Apresentação

Siglas e Abreviaturas

Sugestões


educação
1. Noção. É a acção tenden­te à formação integral da pessoa hu­ma­na para a sua plena realização, no bom uso da liberdade e na contribuição ge­ne­rosa para o bem da sociedade. Como são diversas as concepções de pessoa humana e do seu destino, assim se en­contram diversos sistemas educativos, normalmente marcados pela filosofia ou ideologia dominante. Interessa aqui especialmente o sistema humanístico-cris­tão a que podemos chamar educa­ção católica. Quanto à dinâmica, o pro­cesso educativo começa por apren­di­zagens (instrução), que se vão assi­mi­lando (edu­cação) até à plena e har­mó­nica integração (formação). Sendo a natureza humana corporal e espiritual, a educa­ção integral é uma acção complexa, que deve atender às dimensões fí­sica, afecti­va, intelectual, moral, so­cial, cultural, espi­ritual e religiosa da pessoa. Tra­tan­do-se de natureza ferida pelo pecado origi­nal, portanto, no equi­lí­brio entre a razão e os sentidos, a educação deve ter em conta a necessidade de corrigir os maus efeitos desse desequilíbrio, muitas ve­zes acirrados pelos diversos ambien­tes de vida. 2. Os sujeitos da educação. São todas as pessoas, do princípio ao fim da sua exis­tência temporal, embora tendo em con­ta as diversas fases da vi­da. Na in­fância adquirem-se os pri­mei­ros conhe­cimentos vitais e nela se deve ir for­man­do o carácter visando o gra­dual dis­cernimento moral e a prática da verdade e do bem. Com a entrada na pu­ber­­dade e adolescência e o acordar do ins­tinto genésico, adquire especial im­­por­tância a educação da afectividade e da castidade (educação sexual). Na ju­ven­tude, fase de preparação para as gran­­des decisões da vida, a educação deve visar especialmente a integração so­cial, a escolha de estado de vida e a for­­mação intelectual e profissional. Tam­­­bém na adultez e na velhice há lu­gar para formas específicas de educação, quer para actualizar os conhecimentos e aprofundar as grandes rea­lidades da vi­da, quer para enfrentar as crises de ida­de ou de saúde. É evidente que toda a edu­cação deve ter em conta a maneira de ser de cada educando e nele despertar o gosto de colaborar activamente na pró­pria formação. 3. Os agentes da educa­ção. 1) Os pri­mei­ros no tempo e na importância, so­br­etudo para as primeiras fases da vida, são os pais no ambiente da família, com a desejável colaboração dos filhos e outros familiares. Muito conta a for­ma­ção dos pais, as condições da ha­bi­tação, a vizinhança, os hábitos so­ciais, o relacionamento com as institui­-ções edu­cativas (creches, escolas, gru­pos ju­venis…). A Igreja sabe-o bem e, além de proclamar os direitos e os deveres da família, procura ajudá-la pelas di­ver­sas formas de pastoral fami­liar (pre­pa­ração para o matrimónio – CPM, equi­pas de casais…). 2) A escola, nos seus diversos níveis, desde o infantil ao universitário, com especial incidência educativa nos níveis básico e complementar. Sobretudo estas, para além de ensinar, devem educar mediante actividades curriculares e extracurriculares, tendo em conta o sentir das famílias, nomeadamente através de associações de pais interventivas. 3) Hoje é forte o im­pacto educativo da sociedade ur­ba­na, nomeadamente pela maneira de pen­sar e agir do homem da rua, pela atrac­ção das ofertas de lazer e diversão e pela força persuasiva dos diversos meios de comunicação social, com a agra­vante de todas estas forças estarem pouco sensíveis às suas responsabilidades educativas. A Igreja reconhece a ur­gência da sua evangelização. 4) O Es­tado, a quem compete defender e pro­mo­ver o bem comum, no respeito do princípio da subsidiaridade, tem res­ponsabilidades grandes no campo da educação, devendo apoiar os diversos agentes educativos, fiscalizar a qualidade do ensino e promover a escolaridade. Neste campo, como em outros, o Es­tado está ao serviço da sociedade, su­prindo as suas eventuais deficiências, sem se substituir a ela nem à família na orientação educativa. A nossa tradição de Estado excessivamente interventivo ha­bituou os cidadãos a tudo esperar dele, pelo que importa um trabalho de edu­cação cívica que avive as responsa­bilidades sociais e o sentido da partici­pação democrática na vida nacional. 5) A Igreja, por motivo singular, tem o d­ever e o direito de educar, dada a mis­são que Deus lhe confiou de ajudar os homens a chegarem à plenitude da vida humana e cristã (cf. CDC 794). Ela tem exercido esta missão ao longo dos sé­culos, pelo trabalho missionário de ci­vi­lização e evangelização, e pela acção pastoral através da pregação, cateque­se, liturgia, movimentos laicais e escolas de todos os níveis, incluindo as uni­versidades católicas e institutos de for­ma­ção de clérigos e religiosos. Em­bo­ra se­ja específico da missão da Igreja a formação religiosa dos fiéis, ela não des­cura a sua formação integral, pelo ca­rác­ter englobante do Cristianismo em toda a vida humana. Cf. CDC 793-832; Cat. 2221ss; Conc. Vat. II, decr. *Gra­vis­­simum educationis sobre a educação cristã. V. família. 4. Formação cristã. É missão da *Igreja (fiéis e hierarquia) assegurar a forma­ção cristã dos fiéis nas suas diversas eta­pas e dimensões: ini­cia­ção cristã e ca­tequese, formação mo­ral das cons­ciências, prática religiosa, vida litúrgica e sacramental, movimentos de es­pi­ritualidade, comunicação social de inspiração cristã, acção socioca­ritativa, empenhamento apostólico, etc. Tal formação deve começar no seio ­familiar, desde tenra idade, abrindo as crian­ças ao conhecimento e amor de Deus, pri­meira catequese, oração em fa­mília, fes­tas cristãs, leituras formativas… A *pa­róquia apoia as famílias pela catequese com os respectivos ritos de ini­cia­ção; e proporciona aos adultos for­mas de catequese litúrgica e outras. Além da importância ímpar da vida li­túrgica, deve ainda promover as melho­res expressões da piedade popular. A Igreja, também através das suas escolas ou da sua presença em estruturas edu­cativas, contribui directa ou indirectamente para a educação integral da nos­sa sociedade. 5. Educação sexual. Entre as diversas dimensões da acção edu­cativa já acima referidas, tem hoje parti­cular importância e delicadeza a educa­ção sexual, pelo clima de pan-sexualis­mo da so­cie­dade moderna e pela inibi­ção experimentada por muitos agen­tes educativos em matéria de se­xua­lidade humana. O Conc. Vat. II diz que as crian­ças e os adolescentes «se devem ini­ciar, à me­di­da da sua idade, numa positiva e prudente educação se­xual» (GE 1). A fa­mí­lia é o lugar mais apto para isso, mas como ela muitas vezes o não faz, vê-se a escola solicitada para o fazer, em con­dições geralmente difíceis pelo am­biente, e falta de pessoas competentes, limitando-se por reduzir a e. s. a simples informação sobre a prática e hi­gie­ne sexuais, contribuindo para a vi­são reducionista da *sexualidade huma­na que, além da dimensão ge­nésica, tem as dimensões afectiva, psicológica, mo­ral e espiritual. Também para os jo­vens que se preparam para o casamento é ne­cessária uma específica educação nas áreas da sexualidade, vida conjugal e transmissão e acolhimento da vida, que muitas vezes os centros de aconse­lha­mento especializados redu­zem a in­for­mações eivadas de preconceitos. V. se­xua­lidade (NOTA).


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