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Eucaristia |
1. Os vários nomes da Eucaristia. Este sacramento, a que justamente se chama “Santíssimo” pela presença do próprio J. C., é conhecido na tradição cristã por vários nomes significativos: Eucaristia por ser o acto de “acção de graças” pelo supremo dom que J. C. fez de si ao Pai e à humanidade no seu “Sacrifício pascal”; Ceia do Senhor, por ter sido instituído na Última Ceia e ser celebrado em torno da mesa do altar, culminando com a “Comunhão” no “Pão do Céu”, “penhor de imortalidade”, etc. Na Igreja primitiva, o nome mais comum foi o de Fracção do Pão, pelo gesto de partir e distribuir o pão consagrado. Mais recentemente, a celebração deste sacramento/mistério passou a chamar-se *Missa, por terminar com o “envio” (missio) dos fiéis, reanimados pela força nele haurida, a testemunhar e promover a obra da salvação. Foi no AT profeticamente anunciada através de várias figuras, como o maná, o sacrifício de Melquisedec, os pães da propiciação, o sacrifício de Abraão, o cordeiro pascal. (Cf. Cat. 1328-1332). 2. O sacramento plurifacetado. Instituído na Última Ceia, pouco antes de oferecer a sua vida por amor do Pai e dos homens, J. C. confiou aos Apóstolos (e aos seus continuadores no sacerdócio ministerial na mesma altura instituído) o poder de, pelas próprias palavras da instituição, converterem (consagrarem) o pão e o vinho no seu corpo e sangue, como memorial da sua livre entrega na Cruz. Sob o sinal da consagração em separado do pão e do vinho no corpo entregue e no sangue derramado, torna-se representado J. C. no acto do seu supremo sacrifício, permitindo aos fiéis que, à semelhança de Maria sua Mãe no Calvário, se unam vitalmente ao seu supremo gesto de amor. Ao mesmo tempo, o pão e o vinho consagrados, recebidos com fé e amor, asseguram, com a eficácia sacramental, uma especial *Comunhão com J. C., permitindo ao comungante uma progressiva identificação (qual “assimilação”) com Ele. Finalmente, a Igreja foi descobrindo que a sagrada reserva do pão consagrado no Corpo do Senhor, para além da comunhão sacramental fora da Missa (especialmente como Viático aos moribundos) oferece-nos uma especial presença amiga de J. C. entre nós, vivida nas diversas formas de culto eucarístico (visita ao sacrário, exposição e bênção do SS. Sacramento, procissões eucarísticas, congressos eucarísticos…). 3. Sacramento da iniciação cristã. Embora o *Baptismo seja indispensável para a salvação (Baptismo de água, de desejo ou de fogo), a *Eucaristia também é necessária, a crer nas palavras de J. C. “Se não comerdes a carne do Filho do Homem… não tereis em vós a vida” (Jo 6,53), pelo que a Igreja preceitua a Missa dominical e a Comunhão pascal a todos os baptizados no uso da razão, e preconiza a Comunhão sob a forma de Viático aos fiéis em artigo de morte. Além disso, a Igreja considera que a *Eucaristia culmina a iniciação cristã marcada pelos sacramentos do *Baptismo, que nos torna filhos adoptivos de Deus e membros da Igreja, e da *Confirmação, que pela especial infusão do Espírito Santo nos conforma com Cristo Rei, Sacerdote e Profeta. Pela Eucaristia torna-se sacramentalmente presente o sacrifício cruen-to do Calvário pelo qual rendeu ao Pai a suprema homenagem de justiça e de amor, ao mesmo tempo que remia os pecados da humanidade, para que os fiéis pudessem participar ao vivo nesse sacrifício de valor supremo. 4. Liturgia e devoção eucarística. A principal celebração da Eucaristia é a do Tríduo Pascal, que abre com a Ceia do Senhor, em que J. C. instituiu este sacramento na sua plena dimensão sacrificial, e vai até à celebração da gloriosa ressurreição do Senhor no Domingo de Páscoa. Depois da Páscoa anual (que é preparada pela Quaresma e se prolonga até ao Pentecostes), a Igreja celebra a Páscoa semanal, no dia do Senhor, inculcando aos fiéis a obrigação de participarem na Missa dominical; dedica a solenidade do SS. Corpo e Sangue de Cristo à presença do Senhor neste sacramento; e, ao longo do ano litúrgico, centra na Eucaristia a celebração das várias solenidades, festas, memórias e férias previstas no calendário litúrgico. Entre as diversas formas de culto eucarístico, fora da Missa, temos: a Comunhão, especialmente dada aos doentes e, sob a forma de Viático, aos moribundos; a exposição e bênção do SS. Sacramento; as procissões e os congressos eucarísticos; e a visita a J. C. presente no sacramento do altar. Em ligação estreita com o culto litúrgico, a *piedade popular recorre à Eucaristia em devoções como a das nove primeiras sextas-feiras do mês, a dos cinco primeiros sábados, as de festas de N.ª Sr.ª e dos Santos e de sufrágios pelos defuntos, peregrinações, etc. (DPPL 164-165). No fim da sua vida, João Paulo II, depois do Ano do Rosário, proclamou o Ano da Eucaristia, pela Carta Apost. Mane nobiscum Domine (7.10.2004), a terminar em Out.2005 com o Congr. Eucaríst. Intern. de Guadalajara, México e a *Ass. Geral do Sínodo dos Bispos sobre a Eucaristia. V. Reserva eucarística, lausperene, Quarenta Horas. 5. Os frutos da Eucaristia. A participação consciente na Missa, sobretudo na Missa dominical (V. Domingo), afirma a pertença à Igreja, alimenta o espírito com a palavra de Deus, e torna progressivamente mais vivo o desejo de tudo fazer para glória divina. Tais frutos aumentam com a participação diária na Missa. A Comunhão, como forma primordial de participação no Sacrifício Eucarístico faz crescer a união com J. C. e com os irmãos, aumenta as defesas contra o pecado e o que leva a ele, apaga as faltas veniais, contribui para a unidade e dinamismo apostólico da Igreja, e é penhor da futura glória (cf. Cat. 1391-1405). Sobre o culto eucarístico. Cf. especialmente: Instrução da S. C. dos Ritos *Eucharisticum mysterium; Ritual da Sagrada Comunhão e Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa (21.6. 1973); cap. II e III da Carta ap. de João Paulo II *Dies Domini. V. Missa, Domingo, Comunhão eucarística. |
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