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Domingo (ou *Dia do Senhor) |
1. Origem. O ritmo semanal dos dias nos calendários lunares do Médio Oriente antigo serviu de base à narrativa poética da criação do mundo e do homem em seis dias, com o Criador a descansar ao sétimo, contemplando a sua obra. O *Sá-bado (do hebr.= descanso) adquiriu assim um sentido fortemente religioso, que se acentuou com a evocação, nesse dia, da passagem (no hebr. páscoa) de Javé a libertar o seu povo da escravidão do Egipto e a conduzi-lo pelo deserto à Terra da Promissão. Por isso, os Judeus o guardavam escrupulosamente. Mas J. C., ao dizer que “o Sábado foi feito para o homem” e ao proclamar-se “Senhor do Sábado”, passou o dia sagrado do AT para o “Dia do Senhor” ou Domingo da nova era cristã. Fê-lo quando marcou indelevelmente o “primeiro dia da semana” com a sua ressurreição e o envio do Espírito Santo no Pentecostes a dinamizar a Igreja nascente. O ritmo das aparições do Ressuscitado no primeiro dia de cada semana levou a Igreja primitiva a entender este dia como o “Dia do Senhor” e a celebrá-lo pelo descanso sagrado e pela Eucaristia (do gr. = acção de graças). Os mais antigos textos cristãos (sécs. I e II) o atestam. 2. A teologia do Domingo. A Igreja, ao longo dos séculos, foi aprofundando o sentido do D., anunciado já antigamente como o “dia que o Senhor fez” (Sl 118,24), baptizado com o nome de “Dia do Senhor” (Ap 1,10) e mais recentemente reconhecido pelo Conc. Vat. II (SC 106) como a “primordial festa da Igreja”. João Paulo II, na aurora do 3.º milénio cristão, dedicou-lhe a Carta Apostólica *Dies Domini (31.5.1998) propondo à meditação as múltiplas dimensões desta fundamental instituição cristã, porventura a que teve mais forte impacto cultural em todo o mundo. O D. começa por evocar a criação, convidando à contemplação desta obra de Deus. O D. é o dia da abertura das portas da eternidade pelo Filho do Homem ressuscitado dos mortos; é também o dia do envio por Ele do prometido Espírito Santo (no Pentecostes, sete semanas depois) para acompanhar a Igreja na sua caminhada de salvação e de santificação do mundo. O D. é assim o dia da Igreja, sacramento vivo pelo qual J. C. cumpre a sua derradeira promessa: “Eu estarei convosco até ao fim do mundo” (Mt 28,20). Nele, pois, os fiéis se reúnem na assembleia eucarística para manifestarem a sua pertença à Igreja, escutar a palavra de Deus, agradecer-Lhe os seus dons e, de energias renovadas, partirem como arautos do Evangelho. O D. é também o dia do Homem, dia da gratuidade, da solidariedade, do convívio familiar e social, da festa, da verdadeira alegria. É, por fim, o Dia dos Dias, a “primordial festa” da descoberta do Senhor do tempo e da eternidade, a marcar o ritmo do Ano Litúrgico. 3. A pastoral do Domingo. O 3.º *mandamento da Lei de Deus, na sua actual redacção catequística, manda “santificar os domingos e festas de guarda” (Cat., quadro sinóptico a seguir ao n. 2051); e o 1.º *preceito da Igreja concretiza-o: “ouvir missa inteira e abster-se de trabalhos servis nos domingos e festas de guarda” (Cat. 2042). Por sua vez, o CDC (1246-1248) enumera os *dias festivos e precisa que o descanso dominical consiste na “abstenção dos trabalhos e negócios que impeçam o culto a prestar a Deus, a alegria própria do Dia do Senhor ou o devido repouso do espírito e do corpo”. O cumprimento do preceito da missa pode fazer-se no dia próprio ou na tarde do dia antecedente; e, no caso de não ser possível (por falta de sacerdote ou causa grave), recomenda a participação em liturgia da palavra ou pelo menos um tempo de oração pessoal, em família ou em grupo de fiéis. É especial obrigação dos párocos proporcionar aos paroquianos e aos peregrinos eucaristias dominicais nas horas mais convenientes e cuidadosamente preparadas, celebradas e participadas; e ensiná-los a bem santificar os dias festivos no actual contexto social e cultural que muitas vezes os distrai desta graça e deste dever. João Paulo II, na *Dies Domini (4-7) observa que o facto dos hábitos sociais do “fim de semana”, com frequentes saídas e actividades lúdicas e culturais, se sobreporem ao D. destinado a celebrar os grandes mistérios da fé, levanta problemas delicados, que reclamam dos pastores e dos fiéis análise cuidada das situações con-cretas, aprofundamento doutrinário e procura criativa de soluções para a guarda fiel do D. e dias festivos. |
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