Apresentação

Siglas e Abreviaturas

Sugestões


morte (humana)
1. Morte física. É a cessação irreversível da *vida, ocasio­na­da quer por patologia orgânica (m. natural) quer por *suicídio, *homicídio, acidente, guerra ou execução capital (m. violenta). A prevenir a eventualidade de m. aparente, a lei exige a certifi­cação da m. real (pela verificação da m. cerebral) no caso de extracção de órgãos para *transplante. A lei civil, seguida em parte pela lei canónica, regula as con­sequências (para efeito de heranças, segundas núpcias, etc.) da m. presu­mi­da, nos casos de ausentes de que não há notícia há tempos e dos que se presume terem tido morte violenta sem recupera­ção do cadáver. V. eutanásia, distanásia e ortotanásia. 2. Para além da morte. A ciência nada diz e a filosofia pouco diz da natureza da morte e do que acontece para além dela. Mas o sentir huma­no, reflectido nas tradições dos povos, recusa a m. como aniquilamento e fim da existência. Para os Gregos, a m. li­ber­ta a alma do corpo. Para os Israelitas, é a entrada num estado de completa ina­nição passado na profundidade dos *infernos (Cheol ou Hades), com a cessa­ção de toda a actividade religiosa. A reve­lação cristã vai mais longe, sem esclarecer todo o mistério da m. Segundo ela, Deus, por amor, criou o homem à sua imagem e semelhança, inteligente e livre, querendo-o como seu filho e fa­zen­do-o participante da sua própria natureza, vida e felicidade. A vida terrena é oportunidade para a resposta cons­ciente e livre, de fidelidade e amor, ao projecto de Deus. Se não tivesse sido a resposta negativa do *pecado chamado original, o homem, embora de natureza mortal, teria passado, por graça de Deus, sem qualquer aflição, no termo da sua vida temporal, para o estado defini­tivo da plena comunhão com Deus, no Céu, como aconteceu com a Virgem Maria, cuja passagem ao estado de gló­ria se fez num momento de grande paz e felicidade. Para salvar a humanidade perdida pelo pecado (morte da graça ou morte eterna), Deus enviou-lhe seu Fi­lho feito Homem, J. C. que, tendo assu­mido as culpas humanas, as expiou no sacrifício da Cruz, destruindo o pecado (morte da alma) com a sua morte e ­triun­fando dela pela sua ressurreição glo­­riosa. Na m. física, a alma (que, por espiritual, é imortal) separa-se do corpo e é julgada (*juízo particular) por Cris­to, definindo-se o seu destino eterno: ou o prémio no *Céu (para os que morrem na graça de Deus) ou o castigo no *In­ferno (para os que a morte fixou na sua aversão a Deus pelo pecado grave). Aos eleitos é proporcionada a plena purificação dos resíduos de pecados, no cha­mado *Purgatório, para a qual contri­buem os sufrágios dos fiéis e de toda a Igreja. No fim dos tempos (*parusia, *fim do mundo, *juízo final) tudo se con­sumará com a ressurreição final, que restituirá a todos os homens a sua integridade natural de seres constituídos por corpo e alma. Então os justos glorifica­rão a Deus, na plenitude do seu Reino, que incluirá o que a revelação chama “novos Céus e nova Terra”. 3. Morte eter­na. Assim é costume designar a perda da *vida da graça santificante, que é, por natureza, imortal, mas que se pode perder pelo *pecado grave ou mor­tal, que consiste na recusa cons­cien­te e determinada de obedecer em ma­té­ria grave à vontade (aos mandamentos) de Deus. Não se trata, portanto, de ani­quilamento do pecador que morre impenitente, mas da sua fixação por toda a eternidade no estado de aversão a Deus em que a morte o surpreendeu (*In­ferno). 4. Pastoral da morte. Sen­do tão decisiva para assegurar o futuro eterno do Céu, a m. deve ser preparada ao longo de toda a vida, tanto mais que só Deus sabe quando ela atinge cada um. Pensar frequentemente na m. é, assim, de todo salutar, mas com a tran­qui­lidade justificada pela misericórdia de Deus que sinceramente quer que to­dos se salvem e, para isso, concede as gra­ças necessárias. A Ave-maria, que os fiéis tantas vezes repetem ao longo da vi­da, termina com o pedido à Virgem Mãe de Deus de que esteja a rezar por nós no momento da nossa morte; e S. José é o celeste patrono da boa morte. A Igreja, na catequese e na liturgia faz-nos estar atentos ao fim da vida; e, quan­do ele chega, pelas *exéquias e pelos *sufrágios, acompanha os fiéis na entrada na vida que não tem fim (cf. Cat. 1005-1014; Ritual da Unção e Pas­toral dos Doentes; Ritual das Exéquias) V. Unção dos Doentes, exéquias, peri­go/artigo de morte.


É expressamente interdita a cópia, reprodução e difusão dos textos desta edição sem autorização expressa das Paulinas, quaisquer que sejam os meios para tal utilizados, com a excepção do direito de citação definido na lei.