Apresentação

Siglas e Abreviaturas

Sugestões


reprodução assistida
1. O drama da esterilidade. A atracção mútua que leva um homem e uma mu­lher a unirem as suas vidas em matrimónio, acalenta normalmente em ambos o duplo desejo de comunhão de vida feliz e da geração de filhos que de certo modo os projectam no futuro. A Escritura e a tradição cristã vêem nas famílias numerosas um sinal da bênção de Deus. É, pois, motivo de so­frimento para um casal verificar a sua *esterilidade. São assim de incentivar as pesquisas destinadas a vencer ou re­du­zir a esterilidade humana, sempre que feitas no respeito da dignidade humana, da verdade do acto conjugal e da salvaguarda da vida desde os seus inícios. Deve, contudo, fazer-se sentir aos casais que ter filhos é um dom e não um direi­to; e que, na impossibilidade de os ter, se podem abrir à adopção e/ou à entrega a causas nobres (Cat. 2373-2379). O desejo de ter filhos pode ainda surgir em mulheres solteiras ou pares homosse­xuais. A tentação pode então ser grande de satisfazer tais aspirações ilegítimas recorrendo a artifícios reprodutores. 2. As técnicas de reprodução. Ali­cer­ça­das em experiências já avançadas da reprodução arti­ficial de animais, são já vá­rias as técnicas de reprodução huma­na dis­po­níveis com suficientes garantias de êxi­to: a) *Fecundação “in vitro” (FIVTE). Consiste na recolha de vários óvulos, sua fecundação com esperma e implan­ta­ção de alguns dos fecundados no útero da mãe. Diz-se homóloga se os dadores são os dois cônjuges; e heteróloga se há intervenção de pessoa estranha ao casal (doadores de óvulos ou de esperma, empréstimo de útero, também dito “barri­ga de aluguer”). Note-se que, para ­prevenir insucessos, são em geral fecundados vários óvulos, ficando os ex­ceden­tá­rios com destino problemático; b) *In­seminação artificial. Consiste na re­colha de sémen que, no momento opor­tuno, se injecta no útero da mulher. Também pode ser homóloga ou hete­róloga; c) Transferência de gâmetas nas trompas (GIFT). Consiste em, logo a seguir ao acto conjugal, ajudar o sé­men a atingir o óvulo. 3. Apreciação moral. Toda esta matéria tem sido objec­­to de diversos pronunciamentos do magistério eclesiástico, que se encontram condensados na Parte II da Instr. Donum vitae, da Congregação da Dou­trina da Fé (22.2.1987). Nela se começa por apresentar os princípios fundamentais, que assim se podem sintetizar: a) o corpo humano faz parte integrante da pessoa, que através dele se exprime, no­meadamente na actividade sexual, pelo que se não reduz a simples aglomerado de tecidos, órgãos e funções; b) a digni­dade da pessoa humana não permite que ela e o seu corpo sejam tratados como objectos; c) o acto conjugal é o único lugar digno da “geração” de novos seres humanos (diga-se “geração” em vez de reprodução). Baseado nestes princípios e nos seus corolários, o magistério da Igre­ja faz a seguinte apreciação das técnicas de reprodução acima indicadas: a) a procriação artificial e a insemina­ção heterólogas são gravemente deso­nes­tas, por traírem a unidade do casal e deixar o filho sem saber ao certo quem são os seus pais; b) também as homó­logas, embora menos graves, são condenáveis por não res­pei­ta­rem a inte­grida­de do acto conjugal; c) a técnica de aju­da que respeite o acto conjugal (GIFT) é moralmente admissível. V. esterilidade, clonagem, embrião humano.


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