Vemos, ouvimos e lemos
Não podemos ignorar[1]
NOTA DA COMISSÃO NACIONAL DE JUSTIÇA E PAZ SOBRE AS PERSEGUIÇÕES AOS CRISTÃOS
Vemos, ouvimos e lemos que em Lahore, no Paquistão, foram mortas 14 pessoas em duas Igrejas Cristãs: Católica e Comunhão Anglicana.
Vemos, ouvimos e lemos que a madre superiora de uma congregação, na Índia, foi violada durante um assalto ao convento onde residia.
Vemos, ouvimos e lemos notícias sobre refugiados cristãos assírios, caldeus e sírios no Líbano.
Vemos, ouvimos e lemos o grito do Patriarca de Antioquia, Ignatius Joseph III Younan, após o sequestro, por parte do Estado Islâmico, na Síria, de 150 cristãos: “Eles não respeitam a vida humana”.
Vemos, ouvimos e lemos que na Nigéria as mulheres e crianças são usadas para ataques suicidas.
Vemos, ouvimos e lemos o assassínio, na Líbia, de 21 trabalhadores cristãos coptas.
Vemos, ouvimos e lemos os relatórios da Ajuda à Igreja que Sofre e damos conta das perseguições aos cristão nos seguintes países: Afeganistão, República Centro-Africana, Egipto, Irão, Iraque, Líbia, Maldivas, Nigéria, Paquistão, Arábia Saudita, Somália, Sudão, Síria, Iémen, Mianmar (a antiga Birmânia), China, Eritreia, Coreia do Norte, Azerbaijão e o Usbequistão.
Vemos, ouvimos e lemos o Papa Francisco afirmar que “O sangue dos nossos irmãos cristãos é um testemunho que clama. Quer sejam católicos, ortodoxos, coptas ou luteranos, não importa: são cristãos! E o sangue é o mesmo. O sangue confessa Cristo.”[2].
Não podemos ignorar os nossos irmãos perseguidos e mortos que cometeram o “pecado” de se assumirem como cristãos. É que “se um membro sofre, todos sofrem com ele”.
Não podemos ignorar, também, os fiéis muçulmanos e de outras religiões que também são vítimas do extremismo fundamentalista.
Não podemos ignorar que o templo de Deus somos nós mesmos e que ao sermos violentados e perseguidos é também o Senhor que Sofre.
Não podemos ignorar o apelo do Papa Francisco para “que esta perseguição contra os cristãos, que o mundo procura esconder, acabe e haja paz”.
A Comissão Nacional de Justiça e Paz apela a todos os cristãos e pessoas de boa vontade para que acompanhem os nossos irmãos que sofrem estes horrores e perseguições e para que não os ignorem. Neste tempo de oração mais intensa em que recordamos a Paixão e Morte de Jesus Cristo, sejamos firmes na Oração, saibamos levar a Esperança a quem dela necessita e pratiquemos a nossa Caridade através do apoio a todos aqueles que, no terreno, estão junto dos violentados e perseguidos.
Apelamos às autoridades políticas nacionais e internacionais para que façam tudo o que está ao seu alcance, no quadro da ética e do direito, em ordem a pôr termo a esta situação. À comunicação social apelamos para que não remetam à não notícia estes massacres humanos.
Não podemos ignorar!
Semana Santa em 2015
Comissão Nacional Justiça e Paz
[1]Os conhecidos primeiros versos de quadras de Sophia de Mello Breyner Andresen feitas para a vigília do Dia Mundial da Paz de 1969 (São Domingos, Lisboa), publicadas primeiro em folhetos, depois incluídas no livro de J. Felicidade Alves, Católicos e Política. De Humberto Delgado a Marcelo Caetano, p. 272 Edição do Autor, Lisboa 1969.
[2] Discurso do Papa Francisco ao Reverendo John P. Chalmers Moderador Da Igreja Da Escócia, 16 de Fevereiro de 2015, http://goo.gl/bnWRn2