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Fátima |
1. Local. Povoação e freguesia do conc. de Ourém, em plena serra de Aire, cujo nome, de origem árabe, tanto é atribuído a uma moura com este nome (nome também da filha querida de Maomé) como a um topónimo comum com o sentido de colina. É hoje mundialmente célebre pelo seu santuário mariano. 2. As aparições. No descampado da Cova da Iria (nome do gr. = paz), a 2 km da sede da freguesia e a outros 2 de Aljustrel, de onde eram os pastorinhos Lúcia (10 anos) e seus primos Francisco (quase 9) e Jacinta (7 anos), apareceu a estes, por 6 vezes, de Maio a Outubro de 1917, sempre no dia 13 (excepto em Agosto, por estarem presos, de 13 a 16, em Ourém, mês em que a aparição se deu a 19 nos Valinhos), uma “Senhora mais branca que o Sol”, que veio a revelar-se a 13 de Outubro como a “Senhora do Rosário”. Estas aparições foram preparadas por três outras do “Anjo de Portugal”, em 1916. As multidões começaram a afluir nos dias 13, a partir de Julho, chegando a dezenas de milhares em Outubro, podendo então verificar a sua autenticidade pelo “milagre do Sol”. Pouco depois “foram para o Céu”, como anunciado pela Senhora, os irmãos Francisco (em Aljustrel, 4.4.1919) e Jacinta (em Lisboa, Hospital D. Estefânia, 20.2.1920). Lúcia, que se consagrou na vida religiosa, primeiro nas Doroteias de Pontevedra e Tuy (Espanha) e, depois, no Carmelo de Coimbra, recebeu várias comunicações da Senhora, complementares da “mensagem de Fátima”, vindo a falecer no Carmelo de Coimbra a 13.2.2005, com 97 anos. Depois de instaurado o processo canónico sobre os acontecimentos (1922), o bispo da diocese de Leiria (restaurada em 1918), declarou formalmente (Carta Pastoral de 13.10.1930) «dignas de crédito as *visões das crianças na Cova da Iria». Mais tarde, aberto o processo de canonização, Francisco e Jacinta foram beatificados em Fátima, por João Paulo II (13.5. 2000). 3. A “mensagem de Fátima”. Sintetizasse nas palavras de ordem evangélicas de “penitência e oração”, que se foram ilustrando com os ditos e gestos da Senhora e, já antes, do Anjo (oração à SS. Trindade e devoção à Eucaristia). Dela fazem parte os diálogos com os pastorinhos, os pedidos de reza do terço e da devoção ao Imaculado Coração de Maria, e a entrega do “segredo”, de que as duas primeiras partes foram em breve reveladas (visão do Inferno e pedido de consagração da Rússia) e só no ano jubilar de 2000 a terceira (sofrimento do povo e dos papas causados pelo ateísmo militante). É uma mensagem em perfeita concordância com a doutrina da Igreja Católica, exposta em linguagem entendível pelo povo cristão. Da sua ortodoxia e oportunidade deram testemunho quer os Bispos de Portugal quer os Papas, sobretudo os que mais ligados ficaram a Fátima: Pio XII, que consagrou o mundo ao Coração de Maria em 1942; João XXIII que, antes de eleito, presidiu à peregrinação de Maio de 1956; Paulo VI, peregrino no cinquentenário das aparições, em Maio de 1967; o futuro João Paulo I, peregrino em 1977; e João Paulo II que, precisamente um ano depois de ferido em atentado em Roma, veio a Fátima, a 13 de Maio de l982, agradecer a vida poupada, voltou em 1991 e, de novo, em 2000, para beatificar a 13 de Maio os pastorinhos Francisco e Jacinta, e isto além de muitos gestos e ditos reveladores da sua especial confiança na “mensagem”. 4. Os frutos da mensagem. Em 1917, Portugal e a Europa estavam envolvidos em terrível guerra e, na Rússia, triunfava o comunismo marxista que veio a revelar tendências imperialistas. Em Portugal campeava a fúria maçónica e jacobina contra a Igreja, com perseguições a bispos e ao clero, encerramento dos seminários, expulsão dos religiosos, violação de igrejas. O povo, porém, sobretudo nas zonas rurais mais cristãs, mantinha-se fiel. A mensagem da Senhora calou profundamente no seu coração e animou o movimento de renovação da Igreja no País. Fátima tornou-se, não só um santuário nacional (e internacional) de peregrinações, mas também um centro de animação da vida religiosa, com os inúmeros encontros, cursos, retiros e outros acontecimentos que ali decorrem constantemente. Para isso, com as generosas ofertas dos peregrinos, tem-se apetrechado devidamente, podendo considerar-se um dos melhores santuários do mundo. Para a projecção nacional e internacional de Fátima muito tem contribuído a passagem por terras de Portugal e de todo o mundo, quer da imagem da Virgem que se venera na Capelinha das Aparições quer das suas réplicas transformadas em “imagens peregrinas”. Em Portugal é de referir o Movimento da *Mensagem de Fátima que, em 1984, sucedeu à “Pia União dos Cruzados de Fátima” instituída pelo Episcopado (1934) para apoio espiritual e material à Acção Católica Portuguesa. 5. O santuário de Fátima. Coração deste santuário é a “Capelinha das Aparições”, com a pequena ermida construída pelo povo em 1919, hoje protegida por uma estrutura envidraçada. No centro do amplo recinto de oito hectares, encontra-se, desde 1932, o monumento ao Coração de Jesus, tendo na base o fontenário da “água de Fátima” ali aparecida em 1921. A dominar o topo nascente do recinto, está a Basílica (1953) com alta torre sineira e a colunata. Dos dois lados, as Casas de N.ª Sr.ª do Carmo e de N.ª Sr.ª das Dores, com instalações para os serviços e para os peregrinos. No topo contrário ao da Basílica, para além da Av. D. José Alves Correia de Silva (o primeiro bispo da diocese restaurada de Fátima), o Centro Pastoral Paulo VI (1982) e para cá, na área da “Cruz Alta”, está-se (2004) a implantar um vasto recinto coberto com 9000 lugares sentados, dedicado à SS. Trindade. Os restos mortais dos três Videntes de Nossa Senhora repousam no transepto da Basílica. |
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