Apresentação

Siglas e Abreviaturas

Sugestões


democracia (no pensamento da Igre­ja)
(Do gr. = governo do povo). É a ­organização política baseada na partici­pação dos cidadãos que, normalmente através de partidos, escolhem os gover­nan­tes e se pronunciam sobre a forma como são governados. Impôs-se como for­ma de governo próprio de socie­da­des politicamente mais amadurecidas, no Ocidente, ao longo dos séc. XIX e XX, em grande parte como fruto das ideias liberais da Revolução Francesa. Distin­gue-se dos regimes autoritários ou tota­li­tários (mesmo que se deno­mi­nem demo-­cráticos) e dos regimes teo­cráticos (como em geral nos países is­lâ­micos). Ten­do sur­gido como reacção anti-re­li­gio­­sa e anticlerical aos Estados confes­sio­nais, a Igreja reagiu contra, nomea­damente no séc. XIX (tempo de Pio IX); mas já nos fins desse século, com Leão XIII, foi-se abrindo às novas ideias. Pio XI con­denou os Estados to­talitários do seu tem­po; e Pio XII, nas suas célebres ra­dio­men­sagens do Natal, aceitou que a ­autoridade política passa pelos ci­da­dãos, e apelou à intervenção destes na condução da coisa pública. João XXIII avan­çou, aceitando o prin­cí­pio da laicidade do Estado e apelando aos fiéis para que, como cidadãos, procurem que a vida pública se organize no respeito da dignidade e liberdade das pessoas (cf. PT 148-159). O Conc. Vat. II fez a defe­sa do pluralismo po­lítico, que os cris­tãos devem aceitar des­de que sejam res­peitados os direitos fundamentais da pes­soa humana e os princípios da jus­ti­ça, devendo ainda colaborar generosamente para o bem co­mum (cf. GS 73-76). Paulo VI, na Car­ta ap. *Octa­ge­si­ma adveniens, re­co­nhece que tem cres­cido no homem moderno a dupla aspira­ção fundamental à igualdade e à partici­pação, e apela aos cristãos para que participem na pro­cura de sistemas de vida social e po­lítica cada vez mais perfeitos. Além da participação na vida política, de­vem promover formas cada vez mais justas de vida social, inspirando-se nos prin­cí­pios e valores da *Doutrina Social da Igreja. Na Enc. *Populorum progres­sio, convida os países politicamente mais evoluídos e em geral os mais ricos a irem em auxílio dos países em vias de desenvolvimento, muitos dos quais se encontram no estado calamitoso em que os deixou o processo de descolonização. João Paulo II, na Exort. ap. *Chris­ti­fideles laici e na Enc. *Cen­te­simus an­nus lembra aos leigos a obri­gação de participarem democraticamente na vida política e social, cultivando o espírito cívico e promovendo o respeito pelos direitos humanos, sobretudo em favor dos mais débeis e vulneráveis.


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