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bem-aventuranças |
Postas na boca de J. C. a abrir o “Sermão da Montanha” (Mt 5,1 a 7,29), as bem-aventuranças evangélicas anunciam de forma lapidar a *beatitude celeste a quantos realizem na terra o ideal evangélico. Na versão de S. Mateus (5,1-12) são oito (ou sete, segundo certos exegetas), contendo cada uma dois elementos: uma qualidade espiritual (que, para uns, é o fruto do generoso exercício duma *virtude, e, para outros, o fruto da acção dum *dom do Espírito Santo); e a recompensa, prometida sob a forma de um aspecto da bem-aventurança iniciada já neste mundo e gozada em plenitude no outro. Na versão de S. Lucas (6,20-26), são quatro, formuladas em tom diferente (a recompensa celeste incide sobre os que neste mundo mais sofrerem com os olhos postos em Deus), reforçadas por outras tantas maldições. Ambos os aspectos se completam e têm em J. C. e nos Santos modelos a seguir. (Cf. Cat 1716-1717). Segundo S. Mateus, são considerados bem-aventurados ou /b>felizes.. . 1) ...os pobres que o são em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. Trata-se de quantos têm o espírito de pobreza ou de desprendimento dos bens deste mundo, atitude que os abre aos bens do Reino. 2) ...os que choram, porque serão consolados. Tanto podem ser os que sofrem, com os olhos postos em Deus, as agruras da vida, como os que choram os pecados próprios e alheios, com o desejo de perdão e expiação. Terão a seu tempo a plena consolação. 3) ...os mansos, porque possuirão a terra. Mansos ou humildes são os que aceitam a sua condição, sem revolta nem desejo de desforra contra aqueles que os desconsideram. Como S. Francisco e outros santos humildes, acabam por conquistar os corações humanos. 4) ...os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Tanto podem ser os que lutam por maior justiça neste mundo, sobretudo em defesa dos mais oprimidos, como os que desejam ardentemente a justiça divina identificada com a santidade. Serão saciados. 5) ...os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. São tanto os que se compadecem dos mais abandonados e sofredores, procurando ajudá-los, como os que estão sempre prontos a perdoar as ofensas, como professam no Pai-Nosso. Esses alcançarão a benevolência divina. 6) ...os puros de coração, porque verão a Deus. Os que não guardam no seu íntimo qualquer sentimento ou desejo malévolo ou pecaminoso estão já preparados para receber o dom supremo de ver a Deus na beatitude celeste, depois de com Ele conviverem nesta vida. 7) ...os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. Todo o esforço no sentido da paz fundada na verdade, na justiça, na dignidade e no amor, entre pessoas ou grupos, contribui para a consolidação da família dos filhos de Deus. 8) ...os que são perseguidos pela fidelidade a Deus, porque terão a recompensa do Reino dos Céus. Esta última bem-aventurança coroa todas as outras, acentuando o aspecto paradoxal de todas elas, de acordo com o contraste entre os critérios do mundo e os do Evangelho. Nota: Segundo S. Tomás e outros teólogos, estas bem-aventuranças resultam do exercício das *virtudes teologais e cardeais, aperfeiçoado pelos *dons do Espírito Santo, como segue: 1) fé, entendimento e ciência, puros de coração e os que choram; 2) esperança, *temor de Deus, pobres em espírito; 3) /b>caridade, sabedoria, promotores da paz; 4) prudência, *conselho, misericórdia; 5) justiça, *piedade, mansos; 6) /b>fortaleza, força, fome e sede de justiça; 7) temperança, *temor (secundariamente), pobres em espírito. |
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