Comissão Nacional Justiça e Paz

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Comissão Nacional Justiça e Paz

NÃO ESQUEÇAMOS O SOFRIMENTO HUMANITÁRIO!

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NÃO ESQUEÇAMOS O SOFRIMENTO HUMANITÁRIO!

Declaração sobre os atuais conflitos no Médio Oriente e a crise humanitária em Gaza

Como co-presidentes da rede de Comissões Europeias Justiça e Paz, expressamos a nossa profunda preocupação pelos recentes conflitos no Médio Oriente.

Nestes tempos difíceis, unimo-nos ao Papa Leão XIV nos seus repetidos e urgentes apelos às partes em conflito para que exerçam a responsabilidade e a razão. No domingo, 22 de junho, apelou ao fim da tragédia da guerra, especialmente no Médio Oriente, e afirmou: “A humanidade grita e implora a paz”.

Uma semana antes, tinha declarado: “O compromisso de construir um mundo mais seguro e livre da ameaça nuclear deve ser procurado através de um encontro respeitoso e de um diálogo sincero, a fim de edificar uma paz duradoura alicerçada na justiça, na fraternidade e no bem comum. Ninguém jamais deveria ameaçar a existência do outro. É dever de todos os países apoiar a causa da paz, iniciando caminhos de reconciliação e favorecendo soluções que garantam segurança e dignidade para todos”.

Os nossos pensamentos e orações estão com a população civil da Palestina, de Israel e do Irão, que sofre as consequências dos combates.

Apelamos às partes em conflito para que respeitem os princípios do direito internacional humanitário e encetem um diálogo sincero com base no reconhecimento mútuo do direito de cada uma delas existir como Estado, tendo em vista uma paz sustentável em toda a região o mais rapidamente possível. O objetivo deve ser uma coexistência pacífica que permita a todas as pessoas da região viver com dignidade e liberdade.

O sofrimento humanitário causado pelos conflitos não deve ser esquecido no contexto da intensa cobertura mediática dos combates em curso. A situação humanitária na Faixa de Gaza é particularmente preocupante. Apelamos ao envio, o mais rapidamente possível, da ajuda humanitária necessária e a que as partes em conflito se abstenham de quaisquer ações que dificultem, ou até impossibilitem, o fornecimento de ajuda humanitária.

Bruxelas, 24 de junho de 2025

Maria Hammershøy                                                   +Antoine Hérouard

    (Co-presidente)                                                          (Co-Presidente)

 

É TEMPO DE GRITAR PELA PAZ Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz sobre a situação na faixa de Gaza

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 Vatican News GAZA                                              É TEMPO DE GRITAR PELA PAZ

Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz sobre a situação na faixa de Gaza

Diante do horror da situação que se vive na faixa de Gaza, que testemunhamos dia após dia e que continua a agravar-se numa desproporcionalidade desmedida, a Comissão Nacional Justiça e Paz quer juntar a sua voz a todos os que clamam pela Paz.

Esta guerra foi desencadeada como reação aos deploráveis ataques terroristas da responsabilidade do Hamas que vitimaram cidadãos israelitas inocentes. Alguns destes continuam até hoje como reféns — uma realidade que condenamos firmemente e que exige uma resolução imediata. É tão inegável a barbárie dos atos de 7 de outubro de 2023, quanto o direito de defesa de uma nação. Porém, essa reação desde há muito excedeu critérios de legítima defesa e proporcionalidade. Provocou, e continua a provocar, a morte de várias dezenas de milhar de palestinianos inocentes. É particularmente abjeta e revoltante a morte e o sofrimento de crianças, a quem é negado o futuro.

A reação de Israel tem assentado em práticas, que se qualificam como crimes de guerra e contra a humanidade, com o alvo sistemático de civis indefesos, e a recusa de fornecimento de água e alimentos necessários à sobrevivência das pessoas que ali vivem. Consideramos por isso, como tantas vozes internacionais que se fazem ouvir cada vez mais alto, que devem ser levados a sério os propósitos do governo israelita, com o apoio do governo norte-americano, de eliminação e deportação coletiva da população residente na faixa de Gaza. Estes propósitos não favorecem a libertação dos reféns israelitas, não reduzem a adesão de muitos palestinianos ao Hamas, nem contribuem para que, no futuro, os povos desta região possam viver em paz e segurança.

Consideramos igualmente inaceitáveis tanto as manifestações de ódio contra o povo judeu como a associação automática entre críticas às políticas do governo de Israel e o antissemitismo, uma vez que a denúncia da situação atual é partilhada por muitas pessoas de fé e cultura judaicas.

Com esta nota, a Comissão Nacional Justiça e Paz repudia as práticas desumanas e desrespeitadoras do Direito da guerra, e espera da parte dos governos da União Europeia, pedindo em especial ao governo português, ações concretas de suspensão da cooperação com o governo de Israel, sob pena de incoerência com os princípios de defesa dos direitos humanos que regem essa União.

Associamo-nos, plenamente, ao secretário geral da O.N.U. no sublinhar de que o caminho para uma paz justa para a Terra Santa só pode ser alcançado através do reconhecimento de dois Estados que correspondam aos direitos dos povos israelita e palestiniano.

A Comissão apela a todas as comunidades religiosas, em particular a comunidade católica, para que continuem unidas na oração pela Paz naquela região do mundo e em todos os contextos feridos pela guerra, dando testemunho de que a fé não pactua com a indiferença nem com a violência, mas é caminho de reconciliação, justiça e compromisso com a dignidade de todos os seres humanos.

Exprimimos também a nossa solidariedade para com todas as pessoas da Terra Santa, em especial as que (sobre)vivem na Faixa de Gaza, e renovamos o propósito de rezar para que, apesar de tudo, elas não percam a esperança de um futuro de justiça e paz.

Lisboa, 11 de junho de 2025
A Comissão Nacional Justiça e Paz

 

Na sequência desta nota, propomos que ao longo do mês de Junho, e em jeito de oração, juntemos a voz das nossas comunidades cristãs a todas as pessoas de boa vontade, dizendo:

Escuta, Israel, o clamor que se ergue do pedaço de terra que transformaste em campo de concentração.

O clamor daqueles que se encontram reféns de terroristas e às mãos da tua cólera desmedida.

Escuta, Israel, a voz do Senhor Nosso Deus que te manda ter piedade do órfão e da viúva.

Lembra-te, Israel, de como o nosso Pai Abraão se abeirou do Altíssimo para lhe pedir clemência da cidade inteira ainda que nela apenas houvesse dez homens justos. “Destruirás o justo com o injusto?” (Gn 18, 23). E lembra-te de como por causa dos dez justos o Senhor poupou Sodoma (Gn 18, 31).

«A misericórdia e a verdade vão encontrar-se, vão beijar-se a paz e a justiça; da terra há de brotar a verdade, e a justiça espreitará do céu» (Sl 85, 11-12).

Não mais sangue, Israel. Não mais sangue. «A força de um rei está em amar a justiça» (Sl 99, 4). Não em aniquilar, nem mesmo os inimigos.

Lembra-te, Israel, dos duros cativeiros que sofreste e não queiras pagar o mal com o mal, nem curar as tuas feridas com crueldade.

 
 

Apelo a “uma paz desarmada e desarmante” em Gaza

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JP Espanha

Apelo a “uma paz desarmada e desarmante” em Gaza

O Senhor perguntou a Caim: “Onde está o teu irmão Abel?” Caim respondeu: “Não sei; serei eu o guardião do meu irmão?” O Senhor respondeu: "Que fizeste? O sangue do teu irmão clama da terra até Mim". (Gn, 4)

Neste Ano Jubilar da Esperança, trazemos à nossa consciência o apelo do Concílio Vaticano II, que nos recorda que "as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens deste tempo, especialmente dos pobres e dos que de algum modo sofrem, são as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos seguidores de Cristo. Não há nada de verdadeiramente humano que não encontre uma resposta nos seus corações. (...) Por isso, a Igreja sente-se próxima e verdadeiramente solidária com o género humano e a sua história." (GS, 1)

Num mundo conflituoso, que desenha um mosaico de morte com uma “guerra mundial aos pedaços” e que vai adquirindo estruturas mais enraizadas de permanência na violência e no ódio, onde o valor da defesa das pessoas e das comunidades como centro de uma vida plena vai perdendo terreno em favor dos interesses comerciais, do dinheiro e do poder, ansiamos por uma sociedade caracterizada pela convivência, pelo respeito mútuo e pela preservação dos direitos inalienáveis, duramente conquistados.

Enquanto não houver uma paz firme e duradoura, o nosso silêncio não pode ser cúmplice de tantas guerras ativas.

A realidade que estamos a viver exige o fim de todos os conflitos e o estabelecimento de uma paz cheia de justiça em todos os territórios que sofrem o flagelo da guerra, e especialmente na amada terra da Palestina, onde, nas palavras do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, a escalada militar está a criar condições de vida incompatíveis com a sobrevivência da comunidade palestiniana, especialmente da população de Gaza.

Continuar...