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fé |
Na linguagem corrente, a palavra fé pode empregar-se com vários significados: creditação, confiança, fidelidade, etc., e entra em várias locuções: boa e má fé… Aqui interessa-nos no sentido religioso e cristão que tem na Escritura e na Teologia. 1. Fé na Bíblia. No clima existencial do AT, a fé é a atitude de adesão pessoal ao Deus que se revelou e de confiança nas suas promessas. Brilha em figuras como Abraão (o “pai dos crentes”) e Moisés; é pregada pelos profetas perante as infidelidades do povo, que tantas vezes trocava o Deus verdadeiro pelos falsos ídolos; é cantada nos Salmos. Trata-se, no entanto, de uma fé ainda imperfeita, centrada no Deus da Aliança e de cariz demasiado nacionalista. No NT, a fé primeira dos discípulos de J. C. é ainda muito semelhante à dos Judeus. J. C. reclama em geral uma fé-confiança no seu poder de operar milagres. Mas, depois da ressurreição e da descida do Espírito Santo, a fé levou os Apóstolos a verem no Mestre, o “meu Senhor e meu Deus” (confissão de Tomé) e, à sua palavra de ordem, levou-os a anunciá-lo pelo mundo inteiro como fundamento da salvação. A figura maior da fé bíblica é Maria, que acreditou na palavra do Senhor, a conservava em seu coração, Ela que veio a conceber pelo Espírito Santo e dar à luz o Verbo eterno feito Homem. 2. A virtude teologal da fé. A fé é a primeira das *virtudes teologais e o fundamento de todo o edifício espiritual do cristão. Define-a a Teologia como a adesão firme do entendimento às verdades divinamente reveladas, por força do testemunho do próprio Deus, que nos chega pela mediação da Igreja. Como as verdades reveladas não se impõem à inteligência humana por lhe não serem evidentes, na adesão da fé a essas verdades intervém a vontade movida pela graça. A fé torna-se vida cristã quando animada pela *caridade. Pode subsistir, ainda que imperfeitamente, quando, pelo pecado grave, se perde a graça e a amizade de Deus. Só se perde com os pecados graves directamente contra a fé: heresia, apostasia e blasfémia contra e Espírito Santo. A fé deve defender-se das tentações e das más leituras. Como dom de Deus, deve pedir-se na oração e exercitar-se constantemente, procurando tudo ver através do prisma sobrenatural (“espírito de fé”). 3. Dons e frutos do Espírito Santo relacionados com a fé. O exercício da fé é aperfeiçoado pela acção de dois *dons do Espírito Santo, primariamente o do *entendimento (ou inteligência) e secundariamente pelo da *ciência. O primeiro actua à maneira de penetrante intuição das verdades reveladas, que permite considerá-las a nova luz e na sua admirável harmonia; o segundo permite emitir um julgamento seguro acerca das coisas criadas em ordem ao fim sobrenatural, de forma a fazer delas um santo uso. Como resultado da acção destes dons, a alma adquire as *bem-aventuranças dos “puros do coração, que verão a Deus” e dos “que choram, porque serão consolados”; e, como *frutos do Espírito Santo, a fé (no sentido de certeza da fé) e a alegria (gozo espiritual da contemplação das coisas de Deus). 4. Profissão da fé. A Igreja, nossa Mestra, convida-nos a fazer repetidamente actos de fé, sobretudo nos momento difíceis e nos tempos de oração. Aos domingos e solenidades, na missa, põe-nos na boca e no coração a síntese orgânica das verdades reveladas (*Credo ou *Símbolo); exige uma profissão de fé (em forma dialogal) ao candidato que se vai baptizar (o Baptismo é, por excelência, o sacramento da fé); e, aos nomeados para certos ofícios (bispos, párocos…), uma prévia profissão de fé. |
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