musical, bailado e a peregrinação.

Para a realização deste programa cultural, a Comissão Organizadora do Centenário das Aparições de Fátima contactou compositores “de renome” internacional, um conjunto “interessante” de compositores portugueses que estão a trabalhar numa obra a partir dos textos da irmã Lúcia com o propósito de “criação de obras artísticas novas”.

Neste contexto também que está programado um bailado, um 

 

espetáculo “multi arte” em construção, um musical estilo teatro cantado que vai começar a ser escrito e composto nos próximos meses.

“Temos um conjunto de algumas dezenas de projetos que estão a ser ultimados, outros praticamente projetados e esperamos que os dois últimos anos sejam muito intensos não só em Fátima mas também nas paróquias”, frisa o responsável.

À Agência ECCLESIA, o padre Vítor Coutinho, assinala a importância desta celebração, que termina em 2017, 

 

 

 

 

 

 

 

seguissem um itinerário temático: “Que ao longo de sete anos não tivéssemos apenas eventos evocativos mas que as ações deste programa pudessem ir esporando e  aprofundando os vários tópicos da mensagem de Fátima”, desenvolve.

Nesse sentido, depois do desafio em 2010 do agora Papa emérito Bento XVI começaram a preparar um plano não só para especificar os temas da mensagem de Fátima mas procurar uma ligação à vida cristã, “aos núcleos essenciais do agir e da fé cristã”.

Segundo o coordenador da Comissão Organizadora do Centenário das 

 
Aparições de Fátima (1917-2017) “muita” da programação do plano que está a ser realizado está ligado “sobretudo” à dimensão da fé e da pastoral inserindo-se no quotidiano do Santuário para “enriquecer as peregrinações” a nível temático mas “também de ritos próprios”.

O responsável destaca também o ciclo de conferências que procura “quase em forma de catequese de adultos aprofundada” explorar os vários tópicos de cada ano e a aposta no guia do peregrino que convida a visitar os espaços centrais do Santuário de Fátima “com novos textos, abordagens e formas” de visita “sempre com o ângulo temático daquele ano”.

Até à celebração do Centenário das Aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos de Fátima a organização preparou anualmente uma exposição que procura enquadrar os temas “a partir da linguagem da arte”, assinala o padre Vítor Coutinho.

 

 

Fátima a comunicar

Leopoldina Reis Simões é uma das caras do Centro Comunicação Social do Santuário de Fátima. É ela que gere a comunicação, está presente nas reuniões de trabalho do santuário, fala com os jornalistas e os acolhe. Pelas suas mãos passam muitos documentos informativos que chegam aos colaboradores, aos peregrinos e vão até aos quatro cantos do Mundo

 

“A presença dos membros do centro comunicação social nas reuniões de trabalho onde somos convidados a dar parecer e tomamos conhecimento do que realmente é importante divulgar torna-se fundamental”, explica Leopoldina Simões.

Ao nível interno houve um boletim informativo, “Servidores de Nossa Senhora”, que fazia chegar a informação antecipada aos colaboradores, o que na opinião da responsável “aproximava os colegas e os fazia estar a par de tudo o que se fazia até o chamavam carinhosamente por jornal da caserna”.

 No nível externo, mais estruturado, a imprensa e os peregrinos são os públicos-alvo.

“Já em 1973, quando houve uma reestruturação dos serviços do 

 

santuário, praticamente hoje ainda em vigor, existia o serviço de informações do santuário de Fátima”, recorda Leopoldina Simões.

Os grandes objetivos são o acolhimento dos jornalistas, a transmissão do que acontece no santuário e as novas tecnologias vieram dar um grande impulso, uma vez que, do outro lado do mundo, se pode receber na hora o que se passa em Fátima.

“Nos dias das grandes peregrinações os jornalistas precisam de atenção, materiais e espaço para que tudo funcione bem, eles está a comunicar Fátima”, defende a responsável.

O santuário de Fátima tem um jornal mensal, “Voz da Fátima”, que faz este mês 92 anos, ou seja, “já existia antes da acreditação das aparições”, e agora distribuído pelos membros do movimento Mensagem de Fátima.

O boletim informativo surgiu em 2004, traduzido em sete idiomas e com destaque para os “acontecimentos internacionais que levam Fátima a todo o mundo e dá conta do que chega dos devotos ao nível nacional e internacional”.

“Instituições que têm como patrono Nossa Senhora de Fátima e dão conta de muitas iniciativas ligadas a esta 

 

 

 

devoção e recentemente, até mais dedicações aos pastorinhos”, realça.

Para assinalar a vivência do centenário das aparições o santuário lançou também a revista cultural “Fátima XXI” e que se tornou um desafio para “a história, cultura e mensagem de Fátima”.

Para acompanhar a tecnologia e chegar a novos públicos o santuário tem ainda o site e o facebook.

 “A página do santuário, que vai ser remodelada em breve, para ser de festa e celebração, aumentou o número de visitas com a transmissão online chegando a ter 10 mil visitas 

 
por dia e que triplica nos dias 12 e 13”.
Já no facebook o público-alvo é a juventude e “é preciso estar na rede” tendo uma perspetiva diferente pois ali “torna-se fácil gostar ou não gostar e até comentar facilmente e chega-se aos 635 mil gostos”.

“Desenvolve-se um diálogo com as pessoas que é favorecedor da comunicação, porque podemos saber o sentir de quem nos ouve, lê e até vê”.

“É um mundo diferente, há muitos comentários que dizem “sonhar visitar Fátima”, o que faz acreditarmos que estamos mesmo em rede”, conclui. 

 

 

Dia Nacional do Peregrino

1. Desde tempos imemoriais que os peregrinos – vocábulo de origem latina, per agrum, que significa ‘pelos campos’ -, realizam, no âmbito histórico e religioso, individualmente ou em grupo, jornadas em direção a um determinado lugar sagrado.

 

2. Em Portugal, existe uma forte tradição na realização de peregrinações cristãs direcionadas para os mais variados locais de culto, com destaque para aquelas que se decorrem no Santuário de Fátima, que envolve inúmeras pessoas.

 

3. É de referir que a condição de peregrino não se esgota na intenção de caminhar em direção de um lugar sagrado; importa também valorizar o motivo que o levou a fazer essa jornada, determinante para a sua vida, onde muitas vezes se procura o sentido da própria existência, como um percurso interior.

 

4. Importa referir, também, que o ato de peregrinar abrange uma amplitude que vai muito para além da condição de crente de quem o pratica, abrangendo uma dimensão social, cultural e económica que se deve também valorizar.

 

 

 

5. Na sua declaração de 23 de novembro de 1987, a propósito da revitalização do Caminho de Santiago, o Conselho da Europa reconhece “que a fé que, ao longo dos tempos, animou os peregrinos e, para além das diferenças e interesses nacionais, os reuniu numa aspiração comum, nos inspire hoje, e muito particularmente os jovens,

a percorrer estes caminhos, em ordem a construirmos uma sociedade fundada na tolerância, no respeito do outro, na liberdade e na solidariedade”. 

 

6. Em suma, no amplo conjunto de dias evocativos de vários acontecimentos e efemérides relevantes, a criação deste dia será uma iniciativa que dignificará o papel do peregrino na construção da sociedade portuguesa.

 

Assim, a Assembleia da República, resolve, nos termos do nº 5 do artigo 166º da Constituição da República Portuguesa o seguinte:

 

Instituir o dia 13 de outubro como o Dia Nacional do Peregrino.

 

Projeto de Resolução N.º 1050/XII

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Sínodo: Falar claro sobre temas complexos

O Sínodo dos Bispos sobre a família tem respondido ao desafio do Papa Francisco para falar sem medo e de forma clara sobre os principais problemas que se levantam hoje, na relação entre a Igreja, os seus fiéis e a sociedade em questões como a família, a sexualidade ou a moral.

Os 253 participantes discutiram em particular nas duas últimas sessões as questões ligadas aos divorciados recasados e aos procedimentos de nulidade matrimonial, procurando novas soluções “pastorais” sem questionar a “doutrina fundamental”.

“Devemos adotar a hermenêutica do Papa: conservar completamente a doutrina, mas partir das pessoas, das suas situações, necessidades, sofrimentos, urgências concretas”, disse hoje em conferência de imprensa o cardeal Francesco Coccopalmerio, presidente do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos.

O especialista em Direito Canónico referiu que a Igreja Católica tem de dar uma resposta “a pessoas concretas, que se encontram em condições de gravidade e de urgência” e que exigem “uma resposta que vá ao encontro das suas necessidades”.

 

 
“Nestes casos, muito precisos, em que não é possível deixar aquela situação, por si anómala, ilegítima, eu tenho de fazer alguma coisa”, acrescentou.

O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, precisou por sua vez que a questão do acesso à Comunhão dos divorciados católicos em segunda união gerou um “debate apaixonado”.

Alguns participantes nos trabalhos à porta fechada seguem “uma linha que, não negando de modo algum a indissolubilidade do matrimónio, quer ver na chave da misericórdia, importantíssima para todos, as situações vividas e fazer um discernimento sobre como abordá-las”.

O porta-voz do Vaticano sublinhou, nesse sentido, que os intervenientes têm repetido a necessidade de “evitar a impressão de dar um juízo moral” sobre estes casos, como se fosse uma “condenação”.

As primeiras sessões de trabalho do Sínodo dos Bispos sobre a família ficaram marcadas por vários pedidos de mudança na linguagem da Igreja sobre família e sexualidade.

Os porta-vozes da assembleia geral extraordinária revelaram aos

 

 

 

 

 jornalistas que uma das propostas foi a passagem de uma linguagem “defensiva” para um discurso centrado “na atração e na beleza do amor de Deus que se vive na família”, também através dos meios de comunicação social.

Um dos intervenientes no Sínodo sublinhou que o uso de expressões como “viver em pecado”, “intrinsecamente desordenado” ou “mentalidade contracetiva” não ajuda a atrair as pessoas “à Igreja ou a Cristo”.

 
Segundo comunicado divulgado pela sala de imprensa da Santa Sé, em discussão esteve a questão do “valor essencial da sexualidade”. “Fala-se tanto, de forma crítica, da sexualidade fora do matrimónio que a sexualidade conjugal parece quase a concessão a uma imperfeição”.
 
 

 

Ouvir a «voz» da Igreja sobre a família

O Papa inaugurou esta segunda-feira as sessões de trabalho da terceira assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada às questões da família, convidando os participantes a "falar claro". "Que ninguém diga: 'isto não se pode dizer, vão pensar de mim isto ou aquilo'. É preciso dizer tudo o que se sente com ousadia", declarou, num breve discurso.

Francisco destacou a importância desta reunião para ouvir a "voz" das várias Igrejas particulares e revelou que após o consistório que decorreu em fevereiro deste ano recebeu uma carta de um dos cardeais presentes que se lamentava por outros "não tenham tido coragem de dizer 

 

algumas coisas, por respeito ao Papa, julgando que o Papa pensava de forma diferente".

"Isto não está bem, isto não é sinodalidade. É preciso dizer tudo o que, no Senhor, sentimos obrigação de dizer", observou.

O Papa convidou a "escutar com humildade" e acolher com "coração aberto" o que dizem os irmãos, com "paz e tranquilidade".

Francisco concluiu com uma observação de cariz teológico, sublinhando que o Sínodo decorre sempre com a presença e sob a presidência do Papa (cum Petro et sub Petro), "garantia para todos e custódia da fé".

 

 

 

 

 

D. Manuel Clemente falou no Sínodo

O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa falou esta quarta-feira diante do Sínodo dos Bispos sobre a família, apresentando o Vaticano II como exemplo para a relação entre defesa da doutrina e novos caminhos pastorais. D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, levou para o Vaticano uma reflexão que recordava a declaração sobre a liberdade religiosa do concílio (1962-1965).

“O Concílio Vaticano II resolveu a questão afirmando que os direitos e as liberdades se conjugam na pessoa, com uma subjetividade que a pouco e pouco vai assumindo a verdade que lhe é apresentada, num percurso que às vezes inclui erros, mas que tem de ser respeitado”, disse à Agência 

 

ECCLESIA, antes da partida para Roma.

A intervenção do representante português foi abordada ao início da tarde durante o encontro com os jornalistas sobre os trabalhos da assembleia sinodal, com a presença de D. Victor Manuel Fernández, arcebispo de Tiburnia, Argentina, o qual recordou que esta solução pareceria “impossível” para alguns, há 50 anos. “O Concílio Vaticano II, pelo contrário, encontrou um novo caminho”, observou o prelado argentino, e isso pode ser um exemplo para que o Sínodo sobre a família, nas suas assembleias deste ano e de 2015, possa “encontrar uma nova síntese para falar sobre estes problemas” dos divorciados recasados e outras situações.

 

 

 

A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Francisco recebeu atletas do Comité Paraolímpico italiano

 

 

 

Papa pede orações pelo Sínodo e as famílias

 

República Portuguesa online

http://www.presidencia.pt/

 

O facto de terem suspendido alguns feriados em Portugal faz com que estes passem despercebidos à grande maioria dos portugueses. Assim, como forma de relembrar a comemoração do 104º aniversário da Proclamação da República, esta semana sugerimos o sítio da Presidência da Républica Portuguesa. A qualidade da informação, as actualizações permanentes, os recursos disponíveis, a multiplicidade de meios ao dispor e o excelente ambiente gráfico, são exemplo do empenho e profissionalismo dos serviços de informação e comunicação do Palácio de Belém. Todo este espaço online poderá muito bem servir de exemplo para todo e qualquer sítio que, de alguma maneira se possa comparar ao serviço prestado neste endereço.

Ao digitarmos o endereço www.presidencia.pt deparamo-nos imediatamente com três ambientes distintos: o habitual serviço de notícias e destaques muito bem documentados e com recursos multimédia adaptados ao assunto em causa; a lista de opções laterais que nos mostram o que temos ao 

 

nosso dispôr e ainda a fantástica apresentação multimédia que relata “os dias do presidente”. Uma maneira muito cuidada e uma mais-valia que nos aproxima, mesmo que virtualmente, do nosso presidente da républica, onde aí, ele nos relata de um modo singular o seu quotidiano.

Passando para o menu, temos logo de início, o item “presidência directa”, onde podemos aceder à agenda, às intervenções, mensagens, artigos e publicações do presidente. Depois, na opção “presidência da república”, acedemos a informação de âmbito mais formal. Desde as funções do presidente, passando pelos seus serviços de apoio directo, pelos símbolos nacionais (hino e bandeira) e ainda, olhando um pouco para o passado, consultando os conteúdos relevantes de todos os presidentes anteriores. Mais abaixo, em “presidente da república”, como o nome indica ficamos devidamente informados acerca da sua biografia, e temos ainda a possibilidade de o contactarmos através de um formulário criado especificamente para esse efeito. Por último, destacamos a opção “visitas de estado e oficiais”, onde temos fantásticos 

 

 

 

 

 

dossiers de cada país que o Prof. Anibal Cavaco Silva visitou oficialmente (Moçambique, Brasil, Jordânia, Singapura, Austrália, etc.), bem como os roteiros e outro tipo de informações relativas às deslocações oficiais.

 
Aqui fica a sugestão para que visitem este fantástico sítio pois as opções disponíveis são imensas e a presença da presidência da república nas mais variadas plataformas tecnológicas são imensas e muito bem enquadradas.

 

Fernando Cassola Marques

 

 

Pobre para os pobres

A missão da Igreja

A relação da pobreza com a missão evangelizadora e libertadora da Igreja Católica é o mote que dá origem ao livro POBRE PARA OS POBRES. De autoria do cardeal Gerhard Müller, atual prefeito da Congregação para Doutrina da Fé, o livro propõe uma reflexão sobre a pobreza independente de ideologias e extremamente enraizada no Evangelho e na doutrina social da Igreja.

O prefácio foi escrito pelo Papa Francisco  e nele o Santo Padre manifesta a sua gratidão ao cardeal Müller pelo livro e pelo facto de querer chamar a atenção para a pobreza e para os diversos tipos de pobreza. «Estou certo de que cada um de vós que irá ler estas páginas, de algum modo, deixar-se-á tocar no coração e sentirá surgir dentro de si a exigência de uma renovação da vida», refere Francisco. As palavras do Papa recordam-nos que «não existem somente as pobrezas ligadas à economia. Na origem, o homem é pobre, é necessitado e indigente. 

 

Quando nascemos, para viver precisamos do cuidado dos nossos pais, e assim também em cada uma das épocas e etapas da vida nunca nenhum de nós se conseguirá libertar totalmente da necessidade e da ajuda dos outros.» Recorda-nos o Santo Padre que «se não nos fizemos a nós próprios e sozinhos, não podemos dar-nos tudo o que precisamos. O reconhecimento leal desta verdade convida-nos a permanecer humildes e a praticar com coragem a solidariedade, como uma virtude indispensável ao próprio viver.»

«A missão libertadora da Igreja», «a missão evangelizadora da Igreja» e «da América Latina à Igreja Universal» são os grandes temas tratados ao longo das páginas deste livro. Nele aprofundam-se realidades importantes como «a Teologia da Libertação hoje», «desafios para a Teologia no horizonte contemporâneo», «a opção preferencial pelos pobres em Aparecida» ou «pobreza: o desafio da fé».

 

 

 

 

 

 

 

 

O autor explica que fez «a experiência muito concreta da Igreja pobre para os pobres no Peru, nas favelas de Lima e entre os camponeses dos Andes, ficando espantado quando, ao encontrar aquelas pessoas, viu e percebeu uma fé cheia de alegria e de vida. A fé testemunhada abertamente e transmitida com amor faz parte dos maiores tesouros destas populações, apesar de marcadas por enormes preocupações quotidianas devido à sua própria vida.»

Mas para o cardeal Müller «a Igreja pobre para os pobres tem também o rosto de Gustavo Gutiérrez». Refere o autor que «foi precisamente a partir da experiência concreta da proximidade com os homens para quem Gutiérrez desenvolveu a Teologia da Libertação, que se impunha aos meus olhos cada vez com mais clareza o que representava o seu coração: o seu coração é o encontro com Jesus, é seguir Jesus Cristo, o Bom Samaritano».

 

Paulus Editora

 

 

 

II Concílio do Vaticano:
Do santo João ao beato Paulo

 

Os papas João XXIII e Paulo VI estavam na cadeira de Pedro durante a realização do II Concílio do Vaticano (1962-1965). A 19 deste mês, o papa Montini vai ser beatificado, em Roma (Itália), no final da Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família.

A 11 de maio de 1993 abriu-se na diocese romana, o processo diocesano. Nas investigações que foram feitas reuniram-se os depoimentos de 58 testemunhas de Brescia (Itália) e 71 de Milão (cidade italiana) e 63 de Roma. Os postuladores da causa foram o padre jesuíta Paolo Molinari e, a partir de 2007, o padre redentorista António Marrazzo “que a levou à feliz conclusão” (In: «Paulo VI – Biografia», Giselda Adornato; Lisboa; Paulus Editora). A 10 de maio, o Papa Francisco promulgou o decreto sobre o milagre, abrindo assim o caminho para a celebração da beatificação, a realizar na Praça de São Pedro, a 19 de outubro.

Giovanni Battista Montini, depois Paulo VI, nasceu em Concesio (Brescia), a 26 de setembro de 1897. Filho de Giorgio Montini – “figura grada do movimento católico, advogado, jornalista, deputado, fundador da editora Morcelliana, de uma família de advogados e eclesiásticos” (In: «Os Papas do século XX», D. Manuel Clemente, Lisboa, Paulus Editora) – e de Giuditta Alghisi. Passou a infância quase toda no campo, entre Consecio, Bovezzo e Verolavecchia, terra dos condes Alghisi.

Em maio de 1907 foi a Roma com a família, sendo recebido pelo Papa Pio X. Um ano depois entra no 

 

 

 


 

Colégio Arici, de Brescia, escola particular confiada aos jesuítas. No jornal escolar «La Fionda», Giovanni Battista Montini começou a escrever e dava sinais evidentes de vocação sacerdotal. O padre e professor Persico testemunhou na altura: “Era um bravo rapaz, com dotes maravilhosos de escritor, […] irredutivelmente antirretórico […]. Teria sido um magnífico jornalista”.

Em julho de 1916 inscreveu-se no Seminário de Brescia, ficando como aluno externo “por motivos de saúde” (In: «Os Papas do século XX», D. Manuel Clemente, Lisboa, Paulus Editora). No mês de maio de 1920 foi ordenado padre pelo arcebispo local, monsenhor Gaggia. Em Roma estudou Direito Canónico, Teologia e Filosofia na Universidade Gregoriana e também na Sapienza. Logo em 1921, monsenhor Pizzardo abriu-lhe as portas da Academia dos Nobres Eclesiásticos e, depois, chamou-o para a Secretaria de Estado. As suas qualidades diplomáticas e o discernimento de pessoas e situações ressaltavam.

Esteve como adido na Nunciatura de Varsóvia (Polónia), no entanto não suportou o clima daquele país e teve de voltar à Secretaria de Estado. 

 

Para além do trabalho na cúria romana, Giovanni Battista Montini foi nomeado – pelo Papa Pio XI - assistente da Federação Universitária Católica Italiana nos tempos difíceis da resistência ao fascismo. Neste contexto procurou formar uma elite católica para a cristianização da sociedade. Com os universitários tanto ia ao estrangeiro como os levava às barracas dos bairros mais degradados.

 

(Continua)

 

 

Outubro 2014

Dia 10 Outubro

* Lamego - Conselho Presbiteral

 

* Lisboa - ISCTE-IUL. - Seminário sobre o «Sector Social e a Estratégia Europa 2020» promovido pela União Distrital das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Lisboa (UDIPSS).

 

* Braga - Universidade do Minho - Salão Nobre da Reitoria - Colóquio de homenagem ao jesuíta Lúcio Craveiro da Silva para assinalar o centenário do seu nascimento.

 

* Guarda - Carmelo da Guarda - Encontro sobre Santa Teresa de Jesus com a presença de D. Manuel Felício.

 

* Fátima - O Santuário de Fátima, em Portugal, e o Santuário de Aparecida, no Brasil, unem-se, em oração às 21h30 (hora de Lisboa), pelo Papa e o Sínodo dos Bispos.

 

* Porto - Estação Casa da Música (Metro do Porto) - Inauguração da exposição «Cister no Douro».

 

 

 

 

* Guarda - Centro Apostólico - Encontro de espiritualidade sobre «Para falar de Teresa de Jesus... e da mestra de oração» orientado pelo padre Alpoim Portugal e padre Manuel Reis (10 a 12)

 

* Santarém - Tomar - Convento de Cristo - A Associação Portuguesa de Cister e o Instituto Politécnico de Tomar promovem o colóquio internacional «Cister, os Templários e a Ordem de Cister».(10 a 12)

 

Dia 11 Outubro

* Lisboa – Estoril - As Edições Salesianos organizam o evento E-vangelizar, atividade formativa destinada a animadores, catequistas, consagrados, professores e demais agentes evangelizadores que procuram melhorar as suas competências no anúncio da Boa Nova.

 

* Coimbra - Quinta de Santo António, no Almegue - A Conferência Nacional dos Institutos Seculares de Portugal (CNIS) realiza um encontro nacional de jovens, intitulado «Encontro de Alpinistas do Espírito»

 

 

 

 

 

 

 

* Coimbra – Lousã - A Junta Regional de Coimbra do Corpo Nacional de Escutas promove o «Dia da Região 2014» e início do Ano Escutista.

 

* Fátima - Centro Catequético de Nossa Senhora de Fátima - Encontro nacional da Liga dos antigos alunos do Seminário de Évora (LASE)

 

* Lamego - Santuário da Senhora da Lapa - Peregrinação diocesana à Senhora da Lapa do Movimento da Mensagem de Fátima com o tema «Envolvidos no amor de Deus pelo mundo» presidida por D. António Couto.

 

* Luxemburgo - Esch-sur-Alzette - A Missão Católica de Língua Portuguesa no Luxemburgo organiza uma procissão em honra de Nossa Senhora de Fátima em Esch-sur-Alzette.

 

* Porto - Casa Diocesana de Vilar - Sessão formativa para professores de EMRC com a presença de D. António Francisco Santos

 

* Guarda - Centro Apostólico D. João de Oliveira Matos - Jornada Diocesana de Pastoral e apresentação do programa pastoral diocesano de 2014/15 que pretende repensar formas de fazer evangelização.

 

 

 

* Lisboa - Paróquia de Camarate - Encontro de jovens com o tema Jovem «Vive a Missão».

 

* Braga – Barcelos - A Câmara Municipal de Barcelos realiza a IX Rota das Igrejas e dos Santuários de Barcelos, iniciativa que pretende promover o turismo religioso e patrimonial do concelho e também as riquezas naturais, paisagísticas e culturais.

 

* Lisboa - Seminário dos Olivais - Conselho diocesano da pastoral juvenil com a presença de D. José Traquina

 

* Beja - Instituto Politécnico de Beja - Concerto solidário com Thiago Brado organizado pelos Jovens Shemá e a Fraternidade dos Irmãozinhos de S. Francisco de Assis de Beja.

 

* Santarém – Tomar - Concerto de angariação de fundos para a Cáritas de Tomar            

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

- O padre Agostinho Jardim, pároco em Vitória, na diocese do Porto, vai hoje ser homenageado no Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes. A cerimónia vai decorrer na abertura do ano académico. O bispo emérito de Setúbal, D. Manuel Martins, fará o Elogio de Louvor («Laudatio») e a Oração de Sapiência será pronunciada pelo presidente da autarquia, Rui Moreira, com o tema «O Porto e a Cultura». Será anunciado o Prémio Bernardo Domingues criado pelo Instituto.

 

- A Diocese de Leiria-Fátima assinala hoje, em parceria com o semanário «Presente», o centenário do jornal «O Mensageiro», jornal regional fundado a 7 de outubro de 1914, com o propósito de lutar pela restauração do extinto bispado de Leiria e de ser uma “voz católica” no jornalismo do início do século XX. A sessão vai ser presidida por D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e conta com intervenções de âmbito histórico e momentos musicais

 

- O arcebispo de Goa e Damão, na Índia, D. Filipe Neri Ferrão, vai presidir à peregrinação internacional aniversaria dos dias 12 e 13 de outubro. A celebração que evoca a última das aparições em 1917, na qual teve lugar o chamado ‘milagre do sol’, vai ter como tema ‘Arrependei-vos porque Deus está perto’.

 

- A Assembleia da República aprovou o 13 de outubro como o dia do Peregrino com o objetivo de assinalar a “forte tradição na realização de peregrinações cristãs direcionadas para os mais variados locais de culto, com destaque para aquelas que se decorrem no Santuário de Fátima”. O projeto de resolução, aprovado em junho, quis valorizar o “papel do peregrino na construção da sociedade portuguesa”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00

RTP1, 10h00

Transmissão da missa dominical

 

11h00 - Transmissão missa

 

12h15 - Oitavo Dia

 

Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã;  12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida.

 
RTP2, 11h22

Domingo, dia 12 de outubro: "A Mística do Instante": Novo livro de José Tolentino Mendonça

 

RTP2, 15h30

Segunda-feira, dia 13 - Entrevista a Isabel Blanco Ferreira e Lourenço de Almeida sobre o "Dia do Peregrino";

Terça-feira, dia 14 - Informação e entrevista padre João Lourenço sobre os projetos da Faculdade de Teologia da UCP;

Quarta-feira, dia 15 - Informação e entrevista ao padre Vitor Feytor Pinto sobre a Pastoral da Saúde;

Quinta-feira, dia 16 - Informação e entrevista a Helena Rebelo Pinto sobre o Sínodo da Família;

Sexta-feira, dia 17 - Apresentação da liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.

 

Antena 1

Domingo, dia 12 de outubro,  06h00 - Dia do Peregrino com Isabel Blanco Ferreira e Lourenço de Almeida do Centro Nacional de Cultura.

 

Segunda a sexta-feira, 22h45 - 13 e 14 outubro: Fátima, a celebração do centenário e a comunicação do santuário; 15, 16 e 17 outubro - V Centenário Nascimento de Santa Teresa de Ávila, com Frei Joaquim Teixeira, provincial da Ordem dos Carmelitas Descalços em Portugal

 

 

 

Se Deus é amor, como pode haver Inferno?

 

 

 

 

 

 

 

 

10 contas a seguir do Twitter

Depois de um período de féria, mais ou menos merecidas, volto ao contacto com os leitores do Semanário Ecclesia.

Hoje proponho 10 contas a seguir nesta rede social. Para quem não sabe o que é o Twitter poderá sempre consultar o artigo com o título “Twitter, o que é?”, do Fernando Cassola Marques publicado no site a Agência Ecclesia.

O critério que presidiu a esta escolha foi a importância e pertinência das partilhas feitas por cada uma das contas. Não tem como objetivo ser as 10 contas mais qualquer coisa, mas 10 contas, que na minha opinião, todos os agentes pastorais deveriam seguir. Há mais. Mas 10 é um clássico. Todas as contas sugeridas são em português.

 

Assim, selecionei as seguintes contas:

 

@Pontifex_pt. Conta oficial de Sua Santidade Papa Francisco. Conta com 1,17 mil seguidores. Cada tuíte desta conta são autênticas catequeses. É um exemplo para todos os agentes de pastoral na capacidade de sintetizar cada mensagem em 140 carateres. Por esta conta passa muito do pensamento do Papa. As suas mensagens têm milhares de republicações. Um caso de enorme sucesso na Igreja Católica 

 

no aproveitamento das novas tecnologias e redes para comunicar e divulgar a Mensagem.

 

@agenciaecclesia. Conta oficial da Agência de Notícias da Igreja Católica em Portugal. Conta com 3429 seguidores. É a melhor forma de estarmos em contacto e de nos informarmos sobre as notícias, atividades e dinâmicas que a Igreja Católica leva a cabo por essas paróquias espalhadas pelo país. 

 

@EducrisSnec. Conta oficial do portal Educação Cristã (Educris), da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé. Conta com 106 seguidores. É uma conta polivalente quanto às partilhas que faz. Podemos encontrar notícias relacionadas com a Comissão Episcopal, Catequese, EMRC e Escolas Católicas. Excelente conta na partilha de recursos áudio e vídeo para o trabalho pastoral. Não percam as histórias da “Jovem Pipoca”.  Aconselho o “Minuto de Santidade”, “Aprende com a Bíblia” e os “Episódios Bíblicos” como excelentes recursos para catequese e pastoral juvenil.

 

@abcdacatequese. O ABC da Catequese é um dos espaços mais

 

 

 

 

antigos de partilha de recursos para catequese que conheço. É uma conta de partilha de recursos para a catequese, de apoio à catequese, mas também espaço que veicula notícias e vários esquemas/momentos de oração. Conta com 396 seguidores.

 

@cristojovem. Com 1435 seguidores, assume-se como o portal para jovens católicos portugueses! Conta com quase 8 anos de existência. É um canal informativo e formativo sobre a Pastoral juvenil em Portugal. Não percam a Godzine, publicação bimensal, online.

 

@ruisantiagocssr . Com 309 seguidores. Conta do Padre Rui Santiago, cssr, autor do blogue http://derrotarmontanhas.blogspot.pt. Uma conta interpelativa. Muitas partilhas são autênticas lufadas de ar fresco no meu dia, fonte de inspiração e horação. Uma conta que existe por vocação e proVocação.

 

@luiszz. Com 151 seguidores. Conta do Padre Luís Miguel Figueiredo Rodrigues, Presidente da Comissão Arquidiocesana para a Educação Cristã e professor na UCP, Braga. Neste perfil encontramos excelentes partilhas de artigos úteis para a evangelização, catequese, formação pessoal. Artigos curtos, mas cheios de sabedoria e formação.

 
@tiagofernandes . Com 132 seguidores. Padre da diocese de Braga. Mentor de vários pojetos: acaminho.net e
patiodosgentios.com, entre outros. Atualmente é Diretor do Departamento de Comunicações Sociais da Arquidiocese de Braga. Pensador e apaixonado, pensamento meu, pela presença da Igreja nas várias plataformas online.

 

@laboratoriodafe . Com 134 seguidores. «Laboratório da fé®» é o nome do projeto do Arciprestado de Braga para concretizar os objetivos propostos para o ano pastoral iniciado em outubro de 2012: celebrar o Ano da Fé de forma digna e fecunda; intensificar a reflexão sobre a fé; confessar a fé no Senhor Ressuscitado; aprofundar os conteúdos do «Credo», a partir do Catecismo da Igreja Católica. Excelente recurso litúrgico.

 

@padrejulio. Com 245 seguidores. Conta do Padre Júlio Grangeia, um dos pioneiros no uso das novas tecnologias na Igreja. É um caso para dizer “vejam para crer” pelo seu grande dinamismos.

 

Boas leituras e excelente pastoral.

Bento Oliveira

@iMissio

http://www.imissio.net

 

 

A saúde dá trabalho?

Podemos nascer ou não com saúde. Podemos ter mais ou menos saúde. Podemos cuidar mais ou menos da saúde. De qualquer forma, a saúde não é unicamente uma lotaria da natureza. Temos de fazer algo “pela saúde” em todas as estações da vida, principalmente enquanto nos sentimos em saúde, prevenindo e adiando quanto possível a chegada da doença ou a ruptura de laços vitais. O exercício físico pode dar saúde; o equilíbrio no que comemos/bebemos pode dar saúde; a higiene do nosso corpo pode dar saúde; a sensatez na quantidade de trabalho/descanso pode dar saúde; a manutenção de amizades sólidas pode dar saúde; uma festa pode dar saúde; a participação na Eucaristia pode dar saúde; a partilha dos nossos problemas com um amigo pode dar saúde; o tempo que reservamos à família pode dar saúde; as palavras bondosas podem dar saúde. A saúde não é somente uma “coisa que nasce connosco”, um dom da natureza, mas é conquista diária, luta por um bem-estar do corpo e da alma. A saúde é dom mas dá trabalho e é, por isso, também uma conquista. O que fazemos pela saúde?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Assistência espiritual e religiosa é prestada ao utente a solicitação do próprio ou dos seus familiares ou outros cuja proximidade ao utente seja significativa, quando este não a possa solicitar e se presuma ser essa a sua vontade.

(Decreto Lei 253/2009, art. 4)

 

 

 

 

Assistência religiosa e cuidados de saúde: tema apresentado aqui semanalmente e no programa Ecclesia, RTP2, em cada quarta-feira

 

 

 

 

 
 “Se tiver de ser internado(a), não esqueça, peça a visita do capelão aos enfermeiros logo no início do internamento. Não fique à espera”. 
 (Comissão Nacional da Pastoral da Saúde)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ano A – 28º domingo do Tempo Comum

 
 
 
 
 
 
 
Aceitar o convite para o banquete
 

A liturgia do 28.º Domingo do Tempo Comum utiliza a imagem do banquete para descrever o mundo de felicidade, de amor e de alegria sem fim que Deus quer oferecer a todos os seus filhos.

Jesus compara Deus seu Pai a um rei que celebra as bodas do seu filho: nada é mais belo para a festa, e os convidados são numerosos, mas eles declinam o convite, encontrando desculpas, algumas que vão até a maltratar e a matar os que fazem o convite.

O rei poderia resignar-se, mas não. Quer que todos tenham recebido o convite, «os maus e os bons». Deus convida sempre e convida todos: «felizes os convidados para a Ceia do Senhor». E espera uma resposta. Portanto, a questão decisiva não é se Deus convida ou não; mas é se se aceita ou não o convite de Deus para o banquete do Reino.

Os convidados que não aceitaram o convite representam aqueles que estão demasiado preocupados em conquistar os seus cinco minutos de fama, ou a impor aos outros os seus próprios esquemas e projetos, ou a explorar o bem estar que o dinheiro lhes conquistou e não têm tempo para os desafios de Deus.

Os convidados que não aceitaram o convite representam também aqueles que estão instalados na sua autossuficiência, nas suas certezas, seguranças e preconceitos e não têm o coração aberto e disponível para as propostas de Deus. Até podem ser pessoas sérias e boas, que se empenham na comunidade cristã e que desempenham papéis fundamentais na estruturação dos organismos paroquiais… Mas sabem tudo sobre Deus, já construíram um deus à medida dos seus interesses, desejos e projetos e não se deixam questionar nem

 

 

 

 

 

 

 interpelar. Os seus corações estão, talvez, fechados à novidade de Deus.

Os convidados que aceitaram o convite representam todos aqueles que, apesar dos seus limites e pecados, têm o coração disponível para Deus e para os desafios que Ele faz. Percebem os limites da sua miséria e finitude e estão permanentemente à espera que Deus lhes ofereça a salvação. São humildes, pobres, simples, confiam em Deus e na salvação que Ele quer oferecer a cada homem e a cada mulher e estão dispostos a acolher os desafios de Deus.

Na segunda leitura, Paulo apresenta-nos a

 
 comunidade de Filipos como exemplo concreto de uma comunidade que aceitou o convite do Senhor e vive na dinâmica do Reino. É generosa e solidária, verdadeiramente empenhada na vivência do amor e em testemunhar e anunciar o Evangelho a todos e em toda a parte.

Que assim seja nas nossas vidas e comunidades, ao longo desta semana, que é também de oração a acompanhar o Sínodo dos Bispos em Roma sobre a família e a preparar o Dia Mundial das Missões.

 

Manuel Barbosa, scj

www.dehonianos.org

 

 

Papa Francisco recorda os mártires
da Igreja na visita à Albânia

A fé na clandestinidade

Têm 84 e 85 anos. Estiveram presos e foram maltratados. Nunca pensaram que iriam sobreviver às torturas. O Padre Ernesto Simoni e a Irmã Maria Caleta são hoje o símbolo da coragem do povo albanês que sofreu uma das mais terríveis ditaduras de que há memória.

 

O Papa Francisco não conseguiu conter as lágrimas. A seu lado, na Catedral de São Paulo, em Tirana, o padre Ernesto Simoni, um sacerdote diocesano de 84 anos, recordou a sua experiência na prisão e como foi torturado por nunca ter renegado Cristo nesses tempos de ditadura estalinista em que na Albânia se decretou a morte das religiões.

As igrejas foram fechadas, convertidas em lojas. Os padres e as religiosas foram assassinados ou presos. Tal como o padre Simoni, também a irmã Maria Caleta, de 85 anos, recordou as décadas de ditadura feroz em que a Albânia se fechou ao mundo no final da II Guerra Mundial. Presa, 

 

condenada a trabalhos forçados, a irmã Caleta nunca renunciou a Deus.

Um dia, na rua, uma mulher, que pertencia a uma família comunista, pediu-lhe para baptizar o filho. Seria uma armadilha? Ali mesmo, em plena rua, pegou num pouco de água, verteu-a sobre a cabeça da criança e baptizou-a. Arriscou tudo naquele gesto. Até a própria vida. Hoje, ao lembrar esse episódio, ao lado do Papa Francisco, a irmã Maria Calena diz-se assombrada pela sua própria coragem, por ter feito tanto com tão pouco.

 

Violenta perseguição

A pior censura é a que se instala dentro das pessoas, a que nasce do medo. Na Albânia, durante a ditadura de Enver Hoxha, que liderou o país com mão de ferro desde a II Guerra Mundial até 1985, qualquer pessoa podia ser denunciada. A posse de um terço, de uma Bíblia, de um crucifixo, eram suficientes para condenar 

 

 

 

 

 

alguém à morte. Centenas de padres e religiosas foram mortos. Muitos foram fuzilados enquanto gritavam “Viva Cristo-Rei!”.

O regime decretou-se oficialmente ateísta. Perseguiu, maltratou, violentou padres e freiras. Lançou o medo nas pessoas. Ainda hoje se sente um vazio em muitas aldeias nas montanhas.
São poucos os católicos albaneses. Não são mais de 10 % da população. O Papa Francisco classificou esses anos de ditadura como o “Inverno do isolamento”.

 

 

O país de Madre Teresa de Calcutá começa agora a sair da penumbra, a descobrir a democracia, o convívio fraterno entre religiões. Ao escutar as memórias sofridas do padre Simoni e da irmã Caleta, o Papa lembrou-lhes que “Deus nunca os abandonou”. Hoje, na Albânia, a Igreja precisa de ajuda. É preciso voltar a catequisar crianças e jovens, voltar a encher os seminários, trazer de novo a fé viva para as ruas. A Igreja da Albânia precisa de ajuda, da nossa ajuda.

 

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

 

 

 

 

Cuidar até ao fim…

Tony Neves

 
 

Até os cuidados paliativos têm direito a um dia mundial. É a 12 de Outubro. Tempos houve (e não são longínquos) em que a aproximação á morte trazia o terror de dores indescritíveis. Não havia os meios médicos que hoje existem para aliviar as dores mais intensas provocadas por acidentes ou doenças que causam enormes sofrimentos.

Os tempos que vivemos são outros, graças à melhoria significativa dos cuidados paliativos. O sofrimento vai fazer sempre parte da vida, mas há dores que faz sentido aliviar, sem que isso represente qualquer abertura de caminho á eutanásia. A dor fará sempre parte da vida, mas não podemos ser masoquistas e passar ao lado de meios de assistência que nos permitem alivia-la.

Sabemos que ‘não há almoços grátis’, isto para pegar numa máxima dos economistas que prova que tudo na vida tem custos e alguém os tem que pagar. Tal pode dizer-se da rede de cuidados paliativos, espalhada por muitos hospitais, clínicas e centros de saúde. Dada a sua importância, era fundamental que todos os governos investissem muito nela. Em alguns países, tal já acontece. Ter garantia que, quando a dor extrema aparece, as pessoas podem recorrer a estes cuidados, dá serenidade e vontade de viver até ao fim. Quando tal não acontece, instala-se o pânico e pede-se a Deus e á família que ajude a apressar a chegada da hora da morte, tal o desespero que se vive.

Há ainda um outro aspeto a contemplar quando se aborda o delicado e complexo tema dos cuidados paliativos: o do acompanhamento dos doentes 

 

 

 

 

 

 

Luso Fonias

 

 

 

por parte da família e dos amigos. Muita gente acha que, quando um familiar ou amigo está numa fase da vida que precisa de cuidados paliativos, não precisa de presença e carinho, pois as máquinas, os químicos e o pessoal de saúde são suficientes para garantir uma boa morte. Nada de mais errado e desumano. É nestas horas de passagem que os doentes mais precisam de ver os rostos conhecidos, de sentir os seus abraços e beijos, de ter ali ao pé as pessoas de quem mais gosta. Mesmo quando, 

 

 

aparentemente, já não reconhecem ninguém nem transmitem mensagens que indiciem a alegria de ter os entes queridos ao seu lado. E mesmo que o estado do doente já seja de coma, a família tem de manter presença até ao fim, como gesto de gratidão pela vida partilhada.

Há que viver com dignidade, há que morrer com sentido e serenidade. Há que acompanhar as pessoas nas horas boas e más, quando tudo corre bem e quando a hora da morte se aproxima. Assim damos sentido à vida dos outros e á nossa.

 

 

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

 

 

Entre o divino e o humano

Manuel de Lemos

Presidente da União das Misericórdias Portuguesas

 

A identidade das Misericórdias é composta, sobretudo, por duas grandes linhas orientadoras a que chamamos obras de misericórdia corporais e obras de misericórdia espirituais. Sete cada uma delas, 14 ao todo. Representam o conteúdo programático que há mais de 500 anos inspira a atuação das Santas Casas em Portugal.

É certo que os tempos são de urgência corporal e material. Dar de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede, entre outras obras corporais, têm marcado a atuação quotidiana das nossas instituições. Acudir a quem nos procura tem sido a palavra de ordem junto de provedores por todo o país. Com muito esforço e “ginástica financeira”, temos conseguido dar resposta atempada a todos os cidadãos que, neste momento, estão a viver situações de maior dificuldade e fragilidade.

Por sua vez, a face espiritual da atividade das Misericórdia foi, continua a ser e certamente será, um elemento de fundamental importância para construção e consolidação da nossa identidade comum. Dar bom conselho e consolar os aflitos são duas dessas sete obras que, juntamente com as corporais, orientam a nossa atuação enquanto instituições de natureza e inspiração cristã.

Mas há ainda um outro símbolo de extraordinária importância quando refletimos sobre a nossa identidade: a Nossa Senhora da Visitação. Inspirada na passagem bíblica, a sua iconografia mostra-nos o momento em que Nossa Senhora deixa todos os seus afazeres para acudir a prima Santa Isabel 

 

 

 

 

 

num momento delicado da sua gravidez em idade já avançada.

Ao longo dos séculos a representação da Nossa Senhora da Misericórdia obedeceu ao mesmo critério: a Virgem com os braços abertos, segurando o manto, sob o qual se abriga um grupo de pessoas ordenadas por estatuto social, de um lado a hierarquia da Igreja, que representa o poder espiritual, do outro o poder temporal ou corporal, representado por reis e fidalgos. O manto pode ainda representar o amor materno, a misericórdia perante toda a humanidade. A simbologia 

 

é tão marcante que em muitas representações, os reis aparecem com as suas coroas colocadas no chão, um sinal claro de humildade perante uma Nossa Senhora que é, ao mesmo tempo divina e humanista. Mas haverá ainda uma segunda interpretação. Os braços abertos da Nossa Senhora da Misericórdia podem representar um convite a todos aqueles que desejem fazer misericórdia pelos outros.

Muito mais ainda poderíamos refletir sobre possíveis interpretações da iconografia que nos tem acompanhado há séculos. E foi justamente esse convite que fizemos,

 

 

 em parceria com a Cooperativa Árvore, a um grupo de 19 artistas contemporâneos: que olhassem para Nossa Senhora da Misericórdia com um olhar atual e capaz de mostrar, nos próximos séculos, como era interpretado e compreendido este símbolo maior da nossa identidade.

O convite foi bem recebido e ao longo de 2014 a exposição de 25 telas, sob o tema “A Senhora do Manto Largo: um olhar contemporâneo”, esteve patente em três cidades do país (Porto, Braga e, mais recentemente, Lisboa). As interpretações são variadíssimas, mas atingem o que considero ser o aspeto fundamental: convidam à reflexão sobre o que são e podem ser as Misericórdias nos dias de hoje.

 
É certo que os tempos que correm não estão muito famosos para se investir em arte mas é nos momentos mais difíceis que encontramos força para construir o futuro e afirmar a nossa missão. Acreditamos que através desta iniciativa vamos conseguir mostrar às comunidades a força da modernidade e da atualidade (apesar dos nossos cinco séculos) das nossas instituições.

Mas mais importante de tudo, lembrar que o manto, representativo da capacidade de entrega e do amor materno, continua, nos dias de hoje, a estender-se a todos, mas que representa também uma relação que nos tem inspirado desde sempre: a relação entre corpo, alma e espirito. Entre o céu e a terra. Entre o divino e o humano.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sair