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Eclesiologia |
Como parte da Teologia (entenda-se aqui católica) que estuda a Igreja, é disciplina que se desenvolveu sobretudo a partir da *Reforma protestante (séc. XVI), com acentuado cariz apologético, apresentando a Igreja como sociedade perfeita, quase identificada com a hierarquia, detentora de toda a verdade e via única e necessária de salvação. As circunstâncias históricas levaram a esta visão que tinha muito de fundamentalista, e de que a expressão mais célebre foi a enc. de Pio IX Quanta cura com uma longa lista de condenações dos erros do tempo (“Syllabus”), uma das quais (80.ª) anatematizava quem defendesse que «o Romano Pontífice pode e deve transigir com o progresso, com o liberalismo e com a civilização moderna». (Tenha-se em conta que tais coisas eram vistas, ao tempo, de forma diversa da actual). Desta visão reducionista, predominante até ao séc. XIX, já o Conc. Vaticano I (1869-1870) deu sinais de libertação, mas estava reservado ao Conc. Vaticano II (1962-1965), reunido para repensar a Igreja, a visão renovada que é costume designar por eclesiologia do Vaticano II. Nela se completa a dimensão institucional, humana, visível da Igreja com a dimensão de mistério, divina e invisível; nela se apresenta a Igreja como povo de Deus e corpo místico de Cristo, de membros configurados com Cristo pelo Baptismo e templos do Espírito Santo, todos responsáveis pela própria santificação e pela salvação do mundo, entre eles se diferenciando os chamados aos ministérios ordenados ou ao exercício de especiais carismas; nela a dupla dimensão humana e divina da Igreja, à semelhança de J. C., Deus-feito-Homem, faz da Igreja sacramento, i.e., sinal e instrumento eficaz da íntima união com Deus, da unidade do género humano (LG 1) e da presença e actuação de J. C. ressuscitado e subido ao Céu, cumprindo a derradeira promessa de Ele continuar connosco até ao fim dos tempos (cf. Mt 28,20). |
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