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Missa |
1. Nome. O termo M., derivado do lat. “missio”, com sentido de despedida e de envio, designa a *celebração do *sacramento da *Eucaristia (ou *mis-tério pascal) sobretudo na dimensão sacrificial. Inicialmente usaram-se outros termos, como “fracção do pão” (Act 2, 42; 20,7), “ceia do Senhor” (1Cor 11, 20), “acção”, “oblação”, “sacrifício” ou “sacrifício eucarístico”. 2. Instituição e natureza. Antes de oferecer a vida como sinal do maior amor no sacrifício da Cruz, reparando os pecados do mundo e dando plena glória a Deus, J. C. deixou-nos a maneira mais viva de nos associarmos ao seu gesto sacrificial único e de valor infinito. Para isso, na Última Ceia, instituiu com a força de *sacramento o sacrifício eucarístico e o sacerdócio ministerial, dando aos Apóstolos o poder e a ordem de repetirem em sua memória os gestos e as palavras de consagração do pão e do vinho no seu Corpo e Sangue, hoje no estado glorioso. Assim, os fiéis, em qualquer parte do mundo e ao longo dos séculos, passaram a ter a possibilidade de: 1) pelo sinal sacramental da consagração em separado do pão e do vinho, se associarem ao sacrifício de J. C. na Cruz; 2) de se unirem da maneira mais perfeita e expressiva, pela comunhão sacramental, a J. C. entregue em sacrifício agradável ao Pai; 3) de terem o próprio J. C. presente sacramentalmente no sacrário como amigo e como alimento da vida da graça. 3. A celebração eucarística. A expressão ritual e sacramental da acção sagrada (Missa), em parte inspirada nas práticas judaicas da sinagoga e da ceia pascal, já aparece nos primeiros tempos da Igreja com o esquema actual (p.ex., na 1.ª Apologia de S. Justino, séc. II; cf. Cat. 1345). A celebração da M., depois da purificação de alguns acrescentos devocionais feita pela reforma do Conc. Vat. II, decorre segundo o seguinte esquema: 1) Ritos iniciais: entrada do celebrante, saudação, acto penitencial (segundo diversas modalidades: confissão, Kyrie e absolvição, ou em alternativa o *asperges), Glória (nos dias mais solenes) e oração colecta. 2) Liturgia da Palavra: leituras bíblicas, cânticos intercalares, homilia, credo ou profissão de fé (aos domingos e solenidades), e oração universal ou dos fiéis. 3) Liturgia eucarística, que repete sacramentalmente os gestos e palavras de J. C. na Ceia: a) preparação das oferendas (pão e vinho) e do altar; b) oração eucarística (também chamada *cânone ou *anáfora) contendo os seguintes elementos: pre-fácio ou acção de graças terminando com a aclamação do Sanctus; *epiclese ou invocação do Espírito Santo para que as oferendas se convertam no Corpo e Sangue do Senhor; narração da instituição operando a consagração; *anamnese ou memorial da paixão, morte e ressurreição de J. C.; oblação ao Pai de J. C. hóstia e com Jesus oferente; intercessões dos Santos e memórias (*mementos) dos vivos e dos defuntos; terminando com a doxologia final, ratificada pelo *Ámen do povo; e c) rito da comunhão, preparado pela oração dominical (Pai-Nosso); gesto da paz, fracção do pão e inclusão de uma partícula no vinho consagrado (enquanto se canta ou recita o Agnus Dei); preparação pessoal para a comunhão; comunhão do(s) sacerdote(s), dos outros ministros e dos fiéis; tempo de recolhimento; e oração depois da comunhão. 4) Ritos de conclusão: saudação, bênção (a que, em certos dias, se pode acrescentar uma “oração sobre o povo”); e despedida. V. Missal, IGMR; cf. Cat. 1345-1355. 4. Particularidades. Na M., o sacerdote (bispo ou presbítero) que preside fá-lo em nome de J. C. e também da Igreja presente na assembleia celebrante. Além do presidente, é bom que participem activamente outros *ministros ou ministrantes (sacerdotes concelebrantes, diácono, acólitos, leitores, cantores...) e os fiéis da assembleia, pelos gestos, atitudes, diálogos, aclamações, canto, orações… A M. mais importante, chamada “estacional” (antigamente “pontifical”), é a do bispo da diocese rodeado do seu presbitério e do povo, nas principais festas do ano litúrgico, celebrada normalmente na catedral (CB 119ss; SC 41). É também particularmente importante, para cada comunidade paroquial a M. dos domingos, dias de preceito e outras festividades, a que é costume chamar “paroquial” ou “conventual”. É da estrutura da M. o uso do canto pelo celebrante e pela assembleia. Por isso, pelo menos as missas mais importantes devem ser “cantadas” ou “solenes” (como se dizia no passado, em contraste com as missas “rezadas”, sem canto). A pedagogia do sagrado justifica que os celebrantes estejam revestidos dos paramentos próprios e o altar devidamente preparado. Para favorecer a participação dos fiéis, a M. passou a ser celebrada em vernáculo (a menos que, para assembleias internacionais, convenha o clássico latim, que favorece a unidade na universalidade). Para facilitar a comunhão sacramental, o *jejum eucarístico foi reduzido a uma hora, ou mesmo a menos, nalguns casos especiais (doentes, sacerdotes que binam ou trinam…). V. Eucaristia. 5. Missas para grupos particulares. A Igreja procura que os fiéis se insiram na comunidade eclesial (diocese, paróquia), nomeadamente nas celebrações litúrgicas dos domingos e dias festivos. No entanto, a solicitude pastoral tem em atenção grupos particulares de fiéis, para os quais a Eucaristia é meio de aprofundamento da vida cristã, desde que se não alimente o espírito de separação. Destes grupos fazem parte os que se reúnem em acções de formação e apostolado, os que vivem longe dos lugares habituais de missa, e os grupos familiares com doentes ou reunidos por especial circunstância religiosa (velar defunto, celebrar bodas de prata matrimoniais, etc.). A M. deve celebrar-se em lugar sagrado, mas o bispo pode autorizar que seja noutro lugar decente, mesmo em sala de casa particular, mas não em quarto de dormir. Em tudo se devem respeitar as normas litúrgicas da celebração e promover a melhor participação da assembleia celebrante. (Cf. Instr. da SCCD Actio pastoralis de 15.5.1969, EDREL 2671-2685). 6. Nomenclatura popular. No uso corrente, diz-se “Missa do Galo” a da meia-noite de Natal; “Missa de Requiem”, “de Finados”, “de Defuntos” ou “das Almas”, a que se celebra em sufrágio de fiéis defuntos; “Missa Nova”, a que o neo-sacerdote celebra depois daquela em que foi ordenado; “Missa negra”, o rito sacrílego de índole mágica ou satânica, à imitação duma missa, por vezes profanando ignobilmente hóstias consagradas roubadas. |
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