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salvação |
No sentido corrente, é a libertação de perigo que põe em risco a feliz sobrevivência do sujeito. No sentido religioso, significa o supremo bem da pessoa, libertando-a do mal, da morte e da perdição eterna. As grandes religiões visam a s. dos seus fiéis, embora diferindo notavelmente quanto à natureza do que propõem e quanto aos meios de o alcançar. 1. Para os cristãos, a plena salvação (do corpo e da alma) realiza-se na *parusia, com a visão de Deus, face a face, e comunhão eterna com Ele, no *Céu. Por causa dos pecados, original e pessoais, a salvação é necessária, e é Deus Quem salva, através de Cristo, o Verbo incarnado, a Quem foi dado o nome de *Jesus (Do hebr. = Deus que salva, Salvador). Ele realizou radicalmente a s. da humanidade pecadora pelo seu sacrifício de morte de cruz e ressurreição gloriosa. Mas a concretização da s. de cada pessoa depende da sua adesão de fé e caridade ao Salvador. A via normal é a da adesão vital à Igreja, Corpo Místico de Cristo, pela fé e Baptismo. O processo da s. inicia-se no momento da primeira *graça santificante, normalmente no Baptismo, e deve progredir pelo recurso aos meios de *santificação. No termo, ela dá a cada eleito a plenitude da felicidade, embora esta plenitude admita graus, correspondentes ao grau de fervor da caridade no momento da morte. O *pecado grave ou mortal quebra o estado de graça e merece a perdição eterna (Inferno); mas esse estado, por misericórdia divina, pode recuperar-se, pelo sacramento da Penitência, ou mesmo por um acto de caridade perfeita, que pressupõe a contrição e o propósito do sacramento. 2. A salvação das crianças que morrem antes de baptizadas é uma questão que tem sido discutida ao longo dos séculos pelos teólogos, sem que tenham chegado a conclusões claras. A hipótese do *Limbo, para onde iriam, parece hoje posta de parte, e nem o Cat. se lhe refere. A Igreja confia que a misericórdia divina as salvará, e concede-lhes exéquias sempre que os pais cristãos as peçam. 3. A salvação dos fiéis das outras religiões tem-se posto em termos diversos. Do séc. V ao séc. XV, a interpretação rigorista da fórmula “fora da Igreja não há salvação” levava a admitir que os fiéis de outras religiões não podiam alcançar a salvação a que são chamados os fiéis cristãos. Com o descobrimento de novos mundos (séc. XV) e contactos com novas culturas e religiões, passou a admitir-se que, na misericórdia divina, esses (in)fiéis, ignorantes sem culpa de Cristo e da Igreja, se salvam, por vias extraordinárias, desde que tenham vivido de forma honesta. Mais modernamente, tende-se mesmo a admitir que, nas outras religiões, há algo de revelação e acção divinas de conotação sobrenatural, que predispõe para a plena revelação e salvação cristã, mesmo sem chegar formalmente a ela. Nesta direcção parecem seguir os passos do diálogo inter-religioso, para o qual tendem as diversas religiões, sobretudo perante a moderna ameaça da irreligiosidade. |
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