Apresentação

Siglas e Abreviaturas

Sugestões


Páscoa
1. O nome. A etimologia é incerta. No AT, passou a derivar do he­brai­co bíblico com o sentido de passagem, como memorial da passagem do anjo exterminador dos primogénitos do Egipto, poupando as casas dos hebreus, assinaladas com o sangue do cordeiro (Ex 12,12-27). 2. Origem da Páscoa ju­daica. Há sinais de que as populações semitas pré-mosaicas celebravam duas festas de primícias. Cada família de pas­tores imolava o primogénito do seu rebanho a implorar as bênçãos divinas; enquanto cada família de agricultores, durante sete dias, comia pão ázimo e grãos de trigo torrado. Depois do Êxo­do, juntaram-se as duas festas, fazendo delas o memorial da libertação do povo da escravidão do Egipto, no seguimento da última praga operada por Javé pela mão de Moisés. A imolação do cordeiro evocava o último sacrifício dos Hebreus no Egipto, e o pão ázimo e as ervas amar­gas a pressa com que eles abando­naram a terra da escravidão. Inicial­men­te festas familiares, com a reforma religiosa do rei Josias (622 a.C., cf. 2Rs 23, 21-28), a celebração centralizou-se no templo de Jerusalém, onde os levitas imolavam os cordeiros na tarde de 14 de Nissan, seguindo-se a refeição pascal nas casas. A Sagrada Família ia todos os anos cumprir religiosamente este ritual. 3. A Páscoa cristã. Foi numa destas festas, por volta do ano 30 da nossa era, que Jesus, prestes a consumar a sua obra salvadora, celebrou pela última vez com os seus Apóstolos esta Páscoa. E, se­gun­­do as Evangelhos Sinópticos, no decorrer da Ceia, horas antes de se ofere­cer em sacrifício redentor ao Pai (*Mis­­tério Pascal), instituiu o memorial deste seu sacrifício (*Eucaristia), dando aos Apóstolos o poder e a missão (ordenação sacerdotal) de o renovarem sacramentalmente para santificação dos que nele acreditassem. 4. A celebração do Mistério Pascal. Este mistério, rea­lização do anúncio profético da Páscoa judaica, com o significado de passagem da morte à vida, do mundo ao Pai, liber­tando a humanidade da escravidão do pecado e abrindo-lhe as portas do Céu, este mistério passou a ser celebrado pelas primeiras comunidades cristãs na madrugada de cada domingo, dia da semana da ressurreição do Senhor Jesus Cristo, no cumprimento da palavra de or­dem: “Fazei isto em memória de Mim”, segundo o rito que, pela primeira vez, se encontra descrito por S. Paulo (1Cor 11,23-26). Pouco depois, passa­ram a celebrar de forma mais solene a Páscoa cada ano, por altura da Páscoa judaica. Hoje, toda a vida da Igreja se encontra polarizada pela celebração da Páscoa, quer na celebração dominical, que marca o ritmo do *Ano Litúrgico, quer na Páscoa anual, celebrada solene­mente no Tríduo Pascal, preparado pela Quaresma e prolongado pelos 50 dias do Tempo Pascal. Além disto, são pro­fun­damente pascais todos os sacramentos e suas celebrações. (Cat. 1262-1372; etc.). V. Eucaristia, sacrifício, Vigília pa­scal. 5. A data da Páscoa. Nos pri­mei­ros séculos, as Igrejas do Oriente ce­lebravam a P. como os judeus, no dia 14 do mês de Nisan, ao passo que as do Oci­dente a celebravam sempre ao do­min­go. Esta forma de celebração ven­ceu no Conc. de Niceia (325) que deter­minou a celebração no domingo a se­guir à Lua Cheia, depois de 21 de Mar­ço (Equinócio da Primavera), o que dá um domingo entre 22 de Março e 25 de Abril. Com a adopção do *calendário gre­goriano (1582) surgiu nova diver­gên­cia entre as Igrejas do Ocidente e as Ortodoxas, pois estas não aceitaram, na li­turgia, o novo calendário. Só no ano 2001 houve coincidência. O Conc. do Vat. II, em apêndice à Constituição SC, admitiu a possibilidade dum “calen­dá­rio perpétuo” e único, desde que tenha o acordo das várias Igrejas e desde que a P. seja celebrada ao domingo.


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