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virgindade |
1. O que é. Fisiologicamente, é a integridade do aparelho sexual feminino não lesado por relações sexuais (desfloramento); moralmente é expressão da virtude da *castidade em quem nunca consentiu num acto sexual completo; espiritualmente, é o estado de quem fez o propósito de se manter virgem para sempre, por amor do Reino de Deus. A v. não é exclusiva das mulheres, alargando-se também aos homens. À semelhança do matrimónio, que implica da parte dos cônjuges a entrega mútua dos seus corpos, a virgindade consagrada é a forma mais sublime de entrega definitiva de corpo e alma ao amor e serviço de Deus e do próximo. Radicada na virtude da *temperança, é expressão da virtude teologal da *caridade e da virtude moral da *religião. A sua dignidade, reconhecida em religiões antigas, foi proclamada por J. C., que a propôs às almas mais generosas, sabendo que só por poucos seria compreendida (cf. Mt 19,10-12). Além do seu próprio exemplo e do exemplo de Maria sua Mãe, esta virtude brilhou no Precursor, no Discípulo predilecto, em S. Paulo, seu grande teólogo (cf. 1Cor 7), e em muitos santos ao longo da história da Igreja. 2. A virgindade de Maria. Esta prerrogativa da Mãe de Jesus (Virgem antes do parto, no parto e depois do parto) é uma das mais bem estabelecidas na Escritura, veladamente anunciada no AT (Is 7,14, lido à luz de Mt 1,23) e claramente afirmada no NT, nomeadamente na maneira de terminar a genealogia de J. C. e Mt 1,16, na interrogação de Maria ao Anjo (Lc 1,34), na resposta às dúvidas de S. José (Mt 1,20-25). Os Padres e Doutores da Igreja comentaram largamente esta prerrogativa, e ela faz parte das mais importantes profissões da fé, nomeadamente do Símbolo de Niceia-Constantinopla, ao proclamar que “J. C., Filho de Deus, nasceu da Virgem Maria por obra e graça do Espírito Santo”. A expressão *irmãos de Jesus que aparece várias vezes nos Evangelhos tem a sua explicação no facto de, no aramaico do tempo, a palavra “irmãos” tanto poder designar filhos do mesmo pai como parentes próximos. 3. Ordem das virgens. Nos primórdios da Igreja apareceram donzelas que, movidas pelo Espírito Santo, se consagraram totalmente a J. C. e ao seu Reino, entregando-se à oração e ao serviço dos irmãos. Inicialmente tinham vida eremítica, agrupadas em colónias. Depois passaram a viver em mosteiros sob a disciplina duma regra, dando origem ao que hoje chamamos institutos religiosos. Estas consagradas emitem os votos dos conselhos evangélicos e mantêm-se celibatárias. No Pontifical Romano, a Igreja reserva dois ritos de “Consagração das Virgens”, de que o ministro é o bispo. O primeiro, que decorre normalmente na catedral, destina-se às virgens que mantêm vida no século, colaborando nas obras da diocese. O segundo destina-se às virgens que professam num instituto religioso, decorrendo normalmente no próprio convento. Num e noutro caso, o ritual integra-se na celebração da missa e inclui: chamada e interrogatório das candida-tas, homilia, ladainha, emissão ou renovação do propósito de virgindade, consagração das virgens e entrega das insígnias. |
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