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Octávio Carmo Luis Santos
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Foto da capa: AIS Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,. Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Festa asiática para o Papa Francisco
Liberdade de expressão tem limites
Ecumenismo[ver+]
D. Manuel Linda |José Luís Gonçalves|Fernando Cassola Marques |Manuel Barbosa |Paulo Aido | Tony Neves | Luís Leal | Fátima Fonseca | Jorge Pina Cabral |
As religiões como força de paz |
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Octávio Carmo
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É uma regra não escrita, mas que a maioria segue: o mal vende sempre mais do que o bem. No fundo, a célebre questão de uma árvore a cair fazer mais barulho do que o resto da floresta ou, melhor ainda, os aviões só serem notícia quando há um acidente aéreo. A viagem do Papa ao Sri Lanka quis contrariar esta lógica e procurou apresentar ao mundo de hoje a fé religiosa como uma força de paz e não um rastilho de ódio e violência, contrariando a desconfiança com que os crentes são vistos, em particular nestes momentos de luto, após atentados terroristas que marcaram fortemente a opinião pública. Francisco é uma referência global de diálogo e de paz, pelo que não surpreende este desejo de congregar todas as forças de boa vontade que querem construir um mundo mais justo, solidário, fraterno e em liberdade. Por isso mesmo é reconhecido também fora das fronteiras da Igreja Católica e visto como um líder de humanidade, um exemplo de simplicidade e de proximidade. As suas recentes palavras sobre a relação entre liberdade religiosa e liberdade de expressão merecem também uma leitura atenta e aprofundada. Desprezar o património das religiões que defendem e promovem a dignidade humana, que apresentam valores fundamentais para a convivência social, não é um ato de bom senso, independentemente do posicionamento que cada um possa ter face às várias confissões religiosas. |
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Os crentes não aceitam ser cidadãos de segunda, não querem ser remetidos para o baú das ‘subculturas’, como alertava Bento XVI, e esperam que o mundo não desperdice a sua força de paz e de amor, distraído com as árvores ou os aviões que possam cair. Até porque a violência e o extremismo, infelizmente, não são exclusivos das religiões e todos juntos temos de lutar contra os mesmos. |
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Manifestação em Paris, decorrente dos ataques ao jornal «Charlie Hebdo» e a um supermercado judaico por extremistas islâmicos que resultaram na morte de 20 pessoas, incluindo os três autores dos atentados |
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"Eu expressei ao Presidente a absoluta necessidade de suspender imediatamente [o tratado de] Schengen para sermos capazes de controlar as nossas fronteiras, um elemento essencial na luta contra o terrorismo, mas também na luta contra o tráfico de armas", Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, na sequência dos ataques em Paris, 09.01.2015, in Jornal de Negócios
“Rezemos pelas mães – são tantas, infelizmente – que não estão em condições de dar de comer aos seus filhos. Rezemos e procuremos ajudar estas mães”, Papa Francisco durante a celebração eucarística na Capela Sistina onde batizou 33 crianças, 11.01.2015, in Agência Ecclesia |
«A resposta francesa ao ataque mostra que a normalidade constitucional democrática está suspensa e que um estado de sítio não declarado está em vigor, que os criminosos deste tipo, em vez de presos e julgados, devem ser abatidos, que este facto não representa aparentemente nenhuma contradição com os valores ocidentais. Entramos num clima de guerra civil de baixa intensidade. Quem ganha com ela?», Boaventura Sousa Santos, 14.01.2015, in Público
«Estou no aeroporto de Lisboa a viajar para a Suíça», Maria Conceição, beneficiária do Rendimento Social de Inserção, a quem o subsídio foi tirado por ter escrito uma piada no Facebook, 15.01.2015, in TSF |
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Novo Observatório
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O novo Observatório para a Liberdade Religiosa (OLR), que nasceu da reflexão de um grupo de investigadores no Departamento de Ciências das Religiões da Universidade Lusófona, pretende “observar analiticamente o fenómeno religioso” e as suas “vivências”. “Há muitas outras instituições que fazem recolha de dados, o nosso objetivo é, a partir de todos esses dados de recolha sobre as vivências religiosas em Portugal e no mundo, partir para o passo que faltará dar em Portugal, que é um dinamismo de análise e debate”, explicou Joaquim Franco, um dos coordenadores do OLR à Agência ECCLESIA. O jornalista observou que os promotores “não” querem entrar em colisão com os organismos que já existem mas pretendem fazer uma “observação analítica” do fenómeno religioso e das vivências e a forma como “estão ou não consubstanciadas na Lei da Liberdade Religiosa”. “Esta preocupação não é recente é algo que este grupo de pessoas se aventurou |
e já vinha refletindo há muito tempo”, acrescenta sobre a lacuna que observaram em Portugal de “abordar” e “observar analiticamente” esta área. Na apresentação formal do projeto, esta quarta-feira, na Junta da Freguesia da Misericórdia, foram destacados princípios do OLR como promover “iniciativas próprias ou estabelecendo parcerias”, “acompanhar e facilitar processo de diálogo cultural” e a apresentação de um relatório público anual. “Nenhuma liberdade está à partida garantida, é um processo que tem de ser trabalhado, analisado. A própria forma como vemos a liberdade obriga-nos a fazer exercício de reflexão sobre a nossa própria responsabilidade para com essa liberdade”, alertou Joaquim Franco. Neste sentido, o jornalista revela que o OLR não tem como objetivo “indicar um ou outro caminho de interpretação” mas ajudar a partir da compreensão do fenómeno religioso - em termos sociais, políticos ou |
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religiosos - a “avançar para caminhos” de uma melhor “integração, coexistência, coabitação do diferente e das diferenças”. O Observatório da Liberdade Religiosa tem entre as suas instituições parceiras a Associação Internacional para a defesa da Liberdade Religiosa, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), que apresenta de dois em dois |
anos um relatório sobre liberdade religiosa no mundo, e a Câmara Municipal de Lisboa. Do relatório que a AIS apresentou em novembro de 2014, Joaquim Franco destaca a “grande novidade” do autodenominado Estado Islâmico que “baralhou um pouco” a forma como se lê e rele a liberdade religiosa no mundo.
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Aveiro: Alunos de EMRC apoiam idosos |
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Os alunos de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) do Agrupamento de Escolas de Vagos, em Aveiro, estão a participar em atividades de animação e acompanhamento a idosos da região. Em causa está a iniciativa “Projetos Humanos”, promovida pela turma do 12.º A no âmbito da disciplina, e que nesta fase está a envolver visitas ao Lar de Santo António de Vagos. Segundo o professor Sérgio Martins, responsável por estes estudantes, tudo partiu da vontade dos jovens em “estarem mais ao dispor dos outros” para assim colocarem em prática o que aprendem na sala de aula. “É sobretudo um projeto muito voltado para as pessoas, às vezes fazemos tudo menos aquilo que é essencial, que é olharmos para as |
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pessoas, estarmos com elas, escutar o que têm para dizer”, frisa o docente. Depois de entrar em contacto com o Lar de Santo António, “que amavelmente abriu as suas portas”, a turma de EMRC foi pela primeira vez à instituição em outubro último. Numa primeira fase, os alunos falaram mais com as técnicas responsáveis pela instituição, e com a psicóloga, para perceberem a melhor forma de ir ao encontro das carências e necessidades dos idosos. “O que eles pretendiam era ir fazer animação, conversar com os idosos, levar uns bolinhos e tomar um chá com eles, levá-los a passear. Mas rapidamente perceberam que algumas coisas não poderiam fazer devido às limitações próprias de cada utente, que tornavam complicada a interação”, realça Sérgio Martins.
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Lisboa: Um Sínodo
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O patriarca de Lisboa tem o “sonho missionário” de chegar a todos e, “muito em especial, nas cidades”, referiu, esta segunda-feira, numa conferência sobre o sínodo na capital portuguesa. D. Manuel Clemente falou no auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa sobre «Que sonho missionário?», num ciclo de conferências promovidas pela Paróquia de Santa Isabel e sublinhou que é fundamental chegar a todos “não apenas termos quantitativos mas, também, em termos qualitativos”. A expressão «Que sonho missionário?» é do Papa Francisco e dos bispos sul-americanos no Documento da Aparecida e, agora da exortação apostólica «A alegria do evangelho» que serve de mote preparatório para o Sínodo de Lisboa de 2016. O Papa Francisco “está particularmente sensível a esta realidade da vida social em todo o mundo, cada vez mais urbana”, disse à Agência ECCLESIA. |
Desde 2007, “pela primeira vez”, a população mundial vive “mais em cidades” do que foras destas, e isto agora “vai ser galopante”, realçou o patriarca de Lisboa que foi nomeado, recentemente, cardeal pelo Papa Francisco.
O viver na cidade “traz vantagens” porque as pessoas “estão mais perto de tudo”, mas existem também contingências devido ao anonimato destas e às “dificuldades de integração e às clivagens sociais”, frisou D. Manuel Clemente. Esta alteração na paisagem humana “é um enorme desafio” para a pastoral e que “vai marcar o século XXI”, afirmou. “É absolutamente necessário escutar a cidade enquanto cidade” para que se possa “acertar a oferta com a procura”, acrescentou o patriarca de Lisboa. Convocado sensivelmente há um ano, D. Manuel Clemente considera que a preparação deste está a decorrer com “envolvência” e a “comprometer cada vez mais grupos e pessoas”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Iniciativa “Escutar a cidade”, integrada na preparação do Sínodo Diocesano de Lisboa |
Sri Lanka, sob o desejo da paz |
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O Papa encerrou hoje a sua visita ao Sri Lanka, na qual lançou vários alertas contra o fundamentalismo e apelou ao diálogo inter-religioso em favor da paz, condenando o uso da fé para justificar a violência. “A bem da paz, não se deve permitir que se abuse das crenças para a causa da violência ou da guerra. Devemos ser claros e inequívocos ao desafiar as nossas comunidades a viverem plenamente os princípios da paz e da coexistência, que se encontram em cada religião, e denunciar atos de violência sempre que são cometidos”, declarou, durante um encontro com responsáveis das principais comunidades religiosas no Sri Lanka, esta terça-feira. Num país a recuperar das feridas da guerra civil (1983-2009), Francisco apelou ao respeito pelos Direitos Humanos e pela identidade de todos os membros da sociedade, qualquer que seja o seu credo ou etnia. Ainda sob a sombra dos recentes atentados terroristas no Médio Oriente, Paquistão, Nigéria ou Paris, Francisco disse ser uma “tragédia constante” que muitas comunidades estejam em guerra entre elas. “A incapacidade de reconciliar as diversidades e as discórdias, sejam
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novas ou antigas, fizeram surgir tensões étnicas e religiosas, acompanhadas frequentemente por explosões de violência”, afirmou, ao chegar ao aeroporto internacional de Colombo. Centenas de milhares de pessoas acompanharam o Papa nas ruas do país, apesar de os católicos representarem apenas cerca de 6% da população, confirmando a dimensão global do atual pontificado. Um dos momentos centrais da viagem aconteceu junto ao mar, na quarta-feira, quando mais de 500 mil pessoas participaram na canonização de São José Vaz (1651-1711), missionário nascido em Goa, então território português, que acorreu ao antigo Ceilão para ajudar os católicos perseguidos. “Como nos ensina a vida de José Vaz, a autêntica adoração de Deus leva não à discriminação, ao ódio e à violência, mas ao respeito pela sacralidade da vida, ao respeito pela dignidade e a liberdade dos outros e a um solícito compromisso em prol do bem-estar de todos”, realçou o Papa, na homilia da Missa. Francisco, terceiro Papa a visitar o país, depois de Paulo VI e João Paulo II, |
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foi o primeiro pontífice a sair de Colombo para visitar a região norte, predominantemente tâmil, onde rezou pela paz e a reconciliação no santuário mariano nacional. “Acima de tudo, peçamos que este santuário possa ser sempre uma casa de oração e um refúgio de paz. Por intercessão |
de Nossa Senhora de Madhu, que todos possam encontrar aqui inspiração e força para construir um futuro de reconciliação, justiça e paz para os filhos desta amada terra”, apelou. |
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Filipinas: Papa recebido em clima de festa por mais de 2 milhões de pessoas |
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O Papa chegou às Filipinas, após 48 horas no Sri Lanka, onde foi recebido em clima de festa, tanto na base aérea de Villamor como por mais de 2 milhões de pessoas nas ruas de Manila. Segundo o porta-voz do Vaticano, entre 2 a 3 milhões de pessoas acompanharam Francisco no trajeto entre o aeroporto e a Nunciatura Apostólica (representação diplomática da Santa Sé), onde fica alojado. O Papa foi recebido na base aérea pelo presidente da República, Benigno Simeon “Noyoy” Aquino III, com quem se vai encontrar de novo esta sexta-feira, para a cerimónia oficial de boas-vindas. Um grupo de jovens dançou durante largos minutos, numa coreografia ao som de 'bienvenido Papa Francisco', enquanto o pontífice argentino cumprimentava autoridades oficiais e religiosas. Francisco vai visitar, até segunda-feira, um país a recuperar de catástrofes naturais que provocaram milhares de mortes e milhões de desalojados. Simbolicamente, o Papa vai almoçar com sobreviventes do tufão Hayan (conhecido localmente |
como ‘Yolanda’) na cidade de Tacoban, capital da província de Leyte. Francisco afirmou que os pobres vão estar no centro da sua mensagem, nas Filipinas: “Os pobres que querem avançar; os pobres que sofreram com o tufão Yolanda e que ainda sofrem as suas consequências, os pobres que têm fé, esperança; povo de Deus, os pobres, os pobres explorados pelos que determinam tantas injustiças sociais, espirituais, existenciais”.
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Papa condena terrorismo fundamentalista e pede fim das «ofensas» às religiões |
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O Papa Francisco condenou hoje de novo os atentados terroristas da última semana em Paris e pediu o fim das “ofensas” contra as religiões, sublinhando que a liberdade de expressão tem “limites”. “Não se pode matar em nome de Deus, isso é uma aberração”, declarou, em conferência de imprensa durante o voo que o levou do Sri Lanka às Filipinas, segunda etapa da viagem que se iniciou na segunda-feira. |
Francisco sublinhou que a liberdade religiosa e a liberdade de expressão são “dois direitos humanos fundamentais” e disse que, neste contexto, “não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros”. “Há um limite, toda a religião tem dignidade, não posso troçar de uma religião que respeite a vida humana, a pessoa”, acrescentou.
12 pessoas, entre jornalistas e polícias, foram mortas na última quarta-feira após um atentado contra o jornal satírico ‘Charlie Hebdo’, que esta semana publica uma caricatura com o profeta Maomé. Francisco defendeu que o uso da liberdade não justifica o festo de “ofender”. “É verdade que não se pode reagir violentamente, mas se o doutor Gasbarri [organizador das viagens pontifícias, que se encontra normalmente junto do Papa], que é um amigo, ofender a minha mãe, vai levar um murro”, gracejou. O Papa insistiu, depois, na ideia de que “na liberdade de expressão há limites”. “Muita gente ofende, faz chacota, faz pouco da religião dos outros. Esses provocam e pode acontecer aquilo que aconteceria ao doutor Gasbarri se dissesse alguma coisa contra a minha mãe”, alertou. |
A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Não se instrumentalize o Papa |
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D. Manuel Linda
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Vários meios de comunicação social elegeram o Papa Francisco como personalidade do ano de 2014. Essa eleição tem o valor que tem: mera manifestação de uma simpatia. Mas confirma uma coisa: que o Papa está em alta. Para grande alegria de todos nós. Porém, quando alguém está em alta, corre o risco de ser aproveitado para fins menos legítimos. Vejamos. Às «estrelas» recorre-se, frequentemente, para contratos publicitários. De milhões. Que o diga um futebolista da nossa praça. Como o Papa não cobra «cachet», não falta quem, consciente ou inconscientemente, se aproveite dele para promover os seus produtos: filmes, músicas, pinturas, outras artes plásticas e até... pudins e similares. Dizer que o Papa vai «provar» isto ou aquilo torna-se uma «caixa» jornalística e o promotor fica conhecido. E se, em Roma, numa audiência geral, consegue «furar» a multidão e aproximar-se do Papa, fica com a garantia de, ao outro dia, aparecer nos jornais. Mas será que a função do Papa é ser suporte de publicidade barata? Outros há que, no afã da celebridade, põem na boca do Papa o que ele não disse nem poderia dizer. Normalmente, são mentirecas que não dão prejuízo. E ridículas. Mas que, talvez por serem mentirecas ou por serem ridículas, encontram forte eco em alguma comunicação social. Lembram-se daquele casal nortenho que, em lua-de-mel, foi a Roma e veio de lá a dizer que o Papa lhes tinha prometido que viria a sua casa e, para |
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«credibilizar» este insólito, argumentaram que também viria visitar a igreja onde eles tinham contraído matrimónio? Claro que, como dizia acima, esta mentireca não causa prejuízo. Mas causa imenso prejuízo à fé e à Igreja pôr na boca do Papa a afirmação de que os cãezinhos também vão para o céu. Não foi isso o que divulgou um pseudo-jornalista que, pelos visto, nem entendia bem o italiano? E não foi isso o que reproduziram praticamente todos os jornais do mundo? Mas mais grave ainda é pegar nas palavras do Papa, não em ordem à «conversão» pessoal e social a Jesus Cristo, mas para o colocar contra a Igreja. Foi assim, por exemplo, no celebre discurso à Cúria Romana, na apresentação de cumprimentos de boas festas natalícias. O “catálogo das doenças possíveis”, na mente e palavras do Papa, destinava-se a “melhorar sempre e a crescer em comunhão, santidade e sabedoria”. Mas um certo jornalismo deleitou-se porque viu nelas uma oposição do Papa à Igreja e da Igreja ao Papa. Aliás, a comunicação social não estava só: quere-me parecer que os clérigos «colunáveis», a quem esta pediu comentários, emitiram os costumados pareceres sem sequer conhecerem o discurso, já que alguns deles não |
dominam o italiano e, naquele dia, não se dispunha de uma tradução. Pois o mesmo jornalismo que tanto relevo concedeu aos «quinze pecados», na sua maioria, nem sequer reservou uma linha para a importantíssima tomada de posição do Papa, no dia seguinte, em favor dos cristãos mártires do Médio Oriente e de outras minorias, vitimas de um verdadeiro genocídio. Genocídio que não aflige muito o Ocidente porque... o preço do petróleo está em baixa. A quem interessa colocar o Papa contra a Igreja? Não se darão conta de que o Papa só pode existir dentro da Igreja e esta na fidelidade ao seu Senhor e Salvador? Porque é que alguns só simpatizam com o primeiro e não dão um passo para entrar na segunda e aderir plenamente ao objeto da fé, Jesus Cristo? Quem pergunta não ofende... |
Terrorismo: apesar de tudo, continuar a educar para o diálogo com o “diferente” |
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Os recentes atentados terroristas cometidos em França fizeram aflorar, uma vez mais, sentimentos de insegurança e de desconfiança para com os culturalmente “diferentes”. Desta vez, a motivação para praticar tais atos hediondos foi de cariz “religiosa”, perpetrada pelo jihadismo islâmico, visando condicionar diretamente quer a liberdade de expressão (no caso dos jornalistas) quer a liberdade de credo (no caso do assalto ao supermercado de um proprietário judeu), marcas identitárias das nossas sociedades ocidentais. Há quem defenda, neste caso, uma ligação entre a ideologia política dos islamistas radicais e as suas crenças religiosas, identificando islamismo com barbárie; o bom senso aconselha, todavia, a separar extremismo religioso de uma qualquer fé, mesmo quando aquele instrumentaliza esta para os seus fins. A história de todas as religiões está repleta de exemplos trágicos desta associação… À resposta simbólica da manifestação de unidade contra o terrorismo ocorrida no domingo passado nas ruas de Paris seguir-se-á agora outra |
resposta de caráter securitária com o reforço da vigilância das fronteiras no Espaço Schengen. Esta medida politicamente legitimada pelos acontecimentos acabará por enviar uma mensagem social e antropologicamente perigosa: a de que existem os de “fora” (perigosos) e os de “dentro” (pacíficos) dos nossos países e que, mantendo os de “fora” nos seus países, os de “cá” estão seguros. A realidade desmente este pressuposto: quem não se lembra de, em 2012, um dos “nossos”, o norueguês Anders Breivik, homem branco e de olhos azuis pertencente à extrema-direita, ter assassinado 69 concidadãos na ilha de Utøya? E tudo feito em nome de uma pretensa pureza cultural e étnica. Todos aqueles que, por estes dias, alimentam sentimentos xenófobos deviam recordar-se deste episódio. Os acontecimentos recentes desafiam-nos, antes de mais, a revisitar e a repropor os valores e os princípios que fundamentam a nossa civilização de |
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matriz ocidental que insiste em educar para a aprender a aceitar, a partilhar, a reconhecer e a integrar a diversidade humana – cultural e religiosa – na(s) identidade(s) pessoal e coletiva e inseri-la no horizonte de uma convivência respeitosa em comum. Para sermos coerentes, a nossa tradição humanista não se pode confundir nem com um etnocentrismo (olhar e validar as outras culturas a partir da “nossa”) nem com um relativismo cultural (a valorização das culturas por si e em si mesmas, como se tudo valesse o mesmo). Ambas as posições configurem, em certo sentido, um integrismo cultural ou podem degenerar, em última análise, num tribalismo social. Ora, sabemos que qualquer cultura constitui uma constelação que vive do seu próprio imaginário, no interior do qual adquirem sentido concreto as ideias de bem, de verdade, de beleza e também de realidade. Se, por conseguinte, a cultura constitui o imaginário englobante de cada cosmovisão num determinando espaço e tempo, as diferenças entre culturas onde esse imaginário se apoia propõem, então, diferentes |
conceções de pessoa humana. Ora, é sob este entendimento que o diálogo e a integração dos cultural e religiosamente diferentes tem de ser precedido da explicitação do “inegociável” diante de quem quer ser acolhido: a centralidade da dignidade da pessoa humana e a sua primazia nas expressões históricas concretas; a relação estreita mas não confundível entre Sociedade, Cultura e Religião; o Estado de Direito e os fundamentos da Democracia. Se quisermos ainda desarmadilhar o pretexto religioso de atentados terroristas como estes ocorridos agora em França, importa fomentar também o diálogo inter-religioso como pilar primordial do diálogo entre civilizações e culturas balizado pelos Direitos Humanos. Pois, como nos recorda o teólogo Hans Küng (ONU, 2001), “não haverá paz entre as nações sem paz entre as religiões. Não haverá paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões. Não haverá diálogo entre as religiões sem critérios éticos globais”.
José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti |
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Ronaldo rivaliza com Francisco |
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Luís Filipe Santos |
O mundo parou para ver a atribuição da Bola de Ouro ao melhor jogador de 2014 do desporto rei. Eram três candidatos (um português, um argentino e um alemão) que disputavam o galardão da FIFA. Confesso que sou um admirador do português, mas também gosto do argentino. Todavia, prefiro um outro cidadão natural do país das pampas. Na sua terra natal tinha o nome de Jorge, mas em Roma adotou o nome de Francisco. Nos tempos que correm, o verdadeiro «rival» de Cristiano Ronaldo é o Papa Francisco. Se víssemos o valor das pessoas apenas pelo impacto na comunicação seriam muitas as semelhanças. Vamos ao exercício de desvelar as semelhanças: Enamoramento - A comunidade futebolística dos vários cantos do mundo (teve mais votos do que os outros dois juntos) está enamorada pelo CR7. O Papa Francisco foi eleito (março 2013), mas continua no seu estado de graça na comunidade católica. Branco – Os dois ícones da atualidade equipam de branco. A cor alva é a indumentária do jogador do Real Madrid e do pastor romano. Futebol – É notória a paixão que o jogador nascido na Ilha da Madeira tem pelo futebol. Suponho que o Papa argentino nunca foi jogador de futebol, mas é um fervoroso adepto do San Lorenzo de Almagro. Redes Sociais – Uma simples mensagem do cardeal Bergoglio é visualizada por milhões de internautas, o mesmo acontece ao jogador madeirense que tem milhões de fãs nas redes sociais. Multidão – Cada acontecimento onde estejam, |
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a aglomeração de pessoas é visivel e emocionante. Um simples abraço, selfie, autógrafo ou toque na cabeça de uma criança é motivo de êxtase.. Espera – Conta-se que no conclave de 2005 Bergoglio esteve na corda bamba para suceder a João Paulo II. Foi eleito no conclave seguinte. CR7 também teve de esperar para vestir o branco de Madrid. Conviver – Desde que saiu de Portugal CR7 viveu sempre acompanhado com os mais próximos. Eleito a 13 de março de 2013, o Papa Francisco escolheu a Casa de Santa Marta e não o palácio apostólico para viver em comunidade. Praxis – Se o relvado é o terreno preferido do português, o «campo das |
ovelhas» é onde Francisco se sente mais confortável. Dois exemplos elucidativos onde a prática está num plano superior ao da teorização.
Aspiração - O Papa Francisco aspira a um mundo melhor onde prevaleçam os valores da justiça e da paz. CR7 para além de pretender ser o melhor naquilo que faz, já o disse várias vezes que o mundo necessita destes valores. Redes – Quase todas as semanas os remates de Cristiano Ronaldo fazem baloiçar as redes das balizas. No Vaticano mora um pescador que puxa as redes da barca de Pedro para a acordar da letargia. As semelhanças no campo comunicacional são imensas, mas CR7 é um ídolo e o craque argentino é um chefe. |
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Rezar e trabalhar
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Ecumenismo é também um desejoVive há 20 em Taizé, uma comunidade que é um “laboratório” do ecumenismo e do diálogo inter-religioso. O irmão David afirma em entrevista à Agência ECCLESIA que uma semana de oração e solidariedade entre jovens de diferentes religiões é uma oportunidade para dar atenção ao essencial da vida.
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Agência Ecclesia - O Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos é uma oportunidade para lembrar as outras identidades cristãs e o desafio de Jesus “Que todos sejam um”? Irmão David - Esta semana chama a atenção para quem está à nossa volta, outros que como nós querem seguir Cristo, querem viver o apelo do Evangelho. É também uma chamada de atenção para não esquecermos o tema ao longo do ano. Não é só vivermos agora ao longo desta semana uma atenção ao outro, uma oração para e como o outro, mas é uma chamada de atenção para essa atitude ser vivida ao longo de todo o ano.
AE - Como é que se vive esta semana na Comunidade de Taizé? ID - Todas as semanas são ecuménicas, na Comunidade de Taizé, porque nós somos uma comunidade ecuménica, somos irmãos provenientes de diferentes igrejas |
cristãs, acolhemos jovens de diferentes tradições cristãs. Claro que damos também uma atenção especial à oração pela unidade dos cristãos, que fazemos ao longo de todo o ano, esta semana em comunhão com todos os cristãos que não querem ficar indiferentes ao apelo de Cristo que rezou de facto para que “todos sejam um”, e que tantas vezes, nós no nosso dia-a-dia, temos tendência a esquecer.
AE - Este é um caminho que urge fazer na Igreja, ir ao encontro daquele que trilha um itinerário cristão com algumas diferenças, pela história, pelas identidades, mas com o qual importa um trabalho conjunto e o celebrar a fé de uma forma mais unida? ID - É um caminho que tem sido feito ao longo dos anos. E tem sido muito! Mas não podemos parar e dizer que já fizemos muito caminho e estamos bem assim! Tem de continuar, deve ser prolongado. Vemos por exemplo |
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no Papa Francisco na recente visita que fez a Istambul, onde fez um apelo muito claro a avançarmos. Não podemos ficar onde estamos! A comunhão plena está ao nosso alcance, é um trabalho do Espírito não é nosso, mas temos de deixar o Espírito trabalhar em nós, atentos aos sinais e disponíveis para que ele possa trabalhar através das nossas vidas. É essencial ouvirmos as intuições dos outros e estarmos atentos aos outros cristãos que têm uma tradição diferente da nossa. O desejo da unidade começa também em nós próprios, nas nossas vidas, nas nossas famílias, nas nossas comunidades, nos nossos movimentos, nos nossos grupos, também aí há tanto caminho de comunhão que é preciso fazer!
Rumo a TaizéAE – Que percurso fez até à Comunidade de Taizé, onde já se encontra há vinte anos? Irmão David – Foi acontecendo, a pouco e pouco! Eu conheci Taizé com o grupo de jovens da minha paróquia. Fui lá algumas vezes e depois, a dada altura, senti vontade de ficar um pouco mais, |
de parar um pouco na minha vida, ter um tempo de discernimento, de voluntariado e de não ir só por uma semana, mas ficar um pouco mais. Esse tempo alargou-se: pensava ser só nas férias de verão, acabou por ser um ano e depois, ao fim de vários meses em Taizé, senti vontade de aprofundar esse caminho. Havia algo mais e identifiquei-me muito com a forma de viver em Taizé, com a vocação da comunidade de oração, de partilha, de acolhimento e, aos poucos fui compreendendo que de facto o meu lugar é ali e que Cristo me chamava para ficar.
AE - Aquela realidade diferente, de tantas línguas, tantas proveniências, foi também isso que o fascinou? A forma como todos rezam em conjunto esbatendo algumas diferenças sem abdicar de identidades? ID - O que fascina em primeiro lugar é a pessoa de Jesus Cristo! É Jesus Cristo que chama e depois chama-nos a cada um de forma diferente e eu achei que para mim seria de facto nesse ambiente diferente, multinacional, multicultural, multiconfessional, onde essas diferenças não são impeditivas de uma comunhão profunda. A
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comunhão que existe em Cristo é muito mais forte que essas diferenças e permite vê-las aos olhos da fé e permite acolher o outro como procuramos acolher Jesus Cristo.
AE - Nunca admitiu a possibilidade de uma vocação ao sacerdócio, por cá, numa das nossas dioceses? ID - Eu compreendi este chamamento |
a uma vocação religiosa ou este desejo de uma vocação religiosa, em Taizé. Foi ali que se deu o toque e era para ficar ali. Nunca pus à minha frente várias possibilidades, diferentes caminhos possíveis para ter de escolher entre este ou aquele… Foi uma porta que se abriu à minha frente. Depois coube-me a mim dar o passo e entrar! |
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O segredo de TaizéAE - Foi uma porta que se abriu para si, mas também para muitos jovens na Europa que visitam Taizé e que ali fazem uma experiência forte de fé… ID - Em Taizé procuramos proporcionar um espaço de encontro pessoal com Cristo, em comunhão, apoiados uns nos outros e em interioridade. Que haja espaço para |
ser eu, que ali estou em frente a Cristo, com as minhas questões, as minhas indecisões, as minhas dúvidas. É isso que eu posso apresentar a Cristo. Acho que muitos jovens vivem em Taizé uma descoberta do que têm dentro de si e eles, no dia-a-dia, dispersos nas solicitações de iniciativas e de atividades, nem sempre têm tempo de ouvir. Ao ouvir o que está dentro de si descobrem a vontade de |
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o aprofundar. O que nós fazemos é ajudá-los a encontrar o seu próprio caminho. Para a maioria, esse caminho é na vida familiar, no casamento, no sacerdócio; para alguns, poucos, é em Taizé. O despertar acontece através de uma passagem por Taizé e nós alegramo-nos pelo facto de cada um se encontrar a si mesmo e encontrar o seu caminho.
AE - Percebe em Taizé que continua esse apetite pelo transcendente por parte das gerações mais jovens? Irmão David - Eu verifiquei nos últimos três ou quatro anos que os jovens portugueses têm aumentado bastante. Em parte através do passa-a-palavra, amigos que trazem outros, mas também pelo facto de vivermos em Portugal tempos difíceis, onde muitos jovens não vêm um futuro claro, mas incertezas, desemprego, dificuldades económicas. Isso faz com que nos agarremos ao que é essencial nas nossas vidas. Estes tempos mais difíceis ajudam também a descobrir o que é mais importante para mim!
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AE - Qual é o segredo de Taizé? Tantos jovens que ali chegam, quando a Igreja tenta acertar as práticas pastorais que lhe permitam chegar, com sucesso, aos jovens… Qual o vosso segredo? ID - Eu não sei o segredo nem sei se há segredo. Mas de facto há uma adesão de muitos jovens que nos visitam e, como não tenho a resposta, pergunto-lhes também como é que ali chegam e o que é que eles esperam… Nem todos conseguem explicar! Mas a simplicidade que se vive em Taizé é algo que atrai os jovens. Não procuram em ambientes muito elaborados e complexos, gostam das coisas simples, até a nível material. Os jovens chegam a Taizé de mochila às costas, dormem em tendas, deixam para trás os computadores e as preocupações e talvez, através disso, tornam-se mais disponíveis para os outros e para o encontro consigo mesmos. Esta simplicidade liberta e nós vemos que isso enche o jovem de alegria. Os jovens que visitam Taizé falam muito da oração, têm sede da oração. Falam também do convívio de uns com os outros. A capacidade de ser nós mesmos, ser acolhidos e acolher. |
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Ano de jubileusAE - De que forma estão a viver este jubileu dos 75 anos da comunidade de Taizé? ID - É um jubileu importante para nós. São 75 anos da comunidade e 100 anos do nascimento do irmão Roger, fundador da comunidade. Quando preparámos este jubileu dissemos logo que não faria sentido ficar a olhar para trás a contemplar as belas coisas que aconteceram, antes acolher o caminho percorrido, esta herança que recebemos através da experiência de 75 anos de vida
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comunitária e depois procurar fortificá-la. O carisma que nasceu em Taizé há 75 anos e que se adapta ao momento e à situação do mundo de hoje que é diferente do das origens.
Desde o início, há dois pilares fundamentais: uma vida de oração, de comunhão com Deus e de abertura ao próximo, de solidariedade. E queremos viver estas dimensões no mundo de hoje. Nesse sentido, o irmão Alois lançou, há três anos, um apelo para refletirmos em como avançar rumo a uma nova solidariedade, que responde à boa nova do Evangelho.
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AE ? Taizé é esse ?pedacinho de céu? que fica em França, que por estes dias tem estado na ordem do dia por razões preocupantes. Na proposta de aceitação das diferenças de que Taizé é modelo, que respostas terá a dar a esta intolerância, a uma religião que é apresentada, pelos acontecimentos trágicos, como causa de divisão?
ID - Jesus disse aos discípulos: ?Vós não sois do mundo, mas estais no mundo?. Isso é verdade para todos os discípulos! Há algo em nós que não é deste mundo, há uma semente de infinito que é posta em nós por |
Deus e que podemos tornar visível em certas circunstâncias. Contrapor a paz à violência é algo que nos interroga a todos perante estes ataques terroristas, venham eles de onde vierem. A utilização da religião para causas que nada têm a ver com ela é algo que nos choca a todos. Recorda-nos de forma violenta que de facto estamos no mundo e é neste mundo que temos de trabalhar. Ele precisa do nosso testemunho e do nosso compromisso. Devemos partilhar a paz que recebemos como dom de Deus.
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Água como símbolo ecuménico |
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O Conselho Mundial das Igrejas divulgou os subsídios para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos 2015, que decorre entre 18 e 25 de janeiro, este ano com o tema «Dá-me de beber». “O estudo e a meditação propostos para a Semana de Oração têm o objetivo de ajudar as pessoas e comunidades a perceber a dimensão dialogal do projeto de Jesus, que chamamos de Reino de Deus”, explicam os organismos que preparam o texto para esta semana de unidade. Os subsídios foram preparados pelo Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), a convite do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos e do Conselho Mundial de Igrejas. O encontro entre Jesus e a samaritana, no Evangelho de São João (4,7) está na génese do tema «Dá-me de beber» para a semana que se vive mundialmente entre 18 e 25 de janeiro de 2015. A imagem que “emerge” das palavras "dá-me de beber" é um discurso de complementaridade, revela o Conselho Mundial das Igrejas que assinala que beber água de outra pessoa “é o primeiro passo para
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experimentar outra maneira de ser e origina um intercâmbio de dons que enriquece”. “O gesto bíblico de oferecer água a quem chega (São Mateus 10,42), como forma de acolhimento e partilha, é algo que se repete em todas as regiões do Brasil”, país onde foram preparados os subsídios, acrescenta o sítio online do Conselho Mundial das Igrejas. "Quem beber desta água continua a voltar", diz um provérbio brasileiro. O subsídio oferece leituras e reflexões bíblicas, questões diárias, e orações para que os cristãos vivam e celebrem a oitava de oração, explica o movimento ecuménico no Brasil que surgiu no século XIX e ainda recorda os temas desta semana desde 1968 até 2015. Os cristãos são convidados a usar o documento durante o ano inteiro, para expressarem o “grau de comunhão que as igrejas já atingiram e orar juntos para aquela unidade plena que é a vontade de Cristo”, têm acesso também às datas “importantes” na história desta semana de oração. “Na diversidade, enriquecemos mutuamente”, observam sobre
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a semana que é um momento “privilegiado para a oração, encontro e diálogo”. “É uma oportunidade de reconhecer a riqueza e valor que estão presentes no outro, o diferente, e para pedir a Deus o dom da unidade”, desenvolvem. O documento informa que tradicionalmente, no hemisfério norte, a Semana de Oração pela |
Unidade dos Cristãos celebra-se entre 18 e 25 de janeiro, datas propostas em 1908 por Paul Wattson, e no hemisfério sul optam por outra data porque esta altura ser um período de férias.
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Unidade não se faz por decreto |
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O presidente da Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização encara a semana de oração pela unidade dos cristãos, que começa este domingo, como uma oportunidade de fortalecer o percurso ecuménico em Portugal. Em entrevista à Agência ECCLESIA, D. Manuel Linda sublinha o sentido da frase bíblica que vai “dar o tom” a estes oito dias, “Dá-me de beber”, retirada do diálogo entre Jesus e a samaritana. Para o prelado católico, num tempo em que judeus e samaritanos não se davam, o gesto de aproximação de Cristo àquela mulher continua hoje a ser um “símbolo de abertura” e um convite a que todas as pessoas tenham a “capacidade” de não se fecharem aos outros, “mesmo nos momentos difíceis”. No caso das Igrejas cristãs, esta passagem do Evangelho apela a que elas continuem a estreitar laços, ainda que “a cultura, as tradições, os hábitos digam que não é possível”, salienta aquele responsável. Num olhar para a caminhada ecuménica em Portugal, D. Manuel Linda diz que “oficialmente, |
formalmente”, têm sido dados no país “passos significativos na ordem da unidade”. Isto depois de “um tempo em que a Igreja Católica era praticamente a única existente na sociedade” e os “grupos minoritários”, as outras confissões religiosas “porventura não eram tão respeitados como deveriam ser”. “Pelo menos a hierarquia católica já colocou de lado aquele ódio, aquela desconfiança que existiria em relação a estes grupos evangélicos. Oxalá possamos dizê-lo a respeito de toda a Igreja Católica”, exorta D. Manuel Linda. Ainda recentemente, os líderes das várias confissões cristãs existentes no país assinaram um acordo sobre o valor e aceitação mútua do baptismo. No entanto, o bispo sustenta que é preciso ir mais além, com “a certeza de que a unidade não se faz por decreto”, é fundamentalmente “uma dádiva”. Daí a importância dos cristãos pedirem e rezarem pela “unidade” nesta semana de oração, e que os sacerdotes saibam também “lembrar o povo de Deus que existem outras |
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perspetivas cristãs” com as quais é preciso fortalecer laços. D. Manuel Linda recorda que, independentemente das suas diferenças, as Igrejas cristãs “repartem a mesma base, a mesma fé, a mesma convicção de que só Jesus Cristo é o salvador”. “A forma delas se organizarem, seja mais sinodal como é por exemplo na Igreja Evangélica, seja mais hierárquica, como na Igreja Católica, é de segunda importância. O nosso inimigo não é a outra convicção religiosa, é o agnosticismo ou o ateísmo”, defende o presidente Comissão Episcopal da Missão e Nova Evangelização. |
No que toca a esta área pastoral da Igreja Católica, D. Manuel Linda está plenamente convencido de que o sucesso do esforço missionário e a eficácia da evangelização depende também muito do ecumenismo.
“Há um grande escândalo neste mundo moderno, o facto de nós que nos reclamamos cristãos vivermos, ou termos vivido, de costas voltadas uns para os outros. Se formos ler muitos intelectuais do século XIX, eles acusam exatamente este toque: que credibilidade pode ter um cristianismo que se divide, que se guerreia um ao outro, nas suas várias fações, nas suas diversas Igrejas?”, conclui. |
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“Dá-me de beber”,
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O padre biblista Robson Cruz apresenta a sua interpretação sobre a passagem bíblica do encontro de Jesus com a Samaritana (Jo 4,7) que dá o mote para o oitavário de oração pela unidade dos cristãos. “Dá-me de beber” é o título do subsídio para esta semana que o padre Robson considera ser “Deus a falar com a Humanidade”. “Continua a ser o convite de Deus à Humanidade; nós, sobretudo aqui no Hemisfério Norte, questionamos as possibilidades das provas da existência de Deus, se Deus tem futuro ou não… Mas ele está à procura e quer sentar-se à beira do poço onde cada um vai buscar a sua água”. Para o biblista a água é sobretudo “o caminho da fé” e acredita que as primeiras comunidades cristãs consideraram a água como componente sacramental e “motor que leva à própria unidade da fé”. “Se pensarmos que todos nós recebemos a água do batismo para nos tornarmos verdadeiramente cristãos então percebemos que o resto do movimento que Jesus
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propõe, adorar em Espírito e em verdade, a busca dos caminhos da unidade, em vez de cair nas condenações, descobrimos que a água é o grande motor. É através do dom do batismo que Deus nos vai continuar a dizer durante toda a vida “dá-me de beber”, dá-me essa resposta de amor, a tua forma de te aproximares de Deus e só assim é possível construir a unidade”. Na opinião do padre Robson há ainda alguns medos para ir ao encontro do outro, nomeadamente membros de outras igrejas cristãs, que podem ser diferentes de mim, e gerar diálogo. “Enquanto nós tivermos apenas com um balde diante do poço, achamos que o que cabe lá é apenas o que levamos. Na passagem bíblica, a certa altura, a mulher deixa o balde, esquece-o e interessa-se pela fonte.” “Eu sou católico e parto da tradição que tenho e conheço, esse é o meu balde. Enquanto estiver apenas com o meu balde vão haver sempre equívocos e é necessário que se coloque do lado da água, do Cristo, e aí supera-se os medos e percebe-se quem vem ao nosso encontro.” |
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O encontro de Jesus com a Samaritana, um homem e uma mulher, um judeu e uma samaritana, contado pelo evangelista João, dá-se junto a um poço o que, na época era frequente acontecer em contexto esponsal, daí o “folclore que depois se fez pela necessidade de humanizar estas cenas”.
Mas Jesus fez um caminho maior, pelos montes, para se encontrar com esta mulher a que o biblista explica que “Jesus precisava de passar pela Samaria”. “Não é uma necessidade geográfica mas uma necessidade de ir ao encontro de quem está longe, sair do |
território seguro, o que dizemos hoje da sua “zona de conforto” e contemplar esta necessidade, é mesmo o convite que a comissão ecuménica do Brasil deixa neste oitavário”. A procura de identidade dos movimentos religiosos é um fator que leva os cristãos a construir o que “é único, seu e diferente dos outros.” “O Evangelho pede-nos o contrário, não alimentar as diferenças mas a busca do dom de Cristo, onde se esbatem as fronteiras quando se trata de O acolher na fé e no amor”, são desafios para esta semana e o resto do ano. |
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O Grupo Ecuménico Jovem do Porto, marcos de um caminho comum |
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Na “fonte”, a mesma “sede”…Janeiro de 2004: jovens da Diocese Católica Romana do Porto, do Departamento da Juventude da Igreja Evangélica Metodista Portuguesa e do Departamento da Juventude da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana) começam a encontrar-se mensalmente para um momento de oração, partilha e programação de actividades ecuménicas conjuntas. Assim nascia o GEJ-Porto. A “fonte de ignição” desse “ardor” então sentido foi, em grande medida, o V Fórum Ecuménico Jovem (2003, Aveiro). O diálogo, a oração em comum e a esperança de “novos rumos” (de que o lançamento do primeiro CD Ecuménico “Encontrarei o teu olhar” foi belo sinal) a isso (nos) impelia. Tudo isso, e uma única “sede”: potenciar, de forma articulada e em comunhão, o “movimento ecuménico” junto das comunidades e grupos da região do Porto… pois que uma só era também a “fonte”: a Palavra-desejo de Jesus - “Que todos sejam um…” (Jo 17, 21).
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No caminhar, a mesma “luz”…Desde então que esta dupla “marca” é perene: abertura às diferentes realidades (sociais, culturais…) e respeito pelas tradições eclesiais. Da leitura/comentário da Escritura à preparação das actividades, tudo é partilhado: dons e fragilidades, “alegrias e esperanças, tristezas e angústias” (Gaudium et spes, 1); pois só assim sabemos ser possível o verdadeiro encontro (ecuménico): aquele que, não ignorando nem anulando as diferenças, antes as potencia como oportunidades de crescimento mútuo. “Frutos a colher“ (Walter Kasper) deste caminhar são as celebrações ecuménicas juvenis (nomeadamente as do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos); as presenças nos Fóruns Ecuménicos nacionais; as “Orações com os sem-abrigo do Porto”, onde Palavra (da Fé) se alia ao gesto (Caridade); e, finalmente, os “Cantares Ecuménicos de Natal”, re-anúncio “cantante” de que “o Natal é de Jesus“.
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No horizonte, a mesma esperança…“Alegres na esperança” (Rom 12,12) é o título do segundo CD Ecuménico (lançado em 2008, no 10º aniversário do FEJ), e é nesse “espírito” que queremos prosseguir. Sabemos das dificuldades que os tempos (presentes e futuros) nos apresentam, mas guia-nos igualmente a certeza de que, |
deixando-nos conduzir pelo Espírito Santo, não nos faltarão nem a coragem nem o arrojo de dar aos “sinais dos tempos” a resposta profética e fundamental à construção do Reino desejado e anunciado por Jesus Cristo. N’Ele e para Ele, nossa Fonte e Luz, “só nossa sede nos guia”.
Luís Leal GEJ - Porto
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Porto Ecuménico |
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O Ecumenismo na cidade de Porto tem uma história profícua e um presente ativo, em que as várias Igrejas ecuménicas existentes na cidade, continuam a dar prioridade à busca da unidade entre os Cristãos, com espírito de alegria e inovação. A Comissão Ecuménica do Porto, foi criada no ano 2005, para dar seguimento a uma forte tradição de trabalho e missão ecuménica na cidade. É constituída por dois representantes, clérigos e leigos, das Igrejas Católica Romana, Lusitana – Comunhão Anglicana, Metodista, Luterana Alemã e Ortodoxa Russa. O grupo reúne mensalmente, na Casa Diocesana de Vilar, para orar, seguindo as propostas do guião da semana de oração e planear e apoiar algum evento ecuménico. Do encontro brota a relação, a proximidade e o desejo ardente de concretizar iniciativas que ajudem na consciencialização da diversidade eclesial que caracteriza a atualidade. Constata-se uma crescente procura da Comissão Ecuménica por parte de agentes educativos para abordagem da temática do ecumenismo. Nesse sentido, já se realizaram |
eventos em escolas e espaços públicos direcionados a adolescentes e professores, no âmbito da disciplina de educação moral e religiosa e história. O Roteiro Ecuménico, da responsabilidade desta Comissão, que este ano já vai para a V edição, e que será apresentado na Celebração Ecuménica de 19 de Janeiro, na Sé Catedral do Porto, é uma proposta concreta de caminho e conhecimento ecuménico para o ano, que permite celebrar juntos a mesma fé na vivência das diferentes tradições eclesiais: celebrações, encontros, estudos bíblicos, conferências… são algumas das propostas apresentadas. O aprofundamento da Charta Oecuménica para a Europa, 2001, continuará a ser uma prioridade e ação: COMPROMETEMO-NOS em rezar uns pelos outros e pela unidade dos cristãos, em aprender a conhecer e a apreciar as celebrações e as outras formas de vida espiritual das outras Igrejas, em diligenciar no sentido do objetivo da comunhão eucarística. A Declaração Conjunta do Reconhecimento Mútuo do Sacramento do Baptismo, assinada |
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em janeiro de 2014, abriu diversas janelas de oportunidade para o caminhar ecuménico que importa aproveitar e valorizar, por isso, procuraremos estimular o desenvolvimento de iniciativas que ajudem a promover e aprofundar a declaração e a criar visões, com o auxílio do Espírito Santo, para outros passos ecuménicos. À luz da atual conjuntura económica e social que o país atravessa, a Comissão Ecuménica do Porto, procurará para o presente ano a promoção de iniciativas que possibilitem uma reflexão comum
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sobre o papel das igrejas e dos cristãos na promoção de uma sociedade mais justa, fraterna e reconciliada, fieis ao desejo profundo de unidade de Jesus que orou ao Pai: para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. S. João 17, 21
Sérgio Alves Presbítero da Igreja Lusitana – Comunhão Anglicana Membro da Comissão Ecuménica do Porto |
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O site www.ecumenismoporto.org permite acompanhar o movimento ecuménico do Porto e também o registo para receção de informações via email. REGISTE-SE! |
«Dá-me de beber!» (João 4,7) |
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De 18 a 25 de janeiro de 2015 terá lugar o tradicional Oitavário de Oração pela unidade dos cristãos. O tema e o material de oração foram este ano preparados pelas Igrejas presentes no Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC) e que são : Igreja Católica Romana, Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Igreja Presbiteriana Unida e Igreja Ortodoxa Síria de Antioquia. O CONIC tem como missão trabalhar pela unidade das Igrejas cristãs, acompanhando a realidade brasileira e confrontando-a com o Evangelho e as exigências do Reino de Deus. No meio de crescente intolerância religiosa, o CONIC procura o diálogo entre as Igrejas e outras religiões como forma de reduzir o impacto do fundamentalismo religioso. É neste contexto social e religioso que se insere a escolha do tema do oitavário sustentado no apelo feito por Jesus à mulher samaritana: «Dá-me de beber!» (João 4,7). Um apelo que quebra preconceitos religiosos e culturais, que abre ao diálogo na diversidade e que revela a importância do acolhimento e da |
partilha de dons como expressão da necessária complementaridade que deve existir, entre cristãos e Igrejas. O rico e sugestivo diálogo de vida entre Jesus e a mulher samaritana (João 4, 1-41), seráentão aprofundado diariamente ao longo do Oitavário tendo por base os dois grandes símbolos presentes nesta narrativa bíblica e que são; o caminho e a água. Duas questões iniciais ajudam também aprofundar o sentido dos símbolos e das celebrações propostas: qual é o caminho da unidade, a rota que devemos assumir, para que o mundo possa beber da fonte da água da vida, que é Jesus Cristo? E ainda: qual é o caminho da unidade que mostra o devido respeito pela nossa diversidade? A caminhada de unidade proposta para os oito dias começa com uma proclamação, que conduz à denúncia, à renúncia e ao testemunho conjunto. A reflexão bíblica que ajudará a este caminhar, sustenta-se na Leitura Contextual da Bíblia muito presente na América Latina e que promove uma abordagem do texto bíblico que sendo académica não deixa de ser popular procurando ter a vida quotidiana como seu ponto |
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de partida. Deste modo, procura-se que o texto bíblico ensine e transforme de forma a criar um testemunho da vontade de Deus no contexto em que vivemos. Como habitualmente, o material litúrgico editado, sem desvirtuar a proposta original, é adaptado para a realidade Portuguesa, num trabalho conjunto do Conselho Português de Igrejas Cristãs (COPIC) e da Comissão Episcopal da «Missão e Nova Evangelização» da Igreja Católica Romana. O material está editado em livro que poderá ser solicitado às Igrejas. Cabe agora às diferentes Igrejas e comunidades, transpor |
este manancial litúrgico e bíblico, para a vida e necessidades concretas da sociedade portuguesa. Se o souberem fazer em conjunto, mais credível e transformador será o seu testemunho. Em Portugal, prevê-se a realização de um conjunto diversificado de celebrações e de encontros ao longo da semana de oração. A celebração a nível nacional, que contará com a presença dos hierarcas das diferentes Igrejas, ocorrerá na Sé católica da cidade de Setúbal, no dia 24 de janeiro de 2015 pelas 16h00. Jorge Pina Cabral, Bispo da Igreja Lusitana Publicação Conjunta da MissãoPress |
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2015, Ano Internacional da Luz |
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A 25 de Novembro de 2013, na 68ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) foi proclamado 2015 “como o ano em que a Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) promoveria a cooperação com outras entidades para o desenvolvimento de ações de sensibilização de políticos e cidadãos em geral – a nível mundial – para a importância da luz na vida e no bem-estar geral”. O Ano Internacional da Luz é “um projeto de divulgação científica multidisciplinar e educativo que envolve mais de 100 parceiros de 85 países. Portugal, através da Ciência Viva, da Sociedade Portuguesa de Física e da Comissão Nacional da UNESCO, pretende integrar o programa Mundial, conforme tem ocorrido com outras iniciativas congéneres”. Os principais objetivos, em termos nacionais, passam pela: promoção das tecnologias da luz como fator de melhoria de qualidade de vida no mundo; redução da poluição luminosa e o desperdício de energia; promoção do envolvimento dos jovens na ciência; promoção da educação entre os jovens e do |
desenvolvimento sustentável. Ao digitarmos o endereço www.ail2015.org encontramos um espaço graficamente bastante simples e eminentemente informativo. Naturalmente se percebe que as energias despendidas na criação desde sítio não recaíram sobre as componentes gráficas e estéticas, mas ao nível dos conteúdos apresentados. Na opção “a luz” encontramos as justificações para a escolha deste tema onde, entre outras, se afirma que “a tecnologia baseada na luz é o maior motor económico da atualidade”. Em “programa nacional” entramos, talvez, no principal espaço deste sítio. É aqui que temos acesso às 15 propostas para o programa nacional de atividades que irão decorrer durante este ano. “Esta programação foi criada de modo a abranger diversas áreas do conhecimento e de forma a promover o contacto direto com o público. Os conteúdos foram pensados para o público em geral, existindo algumas atividades dedicadas à comunidade escolar e público mais jovem”. No item “recursos”, temos ao dispor |
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um conjunto de vídeos relativos ao ano internacional da Luz. Para nos mantermos a par de tudo o que irá acontecer ao longo destes 365 dias que compõem o ano internacional da luz, basta que acedamos ao item “calendário”.
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Aqui fica a sugestão para visitarem este espaço online e assim se juntarem às celebrações relativas ao Ano Internacional da Luz, pois “sem ela não pode existir vida na terra”.
Fernando Cassola Marques |
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Portugal: História dos santuários
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A história dos 161 santuários existentes em Portugal vai ser contada ao público sob a forma do livro “Santuários de Portugal: Caminhos de Fé”. Em entrevista à Agência ECCLESIA, o presidente da Associação dos Reitores dos Santuários (ARS), padre Sezinando Alberto, mostrou-se convicto de que “ainda neste semestre, antes da Páscoa”, a publicação será colocada à disposição das pessoas. O livro está organizado em 20 capítulos, correspondentes ao número das dioceses portuguesas, e “cada capítulo contém o mapa da diocese, o nome e a localização dos santuários” e também referências a outros “locais de culto” existentes na região. “Muitas capelas e ermidas não são consideradas como santuários, pela autoridade eclesiástica, mas são assumidas pelo povo como tal. Por isso, tivemos a preocupação de os descrever”, realça o sacerdote. É também apresentada aos leitores a descrição e a origem de cada santuário, através de uma “nota |
histórica”, e os “pontos de interesse” que têm para oferecer. “Este é o esquema” do projeto, refere o padre Sezinando Alberto, “o que faz com que seja um livro bastante grande, com cerca de 600 páginas”.
Tendo em conta a relevância que obras deste tipo sempre têm para os investigadores e historiadores, a ARS reservou uma parte de cada capítulo para a colocação da bibliografia que serviu de base para a informação disponibilizada. Ainda no campo da divulgação, o organismo está a preparar o lançamento de catálogos e roteiros dedicados aos santuários, em várias línguas, um trabalho em parceria com o Secretariado dos Bens Culturais da Igreja e com a Obra Nacional da Pastoral do Turismo. Para o reitor do santuário de Nossa Senhora de Balsemão, da Diocese de Bragança-Miranda, um dos mais antigos do país, este livro vai ser “um instrumento muito bom para dar a conhecer os santuários portugueses” junto do público em geral, peregrinos, visitantes e turistas e ao mesmo |
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tempo mostrar porque é que Portugal é apelidado de “terra de Santa Maria”, já que “embora existam também muitos santuários cristológicos ou dedicados a santos, a maior parte é destinada ao culto mariano”, frisa o padre Basílio Pires. Outro reitor, do Santuário de Santa Quitéria, localizado na Diocese do Porto, destacou a importância que |
esta nova publicação vai ter para a promoção de locais de culto mais pequenos ou de abrangência mais regional. “O Santuário de Santa Quitéria é mais conhecido ao nível do Concelho de Felgueiras mas tem por detrás toda uma história de devoção ao Sagrado Coração de Maria que é preciso aprofundar”, aponta o padre José Gomes Pereira.
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II Concílio do Vaticano:
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O episcopado português esteve reunido, no Seminário dos Olivais, Lisboa, de 11 a 15 de janeiro de 1965. Não foi publicado nenhum comunicado sobre os trabalhos, mas uma nota pastoral sobre a Universidade Católica Portuguesa (UCP). A futura UCP “não quer ser uma escola fechada ao diálogo com os problemas vários da cultura atual”. Esta instituição pretende estar no interior da cultura, sentindo “as conquistas e ansiedades do homem de hoje e iluminá-la com as luzes e esperanças do Evangelho”. (Boletim de Informação Pastoral; Ano VII – Janeiro-Fevereiro; Nº 36). Ao lado das universidades civis, a UCP quer “ser irmã, respeitadora e admiradora do seu meritório labor, prolongando-o, aprofundando-o, completando-o com a reflexão cristã”. Nesta reunião, presidida pelo cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira, estiveram quase todos os bispos residenciais da metrópole, a que se juntaram, em representação dos bispos do ultramar, os arcebispos de Luanda (Angola) e Lourenço Marques (Moçambique). A nota – datada de 16 de janeiro de 1965 – realça que a instituição universitária será “aberta fraternalmente a todos” e não um estabelecimento “estritamente clerical, reservado a eclesiásticos, e fechada ao mundo” (Comunicação do Episcopado Português sobre a criação da Universidade Católica Portuguesa. In: BIP Nº 36, Página 36-37). Na reunião ficou também estabelecido que a comissão episcopal responsável pela UCP era presidida pelo Patriarca da altura, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, e pelo arcebispo de Évora e bispo de Portalegre – Castelo |
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Branco. A parte principal (45 mil metros quadrados) do terreno para as instalações da UCP já tinha sido adquirida por escritura de 18 de novembro de 1964. Fica situada a paredes meias com a cidade universitária de Lisboa e “não pretende ser concorrente e muito menos rival das existentes”, mas complementar na linha da cultura, especialmente da cultura cristã. “Um largo intercâmbio de professores, alunos, cursos e instrumentos de investigação é desejado e prometido” (lê-se na nota) Uma comissão instaladora composta |
por 16 membros (8 sacerdotes e 8 leigos), presididos pelo Bispo de Tiava, D. José Pedro da Silva, trabalhou arduamente para que o embrião se tornasse um bébé que cresceu com o tempo. Dos leigos que fizeram parte desta comissão saliento alguns: Valentim Xavier Pintado; João Miller Guerra e Francisco Pereira de Moura. A Universidade Católica Portuguesa “não se encerrará em vaso fechado”, repetindo um monólogo sem ouvintes. A UCP pretende projetar a sua doutrina e repensar a obra científica em plano superior e “informando cristãmente a cultura”. |
Janeiro 2015 |
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Dia 16 de Janeiro* Lisboa – UCP - Conselho Superior da UCP presidido por D. Manuel Clemente
* Algarve – Alcantarilha - A congregação das Carmelitas Missionárias promove a iniciativa «À Conquista de Castelos». (16 a 18)
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Dia 17 de Janeiro* Fátima - Encontro das instituições que dão assistência aos peregrinos a pé
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* Lisboa - Mosteiro de São Vicente de Fora - Concerto de Ano Novo promovido pelo Patriarcado de Lisboa e a editora Althum.
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* Lisboa - Salão Nobre da Câmara Municipal de Lisboa - Sessão comemorativa do oitavo aniversário da Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV).
* Lisboa - Auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa - Conferência sobre «O Sínodo Diocesano: interpelações às comunidades cristãs locais» por José Eduardo Borges de Pinho e integrada nos «Encontro de Santa Isabel 2015». * Porto – Sé - Celebração ecuménica na Sé do Porto
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‘Migrações e família’ é o tema do Encontro anual de Agentes Socio pastorais das Migrações entre esta sexta-feira e domingo na Casa de Oração de Santa Rafaela, em Palmela, Setúbal. No domingo assinala-se o Dia Mundial do Migrante e Refugiado e o Papa Francisco escreveu a mensagem a ‘Igreja sem fronteiras, mãe de todos’. A iniciativa é uma parceria da Agência ECCLESIA, Caritas Portuguesa, Obra Católica Portuguesa de Migrações e Departamento Nacional da Pastoral Juvenil.
‘Dá-me de beber’, do Evangelho de São João (4,7), é o tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos e foi inspirado no diálogo de Jesus com a samaritana. Durante oito dias, entre 18 e 25 de janeiro, o programa do oitavário pretende conduzir os cristãos num caminho de “denúncia”, de “renúncia” e de “testemunho conjunto”.
O livro «Crescer na Fé e Anunciar a Alegria do Evangelho - Reflexões dominicais e festivas», do padre Georgino Rocha vai ser apresentado no dia 20 de janeiro, às 21h30, Centro Universitário Fé e Cultura da Diocese de Aveiro. A apresentação conta com a presença de D. António Moiteiro, bispo de Aveiro; do reverendo Eduardo Conde, pastor da Igreja Metodista e Manuel Oliveira de Sousa da Comissão Justiça e Paz.
O quarto ciclo de Conversas Amplas reflete sobre o tema da liberdade na sociedade e na religião em cinco conferências e termina com um concerto de música mensagem, entre 21 de janeiro e 7 de fevereiro, sempre às 21h30. Este ciclo é organizado pela Pastoral da Família da Paróquia de São Pedro, em Vilar de Paraíso, Vila Nova de Gaia. |
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Porque conserva a Igreja a prática do Batismo das crianças?
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h18Domingo, dia 18 - Comunidade de Taizé: um laboratório do ecumenismo
RTP2, 15h30 Segunda-feira, dia 19 - Religiões e o diálogo entre civilizações. Análise de Catarina Martins e Paulo Mendes Pinto. Terça-feira, dia 20 - Informação e apresentação do II Encontro Nacional de Leigos; Quarta-feira, dia 21 - Informação e entrevista ao padre João Maria Lourenço sobre a Pastoral da Saúde; Quinta-feira, dia 22 - Informação e entrevista ao padre Jovito Osvaldo sobre o Ano da Vida Consagrada; Sexta-feira, dia 23 - Apresentação da liturgia de domingo pelo padre João Lourenço e Juan Ambrosio.
Antena 1 Domingo, dia 18 de janeiro - 06h00 - Dia Mundial do Migrante e do Refugiado com José Coutinho da Silva e Eugénia Costa Quaresma, da Obra Católica Portuguesa de Migrações
Segunda a sexta-feira, 19 a 23 de janeiro - 22h45 - Unidade dos Cristãos: Ecumenismo da diocese do Porto pelo padre Domingos Oliveira (19 jan), "Dá-me de beber", pelo biblista Robson Cruz (20 jan), livro publicado em contexto ecuménico, padre Georgino Rocha (21 jan), Grupo Ecuménico Jovem, com João Luis Fontes (22 jan) e Ecumenismo em Portugal com D. Manuel Linda, presidente da Comissão Episcopal Missão e Nova Evangelização (23 jan) |
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Ano B – 2.º Domingo Do Tempo Comum |
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Seguir Cristo, renovar a vocação |
As leituras deste 2.º Domingo do Tempo Comum fazem-nos refletir sobre a nossa vocação, a nossa disponibilidade para acolher os desafios de Deus e para seguir Jesus. O chamamento é sempre uma iniciativa de Deus, que vem ao encontro da pessoa e a chama pelo nome, como se nota na história do chamamento de Samuel, na primeira leitura. Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Corinto a viver de forma coerente com o chamamento que Deus lhes fez. Segundo o Evangelho, o discípulo de Jesus é aquele que é capaz de reconhecer, no Cristo que passa, o Messias libertador, que está disponível para O seguir no caminho do amor e da entrega, que aceita o convite de Jesus para entrar na sua casa e para viver em comunhão com Ele, que é capaz de O testemunhar e anunciar aos irmãos. O Evangelho deste domingo diz-nos, pois, que ser cristão é simplesmente acolher o chamamento de Deus para seguir Jesus Cristo. Sugere também que essa adesão só pode ser radical e absoluta, sem meias tintas nem hesitações. Os dois primeiros discípulos, André e Simão Pedro, não discutiram o ordenado que iam ganhar, se a aventura tinha futuro ou se estava condenada ao fracasso, se o abandono de um mestre (João Batista) para seguir outro (Jesus) representava uma promoção ou uma despromoção, se o que deixavam para trás era importante ou não. Simplesmente seguiram Jesus, sem garantias nem condições, sem explicações supérfluas nem seguros de vida, sem se preocuparem em salvaguardar o futuro se a aventura não desse certo. A aventura da vocação é |
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sempre um salto, decidido e sereno, para os braços de Deus. A história da vocação de André e do seu irmão Simão mostra ainda a importância do papel dos irmãos da comunidade na descoberta de Jesus. Os desafios de Deus ecoam, tantas vezes, na nossa vida através dos irmãos que nos rodeiam, das suas indicações, da partilha que eles fazem connosco, dispondo o nosso coração para reconhecer e seguir Jesus. O encontro com Jesus, numa procura constante da sua Pessoa, nunca é um caminho fechado e pessoal sem consequências comunitárias. Acolher o chamamento de Deus significa assumir, em todos os momentos |
e circunstâncias, comportamentos coerentes com a nossa opção por Cristo e pelo Evangelho. “Encontrámos o Messias”! Tal deve ser o anúncio alegre de quem fez uma verdadeira experiência de vida nova e verdadeira, e anseia por levar os irmãos a uma descoberta semelhante. Que este dinamismo de renovação da nossa vocação seja vivido em particular nesta semana, que será também de oração pela unidade dos cristãos, na comunhão com todos os que fazem da sua vida um autêntico seguimento de Jesus Cristo.
Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Assistência religiosa e cuidados de saúde:
“Se tiver de ser internado(a), não esqueça, peça a visita do capelão aos enfermeiros logo no início do internamento. Não fique à espera”.(Comissão Nacional da Pastoral da Saúde)
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Dia Mundial do Doente 2015
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Somos convidados pelo Papa Francisco a, no Dia Mundial do Doente deste ano, pedir ao Senhor a ‘sabedoria do coração’ que nos permita viver as nossas relações pessoais como um verdadeiro encontro. O Papa dirige-se, em primeiro lugar, aos doentes. Mas, logo a seguir a todos os que, de uma forma ou de outra, estão ao pé dos doentes: os profissionais de saúde, os familiares, os que os visitam, os que cuidam deles. Tanto quanto depende
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de si, procure desenvolver uma ação que corresponda a este apelo. E, se puder, não deixe de nos informar sobre o que no seu âmbito – a nível diocesano, paroquial, da capelania hospitalar, ... – conseguiu realizar. Dar boas notícias, partilhar boas práticas a este respeito é também certamente anunciar o Evangelho da Vida. P. José Manuel Pereira de Almeida Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde |
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A Alegria do Evangelho e a Família |
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No início da sua Exortação Apostólica , o Papa Francisco refere que S. João Paulo II “ convidou-nos a reconhecer que não se pode perder a tensão para o anúncio” àqueles que estão longe de Cristo, porque a causa missionária é a tarefa verdadeiramente prioritária e o grande desafio da Igreja. E o Papa Francisco lança uma pergunta: “Que sucederia se tomássemos realmente a sério estas palavras?” Esta pergunta é - nos dirigida a todos, e é como se o Papa nos perguntasse: E tu, levas a sério? O que fazes na tua família, no teu trabalho, na tua paróquia, entre amigos e vizinhos? Que fazes como apóstolo? E nós famílias cristãs? Que podemos fazer para sermos capazes de revelar, apesar das nossas muitas imperfeições e dificuldades, que somos alegres porque Cristo habita em nós e está presente no nosso amor, na nossa fidelidade e fecundidade, na forma como nos relacionamos uns com os outros e com os de fora? Se quisermos ser sinceros, teremos de reconhecer, certamente com exceções! que todos podemos mudar alguma coisa. Vamos à Missa ao |
domingo, levamos os filhos à Catequese, inscrevemo-los em atividades extra- escolares cristãs e, quando possível, escolhemos escolas de orientação católica, ou pelo menos, inscrevemo-los em aulas de Moral Cristã, mas temos de reconhecer que há que refletir sobre as nossas vidas, fazer um exame de consciência humilde, emendar e inovar para sermos uma “igreja doméstica” capaz de dar testemunho de Luz e Fé. Quando o Papa Francisco fala no seu “sonho missionário” que passa pela “transformação de costumes, estilos e horários (…)” é impossível que não demos conta de que vivemos subjugados pela tirania de programas de televisão sem critério, de horários de trabalho prolongados para lá do razoável, de modas, costumes e estilos de vida incompatíveis com valores cristãos. Por isso vale a pena ler e divulgar os carinhosos conselhos do Papa Francisco: que haja diálogo entre pais e filhos; que nunca os casais adormeçam, sem antes fazerem as pazes ; que se cultive a ternura entre avós e netos; que os jovens pais tenham tempo para brincarem |
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Apresentação do curso «Teologia e Espiritualidade da Família», na UCP
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com os filhos; que os casais não sigam a cultura de bem-estar que diz não aos filhos, para ter mais conforto e riqueza; que se leia o Evangelho em família, pelo menos, ao domingo ( “uma família iluminada pelo Evangelho é uma escola de vida cristã.
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Nela se aprende fidelidade, paciência e sacrifício”, twitter,10 maio, 2014); que se usem com frequência, em nossas casas, as palavras “com licença”, “obrigado”, “desculpe”. Fátima Fonseca APFN |
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Deus queria ainda algo mais de mim |
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Marta Lages, natural de Évora, tomou o hábito da Ordem da Imaculada Conceição, em Campo Maior, depois de um percurso de reflexão que a levou a escolher o convento de vida religiosa contemplativa. “Neste tempo em que procurava e questionava o que quereria Deus, coloquei-me à disposição da Sua vontade e projeto. Eu sabia que alguma coisa ia mudar e foi no silêncio, na oração e procura que numa visita ao Convento de Campo Maior aceitei fazer uma experiência, inicialmente sem compromisso”, referiu à Agência ECCLESIA, a Sor Marta Lages. A nova religiosa disse que aos 37 anos contar à família a opção pela vida contemplativa foi “um momento forte e difícil”, mas “muito importante para todos”. “A minha mãe pressentiu e perguntou-me o que estava a acontecer, mas isso não invalidou o choque e o tempo de adaptação à ideia”, explica Marta Lages, que recorda as palavras de “confirmação” do pai: “ Se Deus me pede uma filha quem sou eu para recusar?”. “A minha irmã fez-me todas as perguntas que eu podia fazer para colocar em causa a decisão, o que |
também me ajudou muito”, acrescenta. Em Évora tinha uma vida “muito preenchida”, com um trabalho estável como diretora pedagógica numa creche; a nível eclesial, era chefe regional adjunta nos escuteiros e chefe de clã no seu agrupamento. “Já tinha casa, autonomia e era feliz. Sentia-me realizada em tudo o que fazia e tinha”, revela Marta Lages que em 2010, numa peregrinação a pé a Santiago de Compostela, “começou” o seu caminho para a vocação à vida religiosa. “Fui descobrindo que afinal tudo o que tinha, e tinha tudo, não chegava. Deus queria ainda algo mais de mim para além do que eu já fazia e era porque no meu pensamento já lhe dava tudo”, desenvolveu. Segundo a religiosa, a vida contemplativa é a “presença viva de Deus na vida” e destaca que a sua entrega para além de pessoal também foi por “todos”: “Os que acreditam; que não acreditam; os que se sentem sós e abandonados e pelos que se lembram pouco ou esquecem de Deus”. Para os jovens espera que o seu |
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testemunho seja de “confiança e amor a Deus” e que sintam que a vida faz diferença e pode “transformar o mundo”. “Não vivam acomodados ou conformados com o que têm mas preparados e despertos para a mudança, para a novidade de Deus. Não tenham medo de se afirmar cristãos, sejam exigentes e esforcem-se por ser testemunho do amor de Deus”. O dia-a-dia das irmãs no convento da Ordem da Imaculada Conceição de Campo Maior é vivido em “silêncio, com trabalho e oração” a partir das 06h00, “acordadas pelo sino”, onde passado meia hora têm o |
primeiro momento comunitário com o cântico de laudes.
As irmãs dedicam-se ao seu “ofício e trabalho comunitário” – “presépios, paramentos e partículas” – e para além da oração comunitária e individual depois do almoço e jantar têm “uma hora de confraternização”.
O dia em Campo Maior termina após as 22h00 quando partilham o Evangelho e rezam completas, a oração da noite. A Ordem da Imaculada Conceição, fundada pela portuguesa Santa Beatriz da Silva, canonizada em 1976 e nascida em 1437, tem também uma comunidade na Diocese de Viseu. |
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Ano da Vida Consagrada |
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Muito se vai dizer e muito se irá escrever, mas a força atrativa do testemunho alegre e feliz da nossa vida vale mais que mil palavras
1- Alegria e agradecimento A Igreja, através do Papa, concedeu-nos um ano para olharmos para a nossa história e agradecer o dom do chamamento pessoal, o dom dos carismas na Igreja, o dom de tantos e tantas que entregam a vida no silêncio da oração, ou no serviço da educação, da saúde ou da missão ad gentes e são fermento na massa a levedar o mundo para Cristo. Espero que neste ano nos sejam oferecidos tempos para celebrar e agradecer e fazer festa, que sejam transversais: que se alegrem os crentes e não crentes, que possam também alegrar-se os pobres e excluídos, porque pusemos neles o nosso olhar e o nosso coração. Que todos vejam que os nossos rostos brilham e que somos felizes, apesar das rugas, das crises e da precaridade. O papa convida-nos à alegria. “Alegrai-vos”, diz-nos. É tempo de olhar para dentro de nós próprios e perguntar: Quais os motivos da nossa alegria? Rostos alegres é a melhor |
propaganda vocacional. Não é o portal da internet, o facebook, o cartaz, ou a revista… que chamam. rA melhor propaganda é o nosso rosto, irradiação espontânea do que levamos dentro. É hora de nos mostrarmos ao mundo como pessoas enamoradas de Jesus Cristo e do seu Reino. Este testemunho não é apenas pessoal, É comunitário.“Vinde e vede” (Jo 1,39) O testemunho comunitário é fundamental para fazer germinar a semente da vocação que Deus semeou em cada homem e mulher.
2- Abertura aos novos desafios da missão. Estamos como dizem os sociólogos numa “mudança de época”. Temos que ser criativos, e, mantendo viva a fidelidade ao carisma, não termos medo de inovar, transformar e reorganizar. Voltar às fontes da nossa alegria e sonhar algo novo que torne a VC resposta credível para esta nova época. Escutar desafios, fazer perguntas, com os nossos limites e fragilidades mas sempre fiéis à “herança recebida” dos nossos fundadores. Tenhamos a coragem de nos sentar à mesa e perguntar: Que espécie de vida consagrada é |
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necessária no mundo de hoje? Que testemunho está a dar? A mística da VC não é evasiva. Pelo contrário a comunhão com Deus tem que nos implicar nas “saídas” para as “periferias” existenciais onde Deus está ausente, a fraternidade não existe e onde nos é pedido coração, pés e mãos solidários. Temos que nos pôr em caminho para anunciar a todos a misericórdia surpreendentes de Deus.
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3. Paixão por Cristo e pela humanidade Não tenhamos medo. A VC será sempre um dom, uma “boa notícia” para a Igreja e para o mundo. Somos herdeiros de uma imensa grandeza e são enormes os desafios do mundo em que vivemos. Esta é a nossa hora. Sejamos testemunhos e profetas da alegria. Abracemos o futuro com Confiança, Fé e Esperança. O resto é obra do Espírito Santo Maria de Fátima Magalhães stj |
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Vida Consagrada: Padre Jovito Osalvo, Missionário do Verbo Divino
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Obrigado, Mãe |
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Tony Neves |
Nasceu, cresceu, casou, viveu e morreu… na Foz do Sousa, terras agrárias de Gondomar. Foi sempre mulher de Deus, vivendo numa família profundamente marcada pelos valores cristãos. Ofereceu a sua juventude á educação, sendo professora naqueles tempos de itinerância (voltaram hoje!) em que, após as nomeações, havia que fazer a mala e partir rumo a qualquer aldeia perdida entre campos e serras. Assim foi a vida da minha mãe até aos 35 anos, idade com que celebrou o Matrimónio com o meu Pai. Depois, foram vindo os quatro filhos, e a eles se dedicou de alma e coração, abandonando a Escola. Nunca lhe conheci férias, sábados, domingos ou feriados. O seu dia começava sempre pelas cinco da manhã e terminava quando calhava. Costurava as nossas roupas, fazia as compras, visitava a família, acompanhava a saúde de todos. A doença prolongada que afectou o meu Pai (faleceu em 1998) complicou ainda mais a sua vida, pois teve que assumir também as rédeas da agricultura familiar. A educação dos filhos foi sempre a grande prioridade e tinha como objetivo que estudassem o máximo. E assim foi. Colocou no Seminário os dois primeiros filhos, mas respeitou sempre as nossas decisões, não abdicando nunca da exigência de que fossemos sérios e bons cristãos. Depois chegaram os netos que foram crescendo lá por casa. Foi ela quem tomou conta dos mais velhos, quando as forças o permitiram. Depois da morte do Pai, entrou em curva descendente de forças (ou ascendente, para Deus). Nesta sua |
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serenidade de fim de vida, conseguimos ver uma mulher de armas que deu tudo o que era e tinha para que a família fosse unida, bem formada, assente em valores humanos e cristãos. A sua morte, a 10 de Janeiro, aproximou do meu coração e do coração dos meus familiares milhares de pessoas que reagiram nas redes sociais (mais de 1500!) e participaram no velório e funeral. D. António Francisco, Bispo do Porto, tocou-nos coração ao falar com simpatia e ternura, de uma Mãe cheia de Missão. Os cerca de 50 Padres, os Irmãos, Irmãs, Jovens em Formação, Leigos Associados e Fraternidades, Familiares de Confrades, membros |
dos Movimentos da Família Espiritana, Familiares, conterrâneos e amigos da família…encheram-nos de uma profunda alegria interior na hora de dar graças a Deus pela longa vida e Missão da nossa Mãe. |
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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Filipinas: Centro Silsilah, um oásis de paz no meio da guerraA aldeia do Padre Sebastião |
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No sul das Filipinas, na Ilha de Mindanao, muçulmana e que luta desde há décadas pela independência, um padre tem vindo a contrariar a violência e a desconfiança entre religiões. Hoje, a Aldeia da Harmonia é o sinal de que a paz é possível onde só há memória de guerra.
O Papa Francisco está nas Filipinas até dia 19. Este é um dos países católicos mais vibrantes do mundo, mas, no sul, na ilha de Mindanao, onde a maioria da população é muçulmana, há um forte espírito independentista que tem gerado uma onda de violência que custou já a vida a mais de 150 mil pessoas. Em Setembro de 2013, um violento ataque por parte de forças independentistas, deixou um rasto de destruição e provocou a fuga a mais de 100 mil pessoas. Bairros inteiros foram destruídos. Muitas casas ficaram em ruínas. As populações fugiram apavoradas. Nesses dias de terror, o Padre Sebastião D’Ambra tentou acalmar as pessoas, ajudar os feridos. O Padre Sebastião nasceu em Itália e ingressou no Instituto Pontifício para as Missões |
Estrangeiras. Em 1977 os seus superiores enviaram-no para as Filipinas, precisamente para esse enclave muçulmano da ilha de Mindanao. O país era governado com mão de ferro pelo ditador Ferdinand Marcos. Sebastião D’Ambra depressa se apercebeu que havia muita coisa a fazer. A começar pelo combate à desconfiança entre religiões. O Padre Sebastião aventurou-se para o interior dos bairros de lata, onde a pobreza parecia imparável, e foi começando a tornar-se uma figura conhecida, amável. A ser visto sem desconfianças, apesar de ser padre entre muçulmanos. História de guerras Desde décadas que o Padre Sebastião se tornou praticamente também no único interlocutor entre radicais e o exército filipino. Houve momentos dolorosos. Ataques que visaram a própria comunidade religiosa. Com o apoio da Fundação AIS, criou o Centro para o Diálogo Silsilah, que juntava líderes das várias comunidades e criaram, num terreno em Zamboanga, um complexo a que chamaram a Aldeia da Harmonia. |
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Este é um espaço único. Procura-se que todos se olhem como vizinhos, como família, para lá das religiões. A terra é cultivada em favor de todos. É uma semente de paz. Em Setembro de 2013, o ataque dos radicais islâmicos trouxe de novo o cheiro a pólvora até Mindanao, até à Aldeia da Harmonia. Ainda hoje há vestígios desses dias de fogo. No ano passado, o governo e um dos movimentos rebeldes assinaram um acordo para a criação de uma região autónoma na ilha de Mindanao. Independentemente do que vier a acontecer, a Aldeia da Harmonia e o Centro Silsilah, continuam a ser um monumento ao esforço para a construção da paz e da harmonia entre religiões. Diz o Padre Sebastião: “Sinto-me em paz e feliz com esta |
experiência. Sei que é o Senhor que está a fazer tudo. Eu sou apenas um instrumento”. Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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«Quem ama conhece Deus; quem não ama, não O conheceu, porque Deus é amor. Mas não amor de novela. Não, não! Amor sólido, forte; amor eterno, amor que se manifesta»
(Papa Francisco, homilia de 8 de Janeiro de 2015)
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