Apresentação

Siglas e Abreviaturas

Sugestões


santidade, santificação
1. Na Bíblia. A palavra hebr. traduzida por “santo” encerra as ideias de sepa­rado e de puro. No AT, é aplicada a Javé, de Quem ninguém é digno de se aproximar (ex., Moisés no episódio da sarça ardente). Este temor respeitoso foi evoluindo pela acção dos profetas, sobretudo depois do exílio, com a progressiva consciência de que é o pecado que impede o acesso a Deus. O Levítico, composto depois, alarga os horizontes no “Código da San­tidade”, que abre com a fórmula “Sede santos como Eu (Javé) sou santo” (Lv 19,2). No NT, o termo “santo” raramen­te aparece aplicado a Deus, com excep­ção do Ap (4,8), que proclama Deus três vezes Santo. A Jesus é aplicado uma dezena de vezes e ao Espírito Santo per­to de uma centena, sobretudo em Lc e Act. São Paulo, no início de Ef (1,4), ao traçar o plano de Deus a nosso respeito, diz que «Deus nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis em caridade na sua presença»; e, nas suas cartas, com frequên­cia trata os fiéis por santos e lembra-lhes que são templos do Espírito Santo, o Santificador. 2. Na vida cristã. Só Deus é santo, como dizemos no Glória da Missa, pois a santidade define a sua transcendência e perfeição (ou pureza) sem limites. Mas, como intuiu S. Paulo na passagem citada (Ef 1,4), Ele, ao criar-nos por amor, quis-nos fazer participantes da sua santidade, i.e., da sua natureza (cf. 2Pe 1,4) e vida divinas, con­formando-nos, pela graça, a seu Filho J. C. O apelo do Levítico “Sede santos porque Eu sou santo” (cf. 1Pe 1,16) foi retomado por J. C. em termos equivalentes: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). A regra da vida cristã é crescer sempre nesta perfeição aos olhos de Deus, ape­lando à sua misericórdia e recorrendo aos meios de san­ti­fi­ca­ção, até ao grau de santidade em que a morte nos surpreender. Por isso, todo o tempo da vida é pouco para esta caminhada, que vai dar à plena participação na santidade de Deus na luz da glória e visão beatífica. (Cf. cap. V da LG). 3. Santificação, meios de. É Deus que concede como dom gratuito (graça) a santidade e o progresso nela. Mas pertence-nos, mo­vi­dos pela graça, acolher este dom e fazê-lo render, para isso recorrendo, confiante e diligentemente, aos meios de santificação. Condição prévia é combater e erradicar da nossa vida o *peca­do e tudo o que leva a ele e que a catequese tradicional chama *inimigos do homem: o mundo, o demónio e a carne (V.). Isto exige uma atenção constante e um permanente esforço de purificação dos sentidos, das tendências naturais e, mais profundamente, da inteligência e da vontade. Num sentido posi­tivo, apon­tam-se três meios principais de santificação: 1) Os *sacramentos, e de um modo geral a liturgia, pela sua eficácia intrínseca na comunicação da graça santificante, embora os frutos dependam das disposições de quem os recebe. Na vida corrente, assumem grande importância a *Eucaristia e a *Penitência, a que se de­vem acrescentar os *sacramentais e as *indulgências. 2) O exercício das *virtudes infusas (sobrenaturais) e dos *dons do Espírito Santo, dinamizado pelas *graças actuais, que Deus prodigaliza e que importa acolher generosamente. 3) A *oração nas suas diversas modalidades e nos seus diversos graus. Como meios secundários, mas alguns de grande utilidade, costumam indicar-se os seguintes: 4) Exer­cício da *presença de Deus; 5) *Exame de consciência diário; 6) Fidelidade à graça; 7) Conformidade com a vontade de Deus; 8) Desejo de perfeição; 9) Ener­gia de carácter; 10) Plano de vi­da; 11) Leitura espiritual; 12) Santas ami-­za­des; 13) Direcção espiritual. 4. San­tifi­cação do mundo. Consiste em impreg­nar de espírito evangélico a ordem temporal, na fidelidade aos desígnios de Deus. É missão de toda a Igreja, competindo à hierarquia sobretudo a orientação, e ao laicado as intervenções ­directas nos campos da cul­-tura, vida ­social e animação política. V. consa­gra­ção do mundo.


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