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Deus |
1. Conhecimento de Deus. Pela sua infinita transcendência, a linguagem humana só muito imperfeitamente pode dizer algo a respeito de D. A reflexão mais profunda leva a descobrir nele os *atributos divinos, negando limitações e afirmando transcendências relativamente ao que é humano. No entanto, a consciência diz-nos não só que Ele existe, mas que fomos criados por Ele e para Ele. E a revelação acabou por estabelecer uma relação vital com Ele, ao Ele dar-se a conhecer progressivamente. A revelação diz-nos que, no termo desta vida mortal, o veremos tal como Ele é, na *visão beatífica, pelo que seremos como Ele (1Jo 3,2). 2. A história das religiões mostra que, ao longo dos milénios, os povos prestaram culto a *divindades encaradas das mais diversas formas: forças difusas, influência de antepassados, ídolos fabricados, seres da natureza, figuras antropomórficas… Civilizações culturalmente mais evoluídas, como a grega, aprofundaram filosoficamente a ideia da divindade, chegando ao conceito de D., ser supremo, mesmo em clima social de *politeísmo. Outras desenvolveram sobretudo as formas rituais de seu culto. Só recentemente (séc. XIX-XX) surgiram correntes negando a existência de D. (*ateísmo teórico, prático ou militante) ou a possibilidade de o conhecer (*agnosticismo). 3. O Deus do AT. A Bíblia e a história do povo hebreu mostram que ele chegou ao mais puro monoteísmo, contrastando com outros povos contemporâneos e ligados à sua vida, o que se explica por intervenção reveladora do próprio Deus (a Abraão, a Moisés…). Esse povo atribuía a D. a criação, a promessa, a aliança e a especial protecção. A ideia que os primitivos israelitas tinham de D. era contudo bastante imperfeita (um D. nacional, cioso, violento, guerreiro…); mas, com a provação do exílio e a acção dos *profetas, foi-se purificando e aprofundando, de forma a preparar o “resto do povo” para acolher a plena revelação de D. feita por J. C. 4. O Deus revelado por Jesus Cristo é o D. do AT, único, pessoal, omnipotente, criador, protector; mas J. C. foi alargando a visão deste D. pondo em relevo a sua bondade, a sua misericórdia e o seu amor, não só pelo povo escolhido, mas pela humanidade inteira. E, por fim, falou de D. como de seu Pai que está nos Céus, a Quem nos devemos dirigir como Ele fazia e ensinou a fazer; falou de si mesmo como enviado do Pai, igual a Ele, dele tudo tendo recebido e a Quem tudo entregava como Filho dilecto, o que lhe valeu ter sido condenado à morte pelos Judeus “por se ter feito igual a Deus”, o que foi de facto confirmado quando D. o ressuscitou; e falou ainda do Espírito Santo, como de pessoa divina que tudo recebia do Pai e dele e por ambos seria enviado a recordar aos discípulos quanto J. C. tinha dito e a enchê-los dos mais excelsos dons. 5. Reflexão da Igreja sobre estes dados da revelação. J. C. falou de D., da vida íntima de D. e do nosso relacionamento com Ele, fazendo-o em linguagem existencial, usando termos da vida comum. A Igreja, assistida pelo Espírito Santo, foi reflectindo sobre estes dados da revelação, procurando aprofundar-lhes o sentido e formulá-los de forma a evitar interpretações erróneas. Chegou assim aos primeiros *credos ou *símbolos da fé, todos eles afirmando que Deus, sendo um só, o é em três Pessoas divinas iguais e distintas. Nesta caminhada teve de definir o sentido preciso de termos como essência, substância, natureza e pessoa, ao mesmo tempo que ia condenando interpretações erróneas (*heresias), sobretudo nos primeiros *concílios ecuménicos. Chegou assim à formulação teológica do chamado mistério da (*Santíssima) Trindade. V. também: atributos divinos, religião, culto, liturgia, espiritualidade, etc. |
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