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O Pacto Educativo Global
Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé SEMANA NACIONAL DA EDUCAÇÃO CRISTÃ 1 a 8 de outubro de 2023 |
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A Educação compromete-nos com o acolhimento e inclusão do outro, na sua alteridade, no respeito pela sua singularidade, permitindo que brote do interior de cada pessoa a imagem do Criador. Em consonância com o apelo e o movimento do Papa Francisco em prol de um Pacto Educativo Global (2020), reiterado e rejuvenescido na JMJ em Lisboa,
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é fundamental reavivar o entusiasmo com as gerações jovens, renovando o compromisso com uma Educação aberta e inclusiva, feita de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão, capaz de incidir no coração duma sociedade e fazer nascer a cultura do encontro, do projetar e caminhar juntos. |
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1. Educar é amar e apontar caminhos Educar é amar e apontar caminhos num pacto com as gerações jovens, que empenhe as famÃlias, as comunidades, as escolas e universidades, as instituições, as religiões, os governantes, a humanidade inteira na formação de pessoas maduras, aptas a superar visões imediatistas e utilitaristas para se comprometerem com o bem comum. É preciso dialogar sobre o modo como estamos a construir o futuro do planeta e sobre a necessidade de potenciar os talentos de todos para fazer amadurecer uma nova solidariedade universal e projetar o que nos é comum. Esta é uma tarefa que não diz respeito apenas a nós cristãos, mas a todos. Cada pessoa é chamada a ser protagonista desta aliança.
Fará parte destes compromissos a assunção da centralidade da Pessoa e da sua dignidade num processo educativo que visa a maturidade integral e que atenta: à escuta das expetativas, receios e angústias, |
das esperanças e das propostas dos jovens e à garantia da sua plena participação na ação educativa; ao trabalho educativo sinérgico contra a pobreza e as desigualdades, centrado no exercÃcio de uma cidadania ativa e dinâmica; à compreensão da economia, da polÃtica e do desenvolvimento, à luz da perspetiva da ecologia integral, no pressuposto de que o ser humano é intrinsecamente aberto ao mundo, aos outros e a Deus.
2. A Educação é uma semente de esperança Educar é sempre um ato de esperança. A globalização da indiferença, da violência, do discurso de ódio contra migrantes e outros marginalizados coloca grandes desafios à Educação e aos educadores. Cabe-nos, portanto, contribuir para que cada ato educativo seja gerador de fraternidade, de paz, de justiça e de cuidado do outro e da "casa comum". O cuidado é um mandato do Criador e deve estar vinculado ao direito universal, cuidado este que requer uma visão polÃtica, económica e |
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cultural, com foco na proteção da Pessoa e do mundo que habita. Face às disparidades de uma sociedade global, a Educação deve ajudar-nos a viver o valor do respeito e ensinar “...o amor capaz de aceitar todas as diferenças, a prioridade da dignidade de cada ser humano em relação a qualquer uma das suas ideias, sentimentos, práticas.†(Fratelli Tutti, 191), um amor que não fica indiferente a nenhum modo de violência e de abuso nem a nenhuma forma de escravidão. Também o mundo virtual, que, por um lado, permite o acesso rápido a cada recanto do planeta, e tende, por outro, a contribuir para |
a “globalização da indiferençaâ€, exige discernimento, atitude crÃtica, sempre com a consciência de que qualquer instrumento é meio e não fim, podendo servir intenções e ideologias que cabe discernir, atenta e lucidamente. Educar para a aprendizagem dos meios e a centralização no fim, que é a Pessoa, é desafio a atender, neste Pacto Educativo Global.
3. Sem horizonte A Educação responsabiliza as pessoas e transforma o mundo. Um dos maiores desafios da Educação, na perspetiva cristã, está |
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em descentrar o ser humano de si mesmo, encerrado numa autossuficiência que isola dos outros e do mundo, para o encaminhar na descoberta do Totalmente Outro. É a tentação de sempre e é o desafio nunca acabado de ‘transcender-se’. É, afinal, a grande meta da Educação: apontar para horizontes abertos, que alonguem o olhar e o caminhar, horizontes que a perspetiva cristã assegura serem expressão, no tempo da História, do Horizonte último para onde se encaminha a Humanidade. Requer-se, portanto, uma nova Educação que promova a transcendência da Pessoa Humana, o desenvolvimento humano integral e sustentável, o diálogo intercultural e religioso, a salvaguarda do planeta, não já num registo de medos ou inevitabilidades, mas numa lógica de reconhecimento do mundo como dom, num dinamismo que promove o acolhimento e o cuidado pelo outro, encontros pela paz e a serena abertura a Deus.
Perguntar e escutar as inquietações que habitam o secreto lugar do coração é tarefa primeira da Educação. E, com o palpitar das
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interrogações, far-se-á o caminho da busca das grandes respostas. Para os crentes, trata-se de despertar nas crianças, adolescentes e jovens, nos tempos certos, o desejo de entrar na própria interioridade para conhecer e amar Deus. Para os não crentes, trata-se de animar uma inquietude estimulante sobre o sentido das coisas e da própria existência, o sagrado altar a um Deus desconhecido, cuja descoberta do nome deve esperar contributo da Educação Cristã. |
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4. Empreendedores de sonhos Educar não é, por tudo isto, lugar de mera transmissão de conceitos, mas uma tarefa que exige que todos os seus responsáveis – a começar pela famÃlia – nela participem de modo solidário e completo. Todos precisamos ter no coração o bem das pessoas que educamos, em particular das nossas crianças, adolescentes e jovens. Todos os educadores, sejam pais, professores, formadores, párocos, catequistas… têm de estreitar entre si uma aliança que valorize a unicidade de cada um, graças a um compromisso contÃnuo na educação e na formação em todas as dimensões da Pessoa. Este é o desafio maior de um Pacto Educativo Global para o qual todos estamos convidados. Afinal, todos fazemos parte dessa ‘aldeia’ reunida na educação de cada criança e jovem, não para que nela permaneçam, mas para que dela partam livres, responsáveis e comprometidos com o bem da humanidade e da casa comum, sem medos e como “empreendedores de sonhosâ€, como nos disse o Papa Francisco em Lisboa.
Subamos, juntos, "apressadamente", à Barca da Educação!
Bom ano pastoral e letivo para cada um e para todos.
Dia de S. Mateus, Lisboa, 21 de setembro de 2023
Capa: Pacto/Promessa de Deus a Abraão. Mosaico de S. Vitale, Ravena, Itália, séc. VI (Passagem bÃblica: Gn 18, 1-14) |
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