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vocação |
É o equivalente a chamamento, destino, inclinação para determinado estado ou actividade. 1. Na vida comum, a v. é normalmente uma opção pessoal, embora bastante condicionada pelas circunstâncias pessoais, sociais e culturais que marcam a vida de cada um. O jogo destas circunstâncias, muito variadas e até variáveis, acaba por assegurar quem se dedique às muitas actividades ocupacionais e profissionais próprias das sociedades complexas dos nossos dias. A primeira das vocações é à existência (como se depreende da narrativa da criação do Gn 1). À palavra de Deus tudo foi surgindo. Deus na criação nunca se repete. Numa árvore não se encontram duas folhas iguais. Cada um dos seres humano é singular e diferente de todos os outros, e além disso, é livre, porque feito à imagem e semelhança de Deus. 2. Vocação à vida sobrenatural. Diz-nos a fé cristã que Deus ao criar os nossos primeiros pais os elevou a uma ordem sobrenatural, pela participação na sua natureza, vida e destino eterno. Tal vocação extraordinária extensiva a toda a humanidade, ficou prejudicada pelo pecado original. Mas, na sua misericórdia, Deus sanou radicalmente tal situação com o envio de seu Filho, o Verbo divino traduzido em linguagem humana em J. C., cuja vocação ou missão culminou com a sua morte e ressurreição. Antes de voltar para o Pai teve o cuidado de instituir a Igreja que, juntamente com o Espírito Santo, aplicaria, ao longo dos séculos, a sua obra redentora, como sacramento universal de salvação. 3. As vocações na Igreja. A Igreja é uma comunidade hierarquizada de pessoas marcadas pela graça de Deus. Nela se entra pela graça do Baptismo, a primeira das vocações cristãs. Vocação comum a todos os baptizados é dar testemunho da sua fé ao longo de toda a sua vida. Mas há os que são chamados a maior entrega a este testemunho. Em certo sentido começa pelos que, pela realização da vocação matrimonial, dão testemunho do amor esponsal de Cristo pela sua Igreja, à qual dão os filhos. Mais radicais, porém, são as vocações de plena consagração ao serviço e amor de Deus, da Igreja e dos irmãos: as vocações marcadas pelo sacramento da Ordem, que actuam na Igreja oficialmente em nome de J. C.; e as vocações definidas pelos votos dos conselhos evangélicos, sobretudo em institutos reconhecidos pela Igreja. Estas últimas, não fazendo parte da essência hierárquica da Igreja, fazem parte, no entanto, da sua vida e santidade (CDC 207,2). Estas diversas vocações encontram-se claramente definidas nos documentos do Conc. Vat. II (especialmente LG, CD, PO, PC, OT) e no novo CDC (especialmente no Livro II sobre “o Povo de Deus”). 4. A dinâmica vocacional. São elucidativas as vocações descritas nos livros do AT: as de Abraão, Moisés, Gedeão, Samuel, David, Isaías, Jeremias… No NT são de todo o interesse as vocações dos Apóstolos (vocação faseada), de Paulo (vocação súbita), dos discípulos e discípulas (que a figura e santidade de J. C. seduziram), etc. A variedade extraordinária destas vocações repete-se nas actuais vocações de especial consagração: verificam-se em todas as idades, pelas mais variadas vias, nas mais diversas circunstâncias. Deus é infinitamente livre de chamar e no chamar. No entanto, Ele serve-se em geral das pessoas da Igreja para chamar quem Ele entende. Eis a razão da necessidade duma pastoral das vocações. 5. Pastoral das vocações. As vocações são um dom de Deus. Por isso devem pedir-se. Foi o próprio J. C. que ensinou a “pedir ao Senhor da messe que mande mais operários para a sua messe” (Mt 9,37-38). Depois da oração, é meio essencial de promoção vocacional o exemplo estimulante dos que já receberam a graça da vocação, seja qual ela for: vocação para o serviço hierárquico, para a vida religiosa e similar, para as missões, para a vida matrimonial ou para a vida apostólica do mais simples dos leigos. São de especial importância na pastoral vocacional os ensinamentos e as expressões concretas de vida da Igreja, sobretudo como são captadas pelos jovens, naturalmente inclinados à crítica, mas capazes de respostas generosas aos grandes desafios. Nas orientações conciliares sobre a pastoral das vocações, reconhece-se a importância da educação no seio da família, na catequese e nos movimentos laicais sobretudo de juventude. Embora sejam várias as vocações específicas, a pastoral das vocações deve ser unitária, evitando-se tudo o que possa ser ou parecer concorrência entre as diversas vocações. |
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