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Vaticano |
1. O lugar do Vaticano. Há cerca da 2000 anos era uma vasta área de lazer fora dos muros de Roma, na margem direita do Tibre. O nome foi-lhe dado pelos Etruscos e permaneceu quando estes foram vencidos pelos Romanos. Nele foram barbaramente mortos os primeiros mártires cristãos, na perseguição de Nero (ano 64). S. Pedro, primeiro bispo de Roma, depois de também ali ter sido crucificado (ano 64 ou 67), foi sepultado perto, em campa rasa, numa área reservada a cemitério. Os cristãos ergueram depois um modesto monumento a assinalar a campa. Constantino, o primeiro imperador cristão, construiu (c. de 324) a primeira Basílica do Vaticano, dedicada a S. Pedro, com o altar-mor (ou da confissão) precisamente sobre o lugar da sepultura do Príncipe dos Apóstolos. Ao longo dos séculos, esta basílica foi ampliada ou reconstruída várias vezes. A actual basílica, muito maior, começou a ser construída nos inícios do séc. XVI englobando as ruínas da primitiva, com o altar da confissão por cima do anterior, como vieram a confirmar as escavações (1940-1949) no subsolo. Os trabalhos de construção, dirigidos por arquitectos e artistas de renome, prolongaram-se por quase um século, terminando sob a orientação do genial Bernini, que enquadrou a fachada da basílica pela monumental colunata da praça de S. Pedro. Os Papas habitam o palácio edificado ao lado da basílica, desde o regresso de Avinhão (1415), depois de, até ao início do *Cisma do Ocidente (1378), terem habitado nas dependências da Basílica da S. João de Latrão, a catedral de Roma. 2. O Estado da Cidade do Vaticano. Ao longo dos séculos, por doações várias, constituíram-se os Estados Pontifícios com vastas áreas espalhadas pela península itálica. Na guerra de unificação da Itália, esses territórios foram incorporados no novo reino de Victor Emanuel II que, em 1870, entrou definitivamente em Roma, proclamando-a capital (1871) e instalando-se no palácio pontifício do Quirinal. Pio IX e os Papas seguintes consideraram-se prisioneiros no Vaticano, prolongando-se a situação, conhecida por *Questão Romana, até aos Acordos de Latrão (11.2. 1929), no tempo de Pio XI e de Mussolini. Por eles, a Itália reconheceu a soberania do Papa sobre a Cidade do Vaticano e mais 12 edifícios espalhados por Roma e arredores (incl. o palácio de Castelgandolfo), com um total de 44 hectares. O Estado da Cidade do Vaticano (nome oficial) é um Estado soberano de direito público internacional, distinto da Santa Sé, universalmente reconhecido e com relações diplomáticas com quase todos os países do mundo. É chefe de Estado o Romano Pontífice, com pleno poder legislativo, judicial e executivo, que exerce através de vários organismos. Eclesiasticamente pertence à diocese de Roma (de que o Papa é o Bispo), constituindo, no entanto, um especial vicariato. Têm nele cidadania os cardeais dos dicastérios romanos e cerca de mil funcionários dos diversos serviços. Dentro da área murada, além da Basílica do Vaticano (com a praça de S. Pedro no exterior) e da Capela Sistina, encontram-se o palácio pontifício, numerosos museus, instalações para os serviços e um observatório astronómico. O Vaticano tem moeda e correio próprios; tem uma editorial que edita o boletim oficial A.A.S. e o diário L’Osservatore Romano, tem uma estação de rádio que emite em 36 línguas para todo o mundo, etc. 3. Concílios do Vaticano. Entre os acontecimentos mais importantes que têm ocorrido no V., para além das eleições dos Papas, canonizações e grandes celebrações, merecem especial referência os dois últimos concílios ecuménicos. O Conc. Vat. I foi convocado por Pio IX, iniciado em 1869 e suspenso em 1870 pela entrada das tropas de Garibaldi em Roma; dele saiu a definição dos dogmas do supremo primado de jurisdição do Papa e da sua infalibilidade quando se pronuncia solenemente sobre matéria de doutrina e moral católicas. O Conc. Vat. II, convocado (1959) por João XXIII, decorreu em clima mais sereno em 4 sessões, no Outono dos anos 1962-1965, a 1.ª, sob a presidência de João XXIII e as outras, sob a de Paulo VI, o pontífice que depois se empenhou na aplicação das disposições dos 16 documentos conciliares (4 constituições, 16 decretos e 3 declarações), tendo em mira o aggiornamento da Igreja. V. concílio, 4. |
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