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Filho de Deus |
1. No AT, este título reservou-se inicialmente para o povo de Israel, considerado desde a Aliança como o “primogénito” ou filho predilecto de Javé. Também se passou a aplicar ao rei e profeticamente ao “Rei Messias”. Ainda lá se dizem filhos de Deus aos Anjos pela intimidade de vida com Deus. 2. No NT, Filho de Deus é J. C., conforme Ele foi revelando progressivamente. A primeira revelação foi feita a Maria na Anunciação, ao ouvir que seria Mãe do “Filho do Deus Altíssimo”. Os Apóstolos, ao princípio, encaravam este título numa perspectiva veterotestamentária. Mas, depois da ressurreição do Mestre, passaram a entender que J. C. era o verdadeiro Filho de Deus e, portanto, Filho do Deus verdadeiro. J. C., já perto da sua entrega ao Pai, revelou a sua filiação divina. Em S. Paulo é clara a consciência de que Deus é Pai de J. C. Nos Sinópticos com frequência há referência à filiação divina de J. C.; mas só no Evangelho de João, escrito na segunda geração cristã, se reflecte o pleno sentido desta revelação. 3. Na compreensão da Igreja. J. C. é Filho de Deus por misteriosa geração intelectual na vida íntima da SS. Trindade, ao ser a Palavra inefável com que Deus-Pai exprime o pleno conhecimento que tem de si mesmo. Na Encarnação, a pessoa divina do Filho assumiu uma natureza humana, unida hipostaticamente (= pessoalmente) à natureza divina, o que lhe permitiu revelar o Pai e salvar a humanidade. Porque o sujeito da filiação é a “pessoa”, J. C. é verdadeiro Filho de Deus e sua Mãe é verdadeiramente “Mãe de Deus”. Os primeiros concílios ecuménicos esclareceram estas verdades, condenando várias interpretações erróneas. 4. Filhos adoptivos de Deus. Pela graça, Deus gera-nos para a vida eterna em seu Filho, tornando-nos seus filhos, não por natureza, mas por adopção, i.e., por participação na sua natureza e vida. Por isso, quando os Apóstolos pediram a J. C. que os ensinasse a rezar, Ele ensinou-lhes o “Pai-Nosso”. Toda a espiritualidade cristã põe a sua tónica na conformidade com J. C. Filho de Deus, como condição de sermos filhos adoptivos de Deus Pai e irmãos de Jesus Cristo e com Ele co-herdeiros dos bens celestes. |
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