Apresentação

Siglas e Abreviaturas

Sugestões


dons do Espírito Santo
1. Natureza. São capacidades infundidas pelo Es­pí­ri­to Santo (E. S.) na inteligência e na vontade que dispõem a alma a actuar segundo as inspirações e moções divi­nas. Por eles, o cristão actua, não de ma­neira humana (de forma laboriosa, segundo cri­térios da razão iluminada pela fé, como é próprio das *virtudes), mas de modo divino, como que por ins­tinto espiritual despertado pelo E. S. Nas fases mais adiantadas da santificação pessoal, a actuação dos dons predomina sobre a das virtudes, pelo que o avanço é mais fácil e rápido. Mas para isso, enorme trabalho de purificação e de sensibilização à acção de Deus terá sido neces­sá­rio. Embora os d.s do E.S. sejam em número indefinido, a catequese tradicional, baseada em Is 11,2, conta sete: sabedoria (ou sapiência), en­tendimento (ou inteligência), conse­lho, força (ou for­taleza), ciência, pie­da­de e temor de Deus (cf. Cat. 1831). 2. Dons, virtudes e frutos do E. S. Os au­tores espirituais relacionam (com al­gumas cambiantes) os d.s do E.S. com as *virtudes (as 3 teo­logais e as 4 *car­deais), cujo exer­cí­cio aperfeiçoam; e procuram determinar quais os *frutos do E. S. (e, em parti­cular, as *bem-aventuranças) que produzem. No que segue, optou-se pela or­dem tradicional das vir­tudes. 1) Dom do entendimento. Pe­rmite, pela acção iluminadora do E. S., intuir as realidades sobrenaturais e chegar à sua contemplação. Revela o sen­tido dos acontecimentos, da Escri­tu­ra, dos sacramentos, dos mistérios da fé e dos desígnios sal­víficos de Deus. Aperfeiçoa o exercício da virtude da *fé. Produz como frutos do E. S. a certeza da fé e o gozo espiritual; levando à bem-aventurança dos “puros de cora­ção, que verão a Deus”. Brilha nos gran­des doutores da Igreja, como Agos­tinho e Tomás de Aquino. 2) Dom da ciência. Permite julgar recta­mente das coisas criadas em ordem à salvação, levando a usar santamente dos bens deste mundo, sem apego a eles, como fazia S. Francisco de Assis. Aper­feiçoa o exercício da virtude da *espe­ran­ça. Produz, como frutos, também a certeza da fé e o gozo espiritual, le­van­do à bem-aventurança dos “que choram (os pecados próprios e os do mundo), por­que serão consolados”. 3) Dom da sabedoria. É o mais excelso de todos. Proporciona uma saborosa experiência de Deus, numa linha de conaturalidade e simpatia. Leva ao heroísmo na prá­ti­ca do amor de Deus e dos irmãos. Aper­feiçoa o exercício da virtude da *caridade. Produz como frutos a paz e o gozo espiritual, levando à bem-aventurança dos “obreiros da paz, porque se­rão cha­ma­dos filhos de Deus”. Brilhou nos santos e santas, como Pedro, Maria Ma­da­lena e Santa Teresinha. 4) Dom do con­selho. Permite, com as luzes do E. S., deliberar rectamente sobre o que mais convém à salvação e santificação pró­pria e alheia, levando a ver claro nos ca­sos mais difíceis. É especialmen­te necessário a quem tiver cargos de go­ver­no e aconselhamento (direcção es­pi­ri­tual). Brilhou no Cura d’Ars. Aper­feiçoa a virtude da *prudência; pro­duz como frutos do E. S. a bondade e a benignidade, levando à bem-aventurança dos “misericordiosos, porque al­can­ça­rão misericórdia”. 5) Dom da pie­dade. Desperta um forte sentido filial nas relações com Deus e de frater­ni­dade nas relações com os irmãos, vendo neles a presença de J. C. Brilhou em santos e santas como João de Deus e Madre Te­resa de Calcutá. Aprofunda a virtude da *justiça com o cortejo das virtudes mo­rais que com ela se relacionam; produz os frutos da bondade, benignidade e mansidão, levando à bem-aventurança dos “mansos (hu­mil­des) de coração, por­que possuirão a terra”. 6) Dom da força (ou fortaleza). Robustece a alma e assegura-lhe, pela acção do E. S., o exer­cício heróico das virtudes, coragem invencível perante as dificuldades e pe­ri­gos, e permanente alegria no meio dos maiores sofrimentos. Brilhou nos mártires. Aperfeiçoa a virtude da *fortaleza; e produz os frutos da paciência e longanimidade, levando à bem-aventurança dos “que têm sede e fome de justiça (san­­tidade), porque se­rão saciados” (e à dos “que sofrem per­se­guição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus”). 7) Dom do (santo) temor de Deus. Desperta gran­de aversão ao pe­ca­do e às coisas indignas e perecíveis des­te mundo, procurando a plena liberdade para a adesão ao Bem supremo. Assim o fizeram os santos, sobretudo os de vida mais pura, como Maria Goretti. Aper­fei­çoa o exer­cício da virtude da *tempe­rança; pro­duz os dons da modéstia e da temperança, levando à bem-aventurança dos “po­bres de espírito (= os de espírito de po­breza), porque deles é o Reino dos Céus”. NOTA: Para melhor compreensão, V. virtudes.


É expressamente interdita a cópia, reprodução e difusão dos textos desta edição sem autorização expressa das Paulinas, quaisquer que sejam os meios para tal utilizados, com a excepção do direito de citação definido na lei.