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João Aguiar Campos D. Amândio Tomás Lígia Silveira
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Foto da capa: D.R. Foto da contracapa: Agência ECCLESIA
AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio Carmo Redação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,. Luís Filipe Santos, Sónia Neves Grafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana Gomes Propriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar Campos Pessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82. Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D 1885-076 MOSCAVIDE. Tel.: 218855472; Fax: 218855473. agencia@ecclesia.pt; www.agencia.ecclesia.pt;
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Opinião |
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Das Filipinas para o mundo
Igreja atenta aos novos emigrans
II Encontro Nacional de Leigos[ver+]
D. Amândio Tomás |Fernando Cassola Marques |Manuel Barbosa |Paulo Aido | Tony Neves | João Aguiar Campos | Eduardo Duque |
Laicado: uma vocação |
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João Aguiar Campos das Comunicações Sociais
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Realiza-se, dentro de dias, no Porto, o II Encontro Nacional de Leigos apresentado como tempo de “reflexão e de festa”. Gosto, particularmente, que a festa seja assim publicamente afirmada; porque acho coerente e obrigatório que os que partilham a mesma fé e o mesmo entusiasmo (con)celebrem a “alegria do Evangelho” que, na feliz afirmação do papa Francisco, “enche o coração e a vida daqueles que se encontram com Jesus”. Trata-se, por isso, de uma alegria profunda, de um “feixe de luz” que se projecta e não se esconde – sendo que também não se aprisiona em qualquer instante folclórico. Sim; que a festa não é foguete passageiro mas – e cito D. Manuel Linda – “transformação do tempo prosaico em tempo salvífico, poético, cheio de sentido existencial”. Mas se a festa deve ser publicamente afirmada, a reflexão é igualmente urgente; e, muitas vezes, é mais difícil de cumprir -- porque obriga a ir ao fundo, analisar, reforçar e/ou corrigir. Obriga a razões que sejam raízes. No que aos leigos diz respeito, a reflexão tem de focar-se na sua vocação secular, que devem viver com fidelidade e entusiasmo, considerando-a tão digna como a dos sacerdotes e religiosos. Os leigos não são, de facto, cristãos de terceira divisão; não são meros colaboradores de ninguém, mas baptizados chamados a uma missão específica a cumprir no lugar que ocupam no mundo. Não são delegados do clero, numa espécie de partilha condescendente; e nunca deveriam ser definidos |
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por exclusão (fiéis que não são clérigos)… Aceitar tudo isto é, da parte dos leigos, assumir a sua obrigação de tratar das realidades temporais e ordená-las segundo Deus. É´, com a mesma intensidade, recusar a tentação de se clericalizar ou deixar clericalizar, nas palavras e nas atitudes – e, assim, pecarem ora por omissão, ora por usurpações de funções… Quando este 2º Encontro Nacional de Leigos se propõe “recolocar o homem no centro da sociedade”, aponta a cada participante um dever de protagonismo que o remete para uma inserção profunda na sociedade e nos seus problemas; nas suas alegrias e nas suas lágrimas. |
A este propósito, vale para todos a advertência do n.270 da Evangelli gaudium: “Às vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus Cristo quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros. Espera que renunciemos a procurar aqueles abrigos pessoais ou comunitários que nos permitem manter à distância do nó do drama humano, a fim de aceitarmos verdadeiramente entrar em contacto com a vida concreta dos outros e conhecermos a força da ternura”.
O estatuto de observador não é um estatuto missionário!... |
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- “Esta é uma má decisão e uma decisão hostil na forma como foi tomada e transmitida. Exige uma resposta firme e determinada da parte do Governo português porque não podem restar quaisquer dúvidas, se é certo que a questão tem um impacto mais direto e mais imediato no território da região autónoma dos Açores, esta é uma decisão que afeta o nosso país no seu todo” Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional dos Açores, sobre a vontade dos Estados Unidos da América em encerrarem a Base das Lajes, 19.01.2015 |
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Redução do contingente militar na Base das Lajes, nos Açores, pode custar o emprego a centenas de açorianos |
- “Alguns pensam que - desculpem a expressão - para ser bons católicos é preciso ser como os coelhos, não é? Não. Paternidade responsável: isso é claro e por isso há na Igreja grupos de casais, peritos nesta matéria” Papa Francisco, em declarações aos jornalistas no regresso da sua viagem ao Sri Lanka e Filipinas, 19.01.2015 |
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- “Não vejo nenhuma contradição, a Igreja sempre defendeu a paternidade responsável e é exatamente isso que nós defendemos também. Deus Nosso Senhor deu-nos inteligência e nós somos animais racionais, diferentes dos outros animais, e portanto a paternidade responsável cabe perfeitamente dentro dos nossos conceitos. Luís Cabral, presidente da Associação das Famílias Numerosas, sobre a posição do Papa Francisco, TSF, 20.01.2015
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- “Em vez de sermos arrastados para uma nova guerra no Médio Oriente, estamos a liderar uma coligação ampla, incluindo países árabes, para enfraquecer e finalmente destruir esse grupo terrorista. E este esforço vai levar tempo, vai exigir empenho. Mas nós vamos conseguir. E esta noite eu apelo ao Congresso que mostre ao mundo que estamos unidos nesta missão, ao aprovar uma resolução que autorize o uso da força contra o Estado Islâmico”
Barack Obama, presidente dos Estados Unidos da América, discurso ao Congresso americano, 20.01.2015 |
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Novos emigrantes
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A Igreja Católica promoveu o 15.º Encontro de Agentes Sociopastorais das Migrações, com a presença do sociólogo António Barreto, para quem “é inaceitável” atingir atualmente números de emigração semelhantes aos dos anos 60, com um “impacto terrível” nas famílias. “Em cinco anos terão emigrado cerca de 600 mil pessoas. É um número demagógico, avançado com intenções políticas ou de vender jornais. Será inferior, 100 ou mesmo 200 mil, o que é sempre muito, muitíssimo”, afirmou, no cineteatro de Palmela, Diocese de Setúbal. “Estamos com números de emigração que nos aproximam dos anos 60, mas isso não é aceitável”, sustentou António Barreto, considerando que “é possível fazer diferente, melhor e evitar que a emigração atinja os números atuais”. O comunicado final dos trabalhos propôs estratégias que construam uma “visão positiva da emigração” e que requalifiquem as estruturas de acolhimento e resposta pastoral às comunidades portuguesas na diáspora. “«Terá chegado a hora» de |
procurar novos modelos de animação pastoral das comunidades católicas na diáspora a partir de projetos bilingues, inseridos nos contextos de destino, que permitem enriquecimentos recíprocos”, refere o documento conclusivo, enviado à Agência ECCLESIA. Os participantes no 15.º Encontro de Agentes Sociopastorais da Migrações afirmaram também a necessidade de “promover uma visão positiva da emigração” através da criação de “estruturas e grupos” que realizem “um acolhimento ativo, pessoal e comunitário”. A necessidade de “tomar consciência dos pressupostos da vida cristã e eclesial”, das “questões concretas” a partir de “diagnósticos realizados em proximidade” é uma necessidade que exige “disponibilidade para diferenças possivelmente maiores” das que os crentes estão “habituados ou preparados para admitir”. A caraterização da mobilidade humana na atualidade vai tornar necessária a inclusão de respostas sociais nos projetos das missões católicas na diáspora portuguesa, porque é |
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novamente urgente ajudar na “procura de emprego ou casa”, por exemplo. Os agentes sociopastorais das migrações consideram que “quando forçada, a emigração é uma das decisões 'mais violentas’ na estrutura familiar, porque implica afeto, alterações num projeto de vida; quando uma opção, é uma |
oportunidade de descoberta vocacional, aperfeiçoamento pessoal e saída profissional”. Promovido pela Agência Ecclesia, a Cáritas Portuguesa, o Departamento Nacional da Pastoral Juvenil e a Obra Católica Portuguesa de Migrações, o 15.º Encontro decorreu entre os dias 16 e 18 deste mês, na Diocese de Setúbal.
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Base das Lajes: Bispo teme catástrofe social |
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O bispo de Angra apelou ao “bom senso” e ao diálogo após o anúncio da redução da presença norte-americana na base das Lajes, ilha Terceira, e pede medidas que “estimulem novas oportunidades”. “Estou convencido de que os governos da República e dos Açores vão ser capazes de sensibilizar os norte-americanos para encontrarem soluções que mitiguem os problemas, por um lado, e sirvam de alavanca para um novo modelo de desenvolvimento social e económico”, disse D. António de Sousa Braga, citado pelo sítio diocesano de informação ‘Igreja Açores’. O prelado revelou que está a “acompanhar com muita preocupação” os problemas sociais |
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que estão a ser criados pelo anúncio unilateral dos Estados Unidos da América reduzir a presença na base militar das Lajes. Até ao verão, o relatório do Departamento de Defesa dos EUA sobre as suas bases militares na Europa prevê que os atuais 650 efetivos na base açoriana passem para 165 e ainda o despedimento de 500 dos 900 trabalhadores portugueses. Segundo o bispo açoriano, só se pode “prever uma catástrofe social” que vai “agravar” as dificuldades “provocadas pela crise”. O responsável assinala que o contingente norte-americano “há pelo menos dois anos” que está a ser reduzido, mas o relatório “precipitou” uma situação que exige “uma resposta concertada de todos”. |
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Métodos naturais, forma livre e responsável de constituir família |
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Os Centros de Preparação para o Matrimónio (CPM) em Portugal apresentam aos noivos católicos os métodos naturais de planeamento familiar para que estes possam ter filhos de “forma livre e responsável”. “A aplicação destes métodos implica o conhecimento do corpo dos esposos e dos seus ritmos, leva ao diálogo em casal de forma a conviverem da melhor maneira durante a fase fértil e ao aprofundamento da sua intimidade”, explica à Agência ECCLESIA o presidente do CPM-Portugal. Paulo Henriques assinala que os métodos naturais, considerados de auto-observação, fazem “cimentar” a relação entre os esposos e permitem de forma “livre e responsável constituir a sua família”. O movimento católico frisa que o responsável pelo planeamento familiar “é o casal”. O CPM-Portugal indica que, independentemente dos ritmos, existem “equipamentos e aplicações móveis” que facilitam a utilização dos métodos naturais que também são “mais ecológicos e mais baratos do que quaisquer outros”. |
O presidente do CPM-Portugal admite que cada pessoa possa fazer uma “interpretação pessoal” das palavras do Papa sobre “paternidade responsável” e “planeamento familiar”, mas observa que Francisco “continua a defender” a posição da Igreja” sobre a “necessidade da generosidade à vida”.
Os métodos naturais de planeamento familiar são introduzidos nos encontros preparação para o Matrimónio quando se aborda o tema da fecundidade, ou “dependendo dos locais e das equipas”, é feita uma “sessão extra” sobre a temática. Os dois métodos são o de Billings e o sintotérmico que “é mais eficaz” por usar “mais indicadores”, mas nos dois processos “é necessária a motivação dos elementos do casal”. O CPM-Portugal, movimento da Igreja que tem como objetivo dedicar-se à preparação dos noivos para o Matrimónio, assinala que o tema do planeamento familiar através de métodos naturais é “bem” acolhido, quase sempre com “a surpresa” de ser a primeira vez que os ouvem ser apresentados como “métodos válidos e eficazes”. |
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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Oitavário De Oração Pela Unidade Dos Cristãos
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17 mil quilómetros
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O Papa concluiu esta segunda-feira nas Filipinas uma viagem à Ásia, que se iniciou no Sri Lanka, durante a qual multiplicou mensagens e gestos em favor dos mais pobres, da paz e do diálogo entre religiões. Um dia depois de uma Missa ao ar livre com mais de seis milhões de pessoas, a maior celebração na história da Igreja Católica, Francisco regressou ao Vaticano, completando assim um total de 17 mil quilómetros percorridos. Mais uma vez, milhares de pessoas acompanharam o percurso do papamóvel nas ruas da capital filipina, entre a Nunciatura Apostólica e o aeroporto, onde decorreu a cerimónia de despedida, sem discursos oficiais mas com coreografias e cantos enquanto o pontífice argentino se despedia das autoridades civis e religiosas. Durante as homilias e discursos em Manila, o Papa questionou em várias ocasiões as “estruturas sociais que perpetuam a pobreza” e denunciou a “corrupção”. Francisco mostrou-se preocupado com o que chamou de “colonização ideológica” da família, com “ataques insidiosos e programas
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contrários” ao matrimónio tradicional, à natalidade e ao direito à vida. A viagem ficou marcada pela deslocação à ilha filipina de Leyte, a região mais afetada em novembro de 2013 pelo supertufão Haiyan. Francisco presidiu a uma Missa campal, junto ao aeroporto de Tacloban, debaixo de fortes ventos e chuva, durante a qual centenas de milhares de pessoas rezaram pelas vítimas e seus familiares. "Muitos de vocês perderam parte da família: apenas posso guardar silêncio, acompanho-os com o coração, em silêncio", disse, numa intervenção improvisada, em espanhol, deixando de lado o texto preparado. A passagem pelo maior país católico da Ásia contou com várias surpresas do Papa argentino, que fez uma paragem surpresa junto a uma casa de pescadores na cidade de Tacloban, no percurso entre o aeroporto local e a Catedral de Palo, onde Francisco almoçou depois com 30 sobreviventes e familiares das vítimas. Numa visita encurtada em quatro horas, devido à tempestade, o Papa quis deixar um sinal de proximidade |
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junto dos “mais pobres dos pobres”, como explicou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi. Na sexta-feira, o Papa tinha feito outra paragem não programada, num centro para crianças abandonadas, dirigido por uma fundação católica, onde passou 20 minutos com mais de 300 crianças. Os jovens estiveram no centro das atenções da manhã de domingo, num encontro que decorreu na única universidade pontifícia da Ásia: Francisco apresentou um discurso |
improvisado a partir do testemunho de Gyzelle Palomar, uma menina de 12 anos, acolhida por uma fundação católica depois de ter sido abandonada na rua. A atenção pelos mais pobres foi levada ao palácio presidencial, no primeiro discurso em Manila, em que o Papa pediu o fim das “cadeias da injustiça e da opressão”. A viagem à Ásia vai estar em destaque na próxima emissão do programa «70x7», este domingo, na RTP2 (11h15). |
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Francisco, os coelhos
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O Papa Francisco deixou clara esta quarta-feira a sua posição de apoio às famílias numerosas e criticou quem associa o número de filhos ao aumento da pobreza no mundo. “Posso dizer, podemos todos dizer, que a principal causa da pobreza é um sistema económico que retirou a pessoa do centro e ali colocou o deus dinheiro”, alertou, na audiência geral desta semana, perante milhares de pessoas que aplaudiram a intervenção. Francisco condenou um “sistema económico que exclui, exclui sempre, as crianças, os idosos, os jovens, os desempregados, e que cria a cultura do descarte”. “Habituamo-nos a ver pessoas descartadas e este é o motivo principal da pobreza, não as famílias numerosas”, afirmou. O Papa recordou a sua recente viagem às Filipinas e a questão que lhe foi colocada, na viagem de regresso a Roma, entre a pobreza no país asiático e as famílias numerosas. “Ouvi dizer que as famílias com muitos filhos e o nascimento de tantas crianças estão entre as causas da pobreza. Parece-me uma opinião simplista”, lamentou. |
Segundo, Francisco, as famílias saudáveis são “essenciais” para a vida da sociedade. “Dá consolação e esperança ver tantas famílias numerosas que acolhem os filhos como um verdadeiro dom de Deus. Elas sabem que cada filho é uma bênção”, sustentou. A posição surgiu dois dias depois das declarações do Papa, em conferência de imprensa, sobre “paternidade responsável”, com recurso aos “meios lícitos”, os métodos naturais de planeamento familiar. “Alguns pensam que - desculpem a expressão - para ser bons católicos é preciso ser como os coelhos, não é? Não. Paternidade responsável: isso é claro e por isso há na Igreja grupos de casais, peritos nesta matéria”, disse, no voo entre Manila e Roma. A 28 de dezembro de 2014, o Papa tinha recebido no Vaticano delegações de famílias numerosas, que apresentou como “uma célula mais rica, mais vital” da sociedade. “Num mundo muitas vezes marcado pelo egoísmo, a família numerosa é uma escola de solidariedade e de partilha”, disse. |
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Esta segunda-feira, no voo de regresso a Roma, Francisco mostrou-se preocupado com a quebra demográfica e sublinhou o trabalho feito pela Igreja Católica para travar o que denominou como “neomalthusianismo”, que “procurava um controlo da humanidade por parte das grandes potências”. Neste sentido, referiu que para as pessoas mais pobres “um filho é um tesouro” e que “Deus sabe como ajudá-las”. “Paternidade responsável, mas olhando também para a generosidade do pai e da mãe que vê em cada filho um tesouro”, prosseguiu. Durante a viagem às Filipinas, o Papa evocou a "coragem" do Beato Paulo VI, autor da encíclica 'Humanae Vitae' (1968), sobre a regulação da natalidade, que rejeitava a contraceção artificial, "para defender a abertura à vida na família" e contrariar a "ameaça da destruição da família pela privação dos filhos".
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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram a atualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizados em www.agencia.ecclesia.pt
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«Não se pode fazer a guerra em nome de Deus» |
Diálogo, liberdade religiosa
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D. Amândio Tomás |
Os acontecimentos, lesivos da vida e da dignidade das pessoas, pedem reflexão sobre a igualdade fundamental dos seres humanos, para lá da diversidade de raças e credos. Aos direitos sacrossantos e inalienáveis da dignidade da pessoa correspondem deveres inadiáveis em prol do bem comum e de cada ser humano. Não prescindir da correlação entre direitos e deveres, nem impedir o Papa de fomentar o diálogo civilizacional e inter-religioso, tão necessário na Europa e no mundo plurifacetado. A Europa deixou de ser rol de Estados independentes, para ser amálgama multinacional, multicultural e multicivilizacional de pessoas incomunicáveis, que vivem entre muros. A convivência pacífica entre a Europa e o Islão ainda não foi feita, é preciso fazê-la e não há outra via senão o diálogo, onde não há vencedores nem vencidos, mas só enriquecidos. O Papa S. João XXIII, na Encíclica “Paz na Terra”, baseou a paz, na verdade, justiça, liberdade e solidariedade. Há que dizer não à guerra fratricida! Não à violência! Não ao desprezo. Não ao ódio, retaliação, mercantilização e escravatura. Não ao fundamentalismo, fanatismo, terrorismo e instrumentalização. Sim à liberdade de crer e viver, segundo uma ética religiosa, ao diálogo inter-religioso, à vivência harmoniosa, à tolerância. Sim à liberdade de expressão, na justiça e respeito da pessoa, segundo a regra de ouro do “não faças ao outro o que não queres que o outro te faça a ti” |
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ou “faz ao outro o que desejas que o outro te faça a ti”. O diálogo gera conhecimento e amor. A diversidade ajuda, enriquece, impede o monólogo, permite o diálogo. É preciso que todos, ateus, judeus, cristãos, muçulmanos, membros de outras religiões se respeitem, se reconheçam, dialoguem e gozem dos mesmos direitos e deveres. Há que superar preconceitos e falsos temores e acreditar, amar e perdoar, denunciando os vícios. Somos companheiros de viagem e |
construtores da civilização da verdade, da justiça, liberdade e solidariedade. Desejamos amar e ser amados, compreender e ser compreendidos, sendo aceites. A ninguém é permitido matar, ofender e desrespeitar, em nome de Deus, que é o Supremo Amor, Verdade e Beleza e só quer o bem, a paz, o entendimento e a felicidade de todos. A afirmação da minha liberdade não deve pôr em perigo a liberdade do outro, que é meu irmão, mesmo que não pense, como eu. Estou disposto a converter |
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o mundo, a desejar e a dar-me, até à exaustão, para que os outros acreditem na verdade, que busco e em que acredito, mas devo estar pronto a ser tolerante e a estar disposto a que nada se faça que vá agredir a liberdade do outro poder acreditar, ou não acreditar, nos valores e na fé, que eu perfilho e testemunho. Há quem brinque com o fogo, semeie ventos, ofenda e provoque para obter guerras, lançando rastilhos em barris de pólvora. São intuitos, que devemos evitar, vencendo o mal com o bem, evitando a retaliação, metendo a espada na bainha, como disse Jesus a Pedro, “porque quem com ferros mata com ferros morre”. Foram estes objetivos que moveram os Pais da Europa, para acabar com o ódio, a retaliação, a vingança e as guerras. Disse Jean Monnet: “nós não coligamos estados, unimos os homens”. A Semana da Unidade dos Cristãos (18 a 25 de janeiro) e a Mensagem do Dia Mundial da Paz nos ajudem a ser construtores de pontes, arautos da reconciliação, evitando o choque de civilizações, favorecendo a inclusão, o diálogo, o conhecimento mútuo |
e o respeito das minorias, deixando de ofender, provocar e ferir sentimentos, afetos e crenças seja de quem for, sendo abertos, tolerantes e magnânimos. Na mensagem da Paz, o Papa Francisco pede empenho e fraternidade, contra o ‘fenómeno abominável’ da escravidão, pois, a pessoa cresce, nas relações interpessoais, inspiradas na justiça e caridade. Partindo da Carta a Filémon, em que Paulo lhe pede para receber o escravo fugitivo, Onésimo, como irmão, o Papa exorta a mudar de atitude: “já não há escravos, mas irmãos”! Subordina a paz à “fraternidade, que mostra também a multiplicidade e a diferença entre as pessoas, relacionadas umas com as outras, cada qual com a sua especificidade e partilhando todas a mesma origem, natureza e dignidade” (n.2). Em vez da indiferença e escravidão, apostar na fraternidade, pois, “na raiz da escravatura, está uma conceção de pessoa humana que admite a possibilidade de a tratar como um objeto. Quando o pecado corrompe o coração do homem e o afasta do seu Criador e dos seus semelhantes, estes deixam de ser sentidos como de igual |
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dignidade, como irmãos e irmãs em humanidade, passando a ser vistos como objetos. Com a força, o engano, a coação física ou psicológica, a pessoa humana - criada à imagem e semelhança de Deus – é privada da liberdade, mercantilizada, reduzida a propriedade de alguém; é tratada como meio, e não como fim” ( n. 4 ). Aos Europeus indiferentes, instalados, céticos e cínicos, seguidores do “comamos e bebamos que amanhã morreremos”, que esquecem e se envergonham das suas raízes cristãs, vale a pena recordar o filósofo Habermas, que, assim, se expressa para explicar "o poder da religião na esfera pública”: |
“Para a autocompreensão normativa da modernidade, o cristianismo funcionou não só como precursor ou elemento catalisador. O igualitarismo universal do qual surgiram os ideais de liberdade e vida coletiva em solidariedade, o comportamento autónomo da vida e da emancipação, a moralidade individual da consciência, os direitos humanos e a democracia, tudo é legado direto da ética judaica da justiça e ética cristã do amor, não havendo outra alternativa a ela, até ao dia de hoje”.
Com os votos de bom ano, tornemo-nos construtores da paz e da reconciliação mútua. |
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7 mil milhões de maneiras
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Lígia Silveira |
A exposição «7 mil milhões de Outros», que até ao dia 8 de fevereiro está na Fundação EDP, em Lisboa, é um convite à fraternidade e à graça.
Mais de seis mil pessoas responderam, desde 2003, a 43 perguntas tão diferentes como «O que é o amor?», «Qual o sentido da vida?», «Qual a memória mais antiga que tens?», «Família», «O que mudarias na tua vida?», «Felicidade», «Desafios de Vida» dando origens a respostas onde cabem lágrimas e risos. |
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Naquelas mensagens, onde não importa o nome mas é indicado o país, vi olhos a brilharem com recordações e acalentados de esperança; vi risos, muitos: com todos os dentes, ou sem eles mas sem complexos, com a cara toda.
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Vi que na vida de um pescador |
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O Semanário ECCLESIA apresenta nesta edição o II Encontro Nacional de Leigos, promovido pela Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos (CNAL) sobre o tema “Recolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida”.
Além da entrevista com a presidente do Conselho Nacional da CNAL, o dossier apresenta uma reflexão do filósofo e dramaturgo francês Fabrice Hadjadj, membro do Conselho Pontifício para os Leigos, testemunhos e reflexões sobre o papel dos leigos nos dias de hoje.
A CNAL promove esta iniciativa com a convicção “a pessoa humana e a sua dignidade única são o fim de toda a procura e de toda a resposta criativa às necessidades e urgências do mundo”, que implicam “todos os homens e mulheres”.
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A dignidade da pessoa humana no centroA Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos (CNAL) vai promover o II Encontro Nacional de Leigos com o tema “Recolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida”, este sábado, dia 24 de janeiro, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto. Nesse contexto, a presidente do Conferência Nacional em entrevista à Agência ECCLESIA explica os objetivos do encontro, os ateliês que vão estar em análise, reflexão e debate a partir do tema principal. Alexandra Viana Lopes destaca a participação do filósofo e dramaturgo francês Fabrice Hadjadj, que vai apresentar a conferência principal, e revela que esta iniciativa pretende “colaborar” para que o homem e a mulher não sejam apenas números porque estão “para além da eficácia, para além do que servem para alguns e não servem para outros”. “A ideia é salvar o Homem, no sentido que volte para o centro: da sociedade, dos pensamentos, da reflexão” é a frase do Papa Francisco que inspira o encontro que pretende refletir sobre a “dignidade da pessoa humana”.
Entrevista realizada por Paulo Rocha
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Agência Ecclesia (AE) – Com que objetivo é promovido o II Encontro Nacional de Leigos? Alexandra Viana Lopes (AVL) – Como diz o tema – “Recolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida” - pretende-se colocar em cima da mesa este convite, esta proposta. Consideramos que é urgentíssimo refletir sobre a |
dignidade da pessoa humana em todos os seus estados, em todas as suas condições, com todas as suas vicissitudes. É urgente dar espaço e tempo de pensar, refletir e de perceber como é que a podemos defender mais, promover, servir e recolocar o homem no centro da reflexão das sociedades contemporâneas.
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AE – O que vai acontecendo no quotidiano revela que a pessoa humana é um número? AVL – Não é um número! Mas é uma tentação enorme que, no meio das tensões todas do tempo contemporâneo, da guerra, da fome ou das crises nas sociedades ocidentais, possa ser um número: servir se for eficaz, se tiver posição social e cultural ou não servir noutras circunstâncias. O homem está para além da eficácia, está para além do que serve para alguns e não serve para outros. A discussão sobre a dimensão inalienável e a dimensão indisponível do homem e a centralização de toda a nossa vida e ação da forma como o podemos potenciar mais é uma grande discussão.
AE – É essa a discussão que vai acontecer no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, este sábado? AVL – É a discussão que propomos que aconteça, com este mote, a partir de uma confederação composta por instituições de inspiração cristã, mas para todos os homens e mulheres. É uma discussão que queremos propor à sociedade civil também. |
AE – Quais são as diferentes áreas para a discussão do tema “Recolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida”?
AVL – Temos uma reflexão de fundo com um filósofo que prezamos muito e que será a dimensão mais transversal do desafio antropológico de recolocar hoje a reflexão sobre a pessoa humana. O professor Fabrice Hadjadj, membro do Conselho Pontifício para os Leigos e diretor do Instituto Filantropo em Friburgo (Suíça), é um filósofo que tem refletido muito sobre o humanismo e sobre a dimensão antropológica. Vai fazer a conferência de fundo. Depois vamos ter ateliês sobre as urgências do mundo: nas grandes questões que se continuam a colocar de formas muito diversificadas, que criatividade é que nos é pedida. E desde a dimensão de como defender a vida humana, sobretudo nas alturas em que está mais fragilizada – nascimento, doença, deficiência e na morte –; como defender a terra, o planeta, a sustentabilidade, o ambiente, este é um núcleo. Depois a família humana, em contexto de sínodo, a necessidade de perceber hoje como apoiar a família, |
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acompanhá-la, como permitir que possa viver e gerar homens e mulheres mais vivos, mais potenciados, mais felizes. A dimensão do desenvolvimento social que nos é pedido hoje é a grande discussão no mundo ocidental. A cultura, que progresso cultural nas dimensões da ciência, das letras, das artes, da comunicação social. Que cultura é que queremos, qual é que |
pode falar mais de nós, como homens e mulheres. A política é outro ateliê: que políticas são pedidas hoje. E o último é sobre a paz internacional. Como proteger a Comunidade Internacional, como evitar a guerra, como é que as forças armadas podem estar mais ao serviço da paz. Que desenvolvimento, que diálogo inter-religioso e ideológico é necessário atravessar e fazer para estar ao serviço da paz. |
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AE – Qual o objetivo dessa vasta discussão? Que desafios são colocados aos leigos? AVL – É fazer um caminho! Temos mais perguntas do que respostas. Há um caminho dentro da Igreja que é o serviço e é sempre assim. O Papa tem interpelado cada vez mais para uma Igreja de saída, que esteja no mundo e não fechada em si e temos todos esta inspiração de fundo. Os convites do Papa são um incentivo para colocar a Igreja na rua onde a vida se constrói, onde as pessoas passam, onde as pessoas estão mais e menos felizes, com mais ou menos sofrimentos e é colocarmo-nos ai. Há um desafio para os leigos e para a missão dos leigos, que estão nestas áreas de atividade humana e conhecimento, e também para sociedade a que pertencemos todos.
AE – O lançamento do debate no Encontro Nacional de Leigos 2015 também tem na sua origem uma expressão do Papa Francisco? AVL – A frase que aparece como mote no convite ao encontro, que é necessário salvar o homem, é de um discurso do Papa de 12 de julho, numa reflexão ligada à economia. Os discursos do Papa têm vindo neste |
sentido recorrentemente, desde a encíclica “Alegria do Evangelho” a estes últimos no Conselho da Europa e no Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França): é necessário que as pessoas não sejam descartáveis, que o meu bom nome, o meu percurso pessoal, o poder ou a fama, que são tentações enormes do homem, não se atravessem à frente do bem único de cada um.
AE – Qual o enquadramento deste segundo encontro, que percurso foi feito pela Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos desde a sua constituição e do primeiro encontro em Coimbra, em novembro de 2013? AVL – A CNAL é muito recente, nasceu em 2011, e, depois de um tempo de instalação, lançou uma reflexão partir de 2013, tendo em pano de fundo a celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II, sobretudo a Constituição “Gaudium et Spes” (GS) onde afirma que as tristezas e angústias dos homens contemporâneos são as nossas e que os discípulos de Cristo não estão fora desta inquietação e onde era colocado à reflexão os grandes problemas de hoje. Os temas dos ateliês vêm entroncar com |
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os que eram apresentados na GS, naquela altura no pós-Segunda Guerra Mundial, hoje noutro contexto. As grandes questões de fundo, com contornos sociais, acabam por ser estas.
No encontro de 2013 propôs-se, também com inspiração do Papa, que cultura do encontro é necessária para |
servir o mundo nas suas necessidades e sobretudo nestas urgências. Como é que a nossa colaboração pode resultar em mais bem, mais serviço, mais resposta. Este ano, na mesma linha de uma “cultura de encontro, como podemos colaborar para que o homem e a mulher sejam aquilo que são ou aquilo para que foram criados. |
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Cultura do EncontroRecolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida
“Quando o Homem perde a sua humanidade, o que nos espera? (…) uma política, uma sociologia, uma atitude «do descartável»: descarta-se o que não serve, porque o Homem não está no centro. (…) Portanto, a ideia é salvar o Homem, no sentido que volte para o centro: da sociedade, dos pensamentos, da reflexão. (…) É o rei do Universo! E esta não é teologia, não é filosofia — é a realidade humana. Com isto, vamos em frente.“ Papa Francisco, 12 de julho de 2014
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PROGRAMA 24.01.2015, Centro de Congressos da Alfândega do Porto 09.00 Credenciação
09.30 Sessão de Abertura
10.00 "Recolocar o Homem no Centro – Desafio Antropológico" Comunicação de Fabrice Hadjadj (filósofo, dramaturgo, diretor do Institut Philantropos, membro do Conselho Pontifício para os Leigos) Conversa com Paula Moura Pinheiro (jornalista)
11.30 Intervalo
12.00 "Recolocar o Homem no Centro – Desafio nas Urgências do Mundo" |
Ateliers - 1ª Parte Atelier 1: Na Vida e na Ecologia Humana e do Planeta Walter Osswald (médico, professor universitário aposentado, com cátedra de bioética da Unesco) Bento Amaral (enólogo, campeão paralímpico) José Souto Moura (juiz conselheiro no STJ) Joana Araújo (investigadora, vice-presidente do Instituto de Bioética do Porto) Moderação por Isabel Vilaça Carneiro Pessanha Moreira (bancária, presidente do Vida Norte)
Atelier 2: Na Família Humana Joaquim Azevedo (professor universitário, coordenador da |
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Comissão para uma Política de Natalidade) Teresa Ribeiro (psicóloga, terapeuta familiar, professora universitária) Pedro e Margarida Appleton (arquitetos, pais de 5 filhos) Alexandre e Joana Trindade (engenheiro físico, educadora de infância, pais de 9 filhos) Moderação por Pedro Vaz Patto (juiz desembargador no TRP, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz)
Atelier 3: Na Comunidade Política Raquel Vaz Pinto (professora universitária, presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política) Pedro Mexia (escritor, poeta, cronista, crítico literário) Paulo Melo (professor) Moderação por Filipe Anacoreta Correia (advogado, vogal do conselho diretivo do IDL - Instituto Amaro da Costa)
13.30 Almoço
15.00 Ateliers- 2ª Parte Atelier 4: No Desenvolvimento Económico e Social Maria José Melo Antunes (MBA em Finanças) Américo Mendes (professor universitário, investigador e consultor) José Maria d’Orey Soares Franco (empresário vitivinícola) |
Moderação por Jorge Líbano Monteiro (gestor, secretário- geral da ACEGE - Associação Cristã de Empresários e Gestores)
Atelier 5: No Progresso Cultural Maria de Lurdes Correia Fernandes (professora universitária, membro do Comité Pontifício de Ciências Históricas) Henrique Leitão (historiador da Ciência, prémio Pessoa de 2014) João Madureira (compositor) Filipe Avillez (jornalista) Moderação por Isabel Alçada Cardoso (teóloga e presidente do Centro Cultural Pedro Hispano)
Atelier 6: Na Paz Internacional Luís Macieira Fragoso (almirante, chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional) Susana Réfega (master em cooperação para o desenvolvimento e ajuda humanitária, diretora executiva da FEC) Jorge Reis-Sá (escritor, editor) Moderação por Félix Lungu (teólogo, responsável pelo departamento de comunicação da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre)
16.30 Intervalo
17.00 Sessão Final
Na Igreja Monumento de S. Francisco
18.00 Missa |
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Leigos, agentes da renovação |
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O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família apelou à participação dos leigos no encontro nacional, no Porto, sobre a centralidade da pessoa na sociedade, desafiando-os a protagonizar a “renovação da Igreja”. “Não se podem colocar os ídolos do poder, do lucro e do dinheiro acima do valor da pessoa humana, nem isso pode ser a norma fundamental de funcionamento e critério decisivo de organização social”, escreve o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF). Num artigo sobre o II Encontro |
Nacional de Leigos enviado à Agência ECCLESIA, D. Antonino Dias frisa que devem ser envolvidos o “maior número possível de leigos” nesta iniciativa nacional porque “ouvir, refletir, intervir e concluir”, “enriquece e dinamiza”. Para o presidente da CELF, a pastoral da Igreja em Portugal “precisa” de mais envolvimento e de maior participação dos leigos para que estes “sejam verdadeiros ‘protagonistas e artífices da renovação da Igreja’” e não se julguem “apenas” destinatários da “solicitude pastoral”. O II Encontro Nacional de Leigos é
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organizado pela Conferência Nacional do Apostolado dos Leigos (CNAL) e tem como tema “Recolocar o homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida”. Para o também bispo da Diocese de Portalegre-Castelo Branco, o tema do encontro torna-se “um verdadeiro desafio antropológico” e também “um verdadeiro desafio nas urgências do mundo” numa sociedade que vive a “cultura do descartável”. D. Antonino Dias considera que |
colocar o homem no centro da sociedade e descobrir o seu lugar na “dinâmica da reflexão e da ação” vai gerar um clima de inclusão social com “consequências positivas”. “O homem não pode perder a sua humanidade, não pode perder a sua identidade nem esquecer a sua origem e missão”, alerta o prelado que destaca o “ser relacional” com potencial para “se desenvolver e realizar” a construção do “bem comum”. |
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Um Cristianismo que assume a sexualidade, restaura a cultura e reabre a história |
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O ensaísta Fabrice Hadjadj, conferencista principal do II Encontro Nacional de Leigos, que decorre este sábado, afirmou que a evangelização não deve ser uma “especialidade clerical” e que os leigos têm de mostrar um “cristianismo não espiritualista”. “Os leigos podem muitas vezes manifestar melhor para o nosso tempo um cristianismo não espiritualista, que assume plenamente a sexualidade, restaura a cultura e reabre a história”, disse o filósofo e dramaturgo francês em declarações publicadas na página da internet da Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos (CNAL). Para Fabrice Hadjadj, o que está a acontecer na atualidade não é um “simples tempo de crise”, mas uma “mudança de era”, uma “revolução radical pelo menos comparável à do neolítico”. “O sinal desta mutação é o colapso do humanismo e da sua fé no homem e no progresso. O humano já não é central”, referiu. |
“Perguntamo-nos mesmo em quê ele é legítimo, depois dos horrores do século XX. Ou mesmo em que consiste, depois das reduções da ciência. Porque no lugar do homem coloca-se o indivíduo do liberalismo, o ‘ciborgue’ do tecnologismo, o bonobo da ‘deep ecology’ ou o jihadista do fundamentalismo”, sustentou.
Fabrice Hadjadj considera que “estas quatro figuras afrontam-se entre si mas estão na verdade de acordo para rejeitar o homem nascido de uma genealogia, de uma história, com uma língua, um sexo, um nome de família significativo”. Para o ensaísta, diretor do Instituto Europeu de Estudos Antropológicos Philanthropos, na Suíça, “há uma urgência” de reagir “colapso do humanismo”, mas não com as categorias antigas, que “já não funcionam”. “Parece-me, que a primeira urgência é a da evangelização - quer dizer esperar contra toda a esperança, abrir um caminho no meio do mar. A época é |
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tão sombria que nós não podemos mais contentar-nos com a lógica do fermento na massa: é preciso também colocar a luz no candelabro”, afirmou. Fabrice Hadjadj defende que os católicos têm muitos meios para a “urgência” da evangelização, porque interessa lutar contra “uma espécie de desencarnação generalizada” “O internauta e o jihadista são ambos produtos da mundialização. Perderam o sentido de proximidade. Combatem |
por «perfis» ou por «ideias», não por rostos. Eis porque, mais do que nunca, é preciso pregar o amor do próximo tornando-se próximo, anunciar o mistério da Encarnação, sendo nós próprios encarnados, de próximo para próximo”, sustenta. “É esta exigência de encarnação que faz com que a evangelização não deva ser uma especialidade clerical”, refere Fabrice Hadjadj. |
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Dizer «o que é o ser humano»
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Henrique Leitão, Prémio Pessoa 2014, vai participar no II Encontro Nacional de Leigos, sobre o tema “Recolocar o Homem no centro”, e considera que o grande “drama” da atualidade é dizer “o que é o ser humano”. “O grande drama, a grande dificuldade, aquilo que ainda há hoje para fazer é deixar claro o que é ser humano, o que é viver |
humanamente”, disse o investigador em História das Ciências em declarações á Agência ECCLESIA. “Recolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida” é o tema do II Encontro Nacional de Leigos, formulado de uma forma “muito importante e muito atual”, considera Henrique Leitão. “Vou falar deste tema a partir
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do meu ponto de vista, do encontro entre as ciências e as humanidades, de uma pessoa que se dedica a estudar a evolução histórica da ciência e como a evolução histórica da ciência está imensamente ligada à colocação do humano no centro do problema”, refere. O cientista considera que “o humano é questionável, problemático”, e traz consigo “reclamações, questões, tensões que são muito objetivas, reais”, a partir das quais se “estrutura o que é o ser humano”. “O desejo de felicidade que temos, que é mais ao menos irreprimível, o desejo de alegria, de justiça, não são ilusões culturais, invenções ou |
ficções com que vivemos. São expressões de fatos humanos muitíssimo profundos que importa conhecer e perceber para onde apontam e o que é que temos de fazer com eles”, defende o Prémio Pessoa 2014 Henrique Leitão sustenta que pensar o humano implica uma “dimensão comunitária”, porque a fragmentação da vida “é terrível” e conduz à infelicidade, a uma “vida deficiente”, “isolada, sozinha, sem laços, sem nexos, sem compromissos”. O II Encontro Nacional de Leigos vai decorrer no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, este sábado, dia 24. |
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Leigos são voluntários de Deus |
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O ator Júlio Martin afirmou que os leigos são “voluntários de Deus” e são livres para “dar testemunho” nas “fronteiras da Igreja”, tema que vai estar em debate no II Encontro Nacional de Leigos. “Somos voluntários de Deus e empenhamo-nos nisso na nossa liberdade. Ninguém nos obriga a ter de dar testemunho, a ter de lutar pela gratuidade das ações que fazemos, o que nos dá enorme responsabilidade de em cada momento percebermos |
que o agir ou não agir, o falar ou calar está nas nossas mãos, depende da nossa liberdade”, disse Júlio Martins em declarações à Agência ECCLESIA. Para Júlio Martin, o II Encontro Nacional de Leigos é uma oportunidade debater questões relacionadas com o “mistério da vida”, o sentido “da dor, do sofrimento, da morte”, por quem está em “contacto com a realidade do mundo, de certa forma nas fronteiras da Igreja”. “Estamos em contacto com o que |
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as pessoas sentem, desejam, se inquietam. O que é um enorme desafio para nós”, considera o ator. O II Encontro Nacional de Leigos vai decorrer no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, sobre o tema “Recolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida”. “Podermos estar juntos, pelo menos |
um dia no ano, é um momento muito especial. É organizado pelos Leigos, em diferentes cidades do país e em locais que são da própria cidade, o que é um testemunho que damos à sociedade e à cidade. Encontrarmo-nos nos espaços onde outros se encontram para estarmos juntos e celebrar aquilo em que acreditamos”, afirmou.
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Recolocar o Homem no centro da sociedade |
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O apelo do Papa Francisco, sobre a importância de voltar a colocar “o Homem no centro” da sociedade e das suas prioridades, vai dominar a segunda edição do Encontro Nacional de Leigos, marcada para este sábado no Porto. Em entrevista à Agência ECCLESIA, Helena Trigueiros, da equipa organizadora do evento, destaca a importância de mobilizar os cristãos em geral para um desafio que envolve antes de mais uma mudança de mentalidade. Para aquela responsável, “o papel dos leigos é importantíssimo”, pois são uma voz permanentemente presente e ativa no meio do mundo, seja através do trabalho seja através da vida familiar e social. Desta forma, o seu “testemunho chega mais a toda a gente, de uma forma mais direta”, salienta. Durante um seminário internacional em julho de 2014, dedicado à sua exortação apostólica “A alegria do Evangelho” e intitulado “Por uma economia cada vez mais inclusiva”, o Papa Francisco alertou para o problema do “reducionismo antropológico”. |
Na cultura atual, o homem não é mais do que “um instrumento do sistema social, económico, onde predominam os desequilíbrios” e pouco a pouco vai “perdendo a sua humanidade”.
“Descarta-se o que não serve, porque o homem não está no centro. E quando o homem não está no centro, há outra coisa no centro e o homem está ao serviço dela”, alertou. O Papa argentino frisou a importância de “salvar o homem, no sentido que volte para o centro: da sociedade, dos pensamentos, da reflexão”. É a partir desta frase que toda a reflexão do Encontro Nacional de Leigos vai decorrer, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto. Helena Trigueiros chama a atenção para a participação de oradores “das mais variadas áreas”, que vão falar sobre a forma como vivem esta interpelação do Papa no dia-a-dia. Entre outros convidados, vai estar presente Fabrice Hadjadj, membro do Conselho Pontifício para os Leigos, Henrique Leitão, Prémio Pessoa 2014, o juiz José Souto Moura, o professor universitário Joaquim Azevedo, o escritor Pedro Mexia e o campeão paralímpico Bento Amaral. |
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Fabrice Hadjadj, filósofo e dramaturgo francês, vai ter a cargo a conferência principal do encontro, subordinada ao tema “Recolocar o Homem no Centro – Desafio Antropológico”. A reflexão será depois complementada com vários ateliers, abrangendo áreas como a política, a economia, o progresso cultural, a paz, a família e a ecologia, onde as pessoas poderão dar a sua opinião e partilhar experiências.
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O principal, realça Helena Trigueiros, é que a partir da “seriedade que estes temas implicam”, as pessoas saiam do encontro “com opiniões mais fundamentadas” e com vontade para se empenharem “mais a fundo” na promoção de uma sociedade mais justa e humana. “Há desafios e situações que chateiam e desiludem, e é aí que os cristãos têm de saber manter-se fiéis e firmes nos seus propósitos”, conclui. |
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Testemunhar Jesus e a fé na família,
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Isabel Roquette, professora de dança, considera que é possível ser um leigo católico comprometido que vive, partilha e testemunha a fé em todos os seus contextos – familiar, profissional e social. “[Leigo comprometido é] Uma pessoa que tem uma vida normal enquanto profissional, mãe, mulher, amiga mas que transporta para a sua vida algo que acredita. No meu caso Jesus, a Igreja e tento que isso me acompanhe, guie em todo o caminho que vou percorrendo”, revela à Agência ECCLESIA. Isabel Roquette sempre teve uma educação católica e destaca o papel e ação da mãe que nunca impôs a religião mas “sempre” deu um “ótimo e verdadeiro testemunho” de fé no trabalho e em casa, o que foi “muito bom e positivo” para o seu desenvolvimento e dos irmãos. Agora é a professora de dança e o marido que dão testemunho da fé aos três filhos – um de 10 anos e gémeos com dois anos – que “vivem o dia-a-dia sempre com uma presença espiritual”. “Rezamos antes das refeições e à noite mas depois temos uma |
vivência em que preciso de me isolar, encontrar inspiração, criatividade e é uma coisa naturalíssima o meu filho de 10 anos entrar na sala e estarmos de olhos fechados à janela”, desenvolve Isabel Roquette. Pouco depois de ter casado, há 13 anos, o casal foi convidado a pertencer a uma Equipa de Nossa Senhora, um movimento de casais cujas reuniões contam com a participação de um sacerdote, e assinala que este grupo “vai ser sempre uma mais-valia”. “É muito bom para o crescimento em casal, uma vez por mês focamo-nos em assuntos que às vezes não temos tempo no dia-a-dia e ali é possível discutirmos e pensarmos sobre eles”, acrescenta. Isabel Roquette começou a fazer ballet aos cinco anos, agora tem a sua escola de dança e assume a sua fé não só na parte criativa, artística, onde vai “sempre buscar inspiração” à sua espiritualidade, mas também no trabalho com as crianças porque “é impossível não mostrar” aquilo em que acredita e sente quando estas fazem perguntas sobre “crescimento e a vida”. |
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“Nos espetáculos pretendo sempre que tenham uma mensagem de bem, amor e tento que esses valores sejam trabalhados”, desenvolve a professora, que escolheria uma “aula de expressão corporal” se tivesse de preparar uma aula de dança sobre a sua experiência de fé.
Para Isabel Roquette, não é difícil ser uma leiga comprometida e assumida na sociedade, para além do ambiente trabalho e família, onde “muitas vezes” sente que é “uma minoria” e que existe uma “carga vezes negativa” em relação à Igreja. A interlocutora também dá o |
seu testemunho de católica comprometida e de fé nas aulas de ioga, que pratica há 20 anos, onde às vezes está em “missão de cruzada”. “Às vezes sinto que tenho de falar, dizer calma, que Jesus disse exatamente o mesmo que buda em relação ao amor, sofrimento, crescimento”, comenta. A professora de dança, que às vezes tem de “desmistificar muitos assuntos” sobre a Igreja e sobre os padres, considera o Papa Francisco uma ajuda: “De facto, tem uma visão com uma abertura muito grande ao mundo”.
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Cada ser humano é central, sim |
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Apetece-me imenso ter esta conversa. Fabrice Hadjadj é um dos convidados centrais do 2º Encontro Nacional de Leigos (no sábado, dia 24, na Alfândega do Porto) e eu fui chamada a entrevistá-lo em público. O ensaísta Fabrice Hadjadj, director do Instituto Europeu de Estudos Antropológicos Philanthropos (Suíça), apresenta-se a si mesmo como “judeu |
de nome árabe e confissão católica”. É rigorosamente assim: Hadjadj nasceu numa família judia; de pais, à época, maoístas; cresceu ateu e anarquista; converteu-se ao catolicismo quando tinha 26 anos e é hoje uma referência no pensamento cristão. “Recolocar o homem no centro” é o tema-geral do Encontro. Estou curiosa |
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Encontro Nacional de Leigos 2015
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Job ou a tortura pelos amigos, de Fabrice Hadjadj
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para conhecer as sugestões concretas deste cristão, que defende, para os leigos, “um cristianismo (...) que assume plenamente a sexualidade, restaura a cultura e reabre a história...” E estou curiosa sobre a posição de Fabrice Hadjadj quanto |
à liberdade de expressão. Considerá-la-á mesmo ilimitada?
Paula Moura Pinheiro
(texto publicado na |
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Sociedade Bíblica online |
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Todos os anos, tradicionalmente entre 18 e 25 de janeiro, no hemisfério norte, decorre a semana de oração pela unidade dos Cristãos e, como sabemos, as leituras Bíblicas são a base das propostas de estudo e meditação. Assim, em plena semana ecuménica, propomos uma viagem até ao sítio que nos ajuda a conhecer mais e melhor o livro que contém a Palavra de Deus. A Sociedade Bíblica é uma organização cristã interconfessional, sem fins lucrativos, reconhecida de utilidade pública e que desenvolve a sua atividade em Portugal há mais de 200 anos. É “a responsável pela única tradução interconfessional em língua portuguesa - a BÍBLIA para todos, e está integrada numa fraternidade mundial de Sociedades Bíblicas que trabalham em mais de 200 países e territórios em todos os continentes”. Ao digitarmos o endereço www.sociedade-biblica.pt encontramos um espaço online com grande teor informativo, com conteúdos interessantes e muito bem organizados. Na página inicial além das habituais |
notícias e destaques, podemos aceder ao folheto informativo intitulado “missão da Palavra”, subscrever a newsletter, aceder às páginas nas redes sociais (facebook, twitter e youtube) e ainda efetuar um donativo. Na opção “sociedade bíblica”, podemos ficar a saber mais sobre esta associação. Desde a natureza e objetivos, passando pela forma como se encontra estruturada (órgãos de governo, estrutura de gestão) e ainda pela organização internacional (fraternidade mundial das sociedades bíblicas unidas). Podemos ainda conhecer a história deste movimento. Por exemplo, sabia que o trabalho e a missão iniciado em 1804 foi buscar inspiração, entre outras, “a uma menina galesa do final do século XVIII, de nome Mary Jones”? Um dos itens principais encontra-se em a “Bíblia”. Aí encontramos um manancial riquíssimo de conteúdos e que valem bem a pena serem explorados ao máximo. Destacamos apenas a possibilidade de ler inteiramente em formato digital a “magnífica coletânea de textos milenares, um repositório de sabedoria, um fantástico elenco |
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de verdades que apontam para a Verdade - Jesus Cristo - a Palavra Viva”. Por último, porque não passar pela “loja da bíblia” onde encontra uma das maiores e melhores seleções de artigos bíblicos, podendo adquirir os mais variados produtos ajudando
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financeiramente a Sociedade Bíblica. Porque “beber água é um meio para a promoção da unidade dos cristãos” podemos certamente saciar a nossa sede no Livro dos livros.
Fernando Cassola Marques |
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Sacerdócio e ecumenismo |
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O padre Georgino Rocha, da Diocese de Aveiro, no contexto dos seus 50 anos de sacerdócio e do Oitavário de oração pela unidade dos cristãos apresentou o livro "Crescer na Fé e Anunciar a Alegria do Evangelho". “A Palavra de Deus é de todos e está ao alcance de todos mas tem acentuações, como é normal, que a Igreja Metodista dará, a acentuação de leitura social, como o Papa Francisco faz na encíclica ‘Alegria do Evangelho’ será outra”, começa por contextualizar à Agência ECCLESIA. Segundo o padre Georgino Rocha essas dimensões “não anulam a Palavra” que continua a ser a “mensagem que Deus quer transmitir” para o mundo de hoje”. Na obra ‘Crescer na Fé e Anunciar a Alegria do Evangelho’, o sacerdote partilha ‘reflexões dominicais e festivas’, a Palavra encarnada que observou nas “situações e culturas concretas”. “Nos desafios que vão surgindo às vezes nas formas de sinais dos tempos, de forma germinal ou na sua |
exuberância. Conforme os contextos, a mesma Palavra as configurações e implicações serão diferentes”, desenvolve o antigo Vigário para a ligação entre a Igreja e o Mundo na diocese. Para a apresentação o autor convidou o bispo de Aveiro, o reverendo Eduardo Conde, pastor da Igreja Metodista, e Manuel Oliveira de Sousa da Comissão Justiça e Paz para falarem da Palavra em diferentes contextos. D. António Moiteiro apresentou a Palavra “como ela é”, o pastor Eduardo na dimensão ecuménica e o presidente da Comissão Justiça e Paz de Aveiro apresentou as “incidências sociais da Palavra” a partir do livro, explica o sacerdote. O padre Georgino Rocha que durante vários anos acompanhou o ecumenismo na Diocese de Aveiro explica as razões e enumera algumas igrejas e capelas que agora estão cedidas para o culto de outras Igrejas cristãs. “Temos tido celebrações, troca de impressões, visitas dos patriarcas a |
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apresentarem-se ou a credenciarem os seus padres no terreno e assim vamos lutando, rezando e dando as mãos”, assinala sobre o ecumenismo em Aveiro. O livro «Crescer na Fé e Anunciar a Alegria do Evangelho - Reflexões dominicais e festivas» foi apresentado esta terça-feira no Centro Universitário Fé e Cultura da Diocese de Aveiro e no programa de rádio ECCLESIA.
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II Concílio do Vaticano: Cardeal Bea,
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Quando se celebra mais uma Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos - este ano centrado no tema «Dá-me de Beber» - convém recordar o cardeal Agostinho Bea, um pioneiro do ecumenismo e do diálogo entre Judaísmo e Catolicismo e um dos pilares do II Concílio do Vaticano (1962-1965). O cardeal alemão Agostinho Bea SJ (Riedböhringen, 28 de maio de 1881 — Roma, 16 de novembro de 1968) e outros peritos ecuménicos compreenderam a necessidade de um melhor conhecimento e de uma estreita aproximação com as diversas igrejas e crenças. Para o cardeal jesuíta havia uma longa tradição a prosseguir e os tempos daquela época urgiam. Foi uma personagem cimeira da Assembleia magna realizada no Vaticano em 4 sessões e foi, em 1960, nomeado presidente do novo Secretariado para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cargo que ocupou até à morte. Com o concílio convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI a “aproximação das igrejas ganhou novo dinamismo e, hoje, faz parte, podemos dizer, da própria essência da Igreja” (Cf. Manuel Augusto Rodrigues, In: «Correio de Coimbra», 17 de Janeiro de 2013). O decreto conciliar “Unitatis Redintegratio» (21 de Novembro de 1964) foi um facto assinalável na caminhada pelo diálogo entre cristãos, o mesmo se podendo dizer da declaração «Nostra Aetate» sobre as religiões não cristãs em que se louvam os valores de algumas religiões. Com a valiosa ação do cardeal Agostinho Bea, o II |
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Concílio do Vaticano realizou um excelente trabalho em prol das relações da igreja com outras religiões e culturas. Tomando como ponto de partida a sua área de especialidade, a Sagrada Escritura, começou pelo problema judaico. Pesou, certamente, no espírito deste cardeal que era um entre milhões de alemães que acompanharam de perto os horrores anti-semíticos da II Guerra Mundial (1939-1945). Este cardeal jesuíta presidiu à Peregrinação Internacional Aniversária de maio, em Fátima, (12 e 13) de 1964 e que contou com cerca de 500 mil pessoas. A peregrinação, que contou com cerca de 500 mil |
pessoas, teve várias intenções: “Agradecer a Deus o êxito da peregrinação de Paulo VI à Terra Santa; Pedir a união dos cristãos e o pleno êxito do II Concílio do Vaticano; Pedir a santificação das famílias, o aumento das vocações e a paz no mundo e, particularmente, no ultramar português”. O cardeal Bea foi um dos pilares do II Concílio do Vaticano e, nas celebrações do centenário do seu nascimento, o Papa (canonizado recentemente) João Paulo II realça que “três documentos” foram especialmente caros ao Cardeal Bea e “não cessaram de inspirar numerosas iniciativas da Igreja”. |
Janeiro 2015 |
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Dia 24 de Janeiro* Porto - Centro de Congressos da Alfândega do Porto - Encontro nacional da Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos (CNAL) sobre «Recolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida»
* Portalegre - Dia diocesano da Família
* Lisboa - Convento de São Domingos Conferência «Luz que ilumina o caminho. A pergunta pelo sentido como horizonte do viver humano» integrada no ciclo «De onde nos vem a luz?» e proferida por Juan Ambrosio
* Algarve – Olhão - O Sector da Catequese da Infância e Adolescência do Algarve promove o Dia Diocesano do Catequista e a conferência «Catequese de Adolescência, uma proposta de Santidade»
* Santarém - Torres Novas - Conselho Diocesano da Pastoral Juvenil
* Porto - Biblioteca Municipal Almeida Garrett - A Santa Casa da Misericórdia do Porto, em parceria com a |
autarquia local e o Instituto Cultural D. António Ferreira Gomes promove um debate sobre o envelhecimento ativo
* Funchal - Convento de Santa Clara - Curso de orientação familiar na Diocese do Funchal
* Setúbal – Sé - Celebração nacional do oitavário de oração pela unidade dos cristãos.
* Évora - Montemor-o-Novo (Igreja do Calvário) - Iniciativa «Praying Challenge» (Desafio de oração) promovida pela Pastoral Juvenil da Arquidiocese de Évora e integrada na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.
* Lisboa - Igreja do Convento de São Domingos - Vigília ecuménica na Igreja do Convento de São Domingos e promovida pelos Departamentos Juvenis das Igrejas Católica, Presbiteriana, Lusitana e Metodista.
* Lamego - Igreja de Almacave - Vigília de oração pela unidade dos cristãos presidida por D. António Couto
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Dia 25 de Janeiro* Fátima - Museu de Arte Sacra e Etnologia - Encerramento da exposição temporária «Contemplar a Glória – Representação da Natividade na Arte Contemporânea» da coleção de presépios de Maria Cavaco Silva.
* Vietname - Encerramento da visita do prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, D. Fernando Filoni, ao Vietname.
* Setúbal - Cova da Piedade - A Paróquia da Cova da Piedade (Diocese de Setúbal) inaugura a «Casa de São Paulo», uma residência sénior que pretende ser uma “nova resposta social para a terceira idade”.
* Évora - Igreja do Carmo - Bênção das pastas dos finalistas da Escola de Enfermagem de Évora por D. José Alves.
* Açores - Ilha de São Miguel (Centro Cívico e Cultural de Santa Clara) - Celebração ecuménica integrada na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
* Lisboa – Rossio - Momento de oração pela paz promovido pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre
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* Itália – Ariccia - X Capítulo Geral da Sociedade São Paulo com o tema «'Tudo faço pelo evangelho’ (1Cor 9,23). Paulistas, evangelizadores-comunicadores. Em Cristo, novos apóstolos para a humanidade» (25 de janeiro a 15 de Fevereiro)
Dia 26 de Janeiro* Guarda - Casa Episcopal - Encontro de D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, com a FEC (Fundação Fé e Cooperação). * Lisboa - Sede do Centro de Reflexão Cristã - Conferência sobre «O sonho missionário de chegar a todos - Sínodo Diocesano de Lisboa 2016» por D. José Traquina e promovida pelo Centro de Reflexão Cristã.
* Lisboa - Auditório da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa - Conferência sobre «A sinodalidade das comunidades primitivas» pelo frei Isidro Lamelas e integrada nos Encontros de Santa Isabel 2015
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«Recolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e da vida» é o tema do Segundo Encontro Nacional de Leigos que decorre no sábado, no Centro de Congressos da Alfandega do Porto. Henrique Leitão, Prémio Pessoa 2014, e o filósofo Fabrice Hadjadj, estão entre os participantes nesta iniciativa da Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos.
O encerramento nacional do Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos será na Sé Católica da cidade de Setúbal, no dia 24 de Janeiro de 2015 pelas 16h00. «Dá-me de beber!» Foi o tema inspirador para esta semana que procura aprofundar a unidade entre as diferentes sensibilidades cristãs.
A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre convida a um momento de oração pela paz. A iniciativa pretende ser uma resposta cristã” aos atentados na Europa, África e Médio Oriente. Será este domingo, a partir das 17h00 no Rossio, em Lisboa. A oração termina com a participação na Eucaristia na igreja de São Domingos, pelas 18h00.
O presidente do Comité Mundial do Escutismo, o português João Armando Gonçalves, vai proferir, dia 27 deste mês, em Lisboa, uma conferência sobre o futuro do movimento escutista. Esta iniciativa – destinada aos escuteiros e público em geral – realiza-se no «Espaço 34» na Sede Nacional do Corpo Nacional de Escutas.
O cardeal Gianfranco Ravasi estará em Portugal para falar sobre «Parábolas mediáticas e parábolas evangélicas – Comunicar a fé no tempo da internet». No dia 29 de janeiro, o Perfeito do Conselho Pontifício para a Cultura, estará na UCP em Lisboa.
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O que é o Ano Litúrgico?
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Programação religiosa nos media |
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Antena 1, 8h00 RTP1, 10h00 Transmissão da missa dominical
11h00 - Transmissão missa
12h15 - Oitavo Dia
Domingo: 10h00 - O Dia do Senhor; 11h00 - Eucaristia; 23h30 - Ventos e Marés; segunda a sexta-feira: 6h57 - Sementes de reflexão; 7h55 - Oração da Manhã; 12h00 - Angelus; 18h30 - Terço; 23h57-Meditando; sábado: 23h30 - Terra Prometida. |
RTP2, 11h18Domingo, dia 25 - Papa Francisco no Sri Lanka e Filipenas
RTP2, 15h30 Segunda-feira, dia 26 - Presente e futuro da Unviersidade Católica Portuguesa. Entrevista ao vice-reitor, padre José Tolentino Mendonça. Terça-feira, dia 27 - Informação e apresentação da Semana de Estudos Teológicos, com o padre Alexandre Palma; Quarta-feira, dia 28 - Informação e entrevista ao padre João Maria Lourenço sobre a Pastoral da Saúde; Quinta-feira, dia 29 - Informação e entrevista ao padre António Carlos, missionário comboniano, sobre o Ano da Vida Consagrada; Sexta-feira, dia 30 - Apresentação da liturgia de domingo pela irmã Luísa Almendra e cónego António Rego.
Antena 1
Domingo, dia 25 de janeiro - 06h00 - Iniciativa «Escutar a Cidade» com o jornalista António Marujo e reportagem da primeira sessão. Segunda a sexta-feira, 26 a 30 de janeiro - 22h45 - Ser leigo comprometido: testemunhos de Julio Martin, Isabel Roquette e Henrique Leitão (dias 26,27 e 28 jan) Vida Consagrada: irmã Beta Almendra e padre Manuel Domingos (dias 29 e 30 jan) |
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Ano B – 3.º Domingo Do Tempo Comum |
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Como olhamos Deus e os irmãos? |
A liturgia da Palavra do 3.º Domingo do Tempo Comum recorda-nos que Deus ama cada homem e cada mulher e chama-o à vida plena e verdadeira. A resposta da pessoa ao chamamento de Deus passa por um caminho de conversão pessoal e de identificação com Jesus. Isso está bem explícito na primeira leitura, através da história do envio do profeta Jonas a pregar a conversão aos habitantes de Nínive, disponíveis para escutar os apelos de Deus e percorrer um caminho imediato de conversão, o que constitui um modelo de resposta adequada ao chamamento de Deus. Também a segunda leitura nos recorda que, na marcha pela história, somos convidados a viver de olhos postos no mundo futuro, a dar prioridade aos valores eternos, a convertermo-nos aos valores do Reino. No Evangelho, Marcos avisa que a entrada para a comunidade do Reino pressupõe um caminho de conversão e de adesão a Jesus e ao Evangelho, um convite a todos os homens para se tornarem seus discípulos e para integrarem a sua comunidade. Esse chamamento é radical e incondicional: exige que o Reino se torne o valor fundamental, a prioridade, o principal objetivo do discípulo. Podemos dizer que há no Evangelho uma troca de olhares ou olhares trocados. João Baptista põe o seu olhar em Jesus e diz quem Ele é. Jesus olha André e o seu companheiro, interroga-os e convida-os a vir e a ver. Estes veem onde Ele mora e ficam com Ele. André leva o seu irmão a Jesus que põe nele o seu olhar e dá-lhe um novo nome, o que constitui todo um programa. Olhares que interrogam, olhares que nomeiam, olhares que convidam, olhares que dizem a amizade. |
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Troquemos o nosso olhar com o olhar de Deus, olhando o seu Filho Jesus. Voltemo-nos sempre para Cristo. Em comunidade, é bom ouvir o apelo à conversão: as nossas maneiras de viver e de trabalhar devem também, sem cessar, ser regeneradas para melhor corresponder àquilo que Cristo espera de nós. É preciso que, juntos, nos viremos para Ele. E o Evangelho deste domingo é a ocasião para um tempo de discernimento que muito raramente fazemos sobre o nosso olhar de conversão e de adesão à Pessoa de Cristo.
Hoje termina a semana de oração pela unidade dos cristãos. Acolhamos o olhar de Deus em nós que nos |
convida à unidade em Cristo no seu Espírito, renovemos o nosso olhar, pela oração e pela conversão de mentalidade, em relação a todos os que peregrinam noutras confissões cristãs e que são irmãos nossos. Está a iniciar-se a Semana do Consagrado, em que somos convidados a olhar aqueles e aquelas que se dedicam a Deus e ao próximo nesta forma de vida cristã pela profissão dos votos de castidade, pobreza e obediência. Rezemos que para sejam fiéis à sua vocação e missão profética na Igreja e no mundo. Manuel Barbosa, scj www.dehonianos.org |
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Assistência religiosa e cuidados de saúde:
“Se tiver de ser internado(a), não esqueça, peça a visita do capelão aos enfermeiros logo no início do internamento. Não fique à espera”.(Comissão Nacional da Pastoral da Saúde)
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Mortes nas urgências hospitalares
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O coordenador Nacional da Pastoral da Saúde defendeu o aumento de profissionais de saúde nos hospitais para que o sistema funcione e se mude “uma política de saúde incompetente”. “Alguma coisa que não está bem no país a este propósito e estes alertas são importantes para não deixar as coisas ficar como estão”, assinalou o padre José Manuel Pereira de Almeida, em entrevista à Agência ECCLESIA. Na sequência de sete mortes ocorridas nas urgências hospitalares, o sacerdote considerou “muito importante” a capacidade de “indignação” em relação aos serviços quando estes “não estão a funcionar como devem”. “Claro que não podem funcionar como devem quando não há nem médicos, nem enfermeiros, nem condições técnicas para se desenvolver o serviço que é suposto ser desenvolvido atempadamente e com qualidade”, desenvolve o coordenador Nacional da Pastoral da Saúde, também médico. Neste contexto, o responsável destaca que o número de profissionais de saúde é inferior aos “níveis necessários em relação às necessidades” e revela que não sabe explicar a contratação de profissionais “vindos de outros lados”
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quando os portugueses estão a emigrar. O padre José Pereira de Almeida observa que “sempre” se morreu no hospital mas considera que durante o século XX a morte foi de “algum modo ocultada” uma vez que deixou o ambiente e espaço “da casa e da familiaridade” para ser “vivida” de uma forma discreta ou às vezes “oculta no hospital”. Neste sentido, o responsável pela Pastoral da Saúde em Portugal destaca “felizmente” o aumento da esperança média de vida, mas alerta que são precisas condições para cuidar “dos mais velhos” para que não sejam “relegados para depósitos onde estão à espera da morte”. Paulo Macedo, ministro da Saúde, alertou contra o que classificou como “alarmismo e falsidade” que se geram, do seu ponto de vista, ao “somar casos que não têm nada uma coisa a ver com outra”. Por sua vez, o Ministério da Saúde adiantou esta segunda-feira que as sete mortes nas urgências hospitalares estão a ser avaliadas para perceber se estão relacionadas com o tempo de espera até ao atendimento. |
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Valorizar a família cristã e a defesa da vida |
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O coordenador do Departamento Nacional da Pastoral Familiar disse que a reunião entre os secretariados diocesanos e a Comissão Episcopal do Laicado e Família foi importante para programar atividades futuras e a apostar na defesa da vida e da família. “A grande preocupação é a questão da vida nascente e vamos procurar que haja a possibilidade de existirem ações com mais visibilidade a nível nacional e em cada diocese”, revelou Luís Reis Lopes, sobre a reunião deste sábado, em Fátima. Em declarações à Agência ECCLESIA, o responsável adiantou que os secretariados diocesanos da família, nomeadamente Lisboa, Leiria-Fátima, Coimbra e Porto, estão a ponderar fazer “festas”, no final da Semana da Vida, em Maio. A nível nacional pretendem sair da igreja para os “centros comerciais e espaços onde as pessoas circulam” para que possam “fazer mais algumas ações”, tendo mais impacto e visibilidade. Na reunião anual entre o Departamento Nacional da Pastoral Familiar e os bispos da Comissão Episcopal do Laicado e Família defendeu-se a necessidade de “focar” |
a questão do “inverno demográfico” e as preocupações para que se criem condições para “os jovens se entusiasmem para “terem filhos”. “As condições sociais e económicas, como o desemprego, não favorecem que exista uma maior natalidade mas temos esperança que estas coisas mudem”, observou o interlocutor. Segundo Luís Reis Lopes, os desejos e objetivos são que a família seja “sujeita e principais portadores de evangelização”, em concreto, a descoberta do matrimónio cristão como “proposta aliciante e sedutora para os jovens”. “Que contribuição a Igreja pode dar para que as famílias e os jovens se sintam encorajados a assumir o matrimónio e ao mesmo tempo se tornarem fermento na sociedade e promotores da evangelização. O anúncio da Boa Nova de viver em família e viver a família cristã”, desenvolveu sobre a reflexão conjunta com os bispos. Para além de analisarem e refletirem o trabalho a nível diocesano e a Semana da Vida, ana reunião em Fátima também abordaram o Encontro Mundial das Famílias onde o Papa Francisco vai participar na Filadélfia, |
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Estados Unidos da América, em setembro, as Jornadas Nacionais da Família e como motivar, reunir e refletir com as famílias as perguntas para o Sínodos do Bispos em outubro. “A proposta vai no sentido de organizar encontros de preparação não só do encontro mundial mas como horizonte o sínodo”, acrescenta o responsável que adianta o objetivo de uma motivação e mobilização como “houve no primeiro questionário”. Neste encontro participaram cerca de 50 pessoas, alguns secretários tiveram
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atividades nas suas dioceses, e o responsável do Departamento Nacional da Pastoral Familiar destacou também a cooperação entre os movimentos e os secretariados diocesanos com a programação de atividades onde “há uma maior partilha, entreajuda e união”. Outro objetivo é partilhar mais a informação no sítio online do departamento para a esta “circule” e as “iniciativas muito interessantes” possam ser “agarradas e desenvolvidas” por outras dioceses e movimentos.
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Porque não seres freira? |
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Elisabete Almendra, conhecida como irmã Beta, é natural da Ericeira e o mar sempre foi o seu horizonte, suscitava-lhe a curiosidade para saber o que estava do outro lado, conhecer outras realidades… Sonhou um dia ser jogadora de futebol mas uma questão vocacional ecoou em si e questionou-a… Porque não seres freira? Esta foi a pergunta que “revirou” uma vida que agora conta já com 19 anos de consagração nas Irmãs Missionárias Combonianas. “Houve um encontro de jovens em Mafra, com os seminaristas, e houve duas perguntas perguntas que me ficaram: Porque não seres padre, ou seres freira?”, explica a irmã Beta Almendra à Agência ECCLESIA com um sorriso no rosto. E a esta pergunta a religiosa pensou silenciosamente “ai que horror, eu não, quero é jogar futebol, nem pensar.” A pergunta foi esquisita para a então jovem “que ficou lá a moer” e cada vez que olhava para as Irmãs Servas de Nossa Senhora, uma congregação que conhecia por frequentar o colégio, sentia que a vocação de consagrada não era para ela, pois não sabia cantar. “Eu via sempre as irmãs a cantar os |
salmos e no coro muito bem, com vozes sempre muito afinadinhas e eu era o oposto, sou muito desafinada, não pode ser para mim, não canto, não dá!”
Decorria na época uma campanha mundial para ajudar as crianças vítimas da fome na Etiópia e as imagens que acompanhavam a canção “We are the world” tocaram a jovem Beta Almendra. “Ui, aquelas imagens das crianças da Etiópia cortaram-me o coração”, confessa. Começou a juntar dinheiro para ajudar aquelas crianças com a ajuda do seu pároco mas foi a visita de um missionário comboniano à paróquia que a fez ter o sonho de partir em missão. “O exemplo de Jesus em fazer o bem cativou-me e continua a cativar hoje… Dar a vida na totalidade foi o desafio, ter o tempo inteiro para as coisas de Deus”. Entrou na congregação das Irmãs Missionárias Combonianas há 19 anos. Esteve durante sete anos no Quénia onde trabalhou com comunidades nómadas e semi-nómadas onde a falta de água, “a sede e a fome mais me meteram impressão, saber que se morre de fome nos dias de hoje…” |
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“Hakuna Matata”, frase conhecida do filme Rei Leão, que quer dizer “não há problemas” no dialeto do Quénia, resume os anos que a consagrada lá esteve, onde as desigualdades sociais são “visíveis e chocantes.” “Andava no deserto à procura das aldeias, onde as comunidades nómadas se instalavam durantes uns dias, e o trabalho pastoral prendia-se na preparação dos sacramentos e na promoção e formação da mulher”. |
A irmã Beta Almendra ainda hoje traz um fio de missangas onde traz pendurada a sua cruz de consagrada e as memórias do Quénia fazem-na dizer que “vale a pena a missão”.
Atualmente vive na comunidade de Lisboa e está ligada à pastoral juvenil procurando sempre um sim à vida missionária como um dia ela também disse e talvez este ano dedicado à vida consagrada possa ser “oportunidade e graça” para chamar vocações. |
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Desafios à Vida Consagrada |
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Procurar um sentido para a vidaComo um imperativo vital, temos que escolher entre duas visões de futuro: viver num mundo onde as pessoas se odeiam, se combatem, ou lutar por uma humanidade consciente do seu destino comum, reunida à volta das mesmas causas, dos mesmos valores, preservando sempre e, acima de tudo, a dignidade da pessoa, como a pérola que ninguém ousa perder. Só acreditando nesta aventura comum podemos dar sentido aos itinerários específicos de cada um. Só quando acreditarmos de que vale a pena defender a todo o custo a Vida humana seremos capazes de encontrar um sentido para a nossa vida. Ó beleza eterna no paradoxo do homem de rosto ensanguentado, Tu és o sentido mais profundo do mistério de cada homem! Dá-me, Senhor, a força para lutar por um mundo diferente, melhor, aonde se proteja a vida e a dignidade de cada ser humano. |
Ver a Igreja como fonte de criatividadeSe queremos que a Igreja de Cristo ilumine o mundo com luz nova, que responda aos problemas concretos dos homens e das mulheres de cada sociedade, há que entender a sociedade, todo o fenómeno social, de forma aberta e dinâmica. É preciso acender lastros de compreensão das diferenças de cada sociedade, de cada um, sem nos fecharmos nem no determinismo, nem na desesperança. Os perigos e as ameaças da sociedade moderna podem ser entendidos como factos desestabilizadores, mas também como ocasião e fonte de renovação. Ser Igreja exige saber dar um salto, assumir o papel e a circunstância do outro, tratá-lo, mesmo com todas as diferenças, como irmão. Dá-me, Senhor, um espírito compreensivo, aberto, atendo que se revele na caridade e no Amor que é Deus, a Santíssima Trindade. |
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Procurar uma vivência cristã a partir da experiência do MistérioOu fazemos a experiência do mistério ou estamos condenados ao fracasso. Como refere Isabel Allegro de Magalhães, o que deve motivar a “busca humana não é uma religião, mas o que está para além dela: o mistério de Deus”. Na sociedade moderna, não há a possibilidade de manter um cristianismo por mera referência cultural ou por adesão baseada na tradição. Mais cedo ou mais tarde, acaba por se desmoronar. A sociedade de hoje precisa da afirmação pessoal declarada, explícita
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. Gente que experiencia o que fala. Não basta ser comentador da fé, é preciso que se viva e encarne o que se reza. Só assim a Palavra se torna presente da Paixão do Bom Jesus, revelando o mistério do homem e do mundo. Senhor, o mistério do homem desvela-se no mistério de Cristo, morto e ressuscitado. Dá-nos a alegria de proclamar, nos caminhos que cruzamos, a Tua ressurreição. Vinde, Senhor Jesus! Padre Eduardo Jorge Gomes da Costa Duque Diretor da Pastoral Universitária da Arquidiocese de Braga (Continua na próxima edição) |
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Testemunho da irmã Rita Nicolau
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Os desabafos de Suheila, uma cristã idosa em Ankawa“Isto não é vida!” |
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Desde Junho que Suheila está em fuga. Primeiro, foi obrigada a deixar a sua casa, em Mossul. Depois, teve de fugir do campo de refugiados de Qaraqosh, ocupados ambos pelos jihadistas do “Estado Islâmico”. Agora vive num contentor, transformado em casa, em Ankawa.
“Estamos vivos”, diz Suheila, ao recordar os dias de medo que viveu no ano passado, quando os jihadistas do “Estado Islâmico” irromperam pela cidade de Mossul, onde vivia, e obrigaram os cristãos a fugir levando consigo apenas a roupa que traziam vestida. “Primeiro, dirigimo-nos para Qaraqosh. Porém, quando eles avançaram para lá, em Agosto, vimo-nos obrigados a fugir de novo. Agora estamos aqui, em Ankawa desde há quatro meses. Porém, ninguém está zangado com Deus”, diz, esboçando um sorriso. “Afinal de contas, estamos todos vivos!” |
Estou muito agradecida. No entanto, isto não é vida. Perdemos tudo e o pior é que não sabemos quando regressaremos à nossa terra, se é que regressaremos alguma vez.” “Viam as mães em lágrimas, os pais aos gritos. Era preciso começar a reestruturar as suas vidas”, diz este sacerdote que já não esquece o olhar apático, vazio, de tantos adultos depois da revolta dos primeiros dias, quando começaram a compreender que nunca mais iriam regressar a casa.
RecomeçarDepois dos primeiros contentores, a Fundação AIS está agora empenhada na construção de escolas. A primeira abriu as suas portas em Dezembro, em Ankawa. Estão projectadas mais sete. |
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Por estes dias calcula-se que cerca de 7 mil crianças poderão começar a regressar à escola. Há um ano, apenas, Suheila nunca iria imaginar que agora estaria a viver num contentor em Ankawa. Há um ano, apenas, Suheila olhava à sua volta e sentir-se-ia feliz. Possuía uma casa, tinha vizinhos, rotinas. Hoje, olha à sua volta e só consegue ver homens, mulheres e crianças tristes, que choram a vida que perderam, que têm cicatrizes abertas pelos dias de susto em que foram forçados a fugir, em que foram escorraçados apenas por serem cristãos. Porém, garante Suheila, “por aqui, ninguém está zangado com Deus”. Mesmo entre tendas, mesmo entre
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contentores, os cristãos que vivem em Ankawa agradecem “do fundo do coração” a ajuda dos benfeitores da Fundação AIS e são, para todos nós, um exemplo extraordinário de fé viva.
Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |
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Caminhos de Unidade |
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Tony Neves |
Todos sabemos que a vontade de Deus é que haja um só rebanho e um só pastor. Esta afirmação não defende uma unidade sem diversidade. Esta é sinal de riqueza e, por isso, há que cultiva-la e defende-la. Vivo esta Semana da Unidade dos Cristãos em Chester, uma cidade muito antiga e histórica não muito longe de Liverpool e de Manchester. A presença cristã é forte, mas as comunidades católicas são residuais. Depois de alguns séculos de conflito aberto, as relações são hoje boas, havendo mútua colaboração entre as diversas Igrejas cristãs. É tradição antiga a preparação de um Guião comum para esta Semana da Unidade. O Conselho Ecuménico das Igrejas e o Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos congregam esforços, ano após ano, para encontrar Comunidades por esse mundo além onde a prática do Ecumenismo (essa grande experiência de caminho rumo à unidade) seja efectiva. Para 2015 foi escolhida uma realidade brasileira em que cristãos de diferentes Igrejas trabalham em conjunto e preparam o documento de apoio para esta Semana. ‘DÁ-ME DE BEBER’ é o tema retirado do encontro de Cristo com a Samaritana junto ao poço de Jacob. Este sede de Cristo está a ajudar os cristãos das diferentes Igrejas a procurar a ‘Água Viva’ que é Cristo, fonte de Unidade. Começa a ser por demais evidente que todos os caminhos que levam á unidade devem ser percorridos. Mas também se sente que o verdadeiro ecumenismo é prático e acontece |
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quando as pessoas se encontram, rezam juntas e se dão as mãos na construção de um mundo cada vez mais humano, fraterno e cristão. E estes caminhos estão abertos, mesmo que as rupturas teológicas verificadas ao longo da história tenham deixado feridas difíceis de cicatrizar. Portugal tem já uma tradição cimentada de Oração nesta Semana, mas são notáveis outros esforços que passam por iniciativas como as que a Equipa Ecuménica do Porto promovem com regularidade. Também Taizé ajuda ao Ecumenismo através da oração. O mesmo se pode dizer acerca do trabalho da Equipa |
Ecuménica Jovem. Mas não podemos descansar á sombra destas pequenas ‘vitórias’ e há que continuar este combate por mais e melhor comunhão entre os Cristãos. Se não temos dúvidas de que Cristo é só um, sentimos a obrigação moral de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para que a Unidade aconteça nas Igrejas. Este é o objectivo máximo da Semana da Unidade. Mas mal seria se o Ecumenismo ficasse entrincheirado apenas em oito dias. Trabalhemos juntos e sempre para que haja ‘um só rebanho e um só Pastor’. |
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“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ou em www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC – Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”
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«Novas situações, tanto eclesiais como sociais, económicas, políticas e culturais reclamam hoje, com uma força toda particular, a ação dos fiéis leigos. Se o desinteresse foi sempre inaceitável, o tempo presente torna-o ainda mais culpável» (Christifideles laici, 3).
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