Apresentação

Siglas e Abreviaturas

Sugestões


missões (ad gentes)
1. O que são. J. C., ao voltar para o Pai, depois de cumprida a sua obra reden­to­ra, deixou aos Após­tolos a palavra de ordem: «Ide por todo o mundo, anunciai o Evangelho a todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19; Mc 16,15-16; Lc 24,47-48). No seu cumprimento, a Igreja envia os seus *missionários a pregar o Evange­lho e a implantar a própria Igreja entre os povos e grupos (a que chamam *pa­gãos) que (ainda) não crêem em J. C. A esta peculiar actividade dá-se o nome de “missões ad gentes” ou simplesmen­te missões (cf. Conc. Vat. II, Decr. *Ad gentes, sobre a actividade missionária da Igreja, n. 6). Constituem esta acção evangelizadora o testemunho de vida dos missionários, o diálogo amigo, a presença de caridade, o anúncio explíci­to de J. C., a conversão e iniciação cris­tã das pessoas, tendo sempre em vista a implantação local da Igreja. O objectivo directo das m. é a constituição de Igrejas particulares, dotadas de clero próprio e estruturas pastorais que assegurem a vida normal e o crescimento das comunidades de fiéis que as integram. A acção missionária pode ainda prolongar-se na fase de consolidação das jovens Igrejas, sem prejuízo da sua autonomia. O ideal das m., que é o da própria Igreja, é conseguir a progressiva evangelização de toda a huma­ni­dade, com a consequente cristianização ou projecção do espírito cristão nas es­tru­turas socioculturais, no respeito das culturas locais. Assim se revela a Igreja como sacramento universal de salvação (AG 5; cf. Cat. 849-856; CDC 781-792). 2. Breve história. É costume considerar na história das m. três fases: 1) A primeira foi a da evangelização do mundo greco-romano. Iniciou-se com o trabalho dos Apóstolos e dos primeiros cristãos, muitos dos quais deram o testemunho supremo do martírio. Pros­se­guiu, depois da paz de Constantino (313), com o favor do Império, até à invasão dos povos bárbaros. Estes, por sua vez, foram evangelizados, sobretudo pela acção dos bispos e dos monges da família beneditina. Os últimos povos a serem evangelizados foram os eslavos, os germânicos e os escandina­vos, por volta do séc. X. 2) A segunda fase (desde os finais do séc. XV) foi a do alargamento da acção missionária aos novos mundos tornados acessíveis com a gesta dos descobrimentos inicia­da por portugueses e espanhóis. Esta acção foi inicialmente realizada por mis­sionários religiosos (Franciscanos, Dominicanos, Jesuítas, etc.) com o apoio financeiro do poder político, nem sempre isento de interesses colonialistas (fase dos Padroados); e, depois, a partir de 1622, sob a superior orientação da Congregação da Propaganda Fide, por vezes com excessiva centralização romana e resistência a tentativas de aculturação da fé (caso dos Ritos Chineses e Malabares). 3) A fase da missionação contemporânea (séc. XIX-XX) caracteriza-se pelo aparecimento de nume­rosos institutos missionários, por surtos de evangelização em África e no Orien­te, pela coincidência com a era do colonialismo, pela concorrência das missões protestantes e pelo apoio prestado às m. pela Igreja da velha cristandade, especialmente estimulado pelas *Obras Missionárias Pontifícias (“da Pro­pa­gan­da da Fé” 1822; “da Santa Infância” 1843; “de S. Pedro Apóstolo para o Clero Indígena” 1889). Podem distinguir-se duas tendências: a primeira (séc. XIX) polarizada pelo ideal da salvação das almas, alimentada sobretudo pela espiritualidade francesa dominante na época; e a outra (séc. XX) polarizada pela preocupação de implantar a Igreja nas terras de missão, com a constituição de hierarquia e clero nativos. Apressou esta orientação o acesso à independência política, na segunda metade do ­século, da maioria dos territórios sub­me­­tidos a regimes coloniais ou de protectorado. 3. Estruturas missionárias. a) Ao nível da Santa Sé, a respon­sa­bi­lidade da animação e da coordenação missio­ná­rias encontra-se confiada à Con­gre­gação da Evangelização dos Povos (CEvP), anteriormente chamada De Propaganda Fide (= “Para a Difusão da Fé”) desde a sua criação de forma estável por Gregório XV (1622) até à sua reestruturação pela Const. de João Paulo II Pastor Bonus (28.6.1988). Sob a sua jurisdição encontram-se vastas áreas de África e da Ásia e outras me­no­res dos restantes continentes. Per­ten­ce-lhe também promover a cooperação missionária pela oração, interesse e ajuda financeira dos fiéis. Para isso recorre às *Obras Missionárias Pon­ti­fí­cias (OO.MM.PP.) e à instituição do Dia Mundial das Missões (penúltimo Do­min­go de Outubro), para o qual todos os anos o Papa publica uma mensagem. As principais intervenções do magistério da Igreja sobre as m., nos últimos 50 anos, foram a Enc. de Pio XII Fidei donum (21.4.1957), os documentos do Conc. Vat. II, sobretudo o Decr. *Ad gentes, a Exort. ap. de Paulo VI *Evan­gelii nuntiandi (8.12.1975), a Enc. de João Paulo II *Redemptoris missio (7.12.1990) e as Instruções da CEvP Quo aptius (24.2.1969), actualizada pela Cooperatio missionalis (1.10. 1998). Em 2005 saiu nova edição do Guia das Missões Católicas (anterior ed. de 1989) com informações, dados es­tatísticos e mapas sobre a actual acti­vidade das missões católicas em todo o mundo (ed. da CEvP). b) Em Portugal, o Episcopado (CEP) confia à Comissão Episcopal das Missões a coordenação e a promoção missionárias. Como órgão de consulta e apoio, está constituído o Conselho Na­cional das Missões, com representação das OO.MM.PP., da CNIR/FNIRF e dos IMAG (Institutos Missionários ad Gen­tes). Este órgão lançou as Semanas Missionárias Na­cionais, que se vêm rea­lizando anualmente desde 1982 (com interrupção no ano 2000 do Grande Jubileu). Em paralelo com as comemorações oficiais dos Descobrimentos Por­tugueses, o Epis­copado promoveu a ­celebração de “5 Séculos de Evangeli­za­ção e Encontro de Culturas” que, ao longo de 12 anos (de 1988 a 2000), rea­lizou um vasto pro­grama de sensibili­za­ção missionária, multiplicando actos ­religiosos e manifestações culturais, cul­minando com o Ano Missionário Na­cio­nal (1998). Esta es­trutura foi segui­da­mente transformada na Fundação Evan­gelização e Culturas, a que se de­vem várias iniciativas nos campos da cooperação e promoção missionárias. No campo da acção missionária directa, é de referir o trabalho dos Institutos Missionários ad Gentes (IMAG), com as suas publica­ções, e que, juntamente com outras ins­tituições, têm promovido o volunta­riado missionário, sobretudo de jovens. Não tem faltado o apoio do povo fiel, sobretudo por altura do Dia Mundial das Missões, sob a forma de oração e contribuição financeira (colec­ta e pe­di­tório).


É expressamente interdita a cópia, reprodução e difusão dos textos desta edição sem autorização expressa das Paulinas, quaisquer que sejam os meios para tal utilizados, com a excepção do direito de citação definido na lei.